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PINHEIRO E O SEU CENTRO CULTURAL
Senhoras e senhores, permitam-me testemunhar, sem trocar de tom, o banquete de que estou sendo servida nesta noite: se não fosse o Deus que eu sirvo, vivo e fiel, que tem nome e poder e se chama Jesus Cristo, grandes coisas não nos aconteceriam e não estaríamos tão alegres hoje. Desejamos o salto, mas é Ele quem decide o momento exato de saltar. Daniel saltou fora das próprias asas verbais e aterrissa aqui hoje, neste acontecimento, também intelectual e também poético. Chego até aqui em um processo de recepção, contendo a poesia que paira sobre a essência deste evento. Mas, mesmo como confreira a partir de agora de Daniel Blume, estaria aqui encenando, em nome da formalidade acadêmica, uma frieza que não sei viver: minhas mãos estão geladas como se ouvisse a melodia do tempo, no profundo silêncio da história. Portanto, creiam, senhoras e senhores, que daqui de onde estou assistindo a esta proeza divina; daqui desta tribuna, como diz a música de Gonzaguinha que já ouvi tanto, “palavra por palavra, eis aqui uma pessoa se entregando”14. Senhoras e Senhores, permitam-me o devaneio: estando aqui, abrindo minha garganta, essa força é tanta, que tudo o que eu estou dizendo agora é e será - até o fim - o que eu estou vivendo. Deve haver brilho nos meus olhos, porque há tremor nas minhas mãos e meu corpo todo – inteiro - transborda gratidão.15 Este evento é um acontecimento existencial, todo coletivo, mas essencialmente particular. E não tenho como fugir desse fato, nem como não transcender a ele. Caetano sopra na minha inspiração: “eu vi o menino correndo, eu vi o tempo, brincando ao redor do caminho daquele menino”. 16 Senhoras e Senhores, “a vida é amiga da arte”, é alguma das partes que Deus ensinou, dessa força estranha, tamanha. É que eu vivi “a mulher preparando outra pessoa e o tempo parou pra eu olhar para aquela barriga”. Hoje o tempo está parado, e eu continuo vendo o menino correndo, continuo vendo o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino Daniel, no homem Daniel Blume. Essa força divina é tamanha.17 Aqui, diante do tempo, percebo, nos muitos cabelos brancos na fronte dele, que o tempo não parou. É verdade: o menino não envelhece. Nunca envelhecerá. Trata-se de Daniel em Daniel Blume. De Daniel Blume em Daniel. Tenho que recebê-lo hoje: jurista, cronista, poeta, pesquisador, acadêmico da AML, enquanto escuto choro de recémnascido na alma e o canto de minhas expectativas. O que será se mistura com o que está sendo. As minhas ponderações, com o imponderado. Sou o passado vendo o futuro ser hoje. Esse futuro do passado no presente me assombra de alegria. Onde o sonho? Onde a ficção? Onde a realidade? Onde o merecimento? No inexplicável. “[...] Na nossa última palavra perfeita que contém “uma essência do evangelho como uma gota de água pode conter a imagem do sol.” No milagre. Na graça, o favor imerecido.18 Por isso a força de Deus me leva a dizer que há esta força estranha e tão íntima no ar. Por isso é que eu canto. Porque não posso dissimular essa minha voz tamanha para este discurso de recepção. Pari o menino que permanece no homem. Daniel Blume, teu nome, a partir de agora, estará na história cultural do nosso Estado. Honra a medalha, sem esquecer de que o que vale ouro não é a medalha. É o coração. Este é um parâmetro para entenderes que a imortalidade deste mundo tem telhado. Que teu nome esteja escrito no livro da vida.19 Senhoras e Senhores, ouço uma batida na porta dos fundos de uma casa lá no Maranhão Novo. Enquanto isso, recebo - na Academia Maranhense de Letras “esse menino, filho de Djalma e Sonia”: procurador de carreira, jurista nacional, poeta, cronista, autor de publicações literárias e jurídicas, pesquisador, o qual passa a ser, a partir de agora, Daniel Blume, o imortal da AML. Sê bem-vindo, confrade, à casa de Antonio Lobo.
NOTAS E REFERÊNCIAS 1Força Estranha de Caetano Veloso, em 1978. (http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/forca-estranha.html) 2BLUME, Daniel. Delações. Cabo frio - RJ: Helvetia Edições, 2020, p. 22. 3 BLUME, Daniel. Resposta ao terno. São Luís: Belas Artes, 2018, p. 24. 4BLUME, Daniel. Natureza jurídica das decisões dos tribunais de contas. Imprenta: São Luís, [s.n.], 2003. 5BLUME, Daniel. Omissão Legislativa e Covid-19: responsabilidade civil do Estado no Direito português comparado ao brasileiro. Brasília: OAB Editora: 2021.
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6BLUME, Daniel & COSTA, Thiago Branner Garcês (orgs.). Aspectos Polêmicos do Direito Constitucional LusoBrasileiro. Lisboa: Legit Edições, 2019. 7 BLUME, Daniel & COSTA, Thiago Branner Garcês (orgs.). Aspectos Polêmicos do Direito Penal Luso-Brasileiro. São Paulo: Garcia Editioni, 2019. 8 BLUME, Daniel. Inicial: entre o nó da gravata e o da garganta. São Luís: AML, 2009, p. 26. 9BLUME, Daniel. Inicial: entre o nó da gravata e o da garganta. São Luís: AML, 2009 10BLUME, Daniel. Penal. São Luís: AML, 2015 11BLUME, Daniel. Resposta ao terno. São Luís: Belas Artes, 2018 12BLUME, Daniel. Delações. RJ Cabo Frio: Helvetia Edições, 2020. 13BLUME, Daniel. Inicial: entre o nó da gravata e o da garganta.São Luís: AML,2009, p.34. 14Gonzaguinha. Sangrando. 1980 (https://www.youtube.com/watch?v=5Iz7HkbLXqM) 15Gonzaguinha. Sangrando. 1980 (https://www.youtube.com/watch?v=5Iz7HkbLXqM) 16Força Estranha. Composição de Caetano Veloso, em 1978. (http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/forca-estranha.html) 17Força Estranha. Composição de Caetano Veloso, em 1978. (http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/forcaestranha.html) 18Romanos 6: 8-13 18YANCEY, Philip. Maravilhosa Graça. Vida: Prazer, Emoção e Conhecimento. Tradução de Yolanda M. Krievin. São Paulo: Editora Vida. 1999 19 Apocalipse 20: 11-15