Lona 809 - 19/08/2013

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Notícia Antiga Em 1917, aconteceu a 4ª aparição de Nossa Senhora Fátima, Portugal. O loca onde ocorreram as visões hoje é um templo que atrai milhões de pregrinos por ano.

Edição 809

Curitiba, 19 de agosto de 2013

lona.redeteia.com

Mostra fotográfica reúne imagens dos protestos Lucas de Lavor

O Memorial de Curitiba reuniu na exposição “Mostra Coletiva de Fotojornalismo Curitiba Protesta” as melhores fotos que saíram em jornais durante as manifestações que aconteceram em junho deste ano. A mostra conta com foto de onze fotojornalistas de jornais como Tribuna do Paraná e Gazeta do Povo.

WikiCommons

O submundo das drogas Conheça o relato de dependentes químicos Atrelada ao mundo do crack, está também a violência. Há alguns anos, o crack era relacionado diretamente à periferia. Hoje a droga é usada em todas as classes sociais, em diferentes idades. O tratamento para um dependente químico em uma comunidade terapêutica na região metropolitana de Curitiba custa aproximadamente R$ 3.500 mensais e o tratamento leva, em média, de sete a oito meses. O dependente químico do crack é estereotipado: Acaba perdendo o interesse em si próprio, deixando de lado sua vida e começa a se preocupar somente em como arranjar a droga.

Opinião Pênalti ou não? Fome no Mundo Após o resultado duvidoso do jogo entre o Coritiba e o Corinthians, fica claro que o futebol necessita de recursos para verificar lances duvidosos.

As pessoas que sequer saciam a necessidade mais básica do organismo conseguem repousar, ou simplesmente apagam?

Por onde anda? O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda a ex-aluna Ana Cláudia Pereira. Página 2

Colunistas Maximilian Rox e Matheus Klocker

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Games

Cinema

Após a tragédia da família Pesseghini, Maximilian questiona as acusações que dizem que videogames são responsáveis por jovens violentos.

Matheus Klocker analisa o potencial que a tecnologia da terceira dimensão no cinema vem mostrando de forma artística ou comercial.


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Editorial

A modalidade atrasada A partida entre Corinthians e Coritiba, no último domingo, evidenciou mais uma vez um lado complicado do esporte mais popular do país e, também, do mundo. Aos 43 minutos do segundo tempo, o árbitro da peleja, o Sr. Péricles Bassols, marcou um pênalti que conseguiu ser contestado de forma unânime por todos os aficionados por futebol. O lance envolvendo o atacante Danilo, do Corinthians, e o zagueiro Luccas Claro, do Coritiba, acabou sendo decisivo para que o resultado da

partida favorecesse o alvinegro paulistano. Todo esse erro de arbitragem levanta uma série de questionamentos dos torcedores, inclusive, quanto à lisura do esporte, principalmente, no país. Não é de hoje que a arbitragem é acusada pelos fãs de times do chamado “Eixo Rio-São Paulo” de pender a favor dos times dessa região, com direito a diversas teorias da conspiração decorrentes do imaginário dos torcedores. Além de tudo, é evidente que o futebol é o esporte

que mais envolve dinheiro dentre todas as modalidades do planeta, incluindo premiações, negociações de passes e times, valores de mídia etc. Com todos esses fatores somados, é inconcebível que apenas em 2013 a FIFA e os anciãos da International Board (órgão que rege as regras do futebol) tenham pensado em usar o auxílio da tecnologia na arbitragem do futebol e, ainda assim, de forma mínima. Um jogo que envolve tantas transações monetárias tem que

Por Onde Anda?

