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Ano XV > Edição 883 > Curitiba, 06 de maio de 2014
Debate discute monopólio e censura na comunicação EDITORIAL “Não basta usar a cybermoda para manter o conceito de tecnologia ativo, tem que saber convergir.” p. 2
OPINIÃO
Crescimento da aviação civil valoriza profissão de comissário de voo
A expansão do segmento traz mudanças para profissionais da área; com o mercado em alta, exige-se um novo perfil profissional p. 4
“A comissão da verdade foi uma forma de reacender o sentimento que havia esfriado nos anos de silêncio.” p. 2
#PARTIU Mais do que apenas uma aula de história “Getúlio” veio para mostrar um lado desconhecido do presidente p. 6
Foto: Bruna Karas
Evento aconteceu na UFPR, no dia 29, e discutiu entre outros assuntos, o Marco Civil da Internet, e o monopólio dos meios de comunicap.3 ção em território brasileiro COLUNISTAS Bruno Requena “Quando nos acostumamos com uma canção, nosso cérebro compreende e se acostuma com aquele nível e conceitua como “música” aquele padrão.” p. 5
Uliane Tatit e Nicole Braga “Todos os anos na cidade de Nova York acontece o maior e mais importante tapete vermelho da indústria da moda. O Gala Costume Institute, também conhecido como Met Gala.” p. 5
LONA > Edição 883 > Curitiba, 06 de maio de 2014
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EDITORIAL
Cada um escolhe sua passarela
Gisele Bündchen, até o momento, é considerada a principal modelo do mundo. Com uma carreira de dar inveja, ela ainda mantém família e trabalho equilibrados e, agora passou a procurar destaque até na música. Exemplos vivos de convergência, ela e a top britânica Cara Delevingne usam diversas áreas para expandir seus negócios, ou seja, apostam na reinvenção da própria profissão. Desde 2013, a rede social Instagram foi uma das grandes facilitadoras desse intercâmbio de informações. Cara, 21, foi até comparada com Kate Moss, 40, pois ambas influenciaram o estilo de vida de milhares de pessoas. O curioso é que, depois de tanto tempo, essa influência tão forte de modelos só voltou a acontecer por meio das atualizações feitas na ferramenta online, um marco para nossa época. No Brasil, a transformação também ocorre, a top Aline Weber, 25, modelo que foi sensação nas semanas de moda desse ano, possui inúmeros seguidores no Instagram e é a grande aposta nacional; Gisele, apesar de também usar a rede social, resolveu direcionar seus projetos à “grande máquina” de popularização: a música. E, por fim, a fantástica criação do aplicativo ASAP54, uma ferramenta “caçadora” de roupas que foi fundada pela paulista e CEO Daniela Cecilio. Pode parecer estranho, mas é isso mesmo. Daniela propôs um aplicativo que captura imagens de qualquer peça (acessórios, roupas, sapatos), descobre onde ela foi comprada, qual a marca e ainda oferece outras sugestões de compra. A profissão de modelo, que continua sendo um sonho para muitas pessoas, passa a receber o tal do update digital; não basta usar a cybermoda para manter o conceito de tecnologia ativo, tem que saber convergir e as principais tops do mercado sabem muito bem disso. Moda é tempo, logo, jamais pode ficar parada; as atualizações constantes definem os “altos e baixos” das grandes personalidades, inclusive, esse “baixo” é muito perigoso, pois as mutações de outros profissionais e empresas também estão aí, quem trabalha com isso tem que se adaptar ou já é descartado da área.
OPINIÃO
Justiça esquecida Sarah Graçano
Há quem pense que 50 anos é tempo suficiente para apagar as marcas, lágrimas e meias verdades. Ainda existem aqueles que tentam colocar para “debaixo do tapete” a verdadeira história do país, por medo e por vergonha. Por mais que as pessoas tentem muito manter os acontecimentos na memória das pessoas, elas costumam insistir em fingir que nada aconteceu, mas, aparentemente, ninguém consegue esconder os 21 anos de ditadura militar da população brasileira. Isso acontece porque tempo nenhum consegue cicatrizar as feridas das famílias que perderam uma parte delas nas mãos dos militares e muito menos daquelas que nunca mais souberam do paradeiro das pessoas que amavam.
