Notícia Antiga Após dez anos mantida em cativeiro, a austríaca Natascha Kampusch conseguiu escapar de seu captor no dia 23 de agosto de 2006
Edição 813
Curitiba, 23 de agosto de 2013
lona.redeteia.com
Redes Sociais contribuíram com polêmica da CBN Fernando Fogaça
A última mesa redonda do turno da manhã na Semana da Comunicação 2013 teve como convidados José Wille, Mário Messagi Jr e Marcos Mariano para debater a ética no jornalismo, em especial no rádio. O jornalista José Wille contou, juntamente com sua trajetória, informações sobre o caso que gerou polêmica na rádio CBN. Página 3
Gigante ou anão? As manifestações ocorridas durante a Copa das Confederações geraram polêmica, assustaram e alegraram. E agora calaram. O estudante Yuri Campagnaro diz que haverá continuidade nos movimentos, já o sociólogo pensa que mudanças são necessárias na forma de protestar. Página 4
Torturas praticadas pela polícia são resquícios da Ditadura Militar A vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Isabel Mendes, participou de uma mesa redonda que discutia a ética jornalística no caso do assassina da jovem Tayná Soares em Colombo. Um dos pontos discutidos foi a tortura dos quatro suspeitos iniciais. Em entrevista, Isabel discute as torturas em âmbito nacional. Página 3
Opinião Polêmica “Ignorar e deixar
de refletir sobre situações como essa não deixa de ser uma característica preocupante da sociedade brasileira.”
Futebol
“Pobres árbitros. Diante de inúmeros fanáticos, são julgados e crucificados sem dó, mesmo quando acertam. Profissão ingrata”, Luis Tineu.
Por onde anda? O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluno Eduardo Luiz Klisiewicz. Página 2
Colunistas Gustavo Vaz e Elana Borri
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“Mídia anuncia candidatura de Gleisi para ao governo do estado, que é desmentida pela própria. Uma análise sobre um possível Richa x Gleisi na eleição de 2014”, Gustavo Vaz.
“Não se pode negar que a moda europeia influencia, e muito, o jeito que as pessoas se vestem”, Elana Borri.
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Editorial
Reflexão em primeiro lugar Uma estátua de uma criança negra com grilhões nos pés, instalada em uma unidade da rede de supermercado Pão de Açúcar em São Paulo, causou muita polêmica nas redes sociais nesta semana. Depois da revolta, a empresa comunicou por meio de uma nota que a peça de decoração seria retirada e que condena qualquer tipo de ato discriminatório. As opiniões esta-
vam divididas nas redes sociais. Alguns comentavam sobre o absurdo da situação e outros usavam o discurso de que aquilo não era nada demais e que o racismo vivia dentro dos próprios negros. Não se sabe se a peça foi adquirida de alguma coleção, se foi encomendada ou quem foi o autor dela. Isso tudo poderia ser levado em conta para analisar o caso. De qualquer forma a
estátua ressalta a escravidão, que foi um fato sombrio da história brasileira. O objeto pode ofender não só a comunidade negra, como destacaram vários sites de notícia, mas qualquer pessoa com senso crítico pode se sentir incomodado ao se deparar com algo tão fora de seu contexto em um sup er merc ado. A peça pertence, no mínimo, a um museu. O Museu
Por Onde Anda?
Afro Brasil em São Paulo, por exemplo, seria um lugar adequado para a estátua em termos de localidade. ¬A apologia ao trabalho infantil também está presente, visto que a cesta de pães que a estátua da criança carrega parece desproporcional à estrutura da mesma. Há quem diga que a estátua é uma homenagem. Afinal, a omissão de um fato histórico é prejudicial à cul-
tos que me permitiram ingressar nessa loucura que é o jornalismo. Nos estúdios e na Central de Jornalismo pude antecipar muitos dos desafios que encontrei pela profissão. Lá criei, editei, escrevi, fotografei e fui do texto ao áudio, passando pela T V e fotografia. Trabalhei nas rádios Independência e Cultura, antes de
Esporte ou teatro?
