Lona 872

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

lona.redeteia.com

Ano XV > Edição 872 > Curitiba, 14 de abril de 2014

Estudantes voltam ao Brasil por falta de proficiência EDITORIAL “Apenas no Paraná, 3,5 mil toneladas são irregularmente descartadas todos os dias.” p. 2

OPINIÃO

Cenas de racismo são cada vez mais comuns no futebol brasileiro

Em um país feito de misturas raciais têm sido cada vez mais comum presenciar cenas de preconceito relativas à cor de juízes e jogadores p. 4

“Nós somos o país com a alegria estampada no rosto. Somos, sim, o país do carnaval.” p. 2

#PARTIU Festival Varilux de Cinema Francês traz mostras do cinema estrangeiro a preços acessíveis p. 6

Foto: Arquivo UOL

Após seis meses para aprender inglês, 110 estudantes do programa Ciência Sem Fronteiras são obrigados a retornar ao Brasil por não p.3 atingirem a nota mínima do teste de proficiência na língua COLUNISTAS Jorge de Sousa “Em plena época de formação de campanhas eleitorais, tais problemas podem custar a reeleição de Dilma Roussef no comando do país.” p. 5

Igor Castro “Muitos famosos que hoje têm suas vidas atreladas ao mundo da música e do cinema poderiam muito bem ter atuado em uma das grandes ligas dos esportes americanos. “ p. 5


LONA > Edição 872 > Curitiba, 14 de abril de 2014

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EDITORIAL

Somos todos seres humanos da Ilha das Flores O roteiro de Jorge Furtado é de 1989, mas a temática nunca esteve mais atual: com apenas quatro meses do prazo limite para que o lixo doméstico não seja mais despejado em lixões, 53% dos municípios paranaenses ainda não implantaram sistemas adequados de aterramento sanitário. A justificativa? Falta de condições financeiras, é claro. O Governo Federal joga para o Estadual, o Estadual de volta para o Federal, e assim ficamos, em um ciclo vicioso que ninguém ousa quebrar para resolver um problema tão urgente como de fato é o descarte adequado do nosso lixo. Apenas no Paraná, 3,5 mil toneladas são irregularmente descartadas todos os dias. Com mais peso do que os números absurdos apresentados, apenas os aspectos humanos envolvidos no problema. Não basta apenas encerrar as atividades dos lixões, é preciso procurar alternativas para os espaços abertos deixados pelos mesmos, e para as marcas que ficam nas populações locais. Lembremos do Aterro Sanitários de Curitiba, também conhecido pelo nome do bairro que habitava, o Caximba. Após 21 anos em funcionamento, o local foi fechado há mais de um ano. Mais de 365 dias se passaram e até agora a população – já abandonada e esquecida – continua exatamente na mesma situação. Não há ruas, não há saneamento básico. Nem mesmo internet chega ao local. Como cumprir promessas de tornar o aterro um ponto produtor de energia a partir de gás metano ou ainda, um parque? Como aquecer com esperança os corações de moradores que têm suas vidas literalmente envoltas em lixo? Como resolver o problema do lixo em 399 municípios, se a maior preocupação governamental é eximir-se de culpas? A palavra “lixo” é definida pelo dicionário Michaelis como “sm 1 Aquilo que se varre para tornar limpa uma casa, rua, jardim etc. 2 Varredura. 3 Restos de cozinha e refugos de toda espécie, como latas vazias e embalagens de mantimentos, que ocorrem em uma casa. 4 Imundície, sujidade.”, e define bem a maneira como o governo tem tratado um assunto de tamanha importância. No fundo, somos todos seres humanos da Ilha das Flores: alimentandonos de restos de políticas públicas recusadas até mesmo por porcos.

OPINIÃO

Olê, Olé, Olá, Brasileiro ama reclamar! Davi Carvalho

No dia 23 de janeiro a FIFA revelou ao mundo quem seriam os cantores que gravariam a música oficial da Copa. O Brasil seria representado por Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull. Logo começaram as críticas: “Por que não Ivete?”, “O que tem a ver Pitbull com o Brasil?” ou “NÃO VAI TER COPA” e outros bordões. ‘We Are One (Olê Olá)’, o aguardado single, foi revelado ao mundo e logo os brasileiros voltaram a reclamar: faltou samba e as melodias da Bossa Nova, alguns insistem na Ivete Sangalo – até em Chico Buarque, pasmem! -, a letra não diz “nada-com-nada”, a representante brasileira tem uma participação coadjuvante, Pitbull repete a fórmula do “mais do mesmo”, Shakira e seu ‘Waka Waka’ continua sendo melhor, ‘y otras cositas más’. A música é contagiante e tem o refrão pegajoso “Olê, olé, olá” muito bem explorado pelos compositores Redone, Dr. Luke, Sia Furler – ima-