O Zen na arte de estar vivo

Expediente

comum. Mas não seria a consciência elevada do homem, sua tão prepotente qualidade de sapiens, que o permitiria evitar esse tipo de transtorno para com seus semelhantes? A não ser que haja algum fetiche inexplorado pela psicanálise que faça com que o detentor do poder capitalista ilusório sinta prazer ao ver o próximo sofrer, não consigo chegar a uma

não usá-los? Isso só traria confiabilidade maior ao futebol, que é um esporte querido por muitos e, que de fato, mexe com a vida de certas pessoas. As decisões retrógradas de International Board só trazem desconfiança à lisura da modalidade e causam uma discussão alheia ao jogo e ao que deveria ser realmente discutido (as táticas, os lances, os gols...), tornando o esporte maçante e propenso a perder popularidade. Tudo isso fica potencializado quando se olha para outras modali-

dades e quase todas elas adotam ou vão adotar uso de tecnologia para auxílio da arbitragem. Se levarmos em conta a leniência da CBF em gerir o futebol brasileiro, toda essa situação fica ainda mais agravada, afinal, a instituição volta e meia sofre acusações de corrupção e práticas ilegais por parte de seus representantes. Com isso, a tendência é que falar e acompanhar futebol no Brasil possa se tornar cada vez mais desinteressante.

Ana Cláudia Pereira Me formei em 2009, quando ainda trabalhava na Prefeitura de Curitiba como Educadora Social. Passei no concurso em 2007 para pagar a faculdade - financiada em apenas 96 parcelas -, mas logo consegui unir as duas áreas. Um exemplo foi o produto do meu TCC: um livro intitulado “Curitiba também tem favela”, que continua na fila de pendências para ser publicado.

870 milhões de pessoas dormem com fome diariamente, segundo relatório da ONU. Calma. Dormir é uma palavra que, ao menos a mim, remete ao descanso, ao repouso. As pessoas que sequer saciam a necessidade mais básica do organismo conseguem repousar, ou simplesmente apagam? Vivemos sob um regime predatório. Ponto. Isso é lugar

dar a si a dignidade e evitar qualquer brecha para que fatores externos e ilegais influenciem no jogo. Além disso, o futebol é cada vez mais rápido e, não raro, tem polêmicas causadas por lances milimétricos, praticamente impossíveis de ser percebidos a olho nu. O ser humano é falível, e é bem ele quem arbitra as partidas de futebol. Se há tecnologias disponíveis para tirar eventuais dúvidas e afastar qualquer possibilidade de erro (seja ele natural ou de má-fé), por que

No ano seguinte, virei coordenadora do Circo da Cidade, um projeto social de contraturno para crianças de baixa renda e foi dessa realidade que me surgiu o desgosto pelas áreas de atuação tradicionais do jornalismo. Nesse meio tempo, comecei a fortalecer meus contatos aqui e no Rio de Janeiro e prestar assessoria musical, focando nos artistas do rap. Entre alguns assessora-

dos estão: Jacksom, Akira Presidente e Marcelo D2 e, com a repercussão, acabei ganhando clientes de outras cenas musicais. Em 2012, quando estava na assessoria da Secretaria de Esportes, já farta de entender como funciona (ou melhor, como não funciona) o sistema público, me exonerei da Prefeitura. Casei em março desse ano, em Bali, com um amigo que conheci dez anos antes e que me pediu

explicação concreta. Há, porém, quem consiga viver tranquilamente em sua passageira condição de ser. A filosofia zen-budista sugere o caminho do meio como uma libertação para as mazelas do mundano. Se aqui te leva para a direita e acolá para a esquerda (as duas opções te fazem continuar caminhando a esmo), o caminho do meio te leva para dentro de si mesmo,

voltando-se a si próprio a fim de existir sem ser afetado pelo poder imponente criado pela perigosa evolução do homem, que pode ter avançado muito tecnologicamente, mas tudo em detrimento da humanidade – como se números e papel e eletrodomésticos fossem mais importantes que um semelhante. Na dúvida, “apenas sente” (zazen – técnica zen-budista

e

m casamento com dois meses de relacionamento. Passamos 36 dias em lua de mel pelo Sudeste Asiático e um ano atrás abrimos uma loja de conveniências. Continuo com os frellas, esse mês fechei projeto com Rabú Gonzalez, produtor de videoclipes de Niterói. Ah, já ia e s q u e c e n d o, a g o r a só restam quatro parcelas para quitar a faculdade.

