Notícia Antiga Morre Madre Tereza de Calcutá, religiosa conhecida por ganhar o Prêmio Nobel da Paz de 1979.
Edição 822
Curitiba, 05 de setembro de 2013
lona.redeteia.com
Agentes penitenciários não descartam greve
Louise Lemser
No terceiro dia de acampamento, os agentes penitenciários exigem reunião com o governador. Uma assembleia está marcada para a próxima segunda-feira, quando será decidido o que será feito de acordo com o progresso: paralisação, greve ou dispersão do acampamento. Página 3
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Livros e leitura
hábitos
de
Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Página 4
Opinião Editorial
Revolta
Por onde anda?
“Nestas últimas semanas, o STF recusou boa parte dos recursos apresentados pelas pessoas condenadas no famoso julgamento do Mensalão.”
“Estudantes
O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluna Priscila Paganotto.
de uma escola municipal no Rio Grande do Sul atearam fogo à própria escola há algumas semanas”, Juliana Arcangelo.
Colunistas
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Teatro
Literatura
“Para isso, vamos falar sobre a performance como arte. Ao ouvir esse termo, intuitivamente me veem a mente algo inovador, quase de outro mundo”, Larissa Mayra.
“Seja “Uma Temporada no Inferno”, pela tradução de Paulo Hecker Filho, ou “Uma Estadia no Inferno”, pela aclamada tradução de Ivo Barroso”, João Dusi.
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Ecos de um julgamento Nestas últimas semanas, o STF recusou boa parte dos recursos apresentados pelas pessoas condenadas no famoso julgamento do Mensalão. Em um trâmite muito mais rápido e menos desgastante que o julgamento original, os ministros do nosso Supremo rechaçaram qualquer pedido de reversão de sentença dos condenados. O máximo que ocorreu foram algumas reduções de pena e mudanças de regime.
Toda esta rapidez foi bem menos desgastante tanto para o STF, quanto para a rotatividade das pautas jornalísticas, afinal, o Julgamento do Mensalão foi manchete principal em todos os grandes jornais (de qualquer veículo) do começo ao seu fim. Em alguns ficará o sentimento de que a corrupção finalmente estará extinta do país após a sentença da justiça, que finalmente deixou de ser leniente. As pessoas esclareci-
das sabem que, infelizmente, não é assim (nem será). Dentre todos os ministros do STF, Joaquim Barbosa, primeiro negro a chegar nesta instância e ser presidente dela; e Ricardo Lewandovski foram os magistrados que mais ficaram evidenciados no caso todo, desde o julgamento original. Barbosa ganhou uma boa fama gigantesca dentre diversos setores da sociedade, devido a sua atuação em prol da condena-
ção dos mensaleiros e seus discursos imponentes, enquanto Lewandovski foi severamente criticado por supostamente “defender os interesses” dos reús, quando na verdade, apontava algumas falhas no processo. Barbosa chegou a tal patamar que seu nome começou a ser ventilado como possível candidato a presidente da república, e o próprio ministro chegou a falar que poderia se afiliar a um partido político.
Depois de estagiar na Rádio Teia, como editora-chefe junto com outra colega, fui indicada pelo professor Luiz Witiuk para outra vaga de estágio, onde estou até hoje, agora como jornalista, na Agência de Notícias
O preço de uma revolta adolescente
Expediente
outros, mas sim a eles próprios, pois destruíram a única coisa que garantia a eles um futuro profissional descente e consequentemente uma vida mais digna. O que fazer na madrugada de uma segunda-feira? Para muitos adolescentes, a madrugada pode ser a parte mais divertida e produtiva do dia. Dentre tantas opções, pode-se assistir a um filme, ouvir
Mensalão deveria ser punido, como de fato aconteceu. Ou seja, a pizza que sempre fica pronta para ir para o forno no Brasil, acabou sendo desmontada. Um claro avanço para o país da impunidade. O que resta agora é torcer para que outros diversos escândalos de corrupção que aconteceram, acontecem ou ainda vão acontecer sejam punidos com a mesma rígidez.