Expediente
f e s t i v a l d e “c a i - c a i”, u m a h o r a com o intuito de cavar um pênalti, outra hora de conseguir uma falta perigosa ou até mesmo provocar a expulsão de um jogad o r a d v e r s á r i o. O fato é que há momentos em que parecemos espectadores ao i nv é s d e t o r c e dores. Po b r e s á r b i t r o s . Diante de inú-
Talvez a gafe cometida pela empresa Pão de Açúcar não tenha sido intencional, mas o fato mais alarmante é que ninguém enxergou o que a estátua poderia representar em vários aspectos naquele ambiente em específico. Ignorar e deixar de refletir sobre situações como essa não deixa de ser uma característica preocupante da sociedade brasileira.
Eduardo Luiz Klisiewicz Fiz parte da segunda turma do curso de jornalismo do UnicenP. Terminei o curso em 2003 e desde o ano anterior comecei a batalhar por um espaço no mercado de trabalho. Como precisava trabalhar para pagar a faculdade, estagiei nos laboratórios da própria universidade e lá adquiri boa parte dos conhecimen-
O futebol atual pode ser confundido com tea t r o. Nã o t e m o em afirmar isto d i a n t e d o e s p o rte mais apaixon a n t e d o m u n d o. Inúmeras simul a ç õ e s p o r p a rte dos jogadores t o r n a m o “e s p e t á c u l o” c h a m a d o jogo um festival de encenações, por sinal às vezes muito bem feitas, enganando a todos. É um
tura e a exposição de objetos assim seria uma solução. Se esse fosse o caso, a empresa teria revelado suas reais intenções ao instalar a peça nos supermercados por meio da nota publicada. Em vez disso, ela disse que aproveitaria o ocorrido para rever os critérios de seleção de peças decorativas. O comunicado revela, na verdade, a carência de reflexão e cuidado.
ingressar no GRPCOM em 2005. Iniciei no portal Tudo Paraná (hoje Gazeta do Povo Online), escrevi para o jornal e para o portal, editei os sites da Copa do Mundo 2010 e também o Portal dos Candidatos Candibook. Em 2011 fui convidado para integrar a equipe de esportes da Rádio 98FM (também do GRP-
COM), onde permaneço até hoje como repórter esportivo setorista. Também fui repórter do Premier FC/SporT V e Ótv. Também tive um programa musical na Rádio Continental, também do GRPCOM.
Luis Tineu meros fanáticos, são julgados e crucificados s e m d ó, m e s m o quando acertam. Profissão ingrat a . Po r m a i s q u e estejam sempre atentos, uma visão desfavorável do lance e tudo pode ir para o e s p a ç o. F e s t i v a l de xingamentos e reclamações imediatamente s u r g i r á . Nã o h á regra que os livre dessa enras-
cada. At é q u e p o n to vale simular para ganhar vantagem em um jogo? Certamente, se fosse falar como um jogador de futebol, acho que diria que vale de t u d o, p o i s a q u i lo é a vida deles, ganhar partidas e mais partidas para conseguirem destaque e quem sabe subirem na carreira.
To d o l a n c e é i m portantíssimo. Tirar proveito disso é melhor ainda. Se der vantagem para o time ao qual defende, certamente o jogador não irá pensar duas vezes antes d e t e n t a r “t r a p a c e a r ”. Ac e i t á vel? Sim, porém a n t i é t i c o. C r e i o q u e i s s o s e t o rna um desrespeito com quem assiste ao espe-
Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Júlia Trindade Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira
t á c u l o. Espetáculo? Sim, o futebol d á s h o w, a s t o rc i d a s d ã o s h o w. Espera-se sempre um jogo brilhante, emocion a n t e . Pe n a e u assistir a ele e ter de compará-lo com uma p e ç a d e t e a t r o.
