Lona 816 - 28/08/2013

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Notícia Antiga No dia 28 de maio de 1941, o Repórter Esso fazia sua primeira transmissão radiofônica

Edição 816

Curitiba, 28 de agosto de 2013

lona.redeteia.com

CPMI lança relatório sobre mulheres vítimas de violência

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Um ano e meio de pesquisa no Brasil inteiro resultando em 1045 páginas de relatório. A Comissão Parlamentear Mista de Inquérito aponta as principais deficiências nos estados quanto a rede de proteção a mulher vítima de deficiência, inclusive no Paraná.

Investimento Coletivo O crowdfunding é uma ferramenta poderosa, mas ainda pouco utilizada e conhecida no Brasil. Projetos com boas ideias, se bem apresentados e direcionados ao público alvo, podem se tornar ótimas formas de alavancar um projeto financeiramente. Página 4 WikiCommons

Balanço divulgado pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba aponta uma diminuição no número de carros roubados na capital. Bairros como Água Verde, Portão, Sítio Cercado e Centro são os mais visados pelos bandidos, bem como os carros populares que alimentam o comércio clandestino. Saiba mais.

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Opinião Violência

Bukowski

Por Onde Anda?

“A

“Ele começava narrando os acontecimentos de sua infância e discorrendo sobre como odiava o pai e suas próprias espinhas. As espinhas o incomodavam imensamente”, Victor Hugo Turezo.

O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda a exaluna Caroline Michel.

aceitação por parte de algumas mulheres torna possível o descaso em relação aos crimes contra o sexo feminino.”

Colunistas

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Samba

Política

“Conheça projetos que hoje fomentam a música paranaense, em especial, o samba”, Halanna Aguiar.

“Crise na CBN Curitiba pode arruinar os planos de candidatura para o governo do estado do empresário detentor da emissora”, Gustavo Vaz.


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Editorial

Triste realidade A partir de hoje até sexta (30), o Lona vai publicar matérias especiais com enfoque na violência contra a mulher. Com base no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o tema, a ideia é discutir pontos nevrálgicos do assunto, como o resultado decepcionante do Paraná, o atendimento em Delegacias, além de ouvir relatos de mulheres que sofreram a violência de diferentes modos. O estudo percorreu todos os estados brasileiros avaliando a rede de assistência a mulheres que foram vítimas de violência e apresentou um resultado bem de-

cepcionante por parte do Paraná. O relatório apontou que o estado não satisfaz no que diz respeito a projetos de combate à violência contra a mulher. O relato é decepcionante, mas não é surpresa. Quem vem de fora logo percebe que o Paraná, sobretudo nas cidades de interior, é seriamente retrógrado no que diz respeito à valorização dos direitos iguais entre homens e mulheres. Muitas famílias paranaenses ainda são fundadas nos moldes dos colonizadores europeus que educavam mulheres para cuidar das crianças e da casa, enquanto o homem seria o responsável

Por Onde Anda?

pelo sustento da família. Dessa forma, se criou um sentimento de segregação que está impregnado nas raízes do estado. Há quem diga que o machismo e as diferenças só existem devido à falta de movimentação das próprias mulheres. Isso contempla, é claro, a realidade machista a que, há anos, as mulheres são submetidas. Há, infelizmente, um universo limitado de mulheres que aceitam a condição de servente que lhes foi atribuída séculos atrás. Algumas por opção, outras por falta dela. As que brigam pelos direitos iguais ainda são vistas com desdém ou

Despertar

Expediente

tais atitudes. O núcleo mais velho da rádio, integrado pelo apresentador Aírton Cordeiro, simplesmente considerava o assédio às jovens estagiárias uma prática normal. Em carta aberta publicada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, Mariana Ceccon, a estagiária que deu início a todo o caso, deixou bem claro: foi tratada como “um animal”. Não fosse o apoio que a jovem recebeu nas redes sociais, provavelmente nenhuma medida seria tomada contra o troglodita da rádio. A estagiária Mariana Ceccon representa uma nova geração de

mulheres que tem nas mãos a possibilidade de mudar esse machismo nato do povo paranaense e, por que não dizer, do povo brasileiro. Se atitudes como a dela forem levadas adiantes, o estado irá traçar o caminho para que gestos como o de Aírton Cordeiro sejam considerados abominações, como de fato eles são. O relatório da CPI é um importante documento que agora está nas mãos de Dilma, para evitar não só o abuso sexual, mas todo e qualquer tipo de abuso que constranja, que humilhe e que envergonhe.