Priscila Paganotto
Por Onde Anda?
Estudantes de uma escola municipal no Rio Grande do Sul atearam fogo à própria escola há algumas semanas. Mesmo que fosse a pior escola do mundo, não ter dinheiro para estudar em uma escola particular e poder estudar gratuitamente sendo bancado pelo governo é uma oportunidade que deve ser valorizada. Ao atear fogo a essa escola, esses alunos não prejudicaram apenas aos
Aqui, de volta, quem é mais esclarecido sabe que Joaquim Barbosa não é o ministro mais perfeito do Judiciário, e não seria um nome assim taõ confiável para a presidência, apesar de toda a sua inspiradora história para chegar no posto onde está. Por outro lado, a recusa do STF em revogar as condenações dos mensaleiros, mostra que há sim firmeza num dos três poderes que regem o país. O escândalo do
música, ir a algum lugar, estar com os amigos...e colocar fogo na própria escola! Segundo a polícia, os estudantes foram até a escola durante a madrugada com a intenção de causar apenas alguns danos, mas, ao verem uma garrafa de álcool ‘’dando sopa’’, os planos mudaram. Madrugada produtiva. A polícia vai pedir a internação dos quatro suspeitos que foram
do Paraná. A experiência de estágio abriu esta oportunidade e hoje, além de escrever textos, faço locução de rádio, cobertura de pautas por todo o Estado, e assessoria de imprensa com atendimento a rádios. Eu me
formei em 2011 e durante esses dois anos e meio, fiz alguns cursos de especialização e ganhei o Intercom Regional com o meu TCC. Continuo com o mesmo entusiasmo e paixão pelo jornalismo, de quando entrei na faculdade.
Juliana Arcangelo
apreendidos. E é ai que começa a verdadeira reflexão. Pode-se deduzir que os motivos para os adolescentes terem cometido tal ato eram ligados ao desinteresse dos mesmos pela escola, pelo fato de ter que estudar, e para expressar a sua revolta por ter essa obrigação. Todos os motivos são vistos como pensamentos e revoltas comuns no mundo dos adolescentes. O engraçado é
perceber que esses estudantes com tais pensamentos e revoltas comuns deixaram de ser ‘’normais’’ a partir do momento em que transformaram seus pensamentos em atos concretos e inaceitáveis. Como consequência, deixaram de ser comuns, para serem tratados como “loucos”. O fogo destruiu pelo menos seis salas de aula, a sala dos professores, a
Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Da Redação Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira
parte administrativa, uma área de convívio e instrumentos musicais de uma banda. Ao queimar todos esses ambientes, o fogo, junto com os adolescentes, destruiu também o aprendizado, a cultura, as relações, o conhecimento, a moral e a integridade que cabia a cada um dos quatro estudantes.
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Terceiro dia de acampamento dos agentes penitenciários Membros da categoria exigem reunião com o governador Beto Richa e reivindicam melhores condições de trabalho Lucas de Lavor
Cerca de 50 agentes penitenciários estão acampados em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, desde segundafeira (02). O motivo são as faltas de condições de trabalho como falta de efetivo, desvio de função e a superlotação dos presídios. Durante a manhã de ontem os agentes saíram em passeata com cerca de 200 manifestantes fazendo o trajeto da Praça Santos Andrade, Boca Maldita e Praça Ruy Bar-
bosa, distribuindo folhetins informativos que contextualizam a atual situação dos agentes penitenciários. A passeata durou das 11h às 13h, segundo o vicepresidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná Antony Johnson (Sindarspen). Os manifestantes exigem 23,37% na gratificação de risco, falta de efetivo, desvio de função, superlotação e de estrutura. Além disso, está como
pautas a realização de concurso público para que sejam contrato os profissionais adequados, evitando assim o desvio de função, e o porte de arma: “Os bandidos estão armados, e os agente p e n ite nc i ár i o s ? ” diz um cartaz fixado na lateral de uma barraca. Na terça-feira (03) houve uma reunião entre o deputado e secretário da casa civil Reinhold Stephanes (PSD), o presidente do Sindarspen e mais 200 servi-
dores, ficando defino apenas mais uma reunião em 15 dias. Antony Johnson diz que há a possibilidade de ter paralisação até mesmo greve: ”Não está descartado paralisação e até mesmo greve” declarou. Johnson afirmou que a mobilização continuará “até conversarmos com o governador”. Na próxima segunda (09), quando ocorrer uma assembleia entre os profis-
sionais da área, será feita a decisão de se haverá ou não a greve. “Vai depender da reunião com o governador” explica Johnson. Procurado pela reportagem, não houve resposta por parte da assessoria do governador. Violência
ritiba no dia 13 de março e outro no mesmo mês, no dia 18 de março, outro agente penitenciário foi assassinado no Boa Vista. Nos outros casos, em fevereiro um homem levou um tiro e se recuperou. Em março uma agente também foi atingida e passa bem.