Notícias do Dia
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Para José Wille empreendedorismo é opção para estudantes de jornalismo VINICIUS ARTHUR LONA: Por que esse caso dentro da CBN teve tanta repercussão? José Wille: Na verdade, se alguém em algum lugar, passou por qualquer tipo de constrangimento ou problema, aquela pessoa, qualquer pessoa, posta, e uma vez que é postado, começa a ser replicado. Então, é como antigamente você tinha o boato, hoje você tem as redes sócias que fazem esse papel, e isso é na velocidade da luz, e isso que as empresas não entendem de qualquer área, então você tem coisas que precisam ser resolvidas com velocidade não dá para esperar muito tempo, porque aquilo que a princípio poderia ser resolvido rapidamente, acaba virando uma crise, então ai foi uma desatualização em relação ao momento que estamos vivendo de tecnologia, as pessoas hoje falam, não é só os veículos que falam, as pessoas falam, as pessoas tuitam, elas usam facebook, e você não pode mais deixar as coisas para resolver daqui a uma semana, daqui a dez dias, tem que ser rápida essa decisão, ou você enfrenta uma situação como essa, que isso passa pra fora dos muros da empresa e a partir dai você tem essa situação, crises desnecessárias por falha de gerenciamento e isso vem de gerências desatualizadas pessoas que não entenderam o momento que você vive hoje, que exige uma postura diferente não é mais como antigamente que você a princípio tinha noção que podia abafar todas as coisas, hoje você não tem como abafar as coisas, você precisa resolver, abafar crise é de outra época, hoje não funciona mais. LONA: Você falou em redes sociais e essa atualização, essa participação maior do público. Se por um lado tem essa parte negativa, como você vê essa participação nova do público? JW: Importantíssima, para a própria democracia. Porque realmente é a sua conclusão. Antes você era submetido a informação que alguém passava para você, como fosse divindade: as pessoas falavam você só ouvia. Hoje você também fala, você influi. É claro que há distorções, muita gente tem uma arma importante: a comunicação, a possibilidade de “teclar”, e não entende a responsabilidade, usando para o mal. O instrumento é bom, o que nós precisamos agora é conscientizar a sociedade, “como é que a gente vai usar esse instrumento?” Isso devia ser ensinado na sala de aula, as pessoas deviam aprender, a partir da escola, para justamente evitar esse massacre que muitos jovens sofrem, de serem vítimas dos colegas de brincadeiras negativas, o que é que falta? Conscientização,
e legislação também, para ele saber até aonde ele pode ser prejudicial às pessoas. LONA: Quais são as armas das rádios para se manter no mercado (ameaça da internet, redes sociais)? JW: O rádio foi um felizardo. Ele podia ter acabado, como se acredita nos anos 50 e 60, quando chegou a televisão, e realmente ele teve esvaziamento porque a televisão valorizou muito mais comercialmente, acabou aglutinando toda a verba. Mas agora tem um fato novo: as pessoas estão passando muito tempo no trânsito e o rádio voltou a crescer e o forte da audiência do rádio agora é o carro. As pessoas caminham ouvindo, o celular virou receptor de antena de rádio, claro que você tem uma diversidade muito maior, mas quando se trata do rádio, o rádio o forte dele é local, você pode ouvir 80 mil emissoras no tuning, por exemplo, nem um IPhone, mas a emissora que interessa à você, que vai falar se vai chover ou não, como é que está o trânsito, o que aconteceu hoje em Curitiba, é a emissora local. Isso fortalece a emissora local, mas haverá uma outra quebra
de paradigma, outra mudança de modelo, onde, daqui a pouco, você sem ter uma concessão pode criar uma boa rádio na internet e que ela seja sustentável, isso vai acontecer, as pessoas poderão ter rádio e televisão na internet e isso vai mudar tudo, inclusive vai fragmentar uma coisa que já está fragmentada que é a audiência, você vai ter nichos, então você poderá ter uma rádio para falar de pesca, outra só para falar de tempo, trânsito, e as pessoas vão ouvir no carro, porque o próximo passo, e a indústria trabalha pra isso, é a internet no carro, onde você vai ter tanto a televisão quanto o rádio internet, é um grande momento porque abre espaço pro microempreendedor e pro próprio estudante, que amanhã não precisará trabalhar para uma rádio, ele poderá fazer a sua rádio, e essa sua rádio será o seu meio de vida. Resumindo, o estudante de jornalismo passou a ter possibilidade que teria, por exemplo, de abrir o seu negócio. O jornalista não podia, porque era muito caro uma rádio ou uma televisão, agora pode, porque o que custava uma fortuna fazer uma produtora, você faz na tua casa, com pouco equipamento e faz com a mesma qualidade porque a tecnologia permite, esse é o grande diferencial que dá para a nova geração um futuro muito diferente da nossa.
