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MARANHÃO NO PREMIO JABUTI

como se vê, legitimo "ultimatum". Jeronimo e Diogo aventuram um ultimo recurso: surpreender os inimigos com um ataque decisivo inesperado. É o que sucede. Nesse ataque, inteiramente desprevenido, porque todos aguardavam a resposta, morrem Pesieux e uns tantos companheiros; 9, feridos, são aprisionados. A armada francesa entra em cena. Os 3 navios contrários, imprestáveis, varados, não podem responder. Bandeira branca no forte de Guaxenduba. Menos de uma hora durara a refrega. Não obstante, contada por interessado, tornou-se na imponente batalha de Guaxenduba. NÃO FORAM OS FRANCESES VENCIDOS. Sem duvida não no foram. E esta verdade todos a podem verificar, por mais que se esgote em torce-la o cronista ora apreciado. Pois bem! Assenta Felipe II, para cardeal de sua politica expansionista, a expulsão definitiva do Brasil, de quantos protestantes aqui estivessem estabelecidos, franceses, ingleses ou holandeses, continuando, aliás o plano debalde empregado pela nação de que se acabava de assenhorar; dá, a esse sentido, ordens terminantes a Manoel Telles Barreto, seu primeiro governador geral; Insiste junto aos sucessores, de Francisco de Sousa a Diego de Menezes; biparte novamente o governo para maior facilidade na empresa e com todas essas providencias gerais, a que agregavam inúmeras outras da politica europeia, apenas consegue desloca-los: eis a prova de quanto estavam fortes! Corram-se, de fato, as páginas d´ "A expansão colonial" (1581 – 1626) e apreciem os repetidos assaltos, sempre vitoriosos, de Cavendish, Lancaster, Venner, Pain de Mih, Pieter Zooil, Van Leijen, van Noord, Riffault, des Veaux, Ravardière, etc, etc. e concluase a situação de nossa terra. Gaspar de Sousa situa-se em Olinda. Expede a Jeronimo de Albuquerque; é malogrado. Idem a de Martim Soares Moreno, como também as de Pedro Coelho de Sousa, Luis Figueira e Francisco Pinto (este morto em combate com os franceses de Ibiapaba e jamais pelos índios). Estamos no tempo da 'jornada milagrosa'. Ainda no Ceará, já estaria seus componentes sendo hostilizados pelos franceses. Tornaram a sê-lo em Sta. Ana. Em Guaxenduba acabamos de mostrar como se portaram. E daí por diante? Pedem socorros meio-cirúrgicos e farmacêuticos, entabulam uma correspondência que tanto tem de cavalheiresca para os franceses quanto para eles de humilhante, pois que nem sequer escrever em 'bom espanhol ou francês' sabiam; aceitam incondicionalmente e do mesmo modo cumprem o Tratado de tréguas; visitam as aldeias e os estabelecimentos onde são principescamente recebidos; observam os fortes; viajam os arredores; recebem mapas e demais informes, enfim, praticam com os inimigos as melhores demonstrações de boa paz. Pergunta-se a esta altura: é isto próprio de vencedor ou de vencido? NÃO FORAM EXPULSOS De fato. Quando se verificou a decantada expulsão? Em novembro de 1615. E para quando determinava o Tratado a sua retomada: Precisamente para novembro de 1615. E por que é asado perquirir, não se conservou Ravardière na colônia? Por várias razões entre as quais estas duas: a noticia de que fora demitido por Maria de Medicis, a pedido de Felipe II; e a do casamento de Luis XIII com Ana D´Áustria. Conquanto dispusesse do aporte da Inglaterra e da Holanda, que tinham armadas prontas para socorre-lo, preferiu cumprir a palavra empenhada, por isso deixou São Luis para amargar 3 anos de cativeiro na Torre de Belém. Estes os fatos na sua crua realidade. Meditem sobre eles os maranhenses estudiosos.