Foram quatro registros de violência contra os agentes penitenciários esse ano: dois foram mortos, um no bairro Cidade Industrial de Cu-
Sistema educacional diferenciado ajuda no desenvolvimento de pessoas com autismo
O autismo é um distúrbio que atinge milhares de brasileiros, porém são poucas as instituições que oferecem um tratamento educacional diferenciado. Estímulos visuais são mais efetivos do que os estímulos verbais Larissa Mayra de Lima
Há 15 anos, a educadora Luciene de Oliveira Vianna decidiu trabalhar com pessoas diferentes. No mês de julho de 1998, fundou o Centro Conviver, um espaço que realiza atendimento clínico e educacional para pessoas com Transtorno Espectro Autista. Em uma época em que os autistas eram reconhecidos como “loucos”, a educadora Luciene buscou conhecimento na Faculdade de Medicina da Carolina do Norte (EUA) e trouxe para Curitiba o aprendizado adquirido. Um caso de autismo pode ser claramente diagnosticado com dois anos e meio de idade. Uma criança pode começar o tratamento educacional assim que recebe o diagnóstico. Atualmente, o Centro Conviver
atende 118 casos de autismo com diferentes faixas etárias e graus de comprometimento. Para tornar o tratamento efetivo, o sistema educacional de ensino foi totalmente abandonado e substituído pelo método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlatos da Comunicação). O método TEACCH foi construído para atender as necessidades das pessoas com autismo. Nos anos 60, no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Carolina do Norte (EUA), uma pesquisa criteriosa verificou o desenvolvimento de autistas em diferentes espaços. Nesse estudo, os cientistas verificaram que existe no perfil comportamental e cognitivo do
autista uma série de alterações que tornavam o sistema tradicional de educação ineficaz. Uma das principais descobertas foi a de que o autista aprende mais vendo do que ouvindo. Com o resultado da pesquisa, crio-se o método de ensino TEACCH, onde prevalecem informações visuais: o canal de entrada para as pessoas com autismo. Dicas e pistas visuais facilitam o processo de aprendizado. As imagens dizem como as crianças devem agir de uma forma independente. Dessa forma, é inserida a informação verbal depois do domínio visual, ao contrário dos sistemas tradicionais. A rotina é outro aspecto importante para o processo educacional.
Os autistas gostam de rotinas previsíveis, sem situações inesperadas ou novidades que possam sair do controle. Por isso, é necessário ter uma rotina de aprendizado detalhada. “Os alunos chegam à escola e já sabem o que vai acontecer até o momento de irem embora. Isso é muito importante para o autismo: diminui a ansiedade, eles ficam mais abertos para receber estímulos diferentes”, explica Luciene. Os tempos livres, tradicionais recreios, são evitados por causa da dificuldade que o autista tem em esperar e organizar o tempo. As atividades mais abertas devem ser estruturadas, tendo começo, meio e fim. “De uma maneira geral, o método atende todos
os níveis de autismo nos mais diferentes graus de comprometimento. Se a criança vai pra escola, é necessário adaptar o conteúdo ao grau de compreensão dela. Dessa forma, o educador pode trabalhar com o perfil de cada criança”, considera Luciene sobre o método TEACCH. Da escola para casa Nesse processo de estímulos visuais, o papel da família é muito importante. Para Luciene, os pais devem trabalhar como coterapeutas, dando continuidade na vida cotidiana o trabalho terapêutico realizada na escola. “Temos como método de trabalho preparálos para a sociedade, para a vida lá fora, independente do meio que essa pessoa vive.
