Lona 903

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

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Ano XV > Edição 903 > Curitiba, 05 de agosto de 2014

Foto: Louise LeBourgeois

Intercâmbio ao alcance das áreas humanas e sociais Seguindo a linha do “Ciência sem Fronteiras”, o novo projeto do governo federal “Cultura sem Fronteiras” prevê o intercâmbio de estup.3 dantes e profissionais das áreas de ciências humanas e sociais EDITORIAL “No início, eram os computadores. Logo depois, os tablets. E hoje são os smartphones mesmo.” p. 2

Foto: Maria Luiza Lago

OPINIÃO

Projetos incentivam à leitura e a troca de conhecimentos entre cidadãos

Acreditando que o acesso aos meios culturais é um direito de todos, projetos criam parcerias para preservar parques e promover conhecimento p. 4

“Até colunistas deixaram a razão de lado para relatar o desapontamento pessoal com o mês de agosto.” p. 2

#PARTIU Amizade entre Zélia Duncan e Zeca Baleiro cria espetáculo único e traz composições novas aos palcos p. 6

COLUNISTAS Bruno Requena “O disco “Abraçaço” de Caetano Veloso faz parte de uma trilogia que se iniciou com o já consagrado álbum “Cê”, lançado há seis anos atrás marcando a parceria de Caetano com o Trio.” p. 5 Uliane Tatit e Nicole Braga ‘A cada temporada, a moda traz peças que fizeram sucesso no passado, mas com algumas novidades. Dessa vez, quem volta é o jeans destroyed, a flare e os macacões. “ p. 5


LONA > Edição 903 > Curitiba, 05 de agosto de 2014

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EDITORIAL

Conexões proibidas?

No início, eram os computadores. Logo depois, os tablets. E hoje são os smartphones mesmo. Apesar de parecer uma narrativa sobre a evolução tecnológica de dispositivos móveis, esse é apenas um desabafo da evolução que aconteceu dentro das próprias salas de aula. Quem é professor sabe que, hoje, já não é mais possível entrar em uma turma sem que muitas das atenções estejam voltadas para esses pequenos aparelhos. Crédito facilitado, vários planos de diversas operadoras prometendo pagar menos de R$ 1,00 por dia para ter internet no celular, acesso ilimitado às redes sociais como facebook e twitter. E, assim, ninguém mais está desconectado. A partir dessa realidade, três situações se apresentam ao docente: aceitar o uso dos dispositivos em sala como complemento à sua aula, ignorar a atitude ou proibi-los terminantemente. De todas as alternativas, obviamente a mais sensata é a primeira, porém, tem se mostrado a mais impossível. Professores não sabem como utilizar a tecnologia a seu favor e, por conta disso, perdem espaço para ela. A atenção já não é, há muito tempo, exclusiva do professor. Essa e outras discussões acerca da realidade da educação hoje, especialmente no ensino superior, foram temas do 3.º Encontro Internacional de Reitores Universia, que terminou ontem no Rio de Janeiro. Entre outros temores dos mais de mil reitores reunidos, também apareceu o modo como se deve encarar a tecnologia dentro da sala de aula. Uma questão é certa: não é possível ignorá-la. Mas daí a entender como deve ser utilizada no âmbito escolar ainda vai um longo caminho, a ser trilhado principalmente com base no fato de que não há mais um centro do pensamento. Esse tema, inclusive, foi muito bem sintetizado pelo reitor da Universidade de São Paulo (USP), que mostra como esse pensamento ainda deve evoluir: “No mundo atual, as universidades não podem ser centros isolados de pensamento e serão mais relevantes quando mais conectadas. Temos de pensar em uma grande rede de universidades no mundo todo, cada uma com seus perfil apropriado à sua região.”

OPINIÃO

Desgosto Bianca Ogliari

Oitavo mês nomeado pelos romanos como “agosto”, em homenagem ao imperador César Augusto. Carregava como dilema, ser um mês com o maior agouro dos anos. Período em que uma criatura horripilante cruzava os céus da cidade expelindo fogo. Em Portugal, as mulheres não se casavam neste mês; na Argentina, lavar a cabeça no mês de agosto, significa chamar a morte; na África o dia 24 de agosto é o chamado “dia em que o Diabo anda solto”; na França, o mês é o terror vivo, pois em 24 de agosto de 1572 Catarina de Médici ordenou o massacre de São Bartolomeu; na Polônia, no dia 14 desse mês de 1831 os poloneses foram derrotados pelos russos na Revolta de Varsóvia; Marrocos, 14 de agosto de 1844 a França invadiu o país; Camboja, no dia 11 de 1863 a França tomou a nação; Alemanha, o mês é do Hitler; China, em 1937, o Japão invadiu Pequim; Japão, nos dias 6 e 9 de 1945, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas. Já no Brasil, com a influência dos portugueses, essa crença chegou para ficar. Lembrando também que agosto é o mês em que os cachorros contraem a raiva. Nem Vinicius de Moraes gostava de agosto. Pode ser o mês da tristeza, ou da inveja, ou simplesmente o mês do desgosto. Também não deve ser atoa que o primeiro homem eletrocutado numa cadeira elétrica foi em agosto. Entre tantas colunas que li em revistas ou em jornais, quase todas traziam um ponto negativo so-