João Lucas Dusi

de meditação) e se livre, nem que por um momento, de estar existindo no século XXI. Há anos que não sou dado à fé ou crenças, mas como ignorar uma doutrina que sugere uma solução para uma danação que podemos comprovar diariamente? Se andar pelo centro de Curitiba já pode ser uma tarefa para os que têm estômago forte, imagine um

Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Gustavo Vaz Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

tour pela Namíbia, onde 778 mil pessoas estão desnutridas ou passam fome. Talvez eu esteja sendo excessivamente emocional, mas, me desculpe, creio ainda ser humano. E por mais que seja ridículo escrever sobre uma doutrina pacificadora na frente de um notebook (fruto do que acabei de condenar), peço desculpas mais uma vez, e repito: creio ainda ser humano.


Notícias do Dia

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Mostra de fotojornalismo exibe fotos de protestos no Memorial de Curitiba “Curitiba Protesta” reúne as melhores fotos das manifestações que ocorreram em Curitiba no mês de junho; mais de 150 pessoas já passaram pelo local Lucas de Lavor e Victor hugo Turezo

estava acontecendo”. Já o estudante Guilherme Danelhuk, 22, que cursa Relações Públicas na PUC-PR, observou que a exposição enfatizou o lado do vandalismo. “A mostra retratou o lado do vandalismo, dando ênfase somente à violência, não levando em conta o outro lado, o lado da causa”, e complementa falando que houve a mesma tendência para a cobertura das manifestações. “A mídia só mostra o que lhe convém. Não mostrou o porquê da indignação da população”. Manifestações As manifestações começaram no início do mês de junho em São Paulo, a princípio, para a redução da passagem do ônibus. Em apoio, os protestos se espalharam por todo o país, contra

Lucas de Lavor

Está em exposição no Memorial de Curitba a “Mostra Coletiva de Fotojornalismo Curitiba Protesta”. A exposição que reúne as melhores fotos que saíram nos jornais durante as manifestações que ocorreram em junho tem como objetivo mostrar o lado, para quem não viu, de uma Curitiba unida e, às vezes, dividida. Fotos de onze fotojornalistas dos jornais Tribuna do Paraná e Gazeta do Povo. A estudante do Ensino Médio, Gabriela Nicoline, 16, participou dos protestos e ressalta o lado ruim. “Teve muita gente que foi avacalhar e não para protestar”. Ela complementa quanto à mostra fotográfica: “Mostra a realidade do país. Estávamos precisando de um movimento como esse, não podíamos mais ficar indiferentes com o que

a violência policial e a redução da passagem. Em Curitiba, foram três protestos, nos dias 11,18 e 21 de junho, o último, resultando em consequências visiveis até hoje no Centro Cívico, com um prejuízo de 1,5 milhão em vandalismo. O resulta-

do foi a redução da passagem de 2,90 para 2,70 a partir do dia 1º de julho, além da “abertura da caixa preta” com a CPI da Urbs na Câmara Municipal de Curitiba. No âmbito nacional, as principais mudanças foram a redução de passagem em mais de 16

cidades, 25% dos royalties em investimento na área da saúde e 75% para a educação, aprovação pelo senado para corrupção como crime hediondo, o cancelamento de 43 milhões que seriam investidos na Copa e o arquivamento da PEC 37.

Serviço Com dois dias de exposição, mais de 150 pessoas já haviam passado pelo local. A exposição vai até 3 de novembro e fica no terceiro andar do Memorial de Curitiba. A entrada é gratuita.

Semana de Comunicação traz grandes nomes à UP Palestras, mesas redondas e oficinas estão disponíveis para os alunos que pretendem agregar conhecimento à sua formação Isabelle Kolb

A Semana de Comunicação de UP acontece há três anos e reúne os cursos de Publicidade Propaganda e Jornalismo. Esse ano, o evento acontecerá nos dias 20, 21 e 22 de agosto e contará – entre outras com a presença da família Leminsky (Alice Ruiz, Áurea e Estrela Leminsky) e da vice-presidente da Intercom, Marialva Barbosa. Serão três dias de palestras, mesas redondas e oficinas. A semana tem o intuito de trazer ao aluno assuntos pertinentes ao curso, de conhecimento geral e específico.

Oficinas As oficinas oferecem práticas e conteúdos teóricos complementares aos de sala de aula e terão um número limitado de vagas. Acontecerão nos primeiros horários da manhã, e nos últimos horários da noite, ou seja, das 8h às 9h30 e das 20h50 às 22h30. Os alunos terão acesso às oficinas de jornalismo politico, rural e de web. Oficinas de excel, produção e criação de filmes, gestão de tempo e liderança, iluminação fotográfica, texto entre outras. Cada uma tem um tempo de duração diferente, entre um e três dias,

e pretende esclarecer dúvidas e melhorar o desempenho dos participantes. Palestras redondas

e

mesas

DIA 20 – Para a abertura da Semana de Comunicação, às 10h haverá uma palestra com a família Leminski. Alice Ruiz, Aurea e Estrela Leminski irão falar um pouco sobre Paulo, a exposição que estava em Curitiba e agora está em Foz do Iguaçu e a importância dele no cenário da comunicação do Paraná, na publicidade e nas artes em geral. As 19h haverá o

lançamento do livro “A história da comunicação no Brasil”, escrito pela vice-presidente da Intercom, Marialva Barbosa e recentemente editado pela Editora Vozes. Haverá também nesse caso, direcionado para os alunos de jornalismo -, o lançamento de livros dos ex-alunos. Alguns dos trabalhos de TCC que viraram livros reportagem foram publicados na noite do dia 20 ficarão em exposição. DIA 21 - Às 10h haverá uma palestra com Rogerio Galindo, jornalista da Gazeta,

que coordenou a seria de reportagens de “Crimes Sem Castigo”. A noite, uma mesa redonda colocará em discussão os aspectos positivos e negativos da cobertura das manifestações que foram feitas pelos estudantes de jornalismo e divulgados no Lona, na Rede Teia e no Tela UN. Comparecerão à mesa profissionais do mercado como Dulcinéia Novais apresentadora da RPC TV, que avaliará a cobertura do Tela UN, Julio Cezar Lima, correspondente de Curitiba do jornal Estado de S. Paulo, para avaliar a cobertura do Lona e da Rede teia e um

fotojornalista que ainda não está confirmado, para avaliar a cobertura quanto a fotográfica dos alunos. DIA 22– No período da noite, a jornalista e apresentadora Áurea Leminski, o publicitário Paulo Vitola, que trabalhou com Leminski e Luiz Felipe Leprevost encerrarão a semana falando um pouco mais sobre Paulo Leminski, comentando sobre sua obra e sua vida. A conversa será mediada pelo professor Cristian Schwartz, e cada mesa contará com a presença de um aluno do curso de jornalismo ou de publicidade.


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Geral

Vítimas do crack relatam males do vício jorge camargo e thais cardoso se preocupar somente em como arranjar a droga. Assim, ele acaba vendendo tudo o que tem para conseguir novas pedras e saciar a sensação de prazer que o organismo está pedindo. Muitas vezes, está disposto a matar ou morrer”, afirma Paulo Wagner. De acordo com dados do jornal Gazeta do Povo, na reportagem investigativa intitulada Crime Sem Castigo, na capital paranaense, entre os anos de 2010 e 2013, 56% dos assassinatos tinham como um dos componentes as drogas, principalmente o crack. “A satisfação que o crack proporciona é muito grande. Mas depois que o efeito passa, o prazer dá lugar à depressão”, contou o ex-viciado Pablo Ottonelli. “Comecei a usar drogas como cigarro e álcool aos 13 anos. Sentia a necessidade de ser visto, de fazer parte da turma descolada, então passei a usar maconha”. Aos 20 anos, Pablo teve o primeiro contato com o crack. “No início, usava apenas nos finais de semana, depois passei a usar em dias alternados da semana e, quando me dei conta, já estava viciado”. Segundo Paulo Wagner, “por ser uma droga barata, fácil de ser conseguida e extremamente viciante, muitos dependentes vão em busca de aceitação própria através do crack. Outra característica do vício é a troca de serviços sexuais por crack, trazendo outras consequências, como doenças sexualmente transmissíveis e suicídios”. Há alguns anos, o crack era relacionado diretamente à periferia. Hoje a droga é usada em todas as classes sociais, em diferentes idades. Segundo o investigador Nelson Venâncio, do Departamento de Narcóticos (DENARC) a Polícia está fazendo grandes apreensões de drogas no Paraná. “Em Ponta Grossa, a Polícia Civil apreendeu 21 quilos de crack que daria um total de 73 mil pedras”. Venâncio afirma que, por mais que o crack seja uma droga barata e de fácil acesso,