A família tem que estar em sintonia total com o terapeuta”, explica Luciene. Professores preparados O autismo é um transtorno com muitas alterações comportamentais, o que dificulta a busca por educadores especializados. “Se você levar pelo método tradicional ou pela compreensão tradicional, tentando interpretar da sua maneira o que está acontecendo, as coisas tendem a complicar. É necessário ter a noção de que cada alteração comportamental tem um significado. Dessa forma, você consegue trabalhar com mais efetividade”, considera Luciene.
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Projeto Além Mar
A importância da leitura no desenvolvimento infantil Marta Pereira
idade: “com a leitura, as crianças acabam por falar mais corretamente, d e s e nv o l v e n d o mais facilmente a dicção”. Mas os benefícios não acabam por aqui:
o bullying, os maus tratos, o divórcio, a sexÉ neste ualidade, entre contato com outros. a realidade Por através da leitura que o mundo seu lado, Ana alarga horizon- Costa, docente tes transfor- da UFP e esmando-se o pecialista em
muito adequada à idade da criança e com uma linguagem que seja acessível.” Acima de tudo, “não explicar muito mais do que a criança vai perguntando e do que ela
“pelas imagens, eles vão descobrindo o mundo que os rodeia. Começam a descodificar tudo o que está à volta deles”, confirma a educadora.
livro infantil na ferramenta que esclarece e integra temas mais sensíveis e de difícil compreensão por parte dos mais novos como, por exemplo,
tem perceção para entender”, é a chave para esta questão, de acordo com esta docente da UFP.
Psicologia Educacional, Motivacional e Apre n d i z a ge m , refere que, ainda assim, há riscos pois, estes assuntos, devem ser tratados “de forma
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eratura infantil, quanto os livros meramente ilustrados, proporcionam o desenvolvimento do imaginário das crianças, bem como o aspeto cognitivo, desenvolvendo sua aprendizagem em diversas áreas da vida. Esta é uma iniciativa que tenta criar uma ligação entre as crianças e os livros, isto porque “os livros têm uma ação educativa na moral que se apresenta. As histórias que levamos até às nossas crianças não são histórias d e s c o nt e x t u a l izadas”, garante-nos Carla Azevedo, confirmando, ainda, o cuidado na mensagem de cada história contada: “há sempre uma preocupação em querer levar uma lição, mesmo que ainda sejam pequenos para aprender a sua totalidade”, explica. Ana Cristina Gonçalves, educadora do Espaço Pessoainhas, o infantário da Universid ade Fernando Pessoa, conferenos, também, a importância da leitura desde a mais tenra
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“É sempre um entusiasmo muito grande quando vai algum contador de histórias ao infantário” garante-nos Carla Azevedo, funcionária da Biblioteca UFP e mentora da Hora do Conto, uma iniciativa que surgiu como natural consequência “da criação de uma Biblioteca Infantil”, um compromisso da Biblioteca em “ter uma presença ativa no desenvolvimento das crianças”, explicanos. O contato com o livro e com a leitura é fundamental, desde a primeira infância, não só para apresentar as crianças aos encantamentos das letras, mas também para alargar as suas perceções e impressões do Mundo. Na Universid ade Fernando Pessoa, a ‘Hora do Conto’ incentiva a essa proximidade que tem como principal objetivo, “d e s e n v o l v e r uma capacidade criativa e muito crítica” face à realidade que os rodeia, explica Carla Azevedo, mentora da iniciativa. Na realidade, tanto os clássicos da lit-
Colunistas
