Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem

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Lidel – edições técnicas, lda. www.lidel.pt Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem Helena AndreiaSaraivaSousa

V  L ide Ledições técnicas Índice Autoras XI Introdução ................................................................................................................. XIII Siglas e Abreviaturas ................................................................................................. XV 1. Competências do Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica ....................................................................................................... 1 2. O Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica na Consulta de Saúde Infantil e Juvenil ............................................................. 3 Programa Nacional do Rastreio Neonatal ........................................................... 5 3. Conduta face a Sinais e Sintomas mais Comuns 9 Icterícia neonatal 9 Cólicas ................................................................................................................ 11 Obstrução nasal .................................................................................................. 11 Febre 12 Vómitos e regurgitação ...................................................................................... 14 Diarreia ............................................................................................................... 15 4. Patologias Frequentes nas Diversas Idades 19 Recém‑nascido 19 Lactentes ............................................................................................................. 21 Toddles e crianças em idade pré escolar ............................................................. 25 Crianças em idade escolar e adolescentes 31

Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem VI 5. Criança com Distúrbios Alimentares .............................................................. 33 Etiologia .............................................................................................................. 33 Intervenção de enfermagem 35 Anorexia nervosa ................................................................................................ 35 Bulimia nervosa .................................................................................................. 40 6. Obesidade Infantil 43 Classificação da obesidade 43 Etiologia .............................................................................................................. 44 Fatores de risco ................................................................................................... 44 Consequências 45 Prevenção............................................................................................................ 46 Tratamento .......................................................................................................... 49 Intervenção de enfermagem 53 7. Criança com Doença Crónica ......................................................................... 55 Intervenção de enfermagem .............................................................................. 59 8. Criança em Fase Terminal 63 Luto 66 Cuidados com a criança com doença terminal e família .................................... 67 Cuidados paliativos ............................................................................................. 70 9. Necessidades Educativas Especiais dos 5 aos 12 Anos 73 Dislexia ................................................................................................................ 74 Disortografia ....................................................................................................... 75 Discalculia ........................................................................................................... 76 Dislalia 77 Síndrome de Down ............................................................................................. 78 Autismo .............................................................................................................. 82 Défice mental ou cognitivo 88 Perturbação de hiperatividade e défice de atenção ........................................... 91 Criança sobredotada .......................................................................................... 97 10. Crianças Vítimas de Acidentes..................................................................... 107 Prevenção de acidentes dos 0 aos 3 meses de idade........................................ 108 Prevenção de acidentes dos 4 aos 12 meses de idade ..................................... 110 Prevenção de acidentes dos 1 aos 3 anos de idade 112 Prevenção de acidentes dos 4 aos 18 anos de idade ........................................ 113

Índice VII  L ide Ledições técnicas Regras para o transporte de crianças em automóvel ....................................... 113 Primeiros socorros em caso de acidente 115 11. Diversidade na Vivência da Sexualidade .................................................... 121 Orientação sexual.............................................................................................. 121 Disforia de género ............................................................................................ 124 Educação sexual 139 Glossário ........................................................................................................... 140 12. Crianças Vítimas de Violência ou Abuso Sexual ....................................... 143 Dificuldades existentes na denúncia e sinalização do abuso sexual 144 Formas e graus de violência sexual contra crianças e jovens ............................ 145 Fatores de risco relacionados com a vítima e agressor .................................... 147 Fatores de proteção do envolvimento em situações de violência sexual 149 Sinais que poderão ser observados em crianças/jovens que foram vítimas de abuso sexual ...................................................................................................... 149 Procedimentos a empreender face a indícios de abuso sexual de crianças e jovens ................................................................................................................ 151 13. Crianças Vítimas de Violência Doméstica .................................................. 155 Etiologia ........................................................................................................... 155 Tipos de violência doméstica 155 Manifestações indicadoras da existência de violência doméstica .................... 156 Consequências da violência doméstica nas diferentes idades .......................... 158 Intervenção de enfermagem 159 14. Crianças Vítimas de Maus‑Tratos................................................................ 161 Tipos de maus‑tratos ........................................................................................ 161 Fatores de risco, proteção e agravamento ........................................................ 164 Sinais de alerta 166 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 167 15. Bullying 171 Tipos de bullying 171 Fatores de risco ................................................................................................ 172 Sinais de alerta mais frequentes ...................................................................... 173 Consequências do bullying 174 Vítimas ............................................................................................................. 175 Agressores ......................................................................................................... 176 Testemunhas/Observadores 177

Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem VIII Prevenção dos casos de bullying ....................................................................... 177 Papel do enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica na prevenção e controlo do bullying ....................................................................................... 180 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 183 16. Violência no Namoro 187 Tipos de violência no namoro 187 Fatores de risco associados à vítima ................................................................. 188 Fatores de risco associados ao agressor ........................................................... 189 Fatores protetores 191 Indicadores de risco para vítima de violência ................................................... 192 Consequências da violência no namoro............................................................ 193 Mitos sobre violência no namoro 195 Prevenção da violência no namoro ................................................................... 196 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 197 17. Mutilação Genital Feminina 199 Fatores que levam à prática da mutilação genital feminina .............................. 200 Tipos de mutilação genital feminina ................................................................. 200 Complicações da mutilação genital feminina .................................................... 201 Tratamento 202 Mutilação genital feminina e a legislação portuguesa ...................................... 202 Recomendações e intervenções........................................................................ 203 Processo de mudança de comportamentos face à mutilação genital feminina ............................................................................................................ 205 Intervenção de enfermagem ............................................................................ 206 18. Crianças Vítimas de Síndrome de Munchausen por Procuração 207 Diagnóstico da síndrome de Munchausen por procuração .............................. 207 Métodos de indução de doença na síndrome de Munchausen por procuração 209 Sinais de alarme de síndrome de Munchausen por procuração ...................... 210 Manifestações clínicas ...................................................................................... 210 Características do agressor, da vítima e do progenitor não agressor ............... 212 Prognóstico ...................................................................................................... 214 O papel do enfermeiro ...................................................................................... 214 Intervenção de enfermagem ............................................................................ 215 19. Comportamentos Autolesivos sem Intenção Suicida na Adolescência .. 219 Tipos de comportamentos autolesivos ............................................................. 219

Índice IX  L ide Ledições técnicas Etiologia e função dos comportamentos autolesivos sem intenção suicida ..... 220 Fatores de vulnerabilidade, precipitantes e de risco 221 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 223 20. Suicídio e Ideação Suicida............................................................................ 225 Fatores de risco ................................................................................................. 226 Fatores protetores 228 Métodos utilizados nas tentativas de suicídio .................................................. 229 Prevenção do suicídio ....................................................................................... 229 Mitos sobre suicídio 231 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 232 21. Toxicodependência ........................................................................................ 233 Fatores de risco 234 Fatores de proteção e sinais de alerta .............................................................. 235 Consequências .................................................................................................. 235 Prevenção 236 Tratamento ........................................................................................................ 236 Intervenção de enfermagem ............................................................................. 238 22. Drogas mais Consumidas pelos Jovens 239 Canabinoides 239 Psicostimulantes: cocaína e anfetaminas .......................................................... 240 Benzodiazepinas ................................................................................................ 243 Opiáceos: morfina e heroína 243 Drogas alucinogénias ........................................................................................ 246 Solventes orgânicos ou inalantes ...................................................................... 248 Droga “Boa noite, Cinderela” 248 23. Tabaco ............................................................................................................. 251 Dependência do tabaco .................................................................................... 251 Constituintes do tabaco .................................................................................... 252 Fatores de risco 253 Sintomas de privação ........................................................................................ 253 Consequências do consumo do tabaco ............................................................. 254 Benefícios da cessação tabágica 256 Prevenção ......................................................................................................... 256 Tratamento farmacológico do tabagismo ......................................................... 258 Intervenção de enfermagem 259

Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem X 24. Álcool ............................................................................................................... 265 Manifestações clínicas ...................................................................................... 265 Fatores de risco 267 Complicações .................................................................................................... 267 Prevenção ......................................................................................................... 268 Intervenção de enfermagem 269 25. Esteroides Anabolizantes .............................................................................. 271 Anexos – Instituições de Apoio Anexo A – Instituições de apoio a crianças com necessidades educativas especiais .............................................................................................................. 277 Anexo B – Instituições de apoio a indivíduos LGBT 280 Anexo C – Instituições de apoio nas tentativas de suicídio ................................. 281 Anexo D – Instituições de apoio à toxicodependência ........................................ 282 Anexo E – Instituições de apoio a crianças e jovens vítimas de violência 284 Anexo F – Instituições que intervêm junto das crianças em risco ....................... 285 Referências Bibliográficas 293 Índice Remissivo ........................................................................................................ 309

Enfermeira em funções de chefia na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Corroios; Interlocutora na área de Saúde Infantil, da vacinação e da Equipa para a Pre venção da Violência em Adultos (EPVA) na unidade de saúde em que trabalha; Mestre em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica na área do Autismo pelo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica (Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa); Pós-graduada em Neurodesenvolvimento em Pediatria: do Diagnóstico à Intervenção; Formação Avançada em “Nutrição em Pediatria”.

Helena Saraiva Exerce atualmente funções nos Cuidados de Saúde Primários, na Unidade de Saúde Familiar Santa Marta do Pinhal, onde é o elemento interlocutor da vacinação e o elo de ligação entre a unidade de saúde e a Equipa para a Prevenção da Violência em Adultos (EPVA) e com instituições de apoio a crianças e jovens em risco (NACJR e CPCJ); Foi res ponsável pela consulta de adolescentes e de obesidade infantil na Unidade de Cuida dos de Saúde Personalizados de Corroios; Exerceu funções durante 26 anos no Hospital D. Estefânia, onde foi responsável pelo Projeto do Aleitamento Materno, o elemento dinamizador do projeto “Comunicação com a pessoa com deficiência auditiva” e do projeto de “Prevenção e monitorização das quedas no hospital”. Enfermeira Especialis ta em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, com o curso de aconselhamento em Aleitamento Materno, promovido pela UNICEF; Autora do livro Aleitamento materno – promoção e manutenção, publicado pela Lidel e de vários artigos científicos.

XI  L ide Ledições técnicas Autoras

Andreia Sousa

A consulta de enfermagem deve ser sistematizada, compreendendo uma sucessão dinâmica de fases que determinam a satisfação das necessidades de saúde do indiví duo e da coletividade. Esta assistência deverá proporcionar a identificação de proble mas do processo saúde-doença suscetíveis de resolução a partir de uma ação conjunta enfermeiro-cliente-equipa multiprofissional ou da realização dos encaminhamentos necessários6Adoença

é um fenómeno indesejado, em que a criança é exposta a vulnerabilida des de natureza física, social e psicológica, podendo afetar o seu desenvolvimento e, por consequência, a sua personalidade futura7. Provoca, acelera ou exacerba desequi líbrios psicoemocionais na criança e na família8.

XIII  L ide Ledições técnicas Introdução

O enfermeiro especialista, segundo a Ordem dos Enfermeiros, proporciona benefí cios importantes para a saúde da população, referentes ao acesso a cuidados de saúde eficazes, integrados e coordenados2. Alegre (2006) acrescenta que proporcionam cui dados adequados a cada estádio em que as pessoas se encontram3.

Os enfermeiros têm um papel essencial no desenvolvimento das políticas de saúde, nomeadamente através da promoção da saúde, da prestação e gestão de cuidados de alta qualidade, da organização de serviços ou da intervenção comunitária, entre outras.

A consulta de enfermagem é uma intervenção que tem como objetivo realizar uma avaliação e estabelecer um plano de cuidados de enfermagem, com a finalidade de ajudar o indivíduo a alcançar a máxima capacidade de autocuidado4. É uma atividade independente baseada numa metodologia científica, que possibilita ao enfermeiro es tabelecer um diagnóstico de enfermagem assente na identificação dos problemas de saúde, elaborar e cumprir um plano de cuidados de acordo com o grau de dependência dos utentes relativamente a cuidados de enfermagem, assim como avaliar os cuidados prestados e reformular as intervenções de enfermagem5.