gine o coro de milhares de vozes nos estádios. A mensagem é de união “Mostre ao mundo de onde você é/mostre ao mundo que somos um” e ainda assim Claudia Leitte parece meio intrusa na festa promovida por Pitbull e Jennifer Lopez. À canção falta ‘brasilidade’ mesmo estando ela por lá cantando em português, representando a “língua nativa”.

Como diria Chico Buarque “O que será, o que será?”. Daqui a pouco sai o clipe da canção e “o que será” é a reivindicação sobre o excesso de mulatas requebrando entre plumas e paetês; a banalização da mulher brasileira; a má propaganda do país; sensacionalistas dizendo que nosso principal produto exportado é o carnaval, a nudez, corpos pintados, e por aí vai.

No início muito se falou da própria escolha do país como sede da Copa, eram questionamentos sobre como sediar um evento de grande porte em um país que mal caminha com suas próprias pernas; receber um grande número de pessoas sem estrutura para tanto; hospitais em péssimo estado; educação precária; violência nas ruas e #acopanãomerepresenta. Agora, parece que o brasileiro esqueceu-se de tudo, comprou a idéia e o único problema é a música da Copa.

Nós somos o país com a alegria estampada no rosto, nós somos o país que cresce. Somos, sim, o país do carnaval. Sim, nós somos um e somos o país da Copa. Não, não somos o país do “Waka Waka”, mas somos do “Lepo Lepo”. Brasil, não queremos agora sermos velhos ranzinzas, não é? “É meu, é seu, hoje é tudo nosso. Quando chama o mundo inteiro é pra mostrar que eu posso. Torcer, chorar, sorrir, gritar! Não importa o resultado, vamos extravasar” – adverte Claudia Leitte em We are One (Olê Olá). Vem, Brasil, vai ter Copa!

Charge: Thayná de Almeida Jorge

Expediente Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Editores Ana Justi, Kawane Martynowicz e Luiza Romagnoli


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NOTÍCIAS DO DIA

Bolsistas retornam por falta de fluência em inglês Após 6 meses no Canadá e Austrália, MEC manda alunos voltarem de intercâmbio para o Brasil; prejuízo é contabilizado em US$ 12 mil por Kawane Martynowicz

Pelo menos 110 estudantes que foram para o exterior pelo programa do Ministério da Educação (MEC), Ciência Sem Fronteiras, foram convocados pelo Governo Federal a voltarem para o Brasil por não terem adquirido fluência no inglês. Os bolsistas terão que retornar do Canadá e da Austrália, onde estavam desde setembro do ano passado, perdendo a oportunidade de realizar estágio no exterior. Larissa Cristina Dal Piva Moreira, Coordenadora de Relações Internacionais da Universidade Positivo, fala que as bolsas são geridas pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao MEC. Segundo ela, os estudantes que já receberam aviso para voltar fazem parte de um grupo que, inicialmente, não se candidatou para estudar no Canadá ou na Austrália. Devido ao grande número de inscrições para universidades de Portugal, onde não há requisito de idioma, outros países estavam com baixa procura, e o programa os convidou para, em um semestre, aprender a língua local. “Os alunos estavam cientes que teriam uma bolsa de idiomas por seis meses, para depois irem para a sala de aula. Mas alguns não atingiram o nível mínimo satisfatório e estão retornando. Eles tiveram, com certeza, uma boa experiência no exterior, aprenderam um pouco do idioma, mas infelizmente não foi o suficiente para acompanhar uma turma de graduação”, explica. Por enquanto, 30 bolsistas que estão na Austrália e outros 80 que ficaram no Canadá terão que voltar; e o número pode aumentar, pois os exames de língua ainda estão em processo. O estudante Gabriel Beck pensa em fazer um intercâmbio na França, e já se matriculou em um curso de francês, “com essa situação pela qual os estudantes estão passando, vejo que é muito difícil aprender um idioma em