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Larissa Mayra Falo de teatro Performance Art Performance: uma palavra que está em alta nos últimos meses. O caso que levantou o assunto foi um vídeo viral do documentário “Marina Abramovic: The Artist Is Present”, em que a artista se encontra com um amor antigo. A apresentação de Miley Cyrus no Video Music Awards 2013 (VMA) também fez a palavra retornar e foram várias as matérias e comentários sobre a “performance” dela. Porém, o que difere os dois exemplos? Para isso, vamos falar sobre a performance como arte. Ao ouvir esse termo, intuitivamente me veem a mente algo inovador, quase de outro mundo. Porém,
essa sensação de atualidade não condiz com os dados históricos ligados à performance. No final século XIX, na Europa, um movimento cultural retomou as questões da corporeidade. Essa tendência se estabeleceu e se expandiu durante o século XX. Com essa pesquisa, o corpo humano assume o centro das atenções, transformando-se em obra de arte. No mesmo período, representantes de diferentes artes iniciam um reestudo dos objetivos da arte. A união desses caminhos resultou nos trabalhos ligados à Body-Art, aos Happenings e também à performance. Nas fases ini-
ciais dos estudos performáticos, o artista se dedicou à investigação do corpo, tendo como foco o processo de trabalho, realizado através de improvisações, movimento do corpo. Com isso, métodos de investigação do corpo integram-se à criação artística. O surgimento das performances é considerado uma reação contrária ao mundo desenvolvido predominantemente pela palavra escrita. Somente a partir de 1990 a palavra é novamente integrada às performances. Para Erika FischerLichte, pensadora alemã, esse novo tipo de arte representou “uma inversão das posições
dentro da hierarquia: do mito para o ritual, do texto literário para a apresentação teatral”. Com essas mudanças, o público é retirado da sua posição de espectador e tornar-se parte da obra. Nesse ponto, podemos ver a diferença da performance de Marina Abramovic, em que cada pessoa tem a possibilidade de sentir a sensação de um olhar para a performance de Miley Cyrus, em que o discurso já foi definido e o público só tem o direito de ver. Outra característica da performance art é a utilização de espaço e disposições cênicas não usuais, revelando uma nova perspectiva estética. Isso se torna
bastante significativo quando você está andando na rua e percebe algo diferente. O cérebro quase trava, pois o olhar não está acostumado com aquela imagem ou corpo “estranho”. Compreender uma performance é algo quase impossível. Isso acontece porque esse tipo de arte se preocupa com o vivenciar, participar, construir conjuntamente o evento. A arte pode se unir à vida das pessoas e cada experiência se torna algo único. # Dica: Na Bienal de Curitiba, que teve inicio no dia 31 de agosto e vai até 1º de dezembro, diversas performances estão programadas. Se você
nunca participou de uma performance, essa pode ser a sua chance! Acesse a programação aqui (http:// www.bienaldecuritiba. com.br/programacao). Não assistiu o vídeo da Marina Abramovic? Clique aqui. (https://www.youtube. com/watch?v=_CMoHGondU8) Não assistiu a apresentação da Miley Cyrus no VMA? Clique aqui. (http://www.mtv.com/ videos/misc/942064/ we-cant-stop-blurredlines-give-it-2-u-medley.jhtml)
João Dusi Referência da referência Une saison en enfer Seja “Uma Temporada no Inferno”, pela tradução de Paulo Hecker Filho, ou “Uma Estadia no Inferno”, pela aclamada tradução de Ivo Barroso, Arthur Rimbaud se eleva em qualquer aspecto. Optei por Une saison en enfer, o original, talvez para soar mais sofisticado. Deu certo? Nem adianta eu tentar enganar a ti, leitor, muito menos a mim mesmo: serei absolutamente secundário nesse artigo. Veja, não há como se destacar quando o tópico é Rimbaud, que com seus 12 anos de idade enviou poemas em latim para a primeira comunhão do Príncipe Imperial. Je an - Ni c ol a s - A r t hu r Rimbaud é seu nome completo. Nasceu em Charleville, França, em 1854. Se com 12 tinha a atenção do Príncipe,
