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Tecnologia
10 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO OBTÊM DADOS INÉDITOS DE VISITAÇÃO COM ACESSO EM TEMPO REAL
Coordenação geral: Manuela Tambellini e Deise de Oliveira Delfino (Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea). Coordenação executiva: Márcio Beranger, Geisy Leopoldo, Tercius Barradas e Felipe Queiroz (Inea). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
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Números são informações valiosas para gestão e nas áreas protegidas não é diferente. Conhecer o fluxo de visitantes, por exemplo, abre um caminho de oportunidades. No entanto, o contexto nacional ainda está repleto de desafios com recursos e equipes insuficientes e uma demanda crescente da população por qualidade nos serviços públicos. “Nesta situação, com intuito de coletar dados de maneira eficiente, precisa, comparável entre as Unidades de Conservação (UCs) e em longo prazo, buscamos nas experiências internacionais uma solução capaz de desonerar os recursos humanos e agregar tecnologia à visitação. Na prática são duas questões diretamente relacionadas ao alcance de melhores resultados, incluindo na aplicação de recursos e utilizando as informações para orientar de forma precisa as atividades em campo e de planejamento”, afirma Manuela Tambellini, coordenadora da Gerência de Visitação, Negócios e Sustentabilidade do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Gevins/Inea). PERFIL
Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro atendidas: Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Macacu, Parque Estadual dos Três Picos, Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Estadual da Costa do Sol, Parque Estadual do Desengano, Parque Estadual Cunhambebe, Parque Estadual do Mendanha, Parque Estadual da Pedra Selada, Parque Estadual da Serra da Tiririca, Parque Estadual da Ilha Grande.
OBJETIVOS
Criar rede de monitoramento automático das UCs Estaduais do Rio de Janeiro, a partir da instalação de sensores automáticos de contagem de visitantes de longo prazo e com bom custo-benefício; aumentar a eficiência de consulta aos dados; elaborar análises do fluxo de visitantes de cada ponto monitorado; estimular o fluxo de informações entre os gestores e parceiros, com aumento das análises em conjunto; estimular o desenvolvimento científico sobre visitação; disponibilizar informações ao público em geral, incentivar o desenvolvimento de pesquisas científicas, assim como gerar subsídios para prestadores de serviços e empreendedores locais e regionais.
RESULTADOS
ࡿ Instalação de placas nas trilhas e atrativos de 10 Unidades de Conservação, com dados inéditos sobre o número de visitantes e os locais mais frequentados. O Parque Estadual da Serra da Tiririca registrou 98 mil visitantes entre novembro de 2016 e junho de 2017, com média de 13 mil visitantes/ mês, picos aos sábados e segundas entre 08:00 e 11:00 / 20:00 e 23:00, com destaque para cultos religiosos no horário noturno. ࡿ Monitoramento 24 horas permite identificar fluxos de visitação até então não imaginados, como a circulação noturna de grupos em trilhas na Área de Proteção Ambiental Cachoeiras do Macacu. Nesse caso, diligências da Unidade de Policiamento Ambiental (UPAm) foram até o local. ࡿ A partir da análise dos dados e da identificação do público, a equipe gestora da unidade tem condições de desenvolver ações mais assertivas. Equipes que possuem mais informação têm subsídios para investir em estratégias de fiscalização, no controle nos locais monitorados e na otimização dos recursos. ࡿ Entre janeiro de 2016 e outubro de 2017, com o auxílio da tecnologia foram registrados automaticamente 365.879 visitantes em 10 Unidades de Conservação estaduais do Rio de Janeiro, com possibilidade de extração de dados referentes a dia e horário de maior visitação.
METODOLOGIA
Com o objetivo de implantar o sistema em determinadas áreas protegidas estaduais, servidores do Instituto do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea) buscaram soluções nas experiências internacionais. Para os servidores do Estado do Rio de Janeiro, um sistema produzido na França, que utiliza placas equipadas com sensores piezoelétricos, foi a alternativa com a melhor relação entre custo e benefício. As placas são enterradas no lugar a ser monitorado, o que garante a invisibilidade da tecnologia no ambiente, vedação contra as intempéries e certa segurança contra vandalismo. A autonomia da bateria é de 10 anos.
A aquisição e instalação das placas foi viabilizada por recursos de Compensação Ambiental via Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA). A instalação do equipamento ficou por conta do Inea e da empresa Soluções Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (Sacis), parceira e distribuidora das placas no Brasil. Toda a transmissão de dados é feita pelo aplicativo Eco-Visio no celular. A plataforma de análise padronizada entre as UCs em português permite organizar análises e consultas. É possível acessar a plataforma ao mesmo tempo que as UCs e obter informações sobre a sistemática adotada, compartilhar pontos de contagem entre as UCs, inclusive criando uma conta com todos os pontos monitorados.
Durante a prática, a análise dos dados das Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro foi feita pelas equipes do Inea e do Sacis. A gerência do Inea, com base nos dados, definiu as estratégias relativas à visitação. O órgão estadual também disponibilizou as informações, assim como abriu a possibilidade de consulta a toda equipe. No Estado do RJ, com a utilização dos sensores, após a coleta de dados pelo gestor, a informação automaticamente fica disponível para a Gerência de Visitação, Negócios e Sustentabilidade do Inea, por meio da plataforma online de análise de dados (Eco-Visio). É recomendada a leitura mensal dos equipamentos pela UC. Após um ano do início das atividades, a empresa parceira ministrou capacitação e curso de reciclagem para guarda-parques e gestores (sem custo).
PERÍODO
Janeiro de 2016 a outubro de 2017.
PARCEIROS DO PROJETO
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio); Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA); Soluções Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (Sacis).
Foto: Galiana Lindoso
INSPIRE-SE!
ࡿ O uso da tecnologia automatiza a contagem dos visitantes, mas essa ainda é a exceção no Brasil por conta do alto custo. Novas tecnologias já estão em desenvolvimento. Enquanto isso, busque outras formas de obter essa informação. A contagem na portaria segue como o método mais utilizado, mas considere outras possibilidades. ࡿ A contagem de visitantes pode ser feita por mais de 10 instrumentos divididos em quatro grupos, com os mais diversos custos: contagem direta (controle de portaria, contadores automáticos, sistemas de agendamento); contagem indireta (dados de visitação obtidos por número de desembarques em aeroportos, rodoviárias, portos, ocupação na rede hoteleira); estimativa (dados obtidos por meio de estatísticas, amostras); autorregistro (livro de visita, formulários, totens). ࡿ Gestores de Unidades de Conservação federais devem escolher o método e validá-lo com a Coordenação Geral de Uso Público e Negócios, com apresentação da proposta via Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Os números são importantes para a unidade e a sede, por isso compartilhe, se possível, mensalmente, as informações pelo SEI. ࡿ Em 2017, 102 Unidades de Conservação (UCs) enviaram os dados ao ICMBio pelo SEI e revelaram um recorde, 10,7 milhões de visitantes. O número representa um marco e significa que, desde 2012, o ICMBio mais do que dobrou a performance do alcance de monitoramento da visitação, quando apenas 48 UCs comunicavam o indicador à sede. Os dados de 2017 comparados a 2016 - com 8,3 milhões de visitantes em 71 UCs - trazem 20% como a estimativa real de aumento. Os outros 10% se referem ao aprimoramento metodológico.