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FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Em 23 de junho de 1987, foi criada a Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE. No ano de sua criação, o setor educacional no Estado de São Paulo exigia um tratamento diferente do até então aplicado, pois o Estado ofertava vagas escolares, porém, a qualidade do ensino necessitava de auxílio.
Visando melhorar este cenário, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo elaborou um plano de ação que incluía a criação da FDE, para atuar tanto na área pedagógica quanto na de recursos físicos escolares. A FDE absorveu parte das atribuições de fundações já extintas, por tal motivo tem ações voltadas à produção de materiais e livros didáticos para aprendizagem dos alunos e aperfeiçoamento dos docentes.
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Conforme define a FDE (2022), a fundação:
“[...] é responsável por viabilizar a execução das políticas educacionais definidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, implantando e gerindo programas, projetos e ações destinadas a garantir o bom funcionamento, o crescimento e o aprimoramento da rede pública estadual de ensino.”
Dentre as principais funções estão: construir, reformar, adequar escolas, oferecer subsídios para a Educação; gerenciar os sistemas de avaliação do rendimento escolar; viabilizar a capacitação dos docentes, visando a melhor qualidade do ensino e a aplicação apropriada das políticas educacionais definidas pelo Estado.
Conforme suas atribuições, a FDE produz diversos materiais destinados à educação e ao espaço escolar, consolida normas e diretrizes, e disponibiliza diversos catálogos técnicos, onde consta a definição das especificações técnicas para construção escolar no Estado,seus ambientes, serviços e componentes.
Dentre estes diversos catálogos, alguns foram mais explorados para a elaboração do projeto, e serão retomados no capítulo 7, como o de Programas Arquitetônicos de 2017, que foi fundamental para definir a quantidade de salas, programa e dimensionamento dos ambientes escolares.
Além do Projetos Normas Arquitetura de 2011, que vem mostrar um pouco sobre o projeto, suas formas de representações e todo o material relacionado às edificações escolares e de ensino infantil, incluindo o Catálogo de Espécies Vegetais de 2015.
Fig. 10. Catálogos Técnicos da FDE. Fonte: Governo do Estado de SP
A Fundação também disponibiliza os modelos de Fluxogramas de 2017, que auxiliam na organização espacial e programática da escola, dividindo por blocos e usos, além de relacionar estes fluxos dentro do ambiente escolar. Nota-se que é configurado em 3 grandes blocos e um auxiliar, sendo a Direção/Administração, Pedagógico, Vivência e os Serviços.
O material produzido pela FDE não é exatamente uma regra a ser seguida, porém, tem sua coerência, logo, incorporá-los no projeto traria frutos não só para o espaço pedagógico, mas também na organização da escola como um todo, melhorando a vivência dos usuários nestes espaços.
Todos esses vastos materiais têm contribuído para fomentar as escolhas durante a concepção das escolas, e principalmente para qualificar cada vez mais arquiteturas escolares, adequando às necessidades dos seus usuários. A Fundação contribui não só para melhorar escolas, mas também melhorar profissionais, desde os educadores aos arquitetos.
Fig. 11. Fluxograma da FDE para o Ensino dos anos iniciais. Fonte: Governo do Estado de SP
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INTRODUÇÃO AOmétodo montessori
“Não creio que haja um método melhor que o montessoriano para sensibilizar as crianças sobre as belezas do mundo e para despertar sua curiosidade para os segredos da vida.”
Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura
INTRODUÇÃO AO MÉTODO MONTESSORI
O método Montessori, criado por Maria Montessori (18701952), médica e pedagoga, é uma perspectiva educacional que parte da observação do comportamento das crianças, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de forma integral.
A educação Montessori é baseada na autonomia dos alunos, ou seja, com maior observação e auxílios muito pontuais dos professores. O método foi de grande importância no Movimento Escola Nova, que o disseminou no ensino, onde buscavam a autonomia, auto educação e a propriedade do espaço educativo.
“(...) a educação não é aquilo que o professor dá, mas é um processo natural que se desenvolve espontaneamente no indivíduo humano; que não se adquire ouvindo palavras, mas em virtude de experiências efetuadas no ambiente. A atribuição do professor não é a de falar, mas preparar e dispor uma série de motivos de atividade cultural num ambiente expressamente preparado.” (MONTESSORI, s.d, p.11)
Com muito tempo de pesquisa, Motessori constatou que aumentava a eficácia do aprendizado das crianças quando estimuladas com atividades motoras, identificando que as crianças possuíam uma capacidade de aprender por curiosidade, interesse e interação, e que o ambiente poderia auxiliar no desenvolvimento.
Em seu método, o professor tem o papel de suporte, interferindo pouco e respeitando muito. Além do estudo experimental da natureza da criança, Montessori desenvolveu reflexões sobre o papel formativo do ambiente, compreendendo que as salas de aula e os materiais didáticos coloridos são mais estimulantes e convidativos ao saber.
“Em primeiro lugar, pense-se em criar um ambiente adequado, onde a criança possa agir tendo em vista uma série de interessantes objetivos, canalizando, assim, dentro da ordem, sua irreprimível atividade, para o próprio aperfeiçoamento.” (MONTESSORI, 1965, p.58)
No Montessori, as salas podem ser ocupadas por crianças de diferentes faixas etárias, o mobiliário é ajustado a escala da criança, e o material de ensino se funde com o brincar, são lúdicos e simples, chamando atenção por suas propriedades: tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho, e assim despertando a curiosidade e o raciocínio.
Fig. 12. Sala de aula Montessori. Fonte: Lavs, 2019
Como exemplos desses materiais a serem utilizados, temos: blocos maciços de madeira para encaixe de cilindros, encaixes geométricos, letras em lixa, os materiais utilizados para exercícios da vida diária e o material dourado, materiais que auxiliam a criança a desenvolver os movimentos, a coordenação motora, a preparando para a escrita, desenvolvendo seus sentidos mas baseada nos princípios de liberdade.
“Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem, e tão leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente transportá-las, cadeirinhas de palha ou de madeira, igualmente bem leves e bonitas, e que fossem uma reprodução em miniatura, das cadeiras dos adultos [...]. Também faz parte dessa mobília uma pia bem baixa, acessível às crianças de três ou quatro anos, guarnecida de tabuinhas laterais laváveis, para o sabonete, as escovas e a toalha [...]. Pequenos armários fechados por cortina ou por pequenas portas, cada um com a sua chave própria, a fechadura, ao alcance das mãos das crianças que poderão abrir e fechar esses móveis e acomodar dentro deles seus pertences.” (MONTESSORI, 1965, p 42).
Em um ambiente preparado e acessível, tudo do tamanho da criança, há o propósito para que estas se sintam livres, e possam livremente correr, pular, brincar e aprender, os professores devem orientá-los, dentre tantas atividades, qual será a mais apropriada e interessante, deixando que elas aproveitem.
Para Montessori, o desenvolvimento acontece em fases, que são chamadas de Planos de Desenvolvimento, e a cada plano as crianças buscam um novo patamar de independência em relação aos adultos sociedade.
Tanto o espaço, quanto o lúdico são fundamentais neste método, pois o brincar proporciona não só a felicidade, mas o prazer, o desafio, limites e liberdade. Exigindo das crianças movimento, flexibilidade, decisão; estimulando o desenvolvimento intelectual, mas também ensinando.
Fig. 13. Exemplo de material de ensino Montessori. Fonte: Educacion Infantil Antonio Machado, 2018