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Ano XV > Edição 873 > Curitiba, 15 de abril de 2014
Maioria da população teme a inflação EDITORIAL “A conquista do Londrina nesse Campeonato Paranaense pode parecer pura sorte, mas não é.” p. 2
OPINIÃO
Linhas de ônibus da RMC sofrem aumento de 8,85% na tarifa
O reajuste aplica-se somente às linhas da Região Metropolitana de Curitiba, e não devem afetar, por agora, os valores praticados pela RIT p. 3
“ Não seria ético na minha política de camisetas de banda, e muito menos na da sociedade.” p. 2
#PARTIU Com começo semelhante a uma comédia romântica, Confia em Mim entrega suspense de qualidade p. 6
Foto: Huitzil
Pesquisa do Datafolha divulgou que 65% da população brasileira acredita que a inflação vai subir; o levantamento também revela que p.3 o medo é maior em pessoas com salários mais altos COLUNISTAS Uliane Tatit e Nicle Braga “Tanto a Fashion Rio, quanto a São Paulo Fashion Week deixaram uma pergunta para essa nova temporada de desfiles brasileiros: quando a moda p. 5 é comercial e quando é arte?” Bruno Requena “Cria-se um mito que já apareceu em várias listas mundiais feitas por grandes críticos musicais: inclusive, como uma das melhores cantoras do mundo.” p. 5
LONA > Edição 873 > Curitiba, 15 de abril de 2014
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EDITORIAL
Planejamento F.C Para o mais desavisado dos fãs de futebol, a conquista do Londrina nesse Campeonato Paranaense pode parecer pura sorte. Tal “sorte” é fruto na realidade de muito trabalho de pesquisa de jogadores e de montagem desse elenco pelo presidente, e gestor, do clube Sérgio Malucelli, e do técnico Cláudio Tencati. Vale ressaltar que o Maringá, outro clube do interior, foi o vice campeão do torneio. Ano passado a equipe já brigara pelo título até o final da segunda fase, que acabou por classificar Coritiba e Atlético para aquela decisão, mesmo sendo o Londrina o campeão por pontos daquela etapa. Os principais nomes do time foram negociados ao final da competição, e o time começou o paranaense desse ano recheado de dúvidas. A única certeza era a manutenção da peça mestra desse esquadrão: o técnico Cláudio Tencati, que contratou nomes como Rone Dias, Celsinho, Arthur, Maicon Dias entre outros para formar um “novo” Londrina. Salários atrasados e brigas políticas marcaram a campanha do “trio de ferro” do estado no torneio. Enquanto isso, o Londrina fez uma primeira fase irregular e terminou em quarto na primeira fase. Paraná, Atlético e depois o Coritiba, todos caíram. Uma final do interior estava armada. Mais do que isso, um “Clássico do Café” decidiria o campeonato pela segunda vez na história (a primeira havia sido em 1981, vencida também pelo Londrina). Sempre vale ressaltar o excelente trabalho feito pelo caçula e já finalista Maringá. Bom trabalho de seu técnico Claudemir Sturion e de boas revelações como o atacante Gabriel Barcos e o lateral Reginaldo. Provavelmente esses dois times serão “desmanchados” depois desse estadual. Mas, o Londrina já mostrou competência em montar novos times, e para isso conta com o técnico Tencati até o final do ano (Londrina e Maringá garantiram vaga na Série D do Campeonato Brasileiro). Que essas duas gestões sirvam de exemplo para os “grandes” do estado, que ainda patinam em seu ego e esquecem que a maior força é sempre encontrada em uma boa dose de planejamento.
