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Educação Transforma

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO GARANTE RESULTADOS TRANSDISCIPLINARES

Coordenação geral: Huéfeson Falcão dos Santos (Jovens Protagonistas da Floresta Nacional de Tefé). Coordenação executiva: Núcleo de Gestão Integrada Tefé (NGI Tefé) com apoio da Coordenação de Educação Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Coordenação de Educação Ambiental do ICMBio, equipes gestoras das Unidades de Conservação; Leonardo Rodrigues (consultor).

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A precariedade da educação na Floresta Nacional de Tefé era tema recorrente nas comunidades tradicionais sob dois aspectos, acesso e qualidade. “Isso passa a ser um dos principais problemas para a gestão da Unidade de Conservação (UC), tendo em vista que muitas comunidades acabam porque os ribeirinhos se mudam para a cidade em busca de educação para seus filhos”, afirma Huéfeson Falcão dos Santos, liderança dos Jovens Protagonistas da Floresta Nacional de Tefé.

Espaços dominados pelos homens também exerciam forte influência nas comunidades, dificultando qualquer interferência daqueles que não se sentiam por eles representados. “Nas reuniões comunitárias e de gestão, a participação de homens com mais de 30 anos era predominante. As comunidades relatavam dificuldades para eleger novos presidentes que normalmente permaneciam por muitos anos no cargo. A partir disso, ficou evidente a importância de melhorar a representatividade de jovens e mulheres nos locais de decisão.”, destaca Santos. Prestes a completar 30 anos, a Floresta Nacional de Tefé até um passado recente era pouco conhecida no município que dá nome à unidade e inclusive por jovens moradores que vivem na própria área protegida, o que já indicava a falta de senso de pertencimento. Diante dessa realidade, o Projeto Político Pedagógico transborda aprendizados, tanto de chegar a um consenso sobre o ponto de partida frente a tantos desafios, quanto no momento de traçar estratégias tendo em vista a meta a ser alcançada. INSPIRAÇÃO

O II Curso de Educação Ambiental e o I Ciclo de Gestão Participativa, em especial a participação de Tatiana Souza, analista ambiental do ICMBio, na época lotada na Reserva Extrativista do Baixo Juruá/AM e de mais um jovem dessa UC que decidiram escrever junto com os jovens a Boa Prática apresentada unindo duas demandas: aumentar a participação da juventude nas UCs e investir na formação de novas lideranças, utilizando a metodologia Verde Perto Educação, conduzida pelo professor Leonardo Rodrigues.

PERFIL

Localizada na região do Médio Rio Solimões, microrregiões geográficas de Tefé e Juruá, a Floresta Nacional de Tefé conta com 1.020.000 hectares onde vivem cerca de 100 comunidades tradicionais, cerca de 900 famílias, 3.600 pessoas.

OBJETIVOS

Estruturar as ações de educação ambiental, no âmbito formal e informal, como estratégia para mobilizar a comunidade local em relação às questões ambientais e propor soluções capazes de valorizar os conhecimentos tradicionais e favorecer a permanência das comunidades. Elaborar e implementar o Projeto Político Pedagógico (PPP) incluindo o resgate da cultura e das experiências comunitárias. Diversificar as lideranças nos mais diversos estratos, jovens e mulheres devem ganhar espaço e desenvolver atividades independente dos homens.

RESULTADOS

ࡿ Jovens líderes formados com forte participação nas reuniões e maior senso de pertencimento quanto ao lugar onde vivem. Articulados, demandaram cadeira no Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Tefé e no Conselho Municipal da Juventude, assumindo cargos na diretoria da Associação. Os jovens buscaram melhorias na educação pública para as comunidades junto aos Ministérios Públicos Federal e Estadual. ࡿ Lideranças de mulheres formadas estão participando de maneira ativa das reuniões. Unidas, demandaram cadeira específica no Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Tefé. Elas são responsáveis pela criação e manutenção de cinco hortas agroecológicas, que melhoram a segurança alimentar das famílias e apresentam potencial capaz de gerar renda. ࡿ Formação de meliponicultores nas comunidades (criação de abelhas sem ferrão) como alternativa à diversificação de fontes de renda. O projeto teve início com dois produtores e já conta com mais de 30. Com a atividade, os produtores extraem e comercializam mel e derivados.

ࡿ Elaboração de três livros paradidáticos sobre a Floresta Nacional de Tefé com forte envolvimento dos moradores, para utilização nas aulas nas comunidades. A oficina de formação para 45 professores do ensino fundamental teve recursos do PNUD 08/023. O Projeto Político Pedagógico (PPP) na Floresta Nacional de Tefé já vem sendo adotado como prática pela Divisão de Gestão Participativa e Educação Ambiental (DGPEA/ ICMBio).

