Lona 840 - 02/10/2013

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Notícia Antiga No dia 02 de outubro de 1992 , Fernando Collor de Mello renuncia ao cargo da presidência.

Edição 840

Curitiba, 02 de outubro de 2013

lona.redeteia.com

Obras da Arena são embargadas

Lucilia Guimarães

A decisão foi feita pelo Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) e expedida pelo Ministério Público do Trabalho do Estado do Paraná. Um relatório apontou irregularidades e brechas nas medidas de segurança, oferecendo risco grave aos operários. Aproximadamente 900 operários devem estar parados hoje.

Katie Muller

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No ar, Toni Casagrande Quando criança, Toni descobriu que queria ser escritor. Por influência do pai, que sempre foi ávido por notícias, e apões pesquisar a biografia de seus autores favoritos, escolheu o jornalismo como profissão. Hoje, constrói carreira no radiojornalismo e já publicou quatro livros.

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Opinião Editorial

Censura

Por onde anda?

“É de conhecimento geral que aqueles que denunciam traficantes estão sujeitos a ações de violência.”

“Será mesmo justo privar o povo de informações sobre a Operação Boi Barrica? Ou mesmo acompanhar as investigações do CNJ contra um possível corrupto?”, Lucas de Lavor

O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluno Jeferson Leandro Nunes.

Colunistas

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MPB

Teatro

“ O compositor semianalfabeto e de origem pobre, foi um gênio diante as suas composições que eram escritas, em sua maioria, inspiradas em acontecimentos urbanos,” Halanna Aguiar.

“Com R$ 50,00 a

mais no bolso, supostamente as pessoas teriam acesso à cultura. Acho interessante essa proposta de democratização da cultura,” Larissa Mayra.


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Editorial

Major, isso vai dar m... O título deste editorial é uma referência a um dos maiores ícones da cultura pop brasileira, o filme Tropa de Elite. A obra foi aqui evocada, pois, ao ler as últimas notícias do caso do pedreiro Amarildo, é muito difícil não se lembrar das peripécias do capitão Nascimento. Segundo apurado pelo inquérito, Amarildo de Souza foi asfixiado com sacos plásticos e eletrocutado, tortura que não esteve presente no filme.

O objetivo das torturas ao pedreiro não era pegar o baiano e, sim, exigir informações sobre a localização de armas e traficantes na parte baixa da favela da Rocinha. Coincidência ou não, o responsável pela operação, o major Edson Santos, recebeu treinamento do BOPE. Para o azar dos policiais, Amarildo sofria de epilepsia e não suportou as torturas as quais foi submetido. Os oficiais envolvidos estão sendo indicia-

dos, os mesmos alegam inocência. A história de Amarildo é um reflexo da situação da violência e do tráfico de drogas no país inteiro, ainda que o Rio de Janeiro acabe tendo as tragédias expostas com mais frequência. As investidas militares contra o tráfico (que são necessárias) têm como efeito colateral danos ao bem estar dos inocentes que estão próximos aos combates.

Formei-me no ano passado (é, pouco tempo), mas já fiz bastante coisa no jornalismo. Durante o curso, aproveitei algumas oportunidades que, vocês, alunos, não devem perder para não arrependerem-se depois. Tive a sorte de poucos, não comum aos jornalistas, de sair da faculdade com emprego garantido, graças a uma forcinha de um professor. Fui contratado para ser repórter de rádio na Agência de Notícias

Expediente

O habitante da favela se vê mais seguro sob a proteção do traficante do que sobre a da lei. Enquanto os criminosos conseguem manter a comunidade funcionando, os policiais são aqueles que chegam trazendo a

desordem e o terror para os lares. Como fica bem explicado nos dois filmes do diretor José Padilha. Essas operações necessitam de testemunhas, e testemunhas necessitam de segurança. Enquanto for mais seguro contar com os traficantes do que com a polícia, vai ser impossível realizar o sonho de ver favelas verdadeiramente pacificadas.

do Paraná, que divulga notícias (milhares) relativas ao governo do Estado. Comecei como repórter, cobrindo pautas, fazendo matérias, plantões de fim de semana – peço desculpa aqui por acabar com o sonho de muitos alunos de ter os fins de semana livres; não, não acontece conosco – e muita locução. Hoje, faço um trabalho diferente. Fui “promovido” a correspondente de rádio de 50 emissoras do Paraná. Faço boletins noticiosos ao vivo para todas elas.