Expediente Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

bre agosto. Desilusões amorosas, amizades perdidas, o emprego vai mal, o estudo vai mal, a vida vai de mal a pior. Até os colunistas deixaram a racionalidade de lado para relatar o desapontamento pessoal com o mês de agosto. Não entendo superstições, não acredito em crenças, não leio horóscopo, muito menos acredito em signo. Mas parece-me que o mês de agosto não tá fácil pra ninguém. Ano passado, só no mês de agosto eu caí duas vezes na rua. Perdi um livro. Perdi dinheiro. Perdi o ônibus, voltei molhada pra casa, passei frio, tive insônia. Fiquei uma semana sem voz. Senti vontade de andar de bicicleta, mas não pude por forças maiores. Mês de agosto brincou com a minha paciência. Tive um branco na prova de filosofia. Fui obrigada a ler Caio Fernando de Abreu. Mas eu senti muito pelo turista desastrado que quebrou uma escultura de mais de 600 anos no museu de Florença, ano passado, em agosto. Nunca senti tanto gosto em riscar os dias no calendário quanto senti em Agosto, mês do agouro. É bem provável que nos primeiros dias de setembro, aquela famosa frase

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

“Que tal mês me traga bons ventos”, volte a reinar nos status de Facebook e Twitter. Mas a verdade é que viver na inércia nunca nos levou a algum lugar. Dias bons e ruins existem desde que o mundo é mundo. E não é o mês que faz nossas vidas. Da mesma forma que tive dias insuportáveis, tive dias que 24 horas foram poucas. Certamente para algumas pessoas esse mês é o melhor de todos. Mas essa má sorte de agosto passou como um vírus. Crenças não possuem respaldo de racionalidade. Oposição entre ciência e superstição é guerra mundial. Mas sobre tudo, se for verdade que agosto é mesmo o mês do desgosto, o Espírito Santo foge desse vírus de azar e todos nós somos azarados.

Hiroshima > Ilustração: Melissa Pan

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Carolina Justi, Jordana Lazaroto e Isadora Nicastro Editorial Da Redação


Curitiba, 05 de agosto de 2014 > Edição 903 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Cultura sem Fronteiras: intercâmbio universitário mais próximo Isadora Nicastro

Ciência sem Fronteiras As inscrições para o Ciência sem Fronteiras abrem no dia 16 de agosto. Através do programa, os universitários têm a oportunidade escolher uma universidade para fazer intercâmbio em 14 países diferentes.

Programa segue passos do “Ciência sem Fronteiras” mas abarca cursos das áreas de humana e ciências sociais, possibilitando intercâmbios e até mesmo financiamento de projetos O Ministério da Cultura lançou na última semana dois editais do programa Conexão Cultural Brasil, que pretende promover o intercâmbio de alunos, empreendedores e artistas para a troca de conhecimento e experiências. O projeto engloba os cursos que não estão inseridos no Ciências sem Fronteiras, como arquitetura, publicidade e publicidade, design e gastronomia. O programa, que é uma parceria entre o Ministério da Cultura e os Ministérios da Educação e das Relações Exteriores, abre 400 vagas para a realização de cursos no Brasil e no exterior, com início no período entre novembro de 2014, e março de 2015. No edital existem 3 grupos para inscrição: difusão cultural, do qual fazem parte a apresentação de trabalhos relacionados com as áreas do programa; formação, pesquisa e capacitação, para universitários e pessoas que buscam cursos de

Para participar é obrigatório ter nacionalidade brasileira, estar matriculado em um curso superior e ter concluído no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o seu curso. Além disso, o universitário deve ter nota superior a 600 no Enem.