Caroline Augusta de Andrade Michel Aos 15 anos comecei a escrever uma coluna social de um jornal da minha cidade (Araucária – PR). Eu não esperava que a experiência transformasse o jornalismo em uma grande paixão! Ingressei na UP em 2005 e a cada novo dia ficava mais e mais apaixonada pelo curso. Em 2008 me formei, trabalhei na asses-

Antigamente, qualquer tipo de literatura me dava náuseas. Da linguagem mais rebuscada à coloquial. Da mais sentimental à escrachada, hilária, sem escrúpulos. Até que, certo dia, na FNAC do Shopping Barigüi, matando tempo enquanto esperava dar a hora da sessão de um filme aleatório, me deparei com um estande de livros de bolso da editora L&PM. A partir daquele momento, posso afirmar que algum tipo de entidade literária se apossou de minha alma. Alguma força indescritivelmente brusca me guiou até eles. E eu os folheava, observava a contra capa, a capa, lia o prólogo, iniciava a leitura, parava em rodapés

até mesmo preconceito por aquelas que se acomodaram com a situação. A aceitação por parte de algumas mulheres torna possível o descaso em relação aos crimes contra o sexo feminino. O Paraná, infelizmente, está posicionado em um triste terceiro lugar no ranking nacional de violência contra a mulher. Uma violência que pode ter várias facetas: verbal, física, sexual. Um exemplo é o caso da CBN que está sendo discutido com força nas redes sociais. A história que veio à tona de assédio sexual também evidenciou o quanto muitos acham “comuns”

soria de imprensa da Prefeitura de Araucária e também fui gerente de comunicação da AW Comunicação. Em 2011, dei um grande salto na minha carreira ao abrir minha própria empresa: a Pontuale Comunicação & Marketing, especializada em assessoria de imprensa. A estrutura é pequena, mas

suficiente para atender com grandes clientes: Germer, Risotolândia, Risa, EOS Cosméticos, Ceraflame, Estação Business School, Realgem’s e Batecabeça. Sem dúvida, manter uma empresa é um grande desafio, mas isso só me motiva a dar o melhor de mim e buscar sempre resultados positivos. Neste ano,

e m especial, meu dia-adia está uma verdadeira loucura! Vou me casar em setembro, vou me mudar para SP e estou com importantes projetos de expansão para a Pontuale. E de tudo isso, tirei uma grande lição: quando se faz aquilo que gosta, o sucesso e a satisfação são garantidos!

Victor Hugo Turezo explicativos, mas ainda faltava algo. O vazio de 20 minutos atrás ainda me consumia, mesmo que levemente. Lembro que mais de dez livros passaram por minhas mãos. De repente, notei um livro jogado na última prateleira do estande. Sua capa era branca, com o título em vermelho. Havia também a imagem de dois seres escatológicos no chão, se entrelaçando numa briga. MISTOQUENTE, de Charles Bukowski. Abri e comecei a ingerir as palavras. Elas vinham e não paravam. Uma cachoeira de palavras rompia tudo o que estava em volta. Fiquei paralisado. O vazio havia sumido. Só o que eu podia

sentir era a escrita corrida do velho alemão. Fechei-o por alguns segundos e me sentei numa poltrona azul. As pessoas passavam por mim e o que eu conseguia ver eram apenas pedaços de vultos. Suas pernas eram escuras. A mesma cor de suas vidas. O velho que me disse. Ele começava narrando os acontecimentos de sua infância e discorrendo sobre como odiava o pai e suas próprias espinhas. As espinhas o incomodavam imensamente. Todas estourando ao mesmo tempo, escorrendo pelo rosto marcado de melancolia, tristeza e desesperança. Aliás, uma das coisas que me fizeram devorar os livros do velho,