Jorge Camargo

Os cabelos presos em rabo de cavalo, os olhos tímidos encaram os próprios pés e as mãos permanecem escondidas dentro dos bolsos do casaco bege. Geiminy Chris Tavares age como quem tem vergonha de ser mais uma vítima do crack. “A maconha foi a porta de entrada para me tornar uma dependente química. Comecei com alguns ‘baseadinhos’ e com a cocaína, junto com meu ex-marido. Até que um dia cheguei em casa, e ele estava fumando crack”. Curiosa, Geiminy resolveu saber qual era a sensação de fumar e, mesmo contra a vontade do marido, ela experimentou. “Nunca deveria ter aprendido. Passei a usar o crack com frequência. Já não ia mais trabalhar, só queria fumar. Era sustentada pela minha sogra, e deixei de lado a criação dos meus filhos”. O crack é uma substância química originada da pasta da cocaína com bicabornato de sódio, diluído com outros solventes, e que é fumado num cachimbo ou numa lata de refrigerante. “A forma como o crack é usado é o principal fator que causa a dependência química. A fumaça inalada chega ao cérebro em segundos, causando uma sensação de conforto, de prazer. Poucas substâncias químicas têm esse poder”, afirma o psiquiatra do Projeto Ceifar, Paulo Wagner. “Vicia porque a sensação que causa no corpo é muito rápida. O prazer proporcionado pelo crack tem um efeito rápido e, assim que passa, o cérebro pede essa sensação de prazer novamente, e consequentemente a pessoa acaba fumando de novo. As chances de viciar são de 80%”, diz. Atrelada ao mundo do crack, está também a violência. “Como consequência do vício, da necessidade de procurar novamente a sensação de prazer, o dependente químico do crack é estereotipado: acaba perdendo o interesse em si próprio, deixando de lado sua vida e começa a

Pablo Ottonelli, ex-dependente quimico e participante do Projeto Ceifar o lucro que traz é enorme. “Se pegarmos um exemplo de um quilo de crack sendo vendido fracionado a R$ 10 a unidade da pedra, vai gerar um valor médio de R$ 15 mil por quilo da droga”. Dependência química O psiquiatra Paulo Wagner afirma que a dependência química não tem cura. “Em 70% dos casos pode estar ligada diretamente a outras doenças psíquicas, como a depressão e o transtorno bipolar. Com o uso frequente da droga, o cérebro acaba sofrendo alguns danos como perda de atenção, memória, capacidade de aprendizado, capacidade de interação, além de comprometimento de humor e de personalidade”. E completa: “A forma mais eficiente de tratar a dependência química envolve a aceitação do tratamento pelo usuário de drogas. Nesses casos, o princi-

pal colaborador para a recuperação é a família”, diz. Bolsa-crack O governo de São Paulo adotou no início deste ano o programa do Governo Federal de auxílio aos dependentes químicos do crack. Para o tratamento, disponibilizará R$ 1.350 para pagar o serviço. Importante ressaltar que o dinheiro não será dado ao dependente químico nem à família. O dinheiro será repassado à instituição que fará o atendimento. No estado do Paraná, não há perspectiva da adoção do projeto. Segundo a Coordenação de Saúde Mental da Secretaria de Saúde da capital, a população curitibana tem cerca de 190 mil pessoas viciadas, ou seja, 10% da população de Curitiba é usuária de drogas. A Prefeitura de Curitiba conta com um programa de desintoxicação nos Centros de

