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2.3.4 Outras estratégias

recebimento, por forma a que estes sejam antecipados ou prolongados, conforme o sentido da evolução cambial.

Temos ainda outras estratégias menos formais.

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a) Negociação de descontos por antecipação de pagamento ou recebimento, que consiste no pagamento logo que sejam enviados os produtos ou prestados os serviços, consoante um desconto na fatura. A compra e venda de divisas é feita nos mercados à vista não ficando a empresa sujeita a variação das taxas de câmbio. b) Netting (compensação), que consiste na tentativa de compensar valores a pagar e a receber nas mesmas moedas com o mesmo parceiro e em datas coincidentes, com o objetivo de diminuir a exposição ao risco cambial e ainda reduzir custos relativos às transferências de fundos. c) Matching, que permite fazer encontros entre montantes a pagar e a receber em várias moedas estrangeiras. As empresas com movimentos de importação e exportação frequentes têm mais facilidade em encontrar montantes a receber e a pagar nas mesmas moedas eliminando o risco cambial.

Os exemplos anteriores de gestão dos riscos dos movimentos nos preços do mercado são ilustrativos da necessidade de as organizações lidarem com outros riscos, para além do risco do seu negócio. Em geral, as empresas não financeiras procuram evitar os riscos que não se sentem qualificadas para assumir. Em especial, procuram mitigar os riscos de mercado ou eliminá-los completamente. Essa abordagem envolve uma prática chamada de hedge ou cobertura, que envolve assumir uma posição no mercado para se proteger contra um resultado indesejável.

Por exemplo, suponhamos que o gestor de uma empresa tem a forte convicção de que as taxas de juro vão aumentar. Para gerir este risco, pode envolver-se numa operação de Forward Rate Agreement (FRA), que é um instrumento financeiro usado para travar os efeitos da subida de taxas de juro sobre um empréstimo obtido pela empresa. A posição tomada protege a empresa do resultado indesejável de um aumento das taxas de juro, embora também impeça que a empresa desfrute de eventual queda das taxas.

Mas as empresas fazem mais do que hedge, gerem riscos. Isto significa que consideram os cenários e ajustam o risco que enfrentam para o nível que consideram aceitável. Na maioria dos casos, isso envolve a redução do risco; em alguns casos, o cenário justifica o aumento do risco da empresa. Em todos os casos, a empresa está a alterar o risco do seu nível atual para o nível desejado.

a) Risco contínuo (continuous risk): aquele que deriva de uma fonte ou fator de risco que pode mudar continuamente (por exemplo, os riscos de mercado associados à taxa de juro, taxa de inflação, taxa de câmbio, …). b) Risco ocasional (event risk): aquele que está ligado à ocorrência de um dado evento específico (como por exemplo, um incêndio, uma ação legal ou um dado concurso para fornecimento de um dado bem).

Esta distinção é relevante para definir os tipos de instrumentos de cobertura de risco ou de hedging mais adequados. No caso de riscos contínuos, as empresas podem evitá-los utilizando instrumentos disponíveis nos mercados financeiros como forwards, swaps, futuros e opções. No caso do risco ocasional, os contratos de seguros parecem ser os meios mais eficazes de cobertura de risco.

No contexto da gestão de risco, podemos definir dois grandes tipos de políticas de cobertura de risco:

a) Off-balance sheet hedging: efetuado por meio de instrumentos financeiros (como os forwards, futuros, swaps e opções), isto é, são operações de cobertura de risco onde a empresa recorre aos mercados financeiros e em que os instrumentos derivados constituem as soluções mais visíveis. b) On-balance sheet hedging: cobertura que a empresa efetua internamente, sem necessitar de recorrer aos mercados financeiros, por exemplo, a deslocalização da produção, matching da maturidade de ativos e passivos no caso das instituições financeiras, tomada de financiamentos na moeda de faturação das exportações, entre outros.

Apesar dos vários níveis de sucesso das técnicas de gestão de risco referidas anteriormente, há vários motivos pelos quais é necessário gerir os riscos recorrendo a instrumentos de cobertura, como os derivados de commodities ou de taxas de câmbio. Uma análise mais detalhada sobre este tema é feita no próximo capítulo.

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