R.A. (...)". Os outros artigos apenas fazem referência à Batalha. Em "Pacotilha" (MA) - 1910 a 1938, edição de 21/11/1917, sob o título de "A batalha de Guaxenduba", é lembrada a data, em comemoração aos 303 que "as forças portuguesas venceram as comandadas por La Ravardiére. Dessa memorável batalha resultou o desalojamento dos franceses, que se haviam instalado aqui, em 1612. Citando João Lisboa, que reproduz opinião de Pereira do Lago, que julgava que o nome de enseada de Guaxenduba se perdera, e que corresponde à Baia de Anajatuba. Cita outros autores, que julgam que seja a Baia de São José. Após um

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breve relato das forças franceses no campo de lutas, considera ser momento supremo que para sempre decidiu os destinos da Pátria. Repudia as acusações injustas contra os nossos genuínos maiores. No ano seguinte, a 19 de dezembro, é lembrada que estava decorrendo o 306º aniversário desta luta, derivando-se a vitória das forças portuguesas sobre as francesas e a consequente posse do Maranhão pelos vencedores, confirmada em 1615. Informa ainda que, devido à falta de espaço, não se publicaria um artigo a respeito deste fato histórico, o que seria feito numa das próximas edições. O que não acontece... Em A Pacotilha de 04 de agosto de 1922, em matéria sobre o centenário da Independência, e referindo-se à reforma da Catedral, uma pequena nota lembrando de seu nome: Nossa Senhora da Vitória: "[...] A escassez de tempo inibe o eminente antítese de redigir uma narrativa das fases atravessadas pela catedral, desde o início, afim de comemorar a vitória dos portugueses sobre os franceses, na Batalha de Guaxenduba, ferida aos 17 de novembro de 1614. Mas, confiando nos eruditos da terra, acreditemos que se fará esse trabalho necessário" [...] Já no DIÁRIO DE SÃO LUIS - 1920 a 1949 -, edição de 30 de agosto de 1947, em entrevista dada pelo Cônego Bacelar, este diz ser necessária "[...] uma reparação histórica que se impõe: o feito de Guaxenduba [...]", e propõem mudar-se o nome de Morros para "Guaxenduba": Já à 17 de setembro de 1947, em artigo sobre a instalação do Município de Primeira Cruz há apenas uma referência à Batalha. E no Jornal do Maranhão: Semanário de Orientação Católica - Jornal a serviço da Família e do Povo (MA) 1954 a 1971, edição de 22 de maio de 1960: "A voz do Guaxenduba" , nome do jornalzinho do Centro Guaxenduba, destinado a jovens vindos do nada...

Textos escolhidos: indicado por Leopoldo Vaz, imortal APB, secional MA.

Poeta e jornalista, Eduardo Júlio é maranhense de São Luís, onde reside. Passou a infância em Basra, no Iraque. Antes de O mar que restou nos olhos, publicou em 2005, o livro de poemas Alguma trilha além (prêmio da Secretaria de Cultura do Maranhão). trilha-transe (trilhatranse.blogspot.com) Porto

"Diante da eternidade deste cais O silêncio é sobra do abandono

A ausência tem cor azul e dói Como se não fosse céu

Aquele mar que pretendíamos O próximo silêncio parece leve Mas por instantes Cala uma cumplicidade."

(Poema do livro de poesia Alguma Trilha Além, Edição Secma, 2006, reproduzido em Suplemento Cultural & Literário JP Guesa Errante Anuário, São Luis (MA), n.7, 2009).

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou as obras finalistas do 61º Prêmio Jabuti, entre as 10 finalistas está um maranhense Ester Morgado - 9 de novembro de 2021 às 15:56

Os finalistas foram selecionados por meio das categorias de Literatura, Ensaios, Livros e Inovação. Para a edição deste ano, foram realizadas 3,4 mil inscrições, 31% a mais do que no ano passado. Entre os dez finalistas na categoria poesia, destaque para o jornalista, escritor e poeta maranhense, Eduardo Júlio,50, com o livro “O mar que restou nos olhos” (editora 7 Letras). O poeta Eduardo Júlio fala sobre a sua participação ” Estou muito feliz, não esperava. Entendo como um reconhecimento de um trabalho. Afinal, elaborei os poemas do livro com muita dedicação. O Mar que restou no olhos foi lançado pela editora 7 Letras, uma das principais de poesia do Brasil.” Eduardo disse sobre o que consiste a sua obra e o valor para si “O mar que restou nos olhos” é o meu segundo livro de poesia. Foi lançado exatamente há um ano e reúne um pouco mais 40 poemas, a maioria com temática sobre o mar, contendo vestígios da memória da infância e juventude. O primeiro se chama

“Alguma trilha além” e foi publicado em 2005, após ganhar um prêmio editorial da Secretaria de Cultura do Maranhão.” O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Criado em 1959, foi idealizado por Edgard Cavalheiro quando presidia a CBL, com o interesse de premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano.