seis meses, e é bem melhor já ir sabendo”, conta. UP O processo seletivo de intercâmbio para os alunos da Universidade Positivo é interno, e acontece sempre no primeiro semestre, com um edital de vagas, que vai de fevereiro à março ou abril, e os alunos viajam a partir do segundo semestre. Para ser selecionado, o aluno precisa ter boas notas, no mínimo estar com média 7, ter cursado, pelo menos, 20% do curso e ter conhecimento do idioma do país para onde vai viajar. Pelo programa interno não existe a opção de viajar para aprender o idioma, ou seja, o estudante deve viajar já sabendo falar a língua do país de destino. “Nós temos alguns alunos que já sofreram com essa questão de reopção, foram convidados para outros países, e a gente está aguardando se vai ter o caso de algum aluno que vai retornar por não ter alcançado a média. Esperamos que não tenhamos esse tipo de situação; a gente orientou os alunos a estudarem bastante, então, estamos na expectativa de que eles tenham mais um ano pela frente no exterior”, conta a Coordenadora. Tanto os alunos que vão para o exterior pelo programa da UP quanto pelo programa Ciência Sem Fronteiras, ficam matriculados na disciplina “intercâmbio”. No período em que estão fora, eles não pagam a mensalidade, como uma política de incentivo, e quando eles retornam têm o direito de fazer equivalências de disciplinas cursadas. “A gente faz o possível aqui para o aluno não perder o ano. Saindo em setembro, ao retornar, ele tem tanto a opção de fazer equivalência das disciplinas que ficarem pendentes, ter uma negociação com o coordenador do seu curso ou fazer um contraturno e finalizar a disciplina”, esclarece.

Os alunos tiveram seis meses pára aprender o inglês > Foto: Ryan McGilchrist

O Programa Ciência Sem Fronteiras O Projeto atua em várias áreas, como engenharias, ciências exatas, biológicas, computação, comunicação, e até nanotecnologia Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência, da tecnologia e da inovação brasileira por meio do intercâmbios de mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de auxílio. O projeto caminha para a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbios de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e à inovação. Além disso, O Ciência Sem Fronteiras busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas pelo Programa, e também criar

oportunidades para que os pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. O Ciência sem Fronteiras atua nas seguintes áreas: Engenharias e demais áreas tecnológicas; Ciências Exatas e da Terra; Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde; Computação e Tecnologias da Informação; Tecnologia Aeroespacial; Fármacos; Produção Agrícola Sustentável; Petróleo, Gás e Carvão Mineral; Energias Renováveis; Tecnologia Mineral; Biotecnologia; Nanotecnologia e Novos Materiais; Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais; Biodiversidade e Bioprospecção; Ciências do Mar; Indústria Criativa (voltada a produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e inovação); Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva; Formação de Tecnólogos. Das 101 mil bolsas ofertadas, 75.000 são financiadas com recursos do Governo Federal.


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GERAL

Episódios de racismo têm se disseminado no futebol No país do futebol e das misturas raciais as cenas de descriminação por cor têm sido cada vez mais frequentes no esporte Bruna Godoy

Na noite da última quinta-feira (10), durante jogo válido pela Copa do Brasil entre Paraná Clube e São Bernardo, na Vila Capanema, o volante Marino, do time paulista, afirmou ter sido vítima de racismo por parte da torcida Paranista. De acordo com o site oficial do clube, o jogador foi expulso de campo nos acréscimos do segundo tempo, e afirmou ter saído de campo sob gritos de “Macaco” e gestos obscenos por parte dos rivais. A diretoria do São Bernardo instruiu o atleta a registrar um boletim de ocorrência contra a manifestação racista dos torcedores. “É lamentável, fui xingado de macaco”, afirmou. O Paraná Clube, em nota, disse que a atitude é inaceitável nos dias de hoje. “Marino, tenha certeza de que o Paraná Clube não medirá esforços para esclarecer o ocorrido. Qualquer ato de racismo, definitivamente, não nos representa. Para nós, as únicas cores que fazem alguma diferença são as da nossa camisa”, declara o site oficial do clube.

Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial. Um de seus discursos mais famosos é intitulado “I Have a Dream”, no qual ele fala sobre o desejo de, um dia, negros e brancos viverem de forma harmoniosa e igual. Nelson Mandela foi o principal representante do movimento Apartheid – regime de segregação racial, que negava direitos políticos, econômicos e sociais aos negros (maioria da população). Mandela foi considerado um dos maiores líderes políticos do mundo, e, em 1993 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Foi, também, o primeiro presidente negro da África do Sul. Esteve ligado a diversas causas sociais. Após jogo, o árbitro Márcio Chagas da Silva se deparou com bananas em seu carro > Foto Márcio Chagas

tinha o hábito de usar palavras pejorativas para se referir à moça. “Sempre que ela vinha falar comigo, me chamava “neguinha” outras vezes de “nega do cabelo ruim”, por um tempo eu relevei, pois considerava como brincadeira, até que no dia em que eu estava me afastando do trabalho, ela se negou a me pagar e me chamou de macaca”. Esse é um cenário que se mostra muito comum, mesmo passado um século desde que os negros conquistaram sua liberdade.

“É lamentável, fui xingado de macaco”, afirmou Marino.

Outro episódio que também ocorreu dentro do campo de futebol, foi com o meio campista Tinga, do Cruzeiro. Em um jogo pela primeira rodada da Copa Libertadores da América, em que o time mineiro jogou contra o Real Garcilaso, no Peru. Cada vez que Tinga tocava na bola, os torcedores do time adversário emitiam sons que faziam referência a macacos. O meio campista, que já jogou por muitos anos na Alemanha, diz nunca ter passado por algo parecido. Atos de racismo acontecem independentemente da classe social, como podemos ver nos casos citados. A cabelereira Winnie Santos, também passou por algo parecido, uma antiga chefe

Estatística desfavorável Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que o número de negros que sofrem homicídios é maior se comparado a outras raças. Os maiores índices estão no Norte e Nordeste do Brasil. A porcentagem de negros assassinados em Alagoas é de 80,5%, enquanto a de não negros é de 4,6%. As causas das mortes são diversas, no entanto, segundo o IPEA, a cor é o fator principal.

Em grande parte dos estados dessas regiões, a maioria da população é formada por negros, mulatos e mestiços. Organizações não governamentais e o próprio governo fazem campanhas com o intuito de diminuir a desigualdade social e incluir o negro na sociedade. Por meio desses programas a expectativa é de que os índices caiam cada vez mais. A pesquisa mostrou, também, que a expectativa de vida de um negro chega a ser quatro anos mais curta se comparada a dos brancos. Lutaram pela igualdade No final da década de 50, um nome surgiu nos Estados Unidos na luta pelos direitos civis dos negros. Martin Luther King, pastor e ativista político, foi mundialmente reconhecido como líder simbólico da luta negra. Aos 35 anos o pastor ganhou o Prêmio

O Brasil é o segundo país com mais negros, contando com 97 milhões de indivíduos. Um dos mais importantes representantes brasileiros é Zumbi dos Palmares, líder dos Quilombos dos Palmares – local para onde iam os escravos fugitivos das fazendas – Zumbi foi um dos principais representantes na luta contra escravidão no Brasil Colonial. Ele também lutava pela liberdade de culto, religião, e prática da cultura Africana. Em sua homenagem, o dia 20 de novembro – data de sua morte – é considerado o Dia da Consciência Negra.

O volante Tinga, alvo da torcida do Real Garcilaso neste ano > Foto: Luka Gonzales (AFP)


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COLUNISTAS aos petistas, a denúncia sobre esse caso continuou “perseguindo” o partido por muito tempo.

Politicalizando Jorge de Sousa

CPI, aviões e outras mentiras vermelhas Nas últimas semanas algumas máscaras vêm caindo no recanto petista em Brasília. Nem mesmo a tão badalada (entre o próprio partido é claro) Petrobrás escapou da “maré de azar vermelha”, já que denúncias sobre possíveis contratos ilegais teriam seito feitos pela empresa. Na esteira disso, o caso do ex-vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), que foi denunciado por participação em negócios nebulosos com o doleiro Alberto Youssef. Em plena época de formação de campanhas eleitorais, tais problemas podem

custar a reeleição de Dilma Roussef no comando do país. Poderia, já que as velhas estratégias de mentiras eleitorais já estão entrando em cena. Se lembrarmos nas eleições de 2010, a questão do “Mensalão” era voga. Não que fosse um caso inédito na política brasileira, mas negar a culpa em um caso comprovado de corrupção e imputar a responsabilidade disso à “picuinha” eleitoral é, no mínimo, desrespeitoso com a população. Embora nas urnas o resultado tenha sido favorável