A sua atuação é fundamental nas diversas fases do desenvolvimento e socialização da criança, principalmente junto das famílias como agentes promotores desse desenvol vimento. A natureza das suas intervenções facilita a colaboração intersectorial, funda mental para a promoção da saúde das crianças1.

Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem XIVA criança de qualquer faixa etária encara a doença como uma experiência desagra dável, que a obriga a lidar com solicitações que transpõem a sua adaptação diária, que modifica a conduta humana e que afeta também a sua familia7.

Os enfermeiros, para prestarem cuidados de enfermagem de qualidade, necessitam de conhecer os efeitos que a doença provoca às crianças/adolescentes e à família9.

Tendo em atenção o que foi mencionado, pensamos que é pertinente a publicação deste livro, no qual é feita uma breve abordagem da atuação do EESIP nas consultas de saúde infantil nos cuidados de saúde primários (CSP). São abordadas várias patologias e situações que requerem cuidados especiais, como: patologias mais frequentes nas di versas idades; doença crónica e terminal; obesidade e distúrbios alimentares; crianças com necessidades educativas especiais; diversidade na vivência da sexualidade; com portamentos autolesivos, suicídio e ideação suicida; alcoolismo e toxicodependência; crianças e jovens vítimas de maus-tratos físicos, psicológicos e sexuais; instituições de apoio à criança, entre outros.

Helena Saraiva, Andreia Sousa (Autoras)

Um enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica (EESIP) presta cuidados à criança saudável ou doente em parceria com a família, para promover o mais elevado estado de saúde possível; proporciona educação para a saúde e suporte à família/cui dadores; desenvolve a sua atividade em todos os contextos em que é requerida pelas crianças, pelos jovens e respetivas famílias (famílias, cuidados continuados, centros de saúde, comunidade, domicílio, etc.)13.

A Ordem dos Enfermeiros defende que o enfermeiro especialista é “um enfermeiro com um conhecimento aprofundado num domínio específico de enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde, que demonstra níveis elevados de julgamento clínico e tomada de decisão, traduzidos num conjunto de competências clínicas especializadas relativas a um campo de intervenção especializado”

O enfermeiro especialista é o “enfermeiro habilitado com um curso de especialização em enfermagem ou com um curso de estudos superiores especializados em enferma gem, a quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece competência cientí fica, técnica e humana para prestar, além de cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados na área da sua especialidade”10.

2. A American Nurses Association considera que os enfermeiros especialistas são peri tos que “conduzem uma avaliação completa da saúde, demonstram um elevado grau de autonomia e competências no diagnóstico e tratamento de respostas complexas por parte do indivíduo, famílias e comunidades a problemas reais ou potenciais. For mulam decisões clínicas de forma a lidar com doenças crónicas e agudas, promovendo o bem-estar. Os enfermeiros na prática avançada integram a educação, investigação, gestão, liderança e consultoria no seu papel clínico e em função das relações colegiais com os colegas enfermeiros, médicos e outros que com eles contactem no ambiente de saúde”11.

1  L ide Ledições técnicas Competências do Enfermeiro Especialista

O enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica (EESIP) é um enfermeiro com competências instrumentais, interpessoais e sistémicas necessárias para a pres tação de cuidados de maior complexidade à criança/adolescente e família, tomando por foco as respostas humanas à doença e aos processos de vida12. Presta cuidados à criança saudável ou doente, em parceria com a família, para promover o mais elevado estado de saúde possível; proporciona educação para a saúde e suporte à família/cui dadores; desenvolve a sua atividade em todos os contextos em que é requerida pelas crianças, pelos jovens e pelas suas famílias13.

em Saúde Infantil e Pediátrica1

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Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem 2

O Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro (REPE), no seu artigo 8.º, acrescenta que “o exercício da atividade profissional dos enfermeiros tem como ob jetivos fundamentais a promoção da saúde, a prevenção da doença, o tratamento, a reabilitação e a reinserção social”10. Deve ter‑se em conta os valores e as crenças das pessoas, pois fazer educação para a saúde “sem compreender a origem dos hábitos de vida, as suas representações simbólicas e as crenças que suscitaram é incorrer nos maioresCriançamal‑entendidos”14éconsiderada“todo

