Lona 875

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

lona.redeteia.com

Ano XV > Edição 875 > Curitiba, 22 de abril de 2014

Oficializado primeiro aumento da frota de táxis EDITORIAL “Fortaleza foi o cenário da desistência do jornalista dinamarquês Mikkel Jensen de cobrir a Copa do Mundo.” p. 2

OPINIÃO

Região de faculdade no Portão é alvo de assaltos e até sequestro relâmpago

Os inúmeros casos registrados, e presenciados, pelos alunos da faculdade assustam e tiram o sossego de quem estuda no local p. 4

“Trata-se de uma violação séria dos direitos humanos, devemos diminuir este preconceito.” p. 2

#PARTIU A cantora Paula Fernandes vem a Curitiba e traz uma mega produção na manga, no Teatro Positivo p. 6

Foto: Luiza Romagnoli

Serão, até o fim deste mês, 640 táxis rodando na cidade, número que deve chegar a 750 até o fim de maio, quando Curitiba passará a ter p.3 3.002 táxis trabalhando no mínimo 12 horas por dia COLUNISTAS Bruno Requena “De uma overdose de cocaína com bebida alcoólica, morre a maior cantora do brasil em solo paulista, causando uma grande comoção no p. 5 país.” Uliane Tatit e Nicole Braga “Nas últimas semanas de moda brasileiras esse combate entre cultura e mercado foi mostrado explicitamente, impondo, inclusive, uma dúvida: qual o sentido da moda?” p. 5


LONA > Edição 875 > Curitiba, 22 de abril de 2014

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EDITORIAL

Jeitinho brasileiro decepciona Fortaleza, no Ceará, foi o cenário que motivou a desistência do jornalista dinamarquês Mikkel Jensen de cobrir a Copa do Mundo. E a razão foi a decepção com os problemas sociais que encontrou na cidade, uma vez que as críticas que o país vem recebendo despertaram seu interesse em registrar a realidade daqui, tanto o lado belo quanto o ruim. Só não esperava que este último fosse tão estarrecedor. O jornalista estudou português e pesquisou sobre o país antes de vir para cá. Ao chegar, percebeu como era a situação do local sede do maior evento futebolístico do mundo. Em seu depoimento, publicado somente quando chegou à sua terra por questões de segurança, tamanho o medo que sentiu daqui, Jensen diz: “eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo – e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar”. Quando celebridades vêm ao Brasil em razão do lazer, a impressão que levam para fora é a de país do samba, carnaval, futebol, e uma porção de coisas positivas. Entretanto, quando vêm a trabalho e exploram a fundo essa mina de descaso, a visão passa a ser outra.

OPINIÃO

Inadotáveis Heloísa Batistel

“A juíza me chamou para uma conversa alguns meses atrás, perguntei por que ela nunca tinha aberto um processo no meu número e ela respondeu que hoje em dia ninguém quer adotar crianças com HIV. E mesmo eu falando que tem muitas pessoas na vila e interessadas ela foi sarcástica e resistiu com a ideia”, conta Adriele Melo em documentário realizado pelo MONACI. Em Curitiba temos em torno de 600 casais interessados em adoção, e mais de 1.500 crianças abrigadas. Em uma sociedade que busca igualdade, o próprio governo diferencia a população. Um descaso do poder jurídico que influência fortemente as crianças e jovens órfãos portadores de HIV, os chamados “inadotáveis”. Casais dispostos a adotar crianças eram barrados com a desculpa

de que, pela presença do HIV, a criança não estava liberada para adoção. Com a revolta de muitas pessoas tocadas com a injustiça, foi criado o MONACI (Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis) que busca respostas do governo sobre o assunto. Em entrevista à Folha de São Paulo, crianças da antiga associação Associação Paranaense Alegria de Viver) relatam que tiveram a oportunidade de serem adotadas, mas o juiz não autorizou. Depois de muita luta, eles conseguiram, por Lei, a prioridade de adoção de crianças especiais, que confere prioridade aos processos de adoção quando o adolescente ou criança for protador de deficiência, ou doença crônica. Supostamente, antes de esta lei

vigorar, as crianças não deveriam ser privadas da adoção por motivos errôneos e imorais, esperamos que esta nova lei não esteja apenas no papel, mais sendo atuada diariamente, assim dando chances a aqueles que, uma vez já foram passados para trás. O MONACI está no facebook promovendo campanhas e postando informações sobre as crianças, os casos que acompanham e as novas conquistas do movimeto. Apesar desta interferência negativa do Estado, acredito que a população deve dar total suporte a essas crianças e participar ativamente deste protesto, mesmo que não seja diretamente atinginda, pois trata-se de uma violação séria dos direitos humanos, devemos diminuir este “preconceito louco” e alcançar a igualdade.