Tempo, temperatura, aeroportos e duas ou três notícias. Tudo em dois ou três minutos, no máximo. Poderia escrever páginas sobre a experiência que tive, tenho e pretendo ter aqui. Mas até voltando ao jornal da faculdade, sou tolhido pelo limite de caracteres que, no rádio, é tempo. E tempo é dinheiro. Como não entendo desse último, fico por aqui!

Lucas de Lavor

Sentado, calado... e “TV Clube”, os três em Pernambuco. A “Gazeta do Povo”, por quase uma semana, foi impedida de noticiar o andamento da investigação que o Conselho Nacional de Justiça faz de Clayton Camargo, com presidência conturbada do Tribunal de Justiça do Paraná. Já os noticiários pernambucanos ficaram impedidos pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Guilherme Uchoa, de informar sobre um possível tráfico de in-

ciais em estabelecer relações de confiança com os civis. A outra parte vem da falta de proteção às testemunhas. A legislação acaba protegendo o bandido e expondo os inocentes.

Jeferson Leandro Nunes

Por Por Onde Onde Anda? Anda?

A censura de jornais no Brasil no século XXI não surpreende muita gente que se limita a balançar a cabeça em sinal negativo e falar “que esse Brasil não tem jeito mesmo”. Em 2010 (debatido até 2012) o jornal “O Estado de São Paulo” foi impedido de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica. Em 2013, tivemos mais quatro casos: o jornal “Gazeta do Povo”, em Curitiba; o “Jornal do Commercio”, “Diário de Pernambuco”

É de conhecimento geral que aqueles que denunciam traficantes estão sujeitos a ações de violência. Mesmo com investigações brutais por parte da polícia, o medo de denunciar os criminosos poderosos não consegue encontrar rival a altura. Os detentores de informações importantes não conseguem encontrar confiança para delatar traficantes. Parte dessa desconfiança é a inegável falta de habilidade dos poli-

fluência que Uchoa estaria ligado. Lembrando que o mesmo foi quem disse não ligar por ter reportagens sobre ele, já que nem 1% de seus eleitores leem jornal. Para estudantes, profissionais da área ou mesmo curiosos do jornalismo, sabem da clássica e irrefutável frase de Biil Kovach e Tom Rosenstiel em “Os Elementos do Jornalismo” que diz sobre o jornalismo: “Fornecer informação às pessoas para que estas sejam livres e

capazes de se autogovernar”. Mesmo para quem não se interessa por jornalismo, também tem certa noção do início da imprensa no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro” que servia como meio de divulgação da corte havia outros jornais, mas eram submetidos a censura quando o conteúdo era considerado impróprio-. Em um país que a imprensa surgiu em um berço duvidoso, censura no século XXI não espanta. A Esfera Pública, con-

ceito trabalhado por Habermas, não teve aqui no Brasil. Cafés, restaurantes, bares: esses lugares de confraternização, onde se reuniam viajantes que traziam notícias de diversas partes do mundo no século XVII, simplesmente não ocorreu aqui. O que tivemos foi a AI-5, jornais vendidos como “A Noite” e periódicos falidos como “A Tribuna da Imprensa”. Relembremos: “Fornecer informação às pessoas para que estas sejam

Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Da Redação Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

livres e capazes de se autogovernar”. Será mesmo justo privar o povo de informações sobre a Operação Boi Barrica? Ou mesmo acompanhar as investigações do CNJ contra um possível corrupto? Ao menos com isso, o “povo que não lê jornal”, devidamente conscientizado, deverá saber em quem não votar nas próximas eleições, ou o que reivindicar em outras manifestações.