Acontece que saber a verdade ainda não é o suficiente, ainda sofremos com a soberania da lei de anistia, que assegura os supostos direitos dos que matavam sem justificativas plausíveis e governavam violentamente por motivos supérfluos. Já estava achando estranho nenhum brasileiro fazer nada a respeito das declarações que foram feitas pelos coronéis que governavam o Brasil durante o regime, até que o coronel e torturador brasileiro Paulo Malhães foi encontrado morto, pouco tempo depois de dar um depoimento dizendo que repetiria todos os crimes que cometeu no período ditatorial.
Se a injustiça é defendida por lei no Brasil, os brasileiros fazem justiça com as próprias mãos. Crime? Justiça? Não existe nome para o sentimento de revanchismo que a população tem ao olhar para a sua própria história. História essa que seria apagada – não esquecida – com facilidade pelos que sofrem com as lembranças dela. Apagada com justiça e não com indiferença, esse é o desejo de todos, apagar os resquícios da ditadura com justiça, com verdade e sem deixar que esses 21 anos de sofrimento e torturas sejam esquecidos.
A comissão da verdade foi uma forma de reacender no coração da pátria amada o sentimento que havia esfriado nos anos de silêncio que procederam ao governo mais autoritário da história do Brasil. Por meio dela, todos têm o direito de conhecer as pessoas que participaram desse regime, e o que aconteceu durante o período de 1964 a 1985 em solo brasileiro. Além da comissão da verdade, os cinquenta anos do golpe militar também fizeram o assunto ficar na mídia no primeiro semestre de 2014. Manifestações daqueles que participaram do governo e daqueles que sofreram com ele, e de pessoas que foram contra e à favor da ditadura brasileira levaram a população inteira a criar uma opinião sobre o assunto e jovens a estudar e a questionar o regime. Quando a justiça se cala > Ilustração: Mariana Marcondes
Expediente Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Carolina Justi, Kawane Martynowicz e Luiza Romagnoli Editorial Uliane Tatit
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NOTÍCIAS DO DIA
Regulamentação da comunicação no Brasil é debatida na UFPR Bruna Karas
tenham o mesmo espaço”, conta o professor, jornalista e doutor em Comunicações Sociais. Para ele, o Brasil carece de redes de comunicação inteiramente públicas e essa luta pela democratização é, na verdade, uma luta para inverter o olhar que a sociedade tem sobre ela mesma. “É necessário defender a regionalização da produção televisiva”, argumenta.
O Marco Civil, a Lei da Mídia Democrática, e o fim da monopolização dos meios de comunicação são discussões que permeiam a regulação da comunicação no Brasil O Marco Civil da internet, sancionado no fim de abril pela presidente Dilma Roussef, representa uma vitória gigantesca para os grupos que lutam pela regulação dos meios de comunicação. Um debate na Universidade Federal do Paraná na semana passada se propôs a esclarecer e discutir a regulação da comunicação no Brasil, e na América Latina, e também a o Marco Civil, a monopolização dos meios de comunicação e a Lei da Mídia Democrática. O professor Gilberto Maringoni de Oliveira foi um dos palestrantes. Jornalista, doutor em história social pela USP e com vasta experiência em história da América Latina contemporânea, Oliveira discursou, entre outras coisas, sobre o contexto da comunicação na ditadura militar e sobre a descoberta do poder que a imprensa tem na vida das pessoas. Para Oliveira, a regulação da internet é extremamente complicada, já que sua maior característica é a deslocalização da produção. O professor cita ainda que os meios de comunicação que devem ser regulados são, principalmente, os meios eletrônicos. Segundo ele, os meios de comunicação impressos não têm a necessidade de serem regulados, mas os meios eletrônicos precisam dessa medida. Para o estudioso, a lei argentina sobre o assunto é um bom exemplo a ser seguido, por ser considerada praticamente um manual de como regular a comunicação: “foi muito bem estruturada, o governo abriu espaço para que a população contribuísse, há um artigo que impede que uma mesma empresa controle mais de 30% do mercado, entre várias
Lei da Imprensa Democrática Em agosto de 2012, junto com os 50 anos do Código Brasileiro de Telecomunicações, foi lançada uma campanha para a criação de uma nova Lei de Comunicação no Brasil. Elson Faxina, Rachel Bragatto, Núria Pons, Gilberto Maringoni e Glauber Piva > Foto: Bruna Karas
