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POEMA IN(ACABADO
Quero declarar o meu orgulho em constatar que o Maranhão está antenado com essa missão, principalmente por termos importantes inciativas no interior da nossa Universidade Federal e ainda em seu Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMA. Observamos, nas últimas décadas do século XX, iniciativas que se dedicam à desconstrução do silenciamento secular da mulher, e o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Educação, Mulheres e Relações de Gênero (GEMGe) foi criado no início deste século, mais precisamente, em 15 de fevereiro de 2002, pela Prof.ª Dr.ª Diomar das Graças Motta. O GEMGe estabeleceu relação com a Linha de Pesquisa “Instituições Escolares, Saberes e Práticas Educativas do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado) da Universidade Federal do Maranhão e, também, articulação com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Mulher, Cidadania e Relações de Gênero (NIEPEM), afiliado à Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre Mulher e Relações de Gênero (REDOR). A relevância da “Mulher Professora” tem seu pioneirismo na UFMA, com a obra “As mulheres professoras na política educacional no Maranhão”, Tese de Doutorado da Profa. Diomar Motta, que analisou a trajetória educacional das professoras: Laura Rosa (1894-1976), Rosa Castro (1891-1976), Zoé Cerveira (1894-1957) e Zuleide Fernandes Bogéa (1897-1984), egressas da Escola Normal do Maranhão, criada em 1890 (MOTTA, 2003; 2008). O destaque da memória dessas Mulheres Professoras e de outras possibilita o acesso a uma prática docente que leva em conta o contexto social que passa pela cultura, política, ecologia, que se imbricam aos conteúdos curriculares, numa experiência rica e totalizante. A outorga da Medalha do Mérito “Professora Laura Rosa” em reconhecimento às mulheres professoras por suas atuações no magistério e na constituição da história das mulheres, sobretudo na política educacional maranhense, vem ocorrendo desde 2008, ano de realização do II EMEMCE. As homenageadas foram as professoras: Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, Joseth Coutinho de Martins Freitas, Ceres Costa Fernandes, Lia Varela e Iramari Queiroz. A segunda condecoração data de 2013, por ocasião do IV EMEMCE, e foram homenageadas as professoras Maria Angélica dos Reis Cordeiro, Diana Brito Diniz, Kilza Fernanda Moreira de Viveiros, Tatiane Maria Portela e Kátia Regina Pinto. A terceira Cerimônia deu-se por ocasião do V EMEMCE, tendo sido homenageadas as professoras: Conceição de Maria Ribeiro Quadros, Eulina Gomes Duarte Ferreira, Eunice Cutrim Lauande, Francisca da Silva Gomes e Silvandira Soares de Almeida. Na quarta condecoração, foi instituída a Outorga da Comenda “Mulheres Griôs” para as edições realizadas no Continente. Em Grajaú foram homenageadas as mulheres professoras: Ana de Sousa Carvalho; Carmelita Lopes Guajajara; Maria Eugênia Guajajara; Maria do Socorro da Silva Oliveira e Rita de Cassia Lima Sarmento. Faz-se mister falar um pouco da grandiosidade da Mulher Professora, Poeta, Contista, Laura Rosa, nossa Violeta do Campo. Laura Rosa, “Uma rosa que era violeta”, segundo Jomar Moraes, nasceu em 1º de outubro de 1884 em São Luís do Maranhão e faleceu aos 92 anos, em 14 de novembro de 1976 em Caxias- Maranhão. Neste ano de 2021, Laura Rosa completa 137 anos de nascimento e 45 anos de falecimento. Filha de Cecília da Conceição Rosa e de pai não declarado, Laura foi criada por padrinhos, que lhe proporcionaram uma boa educação. Formou-se professora normalista em 12 de janeiro de 1910, pela Escola Normal do Estado do Maranhão e no dia 18 do mesmo mês foi nomeada professora de um distrito do município de Caxias. Laura Rosa foi a primeira mulher a ingressar na Academia Maranhense de Letras, eleita em 03 de abril de 1943, aos 59 anosde idade, sendo Fundadora da Cadeira nº 26, patroneada por Antônio Lobo, que foi seu professor. Foi recebida por Nascimento de Moraes.
Mais recentemente foi indicada para patronear a Cadeira nº 12 da Academia Caxiense de Letras, a Cadeira nº 10 do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e, em São Luís, é Patrona da Cadeira 25 na recémfundada Academia Ludovicense de Letras-ALL. Acho pertinente ilustrar a situação da mulher do seu tempo, por meio de um pequeno trecho do seu Discurso de Posse, na Academia Maranhense de Letras, em 17 de abril de 1943: “Manda a justiça que vos diga, em primeiro lugar, que me trouxeram para esta casa de sábios ilustres as mãos amigas de Corrêa de Araújo e Nascimento de Moraes com a benevolência de seus pares. Trouxeramme, porque, de mim mesma, nunca imaginei suficientes os meus versos, para merecimento de tão honrosas credenciais”. E continua: “Eis-me, portanto, aqui, Senhores, a primeira mulher que aqui entra, porque assim o quiseram os homens ilustrados desta agremiação, guardas fiéis de nossas tradições literárias” (Revista da AML, 1998, p. 15). Por fim, reafirmo que urge romper o silenciamento secular das vozes femininas, mesmo reconhecendo que não é tarefa fácil desconstruir um condicionamento tão enraizado e hegemônico. No entanto, é incontestável que essa quebra está sendo feita, os grilhões como os de toda e qualquer escravidão, estão sendo quebrados, paradigmas superando exclusão... numa viagem sem volta! Laura Rosa Presente!!!
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São Luís, 25 de outubro de 2021. Profa. Dra. Dilercy Aragão Adler