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1.5.3 Medição dos riscos não financeiros

p(C1 e C2) = ρC1,C2p(C1)[1–p(C1)]p(C2)[1–p(C2)] + p(C1)p(C2)

Em termos de medição do risco de crédito, o VaR também pode ser utilizado. Essa medida designada de VaR de crédito ou crédito em risco, reflete a perda mínima com uma determinada probabilidade durante um período de tempo. Uma empresa pode, por exemplo, calcular um VaR de crédito de um milhão para um ano com uma probabilidade de 5% (ou um nível de confiança de 95%). Por outras palavras, a empresa tem 5% de possibilidades de incorrer em perdas relacionadas com o incumprimento de pelo menos um milhão num ano.

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Para medir com precisão o VaR de crédito, o gestor de risco deve focar-se na cauda superior da distribuição de resultados, onde o resultado para a posição é positivo, em contraste com o VaR dos riscos de mercado, que se concentra na cauda inferior. Suponha que a cauda superior de 5% da distribuição de risco de mercado seja de um milhão. O VaR de crédito pode ser considerado aproximadamente de um milhão, mas esse montante pressupõe que a probabilidade de perda é total e o valor recuperável em caso de perda é zero. Daí a necessidade de alguns refinamentos adicionais para incorporar medidas mais precisas da probabilidade de incumprimento e da taxa de recuperação, o que conduz a um VaR de crédito mais baixo e preciso. Estimar o VaR de crédito é mais complicado do que estimar o VaR de mercado porque os eventos de crédito são menos frequentes e as taxas de recuperação são difíceis de estimar.

Os riscos não financeiros são difíceis de medir. Algumas das exposições não financeiras, como os riscos regulatório, fiscal, legal ou contabilístico, podem ser consideradas como não mensuráveis de forma matemática precisa. São diferentes do risco de mercado e do conceito de VaR, porque geralmente não há uma distribuição observável das perdas relacionadas com esses fatores. Alguns desses riscos podem ser considerados mais adequados para seguros do que medição e hedge. As seguradoras geralmente possuem ativos suficientes e estão capitalizadas por forma a suportar eventos incertos. Quando é possível modelar uma fonte de risco, os atuários nos seguros costumam usar técnicas como a teoria dos valores extremos, mas mesmo essas técnicas são limitadas e baseiam-se em dados históricos.

Embora a gestão de riscos corporativos tente identificar e medir a totalidade dos riscos de uma empresa, permanece uma ambiguidade considerável sobre como avaliar os riscos não financeiros e não seguráveis. Em princípio, as empresas devem ter uma visão abrangente e aplicar a mesma abordagem a todos os riscos (financeiros ou não), como o risco de interrupções na produção causadas por causas naturais, ou danos à reputação, devido a fraudes ou lapsos éticos. As ferramentas para calcular o efeito potencial de um risco não financeiro provavelmente serão mais rudimentares do que os modelos usados para calcular os riscos financeiros. Para determinar a perda ou lucro potencial, podemos olhar para o

histórico da empresa para ver o impacto dos riscos passados. Se não houver dados disponíveis na empresa, podemos analisar a experiência de empresas comparáveis, o que é difícil. Além disso, os cálculos de perdas não precisam ser baseados em valores absolutos em unidades monetárias. Isso pode ajudar a simplificar o processo e eliminar obstáculos que normalmente ofuscam o rastreamento de riscos intangíveis. Em vez disso, os cálculos podem ser valores relativos com base em atributos qualitativos.

Calcular a probabilidade de ocorrência de um risco não financeiro também pode ser muito difícil. Uma maneira de conseguir isso é pedir aos colaboradores que estimem as probabilidades numa escala, por exemplo de um a dez. As empresas devem ser cuidadosas e seletivas com as perguntas que são formuladas e a quem são submetidas, mas podem ajudar a levantar sinais de alerta em áreas onde o restante da empresa acredita que possa haver riscos ocultos. Medir os riscos não financeiros com base em valores relativos obtidos dos colaboradores pode ser mais útil do que gastar muito tempo em cálculos precisos, no entanto, outros dizem que os cálculos podem de facto ser feitos.

Por exemplo, os riscos relacionados com o pessoal são alguns dos riscos mais complicados de medir. Se o risco de uma equipa criativa sair for uma prioridade, podemos começar por determinar o valor que a equipa agrega à organização, estimando a percentagem de crescimento impulsionada pela equipa. De seguida, adicionaríamos à equação quaisquer outros custos incorridos se a equipa saísse, como o tempo e a energia necessários para recrutar uma nova equipa. Depois disso, podemos usar um algoritmo de simulação para determinar a probabilidade do risco.

Os principais elementos da maioria dos métodos de gestão de risco não financeiro passam por definir uma taxonomia de risco, uma matriz de risco e um conjunto de passos metodológicos. Conjuntamente com isso surgem ferramentas relevantes que incluem técnicas de autoavaliação, indicadores-chave que mostram tendências na “temperatura” de risco, scorecards de risco e bancos de dados de eventos de perda.

O tema do risco operacional tem recebido particular atenção ao nível das instituições financeiras, tendo merecido destaque nos requisitos de risco do acordo de Basileia II.

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