OPINIÃO
Qual é o nome do vocalista? É... Não lembro! Kawane Martynowicz
O festival Lolapalloza já virou fumaça, mas deixou alguns rastros de polêmica. Dessa vez, em sua terceira edição, muitas bandas foram criticadas e aclamadas, mas o que mais está rendendo comentários e postagens nas redes sociais provém do vídeo que o G1 fez sobre camisetas de banda em festivais. Quem ainda não viu, recomendo acessar o link aqui para tirar conclusões e refletir a respeito. Trata-se de uma caça aos “posers”, nome designado a quem diz que gosta de uma banda, mas não conhece nada sobre ela. Um exemplo é a camiseta do Ramones, que se vê diariamente nas ruas. Mas será que todo mundo que usa conhece músicas, nomes e gosta realmente? Com certeza não. O design dela é muito bonito, e esse é o motivo maior das pessoas com-
prarem peças de qualquer banda, sabendo o hit do momento ou não. Eu até entendo essa pessoas, mas tenho a minha noção ainda em funcionamento. Certo dia me apaixonei pela camiseta prateada do The Doors, com Jim Morrison me fitando. Pensei até em comprar, mas não. Como posso comprar se só gosto de “Light My Fire”? Não seria ético na minha política de camisetas de banda, e muito menos na da sociedade. A sociedade está cada vez mais crítica com esse tipo de coisa, influenciando-nos cada vez mais. Incompreensível ver a menina com a camiseta da minha banda predileta, Arctic Monkeys, não saber o nome de Alex Turner e cantar “Do I Wanna Know?”, uma esplendorosa canção, mas hino de poser. Aí, é claro que vai para o lado pessoal,
mas é bem decepcionante para o fã alucinado, aquele que conhece toda a discografia e personaliza camisetas e cadernos. Esses fãs me representam. Em suma, muitos vão pensar “e quem disse que não posso usar só porque é bonito?”. Ninguém. Você pode usar o que você quiser, e mas ficar ciente das consequências. E sobre os efeitos da escolha, sair com camiseta é perigoso, e também pode render ameaças. “Olha lá a mina com camiseta do Avenged SevenFruta, banda lixo, vai rodar!”. Você, além de escolher os locais onde vai usá-las, tem o total poder de decidir o que usar. Entretanto, o bom senso deve imperar dominante, sempre. Afinal, nunca se sabe quando um fã revoltado vai parecer na rua e te testar, e não ficar feliz com a sua resposta.
Band illustrations > Ilustração: Lieke Raben
Expediente Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Kawane Martynowicz e Luiza Romagnoli Editorial Jorge de Sousa
Curitiba, 15 de abril de 2014 > Edição 873 > LONA
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NOTÍCIAS DO DIA
Pesquisa revela que a maioria das pessoas tem medo da inflação Kawane Martynowicz
permeia o imaginário. Na década de 70 e 80 isso era chamado de inflação inercial, e é comum recuperar esse debate e amedrontar a população com o tema antes das eleições, principalmente quando muitos brasileiros ainda lembram do que isso causou para seus avós”, afirma.
De acordo com o levantamento, o medo é maior em pessoas com curso superior e salários mais elevados, chegando a 71%; ao todo, 65% da população acredita que a inflação tende a subir Segundo uma pesquisa do Datafolha, a maioria da população teme e acredita no aumento da inflação. Ao todo, 65% acha que ela vai subir, 22% que ficará estável e 6% que diminuirá. Apesar de atingir pessoas de todas as regiões, níveis de escolaridade e faixas de renda, os eleitores com maiores salários e que têm curso superior sentem mais medo da inflação; ano passado apenas 5% dos graduados acreditavam no aumento, e hoje já são 71%. Na pesquisa, 69% dos entrevistados com renda de mais de dez salários mínimos acreditam no aumento da inflação, e 64% com renda de até dois salários acham que ela vai subir. Para a professora de economia Shirlei Cequinel, a inflação se revela mais forte na vida dos estudantes, que muitas
Já para o também estudante de Jornalismo Igor Castro, os efeitos da inflação geram grandes dificuldades em sua vida. “Com essa inflação, eu vou ao mercado e compro sempre as mesmas coisas, e acabo gastando cada vez mais”, conta.