Cumprir o Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil (PNSIJ), como garantia de cuidados de saúde adequados e eficazes, devendo ser aplicado nas ações de vigilância de saúde; n Garantir cuidados centrados na família, em que as decisões são tomadas em parceria com a criança/jovem e família; n Reconhecer o papel absoluto da família na vida da criança, considerando‑a par ceira nos cuidados; n Respeitar os pais, que têm o direito de decidir o que é melhor para eles e para a sua família, reconhecendo‑os como os melhores prestadores de cuidados do seu filho; n Promover a vinculação entre a criança e os pais, pois a vinculação não é inata, é um processo que se inicia na projeção de ter um filho; n Incentivar a criança e a família a adotarem comportamentos mais adequados à promoção e manutenção da sua saúde; n Ajudar a criança a desenvolver a capacidade de tomar decisões, com o apoio dos pais; n Auxiliar os pais e as famílias a adotarem comportamentos promotores do cres cimento e desenvolvimento infantil; n Garantir e proteger os direitos da criança; n Informar o indivíduo e a família sobre os cuidados de enfermagem; n Respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento infor mado; n Atender com responsabilidade e cuidado todo o pedido de informação ou ex plicação feita pelo indivíduo, em matéria de cuidados de enfermagem; n Informar sobre os recursos a que a pessoa pode ter acesso, bem como a forma de os obter.

O EESIP deve3,16 24:

o ser humano menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo”15.

19  L ide Ledições técnicas Patologias Frequentes nas Diversas Idades4 R EC ém ‑n ASCID o O recém-nascido (RN) pode apresentar traumatismos ocorridos durante o parto, ou outras patologias adquiridas durante o período neonatal (Tabela 4.1). Tabela 4.1 • Patologias frequentes no RN31 Patologias Sinais/Sintomas Atitudes terapêuticas Traumatismos durante o parto: Traumas de tecidos moles Equimoses e/ou escoriações provocados por fórceps ou ventosas Vigilância Traumatismo cefálico: n Caput succedaneum n Céfalo‑hematoma n Hemorragia subgaleal n Edema mal delimitado n Limites do hematoma bem demarcados n Couro cabeludo esponjo so, taquicardia e aumento do perímetro cefálico n Alterações de consciência n Vigilância n Medição do perímetro cefálico n Monitorização do estado de consciência Fraturas: n Clavícula n Ossos longos n Uso limitado do braço afetado n Reflexo de moro assimé trico n Perda de movimento do lado afetado Evitar movimentos bruscos com o braço afetado (continua)

Apneia isolada ou conduzindo a paragem cardíaca ou apresentação compatível com SMSL Asfixia da criança

Convulsões

Crianças Vítimas de Síndrome de Munchausen por Procuração 209  L ide Ledições técnicas m éto D o S DE I n D ução DE D o E nç A n A SÍ n DR om E DE m un C h A u SE n P o R PR o C u RA ção Na SMPP a doença pode ser induzida por dois métodos: produção de sintomas e elabo ração de mentiras sobre quadros sintomáticos (Tabela 18.1). Tabela 18.1 • Métodos de indução de doença na SMPP49,197 Produção de sintomas Elaboração de mentiras sobre quadros sintomáticos

Fazer com que pensem que a pessoa que tem uma do ença preexistente está mais doente ou comprometida Exagero, criação, simulação e indução SMSL – síndrome de morte súbita do lactente.