Notícias do Dia

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Obras na Arena da Baixada são paralisadas Paralisação se deve a falta de segurança constada pela GMAI, grupo que fiscaliza grandes obras no Brasil. A empresa responsável CAP S/A, caso não cumpra a decisão, poderá ser multada em até R$500 mil reais por dia

Lucas de Lavor

são de uma Ação Civil Público ajuizado pelo Ministério Público do Trabalho. O último relatório entregue pela CAP S/A revela que 78,90% das obras no estádio foram concluídas. Caso as medidas de segurança impostas pela GMAI não sejam cumpridas, a CAP S/A deverá arcar com uma dívida de R$ 500 mil por dia. Para isso, um oficial de justiça já encaminhou uma liminar que, caso a decisão não seja cumprida, a empresa será multada. A decisão do embargo, que foi tomada ontem, institui a paralisação de aproximadamente 900 operários que trabalham na obra a quase 90 dias da data limite imposta para a entrega

Lucilia Guimarães

As obras da arena da baixada, estádio Joaquim Américo, foram paralisadas por determinação de embargo imediato do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR). A decisão foi expedida pela procuradora do Ministério Público do Trabalho do Paraná, Marília Massignan e atendida pela Juíza do TRT Lorena de Mello Rezende Colnago da 23º Vara do Trabalho de Curitiba. Um relatório elaborado pelo Grupo Móvel de Auditoria de Condições de Trabalho em Obras de Infraestrutura do Ministério do Trabalho e Emprego (GMAI), que avalia grandes obras em todo o Brasil, foi o motivo de uma deci-

da obra. Em nota oficial, um destaque do relatório diz que “o grave risco de soterramento de trabalhadores, atropelamento e colisão, queda de altura e projeção de materiais, dentre outros graves riscos”. Uma audiência está marcada para a próxima sextafeira (04) entre a CAP – Arena dos

Paranaenses e o Ministério Público do Trabalho. Estádios No site oficial do “portal2014.com”, a Arena da Baixada consta com Status da Obra como “verde”, ou seja, que as obras estão seguindo o cronograma previsto. Porém a paralisação da obra foi feita a pouco menos de 90 dias

da data estipulada de entrega: 31 de dezembro. Além de que a Arena da Baixada é a que está com menor porcentual de progresso com os 78,90%. Os estádios que já foram entregues são: Estádio Castelão, em Fortaleza (CE); o Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ); a Arena Fonte

Nova, em Salvador (BA); o Mineirão, em Belo Horizonte (MG); O Mané Garrincha em Brasília (DF) e a Arena Pernambuco (PE).

TJ retira pedido de aposentadoria de Clayton Camargo A decisão foi de Paulo Vasconcelos que se justificou que estaria obedecendo a determinação do Conselho Nacional de Justiça Lucas de Lavor

O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) requereu ontem (03) ao Tribunal de Contas do Paraná, o pedido de aposentadoria do ex-presidente da corte Clayton Coutinho Camargo, que havia solicitado no último dia 23. O presidente interino do TJ, Paulo Vasconcelos, justificou a atitude por estar

cumprindo uma decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que investiga Clayton por suspeita de tráfico de influência e suspeita de interferência na eleição do seu filho, ex-deputado Fábio Camargo, para conselheiro no Tribunal de Contas do Paraná e participação na venda de sentenças.

Clayton Camargo havia pedido aposentadoria por motivos de saúde, mas foi suspensa CNJ a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Contando, o pedido ainda tramitava nos processo estava sendo averiguado em um procedimento normal, assim como ocorre em todos os pedidos de aposentadoria

de funcionários públicos. Para o MPF, Clayton estaria fugindo das investigações para evitar um possível processo disciplinar no CNJ. Eleições Está marcado para amanhã (03) as eleições para o novo presidente da corte do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR). No total, são cinco desembarga-

dores que se candidataram para o cargo que ocupará até janeiro 2015, data que marcaria o final do mandato de Clayton. As inscrições foram encerradas na segunda-feira (30). Concorrem a vaga de presidente os Desembargadores: Antenor Demeterco Júnior, Sérgio Arenhart, Miguel Thomaz Pessoa Filho, Rob-

son Marques Cury e Guilherme Luiz Gomes. Desistência O Desembargador Luiz Sérgio Neiva de Lima Vieira desistiu de concorrer a presidência do TJ. Em nota oficial, o motivo seria de “desprendimento” e “em prol da unidade do Tribunal”.