O jornalista não está errado; uma realidade diferente da sua assusta. Brasileiros quando vão para a África, por exemplo, voltam achando um absurdo aquela vida de pobreza extrema. Assim como alguém que vem da Dinamarca, um país com uma economia altamente sindicalizada, produtor de altas quantias de petróleo e com um dos padrões de vida mais elevados do mundo, fica com uma péssima impressão. Jensen diz: “crianças de rua, muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em área com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?”. Outro fato é este site http://fogonobarraco.laboratorio.us/, que investiga por que tantas favelas paulistas próximas a locais de valorização imobiliária estão sendo incendiadas. Poluição visual para os turistas? Esse tipo de coisa é desesperadora para quem não conhece como o Brasil funciona.

Os inadotáveis > Ilustração: Renata Castro

Expediente Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Editores Ana Justi, Kawane Martynowicz e Luiza Romagnoli


Curitiba, 22 de abril de 2014 > Edição 875 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Gustavo Fruet entrega licenças de táxi para 11 motoristas Luiza Romagnoli

relação de confiança e parceria entre os profissionais e o poder público, e alertou para a necessidade de cumprimento fiel do que determina o regulamento da atividade, que, entre outros itens, prevê a operação dos táxis por no mínimo 12 horas por dia.

Aprovados na licitação, taxistas fizeram cadastramento na Urbs e, a partir do momento em que recebem o documento, estão liberados pelo Município para trabalhar Na tarde da última quarta-feira (16), o Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, entregou as primeiras licenças para serviço de táxi da cidade a 11 taxistas que compareceram à Prefeitura na coletiva de imprensa do evento. Aprovados na licitação, esse taxistas fizeram cadastramento na Urbs e, a partir do momento em que recebem o documento, estão liberados pelo Município para fazer o emplacamento do carro, solicitar a instalação e conferição do taxímetro pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e começar a trabalhar. É o primeiro aumento da frota na cidade desde 1976 mantida desde então em 2.252 veículos. Ao fazer a entrega das outorgas, Gustavo Fruet destacou que a ampliação da frota de táxi é resultado de um pacto feito com a cidade para melhorar a

Somados aos 11 taxistas que já receberam a outorga, serão, até o fim deste mês, 640 táxis rodando na cidade, número que deve chegar a 750 até o fim de maio, quando Curitiba passará a ter 3.002 táxis trabalhando no mínimo 12 horas por dia.

Fruet e os onze taxistas que recebem as primeiras licenças > Foto: Luiza Romagnoli

qualidade dos serviços e investir na mobilidade. “A cidade não é a mesma dos anos 70, quando tinha 500 mil habitantes e foram repassadas as permissões para o serviço de táxi. Hoje temos 3 milhões de pessoas entre Curitiba e região metropolitana, além de turistas e empresas que precisam muito do serviço de táxi. Por isso era necessário aumentar o número de táxi e preciso fazer um agradecimento especial a to-

Rede Teia presencia tentativa de assalto Laura Torres

Durante a reportagem, da equipe Rede Teia, sobre a falta de segurança nas redondezas da Faculdade Bagozzi, quatro alunos sofreram uma tentativa de assalto à mão armada. Uma das vítimas, que prefere não se identificar, explicou que estava indo até o carro com mais três amigos, quando dois indivíduos, em posse de uma arma, e uma arma de choque, os abordaram. “Um dos meus amigos começou a gritar chamando o segurança, e outro percebeu que a arma não era de verdade, nisso os indivíduos começaram a correr e nós fomos atrás, quando chegamos na avenida o ban-

dido parou e tentou me dar um choque com a arma de choque”, descreve. Depois disso, a vítima conta que voltou para a faculdade. Erick Vinicius, também estava caminhando para o carro e percebeu a ação. Ele explica que tentou ajudar as vítimas, mas a única coisa que conseguiram foi pegar a arma de brinquedo. A polícia militar foi até o local, “Com o relato dos fatos, a polícia vai intensificar o patrulhamento, principalmente no horário de entrada e saída dos alunos para acabar com esse tipo de ação”, explica o Soldado James Lopes. De acordo com o Soldado Marcio Car-

Arma de brinquedo usada pelos assaltantes para abordar as vítimas > Foto: Laura Torres

dos aqueles que atuaram para que esta licitação, e o aumento da frota, se tornassem possíveis”, disse o prefeito.