Aceitação da sociedade é uma das causas que permite que a tortura de suspeitos aconteça A vice-presidente da comissão de direito humanos da OAB, Isabel Mendes, participa de mesa redonda sobre o caso Tayná e debate temas como tortura e cobertura jornalística de assassinatos MARIA LUIZA DE PAULA Nesta quinta-feira (22), ocorreu uma palestra sobre ética jornalística na cobertura do Caso Tayná. O evento faz parte da Semana de Comunicação da Universidade Positivo. Participaram do debate a advogada e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal, Isabel Mendes, o jornalista e correspondente do site UOL em Curitiba, Rafael Moro e o advogado Roberto Rolim de Moura Júnior, que representa os quatro acusados de terem assassinado a adolescente Tayná Adriane da Silva. O mediador da conversa foi o professor do curso de Jornalismo, Felipe Harmata. A Rede Teia
conversou com a advogada Isabel Mendes para que ela falasse mais sobre os casos de tortura que são denunciados para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). LONA: Como que são feitas as denúncias de tortura dentro da OAB? Isabel Mendes: Faz através de telefone, e-mails e cartas. Normalmente nós procuramos formalizar as denúncias. Só que há uma questão ética que nós nunca divulgamos o nome daquela pessoa que fez a denúncia. Para a segurança da própria pessoa. E então vamos verificar, se há fundamento, se realmente aquilo ocor-
reu. E depende de cada tipo de denúncia. Então seguimos em frente abrimos um processo e fazemos a tramitação dele. Rede Teia: Como esse processo se desenvolve? Vocês procuram ouvir as vítimas e a polícia? Isabel Mendes: Procuramos ouvir primeiro aquele que denunciou. Depende de cada tipo de denúncia. Por exemplo, um caso muito conhecido em que houve uma denúncia, em uma mansão lá do Parolin. Aquilo envolveu inúmeros policiais, porque eles eram acusados de alguma coisa que eles alegavam que não tinham praticado.
Alegaram que não tinham feito fora da lei. Então nós ouvimos muitas pessoas e depois nos habilitamos para acompanharmos o processo administrativo que ocorreu dentro da polícia. Rede Teia: Que tipo de tortura os presos costumam sofrer? Isabel Mendes: Física e psicológica. Muitas torturas. Isso ocorre na clandestinidade. Policiais batem, autoridades batem. E na semi-clandestinidade, onde muitas vezes os policiais mais graduados sabem o que está ocorrendo e fazem questão de dizer que não sabem. Há também um medo muito
grande daquele que é torturado, porque há pressão e ameaças. Do tipo “se você abrir a boca, sua família vai responder”. Então é muito difícil você conseguir levar em frente os casos de tortura. Pelo medo das vítimas. Rede Teia: De quem geralmente parte essa ordem de torturar os presos? Quem habilita essa tortura? Isabel Mendes: Normalmente não se habilita, porque isso é ilegal e se for constatado, todos vão responder. Como no Caso Tayná, onde tem delegado que não torturou, mas que permitiu que os suspeitos fossem
torturados. Normalmente ela é praticada pelos integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil, mais da parte de base do que realmente a cúpula administrativa. Rede Teia: Isso ainda é uma herança da Ditatura Militar? Isabel Mendes: É lamentável, mas é uma constante. Eu diria que existe ainda uma cultura da tortura. E o que acontece que é mais grave, é que a sociedade é conivente em muitos casos. “Ah, é um criminoso” ou “Ah, matou? Que torture, vai pagar mesmo”. Então a conivência da sociedade torna muito mais grave esse crime hediondo.
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Geral
Gigante ou anão? Manifestações que pararam o Brasil durante a Copa das Confederações chegaram ao fim? O “gigante” voltou a adormecer? Aline Katzinsky
As diversas manifestações ocorridas semanas atrás aparentemente tiveram um fim tão repentino quanto o próprio começo. Em paralelo com a Copa das Confederações, os manifestos ganharam uma dimensão gigantesca, inclusive fora do Brasil, onde muitos brasileiros representaram seu país de origem mostrando apoio aos movimentos. Mas, assim que o evento “futebolístico” apelidado pelos ativistas de “Copa das Manifestações” teve seu fim, os movimentos que geraram um medo súbito sobre o que poderiam significar para a organização política brasileira também foram ultimados. O sociólogo Cassio Marcelo Mochi analisa os movimentos como um despertar inconsciente da sociedade para com os diversos problemas, principalmente relacionados à política: “começamos a verificar in loco que várias das promessas feitas pelo Estado, não foram cumpridas e sim satisfeitas t e mp or a r i a m e nt e , por medidas paliativas”, afirma Cassio. Há quem acredite que os movimentos estavam sem causa concreta, mas segundo Cassio, as causas eram tantas quanto são os problemas: “A economia já não funciona tão bem, a inflação incomoda e preocupa o governo e os estudiosos no assunto, as exportações estão diminuindo, as importações estão aumentando... enfim, as coisas não vão bem”, discute o sociólogo. Cassio defende que o súbito “sumiço” dos protestos se deve ao medo dos
infiltrados violentos e partidários aproveitadores, o que não significa que não haverá mais manifestos. “Creio que pode ser um momento de reflexão para ver quais seriam os novos rumos. Alguns movimentos já se organizam para mu-
que deixa o Estado perplexo e demonstra outra deficiência das instituições públicas: eles não sabem como lidar com a multidão, a não ser com o uso da força bruta”.
