Aos 14 anos, quando se mudou para Belo Horizonte para estudar, Cesiane deixou de frequentar a igreja e só voltou por volta dos 27 anos, quando já era uma empresária reconhecida. A vida ia bem, estava casada oficialmente com Carlos Alexandre, e os materiais para bebê produzidos nas três indústrias da família tinham excelente aceitação em todo o Brasil. Para apoiar um trabalho realizado pela ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), parte da produção foi transferida para uma unidade prisional, em 2008, oferecendo oportunidade para centenas de presas. Era uma via de mão dupla, e Cesiane sentia que estava fazendo também um trabalho missionário, já que a parceria significava oportunidades para aquelas mulheres. Por alguns anos, Cesiane desejou profundamente ser mãe, mas mês após mês o sonho parecia ficar impossível. Por isso, a grande vibração da família no segundo semestre de 2005, quando ela engravidou de forma natural, mas o casal vivenciaria um grande susto no nascimento do Lucas, que precisou ficar um tempo o CTI do hospital. Os anos foram passando e a rotina familiar foi reestabelecida: muito trabalho, um número cada vez maior de funcionários e maiores entradas financeiras. Na igreja tudo seguia também calmamente, e eles podiam contribuir financeiramente com ações pontuais, patrocinando materiais missionários e ações sociais. Em 2012, no nascimento da segunda filha, Ester, houve novamente muitos dias de tensão no CTI do hospital. Quando a bebê enfim superou o risco de morte, foi Cesiane quem precisou de socorro imediato: foi diagnosticado sepse, fruto de uma grave infecção da cesária que ficou “imperceptível” nos dias de tensão em que ela havia se dedicado integralmente à filha. Os médicos alertaram que a situação de Cesiane era bastante complicada e, no hospital, agora temendo pela própria vida, ela fez um pacto com Deus, sem ter muita certeza de como funcionaria; mas a promessa era dedicar integralmente seu tempo para a família e para a missão. Cesiane havia entendido que nem todo o dinheiro que ela tinha acumulado com anos de sucesso profissional eram suficientes para salvá-la naquele momento de internação, e que ela era muito importante para a família, especialmente para os dois filhos. Quando a situação foi controlada e, já de volta para casa, Cesiane entendeu que, para que a promessa se cumprisse, seria necessário abrir mão de tudo que havia conquistado até ali. Isso significaria algumas multas contratuais de participação em eventos antecipadamente marcados, pagamentos de rescisões trabalhistas de profissionais como o motorista particular que estava com ela há aproximadamente 15 anos, e, certamente, uma grande queda no padrão de conforto familiar. Não foi uma decisão fácil e muito menos aprovada por todos, mas ela decidiu encerrar as atividades das empresas, em troca de uma missão que ela não tinha ideia qual seria. Cesiane não tinha dúvidas de que deveria trabalhar integralmente para Deus, e isso bastava. 51