Hemorragia gastrointestinal ou infeção do trato urinário Manipulação de amostras de fezes ou de urina, adicio nando sangue nas fezes e urina

Vómito Administração de ipecacuanha ou outras drogas

Outros

Dilatação/Desconforto Insuflação de ar pela sonda gástrica

Asma ou dificuldade respiratória Exposição propositada a estímulos ou restrição da medicação antiasmática Hipoglicemia Administração de insulina ou restrição alimentar Hipernatremia Administração de sal

Dermatite de contacto ou queima duras Fricção de cáusticos sobre a pele ou aplicação oral

Letargia Administração de barbitúricos, tranquilizantes, anti convulsivantes

Envenenamento

Diarreia Administração de laxantes

Administração de medicamentos não prescritos ou outras substâncias

gástrico

Infeções Administração de produtos contaminados ou injetar material fecal para provocar abcesso/sépsis

Dose incorreta de anticonvulsivantes ou administra ção de fármacos que provoquem convulsões

Tabela 23.1 • Efeitos do tabaco227 229 Aparelho afetado Efeitos Respiratório Agudos n Exacerbação da asma n Irritação nasal e ocular n Aumento da frequência e intensidade das constipações n Pneumonia bacteriana n Pneumotórax espontâneo n Taquipneia n Em doses tóxicas provoca insuficiência respiratória Crónicos n Doença pulmonar obstrutiva crónica n Doença do interstício pulmonar associada a bronquioli te e artrite reumatoide n Bronquite crónica, enfisema e asma n Cancro no aparelho respiratório superior – lábio, lín gua, boca, faringe e laringe n Cancro do pulmão Aterosclerose n do miocárdio, por aumento do consumo de oxigénio e da concentração de monóxido de carbono e hipercogulação n HTA n Morte súbita cardíaca n Hipotensão e bradicardia Vascular n aneurisma da aorta abdominal, flebite periférica com tromboembolismo pulmonar nas fumadoras que utilizam contracetivos orais Alterações vasculares periféricas – vasoconstrição cutânea, vaso constrição sistémica e aumento do débito sanguíneo muscular n Doença isquémica cardíaca n Leucemia (continua)

Vasculopatia

Cuidados Diferenciados em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem 254 n Alterações do sono; n Ansiedade; n Mal-estar físico; n Cefaleias. Con SE quên CIAS D o C on S umo D o tA b AC o O consumo de tabaco afeta de forma negativa grande número de órgãos ou conjunto de órgãos (pulmões, sistema cardiovascular, aparelho digestivo, entre outros), sendo uma das principais causas de doenças oncológicas (Tabela 23.1).

n

Cardiovascular n

Enfarte

(continuação)

Tabaco 255  L ide Ledições técnicas

Gastrointestinal Exposição aguda n Relaxamento da musculatura do tubo diges tivo n Atraso do esvaziamento gástrico n Inibição da secreção do suco gástrico e pan creático n Náuseas, vómitos e diarreia Exposição crónica n Doença de refluxo gastroesofágico n Úlcera péptica n Cancros de cavidade oral, esófago, estôma go, pâncreas e colorretal n Doença periodontal n Perda parcial ou completa de dentes

Endócrino metabólicoe n Agravamento da diabetes tipo II n Disfunção tiroidea

Aparelho afetado Efeitos SNC n AVC n Dependência n Aumento do estado de vigília n Estimulação de funções cognitivas: memória, aprendizagem e concentração n Diminuição do apetite n Efeito ansiolítico Visão n Cataratas n Agravamento da retinopatia diabética

Psiquiátrico n Suicídio n Depressão major HTA – hipertensão arterial; AVC – acidente vascular cerebral; RN – recém nascido.

Musculoesquelético n Osteoporose e fraturas n Relaxamento dos músculos em geral e tensão do musculo trapézio femininoReprodutor n Efeito antiestrogénico, que induz a menopausa precoce e aumento do risco de osteoporose n Anomalias na fertilidade e fecundidade feminina n Gravidez ectópica n Risco de atraso de crescimento intrauterino n Placenta prévia, descolamento da placenta, rotura precoce de mem branas n Baixo peso ao nascer, prematuridade, mortalidade perinatal n Maior risco de o RN vir a desencadear asma, cólicas e obesidade infantil

