4 minute read

ROMPENDO O SILÊNCIO!!!- JEAN -PIERRE ALVIM FERREIRA

No local onde está, atualmente, o Grupo Escolar Odorico Mendes, na Praça da República, foi instalada, em 1933, a primeira sala de cinema pela Empresa Felix & Frutuoso. Com o desaparecimento do Cassino Pinheirense, um grupo de cidadãos, tendo à frente Dr. Antenor Abreu e Izidoro Pereira, criou, no local onde funciona o atual Forum, o Clube Recreativo Pinheirense que além das festas que oferecia, abriu espaço para o teatro. Lá foram representadas pastorais e comédias de cujo elenco participaram várias senhoritas da sociedade local como Alcinda e Lucinda Gomes, Inez de Castro, Maria Rosa Serra, Fausta Gomes, Nice Peixoto, Ondina Castro e outras. Na área de esportes, apoiou as primeiras iniciativas de criação de times de basquete e volley-ball para os quais chegou a construir quadras, nas suas dependências. Com a segunda guerra mundial, houve uma parada do movimento que só retornou, em fins da década de 1940, com os trabalhos realizados pela professora Olga Leitão, no Grupo Escolar Elizabetho Carvalho, que funcionava na atual Avenida Presidente Dutra onde se encontra um Templo Evangélico. Nos anos de 1950 e 1960, as atividades teatrais prosseguiram, no Colégio Pinheirense cujas peças eram dirigidas pela Sra. Maria Ewerton dos Santos, no teatro da Casa de Paulo de Tarso sob a direção da Sra. Benedita Castro e pelos estudantes quando em férias que eram dirigidos pelo padre Luís Zechinatto. Estas reminiscências devem servir de estímulo aos agentes públicos e educadores de Pinheiro, para que dêem prosseguimento ao teatro local pela importância que tem, no desenvolvimento e na formação cultural e artística da criança e do jovem, em face do exemplo que nos foi legado pelos nossos antepassados.

AYMORÉ ALVIM

Advertisement

As repercussões positivas, no pós-guerra, dos frutos produzidos pelo Movimento Cultural Pinheirense, em 1920, começam a ressurgir, em março de 1959, com a fundação do Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro. Transcorriam as férias do final do ano de 1958. Alguns dias após haver chegado a Pinheiro, recebi a visita do Tenente da Aeronáutica Oliveiros de Assunção Castro também conhecido por Olí de Castro que havia implantado, há alguns anos, o Centro Espírita Pinheirense. Discorreu ao longo da sua conversa sobre a importância para a juventude local da criação de uma instituição cultural que lhe propiciasse o aprimoramento intelectual, nas letras e nas artes, em todas as suas expressões sobretudo de caráter literário, moral, educacional, social, artístico e científico através de palestras, debates , conferências, etc. Falei a ele sobre a possibilidade de tal realização, mas eu queria aguardar outros colegas que estudavam em São Luís e que estavam chegando para as férias. Enquanto isso, comecei a conversar com Abraão do Carmo Cardoso, Aderaldo dos Santos Alves, Francisco Reis Castro, aos quais ia expondo a ideia do Tenente Oli de Castro e de todos recebi o incentivo e apoio para prosseguir na busca de mais adesões. A este grupo inicial se juntaram depois os estudantes Jurandy Leite, Edméa Machado Carvalho e Eldonor Peixoto Cunha. Após as primeiras reuniões, a ideia ficou consolidada e, assim, parti para convidar outras pessoas que viessem dar maior representatividade ao movimento. Procurei conversar com o próprio Oli de Castro, com o padre Luís Zecchinato, o poeta e professor Abílio da Silva Loureiro, com os Srs. Francisco José de Castro Gomes e Edésio Castro, funcionários públicos do IBGE, com a Professora Darly Dalva Durães e com a poetisa e professora Maria Carolina de Moraes. Em meado de fevereiro de 1959, houve uma reunião com todos os membros para as providencias finais. Foram encaminhadas várias propostas para nomear a nova instituição, ficando por fim aprovada a de Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro apresentadas em conjunto por Jurandy Leite e Abraão Cardoso. Prosseguindo apresentei a proposta do Estatuto social que também foi aprovada e, assim, foi eleita uma Diretoria provisória, que deveria ficar até julho desse mesmo ano, assim constituída: Presidente-Aderaldo dos Santos Alves, VicePresidente – Almir da Silva Soares, 1ª Secretaria –Darly Dalva Durães, 2ª Secretaria – Abílio da Silva Loureiro, Tesoureiro - Eldonor Peixoto Cunha e Bibliotecário – Abraão do Carmo Cardoso. Por fim, ficou estabelecido que a sessão de fundação e posse da Diretoria ocorreriam, no dia 8 do mês seguinte, às 10:00h, na sala de reuniões da Biblioteca de Geografia e História de Pinheiro. Com a presença de autoridades civis e religiosas, ocorreu como havia sido aprovada, a sessão solene de fundação que foi presidida pelo Promotor Público, Dr. Francisco de Souza Coêlho tendo como Secretária “ad hoc” Edméa Machado Carvalho. Aberta a sessão e executado o Hino Nacional, ocorreu a solenidade de posse dos novos diretores da entidade. Logo a seguir, discursou enaltecendo a efeméride o poeta Abílio Loureiro que foi sequenciado pelo Tenente Oli de Castro e Padre Pedro Tidei que executaram belas canções ao acordeom.

Coube a mim declamar do poeta português Guerra Junqueiro a poesia “A Caridade e a Justiça”. Por fim, discursaram destacando a importância da fundação do Centro para a mocidade de Pinheiro. o Padre Luís Zecchinato e Jurandy Leite. Infelizmente, o Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro teve vida efêmera. Quando retornamos para as férias de julho já não mais existia. No entanto, foi mais uma experiência vivida pelos jovens pinheirenses que não devem se frustrar com tais percalços, mas prosseguir com denodo na luta pelo desenvolvimento cultural, literário e artístico da nossa cidade com vista às gerações futuras. Tudo por Pinheiro! *Fonte: Ata de fundação do Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro, em 8 de março de 1959.

This article is from: