Notícia Antiga No dia 30 de agosto de 1984, o ônibus espacial Discovery realiza sua primeira missão
Edição 818
Curitiba, 30 de agosto de 2013
lona.redeteia.com
Mudanças nas delegacias já estão sendo feitas, segundo a delegada Dra. Márcia da delegacia da mulher, mas que isso leva tempo. Privacidade e cordialidade no atendimento são um dos fatores que mais ajudam a mulher desistir de prestar queixa. “Não dá para demolir um prédio em um dia”, justifica a delegada e complementa falando que novos profissionais e política integrada é a solução.
Wikicommons
Atendimento policial para mulheres é desfavorecido na Região Metropolitana
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Divulgação
Entenda o funcionamento do SUS O Sistema Único de Saúde é um sistema que opera no limite de sua capacidade e não atende uma grande parcela da população. O processo para ter o atendimento necessário pode ser lento e desgastante. Prestadores de serviços, profissionais e pacientes enfrentam todos os dias a falta de estrutura e excesso de burocracia do sistema. Acompanhe uma análise de profissionais da saúde e usuários sobre quais são as falhas do SUS e o que precisa ser feito para que o sistema seja funcional no atendimento à população. Página 4
Opinião Natan Donadon
Voto secreto
Por Onde Anda?
“Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, talvez seja o mais sensato de todos, que falou que só fará mais uma votação para a cassação quando o voto secreto já estiver instituído.”
“A única razão pela qual muitos parlamentares ainda defendem essa medida de “proteção” é porque não são, como deveriam, representantes do povo”, Ana Krüger
O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda a exaluna Laura Leal Bordin
Colunistas Júlia Trindade e Maiara Yabusaki
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Moda
Séries
“Contamos os dias
Na coluna Sexta fora de série de hoje, Júlia Trindade comenta a série Orange is the new black, a nova comédia original do Netflix
para ver a tendência que vai sair dos desfiles das grandes marcas, consolidadas e adoradas em todo o mundo”, Maiara Yabusaki
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Editorial
Glória ao senhor! Mãos juntas, estendidas ao céu, olhos fechados: “Agradeço a Deus, a justiça está sendo feita”. Ares celestiais predominaram na Câmara quando Donadon chamou Deus, choramingou por caso do vaso sanitário e da cela. Os quase meio milhão de presos do Brasil também choraram juntos, além de quase toda a classe C, que mal sabe o que ele fez na no seu mandado ou mesmo seu nome.
Sensato foi Sérgio Zveiter (PSD-RJ), um dos relatores do processo que solicitou a cassação de Natan Donadon. Além de colocar reascender a velha “política burra” do Brasil, o esquecimento, o voto secreto é tema de tempero de um prato cheio quando se trata do mandato do deputado. Os números mostram a maioria ainda é sensata: 233 a favor da cassação. Mas ainda foram 131 contra e 41 abstenções.
Por Onde Anda?
E esse tempero que é salgado, mas molhado o suficiente para umedecer as gargantas de um povo indignado que brada às ruas. Aqui as eleições do Tribunal de Contas foi um exemplo de quem queria saber os parlamentares “com juízo”. Henrique Eduardo Alves (PMDBRN), presidente da Câmara, talvez seja o mais sensato de todos, que falou que só fará mais uma votação para a cassa-
A vida (secreta) dos funcionários públicos Antes que você pense mados brasileiros que Federal permite tal me-
Expediente
protestam contra uma lista de carências sociais e contra a massa de corrupção na política nacional. No meio dessa tal agenda colorida e positiva está a proposta de acabar com a lei federal que permite que votações nas casas parlamentares sejam secretas. Mas veja só: em pleno século XXI, em que as redes sociais revolucionam nosso dia a dia e reduzem drasticamente a privacidade de cada um, a Constituição
diariamente, um povo que nunca morrerá e nunca terá uma porcentagem do conforto e luxo que ele tem. É injusto com os mais de 70% da classe C, D e E um declaração dessas, evidenciando que lá –como todos sempre souberamnão está um representante de um povo adequado. O voto secreto é a solução. Como sempre, muitos se escondem nas brechas das leis, “ r a b o s - p r e s o s ”. Uma dessas lacu-
nas vai ser preenchida quando o voto secreto for inserido. Tirar a máscara de quem está lá dentro, mostrar qual o número exato de raposas, nesse caso, 172. O povo tem o direito de saber em quem não votar.
Laura Beal Bordin Sai da graduação no final do ano e mal tive férias. Já em fevereiro, comecei o programa de trainee do Grpcom – Grupo Paranaense de C omunic aç ão. Foram quatro meses de aulas teóricas e reflexões sobre a atividade jor-
que esse título se refere ao seu pai, mãe, tio, funcionário público, trabalhador, que luta ganha apenas o seu salário honesto pelos dias (úteis) que trabalha, não. Essa foi apenas uma escolha editorial para não batendo nos políticos, assim, logo no título. Desde que as manifestações floresceram em diversas cidades do país em julho deste ano o Governo Federal tentou implantar a chamada “agenda positiva” para tentar conter os infla-
ção quando o voto secreto já estiver instituído. Nada mais justo do que o povo saber em vota contra. Voto injustificável. “Tenho sofrido muito. É desumano o que um prisioneiro passa. Minha família tem sofrido. Esta é a primeira oportunidade de me defender. A imprensa foi sensacionalista e irresponsável. A verdade não interessa. Sou inocente.” Mais lágrimas de um povo que sofre
canismo. Quando foi criado, o voto secreto surgiu como uma tentativa de “proteger” os políticos” de possíveis retaliações em casos de votações polêmicas. No entanto, vejo que a única razão pela qual muitos parlamentares ainda defendem essa medida de “proteção” é porque não são, como deveriam, representantes do povo ou do partido. Quando elegemos um político depositamos nele nossa confiança, pois a priori,
nalística e vivência do jornalismo diário. Hoje continuo no grupo, trabalhando no Núcleo Estilo de Vida do jornal Gazeta do Povo. Aqui, produzo matérias para o caderno Viver Bem e para as revistas Viver Bem Moda & Beleza e Casa
& Decoração. Outra novidade é o lançamento do livro-reportagem que produzi como TCC no ano passado, junto com minha colega Suelen Lorianny. O livro, que conta a história de seis mulheres que lutaram contra a ditadura militar,
vai se lançado no dia 3 de outubro, na Livraria Cultura. Estão todos convidados! Agora que já sabem por onde eu ando, nos vemos lá!
Ana Krüger ele vai representar ideais e convicções no cargo para o qual foi destinado. Mas na prática, o corporativismo toma conta dos parlamentares e o interesse público vai pro beleléu assim que o resultado das urnas é divulgado. Ao se esconder por trás do voto secreto, políticos ficam livres para tomar votar projetos os mais incoerentes possíveis, sem que a população saiba qual foi o posicionamento de seu candidato. O caso mais recente que revoltou a
comunidade foi a não cassação do Deputado Natan Donandon na Câmara dos Deputados. Como a votação foi fechada, a não ser por especulações, não é possível saber quais foram os 131 parlamentares que acharam coerente não cassar o mandato de um político que já se encontra preso. De fato o engajamento dos eleitores ainda é pouco. Exceto em período eleitoral, não é comum acompanharmos a atividade parlamentar dos candidatos
Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Lucas de Lavor Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira
que elegemos. Mas as circunstâncias não estão à nosso favor. O projeto já se enrola para ser aprovado na Câmara há mais de cinco anos. Sem vontade política para ser aprovado, ao que parece, só com movimentações como as de junho, que derrubaram a aprovação da PEC 37, vão conseguir a proposta passar pela Câmara. Afinal, eles não são só representantes do povo. Nós pagamos os salários deles e já está mais do que na hora de ver retorno da classe.
Notícias do Dia
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Delegacias dificultam atendimento à mulheres da RMC Mulheres que não são de Curitiba são obrigadas as prestar queixa nas delegacias normais Lucas de Lavor Elza Fiúza/ABr
Bila é de Mandirituba, tem 35 anos e, além de dona de casa, trabalha. Usa um vestido branco florido, meia-calça, casaquinho e o óculos escuros. Decidese por não revelar seu nome inteiro, nem local de trabalho e nem se tem filhos, “eles não têm nada a ver, ele agride só à mim”. Já Simone tem 36 anos e não trabalha. Tem um filho já criado. Com o lábio roxo e com uma pequena partição no meio causada por um soco do exmarido, diz evasiva “é ciúme, não deixa sair para nada”. Ambas chegaram na Delegacia da Mulher para prestar queixa formal e fazer um Boletim de Ocorrência contra os exs-marido –nunca estiveram ali antes- ; uma conseguiu, outra não. Como citado ontem pelo LONA, o relatório elaborado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito expõem os principais problemas na rede de atendimento à mulher vítima de violência -tanto no Paraná quanto no Brasil-, mas basta passar uma tarde na Delegacia da Mulher para constatar e confirmar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres. Bila chegou na delegacia e por quase dez minutos tentou explicar sua situação ao policial que, teoricamente, pouco podia fazer. Não poderiam registrar o BO. “A Delegacia da Mulher de Curitiba só atende as vítimas de Curitiba”. Bila
apresentou o papel de encaminhação da Delegacia de Mandiritba, afirmando que nem lá e nem na Fazenda Rio Grande – município entre Mandirituba e Curitiba – possuem uma Delegacia da Mulher. Mesmo assim, ela foi obrigada a voltar e apresentará outra guia na delegacia comum em Mandirituba. “Sai de casa, pedi licença do trabalho, enfrentei congestionamento da Fazenda, fiz o trajeto de 50 Km para chegar aqui e nada”. Simone é de Curitiba, mas nem por isso está em muita vantagem a Bila. A demora no atendimento e a falta de privacidade são fatores que quase a fizeram desistir de voltar. Quando chegou na delegacia esperou por dez minutos no balcão até alguém atendêla. “Eu to quase desistindo” falou ansiosa e chaman-
do atenção de alguém para receber atendimento. “É queixa? Espera só um pouquinho que já vem alguém pra te atender”, disse a funcionária. Depois de um breve conversa, encaminharam Simone para o IML para o exame de corpo e delito. Pouco depois de uma hora estava de volta com o código do exames em mãos. Pediram para que ela esperasse que “já já te chamam”, e sentada nos bancos, começou a se preocupar com a privacidade: “Eles atendem a gente naquelas ‘baias’ ali?” disse apontando para as pequenas cabines onde ficam as atendentes. Essa situação que Bila e Simone enfrentaram é justamente um dos pontos problemáticos nas delegacias especializadas do Paraná, segundo relatório. “(...) recusa em registrar o BO sob as mais diversas alegações (local de residência da vítima
[...]) (...)” e “(...) inadequação dos espaços, que não garantem privacidade às depoentes (...)”. A atual delegada da Delegacia da Mulher de Curitiba, Dra. Márcia, reconhece que o ambiente e o atendimento não é dos melhores e está longe de ser perfeito, mas que mudanças já começaram a ser feitas - ela mesma assumiu o cargo no dia 09/08- mas justifica que “não dá para demolir um prédio em um dia”. Uma das propostas seria o atendimento de forma integrada, que basicamente consiste na união da Secretaria de Segurança com as delegacias mas que isso exige uma estrutura muito grande e tempo, além da capacitação de profissionais que possam melhorar o atendimento. “É necessário uma mudança sim, que já estão sendo feitas” enfatiza.
Processo
Pendências
Quando a mulher chega à delegacia, o primeiro passo a ser feito é identificar o crime e fazer o BO. Depois, para entender como funciona o processo criminal, as vítimas assistem um filme. Nada mais especificado. Com alertas enfáticos, um cartaz ao lado do balcão chama atenção: “Mentira também é crime”. Na pilastra, em uma folha a4 lêse “Elaborado o BO por lesão corporal será obrigatorialmente instaurado inquérito policial e a vítima não poderá ‘retirar queixa’”. Pressionadas, muitas desistem por medo, dúvida, insegurança, fazendo com que seja a primeira e última vez ali, mesmo sendo uma das poucas soluções. “Fiquei desapontada, parecem que eles não querem me ajudar, fiquei bem desapontada” desabafa Bila.
O relatório aponta pendências em todos os órgãos consultados. No caso, a Delegacia da Mulher não teve participação direta, fornecendo informações para as instiutuições que as solicitaram. No Ministério Público do Paraná, a principal dificuldade foi o não fornecimento de informações mas que será sugerido um projeto para a criação de um banco de dados com âmbito nacional que contenha todas as informações acerca da violência contra a mulher. No caso do Tribunal de Justiça do Paraná, questionou-se a confiabilidade de informações devido a confusão nos números solicitado e que o documentos enviados pelo TJPR não mostra o cenário do órgão quanto ao enfrentamento da violência contra a mulher.
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Geral
Afinal, qual o problema do SUS? Entenda por que um dos maiores e mais complexos sistemas públicos de saúde do mundo não consegue atender as necessidades da população Lis Claudia
C obertura O SUS possui uma tabela única de procedimentos, ou seja, todos os estados oferecem a mesma cobertura. Os procedimentos são inseridos na tabela mediante análise e aprovação da Comissão de Tecnologia, órgão vinculado ao Ministério da Saúde. Tiago Farina Matos, diretor jurídico do Instituto Oncoguia de São Paulo, explica que nem sempre essa análise prioriza apenas a efetividade de um tratamento: “Uma nova tecnologia passa por análise de custo-efetividade na Comissão, portanto, se um tratamento oferece possibilidade de melhora apenas em alguns
Elza Fiúza/ABr
A Constituição de 1988 declara que saúde é “direito de todos e dever do Estado”. Ao longo dos anos, o Brasil se esforça, sem grandes avanços, para cumprir esse objetivo e para isso já passou por inúmeras mudanças no sistema de gestão e fornecimento de ser viços de saúde. O modelo em vigência atualmente é o SUS (Sistema Único de Saúde). O SUS foi criado em 1990 com o objetivo de centralização dos investimentos e, consequentemente, melhor distribuição de ser viços. Foi consolidado no ano 2000 por meio da Emenda Constitucional (EC) 29. A lei complementar que regulamenta a EC29 foi sancionada em janeiro de 2012 pela presidente Dilma Rousseff. O texto da lei determina que a União deve destinar ao SUS os valores investidos no ano anterior acrescidos da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), os Estados devem destinar 12% do orçamento para a saúde e os municípios devem investir 15% das receitas no Sistema Público de Saúde.
Unidade de Acolhimento do SUS e o Centro de Referência Especializado para moradores de rua casos, pode não ser incluído na tabela”, declara Tiago. “Uma medicação utilizada no combate ao câncer de mama, por exemplo, pode ser indicada para três variações da doença, mas a Comissão liberou o medicamento para apenas um dos casos”. Tiago explica que ainda não existe um critério claro para um tratamento ser incluído ou não na tabela, e com isso o paciente perde a chance de tratamento eficaz. A médica oftalmologista Camila Winckler fala que, em alguns casos, o tratamento oferecido aos seus pacientes do SUS não é o mesmo dos pacientes atendidos por outros convênios: “O SUS não oferece toda a tecnologia de diagnóstico e tratamento disponíveis atualmente”, explica. “Quando há a indicação, eu digo ao paciente que existe tratamento, mas não pode ser realizado pelo SUS”. A médica reclama da falta de um meio de diálogo entre Ministério da Saúde e médicos especialistas para estudo de inclusão de procedimentos na tabela. Alguns pacientes
conseguem ajuda judicial para realizarem tratamentos não cobertos. É o caso do estudante Alexandre Braatz, que teve diagnóstico de Ceratocone (doença que modifica o formato da córnea) em março deste ano. O médico indicou um procedimento que previne a necessidade de transplante de córnea mas não é coberto pelo SUS. A mãe de Alexandre, Izalete Braatz, solicitou a liberação do procedimento junto à ouvidoria da saúde: “Como eles negaram, eu entrei em contato com o Ministério Público, levei a negativa e os exames e em menos de três meses consegui a liminar para fazer a cirurgia”, conta. Filas Em muitos casos, embora determinado procedimento tenha cobertura pelo SUS, a população deve esperar meses e até anos para ter acesso ao diagnóstico ou tratamento. Segundo Tiago Matos, não existe uma lei que estipule prazo para atendimento: “As leis existentes se aplicam a casos específicos.
Após o diagnóstico de câncer, por exemplo, o primeiro tratamento deve ser oferecido no prazo máximo de 60 dias, mas essa lei não se aplica a nenhum outro diagnóstico”. Márcia Regina Bora é coordenadora local de saúde e explica que, em alguns casos, a burocracia atrapalha o processo: “Se um médico sai, nós solicitamos à secretaria que envie outro, mas muitas vezes é necessário aguardar um novo concurso, e isso demora”. Segundo ela, muitas vezes a solicitação por medicação nos postos não é atendida a tempo por conta de atrasos no processo de compra, realizado por meio de pregão eletrônico. Nesses casos, o paciente vai embora sem a medicação receitada. Segundo a assessoria da Secretaria de Saúde de Curitiba, o orçamento destinado à saúde pública não atende a demanda da população curitibana. Em 2012, cerca de 1,3 bilhão de reais foi gasto com a saúde e, nos sete meses de 2013, os valores já somam quase 800 milhões de reais. A estratégia do governo mu-
nicipal é aumentar os investimentos na saúde básica e de prevenção para que se diminua a necessidade de procedimentos de alto custo e que geram filas. A estimativa da secretaria é de que hoje 50% da população é atendida pelo sistema público de saúde; a previsão é de que somente em 2017 o potencial de atendimento chegue a 100%. Ainda de acordo com a assessoria, a secretaria de saúde tem atuado com duas frentes de trabalho: a frente paliativa, que tenta por meio de maiores investimentos sanar as falhas no sistema de necessidades mais imediatas, e a frente estruturante, que visa resolver os problemas estruturais nos próximos 10 anos. A assessoria fala ainda que o município não conta com ajuda do governo do estado para reestruturação do sistema público de saúde na capital. Segundo a médica oftalmologista Camila Winckler, os problemas do SUS estão em sua forma estrutural: “Faltam médicos e outros profissionais da equipe multidisciplinar por causa da
má remuneração”. A médica diz ainda que a demora no diagnóstico prejudica o paciente: “ Tenho pacientes diabéticos que, por causa da demora em realizar angiografia ocular, tiveram um diagnóstico tardio e acabaram perdendo parte da visão”. Segundo Camila, existem casos de Unidades de Saúde da região metropolitana de Curitiba que foram fechadas temporariamente por falta de recursos básicos como atadura e gaze. Apesar de todos os problemas, Tiago Farina Matos, diretor jurídico do Instituto Oncoguia, diz acreditar no potencial do SUS no futuro: “O SUS é um sistema excepcional, poucos países no mundo possuem algo assim. Mas infelizmente possui várias falhas que o impedem de ser funcional”, diz. “É uma questão de vontade política e prioridade”, completa o jurista.
Colunistas
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Maiara Yabusaki Moda por aí Valorização do nacional Há q u e m d i g a q u e a moda nacional não e x i s t e . Há q u e m diga que se limita ao comércio de biquínis e a chinelos Ha v a i a n a s . Há t a m bém os que sabem que ela existe, mas que continuam descrentes de seu p o d e r, e e x i s t e m aqueles poucos que a c r e d i t a m e i nv e stem nessa potência que é o mercado têxtil. Qual seria então a explicação para tamanha falta de credibilidade da moda brasileira? O grande problema não está na moda em si, mas na desvalorização que encontra em seu próprio país. Claro que prestamos atenção nos desfiles naciona-
is, vemos, tiramos nossas conclusões e opinamos como bem queremos, mas são as seman a s d e m o d a i n t e rnacionais que ainda fazem os nossos corações baterem mais forte. C ontamos os dias para ver a tendência que vai sair dos desfiles das grandes marcas, consolidadas e adoradas em t o d o o m u n d o. Na realidade o SPFW não deixa absolutamente nada a d e s e j a r, contamos com grandes nomes e mentes tão criativas capazes de criar coleções altamente competitivas, mas ainda preferimos focar nossas atenções para
os estilistas est r a n g e i r o s e e s p e rar para ver quando uma releitura dessa ou daquela peça que se destacou vai estar nas araras de redes como Zara e afins. Digo isso por experiência própria, nós não valorizamos a moda nacional como ela merece. Nã o p o r q u e n ã o compramos coisas feitas aqui, mas porque queremos uma peça como aquela da coleção d e No v a Io r q u e e nem lembramos do q u e v i m o s n o Fa s h i o n R i o. A prova dessa nossa falta de atenção com o que é feito aqui está lá fora. Grandes estilistas brasileiros estão
ganhando o mundo com suas obras de arte, vestindo cantoras, atrizes e até duquesas que descobriram o potencial criativo que vem das mentes dos brasileiros. Rihanna já vestiu Carlos Miele, D a n i e l l a He l a y e l , estilista da marca Is s a , j á v e s t i u Je n nifer Lopes e Kate Middleton. A Is o l d a , m a r c a d e amigas brasileiras, conquistou todo o mundo com as suas estampas brasileiríssimas de animais, frutas e flores. Ganhou o coração das blogueiras mais badaladas do momento e achou mais espaço no exterior do que dentro de
seu país. Mas essa desvalorização não acontece porque a indústria de moda no país seja pequena, o Brasil é o quinto maior produtor têxtil do m u n d o, a b r i g a o quinto maior fashion week mundial, o setor emprega mais de 1,6 milhão de pessoas n o p a í s . Ac r e d i t o que ocorra algum tipo de deslumbramento da nossa parte, por dar mais crédito aos outros, mantendo uma mentalidade de Brasil colônia, de inferioridade e de que os outros são melhores que nós. E talvez até as marcas nacionais se inspirem de-
masiadamente nas estrangeiras. Espero o dia em que poderemos falar que o melhor desfile que vimos na temporada foi o de uma marca daq u i . At é l á v o u t e n tar olhar com mais carinho e atenção p a r a a s n o s s a s m a rcas conterrâneas.