Programa proriza cursos não contemplados no “Ciência sem Fronteiras” > Foto: University of Salford Press Office

especialização; e negócios da economia criativa, que contemplam ações para a oportunidade de negócios em setores criativos. As áreas que fazem parte do programa são: música, artes cênicas, circo, artes visuais, cinema, animação, games, programação de softwares e aplicativos móveis, literatura, TV, rádio, mercado editorial, moda, design, arquitetura, publicidade, gastronomia, gestão cultural, indústria de espetáculos, produção de eventos culturais, produção audiovisual, operação de equipamentos audiovisuais, roteiro, sonoplastia, figurino, cenotecnia, iluminação, luthieria, edição gráfica e visual, restauração, artesanato, cultura popular e patrimônio, museu e memória e turismo cultural. O valor de apoio financeiro depende do destino escolhido pelo participante. Se a viagem for para outro município brasileiro, o valor pode variar entre R$1000,00 a R$2500,00 ao mês. Se o intercâmbio for para o exterior, o apoio pode ser de até R$ 6000,00, sendo que o investimento total do Governo Federal para o programa será de quatro milhões de reais. Após o período no exterior, que pode durar até 12 meses, o universitário

Áreas relacionadas à arte estão inclusas no programa > Foto: Ian Sane

deve participar de uma contrapartida, uma atividade que deve ser feita de forma gratuita como uma forma de retribuir o investimento do Governo Federal. Essa atividade deve ser feita até 60 dias após o retorno a cidade natal e pode ser uma oficina, palestra, seminário, ou apresentação artística, que compartilhe os conhecimentos adquiridos durante a viagem. Como se inscrever As inscrições podem ser realizadas no site do Ministério da Cultura, por meio do sistema SALICWEB e selecionar o edital “Edital CONEXÃO CULTURA BRASIL INTERCÂMBIOS”. Não há taxas para esse processo. As inscrições devem ser feitas levando em consideração o primeiro dia de viagem, segundo o seguinte critério: viagens em novembro de 2014, têm inscrições até 29 de agosto; viagens em dezembro deste ano, até dia primeiro de outubro do mesmo ano; e por fim, viagens em janeiro, fevereiro e março de 2015 terão inscrições até o dia 07 de novembro de 2014. Para as viagens internacionais o candidato deve entrar em contato diretamente com as instituições de seu interesse e obter uma carta de aceitação.

As áreas contempladas no programa são: engenharias e demais áreas tecnológicas; ciências exatas e da terra; biologia, ciências biomédicas e da saúde; computação e tecnologias da informação; tecnologia aeroespacial; fármacos; produção agrícola sustentável; petróleo, gás e carvão mineral; energias renováveis; tecnologia mineral; biotecnologia; nanotecnologia e novos materiais; tecnologias de prevenção e mitigação de desastres naturais; biodiversidade e bioprospecção; ciências do mar; indústria criativa (voltada para produtos e processos de desenvolvimento tecnológico e inovação); novas tecnologias de engenharia construtiva. Vale lembrar que embora tenham nomes parecidos, as áreas contempladas por cada projeto são muito diferentes, e é preciso estar atento a editais e critérios específicos de cada um. o Cultura Sem Fronteiras segue a mesma linha que seu precessor, mas admite parcerias diferenciais: uma das primeiras a assinar contrato com o projeto foi a Universidade de Bolonha, na Itália, uma das mais antigas das Europa. Além de fomentar a troca de experiências profissionais entre universitários e recém formados, entre cada país involvido, o projeto visa, ainda, estimular atividades que priorizem a movimentação de docentes e pesquisadores, além de organizar eventos de troca mútua, desenvolver estudos comparativos.


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GERAL

Cultura e conhecimento são direitos de todos Projeto visa promover a troca de livros com base na ideia de que todos devem ter acesso à leitura; iniciativa conta com parcerias Maria Luiza Lago

A “Troca de Livros Livres” é um projeto que envolve pessoas de todas as idades e gostos para apreciar uma tarde de leitura. Sem compromissos, o objetivo da Troca é apenas entregar livros e pegar outros, sem necessidade de devolvê-los ou pagar alguma taxa para obtê-los. A iniciativa foi do blog Bibliotecas do Brasil, da Minibiblioteca do Sossego, e do movimento cívico Salvemos o Bosque da Casa Gomm. A Troca ocorreu no dia 19, do mês de julho, à partir das 10h, no Parque Gomm, ao lado do Shopping Pátio Batel. Crianças de todas as idades, adultos e idosos se reuniram em torno de uma pilha de livros de diversos gêneros, escolhiam o título pelo qual se interessavam e se punham a relaxar na sombra de uma árvore, ou ler na companhia de amigos ou da família. Daniele Carneiro, do blog Bibliotecas do Brasil, explica que todos têm direito à cultura e que esse era o objetivo da Troca, algo sem compromisso, que permitisse a participação de todos.

acredita que o projeto seja bom para a preservação do Parque, por criar um ambiente de convívio, que não é tão disperso quantos nos parques grandes de Curitiba. Sua filha escolheu alguns livros que não estava usando mais em casa e os deixou na Troca, pegando outros no lugar.

Casa Gomm, ao lado do Bosque Gomm, onde se encontra um escritório da Prefeitura > Foto: Maria Luiza Lago

pas, ou acaba suja e não tem tempo de trocar as vestimentas, pois mora do outro lado da cidade. A trabalhadora relatou que os seguranças ficaram a seguindo dentro da biblioteca e isso a fez se sentir muito mal. Por fim, ela pediu que sua filha que pegasse os livros que queria, enquanto esperava na porta, do lado de fora.