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Geral

“Eu, você e o Sucesso” Jornalista, escritor e poeta: faces escondidas de um jornalista apaixonado pela profissão. Perfil de Toni Casagrande Ana Flávia Bello

Nascido em 16 de julho de 1968, na cidade de Arapongas, no interior do estado, Toni Casagrande desde pequeno teve ligações fortes com o jornalismo. Seu pai era viciado em informações e assistir ao Jornal Nacional era regra imprescindível em sua casa. Todo o vício em informações do pai levou Toni a procurar saber de onde vinham todas aquelas informações, quem as repassava e como chegavam até as pessoas, por isso, foi procurar emprego em uma emissora de rádio, aquela que seu pai escutava durante todo o dia. Com 16 anos foi contratado para trabalhar na recepção da rádio, “Eu até fiz o teste para ser locutor, mas fui tão mal, mas tão mal, que me mandaram pra recepção”. Um dia, um dos repórteres que participava do programa faltou e Toni teve a grande chance de, pela primeira vez, participar da apuração e da divulgação das notícias. “A sensação foi incrível, tudo que eu escrevia para ser veiculado eu pensava no meu pai escutando, sem saber que, no fundo, quem escrevia tudo aquilo era seu filho. Me apaixonei e decidi que

era aquilo que eu queria fazer pelo resto da vida.” Com o tempo foi ganhando espaço e aparecendo aos poucos nos noticiários, até ganhar seu primeiro programa o “Eu, você e o Sucesso” que era veiculado sábados e domingos. Quem conhece Toni Casagrande hoje não imagina que o caminho para a chegada até o rádio foi muito difícil. Um garoto tímido que mal conseguia apresentar um trabalho de escola na frente da turma se tornou um dos maiores comunicadores do Paraná usando aquilo que menos apreciava em si: sua voz. “Eu queria ter guardado minha primeira locução, porque era horrível demais. Eu a usaria para mostrar para as pessoas que estão começando que é possível sim conseguir melhorar e obter bons resultados se tiver muito esforço e dedicação.” Cursou a faculdade de jornalismo e seguiu sempre no caminho do rádio. Passou por emissoras como Rádio Clube, CBN e BandNews, coordenando equipes de reportagem e fazendo ancoragem do jornal nas duas últimas. “Acho que uma das coisas que eu

melhor sei fazer é liderar equipes. Não querendo mostrar demais ou dizendo que sou melhor do que ninguém, mas consigo deixar as pessoas à vontade para trabalhar e as coisas fluem com muita facilidade.” Foi casado três vezes. O mais duradouro foi o primeiro, que durou oito anos. Não tem filhos, mas cultiva diversos amigos que considera como grandes filhos na sua vida. “Tenho a impressão que o fato de não ter filhos de sangue me aproximou muito mais das pessoas que chegaram perto de mim. Tenho estagiários e ami-

gos mais novos, lá com seus 20 e poucos anos, que me pedem conselhos e agem como se eu realmente fosse o pai deles. Isso faz com que eu me sinta parte da família e queira sempre estar tendo mais e mais filhos por aí.” O escritor Uma das facetas escondidas por trás da voz de Toni Casagrande é a sua paixão pela escrita. Começou quando ainda era pequeno, por volta dos 10 ou 11 anos quando uma professora pediu para que escrevessem uma redação. Ao contrário de seus colegas de turma, Toni escreveu mais de

quatro páginas do caderno em uma história que envolvia heróis, vilões e até um monstro. Quando terminou de escrever, sentiu-se apaixonado. Começou a pesquisar o que grandes escritores tinham feito para que se tornassem escritores e descobriu uma coisa em comum entre eles: todos já haviam passado por uma redação de jornal. Esse foi então seu incentivo para escrever tanto de forma jornalística como de forma literária. Quatro livros seus já foram publicados, todos eles com histórias de ficção e muito doidas. “O

que eu mais gosto quando se trata de escrever é pode falar do que eu quiser. É bom às vezes fugir um pouco da realidade e pensar e criar coisas que não tem nenhum tipo de sentido.” Além dos livros, ele também escreve poesias. A maioria delas fala sobre o amor, mas também faz algumas direcionadas especialmente para pessoas próximas que estão com algum tipo de receio ou problema. “Na poesia eu encontro a forma mais simples de mostrar que nada é tão ruim que não possa melhorar, tudo no final tem um lado bom, é só saber procurar bem.”