Aproximadamente 69% dos entrevistados com renda de mais de dez salários mínimos acreditam no aumento da inflação > Foto: Jeff Belmonte
vezes não percebem sua presença e convivem com ela diariamente. “O primeiro gasto é com alimentação, já que o estudante come fora de casa e não recebe vale; o segundo é com transporte, tanto o ônibus quanto a gasolina; e o terceiro mais relevante é com o lazer”, explica. Para ela, o aumento é consequência do ano eleitoral para influenciar votos, podendo ser normalizado depois. “A geração Y não tem o
Linhas de ônibus da RMC sofrem reajuste Luiza Romagnoli
As passagens de ônibus das linhas não integradas da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) tiveram reajustes a partir da meia noite deste domingo (13). O aumento de 8,85% foi anunciado na última sexta-feira (11) e atingiu 78 linhas de ônibus metropolitanas. No caso de Campo Largo, os ônibus da cor amarela (que fazem a linha Campo Largo/Curitiba, Balsa Nova/Campo Largo) estão com a passagem em R$3. Porém, o ligeirinho Campo Largo/Curitiba continua a R$2,70. Em Araucária, a tarifa subiu para R$ 4. Cada linha possui um cálculo único da tarifa (considerou a distância percor-
rida, a quantidade de passageiros e o equilíbrio econômico-financeiro), já que não há vínculo como a Rede Integrada de Transporte (RIT), que mantém o preço de Curitiba (R$ 2,70). Quem sai de um dos terminais de Curitiba, em direção à Região Metropolitana ainda paga o preço daqui. O caminho inverso já tem que considerar o reajuste. Além das linhas não integradas da Região Metropolitana também houve reajuste na tarifa urbana de São José dos Pinhais. O valor das passagens compradas para o cartão transporte foi de R$ 2,60 para R$ 2,70. As passagens pagas em dinheiro foram de R$ 2,90 para
A linha de ligeirinho Campo Largo / Curitiba não sofreu o reajuste > Foto: Luiza Romagnoli
conhecimento inflacionário que nós, da X, temos, sobretudo por causa da década de 80, em que era muito mais intenso. Eles ainda não sabem lidar com essa situação”, finaliza. A estudante de Jornalismo Beatriz Moreira, que largou recentemente o curso de economia, faz parte da minoria que não tem medo da inflação. “O brasileiro tem essa memória inflacionária que R$ 3,10. Sem Imposto Nestas tarifas reajustadas, nenhum tipo de imposto estadual as afeta, pois
A crise dos anos 80 também é o grande motivo do temor da população para com a inflação, de acordo com professor de História Julio Cezar Siqueira. “A crise sempre ocorreu, e nem o Plano Real conseguiu estagná-la. Hoje, aqui em Curitiba, a inflação chega a 6% ao ano, sendo que em 1998 era 1%. Ela aumenta, principalmente, em função da desvalorização do dinheiro e do investimento estrangeiro, e isso nada tem a ver com a presidência em si, mas com o congresso como um todo. Eles sim têm poder”, analisa.
o governador Beto Richa desonerou o ICMS sobre o óleo diesel ainda em 2013. Também não são cobradas taxas de gerenciamento sobre estas linhas metropolitanas.
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GERAL
ExpoExército comemora o 366º aniversário do Exército Brasileiro Em comemoração, o 20º Batalhão Blindado promoveu uma exposição de materiais e viaturas no Parque Barigui, além de uma série de atividades Alice dos Santos
No dia 19 de abril celebra-se o aniversário do Exército Brasileiro, o evento teve como intuito comemorar antecipadamente a data. Com o Slogan “Exército Brasileiro – Pelo Brasil”, a instituição estava no Parque Barigui com diversas atrações para as famílias, dentre elas: exposição e passeios de viaturas militares, bem como no bote de emprego militar; travessia de rios com passadeira militar; pista de paint ball; caminhada na selva; pista de cordas; muro de escalada; tirolesa; workshops; treinamento físico; atividades recreativas para crianças; apresentação dos cães adestrados e banda. O Tenente Marcondes, oficial de Comunicação Social, explicou o que “trata-se de uma exposição de material utilizadas atualmente pelo Exército Brasileiro. Ela está inserida dentro das comemorações do dia do Exército. O intuito é trazer de dentro do quartel para a sociedade curitibana todos os materiais e as principais atividades, para tentar estreitar um relacionamento maior com a sociedade civil”. O Tenente ressalta, ainda, que nessa exposição foram destacados alguns projetos estratégicos que o Exército está planejando atualmente, principalmente em relação a Copa do Mundo, “é um evento internacional, um momento em que o mundo todo está olhando para nós, nesse sentido o exército tem que estar bem preparado, com seus homens adestrados e todo equipamento pronto. Por isso a gente trouxe para essa exposição uma porção de viaturas novas, modernizadas e até mesmo criadas com uma nova tecnologia, para a sociedade ver que o exército está trabalhando com esforço para dar esse respaldo que o Brasil precisa internacionalmente”.
