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Caso 2 – Problema do medidor de volume limitado
que o particular canudinho pertence à classe dos materiais condutores, subclasse do universo do discurso que reúne a totalidade dos materiais isolantes e condutores. Ademais, na continuidade é preciso dizer que a situação foi aproveitada pelo professor para estabelecer que esses conceitos não são absolutos em relação aos materiais e voltagens trabalhadas, ou seja, que a fronteira que separa a classe positiva dos materiais isolantes da classe negativa dos materiais condutores é interpenetrável, não fixa, indo na direção de reforçar as mensagens dos sinais anteriormente ensinados que diziam respeito a diferenciar condutores e isolantes. Com isso, consequentemente, houve abertura para melhorar a competência dos aprendizes pelo aproveitamento do momento experimental instrucional especificado.
Caso 2 – Problema do medidor de volume limitado
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Em uma atividade experimental para alunos do ensino médio, a respeito do estudo do conceito de empuxo, houve necessidade dos estudantes medirem certa quantidade de água. Para isso, dispunham de uma seringa hipodérmica de 5 ml desprovida do êmbolo, com o bocal de acoplamento de agulhas entupido, com isso podia ser usada como proveta de medição de pequenos volumes. Contudo, ao entornar o líquido na seringa o volume a ser medido era maior do que a capacidade comportada pela seringa. Essa dificuldade aparente fez com que um estudante perguntasse para o professor como faria para medir o volume. É de se observar e presumir que essa dúvida era geral entre os estudantes já que o professor ao remeter a questão para a classe esta se manteve em silêncio. Após notar isso, e aproveitando-se de uma indicação circunstancial na forma representacional verbal, expressa na forma de ato sêmico de interrogação, o professor, mediante uma analogia, questionou como o aluno faria para medir o comprimento da mesa do laboratório com a régua de 30 cm que se encontrava sobre a mesa, pois também ela mesma era muito maior do que o instrumento medidor régua. Após isso, constatou-se que o aluno começou a proceder a medição do líquido com a proveta, confirmando que havia entendido como proceder, assim como os outros da classe.
Ora, com a emissão da indicação circunstancial, o professor teve o propósito de o estudante resolver autonomamente sua dúvida sem que uma resposta direta fosse dita, ou mais precisamente, sem que um outro sinal pronuciado por meio de ato sêmico de informação fosse diretamente emitido pelo professor,
como por exemplo: “contar o número de vezes que se vai encher a seringa até o máximo de 5ml e adicionar esse valor à medida parcial que sobrar para obter o volume total”. Um sinal direto utilizado dessa maneira tornaria passiva a posição do estudante no processo discursivo. Todavia, por outro lado, a emissão da indicação circunstancial exige, por sua vez, um esforço de pensamento do aprendiz para que o mesmo alcance independentemente à resolução do problema colocado. E como foi possível constatar, esse foi o caso, haja vista que a indicação circunstancial produzida levou o estudante a solucionar sua dúvida e bem como dos demais da classe, como apontado no parágrafo anterior.
Portanto, como se conclui, o professor contou que o raciocínio analógico proporcionado pela indicação circunstancial conduzisse e orientasse o estudante para o estado de “compreensão” em relação ao assunto. A indicação, na realidade, buscou relacionar dois conhecimentos: um suposto pelo professor como sendo previamente conhecido dos escolares – como medir uma mesa com uma régua pequena –, e outro desconhecido do estudante em estado inicial de “não compreensão” – como medir um grande volume com uma pequena proveta. Então, ao encaminhar a particular indicação circunstancial na forma de ato sêmico de interrogação (Como fazer para medir uma mesa com régua menor que ela?), o professor pretendeu favorecer, dentro das possibilidades do universo de discurso do estudante, um fato (régua menor que uma mesa a medir) que muito provavelmente seria reconhecido e supostamente significativo para ele no que diz respeito ao conhecimento do sinal “medir um volume maior que a capacidade de um equipamento (proveta de seringa) poderia fornecer”. Sinal este que acabou tendo sua mensagem compreendida pelo estudante de forma autônoma, graças à assistência da indicação circunstancial, pois deu a oportunidade de tornar-se contextualizado pela indicação, visto dar-lhe significado de como realizar a medição.