Apoio Psicossociais de Álcool e Drogas (CAPS AD) com duração de 14 dias, para depois o dependente ser encaminhado para o tratamento de reabilitação. Outro programa da Prefeitura é o FAS (Fundação de Ação Social), que recolhe moradores de rua e dependentes químicos para ser feita uma análise clínica e só depois são encaminhados para o tratamento nos CAPS, UPAS ou em casos mais graves, em hospitais. Recomeço O tratamento para um dependente químico em uma comunidade terapêutica na região metropolitana de Curitiba custa aproximadamente R$ 3.500 mensais e o tratamento leva, em média, de sete a oito meses. A grande diferença entre uma comunidade terapêutica e uma clínica de reabilitação é que na primeira os de-

pendentes são induzidos a atividades diárias e tratamentos psicológicos, com a intervenção farmacológica apenas em última instância. Numa clínica de reabilitação, o usuário é tratado prioritariamente com remédios. Pablo e Geiminy fazem parte do Projeto Ceifar, uma comunidade terapêutica no município de Campo Largo que tem capacidade para atender 32 pessoas. Depois de alguns tratamentos e recaídas, ambos decidiram que é hora de mudar, e procuraram ajuda. Hoje, com o tratamento quase no final, mostram-se esperançosos e não sentem medo de enfrentar o futuro. Geiminy quer aproveitar a infância dos filhos e Pablo quer investir na carreira de rapper. Cientes de que a vida mudou e de que nunca mais querem passar pelos maus bocados que viveram.


Colunistas

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Maximilian Rox Press Start Olá, sou um assassino A mídia sensacionalista ama os games. Ultimamente ela voltou e cutucou feridas já cicatrizadas para relacionar um personagem de videogame com o homicídio de uma família. Esse foi o começo do caso Pe s s e g h i n i , cujo filho tinha uma foto de Ezio Salvatore em seu perfil no Facebook. O assassino do game A s s a s s i n’s Creed matava templários para solucion a r enigmas d o p ass ado, o que

bastou para alguns jornalistas relacionarem o jogo com o fato em que o garoto foi envolvido, até então o maior suspeito de matar a própria família. O problema é que as informações mal haviam chegado e alguns jornalistas, apressados, já deram conta de procurar os acusados – e até de encontrar os motivos para isso. O jornalismo ideal preza pela apuração dos fatos. Isso é o que todos o s estudantes ouvem quando sentam e teorizam

nas cadeiras das universidades. Mas basta ligar a televisão e assistir ca asos como esse para medir o quanto a audiência pesa mais que a teoria – exemplos de um jornalismo que é levado a acusar pessoas e julgar situações antes mesmo de os fatos serem comprovados. Ainda assim, não é a primeira vez que há todo esse debate em torno da influência de games violentos no comportamento das pessoas. Episódios de assassinatos já ocorreram e os culpados eram envolvidos com títulos violentos – como Counter-Strike e GTA –, mas como garantir que não há influência da violência virtual em um comportamento estável? A própria psicologia caminha para

descobrir qual o grau da imersão das obras de ficção no inconsciente de uma pessoa, e nenhuma pesquisa afirma que a violência virtual é capaz de conduzir as ações de alguém. Por esse caminho se conduziu a defesa da Ubisoft, desenvolvedora da série Assassin’s Creed. Milhões de pessoas assistem a cenas de mortes em seriados de televisão, leem e imaginam os piores casos de violência nos livros e podem até visualizá-las em filmes – mas não somos influenciados por essa violência virtual que vemos distantemente. Há casos separados, como exceção a toda regra, mas são objetos de estudo para a sociologia e a psicologia. Não para o leigo jornalismo estampar suas suposições ao vivo para milhares e mi-