Brasileiro como pode constatar em seu brasão das armas a data 1648.
Além de atividades, a exposição de materias chamou muita gente para a comemoração > Foto: Alice dos Santos
Adilson Lima, microfunileiro, não sabia do evento, mas ao passar deu uma conferida: “é um evento importante em que todos deveriam participar justamente para conhecer um pouco do que acontece no Exército e pra saber também o que aconteceu em outras épocas, como na Segunda Guerra Mundial.”
“O momento que o mundo todo está olhando para nós”
A exposição também tinha como objetivo interagir com o público infantil. Laís Dias, fisioterapeuta, levou seu filho Vitor de 7 anos para conferir, “ele gosta muito do Exército, e depois de hoje, conseguiu perceber mais a realidade do que eles fazem, como que funciona o dia a dia, eu queria que ele conhecesse mais sobre o que gosta”. Vitor não esconde o entusiasmo ao afirmar que gostou de tudo, “eu gostei de tudo, mas gostei mais de passear na trilha”. Devido à grande aceitação da população, a exposição que foi realizada em dois dias (sábado e domingo), foi estimado que a atividade tenha alcançado
a participação de aproximadamente cinquenta mil visitantes. A História O Exército Brasileiro (EB) é uma das três Forças Armadas do Brasil, responsável, no plano externo, pela defesa do país em operações eminentemente terrestres. A história do Exército Brasileiro começa oficialmente com o surgimento do Estado brasileiro, ou seja, com a independência do Brasil em 1822. Entretanto, mobilizações de brasileiros para guerra existem desde a colonização do Brasil. A data da primeira Batalha dos Guararapes (19 de abril de 1648), no contexto das invasões neerlandesas do Brasil, na qual o exército adversário dos Países Baixos foi formado genuinamente por brasileiros (brancos, negros e ameríndios), é tida como aniversário do Exército
O exército já reprimiu com sucesso várias rebeliões e revoltas brasileiras, e atuou na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ao lado dos Aliados. E por três vezes (durante e imediatamente após a Proclamação da República; durante o primeiro período Vargas; e durante o Regime militar no Brasil), o exército assumiu pela força o comando do País, impondo sua visão político-social e modelos que julgava apropriados. Com a publicação da Lei da Anistia em 1979, o Brasil lentamente iniciou a volta à democracia, que se completaria na década de 1980, com o Exército e as demais Forças Armadas se afastando do núcleo político, pela constituição, em 1988. Os maiores escalões organizacionais do Exército são o Estado-Maior do Exército (órgão de direção geral) e os órgãos de direção setorial: Comando de Operações Terrestres, Departamento-Geral do Pessoal, Departamento de Educação e Cultura do Exército, Departamento de Ciência e Tecnologia, Comando Logístico, Departamento de Engenharia e Construção e Secretaria de Economia e Finanças.
As mais variadas atividades promoveram a interação entre militares e crianças > Foto: Alice dos Santos
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COLUNISTAS comercial à conceitual. Veja aqui.