MATHEUS GATO DE JESUS Pós-doutorando pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor (2015) e Mestre (2010) em Sociologia pela USP. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foi pesquisador visitante no Hutchins Center for African and African American Studies da Universidade de Harvard (2017-2018) e na Universidade de Princeton (2013). Seus temas de investigação são: relações raciais, sociologia política e da cultura, pensamento social brasileiro, sociologia histórica, dos intelectuais, da literatura, dos regionalismos e dos processos de racialização nos espaços urbanos.

MATHEUSGATODEJESUS@GMAIL.COM CURRICULO LATTES ARTIGOS DO PESQUISADOR (BIBLIOTECA VIRTUAL DO CEBPAP) NÚCLEOS DE PESQUISA AFRO CEBRAP SOBRE O PESQUISADOR

O Massacre dos libertos: sobre raça e república no Brasil (1888-1889)

Autor: Matheus Gato Apresentação: Antônio Sérgio Alfredo Guimarães

A História é sempre o resultado de uma escolha. Iluminam-se certos episódios, nublam-se outros, há sempre um presente para se sustentar com os fatos do passado. O futuro porém, está irremediavelmente associado ao passado, que precisa ser revisto e reexplorado para que caminhemos adiante. O Massacre dos Libertos recupera aos brasileiros a violência histórica do racismo e da escravidão no Brasil a partir de dois fatos seminais: a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. E narra o massacre de negros que protestavam em São Luiz do Maranhão temendo que a República recém-constituída lhes retirasse a liberdade recém-conquistada. A partir desse episódio, o texto traça um panorama das reações racistas que se formavam e se incorporavam às estratégias dos senhores brancos para perpetuar o preconceito e a marginalização da população negra pelo mito da “fraternidade racial”.

Uma multidão de negros, cerca de duas a três mil pessoas, se dirige à sede do jornal republicano O Globo em São Luís do Maranhão para protestar contra a proclamação da República que, dizia-se à boca pequena, revogaria a Abolição. Lá, a tropa postada para garantir a lei e a ordem abre fogo contra os manifestantes, matando – números oficiais – quatro pessoas e ferindo várias. O Massacre de 17 de novembro de 1889 articulou de modo singular os dois grandes eventos históricos do período – a abolição da escravatura e a proclamação da República –, revelando como a questão racial permeou as disputas durante a mudança de regime. Nesse contexto, do fim da ordem senhorial, as classificações de cor e outras categorizações de grupo, típicas do escravismo, foram ampliadas para incorporar as novas ideias raciais, e racistas, vigentes, redesenhando as fronteiras entre os grupos sociais. Matheus Gato aborda como o evento foi silenciado e contado ao longo dos anos. O Massacre dos Libertos desnuda as estratégias narrativas e ações políticas que visaram “apagar ” as marcas da escravidão de nossa história em nome de um ideário de “fraternidade racial” que não abriu mão de hierarquizações codificadas pela cor. Um documento dos descaminhos da República, ontem como hoje.

Texto escrito por Antônio Sérgio Alfredo Guimarães para o livro: Do ponto de vista da gente comum, a República de 1889 não vai mais além da disseminação do trabalho livre, que a Abolição instituíra: a aspiração à liberdade vê-se mesmo ameaçada por várias outras formas de trabalho servil, semisservil, e pelos inúmeros constrangimentos legais, econômicos, políticos, sociais e culturais ao exercício livre da força de trabalho, principalmente no campo. A começar pela ausência de um mercado nacional de trabalho. Nesse sentido, a República representa para a massa de homens recémlibertos o perigo da reescravização, dada a ideologia das camadas sociais que chegam ao poder, ou, se não reescravização, ao menos abandono e exclusão social. Antônio Sérgio Alfredo Guimarães é professor titular e pesquisador da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

PRIMEIROS REGISTROS DA POESIA NA IMPRENSA DO MARANHÃO – DÉCADA DE 1820

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO

Tenho me dedicado ao resgate de escritores maranhenses esquecidos. Sirvo-me de comentários sobre este ou aquele autor, quando lembrado, em textos antigos, publicados em nossos jornais – sirvo-me da coleção de jornais da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional (Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca Nacional (bn.br)). Esta semana, a confreira Dilercy Adler – ALL, IHGM – andou a consultar sobre poetas mulheres esquecidas, maranhenses, para indicação de patronato em alguma instituição literária a formar seu conjunto de homenageados com alguma cadeira. Resolvi-me., então, a pesquisar mais a fundo as poesias publicadas em jornais daquela coleção, além do já levantdo. Segundo Bruno Brasil (2018)2:

Entre 1821 e 1831, circularam em São Luís cerca de 13 periódicos de matizes políticas distintas, propensos ao debate à medida em que serviam aos interesses de grupos políticos locais. Tais entraves políticos, afinal, davam-se na imprensa a partir de diferentes interpretações que as elites políticas e intelectuais faziam do liberalismo, sempre adaptado de acordo com seus interesses de classe ou grupo social. Alguns dos principais interlocutores desses debates foram, além d’A Cigarra, O Censor Maranhense, Farol Maranhense, Minerva, A Bandurra, O Amigo do Homem, O Argos da Lei e A Estrela do Norte do Brasil: folhas que debatiam temas ligados à Independência e à monarquia constitucional, bem como aos direitos políticos dos cidadãos.[...]