lhares de pessoas. Games nos permitem mais que simplesmente visualizar a violência – podemos executá-la, ainda que virtualmente. Não somos mais aqueles seres passivos que observam o assassinato ocorrer na tela – em um jogo, interpretamos alguém que se torna responsável pelo ato. Ainda assim, a fronteira entre o personagem virtual e o jogador é separada e compreendida por muitos como mero entretenimento, como se interpretássemos um papel em um grande teatro interativo. A responsabilidade ética pelos atos fica ao encargo do personagem, diferentemente de um sonho. No mundo onírico, somos nossos próprios personagens; se matarmos uma pessoa, quem será o culpado? Freud

explica. Mais uma coluna se vai e mais uma vez me vejo agindo como um advogado de defesa. Tantos fatores a serem considerados em uma investigação, o que destaca é a foto do Facebook de um garoto de 13 anos – julgado prematuramente como culpado e depois livrado da culpa pelo caso. Tantas variáveis psicológicas e sociológicas a serem estudadas, mas mais uma vez é o game violento que pode ser o culpado – ainda que sem fundamentos científicos dessa influência. Não seremos assassinos por jogar Assassin’s Creed. Se assim pensa a nossa mídia, sejamos sábios e joguemos Banco Imobiliário.

uma tempestade, em 3D, foi uma das coisas mais legais e bem-feitas que eu já vi com essa tecnologia. Sem sombra de dúvidas. Vale citar também que recentemente fui ver o segundo filme da saga de Percy Jack-

son, filme divertido, mas que não passa disso. Também vi em 3D. Esse é um ótimo exemplo do 3D cli- chê e irritante, que só faz questão de “dar a s caras” quando vai jogar alguma coisa na sua cara. Mais um prova de que certas coisas têm muito potencial mas só são usadas para arrecadar mais dinheiro, afinal um filme em 3D é o dobro do preço.

Matheus Klocker Cinema no Divã Quando o 3D faz parte do filme Recentemente, fui ao cinema para assistir ao novo filme de Guilherme del Toro, Círculo de Fogo. Fiquei a semana inteira esperando logo chegar quinta-feira para poder finalmente desfrutar daquela suposta nova maravilha visual. Ao chegar ao cinema, fui surpreendido por um dos funcionários que me entregou um óculos 3D. Confesso que de início não gostei da ideia, não sou o maior fã de filmes 3D convencionais, geralmente eles me dão dor de cabeça e acabam sempre me distraindo durante o filme (tenho a mania de ficar testando os efeitos. Viro a cabeça para todos os ângulos, tiro e coloco o óculos etc). Porém, fui enormemente surpre-

endido com a imersão que o filme me proporcionou, lembrando que não estava nem mesmo em uma sala Imax. Tudo isso me fez refletir em como essa tecnologia é mal usada, e por isso sofre preconceito por muita gente. Sei que eu não sou o único que se incomoda com o isso, tenho vários amigos e familiares que sempre tentam evitar filmes em 3D e também filmes dublados (esse último nem precisava ter falado). Geralmente são as crianças que adoram a tecnologia, sempre estão felizes, gritando e gargalhando com os objetos que voam para fora da telona. E as crianças estão certas, 70% dos filmes em 3D se propõem exatamente a isso: jogar coisas na sua

cara. Patético. Uma ideia tão inovadora acabou entrando no lugar comum. Mas o que realmente importa é falar dos outros 30%. Vamos começar com Avatar. Um dos filmes mais inovadores da década, e por quê? A terceira dimensão é a resposta. James Cameron conseguiu usar a tecnologia de um jeito que ninguém nunca tinha visto antes. Lembro que quando vi pela primeira vez, no Imax, era como se Pandora realmente existisse, como se a tela do cinema não fosse apenas uma tela e sim uma janela para aquele mundo. Isso sim é imersão total. E é mais ou menos por esse caminho que o Círculo de Fogo vai. Quando esperava o fil-

me começar estava levemente aborrecido com o óculos. Eles não paravam de sujar e não se ‘’encaixavam ‘’ por cima do meu óculos do dia-a-dia. Quando o filme começou todo esse aborrecimento se foi. Os primeiros dez minutos do filmes foram de me deixar sem ar. Ver aquele robô gigante lutando contra um monstro gigante em alto-mar e durante


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Agenda

NOTĂ?CI ANTIGA

O que fazer em Curitiba?


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