Dos 750 novos táxis, 719 serão convencionais, 20 serão táxis adaptados com atendimento prioritário a pessoas com deficiência e 11 serão de taxistas com deficiência, habilitados para dirigir o veículo.

O Prefeito ainda agradeceu e enfatizou o papel da Câmara Municipal, do Ministério Público, do Judiciário, das entidades de classe e dos próprios taxistas para que o processo fosse cumprido de forma transparente e aberto. Gustavo Fruet também falou da importância de

A licitação, aberta em dezembro, foi a primeira feita em Curitiba para ampliação da frota de táxi e teve grande número de participantes (2.147). No total, ao final do processo, a comissão especial de licitação do táxi terá analisado mais de 50 mil folhas - de documentos, propostas e recursos.

los de Oliveira, o fato das vítimas não registrarem o Boletim de Ocorrência dificulta o trabalho da política, “se as ocorrências não estão cadastradas no sistema, para a polícia elas não existi-

ram e quanto mais reclamações e ocorrências registradas no mesmo local, provavelmente haverá uma demanda maior de policiamento no local”, afirma.


LONA > Edição 875 > Curitiba, 22 de abril de 2014

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GERAL

Falta de segurança preocupa alunos de faculdade no Portão Assaltos à mão armada e arrombamentos de carro têm ocorrido na região da Faculdade Bagozzi e tira o sossego dos alunos Laura Torres

Os casos de assantos à mão armada, arrombamento de carros, e até mesmo de sequestro relâmpago assustam e tiram o sossego dos estudantes da Faculdade Bagozzi. Um aluno cansado da falta de segurança no local criou, há mais ou menos um mês, uma página no facebook entitulada “Segurança Zero”, que já atingiu mais de 200 curtidas. O criador da página é Thiago Rodrigues, estudante de administração, que tem o objetivo de chamar a atenção de autoridades, da mídia e da polícia militar para o que está acontecendo nas redondezas. “Acabamos criando essa página pela dificuldade que estávamos tendo aqui em torno da faculdade com o estacionamento, com a quantidade de furtos que temos aqui”, Rodrigues ainda explica que todos os dias há uma média de cinco a seis carros arrombados; e até um sequestro relâmpago. Depois da criação da página, o aluno afirmav que mesmo com ronda realizada por uma empresa de segurança particular, contratada pela faculdade, os casos continuam. “O que nós achamos mais engraçado é que a gente não vê viaturas da polícia militar fazendo rondas ostensivas aqui na região, em compensação a viatura da Setran passa de duas a três vezes na semana pra multar o pessoal”, desabafa. Thiago já sofreu uma tentativa de assalto, mas reagiu e não entregou nenhum de seus pertences.

vez foi feito o Boletim de Ocorrência. Sobre o estacionamento localizado ao lado da faculdade a estudante afirma que não tem vaga, “Está sempre lotado, abriram algumas vagas recentemente mas não comporta, ainda mais a gente que vem do estágio ou do trabalho e acaba chegando depois das 19h”, reclama. O único estacionamento perto da faculdade disponibiliza 180 vagas para os estudantes, porém, atualmente a faculdade tem cerca de 2000 alunos. O entorno da instituição é composto por ruas escuras e sem movimento, o que facilita a ação dos bandidos.