Neste ano, a baixa força da oposição pode – mais uma vez – ajudar a manter os petistas no poder. Isso pode criar uma acomodação do partido, já que depois de tantas denúncias, nada muda em Brasília. Este círculo repetitivo pode deixar o Brasil deitado em berço esplêndido, enquanto os esquemas financeiros com dinheiro público indo parar no bolso de políticos continuará sem afetar a hierarquia desse grupo. A “rebeldia” do PMDB (principal aliado do PT na base do governo) é o que coloca o partido em xeque. Se o apoio deles fraquejar, certas votações relevantes na Câmara e Senado podem cair no colo da oposição, o que gerará sérios problemas aos petistas. Um bom exemplo é a CPI da Petrobrás. Caso o PMDB não se mantenha ao lado do governo, a investigação na estatal será muito maior, o que pode causar novos escândalos de corrupção envolvendo o

lado vermelho do poder. Infelizmente, a política nacional só funciona dessa maneira. É preciso uma manobra que seja baseada em pura chantagem eleitoral para conseguir que se descubra algo relevante na “pólis nacional”. Até outubro, é provável que vários escândalos de ocasião surjam graças à minúcia adquirida pela imprensa e pelos outros partidos às portas de um pleito. Mas, o que deve ser pesado com relação a tudo o que vem sendo divulgado – e comprovado diga se de passagem – contra um governo que se auto intitula perseguido por todos e detentor de uma verdade única. Certos benefícios são usados como escudo para uma sociedade que vem se sustentado debilmente há muitos anos. Mesmo com a oposição sendo fraca em relação aos últimos anos, o continuísmo com o algo não dá frutos pode ser uma sentença de mais quatro anos de “mais do mesmo”. E essa mesmice não ajuda ninguém fora do círculo interno vermelho existente no reino encantado de Brasília.

Imagine se tivesse acontecido Os esportes americanos têm, de certa maneira, muita influência na vida de todas as famílias da terra do Tio Sam. Muitos famosos que hoje têm suas vidas atreladas ao mundo da música e do cinema poderiam muito bem estar atuando, ou ter atuado em uma das grandes ligas dos esportes americanos. Há vários exemplos, começamos com Kurt Cobain que foi o líder da banda de rock Nirvana. Kurt foi forçado a atender o desejo do pai, Don Cobain, e começou a praticar beisebol aos sete anos de idade. Jogou na Little League, uma organização sem fins lucrativos que organiza jogos de beisebol para a juventude, até os dezesseis, e por lá obteve grandes números enquanto jogador, apesar de que não gostar de pegar no bastão de beisebol. O jovem preferia tocar bateria. Foram 40 partidas, e 33,3% de aproveitamento, obtendo 13 rebatidas, 7 corridas impulsionadas, 10 strikeouts, 8 walks, 4 roubadas de base e um erro defensivo: nada mal para um garoto que não gostava de praticar o

esporte. No entanto, não eram números suficientes para se criar – e sustentar – a nova promessa do esporte. Além de Kurt outros astros tiveram seus lampejos em alguns esportes americanos. Quem, por um acaso, nunca assistiu ao seriado “Todo Mundo Odeia o Cris”? Difícil isso não ter acontecido. Julius Rock (pai de Cris) era o personagem interpretado por Terry Crew, que antes de começar seu sucesso nas telonas teve, e muito, sua carreira atrelada ao futebol americano. O atual ator jogou futebol americano pela Universidade de Western Michigan, e após alguns anos, precisamente em 1991, começou sua trajetória na Liga Nacional de Futebol Americano, a NFL. Sua entrada na liga deu-se por meio do recrutamento feito pelo St. Louis Rams, que via nele potencial para um bom linebacker (posição do time defensivo), uma vez que Terry tinha um ótimo porte físico, que sempre foi o seu diferencial, apesar de não se dar bem com a bola oval. Crew

Draft

Igor Castro

atuou em outros três times da NFL: Washington Redskins, Philadelphia Eagles e San Diego Chargers. Foram seis anos dedicados à liga, aposentando-se em 1997. Terry não deixou números tão significativos ao ponto de ser lembrado como um jogador que ganhou títulos e que fez uma carreira brilhante no esporte. Podemos destacar também outro astro do cinema norte americano, é o caso de Dwayne Johnson, ou simplesmente, The Rock. Ele atuou em vários filmes, mas destaco um que tem muito haver com essa coluna: A Gangue Está Em Campo, que conta a história

de menores infratores que jogam futebol americano. Antes do sucesso em Hollywood, The Rock começou sua carreira no futebol americano na Escola Secundária de Bethlehem’s Freedom, uma das mais competitivas no esporte. Escolheu a Universidade de Miami, e lá tornou-se membro do time defensivo. Após alguns anos jogando pela equipe do Miami Hurricanes, time de sua universidade, The Rock foi selecionado para tentar uma vaga em um time da NFL. Porém, uma lesão em suas costas o fez desistir da vaga, e ser substituído pelo colega de time Warren Snapp. Semana que vem tem mais.