foi a intensa descrença pela humanidade presente em quase todos os seus livros. Como tinha citado, minha falta de interesse abrangia todas as áreas existentes da literatura, mas faltava alguém que jogasse as palavras de maneira livre, que colocasse as ideias no papel de maneira plena e crua, e desenvolvesse um texto que viesse das entranhas, que você sentisse nojo, dor, repúdio, indignação, sofrimento, ansiedade, consternação, e ficasse realmente atormentado com aquilo que estava sendo exposto, sem se importar com estruturas textuais baratas. Bukowski me proporcionou enxergar o mundo dos rejeitados,

dos andarilhos, das putas, dos injustiçados da sociedade. De todos aqueles que sofrem nos becos inaudíveis da cidade grande. Levantei da poltrona modificada. Minhas pernas bambeavam e eu tremia. O velho me atingira em cheio, pensei. Passei no caixa. R$ 12. Comecei a rir. Não acreditava que uma obra-prima custasse tão pouco. Voltei ao estande e encontrei mais dois livros: Pulp e Hollywood. Levei-os até o caixa e efetuei o pagamento. Total: R$ 39. Lá se vai o dinheiro do cinema. Não me importei, o filme podia esperar eternamente. Senti-me obrigado a ler praticamente todos

Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Da Redação Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

os livros do alemão em um mês e meio. Não dormia direito. Ele não me deixava dormir. Suas histórias não me deixavam dormir, sua ironia não me deixava pregar o olho. E todas as bebidas, aqui e ali jogadas no canto de um quarto qualquer, com uma mesa e uma máquina de escrever em cima. E pensar que todas as coisas lindas saíram num cenário indescritivelmente horrível. O velho de Los Angeles nos surpreende. E ainda existem aqueles que não gostam de literatura. Malditos.


Notícias do Dia

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Relatório da CPMI aponta problemas no tratamento de mulheres vítimas de violência no Paraná A falta de organização por parte do governo é um dos problemas detectados no estado que é 3º lugar no ranking de violência contra as mulheres. Informações oficiais são de difícil acesso LUCAS DE LAVOR Apresentado ontem (27) à presidente Dilma e aprovado no Congresso no mês passado, o relatório realizado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) passou por todos os 26 estados, formulando 1.045 páginas, sendo 26 delas dirigidas ao Paraná. O principal objetivo do trabalho da comissão foi delinear o cenário de instituições que prestam assistência a mulheres vítimas de violência, expondo um panorama não muito animador: informações incompletas e a falta de controle de números sobre o assunto é um dos principais problemas que dificultaram o tra-

balho, destacando no relatório “Pendências: O Governo do Paraná não encaminhou à CPMIVCM informação sobre as dotações orçamentárias de 2012, nem sobre o orçamento de 2013 relativamente às ações de enfrentamento à violência contra a mulher, em especial no tocante aos serviços da rede de atendimento”. O relatório aponta todos os órgãos e instituições responsáveis pela “Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher”, divididos como “Serviços de prevenção ao tráfico de pessoas” e “Organizações não governamentais feministas e outras entidades

de apoio às mulheres”, além de “Rede de atendimento à mulher em situação de violência” como centro de referência especializado - Secretaria da Família e Desenvolvimento Social do Paraná “- e “Delegacias especializadas” entre outros”. Um dos pontos de pendência registrado no relatório é “Serviços de responsabilização e educação para agressores” no que consta “não informada a existência do serviço”. A CPMI averiguou e pediu respostas que traçassem o perfil do estado quanto a rede de defesa da mulher. Foram os órgãos que se pronunciaram, além do gover-

no estadual, a Secretaria de Segurança Pública (SESP); Secretaria da Saúde (SESA, o Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR); Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) e a Sociedade Civil. Entre esses, somente a Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Governo não deu resposta. Bronze O Paraná é o terceiro lugar no ranking nacional, com 6,4 homicídios por 100 mil mulheres, perdendo só para o Espírito Santo e Alagoas. Já Curitiba é a quarta capital mais violenta do

País, com 10,4 homicídios a cada 100 mil habitantes. Segundo o último Censo do IBGE, de 10.444.525 habitantes no Paraná, sendo que 5.313.532 são mulheres. Números da Secretaria da Saúde de 2009 a 2011, nos três anos seguidos a violência física foi a que mais predominou (total dos três nãos de 4.569 notificações) seguido da violência psicológica e moral (total de 3.092) e, em terceiro, sexual (2.082). Recomendações

delas sugere a criação de um organismo que organize e administre políticas preventivas para as mulheres, propondo maior organização, sendo que, segundo o relatório, o Paraná não tem: “o que se nota é que, no Pa¬¬raná, lamentavelmente, Executivo, Judiciário e Mi¬-nistério Público não dispõem de sistemas eficientes de coleta, registro e disseminação de dados, o que impede conhecer a dimensão do fenômeno da violência contra a mulher (...)”.

Nas 26 páginas que compõem a situação do Paraná, são feitas 32 recomendações, uma

Quebra de sigilo bancário de pedágios do Paraná pode revelar irregularidades O pedido de quebra de sigilo foi solicitado pelo deputado Cleiton Kielse e passará por votação na próxima reunião Luiza luersen da República e até agora não houve nenhum retorno. “Entregamos o relatório ainda no ano passado para o governador e não obtivemos, até agora, nenhuma resposta”, disse Márcia, durante coletiva sobre a CPI do Pedágio. Outro questionamento foi levantado pelo deputado estadual Artagão Júnior, o qual lembrou que a falta de uma máquina de cupom fiscal pode mascarar o número de veículos que passam pelos pedágios. O deputado Gilberto Martin, que não faz parte da CPI, mas acompanha os trabalhos dos parlamentares, manifestou sua opinião sobre o assunto. “Para fiscalização já me parece que está claro, a melhor maneira é a colocação de máquinas lacradas. Isto nos daria a certeza da aferição de veículos, bem como acabaria com a sonegação fiscal”, acrescentou ele. O presidente da CPI, Nelson Luersen, concordou com Martin. “A Lei

Divulgação

Nesta terça-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pedágio ouviu mais dois procuradores do Ministério Público Federal e estadual (CCJ) para analisarem os contratos das concessionárias na operação das rodovias do estado. A promotora de Justiça do Ministério Público do Paraná (MP) Márcia Cecília Delise Rosa Pereira, que estava presente na reunião, analisou a operação das empresas e o cumprimento dos contratos. Além disso, realizou uma retrospectiva da instalação do pedágio no Paraná e deu sugestões para a melhora do serviço no estado, dentre elas o aumento na fiscalização das obras que são feitas pelas concessionárias. No ano passado, a promotora foi a autora de um inquérito civil, que apurou supostas irregularidades no programa de concessão de rodovias. O trabalho foi encaminhado para a Procuradoria

A reunião da CPI dos pedágios aconteceu na última terça-feira Federal diz que a nota fiscal é obrigatória. Mais do que isso, tem que ter quanto de imposto se paga em cada produto. A recomendação mínima que temos que fazer é que estas máquinas fiscais sejam instaladas de fato nas praças de pedágio do

Paraná”, concluiu o presidente. Os deputados estaduais que integram a comissão discutiram sobre um pedido para a quebra do sigilo bancário das empresas que administram as rodovias do estado, solicitado pelo deputado

Cleiton Kielse, mas optaram por adiar essa votação. “Precisamos do adiamento da votação preventivamente para termos certeza absoluta do embasamento jurídico que iremos usar para a quebra do sigilo”, disse Kielse. Outra reunião foi marcada

para o dia 3 de setembro, às 9h, na sala das Comissões. Deverão depor na próxima CPI o deputado estadual Péricles de Mello, o procurador Geral do Estado, Julio Cesar Zem Cardoso, e o diretor geral do DNIT, Jorge Ernesto Fraxe.


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Economia

Crowdfunding é alternativa para viabilizar boas ideias Financiamento coletivo se torna ferramenta para arrecadação de fundos MARINA GERONAZZO O Crowdfunding é uma forma de financiamento coletivo que ajuda a viabilizar e consolidar projetos por meio da internet. Existem vários sites que disponibilizam oportunidades de apresentar projetos para que sejam avaliados e, se posteriormente aceitos, colocados diretamente no site. O financiamento coletivo ajuda desde pessoas físicas, até companhias que queiram levantar dinheiro para investir em diversos tipos de projetos. Os sites que oferecerem esse tipo de apoio procuram promover ideias criativas e que tenham potencial de transformar e atingir suas metas. Quando aceitos ganham espaço e visibilidade para que aqueles que sintam vontade possam ajudar na arrecadação de recursos. Saiba empreender Existe uma imensa var-

iedade de projetos com grande potencial em sites, como o Catarse, um canal com baixo risco financeiro. Um dos projetos que consegui financiamento foi do jornalista Alexandre Costa Nascimento, jornalista e editor da Gazeta do Povo. Alexandre utilizou o crowdfunding como forma de arrecadar fundos para realizar uma viagem pela qual cruzou de ponta a ponta a África, de bicicleta, durante 4 meses no Tour d’Afrique. Ele acredita que esse tipo de financiamento coletivo ajuda a pulverizar pequenas contribuições e é um tipo de ferramenta que tende a crescer e se popularizar cada vez mais. “Os projetos passam por um projeto mais seletivo, é como se fosse uma empresa jogada no mercado. As pessoas investem esperando uma recompensa, um retorno.”, afir-

mou o jornalista. Os realizadores de projetos bem-sucedidos como de Alexandre acreditam que para atingir suas metas você tenha ideias boas e criativas, além de ser realista quanto à questão financeira. “É um plano de negócios e esse plano precisa ser sedutor, ele deve conquistar as pessoas. Procurei compartilhar a experiência de diversas formas, uma delas foi por meio de fotos e newsletter, onde eu trazia uma visão diferenciada da viagem, uma visão pessoal, enquanto no blog eu focava na questão jornalística”, conta o jornalista. O foco essencial de financiamentos coletivos como os oferecidos pelo Catarse é o de ajudar a alcançar uma visibilidade e a conquista de um capital financeiro sem o qual não seria possível a divulgação do projeto pela internet. Esse tipo

de ideia se tornou ótimo tanto para apoiadores quanto realizadores. Caso o projeto não atinja sua meta, os apoiadores recebem reembolso, dessa forma não são afetados. Os sites de crowdfunding ainda oferecem dicas de como estruturar e potencializar suas ideias. “O crowdfunding é uma alavanca social que recebe uma variedade de propostas e que ajuda aqueles que precisam captar recursos, normalmente aquilo que falta para o projeto ser realizado. É sempre necessário fazer um cálculo econômico.” Alexandre Nascimento defende a ideia de que essa ferramenta tende a crescer. “Com o tempo vão surgir sites mais específicos, e esses irão aumentar a competitividade da oferta e procura.” Outras histórias

Outro caso bem-sucedido com a ajuda do Catarse é o do compositor paranaense Gustavo Proença. Quando surgiu a necessidade de prensar o DVD Minha Alegria, Gustavo já estava sem verba devido a outros processos realizados anteriormente. Somado a isso, ainda teria um feeback do DVD. “Os processos anteriores tinham sido feitos de forma independente”. Assim como Alexandre Nascimento, Gustavo acredita no crescimento de técnicas de arrecadação como o crowdfunding. “Através do crowdfunding nós damos oportunidade aos nossos amigos e conhecidos de um apoio direto, com recompensas e um real compromisso de quem utiliza essa ferramenta.” “Conheço alguns projetos que só foram possíveis devido a essa forma direta de apoio.

Para ajudar ainda mais as empresas deveriam se interessar em incentivar trabalhos [...]. É uma plataforma que possibilita fomentar a cultura e alcançar o público certo para ambos.”, comenta. Brasil a fora Esse tipo de método chama a atenção não só de pessoas comuns que queiram tirar seus sonhos do papel, mas também mobiliza grupos que já têm certo status na mídia. Recentemente a banda brasileira Raimundos lançou uma campanha de crowdfunding para viabilizar a gravação de seu novo álbum. O grupo busca arrecadar 55 mil reais.

Carros populares são os preferidos por bandidos Balanço divulgado pela Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba (DFRV) aponta uma diminuição das ocorrências de roubo de carros, porém, carros populares ainda são os mais visados LARISSA MAYRA voltei, não o encontrei”, conta Johan, que, imediatamente, registrou o furto na DFRV. Após dois meses, o caso ainda não foi solucionado. O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Renato Bastos Figueiroa, orienta as pessoas que tiveram seu veículo furtado ou roubado a fazerem o boletim de ocorrência o mais rápido possível. “Com esse procedimento, a polícia pode agir, também, mais rapidamente para solucionar o caso”, diz Figueiroa. O delegado afirma, ainda, que carros populares são os mais procurados pelos bandidos, já que a venda das peças desses veículos movimentam o comércio clandestino. Muito embora a preferência ainda seja pelos populares, carros de luxo também são alvo de alguns ladrões. A abordagem, geralmente, é feita depois de algum tempo de observação,

WikiCommons

O número de carros roubados e furtados em Curitiba teve uma queda de 9% só no primeiro semestre deste ano. O balanço apontou que, em média, são registradas, na cidade, 23 ocorrências de roubo por dia, o que compreende uma média de 4.195 carros. Até o mesmo período do ano passado esse número era de 25, ou seja, 4.595 veículos roubados. A atuação da DFRV em conjunto com as polícias civil, militar e federal, também deu resultado com relação ao número de veículos recuperados. O índice, que era de 54,8%, subiu para 64%, assim como as prisões em flagrante, que aumentaram de 209 para 240. Porém, esses dados, algumas vezes, não condizem totalmente com a realidade. O carro de Johan Ibarra, estudante de Análise de Sistemas, um Gol, foi furtado no bairro Água Verde. “Deixei meu carro próximo a uma estação-tubo. Quando

até que o dono do carro esteja distraído ao entrar no veículo ou mesmo dentro dele. O roubo desses carros está diretamente ligado à venda do mesmo, em geral, com o valor muito abaixo do mercado, com placas e chassi adulterados. “A reposição de peças também é um agravante para que esse tipo de crime ocorra”, ressalta Figueiroa. Localização Segundo

dados

da

DFRV, os bairros com maior índice de roubo e furto são Água Verde, Centro, Sítio Cercado e Portão. A cada ano, os criminosos mudam de localidade, tendo em vista bairros mais pacatos e residenciais, que é o caso do Água Verde, que está há pelo menos dois anos no topo da lista desse tipo de crime. O alto número de roubos que foi registrado até o ano passado no bairro CIC teve uma diminuição de 79%. Figueiroa acredita que

essa queda se deve ao trabalho intenso da polícia na região, onde estão instaladas cinco Unidades Paraná Seguro (UPS). O balanço aponta, ainda, que embora os quatro bairros citados sejam, hoje, os que mais trazem preocupação aos motoristas, deve-se ter mais cuidado, também, com as regiões do Pinheirinho, Rebouças, Hauer e Boqueirão, que registram um número preocupante junto aos órgãos competentes. O preço da segurança

Em quatro anos, de 2007 até 2011, as seguradoras de veículos aumentaram em 14,75% o valor de seus seguros para a cidade de Curitiba. Do ano passado pra cá, o preço pago por quem tem carros populares e mora em determinadas regiões da cidade aumentou ainda mais: 22%. As informações são do Sindicato das Seguradoras do Paraná.


Colunistas

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Halanna Aguiar Samba, choro e afins Samba da Tradição Aproveitando a deixa da coluna escrita na semana passada, pretendo dar continuidade aos trabalhos sobre os projetos que hoje fomentam a música paranaense, em especial, o samba. Entre todos os projetos já citados como o Samba do Sindicatis e o Samba do Compositor Paranaense, chegou o momento de comentar sobre um dos projetos, a meu ver, mais importante denominado de Samba da Tradição. Projeto independente que pretende promover os principais membros da velha guarda do samba e do carnaval da capital paranaense, onde os mesmos são homenageados mensalmente, desde 2011

em um dos clubes negros mais antigos do país, a Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio. Esse projeto é realizado de maneira independente como já dito, onde artistas, sambistas, carnavalescos, produtores musicais e pesquisadores se juntam e assim realizam as homenagens. Quando será realizada uma homenagem alguém, os produtores gravam a história de vida dos homenageados e disponibilizam no blog do Samba da Tradição o áudio para que todos aqueles que se interessam em escutar diversas histórias e conhecer um pouco mais sobre a trajetória deles, tenham acesso a esses arquivos. A

importância desse projeto é imensa, pois graças a todos esses sambistas, hoje temos o orgulho e o prazer de dizer que em Curitiba existe samba sim. Graças a eles conseguimos, hoje, apreciar o samba de qualidade em diversos pontos da cidade. Foram eles que lutaram na década de 40 até os dias de hoje para que o samba e o carnaval fossem reproduzidos pela cidade sem nenhum tipo

preconceito, e não existe forma melhor de agradecê-los por essa conquista do que destinar a eles um dia inteiro de homenagens e agradecimentos. Assim eles terão a certeza que tudo aquilo que eles fizeram não foi em vão, e que hoje são tomados como referência pela comunidade e pelos músicos da nova geração. Lembro-me muito bem, como nunca, o dia em que o meu ídolo, musicalmente

falando, foi homenageado pelo Samba da Tradição. Adilsinho do Surdo, meu pai, que modéstia a parte é um dos melhores percussionistas do Paraná. Uma emoção sem tamanho. Consegui ver nos rostos da velha guarda ali presente e nas lágrimas do meu pai o quanto ele fez a sua parte pelo samba paranaense. Hoje percebo em seu olhar, conselho e broncas o quanto ele deseja que eu e minha irmã trilhemos o mesmo caminho, promovendo o samba para o mundo sem fazer com que ele perca a sua verdadeira essência. E mais uma vez destaco a importância desses projetos. Viva o samba!

Gustavo Vaz Centro Cívico A “Crise do Viagra” da CBN e alguns efeitos colaterais Joel Malucelli é um dos empresários mais influentes e bem-sucedidos do Paraná. Seu grupo J. Malucelli detém mais de 40 empresas em diversos setores, dentre eles emissoras de radiojornalismo. No último mês de junho, Gilberto Kassab, fundador do PSD, proclamou o empresário como candidato ao governo do estado pela legenda – o PSD foi criado às pressas em 2011, com procedimentos suspeitos. Malucelli seria um daqueles candidatos que, salvo alguma hecatombe durante a campanha, terminaria a eleição com 3%, 4% dos votos válidos, tirando alguns votos dos grandes favoritos

– que podem ser essenciais em alguns casos. Malucelli teria a força do seu nome mais evidenciada ainda, poderia galgar algumas posições a mais na sociedade, tornaria o nome do PSD mais familiar para os paranaenses para objetivos futuros. Mas aí o leitor pergunta o porquê dessas últimas frases terem verbos conjugados no futuro do pretérito? Um dos veículos midiáticos administrados pelo Grupo J. Malucelli é a emissora curitibana da CBN. Nas últimas três semanas, veio a público todo o escândalo interno envolvendo Aírton Cordeiro (apar-

entemente um refém de seus hormônios), e a cúpula da redação e da programação da emissora no estado, ou seja, Marcos Tosi, Álvaro Borba e, o ícone da imprensa paranaense, José Wille. Aírton Cordeiro supostamente assediava funcionárias da emissora. O fato foi investigado internamente, chegou a José Wille, que decidiu tomar providências, algo que ocasionaria na sua demissão. Em apoio, Tosi e Borba se demitiram, a redação parou por horas e a bomba estourou defronte a uma audiência geral. Por fim, na última segunda, a estagiária Mariana Ceccon registrou boletim

de ocorrência contra Cordeiro, botando assim gasolina na fogueira e dando uma forma concreta a todas as acusações. Com a situação na redação da CBN fervilhando, surgiram informações de que Joel Malucelli abdicou de ser candidato ao governo, apesar de desmentidos por parte do empresário. Entretanto, mesmo se a candidatura de Malucelli sair, seu nome sofrerá os estragos acontecidos na CBN. Por mais que não haja, comprovadamente, uma ligação direta dele com os fatos, a crise foi completamente mal administrada. Seus rivais já tem munição forte para diminuir

qualquer intenção de voto que Malucelli teria. O PSD tem mais a perder com a candidatura de Malucelli do que a ganhar, com exposição do partido (que tenta crescer e ganhar representatividade em todos os cantos do país). A mídia que é sempre uma vantagem de status para empresários deste porte que se aventuram na política, no caso de Joel Malucelli se tornaria um fardo, afinal, acusações de que ele “não sabe administrar sequer uma rádio, imagine um estado” não vão faltar. Mariana Ceccon, em sua carta (divulgada pelo SINDIJOR, inclusive), diz se sentir

o pivô da crise que abalou todos os funcionários da emissora. Por mais que a moça esteja muito longe de ser culpada na explosão da bomba, a “Crise do Viagra” – como alguns nomearam o caso – não terá efeitos apenas jornalísticos, e muito menos apenas dentro da redação da CBN. As consequências respingarão em outros setores. Joel Malucelli e o PSD devem ter noção disso. Aliás, noção é algo que passou longe do cérebro de Aírton Cordeiro (um ex-deputado estadual, diga-se de passagem).


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Agenda

NOTÍCI ANTIGA Em 1941, na era Getúlio Vargas, o programa Repórter Esso mudava o rumo do radiojornalismo brasileiro. A partir do dia 28 de agosto, o jornalismo de rádio do Brasil passou a contar com produção exclusiva para o veículo que antes se restringia à leitura de manchetes de jornais impressos. Originalmente chamado de O Seu Repórter Esso, o programa dedicava sua programação à narração da Segunda Guerra Mundial. O radiojornal funcionava sob orientação e a cen-

sura do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP. Além de fazer história no radiojornalismo brasileiro, o Repórter Esso marca a adoção dos padrões culturais e ideológicos do jornalismo americano na América Latina. A apresentação do programa não só era feita nos moldes cronometrados dos Estados Unidos quanto dava destaque às batalhas travadas pelo exército estadunidense. Na vida do programa, que durou até o último dia do ano de 1968,

vários acontecimentos importantes foram narrados, como a Guerra da Coréia e a cobertura exclusiva do suicídio de Getúlio Vargas. Na edição de despedida do Repórter Esso na rádio, o locutor Roberto Figueiredo se emocionou e chorou ao anunciar o fim do programa, que ainda passaria por mais dois anos na televisão brasileira.

O que fazer em Curitiba? Exposição “Consiente do Inconsciente” no MASAC De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi. Museu de Arte Contemporânea Até dia 23 de setembro no Museu de Arte Contemporânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) ficam as exposições “Cor, Cordis”, com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná; e axposição “Lugar inComum”, das artistas Erica Kaminishi, Julia Ishida e Sandra Hiromoto. Informações: (41) 3323-5328 e 3323-5337. Teatro Novelas Curitibanas De 23 de agosto a 29 de setembro, no Teatro Novelas Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti,1222 – São Francisco), tem apresentação do Espetáculo teatral Cronópios da Cosmopista – Um antimusical psicodélico, do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio. Informações: (41) 3222-0355.


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