com 13 anos já tivera poemas publicados em latim e francês. Seu ímpeto e genialidade foram tão marcantes que o sufocaram: renegou os versos – quiçá a si mesmo – com apenas 21 anos, após concluir os poemas que compõem a obra nomeada Iluminações. Pode-se dizer que seu rompimento com a poética não foi das mais sutis. Foi ríspido. Reza a
lenda que numa reunião de intelectuais da época, o poeta maldito subiu e mijou sobre a mesa, na frente de todos, praguejando contra os intelectualóides daquela geração. Estava feito. É muito arriscado dizer que foi uma despedida em grande estilo? De qualquer modo, digamos que não existe somente ódio na vida desse infante promis-
sor. Paul Verlaine era um poeta renomado da época e tivera acesso ao conteúdo produzido pelo jovem promissor. Não hesitou em acolhêlo junto aos grandes. Verlaine fora seu confidente e amante por tempo considerável, tendo abandonado a casa que habitava com a esposa, filho e com os sogros para se render à lascívia do gênio púbere. Mas como se tudo acontecesse com uma rapidez incrível para Rimbaud, como se sua medida de tempo não fosse a mesma de um mero mortal, tão cedo resolveu romper com Verlaine, em Bruxelas. Furioso, Paul disparou dois tiros contra seu agora inimigo. Um deles esfolou o pulso esquerdo do alvejado. Foi julgado e condenado a dois anos de prisão. Rimbaud estava livre
em todos os sentidos, e aproveitou seu momento de rompimento para relatar sua temporada no inferno. Para fechar com chave de ouro: reza a lenda que tempos depois eles voltaram a se encontrar, no que Arthur arrebentou sem piedade seu antigo parceiro, deixando-o estendido no chão gelado. Sem culpa, abandonou seu passado e seguiu errante. O barco bêbado. Candidata-se a servir o exército Holandês, peregrina pela Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica. Rompe com a Europa e vai de corpo e alma à África, estabelecendose na Etiópia. Trabalha com peles e cafés e traficando armas. Sua busca, agora, era pelo ouro. A poética não mais o interessava e o contato que mantinha com a Europa era por meio de
cartas enviadas à mãe. Em uma delas, inusitadamente diz que os habitantes da abissínia soam mais confiáveis e civilizados que os europeus, e sugere que já não consegue se enxergar como um francês. Infelizmente, porém, seria logo obrigado a retornar para a terra que parecia querer tanto amar que repugnava. Voltou ao seu país de origem devido a um carcinoma (tumor maligno) no joelho. Ficou sob os cuidados de sua irmã, Isabelle, e precisou ter a perna amputada. Não obteve sucesso na recuperação. Tornou-se, enfim, o inválido que sempre pareceu ser já em vida. Deixou-nos em novembro de 1891, aos 37 anos de idade, em Marselha.
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NOTÍCI ANTIGA Madre Tereza de Calcutá foi uma religiosa de etnia albanesa, nascida no Império Otomano, e naturalizada indiana. Foi beatificada pela Igreja Católica em 2003, com a ocorrência de um milagre que teria curado uma indiana
que sofria de um tumor no estômago. Em 1979 ganhou o Prêmio Nobel da Paz além de ter sido responsável pela fundação da congregação “Missionárias da Caridade”. Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco.
O que fazer em Curitiba? Exposição “Consiente do Inconsciente” no MASAC De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi. Museu de Arte Contemporânea Até dia 23 de setembro no Museu de Arte Contemporânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) ficam as exposições “Cor, Cordis”, com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná; e axposição “Lugar inComum”, das artistas Erica Kaminishi, Julia Ishida e Sandra Hiromoto. Informações: (41) 3323-5328 e 3323-5337. Teatro Novelas Curitibanas De 23 de agosto a 29 de setembro, no Teatro Novelas Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti,1222 – São Francisco), tem apresentação do Espetáculo teatral Cronópios da Cosmopista – Um antimusical psicodélico, do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio. Informações: (41) 3222-0355.