Colunistas

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Halanna Aguiar Samba, choro e afins A arte de Wilson Batista No ano do seu centenário, o percursor do samba urbano, Wilson Batista, recebeu diversas homenagens por todo o país, uma vez que quando o sambista é grande e fez história, ele não pode ser esquecido. O compositor semianalfabeto e de origem pobre, foi um gênio diante as suas composições que eram escritas, em sua maioria, inspiradas em acontecimentos urbanos. Boêmio nato, Wilson chegou ao Rio de Janeiro com 16 anos e logo passou a conviver com vários compositores, virou amante das zonas de prostituição e frequentava as rodas de samba na Lapa, até se tornar um autêntico sambista carioca. Mesmo sem ter frequentado a escola, o mestre compôs mais de 600 músicas, entre sambas e marchinhas, além das letras que foram vendidas para a sua sobrevivência.

Atualmente, muitos dizem que Wilson Batista só permanece em nossa memória decorrente da grande polêmica que manteve com Noel Rosa. No início de sua carreira, o compositor teve a felicidade de ter a sua letra “Lenço no Pescoço” ser interpretada pelo cantor Sílvio Caldas, canção que dizia assim: “Meu chapéu do lado/Tamanco arrastando/Lenço no pescoço/Navalha no bolso/Eu passo gingando/Provoco/Desafio/Eu tenho orgulho em ser vadio.” Logo após ter se encantado por uma dançarina de cabaré, da qual Noel Rosa também se apaixonou, os dois iniciaram uma briga musical. Após perder a dançarina para Wilson, Noel escreveu um samba chamado “Rapaz Folgado” em ironia a canção “Lenço no Pescoço”: “Deixa de arrastar o teu tamanco/Pois tamanco

nunca foi sandália/E tira do pescoço o lenço branco/Compra sapato e gravata/Joga fora esta navalha que te atrapalha.” Os dois continuaram trocando farpas, Wilson não deixou barato e escreveu “Mocinho da Vila: Você que é mocinho da Vila/Fala muito em violão/Barracão/E outros fricotes mais/ Se não quiser perder o nome cuide do seu microfone/E deixe quem é malandro em paz/Injusto é seu comentário/Falar de malandro quem é otário/Mas malandro não se faz/Eu de lenço no pescoço desacato/E também tenho o meu cartaz.” E Noel rebateu com “Palpite Infeliz: quem é você que não sabe o que diz?/ Meu Deus do Céu/ Que palpite infeliz”. Depois de toda essa implicância, um ano antes da morte do Noel Rosa, os dois se encontraram e compuseram juntos a

canção “Deixa de Ser Convencida: deixa de ser convencida/todos sabem qual é teu velho modo de vida/.../ conheço muito bem acrobacia/por isso não faço fé/em amor de parceria/muita medalha eu ganhei.” Nada a comentar sobre essa incrível parceria, gênios. Porém, com a chegada da Bossa Nova, Wilson se tornou um compositor “fora de moda” e acabou caindo no esquecimento. Tenho a certeza que para aqueles que sempre consideraram Wilson como um dos melhores compositores, seu nome jamais foi esquecido. Maestro da caixinha de fósforo, as canções do mestre abrilhantam nossas rodas de sambas até hoje, como: “Oh! Seu Oscar”, “Louco (Ela é seu mundo)”, “Emília”, “O Bonde São Januário”, “Rosalina”, “Mundo de Zinco”, entre outras brasas. O Samba

do Sindicatis, recentemente homenageou esse grande nome da música brasileira, onde várias composições de Wilson foram interpretadas. O Sindicatis é a prova viva de que o cantor não se mantém vivo em nossa memória somente pela polêmica com

o Noel. Em todas as rodas que presenciei, nenhuma delas passava sem as canções do mestre, que eram cantadas com muita emoção. Portanto Wilson Batista jamais entrará no esquecimento.

para pagar o ingresso é uma atitude pessoal. Não fechar as portas da cultura somente para os “entendidos do assunto” pode ser uma atitude dos próprios artistas para a difusão da experiência com a arte. Por fim, queria compartilhar um trecho de uma reportagem sobre o Vale Cultura, do site argentino La Fábrica Porteña, que diz o seguinte: “Do ponto de vista simbólico, a atividade cultural faz com que a memória e a identidade dos povos, o direito à liberdade de expressão e diversidade de vozes.