Thiago Rodrigues, criador da página no Facebook “Segurança Zero” > Foto: Laura Torres

ro”. Neste caso, Lopes fez o boletim de ocorrência e acionou o seguro na hora que percebeu o roubo. Depois do ocorrido, o estudante não usa mais o carro e prefere ir a pé até a faculdade. O administrador Ivan Piva presenciou um sequestro relâmpago, “Eu estava chegando na faculdade e procurando uma vaga, quando fui passando por ele, vi que três meninos chegaram para falar com ele, achei estranho mas tudo bem”, depois disso Piva descreve que o dono do carro estava segurando um notebook e um dos meninos estava apertando algo na cintura da vítima, como uma faca ou uma arma, empurraram ele pra dentro carro e saíram dirigindo. “Quando tentei dar a ré, eles deram a ré em cima do meu carro, saíram cantando pneu e foram embora”, explica. Piva anotou a placa e ligou para a polícia.

“Até mesmo um sequestro relâmpago já foi registrado. ”

Gabriel Cerve Lopes, estudante de administração, assistiu ao roubo do próprio carro: “quando voltei meu carro não estava mais lá, conversei com vizinhos e uma casa tinha câmera, em questão de um ou dois minutos eles entraram e levaram o meu car-

O estudante Anderson Ribeiro também foi assaltado, mas dessa vez foi com uma arma. “Sai da faculdade com

uma amiga por volta das 22h e fomos abordados por dois indivíduos, no impulso ela reagiu e saiu correndo, e eu fiquei com os dois indivíduos, um deles estava armado, com a arma apontada pra mim e o outro do meu lado”, o estudante ainda descreve que durante a ação conversou com os assaltantes falando que na bolsa havia somente cadernos, no fim, levaram somente o celular. A consequência para o estudante que veio de Joinville e está em Curitiba a apenas três meses, foram três dias sem sair de casa, “Eu não conseguia pisar na rua, foi muito traumatizante, não consigo sair na rua sem ficar olhando para os lados e desconfiar de qualquer pessoa”, explica. A estudante de serviço social Ossiani Roberto da Silva, teve o carro arrombado quatro vezes, sendo duas delas na mesma semana, e apenas na última

O diretor geral da Faculdade Padre João Bagozzi, Douglas Oliani afirma que a faculdade vem trabalhando há algum tempo na questão da segurança, “internamente nós não temos problemas com segurança, mas dos portões pra fora, a gente sabe que é uma questão especifica de poder público e que a faculdade não pode fazer o trabalho daquilo que é polícia”, explica. Para o diretor a falta de vagas no estacionamento não esta ligada aquilo que é a falta de policiamento, visto que o aluno que foi sequestrado estacionou e ficou no celular fora do carro e no horário do ocorrido, ainda havia vagas no estacionamento.

Diretor geral da Faculdade Bagozzi, Douglas Oliani, fala sobre a falta de segurança > Foto: Laura Torres


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COLUNISTAS

História da MPB Bruno Requena

Elis Regina, a pimentinha Considerada por muitos críticos como a maior cantora do Brasil, Elis Regina Carvalho Costa, ou Elis Regina, deixou uma grande lacuna na música popular brasileira ao deixar milhões de brasileiros órfãos de sua arte em 19 de janeiro 1982, na cidade de São Paulo. Começando a sua carreira como caloura em uma rádio na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Elis era muito requisitada em sua casa para cantar temas argentinos e sucessos italianos que imperavam nas rádios da época, como a famosa Panpa Mia, pela qual

sua família era apaixonada. Assim, resolveu dar de presente a sua avó, a ida ao “Clube do Guri”, famoso programa de calouros apresentado por Ary Rego, onde desbancou a veterana da época, sendo contratada pela Rádio Farropilha. Suas primeiras produções discográficas, que foram excluídas pela própria cantora de sua discografia oficial, são disquinhos de rocks e versões de sucessos internacionais com gravações a là Celly Campello.

Após um período de experiência na rádio gaúcha, Elis percebeu que o campo de atuação em sua cidade era muito pequeno, e sonhou grande. No ano de 64, do golpe militar, Elis Regina mudase para o Rio de Janeiro, em meio ao turbilhão das revoltas. Foi em 65, vencendo o primeiro Festival da Canção da TV Exelcior, que Elis decolou de vez com Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, tornando-se conhecida nacionalmente como a pimentinha. Nessa época, ganhava o salário mais alto da TV brasileira, super-requisitada e engajada no movimento da nova MPB, a pimentinha apresentava junto com o também novato, Jarir Rodrigues, o antológico Fino da Bossa, programa de sucesso que rendeu muitos frutos para nossa música e para ambos os apresentadores. Acompanhada pelo Zimbo Trio, Elis recebia vários artistas da nova geração da música, e da antiga geração (como Dorival Caimmy, Gilberto Gil e Baden Powel). Reuniam-se no Teatro Paramount, em São Paulo, em rede nacional, tornando-se um campeão de audiência.