Catwalk
Uliane Tati e Nicole Braga
Prêt-à-porter Carioca? Na semana passada foi a vez da 25ª edição do Fashion Rio invadir as passarelas brasileiras. Para comentar os desfiles que aconteceram na capital carioca, escolhemos quatro marcas que chamaram nossa atenção na temporada Verão 2015. Não esqueça de ver os desflies completos, com links ao final de cada comentário. Confira as nossas escolhidas: Com uma coleção bem tropical, que modelava muitíssimo o corpo, a Salinas trouxe à temporada Verão do
Fashion Rio 2015 algo que lembra muito os desfiles prêt-à-porter (retalhando o francês: “pronto para usar”), por isso, deixou de lado aquela diversidade e extravagância que tanto se espera nas passarelas de cada edição. Apesar de um certo “clichê”, pois as peças, inspiradas nas obras do pintor francês Paul Gauguin, serão replicadas logo em lojas de departamento, a Salinas mostrou acessórios, feitos por Claudia Savelli, muito bem pensados; talvez eles tenham sido a maior investida da marca, que preferiu optar pela moda
Já a Maria Filó, teve destaques com cores, estampas, cortes e tecidos – poucas grifes apostaram em tipos diferentes de tecido nas últimas duas semanas de moda brasileira, #mustcheckit. O desfile pode lembrar sim um prêt-à-porter, mas o conceito da marca foi, realmente, trazer uma coleção que pensasse no dia a dia de quem usa. Os recortes eram geométricos e as amarrações mostraram uma mulher urbana, sem perder o estilo. A saia proposta pela Maria Filó (viu essa, Colcci?) foi uma das peças principais. Confira aqui. Voltando à moda comercial, a Ausländer foi a grife que mais voltou sua temporada para a tal da “tendência”. Com fortíssimas semelhanças à coleção de verão 2013 da H&M, uma das maiores lojas de departamento do mundo, a marca trouxe peças bem suburban vintage: cheia de jeans, náilon moletom e tela de neoprene/transparência, enfim, a cara dos anos 90. O destaque da passarela, praticamente um prét-à-porter,
ficou pra Aline Weber, modelo que recebeu mais hypes no Fashion Rio e no SPFW. Confira mais aqui. E, finalmente, o desfile da Espaço Fashion. Inspirado nas festas brasileiras, a marca trouxe aquilo que mais faltou na semana de moda carioca: a essência brasileira. As estampas são maravilhosas, a textura do tecido é um grande destaque, a aposta na pochete foi uma reinvenção (para você que não curtiu o desfile da gringa Moschino, no Paris Fashion Week: dê uma chance à Espaço Fashion). As franjas foram muito bem usadas, ao contrário daquelas terríveis que qualquer um poderia ver no último verão brasileiro. Confira o desfile completo. Tanto a Fashion Rio, quanto a São Paulo Fashion Week deixaram uma boa pergunta para essa nova temporada de desfiles brasileiros: “quando a moda é comercial, e quando é arte?”. A nossa resposta para essa, e outras perguntasvocês conferem na semana que vem, nas próximas colunas.
Gal Costa, a musa do Desbunde! Considerada a musa do desbunde e da contra cultura, Gal Costa ganhou espaço nos anos 60 para mostrar ao Brasil seu canto minimalista e sua voz de cristal que embalaria a trilha sonora de uma geração sem lenço e sem documento. O movimento hippie no Brasil tomava força, os paradigmas de moral e comportamento eram discutidos e revistos, Gal Costa vinha do movimento tropicalista, e percebeu que a postura e o comportamento de um artista em uma época de repressão e torturas tinham poder, resolveu então peitar seu ofício e lançar um estilo novo de se apresentar. Com cabelos armados, pernas de fora, barriguinha amostra e nudez em capa de disco, transgrediu a figura da mulher subordinada em tempos machistas a uma sensualidade nunca vista antes em palcos brasileiros. A popularidade de Gal nos anos 70 era tão absurda que cabeludos de todas
as partes curtiam o seu barato em um show emblemático intitulado “Fatal”, no qual a musa transgredia com uma canção que se tornou o hino para os jovens da época, a famosa “Vapor Barato” de Wally Salomão, que em tempos não muitos distantes foi regravada pelo grupo Rappa. A música refletia sobre a decadência do movimento hippie. O disco seguinte deu o que falar, Gal pousou para a capa mais polemica da MPB, em seu LP “Índia”, posou com uma tanguinha vermelha e seios de fora, e claro, foi censurada imediatamente pelos militares. Seus shows eram de uma sensualidade exuberante, Gal no auge de sua forma física, fazia os marmanjos babarem por suas cochas e curvas que eram um símbolo de libertação sexual e de atitude. Não esquecendo que a cantou pousou nua para uma revista masculina em 1985, e em 1994. Em um de seus espetáculos mostrava o seio enquanto cantava a canção “Brasil” do compositor Cazuza, sendo severamente criticada na época.