outras coisas. É isso que nós queremos”. O professor explica que o MarcCivil, aprovado aqui no Brasil, teve o mesmo espírito. A professora Rachel Bragatto, que atua na área de pesquisa em Comunicação e Política, com ênfase no tema Internet e Política, explicou os benefícios do Marco Civil da internet, e a necessidade que o país tem de regular os meios de radiodifusão. “A identidade cultural de um povo passa pelos meios de comunicação. A regulação desses meios vai nos assegurar direitos à liberdade de expressão, ao acesso à informação e à divulgação de informações”. Segundo Rachel, 2012 foi o primeiro ano em que a porcentagem de brasileiros que utiliza a internet foi maior do que as pessoas que nunca usaram. Neste panorama, o Marco Civil (projeto de Lei que visa estabelecer direitos e deveres na utilização da Internet em todo território brasileiro) foi um avanço importante porque prevê, entre outras coisas, a defesa de alguns pontos essenciais: - Neutralidade da rede; - Contra a filtragem de informações;
Debate “Regulação não é censura” aconteceu no dia 29 de abril, na Universidade Federal do Paraná > Imagem: Divulgação
- Armazenamento dos registros; - Liberdade de expressão. “Para o Brasil, além de ser um avanço interno, é uma conquista em relação a outros países. O México, por exemplo, está criando uma lei que é exatamente o contrário da lei brasileira e, portanto, não garante nenhum direito à população”, explica a professora. Monopólio Segundo o professor Elson Faxina, a história contada pelos meios de comunicação molda a vida e os pensamentos das pessoas. “As histórias que constroem nossas opiniões e visões de mundo estão sendo contadas atualmente por um único setor da sociedade. Nós temos que combater esse monopólio do setor de comunicação e lutar para que os meios privados, públicos e estatais
O projeto de iniciativa popular precisa de 1,4 milhões de assinaturas para chegar ao Congresso Nacional. A proposta traz algumas medidas para impedir a concentração de propriedade no setor e para promover a diversidade e pluralidade nos meios de comunicação de massa. O texto de apresentação do projeto diz: “são 50 anos de concentração, de negação da pluralidade. Décadas tentando impor um comportamento, um padrão, ditando valores de um grupo que não representa a diversidade do povo brasileiro. Cinco décadas em que a mulher, o trabalhador, o negro, o sertanejo, o índio, o camponês, gays e lésbicas e tantos outros foram e seguem sendo invisibilizados pela mídia”. No site da proposta todos podem imprimir um formulário de assinaturas e enviar para um endereço para que as participações sejam contabilizadas.
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GERAL
Expansão da aviação civil valoriza comissários de voo Em média, no Brasil, aviação civil transporta 17,5 mil passageiros por dia; as mudanças na procura do serviço refletem nos profissionais da área Jorge Camargo
Desde criança, Mariana* morou próxima ao Aeroporto Internacional Afonso Pena. Os pousos e decolagens dos aviões ajudaram a despertar a sua paixão pela aviação, e hoje, aos 35 anos, trabalha como comissária de voo, carreira que iniciou em 2006. “O dia que vesti o uniforme pela primeira vez, senti uma sensação de meta cumprida”, conta. Segundo o comissário de voo, chefe de cabine e professor de emergência, regulamentação aeronáutica e etiqueta comportamental, Patrício Lourenço de Oliveira, 35, a expansão da aviação civil tem valorizado a profissão dos comissários de voo. “O mercado está em alta devido ao crescimento da aviação civil no país, principalmente por conta da Copa e das Olimpíadas”, conta ele, que trabalha com aviação há 10 anos. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, entre os anos de 2005 e 2013, as companhias aéreas ganharam 51,2 milhões de passageiros domésticos – uma média de 17,5 mil passa-
geiros diários, de acordo com dado da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC. Viviane Storino, 36, iniciou a carreira de comissária na VASP, em 1998. Depois, trabalhou na Ocean Air, atualmente Avianca. Para ela, também foi a realização de um sonho de criança: ela conta que, logo que terminou o segundo grau, iniciou o curso de comissária, “levei quase dois anos para conseguir emprego, pois tive que melhorar meu inglês para passar nos testes. Como tinha me apaixonado por essa ideia, não desisti”. Mudanças Viviane conta que quando entrou na aviação, ainda existia certo requinte nas refeições, onde se podia optar por carne ou massa. “Servia-se bebida alcoólica, e ainda podia fumar a bordo”, lembra.