Nos anos 70, Elis dá uma guinada em sua carreira e muda seus ares: mais engajada politicamente, lança um compositor novo a cada disco, tornando-se uma espécie de musa dos novos compositores. Entre os grandes lançados pela cantora, podemos citar Gilberto Gil, Edu Lobo, Ivan Lins, Renato Teixeira, entre muitos outros que tiveram a honra de serem lançados pela musa. O show mais lembrado da carreira da cantora é o famoso espetáculo Falso Brilhante, que estreiou no final de 75, ficando um ano em cartaz com completo êxito. Lançando o disco de estúdio do show, veio a imensamente lembrada Nossos Pais, do compositor Belchior. O ano de 81 foi um ano turbulento e de muito sucesso, estourando com o show Trem Azul, Elis se preparava para gravar um novo disco, e dar uma guinada na carreira assinando contrato com a gravadora Som Livre. De uma overdose de cocaína com bebida alcoólica, morre a maior cantora do brasil em solo paulista, causando uma grande comoção no país.

Moda: casamento entre arte e marketing “A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia a dia a um contexto maior, político, social, sociológico.” - PALOMINO, Erika. Se para Alexandre Herchcovitch, Pedro Lourenço e Ronaldo Fraga a Lei Rounet precisa investir no artístico da moda, por outro lado, o comercial também aparece e não só de maneira simples, mas repleto de números e cifrões. Nas últimas semanas de moda brasileiras (SPFW e Fashion Rio), por exemplo, esse combate entre cultura e mercado foi mostrado explicitamente, impondo, inclusive, uma dúvida: qual o sentido da moda? Nos anos 80, a indústria têxtil brasileira rodava com US$ 100 bilhões e, para exportação, US$ 1 bilhão. Isso tudo, infelizmente, afundou com o Plano Collor, pois a diminuição da taxa da importação, por exemplo, colaborou com as peças estrangeiras por preços baixíssimos e deu carta branca para a entrada

de lojas como a Chanel. Entre 1992 e 1997, aproximadamente 773 empresas têxteis faliram e 1 milhão de pessoas ficaram desempregadas.* Da mesma forma que a moda é um reflexo do tempo, na qual expressões e sentimentos podem ser demonstrados, o valor comercial se mantém. É impossível desconsiderar o fator econômico, é um trabalho como qualquer outro! Porém, é claro, tem lá o seu contexto artístico, que pretende informar visualmente e, não esquecendo, também ser o tal “divisor de águas” na sociedade, como sempre foi. Essa rixa entre “comércio” e “arte” deveria ser refletida em eventos importantes como as semanas de moda; a intenção destas, ao que se sabe de longo prazo, é a revolução e a chegada das waves - as tendências que ficarão eternizadas-, não meras coleções - totalmente temporárias - que serão reproduzidas de qualquer maneira por

Catwalk

Uliane Tatit e Nicole Braga

lojas de departamento. No SPFW deste ano, Ronaldo Fraga trouxe Portinari à passarela, de maneira semelhante a Yves Saint Laurent, que propôs o primeiro tubinho, em 1965, com inspiração em Mondrian e, com isso, tornouse um ícone da moda; na outra ponta, a Ausländer, que desfilou no Fashion Rio, foi voltada ao lucro e aos jovens consumidores de hoje, não teve intuito de provocar e questionar, apenas de formar uma “tendência” que encha os bolsos da marca até as próximas 10 primaveras. Depois disso, algumas grifes refazem o ciclo, outras evoluem. As críticas são constantes e, apesar de

tudo, dá para entender o porquê: o Brasil não tem quem apoie esse mercado. A culpa política nem é tão forte, dessa vez, os culpados somos nós, que temos um pré-conceito sobre moda (eu, gosto e acho que entendo, e você, que não gosta e não pretende compreender). Moda é um estilo de vida, você não precisa usar o que aparece na passarela, mas sim aprender a interpretá-la e adaptá-la ao seu modo de viver. Por fim, você é quem decide o que comprar no “supermercado de estilos”, como diria Ted Polhemus. *Informações retiradas do livro “A Moda”, de Erika Palomino.