História da MPB
Bruno Requena
A importância da cantora para a cultura brasileira é extrema, em tempos de exílio de Caetano e Gil, foi Gal quem segurou a barra do movimento tropicalista e cantava os compositores, deixando a memória dos dois artistas viva no país, foram tempos difíceis para ambos. Por ter comportamentos e vestimentas agressivas aos modelos da época, Gal chegou a quase ser linchada no Rio de Janeiro, quando uma multidão de “caretas” aglomerou-se em sua volta xingando-a de “macaca piolhenta”. A cantora acompanhou as mudanças sonoras da música popular brasileira inserindo sempre em seu repertório
as sonoridades contemporâneas, já gravou discos psicodélicos e recentemente seu último álbum “Recanto” conta com inserções eletrônicas e batidas de funk carioca, mostrando que a intérprete ainda mantém-se na ativa e antenada com as novidades, transgressões e quebras de paradigmas. Com um repertório vasto e eclético, que vai do forró, ao blues, passando pelo jazz, pela bossa nova e até pelo funk, cria-se um mito que já apareceu em várias listas mundiais feitas por grandes críticos musicais: inclusive, como uma das melhores cantoras do mundo, ao lado das internacionais Ella Fitzgerald e Billie Holiday.
LONA > Edição 873 > Curitiba, 15 de abril de 2014
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ACONTECEU NESTE DIA
O RMS Titanic afunda ao colidir com um iceberg Na madrugada de 15 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural, entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos, o RMS Titanic se chocou com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois. Até o seu lançamento em 1912, ele fora o maior navio de passageiros do mundo. O Titanic foi um navio transatlântico da classe Olympic, operado pela White Star Line e construído pela Harland and Wolff, em Belfast, na Irlanda
do Norte. Com 2240 pessoas a bordo, o naufrágio resultou na morte de 1517 pessoas, nomeando-o como a maior catástrofe marítima de todos os tempos (de paz). O Titanic provinha das mais avançadas tecnologias disponíveis da época e foi popularmente referenciado como “inafundável’. A descoberta do local do naufrágio foi em 1985 por uma equipe liderada pelo Dr. Robert Ballard.
O “inafundável” Titanic > Foto: F.G.O. Stuart > Arquivo Wikimedia Commons
#PARTIU Festival Varilux de Cinema Francês 2014 Suzanne (Suzanne) Drama > 1h34 > 14 anos Uma Relação Delicada (Abus de Faiblesse) Drama > 1h44 > 14 anos O Passado Drama > 2h10 > 14 anos Os Incompreendidos – Homenagem a Truffaut Drama > 1h39 > 14 anos
Em Cartaz Capitão América 2 – O Soldado invernal Aventura > 136min > 12 anos Confia em Mim Suspense > 85min > 14 anos Hoje Eu Quero Voltar Sozinho Drama > 96min > 14 anos Noé Aventura > 138min > 14 anos
Guia de Séries 2Broke Girls (Warner Channel) Nesta semana > S02E24: And The Windows of Opportunity Arrow (Warner Channel) Nesta semana > S01E23: Sacrifice The Big Bang Theory (Warner Channel) Terças às 20h > S07E19: The Indecision Amalgamation
Suspense nacional não deixa a desejar Em uma cinematografia composta por comédias escrachadas, Confia em Mim é um suspense que não ofende a inteligência A primeira metade deste filme brasileiro se assemelha a uma comédia romântica comum. Uma garota encontra um garoto, e embora os dois tenham problemas familiares e profissionais, o amor magica e inesperadamente soluciona esses conflitos. No caso, a cozinheira Mari (Fernanda Machado) tem as ambições profissionais sabotadas pelo patrão, o típico vilão de filmes dramáticos, e pela mãe, uma mulher rica e arrogante. Até conhecer Caio (Mateus Solano) durante uma degustação de vinhos, e os dois se apaixonarem. A história segue os padrões hollywoodianos de uma relação amorosa: primeiro beijo, primeira transa, morar juntos, comprar casa etc. A questão financeira entra em jogo quando ela é convencida pelo namorado a abrir o próprio restaurante. Caio se encarrega de fazer o pagamento de um casarão, mas acaba sumindo com o dinheiro. A perda da protagonista nem parece tão grande, afinal, não se trata das suadas economias de Mari, apenas do dinheiro que ela pediu à mãe e obteve, integralmente, do dia para a noite. O conflito principal
Cartaz do filme > Foto: Poster divulgação
criado por Confia em Mim é muito simples: quem é mais culpado na história? A garota incrivelmente ingênua ou o namorado ladrão? Pode-se felicitar Confia em Mim por ser um raríssimo suspense nacional, em uma cinematografia dominada por comédias escrachadas, e também por saber combinar as suas ambições com o tamanho da produção disponível. Este é um suspense sem surpresas, mas que não ofende a inteligência do espectador.