dar a forma de seus protestos”, propõe. O sociólogo diz que “outro fator importante é a facilidade e a quantidade de informações que estes movimentos têm à sua disposição, o
Segundo o estudante e participante ativo de diversos
rias no transporte público e pela diminuição do preço da passagem. Yuri afirma que, no caso dos participantes ativos do movimento inicial, “a geração que saiu às ruas foi uma geração jovem, descontente com o modo que a política tem se dado”.
viam ações muito antes do “vem pra rua” ou do “gigante ter acordado” e que continuam se movimentando hoje: “A Frente de Luta pelo Transporte Público tomou outras medidas, fez assembleias populares em praças, atos, acompanhamento das CPIs,
estudante. A criação de uma empresa pública para gerir o transporte e também o posicionamento contrário à proposta do “ônibus rosa” (só para mulheres) e aos crimes da Copa do Mundo estão entre as pautas da Frente de Luta
movimentos, Yuri Campagnaro, as manifestações em Curitiba tiveram inicio por meio do movimento “Frente de Luta pelo Transporte Público”, que pedia por melho-
Quanto à recente estagnação das manifestações, Yuri acredita que, na verdade, os movimentos sérios e as pessoas comprometidas com suas causas já promo-
etc. A reivindicação continua sendo a redução imediata da tarifa para R$ 2,60, para depois o passe livre estudantil e, finalmente, o tarifa zero no transporte público”, afirma o
pelo Transporte Público. “O movimento espera também romper os contratos fraudulentos da máfia do transporte em Curitiba para fazer uma licitação justa”, conclui Yuri.
Colunistas
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Elana Borri Moda por aí Saindo um pouco da Europa mente são extravagantes, cheios de cores e turbantes que caracterizam a cultura da África. Atualmente, o maior nome da moda africana é Nadir Tati, que apresentou sua coleção no Berlim Fashion Week. Não se pode negar que a moda europeia influencia, e muito, o jeito que as pessoas se vestem. Entretanto, não podemos voltar nossos olhares somente para isso. Inúmeros estilistas talentosíssimos não encontram espaço na indústria da moda por não terem um estilo exatamente como o europeu. Soraya da Piedade e Nadir Tati tiveram uma sorte que poucos tem. Apresentaram suas coleções para um público considerável (Nadir contou com
100 mil representantes de lojas, compra-
e obtiveram um espaço que dificilmen-
dores e celebridades)
te
Elana Borri
Durante a ultima edição da Semana de Moda de Curitiba, em junho deste ano, uma das estilistas que apresentou sua coleção foi a angolana Soraya da Piedade. Ela mostrou conceitos um tanto quanto diferentes dos europeus, tanto em relação aos cortes dos modelos quanto na escolha do vestido. Ela mostrou também personalidade e estilos únicos que agradaram os olhos de quem pode presenciar o desfile. Engana-se muito quem acredita que a moda é restrita somente à Europa/Estados Unidos. Estilistas estrangeiros vêm roubando a cena mundial quando o quesito é originalidade. Entretanto, os africanos se destacam ainda mais. Os desenhos geral-
encontrariam
na
África. Países como África do Sul, Zimbabwe, Nigéria e Gana promovem uma Semana de Moda regional, mas a visibilidade que alcançam não chega a metade de uma São Paulo Fashion Week por exemplo. Quando procuramos informações sobre moda fora da Europa, o resultado que temos é pífio, mal dá para escrever uma página. Talvez haja a necessidade de abrir novos horizontes para aquilo que vem de fora da Europa, sendo novo ou não. Muitas oportunidades de observar estilos diferentes são perdidas por não haver espaço para estilistas novos e não-europeus. A Europa sempre foi e vai continuar sendo o maior berço da moda
mundial, mas que tal procurar coisas novas e se inspirar na moda africana, ou na japonesa (com toda a cultura dos mangás e do tradicionalismo) e quem sabe até dar uma reforçada na moda brasileira? O mais interessante que é muitos destes estilistas estrangeiros estão apostando suas fichas no Brasil. Sim, eles enxergam nosso país como uma grande porta para o mundo fashion e depositam uma confiança em nós que nem mesmo os brasileiros são capazes de depositar. Alguns até se inspiram nos homens e mulheres daqui para criarem algumas coleções, e modéstia à parte, acredito que são sempre as melhores da temporada.