Assim, creio até prova em contrário, neste momento em que a Imprensa Maranhense completa seus 200 anos de existência, serem estas as primeiras poesias publicadas, comreçando pelo jornal “O CONCILIADOR DO MARANHÃO”3, que veio lume em 15 de abril de 1821 em São Luís (MA): [...] pouco após a abolição da proibição de circulação de impressos que não fossem da Impressão Régia, O Conciliador do Maranhão foi o primeiro periódico lançado em sua província. De orientação política estritamente áulica, não era nada “conciliador ”, posto que acatasse apenas aos interesses portugueses no contexto do processo político que levou o Brasil à Independência. A razão para isso era simples: foi lançado pelo governador maranhense, o marechal português Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que importara de Londres a prensa que o imprimia, mostrando, afinal, a força da presença lusitana no Maranhão, já que a ruptura entre a colônia e a metrópole traria desvantagens para a elite local. Tendo como redatores Antônio Marques da Costa Soares (então oficial-maior da secretaria do governo e secretário da Junta da Administração da Imprensa) e o padre José Antônio da Cruz Ferreira Tezinho, o jornal foi fortemente influenciado pela Revolução do Porto, crendo fielmente na Constituição portuguesa de 1822, de caráter liberal – mas esse marco inspirava, na verdade, o grupo cujos

2 BNDigital 3 por Bruno Brasil 24 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Imprensa Áulica, Imprensa oficial, Liberalismo, Maranhão, Portugueses no Brasil, Primeiro Reinado.

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interesses eram defendidos pelo jornal: a elite provinciana. Tendo abordado os conflitos em torno da adesão forçada do Maranhão ao reino independente sob essa perspectiva, acabou deixando de ser publicado em sua 210ª edição, de 16 de julho de 1823, poucos dias depois da queda de São Luís para as tropas fiéis a Dom Pedro e cerca de duas semanas antes da efetiva inclusão da província ao recém-fundado Império do Brasil. [...]

Conciliador do Maranhão (MA) - 1821 a 1823: ano 1821,

a 17 de fevereiro:

em 1822, no Suplemento ao número 64, uma ode “por hum anonymo”, que se identifica como o autor, quando de uma nota publicada em 1828, a 28 de julho, em O Farol Maranhense4: Odorico Mendes:

4 FAROL MARANHENSE, por Bruno Brasil - 28 MAIO 2018 - Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Liberalismo, Maranhão, Primeiro Reinado: Redigido pelo jovem educador José Cândido de Moraes e Silva, o Farol Maranhense foi um proeminente periódico durante os últimos momentos do Primeiro Reinado. Vindo a lume a 26 de dezembro de 1827, exercia verdadeiro ativismo político pela causa liberal exaltada, ou seja, a considerada mais radical do liberalismo, sendo o primeiro órgão de sua vertente política no Maranhão. Defendendo os princípios constitucionais, conseguindo, aliás, grande sucesso junto ao público leitor da elite maranhense, foi, muito por isso, combatido por diversos jornais ideologicamente opostos e perseguido pelas autoridades da época: em linguagem afiada, atacava violentamente tanto os desmandos do poder provincial quanto o lusitanismo – lembrando-se que força de comerciantes e funcionários públicos portugueses no Maranhão de então, dado seus laços com a metrópole nos tempos coloniais, impôs dificuldades à adesão da província à Independência. Tal posicionamento, ademais, onde portugueses eram chamados pejorativamente de “corcundas”, aproximava o Farol, afinal, do levante conhecido como Setembrada, eclodido em dezembro de 1831. Com publicação finda em 15 de abril desse ano, possivelmente por conta da instabilidade causada pela iminência da revolta e da morte de Moraes e Silva, um de seus líderes, o periódico teve uma curta segunda fase, quando, entre 1832 e 1833, foi dirigido por João Francisco Lisboa. No total, o Farol Maranhense lançou 351 edições. BNDigital

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