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O Brincar e a Importância da Educação Infantil

Aos poucos, a criança passou a ter e a fazer história, mesmo sendo tratada de formas diferentes pela sociedade e em distintos momentos e lugares da história humana, conforme cita Kramer:

[...] “portanto, a concepção de criança e infância na qual acreditamos é a de que ela é um ser histórico, social e político, que encontra nos outros, parâmetros e informações que lhe permitem formular, questionar, construir e reconstruir espaços que a cercam. Apostamos numa concepção que não se fixa num único modelo, que está aberta à diversidade e à multiplicidade que são próprias do ser humano.” (KRAMER, 1999, p. 277).

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No século XX, mais precisamente em 1947, a UNESCO (União para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas) apresenta uma nova concepção dos direitos da criança e, em 1959, foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos das Crianças que prevê a interação social, cultural e financeira das mesmas.

Porém, mesmo com algumas medidas de amparo à criança, castigos e situações de violência continuam a ocorrer em todas as classes sociais e a sociedade acaba aceitando impunemente. Assim, para Rizzo:

“[...] ninguém gosta daquilo que não conhece bem, e a criança ainda é um tanto desconhecida da maioria da sociedade. Lidam com ela, temerosa e cheia de dedos.” (RIZZO, 2006, p. 40).

Apesar de desconhecida, é reconhecida a criança e sua infância, e compreende-se que estes pequenos têm seus direitos e necessidades, e, dentre um deles, está o direito ao aprendizado.

“Uma criança que brinca por toda parte, com determinação auto-ativa, perseverando até esquecer a fadiga física, poderá seguramente ser um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção deste bem-estar de si e de outros. Não é a mais bela expressão da vida da criança neste tempo o brincar infantil? A criança que está absorvida em seu brincar? A criança que desfalece adormecida de tão absorvida? (...) brincar neste tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação.” (FROEBEL, 1896, p. 55)

O brincar vem caracterizar a educação infantil, afinal é brincando que a criança conhece a si e ao mundo; é neste ato que há a assimilação das regras de convivência e de comportamento.

Eis, então, que a escola exerce um papel importante nos primeiros anos da infância, onde oferece o brincar, e muito além disso. Atualmente, a Educação Infantil já integra o sistema público de Educação Básica, e ao ingressar na escola, a criança

é percebida como sujeito de direitos, de cidadania, respeito e atenção de qualidade.

Vale ressaltar que o processo de Educação Infantil no Brasil, correspondente às creches e pré-escolas, passou a integrar a Educação Básica a partir de 1996, com a Lei no 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que entrou em vigor após dez anos, em fevereiro de 2006. E esta foi aprimorada com a Lei 11.274, que é implantada trazendo algumas alterações na LDB no que diz respeito à Educação Básica e os seus níveis de ensino.

De acordo com essa nova Lei, o Ensino Fundamental de nove anos não cobre mais a realidade atual da Educação Infantil. Nessa modalidade a Educação Infantil, agora, é composta por Creches, responsáveis pelas crianças de até três anos e a Pré-escola que se responsabiliza pelas crianças de quatro a cinco anos, já as de seis anos devem estar inseridas no primeiro ano do Ensino Fundamental I.

A Educação Infantil é uma das fases mais importantes e que terá grande influência na idade adulta. Seu principal objetivo é promover nos pequenos estudantes o desenvolvimento dos aspectos físico, motor, cognitivo, social e emocional, além de fomentar a exploração, as descobertas e a experimentação. O desenvolvimento da autonomia pode levá-las a se tornarem críticas, criativas, questionadoras e, com isso, em condições de interferir no meio em que vivem.

“Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.” (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL, 2010, P. 12)

A educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento absoluto das crianças e é nessa etapa que as crianças descobrem valores, sentimentos, costumes, o desenvolvimento da autonomia, identidade e a interação.

O brincar, neste período, auxilia na aprendizagem, fazendo com que as crianças criem seus próprios conceitos, e é através do lúdico que se estimula a criatividade, autonomia, interação, raciocínio lógico.

“É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral; e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu.” (WINNICOTT, 1975, p.80) Fig. 1. Primeira Infância. Fonte: Jornal da USP, 2021

Na educação infantil, é de suma importância que as crianças convivam em ambientes que possam manipular objetos, que tenham brinquedos à disposição, interajam com outras crianças e, principalmente, que possam aprender, pois o brincar é uma atividade natural, espontânea e necessária, e para a criança uma importante forma de comunicação.

Por isso, o período compreendido pela educação infantil deve ser conduzido com muito cuidado e carinho, para que as crianças aprendam e se desenvolvam de forma lúdica e prazerosa.

“As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira” (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL, 2010, P. 25).

É nesta fase que as crianças começam a interagir com pessoas de fora do seu círculo familiar e comunitário, principalmente através da realização de jogos e atividades, pois propicia o desenvolvimento integral do indivíduo em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

Frente a isso, é fundamental compreender a importância desse período escolar no crescimento da criança e como a escola pode contribuir para o avanço cognitivo do aluno.

Desse modo, a proposta curricular deve conter elaboração, acompanhamento e avaliação, tendo em vista o Projeto Político Pedagógico da respectiva unidade educacional, com a participação de professores e demais profissionais da instituição, familiares e comunidade.

A Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, onde indica que as práticas educacionais organizadas em torno do conhecimento e em meio às relações sociais que se travam nos espaços institucionais afetam a construção das identidades das crianças. Nessas condições a criança faz amizades, joga, corre, pula, brinca, observa, interage, experimenta, questiona, aprende e constrói sentido sobre o meio em que vive e o mundo que as rodeia, constrói sua identidade social, pessoal e coletiva, produzindo cultura.

Com isto, o currículo nas escolas deve buscar a articulação entre as experiências dos saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico da sociedade, por meio de práticas planejadas e permanentemente avaliadas, que estruturam o cotidiano das instituições.

Na tarefa de garantir às crianças seu direito de viver a infância e se desenvolver, as experiências no espaço de Educação Infantil devem possibilitar o encontro pela criança de explicações sobre o que ocorre a sua volta e consigo mesma, escutando criança, o que trabalha no componente de linguagem oral e cultura escrita, vendo-a como criança, um ser social, histórico.

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A ARQUITETURA escolar no Brasil

“A arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie de discurso que institui na sua materialidade, um sistema de valores, como os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial e motora e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos, culturais e também ideológicos.”

ESCOLANO, 1998, p. 26

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