LONA > Edição 872 > Curitiba, 14 de abril de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Organizada primeira partida de futebol no Brasil Em 14 de abril de 1895 aconteceu a primeira partida de futebol no Brasil, organizada por Charles Miller. A partida foi feita na Várzea do Carmo, no Brás, em São Paulo, e foi disputada de forma organizada entre os funcionários da Companhia de Gás de São Paulo (Gas Company of São Paulo) e da Companhia Ferrovíaria de São Paulo (São Paulo Railway Company), na qual o São Paulo Railway, time de Charles Miller, venceu por 4 a 2.

Miller foi fundamental na montagem do time do São Paulo Athletic Club (SPAC) e da Liga Paulista de Futebol, a primeira liga de futebol no Brasil. Com ele como artilheiro, o SPAC ganhou os três primeiros campeonatos em 1902, 1903 e 1904. O artilheiro jogou no clube até 1910, quando encerrou a carreira. Depois disso, o pai do futebol brasileiro ainda atuou como árbitro.

Gibraltar FC, 1985 > Foto: Arquivo Desporto P.

#PARTIU Festival Varilux de Cinema Francês 2014 Yves Saint Laurent (Yves Saint Laurent) Biopic > 1h46 > 14 anos Eu, Mamãe e os Meninos (Les Garçons et Guillaume, à Table!) Comédia > 1h25 > Livre Uma Viagem Extraordinária (L’Extravagant Voyage du Jeune et Prodigieux T.S Spivet) Aventura > 1h45 > Livre O Amor é Um Crime Perfeito ( L’Amour Est Un Crime Parfait) Thriller > 1h51 > 14 anos Um Amor em Paris (Paris Follies) Comédia > 1h54 > 14 anos Antes do Inverno (Avant L’Hiver) Drama > 1h43 > 14 anos Um Belo Domingo (Um Beau Dimanche) Comédia dramática > 1h35 > 14 anos A Grande Volta (La Grande Boucle) Comédia > 1h38 > 14 anos Lulu, Nua e Crua (Lulu Femme Nue) Comédia dramática > 1h27 > 14 anos Uma Juíza sem Juízo (Neuf Mois Ferme) Comédia > 1h22 > 14 anos Grande Garotos (Les Gamins) Comédia > 1h35 > 14 anos

Festival Varilux de Cinema Francês abre em Curitiba Desde a sua primeira edição, o Festival não parou de crescer. A meta, deste ano, é conquistar mais de 100 mil espectadores O Festival Varilux de Cinema Francês é um festival que exibe no Brasil o melhor do cinema francês do último ano, incluindo os aguardados que ainda estrearão. O Festival Francês segue rumo a sua 5º edição dos dias 9 a 16 de abril e as sessões acontecem nos cinemas Espaço Itaú (Shopping Crystal) e UCI Estação (Shopping Estação) em Curitiba. O Festival está ainda em 44 cidades brasileiras. Além disso, astros como Isabelle Huppert e Jean-Pierre Jeunet estarão presentes no Brasil. O Festival conta como uma seleção de 16 filmes, contemplando longas de maior impacto do ano de 2013, com os mais variados gêneros e os mais destacados diretores e atores do momento. Consolida como o primeiro festival de cinema com abrangência nacional, revelando públicos para muito além dos grandes centros e capitais. Desde a sua primeira edição, o Festival Varilux de Cinema Francês não parou de crescer. Dezenas de grandes atores e diretores vieram ao Brasil para apresentar o melhor da produção francesa do ano anterior. Esta é uma boa oportunidade de conhecer em

Cartaz de divulgação do Festival Varilux de Cinema Francês 2014

primeira mão filmes que só entrarão em cartaz meses mais tarde. A meta, desta vez, é conquistar mais de 100 mil espectadores. Serão projetados a comédia Eu, Mamãe e os Meninos, grande vencedora do César 2013, o drama O Passado, a biografia Yves Saint Laurent e Uma Viagem Extraordinária. Isso sem falar na presença da grande atriz Isabelle Huppert, do diretor Jean-Pierre Jeunet e outros atores e diretores.


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