Para Mariana, assim como houve mudanças no perfil dos passageiros, alterou-se também o perfil das empresas e, conseqüentemente, dos profissionais. “Algumas mudanças foram boas, principalmente nos treinamentos que prezam a comunicação eficaz entre todos os envolvidos. Por outro lado, a aviação está mais informal, e isso é o ponto que, muitas vezes, gera conflito de gerações. Fico chateada quando percebo falta de comprometimento ou respeito com o cliente ou com o próprio colega de trabalho. Ser informal não significa falta de educação. Trabalhar com pessoas exige jogo de cintura. A popularização da aviação faz com que pessoas voando pela primeira vez estejam diariamente nos Os comissários Viviane Storino, e Samuel Gaspar > Foto: Arquivo Pessoal
Houve crescimento na demanda por voos domésticos no Brasil > Foto: Roberto Dziura Jr.
vôos”, explica. A média salarial, segundo Patrício, foi outra mudança sentida nos últimos anos. “Os salários do comissário de voo há 15 anos eram bem maiores. Há 20 ou 30 anos, as empresas contratavam mais mulheres, era uma profissão rotulada como feminina”.
”Era uma profissão rotulada como feminina.” Carreira O comissário de voo tem a principal função de prestar serviços aos usuários de transportes aéreos: demonstrar aos passageiros os procedimentos de segurança e emergência, e realizar serviço de bordo, servindo refeições e bebidas. Em média, o salário de um comissário de voo pode variar entre R$ 2.300, 00 e R$ 4.200,00, além de periculosidade, insalubridade, horas de voo, e quilômetros voados - pagos por algumas empresas. Para ser comissário é necessário ter
feito o curso em alguma escola credenciada à ANAC, incluindo sobrevivência na selva, e fazer uma prova escrita. “Um dos pré-requisitos para ser um comissário de voo é falar outro idioma - principalmente o inglês. Também existe um padrão de peso e altura, e antes de tudo, ser uma pessoa educada, que tenha o dom de servir”, conta Patrício. As seleções acontecem aleatoriamente e não existe um período exato para contratação. Segundo Patrício, companhias aéreas internacionais também fazem audições no Brasil para recrutar novos comissários. “Elas buscam latinos porque somos considerados trabalhadores e não temos rótulos de terroristas”, conta. Serviço Para exercer a profissão de comissário de bordo, além do curso profissionalizante é preciso atender alguns requisitos como ter entre 18 e 30 anos; altura mínima recomendável para homens de 1,65m, e para mulheres de 1,58m; e possuir ensino médio completo. No Aeroclube do Paraná, localizado no Aeroporto do Bacacheri, o curso de comissário de voo custa cerca de R$ 1.650,00. Para mais informações, acesse o site, ou entre em contato pelo telefone (41) 3256-3003. *Algumas companhias, não permitem que o funcionário se identifique.