LONA > Edição 875 > Curitiba, 22 de abril de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Henrique VIII assume trono da Inglaterra Em 22 de abril de 1509 iniciou-se o reinado de Henrique VIII da Inglaterra, que se estendeu até sua morte. Foi o segundo monarca inglês da Casa Tudor, sucedendo seu pai Henrique VII. Além de seus seis casamentos, Henrique VIII é conhecido por seu papel na separação da Igreja Católica. Suas lutas contra Roma levaram à renúncia da Inglaterra a autoridade papal e seu próprio estabelecimento como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra. Ain-

da assim ele continuou a acreditar nos principais ensinamentos católicos. Henrique VIII tornou-se obeso posteriormente em sua vida, tinha uma cintura de 140 cm e precisava se mover com a ajuda de invenções mecânicas. Ele era coberto por furúnculos cheios de pus e possivelmente sofria de gota. A obesidade de Henrique acelerou sua morte aos 55 anos de idade em 28 de janeiro de 1547.

Pintura de Henrique VIII > Arquivo Domínio Público

#PARTIU Em Cartaz Antes do Inverno (Avant L’Hiver) Drama > 1h43 > 14 anos Caçadores de Obras-Primas Ação > 1h58 > 12 anos Divergente Aventura > 2h19 > 12 anos Cortinas Fechadas Drama > 1h45 > 14 anos

Teatro Positivo Um ser amor - Paula Fernandes Data : 24 e 25 de abril > Horário: às 21h30 Data: 26 de abril > Horário: às 22h15 Inteira: Anel Inferior – R$ 21; Anel Superior – R$ 196 Meia: Anel Inferior – R$ 111; Anel Superior – R$ 101 Show Daniel Data: 03 de maio > Horário: às 21h15 Inteira: entre R$ 156 e R$ 606 Meia: R$ 81 e R$ 306

Exposições Arte Mexicana Local: Museu Oscar Niemeyer (MON) De 20/03/2014 até 29/06/2014 > das 10h às 18h R$ 6 (½ entrada: R$ 3) Incisão – Alexandre Farto aka Vhils Local: Galeria da Caixa > De 19/03/2014 a 11/05/2014 > das 9h às 20h Domingo: 10h às19h Entrada franca

Paula Fernandes vem a Curitiba Com tons teatrais e tecnológico, a turnê do recém-lançado trabalho ´Um ser amor´ tem o toque da cantora em todos os detalhes Paula Fernandes trouxe para seu universo musical uma atmosfera mais teatral com trocas de figurinos e mudança de cenários. Em Um ser amor, tudo isso ganha mais vida e tem o público como parte integrante de toda produção, já que terá participação ativa e, por diversos momentos terá a sensação de vivenciar as cenas. Do sonho de menina à realidade da estrela em que se tornou, Paula Fernandes é retratada de maneira sutil e real. Brinquedos de infância da cantora são reproduzidos para mostrar ao público a vida da pequena Paula Fernandes de Souza. A então jovem brejeira revela seus momentos de fragilidade, onde da escuridão encontra brilho próprio e inunda o palco com uma luz forte e radiante, ressurgindo das sombras num campo verde e florido. Paula e o cenário se fundem com efeitos e uso de esteiras e plataformas giratórias. Seu encontro com o puro sangue lusitano Violino VO representa os sonhos de uma princesa e seu cavalo branco. Depois, a mesma sonhadora reaparece forte e segura de si, montada no Falcão da Libertas, imponente cavalo da

A cantora Paula Fernandes > Foto: Guto Costa

raça Campolina. Algumas parcerias musicais da cantora aparecem virtualmente, como Zezé de Camargo & Luciano, Roberta Miranda (ambos participaram do atual DVD Multishow ao vivo Paula Fernandes – Um Ser Amor). Já a veia pop de Paula no dueto com Taylor Swift traz uma dinâmica diferenciada num cenário retrô – um cine drive-in, onde as duas cantoras interagem, Taylor no telão e Paula em cima de um dos carros.


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