Quanto
vale um garoto?
N
o final do século 18 e início do século 19, tanto a Europa como o norte dos Estados Unidos, vivenciaram um crescente interesse acerca de Deus, e também questionamentos sobre o sentido e a finalidade da vida humana, resultando no surgimento de várias igrejas cristãs. Foi neste contexto que nasceu Sarepta Myrenda Irish (1839), filha do missionário metodista Horatio Irish, que, entre uma viagem e outra, ensinava a filha a ler, utilizando a Bíblia que ela havia ganhado da avó. Sarepta era muito apegada ao pai, mas o relacionamento com a mãe não era fácil. Talvez por ser filha de soldados, e ter vivenciado os efeitos dos horrores da guerra pela independência dos Estados Unidos, ocorrida entre 1775 e 1783, Mary Irish não era amorosa com a filha. Desde cedo, Sarepta demonstrava um talento para a composição de poemas, mas a mãe a ridicularizava por isso. Aos 20 anos, Sarepta foi enviada para o Rock River Seminary, onde chegou sabendo apenas o que havia aprendido com o pai; ali seu talento literário foi logo reconhecido e ela foi condecorada várias vezes pela sua capacidade de expressar sentimentos, pensamentos e utilizar a rima com perfeição. Nada surpreendente para o Horatio, que sempre a apoiava e apresentava os artigos escritos pela a filha para editores de revistas religiosas. Pela insegurança, fruto da opressão da mãe, Sarepta sempre usou um codinome, até ser convencida pelo pai que era boa escritora e deveria assinar seu próprio nome. Infelizmente, logo no primeiro período no colégio, Sarepta foi comunicada que o pai estava em seus últimos dias de vida, e voltou para casa. Era o fim de oito anos de invalidez, período em que ele sempre contou com a presença da filha, lendo e cantando para ele. Com a ida de Sarepta para o colégio, era a primeira vez que ele se distanciava tanto da filha amada e sua saúde havia ficado ainda mais debilitada. Com o luto e a falta de conexão com a mãe, Sarepta foi emocionalmente acolhida pelo reverendo Dr. John Vincent e sua esposa, que foram importantes para o futuro dela. Estudando agora em Illinois, ela tinha contato com outras famílias que a faziam se sentir bem, amada e respeitada. 101