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COLUNISTAS
História da MPB Bruno Requena
Massificação da falta de criatividade Em um país como o Brasil (caldeirão cultural de ritmos,) sons, suor, cores, cheiros e sabores penetram em nossa canção formando um caldo magnífico de opções. Para complementar o texto da coluna passada, continuo desenvolvendo um raciocínio sobre minhas pesquisas e observações do presente da nossa música popular brasileira. Tomei cuidado para não parecer preconceituoso ou algo do tipo, mas enfatizo que, em um país tão diverso como o nosso, aceitar essa massificação de apenas um gênero é um assassinato
da nossa cultura e uma desvalorização dos nossos artistas, e da arte que denominamos “música”. Deve haver meios de comunicação que compreendam que no espaço social não há apenas uma necessidade “universitária”, falida e vazia. Compreendo que em um país capitalista inserido em um mundo globalizado, o “$” pese mais do que a qualidade, a música, e a educação. Estudos que apontam que gostamos
tanto de escutar música porque nosso cérebro “gosta” de identificar a canção em si, ou seja, quando nos acostumamos com canções ditas pop’s com poucos acordes e de fácil assimilação, nosso cérebro compreende e se acostuma com aquele nível de canção e conceitua como “música” aquele padrão. Assim, quando este ouvinte ouve algo mais elaborado como, por exemplo, música erudita, ou algo jazzístico com uma rítmica mais trabalhada e elaborada, o seu cérebro rejeita e não compreende como “música boa”, pois já está acostumado com canções de fácil entendimento, tanto da parte de letra quanto da parte harmônica da canção. O que eu percebo é um desentendimento do que se ouve: ouvintes pouco atentos, tampouco exigentes. Tomo o sertanejo “universitário” (insisto em colocá-lo entre aspas) como exemplo, em uma viagem em que fiz recentemente com meus pais. Por toda a viagem, e por todas as músicas que tocaram, o tema sexo abordado por sons infantilizados como “bará berê” imperava
em quase todas as canções, junto com temas de “pegação” e bebedeira, algo que estourou em um certo momento e que é explorado incessantemente como um a receita de bolo que sabese que dará certo.A criatividade é nula, todo o gênero musical tem seu valor, mas a minha critica é a pobreza de temas e nuances. Da mesma forma que os cantores de sertanejo “universitário” querem espaço para ganhar o pão de cada dia, o axé, o funk, o jazz, a música instrumental também querem. Ou seja, o problema não é somente dos meios de comunicação em massa mas da própria massa, que nitidamente mostra-se desinteressada e pouco crítica, vivendo uma vida de gado que marcado vive feliz, segue a boiada e nem ao menos questiona que caminho está tomando. Alienação que se percebe não somente na música, mas em outras artes e temas relevantes. Este tema dá muito pano para a manga, e volta e meia estarei abordando assuntos que estão engasgados. Nossa música precisa de novos caminhos.
A noite das realezas Todos os anos na cidade de Nova York acontece o maior e mais importante tapete vermelho da indústria da moda. O Gala Costume Institute, também conhecido como Met Gala, é um evento beneficiente, com objetivo de arrecadar fundos para o Metropolitan Museum of Art Costume Institute. O baile serve também como abertura das exposições de moda anual do instituto. Para entrar nessa festa tão exclusiva e cheia de celebridades desfilando seus vestidos de alto custura é preciso bancar um ingresso individual no valor de 25 mil dólares. Em 2013, por exemplo, foram arrecadados cerca de nove milhões de dólares. No ano passado, a temática “Punk: Chaos to Couture” marcou o tapete vermelho do evento. Madonna, Sarah Jessica Parker e Miley Cyrus conseguiram contextualizar bem o figurino, que realmente pretendia o exagero e o verdadeiro punk da moda. Durante o MET Gala de 2013, muita gente che-
gou a comentar que elas estavam erradas, que aquilo não era moda. Porém, entre os anos 70 e 80, o movimento punk já existia e as pessoas começavam a se perguntar como aquele estilo de vida influenciava uma sociedade. Quem teve destaque, na época, foi o Japão com a grife Comme de Garçons e o estilista Yohji Yamamoto. Agora, uma evolução desse estilo apareceu: o cyberpunk. Misture tecnologia, cultura e moda: cybermoda, um novo conceito de estilo. O baile de 2013 teve pouca explicação, a tecnologia, por exemplo, nem foi abordada. Outro grande desfalque foi todos terem se esquecido das “gals”, garotas perigosas (verdadeiras gangues) que formaram um grupo gigantesco de cyberpunk no Japão, sendo a principais “it girls” do estilo, Madonna inspirou-se nelas para compor o próprio traje. Já no MET Gala desse ano, o tema será “Charles James: Beyond Fashion”, em homenagem ao estilista que criou o
Catwalk
Uliane Tatit e Nicole Braga
vestido de festa no formato de borboleta, na década de 50. Nascido na Inglaterra, passou maior parte da sua vida vivendo em Nova York, rodeado por pessoas como Christian Dior. Inspirando seus desenhos na experiência da arquitetura, levou o título de “mestre da escultura”. James olhava seus desenhos e imaginava seus vestidos como obras de arte. Incansável, procurava sempre aprimorar seus originais, não ligando para as estações do ano. Sua fonte de criatividade não tinha limites, as ideias eram inesgotáveis. Características marcantes das roupas de James eram os tecidos luxuosos e exigentes padrões de alfaiataria, sem esquecer
as capas e casacos acompanhados de pele e bordados. Celebridades como Elsa Schiaparelli e Coco Chanel eram constantemente vistas com seus vestidos. Poucos realmente conhecem o trabalho do estilista, portanto o baile vem para relembrar a história e mostrar para o mundo, a elegância do trabalho do estilista que marcou época. O evento acontece na noite de hoje e promete vestidos icônicos, alta costura e elegância. Na próxima semana, deixaremos nossa análise dos melhores looks. É quase um desfile de princesas, rainhas e reis, é o MET Gala 2014.