Sua importância estratégica em termos de património cultural é o que torna a atividade, independentemente ou em paralelo com a circulação de mercadorias, objeto de política pública.” (Leia a matéria completa aqui!) http://lafabricaportena.com/ cultura/vale-culturaluna-propuesta-desubsidio-al-consumode-bienes-culturalespara-democratizar-elacceso/#.UkQr0YasiSo FIM!

Larissa Mayra Falo de Teatro

Vale-Cultura e a falta de dinheiro

Na segunda-feira (23), o Ministério da Cultura anunciou a abertura do cadastramento das empresas interessadas em oferecer o Vale-Cultura aos seus funcionários. Aprovado em dezembro de 2012, a proposta do governo federal pretende incentivar o consumo de bens culturais diversos. Com R$ 50,00 a mais no bolso, supostamente as pessoas teriam acesso à cultura. Acho interessante essa proposta de democratização da cultura. O que me incomoda é essa relação de cultura e dinheiro. Quanto mais grana você tem, mais “culto”

você é. Nesse contexto, que tipo de cultura está sendo disseminada? Será possível ter acesso à cultura pelo simples interesse pela mesma, sem gastar nenhum quinhão? Vamos pensar! Nem sempre eu tenho grana (e tempo!) para ir ao teatro. Dessa forma, preciso me organizar de acordo com o que é mais acessível ao meu orçamento. Em Curitiba, já sei os lugares que cobram um preço camarada no ingresso (normalmente porque a peça também possui patrocínio do governo). No Teatro da Caixa, a meia-entrada é

no máximo R$ 10,00. Já no Teatro Novelas Curitibanas, as apresentações normalmente são gratuitas, pois as montagens são mantidas pela prefeitura. Enfim, sempre há uma forma de entrar em contato com os “bens culturais” se você fizer um pouco de esforço. Por outro lado, tem peças que nem cogito ir assistir por causa do valor do ingresso. Se a apresentação é no Teatro Positivo, se prepare para a facada! Já vi muitas pessoas comentarem isso antes mesmo de verificar o valor do ingresso. Nesses casos, haja vale cul-

tura para ver o musical americano badalado e isso não significa que eu não tenha vontade de assistir ao musical americano badalado (tem alguns que tenho muita vontade!), mas o preço do ingresso acaba limitando o público que tem acesso ao “bem cultural” e assistir ao espetáculo também se torna uma forma de ostentação. O Vale-Cultura é um passo adiante para o processo de inclusão cultural, porém não é o único capaz de melhorar esse aspecto. Não ter vergonha de estar sem grana e mesmo assim contar as moedas


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NOTÍCI ANTIGA No dia 02 de outubro de 1992, Fernando Collor de Mello, presidente do Brasil no período, reunúncia após sofrer impeachment no dia 29 de setembro do mesmo ano. Fernando Collor é um político, jornalista, economista, empresário e escritor. Foi governador do estado de Alagoas de 1987 a 1989, e foi prefeito de Maceió

de 1979 a 1982. Considerado o presidente mais jovem da história do Brasil (tinha 40 anos de idade na época), foi eleito por voto direto do povo logo após o Regime Militar. Implantou em seu governo o Plano Collor, e abriu o mercado nacional às importações. Apesar da boa aceitação do plano, Collor conseguiu apro-

fundar a recessão econômica pela qual o país passava. Seu governo ainda foi marcado por denúncias de corrupção, as quais envolviam seu tesoureiro Paulo César Farias. Esses fatos culminaram em um impeachment, projeto que quando aprovado fez com que o presidente renunciasse ao cargo.

O que fazer em Curitiba? Galeria Teix De 5 a 30 de setembro, na Galeria Teix (Rua Vicente Machado, 666), fica a exposição “Quanto um Chapéu de Palha”, e reúne 11 obras inéditas em tecido, bordadas e pintadas à mão do artista Alexandre Linhares. Informações: (41) 3018-2732. Exposição “Consciente do Inconsciente” no MASAC De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi. Memorial de Curitiba Até dia 3 de novembro, no Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico) fica a exposição “Curitiba Protesta”. As recentes manifestações populares que tomaram conta das ruas de todo o país são tema da exposição Curitiba Protesta. Integram a mostra 60 imagens feitas por fotojornalistas que acompanharam as manifestações, apresentando um recorte visual dos principais momentos dos atos que lotaram ruas e avenidas do centro da capital. Entrada franca. Informações: (41) 3321-3328.

III Semana

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