Júlia Trindade Sexta fora de série Orange Is The New Black Se ainda restavam dúvidas sobre a qualidade das séries originais da Netflix, elas acabaram no dia 11 de julho, dia da estreia de “Orange Is The New Black”. O enredo é baseado no livro de mesmo nome escrito por Piper Kerman. Nele a autora descreve as suas experiências e as dificuldades que passou na prisão. Jenji Kohan, criadora da série, teve muita liberdade ao adaptar a história original e, por isso, há muitas diferenças entre a obra e o seriado. Os motivos que levaram a autora do livro à prisão, porém, são os mesmos. Piper Chapman (Taylor Schilling ) foi condenada à 15 meses na prisão por um crime que cometeu alguns
anos atrás: transportar dinheiro para sua exnamorada Alex Vause (Laura Prepon), uma traficante internacional. Na cena em que Piper se despede de seu atual namorado, Larry Bloom, é possível notar o nível das prioridades dela ao pedir que ele não assistisse aos novos episódios de Mad Men sem ela. Assim que Piper entra na cadeia as preocupações dela mudam drasticamente. Um dos primeiros desafios dela, por exemplo, é conseguir se alimentar depois de ter feito um comentário ruim sobre a comida na frente da cozinheira “Red” (Kate Mulgrew ). Antes mesmo de estrear, vários sites conhecidos que publicam críticas de séries já estavam comentando sobre
Orange Is The New Black. A crítica que mais se destacou foi que não há um equilíbrio certo entre drama e comédia, pois os momentos sérios duravam pouco e, apesar de apresentar assuntos polêmicos, a série não
se aprofundava muito na discussão. Como somente seis episódios foram disponibilizados para que os sites escrevessem as críticas, eles não tinham conhecimento das surpresas que estavam por vir. A maioria também
comparou o seriado com o trabalho anterior de Jenji Kohan, Weeds. O tema e o senso de humor são semelhantes, mas a diferença é que Weeds falhou em criar personagens mais verdadeiros e interessantes. Em seu projeto mais recente, Kohan faz com que o público tenha mais facilidade de se relacionar com os personagens e de torcer a favor (ou contra) eles. A personagem principal é de fato Piper Chapman, mas quase nenhuma das outras personagens deixa de ter sua história contada. A série faz questão de mostrar o passado de muitas detentas por meio de um recurso muito utilizado em todos os 13 episódios da temporada: o flashback. As mulheres
apresentadas no começo da série demonstram um estereotipo (religiosas, heterossexuais, lésbicas, mães, usuárias de drogas e transexuais). Mas, ao conhecer a verdadeira história por trás de cada uma, essas características não passam de meros detalhes. A série estreou diretamente no site Netfilx, ou seja, todos os episódios foram lançados no mesmo dia. Essa é uma das grandes vantagens das séries originais da Netflix, pois não é preciso esperar uma semana pelo próximo episódio. Se você, caro leitor, quiser assistir a 13 episódios em um dia, isso é possível. O problema é o tempo de estreia da segunda temporada, pela qual eu estou esperando ansiosamente.
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Agenda
NOTÍCI ANTIGA
Missão possível A ônibus espacial Discovery até o fim de sua carreira no dia 9 de março de 2011 realizou um total de 39 missões espaciais. A primeira delas, designada STS-41-D, aconteceu há exatos 29 anos, no dia 30 de agosto de 1984. A STS-41-D durou exatamente seis dias, 56 minutos e quatro segundos. Os seis tripulantes retornaram à Terra no dia 5 de setembro, após percorrer 3,6 milhões de quilômetros e completou 97 órbitas.
O que fazer em Curitiba? Exposição “Consiente do Inconsciente” no MASAC De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi. Museu de Arte Contemporânea Até dia 23 de setembro no Museu de Arte Contemporânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) ficam as exposições “Cor, Cordis”, com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná; e axposição “Lugar inComum”, das artistas Erica Kaminishi, Julia Ishida e Sandra Hiromoto. Informações: (41) 3323-5328 e 3323-5337. Teatro Novelas Curitibanas De 23 de agosto a 29 de setembro, no Teatro Novelas Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti,1222 – São Francisco), tem apresentação do Espetáculo teatral Cronópios da Cosmopista – Um antimusical psicodélico, do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio. Informações: (41) 3222-0355.