Gustavo Vaz Centro Cívico Movimentações da oposição paranaense A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann deixará o cargo que ocupa no próximo janeiro, para se dedicar a eleição majoritária de 2014, segundo a Gazeta do Povo. Gleisi, por sua vez, desmentiu a afirmação de André Vargas, deputado-estadual petista, que havia jogado a informação no ar. O suposto lançamento da candidatura foi captado pela redação da Gazeta, que estampou a notícia para o estado inteiro ler. Furos e desmentidos à parte, a petista deverá disputar o cargo de governadora do Paraná tentando desbancar Beto Richa do Palácio Iguaçu. Não é preciso
ser nenhum Nostradamus, nenhuma mãe-de-santo ou até mesmo um astrólogo de araque como Walter Mercado para prever Gleisi como o (grande) nome da oposição em 2014. Gleisi é a grande figura petista paranaense atual (quiçá da política do estado), a frente de seu marido Paulo Bernardo, inclusive. Não há nenhum nome tão forte para tentar bater Beto Richa dentro da legenda petista. O PT por sua vez não vai apoiar um candidato de outro partido, como fez com o pedetista Osmar Dias, em 2010. O PT quer mesmo ir para a linha-de-frente contra
a muralha que Richa construiu em torno de seu nome no estado. Beto Richa é uma figura com seu carisma, sobrenome forte e que consegue conquistar eleitores, por mais que sua gestão como governador seja bem mais contestada do que a de prefeito de Curitiba. O Paraná é tradicionalmente um estado que pende ao PSDB. Desta maneira temos em Richa um favorito para o pleito do ano que vem. Querem exemplos? Richa tem aprovação de 63%, segundo pesquisa divulgada pelo Paraná Pesquisas na Gazeta do último domingo; foi eleito em primeiro turno em 2010, mes-
mo tendo seu trabalho concentrado basicamente em Curitiba; fora a surra na eleição para a prefeitura de Curitiba em 2008. Richa pode ser contestado, mas é inegável sua base de votos. Falando em 2008, naquela eleição para a prefeitura, a segunda colocada foi exatamente Gleisi Hoffmann, então um nome desconhecido, com fama de ter sido “arranjado” pelo PT, após uma bem-sucedida eleição para o Senado em 2006. Agora, a situação é completamente diferente, mulher de confiança de Dilma, Gleisi ocupa o cargo que a atual presidente – ou
presidenta, como queiram – ocupava antes de ser eleita para o Planalto. Como já foi citado, Gleisi é bem mais conhecida agora e deve ser o nome no qual a oposição se aglutinará, com exceção de Requião e um ou outro “gato pingado”. O que aconteceu ano passado em Curitiba pode ter sido um indicativo de vida mais fácil para o PT numa eleição para governador. Um candidato oposicionista a chapa tucano-democrata sendo eleito numa cidade mais tucana que o estado. Por mais que Fruet fosse um oposicionista “café-com-leite”, devido ao seu passado na
situação e ser do PDT, não se pode negar a grande derrota que a eleição de 2012 significou para Richa e seu PSDB paranaense. Com uma Gleisi mais forte, um PSDB apresentando desgastes no estado, assim como a gestão Richa, não é nenhum pouco delirante imaginar um sucesso por parte da petista em 2014. Certamente, a disputa será mais equilibrada do que a municipal de 2008. Quanto ao desmentido, provavelmente em breve ficará provado que a Gazeta estava certa e que André Vargas só vazou o óbvio antes da hora desejada pelo PT.
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Agenda
NOTĂ?CI ANTIGA
O que fazer em Curitiba?