277  L ide Ledições técnicas Anexo A Instituições de apoio a crianças com necessidades educativas especiais Existem instituições que prestam apoio a crianças com Necessidades Educativas Espe ciais (NEE), conforme as mencionadas na Tabela A. Tabela A • Instituições de apoio a crianças com necessidades educativas especiais Sigla Instituição Contactos Localização AEIPS Associação para o Estudo e Integra ção Psicossocial 218http://www.aeips.pt453580 Lisboa ANEIS Associação Nacional para o Estudo e a Intervenção na Sobredotação 927 609 255 Lisboa APCH Associação Portuguesa da Criança Hiperativa 918 691 972 S. João Madeirada APCS Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas 225 573 420 Porto APPACDM Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental https://appacdmlisboa.pt217928720 Lisboa APPDA Associação Portuguesa para as Per turbações do Desenvolvimento e Autismo appdahttps://www.‑lisboa.org.pt213616250 Lisboa appdahttps://www.setubal.com265501681916815707916181849 Setúbal (continua)

Anexo que intervêm junto das crianças em risco

C

As instituições que têm a obrigação de intervir junto das crianças em risco por diversos motivos são: Centro de saúde (CS); Núcleo de Apoio às Crianças e Jovens em Risco (NACJR); Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ); n Tribunal de Família e Menores; Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI). E nt R o S DE SA ú DE Intervenção nos CS179: Na presença de uma criança em perigo, elabora um Plano de Intervenção e Apoio à Família (PIAF), com o consentimento informado dos pais, representan tes legais e do jovem, se tiver 12 ou mais anos de idade; n Solicitar apoio ou encaminhar para o NACJR; n No caso de os pais ou de o jovem recusar o PIAF proposto, o CS deve sinalizar o caso para a CPCJ (formulário disponível em: documents/10182/14801/Guia+de+orienta%C3%A7%C3%B5es+para+profissihttps://www.cnpdpcj.gov.pt/ onais+das+For% C3%A7as+de+Seguran%C3%A7a/4a0d39f6‑4834‑429d‑9316 cbe8802dcf14); n Se os pais ou jovem aceitarem o PIAF, o profissional/equipa de saúde ou o NACJR têm a competência para monitorizar a aplicação do plano e elaborar a respetiva avaliação; n Depois de se verificar a adequação do PIAF e eliminar o perigo, é iniciado um acompanhamento contínuo da situação, através da intervenção de outras equi pas da rede interna e externa do CS, no âmbito das entidades de primeiro nível; n Se o PIAF não foi executado ou foi ineficaz, a criança deve ser referenciada para a CPCJ.

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286

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InstituiçõesF

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Quer os estudantes de Enfermagem, quer os alunos de especialização e mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica encontram aqui uma obra de referência para consolidação dos conhecimentos. Também é recomendada a leitura a todos os que atuam junto de crianças e jovens que necessitam de cuidados especí cos.

De fácil leitura e organizado de uma forma lógica, para permitir uma consulta rápida, este livro disponibiliza aos pro ssionais conteúdos que lhes permitem aumentar a qualidade dos cuidados prestados a crianças com necessi dades de cuidados diferenciados. Nele são abordados diversos tópicos que atualmente preocupam os pro ssionais de saúde e que requerem um atendimento diferenciado, tais como: crianças com doença crónica e terminal; distúrbios alimentares; crianças com necessidades educativas especiais; diversidade na vivência da sexuali dade; comportamentos autolesivos, suicídio e ideação suicida; alcoolismo e toxicodependência; crianças e jovens vítimas de maus-tratos físicos, psicológicos e sexuais, entre outros.

Helena Saraiva Exerce atualmente funções nos Cuidados de Saúde Primários, na Unidade de Saúde Familiar Santa Marta do Pinhal, onde é o elemento interlocutor da vacinação e o elo de ligação entre a unidade de saúde e a Equipa para a Prevenção da Violência em Adultos (EPVA) e com instituições de apoio a crianças e jovens em risco (NACJR e CPCJ); Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, com o curso de aconselhamento em Aleitamento Materno, promovido pela UNICEF. Andreia Sousa Enfermeira em funções de che a na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Corroios; Mestre em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica na área do Autismo; Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica; Pós-graduada em Neurodesenvolvimento em Pediatria: do Diagnóstico à Intervenção; Formação Avançada em “Nutrição em Pediatria”. ISBN 978-989-752-770-8 www.lidel.pt9 789897 527708

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