LONA > Edição 883 > Curitiba, 06 de maio de 2014
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ACONTECEU NESTE DIA
Morre o político Enéas Enéas Ferreira Carneiro foi um médico cardiologista e político brasileiro. Faleceu no dia 6 de maio de 2007, aos 68 anos, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito. Como político, fundou o extinto Partido da Reedificação da Ordem Nacional, o PRONA. Após se candidatar por três vezes à Presidência da República
(1989, 1994 e 1998) e uma vez à prefeitura de São Paulo (2000), em 2002 foi eleito Deputado Federal pelo estado, recebendo votação recorde: mais de 1,57 milhão de votos. Tornou-se muito famoso em todo o Brasil a partir de 1989, ano de sua candidatura à Presidência, por seu bordão “Meu nome é Enéas!”, usado sempre ao término de seus pronunciamentos no horário eleitoral gratuito brasileiro.
Enéas Ferreira Carneiro > Foto: Arquivo Wikimedia Commons
#PARTIU Em Cartaz O Espetacular Homem-Aranha 2 Aventura > 142min > 12 anos Getúlio Biografia > 100min > 14 anos Copa de Elite Comédia > 99min > 14 anos Inatividade Paranormal 2 Comédia > 110min > 16 anos
Gastronomia Primeiro Festival de Pão com Bolinho Curitiba Honesta Data: 06 a 20 de maio > Os sanduiches tem preço único de R$5,90. Cada bar tem sua receia secreta e apresentação para essa iguaria de boteco. Bares participantes: Casa Velha Dali da Esquina Bar Dom Rodrigo Barbaran Belle Ville Bar do Osni Casabenta Basset Bar do Pudim Bar do Dente Bar do Gildo Bar Shnaps Mais informações aqui
Filme brasileiro sobre política Dia 1º de maio estreou o filme Getúlio, que conta os últimos 19 dias de vida do ex-presidente e promete ser uma aula de história A intimidade de Getúlio Vargas (Tony Ramos), então presidente do Brasil, em seus 19 últimos dias de vida. Pressionado por uma crise política sem precedentes, em decorrência das acusações de que teria ordenado o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges), ele avalia os riscos existentes até tomar a decisão de se suicidar. Grandes personalidades da história sempre despertaram curiosidade, seja por seus feitos ou pelas características peculiares que os alçaram a tal posto. O suicídio de Getúlio Vargas, ocorrido em 24 de agosto de 1954, é daqueles momentos que marcam a história de um país. Ainda mais se este for o Brasil, cuja fragilidade institucional fez com que duas ditaduras assumissem o governo em menos de quatro décadas. Mais do que dar uma aula de história, o diretor João Jardim, está interessado é em conhecer melhor este homem que viveu posições tão antagônicas no momento de maior aflição de sua vida, e nos fazer entender um pouco mais sua história. Apresentação feita, tem início
Foto: Divulgação
as intrigas palacianas. As entranhas do poder são expostas naqueles 19 últimos dias de vida, através de negociatas e conspirações tramadas nos bastidores. Tudo para que o presidente caia, custe o que custar. Getúlio é um filme que tem muito a dizer sobre a política feita no Brasil. Seja através de frases emblemáticas ou pelas próprias negociatas, muito do exibido em cena não é tão diferente assim do que acontece nos dias atuais.