Foto: Acervo ICMBio

METODOLOGIA

Para apoiar a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) da Floresta Nacional de Tefé, o Ministério do Meio Ambiente contratou uma consultoria. A construção participativa do projeto foi garantida com uma série de reuniões envolvendo diferentes públicos, como conselheiros, jovens, mulheres, professores e gestores municipais e instituições parceiras. Já o consenso sobre diretrizes, objetivos, métodos e ações voltadas à educação ambiental foi obtido em oficinas. Entre as frentes já trabalhadas no Projeto Político Pedagógico estão tanto ações com início anterior ao projeto, mas que ganharam apoio, quanto novas iniciativas: Grupo de Jovens Protagonistas: consiste na realização de Encontros de Jovens com o objetivo de mobilizar, organizar e formar a juventude extrativista. A metodologia tem como base o Verde Perto Educação alicerçado no tripé: protagonismo juvenil, transdisciplinaridade e educação lúdica. Grupo de Mulheres da Floresta Nacional de Tefé: formar, mobilizar e organizar mulheres de 11 comunidades. A iniciativa é uma parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Federal do Amazonas (Ifam), que levou à aprovação de um projeto junto ao MDA. Política, direitos e saúde, os três com foco na mulher, estão entre os temas-chave dos encontros de formação. Na capacitação, as mulheres ampliam o conhecimento sobre hortas agroecológicas e contam também com visitas de assistência técnica.

Foto: Acervo ICMBio

Grupo de Meliponicultores Multiplicadores: a atividade desenvolvida desde 2012 teve início com a capacitação promovida pelo Instituto Mamirauá. Os primeiros produtores formados, atualmente, realizam oficinas sobre construção de caixas de abelhas, controle de pragas, Boas Práticas na manipulação dos produtos e formas de comercialização. As temáticas das oficinas são definidas com base nas demandas dos moradores. No fim do ano, os envolvidos com a prática desenvolvem um planejamento na tentativa de atender às expectativas dos demais moradores. Uma vez feito o planejamento, as lideranças do grupo buscam recursos financeiros com o ICMBio e/ou com outros parceiros, como o Sebrae, por exemplo. Elaboração de Material Paradidático e Capacitação de Professores(as): desenvolvimento e publicação de três livros paradidáticos para utilização nas escolas da unidade. Os recursos vieram de edital para divulgação do conhecimento. Uma oficina específica foi promovida para o levantamento e confirmação das informações. O primeiro livro traz conteúdo sobre natureza, modo de vida, história e trabalho. O segundo apresenta atividades pedagógicas, enquanto o terceiro é de literatura infantil. O desenvolvimento das obras só foi possível pela parceria do ICMBio-Tefé com o Núcleo de Estudos em Geografia e Ambiente (Nega-UFRGS).

PERÍODO

Abril de 2011 – em andamento.

PARCEIROS DO PROJETO

Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Núcleo de Estudos em Geografia e Ambiente (Nega-UFRGS); Associação de Produtores Agroextrativistas da Floresta de Tefé e Entorno (Apafe); Grupo de Jovens Protagonistas; Grupo das Mulheres da Floresta Nacional de Tefé; Secretarias Municipais de Educação de Tefé e de Alvarães/AM.

INSPIRE-SE!

ࡿ Conheça os livros paradidáticos desenvolvidos na Boa Prática:

» O lugar onde moro – Flona de Tefé – Práticas Pedagógicas de Geografia

Organizadores: Cristiano Quaresma de Paula, Maíra Suertegaray Rossato, Cleder Fontana, IGEO/UFRGS (2016). http://bit.ly/flonatefe1 » O lugar onde moro – Geografia da Flona de Tefé

Organizadores: Dirce Maria Antunes Suertegaray, Cláudia Luísa Zeferino Pires, Cristiano Quaresma de Paula. http://bit.ly/ flonatefe2 » Livro infantil: Boyrá e o menino (apenas em versão impressa) Maíra Suertegaray / Ilustrações: Carla Pilla Editora Compasso Lugar Cultura (2016). » Conhecimentos transmitidos pela comunicação oral são excelentes fontes de inspiração para livros infantis e permitem levar a cultura de uma etnia, por exemplo, para crianças de todo o país. ࡿ A utilização do livro impresso faz toda a diferença na sala de aula, mas a versão digital pode levar a mensagem para outras comunidades, outras cidades, Estados; nesses casos o conteúdo teria outra função, a de revelar e valorizar as diferenças socioculturais. ࡿ As lideranças das comunidades tradicionais são de fato representativas, com a participação de homens, mulheres e jovens? Avalie o seu cenário e busque envolver pessoas de diferentes grupos, novos perfis trazem diferentes olhares inclusive em relação à Unidade de Conservação.

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