CINEMA POLÍTICO: O PODER DA IMAGEM

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Título:

1989, o número

Autor:

Simplicio Neto

1989 the number another summer e o então aspirante a antropólogo cineasta que vos fala se iniciava na cinefilia e na boemia, como muitos outros teens e lost boys de sua geração (e mais até da anterior), nas portas de uma galeria. Nela, ao fundo, se descortinava a entrada de um “cinema poeira”, como se dizia, hoje chamado “a sala 1 do Estação”. Tal típica galeria comercial de pequenos negócios de bairro ainda não se “gourmetizara”, como hoje se diz: o foco dos encontros fortuitos e dos bate-papos entusiasmados que aconteciam antes, depois, ou mesmo apesar das sessões de um cinema que se queria de “arte” ou “alternativo”, era um boteco pé-sujo. Ficava onde hoje há um belo “café” arrumado. Nesse ambiente os cariocas “antenados” se encantavam com os novos filmes de Wim Wenders, Pedro Almodóvar e Jim Jarmusch, sentindo as frescas lufadas de mais um momentochave do cinema “autoral” mundial, naquela virada confusa dos anos 80 para os 90. Confusa ao menos pra mim, eu no auge da adolescência wertheriana. Aboletado nas cadeiras rotas, via marchar esse exército de auteurs na tela do fundo da galeria, criadores decididamente ou injustamente alcunhados de pós-modernos. Entre eles, pontificava enfim um “cineasta negro”, como o buchicho geral a ele se


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