“Os seguranças a seguiram, achando que era uma mendiga.”

“A ideia foi inspirada na Biblioteca Pote de Mel, a Bibliopote, na qual havia livros dentro de uma geladeira velha, onde qualquer pessoa que passasse por lá, poderia levar um livro”, contou Juliano Rocha, do blog Bibliotecas do Brasil. A Bibliopote é um projeto de Alessandro Martins, e visa montar bibliotecas livres que incentivem as pessoas a doarem livros também.

Daniele contou que uma trabalhadora dos barracões de reciclagem, do projeto Ecocidadão de Curitiba, se sentiu desconfortável numa biblioteca pública por terem a confundido com uma mendiga. Ela trabalha o dia inteiro no barracão e muitas vezes fica com resíduos orgânicos nas suas rou-

Daniele afirma que esse tipo de preconceito é intrigante, uma vez que, mesmo se a trabalhadora fosse uma mendiga, o comportamento dos seguranças não deveria ser discriminatório, e sim acolhedor. Todos os cidadãos, independentemente de sua situação financeira, ou social, têm o direito ao acesso à cultura, bem como do uso do espaço público. A cultura e o conhecimento vão muito além disso. No Parque Gomm há, ainda, a Minibiblioteca do Sossego, iniciativa dos editores do blog Bibliotecas do Brasil e do movimento cívico Salvemos o Bosque da Casa Gomm. O projeto faz parte da

iniciativa “Leia, Empreste e Devolva”, que foi criada baseada na ideia de praticidade: muitas vezes não temos tempo para ler um livro, ou os mesmo são muito caros, e as bibliotecas públicas são muito longe de casa. Com a Minibiblioteca, há uma maior facilidade de obter livros. É possível doá-los através do site. Daniele conta que os maiores frequentadores da Minibiblioteca do Batel são a equipe de limpeza do Shopping Pátio Batel. Juliano Rocha afirma que muitos da equipe passam pelo local e pegam livros para si, ou levam para casa e lêem para os filhos. Há cinco Minibibliotecas do Sossego em Curitiba, no Batel, Uberaba, Campo Comprido, Boqueirão e uma loja no Xaxim. Lilian Klimpovuz levou sua filha para aproveitar a Troca, e contou que

A necessidade de salvar a área pública do Bosque Gomm surgiu em razão de um projeto do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), que visava construiri uma via pública de duas pistas, com calçadas, e rede de esgoto e iluminação para atender o Shopping Pátio Batel, eliminando todo o espaço cultural e de lazer que as pessoas poderiam ter acesso. O movimento cívico “Salvemos o Bosque da Casa Gomm”, e vários outros bairro lutaram para que essa área não fosse destruída. Grande parte do Bosque Gomm foi destruída para a construção do Shopping Pátio Batel, removendo a Casa Gomm de seu lugar original, e transferindo-a para outra parte do Bosque. Hoje ela é propriedade municipal e no seu interior há um escritório que gerencia o Patrimônio Público, mas muitos membros do movimento “Salvemos”, e outros envolvidos querem que ela passe a abrigar programas culturais dentro de si mesma.

Minibiblioteca do Sossego. Qualquer pessoa pode pegar livros e, se quiser, devolvê-los ao local de origem > Foto: Maria Luiza Lago


Curitiba, 05 de agosto de 2014 > Edição 903 > LONA

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COLUNISTAS

História da MPB Bruno Requena

Caetano em seu “abraçaço” múltiplo O disco “Abraçaço” de Caetano Veloso faz parte de uma trilogia que se iniciou com o já consagrado álbum “Cê”, lançado há seis anos atrás, marcando a parceria de Caetano com a então molecada de vanguarda, A Banda Cê (como ficou conhecido o Trio). Caetano brinca, dizendo que estava procurando uma banda para tocar as músicas que compunha. Agora, ele escreve músicas já pensando em como a banda tocará, reafirmando, mais uma vez, uma das parcerias mais proveitosas da música popular brasileira nos últimos anos.

Mesclando elementos do pop rock internacional, com o consagrado rock’n roll, ao indie-rock, e ainda, a elementos pra lá de brasileiros, o tropicalista continua botando para ferver no caldeirão musical brasileiro. O disco “Abraçaço”, desde seu lançamento ocorrido no ano passado, vem carregando em sua bagagem muitos elogios, e consagrando-se como cult e arrojado, características que o baiano nascido em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo da Bahia, traz como

sua maior marca. Com suas rupturas de estéticas e conceitos, Caetano Veloso não é apenas um grande gênio, mas também espanta com sua facilidade em adaptar-se ao novo, ao desconhecido, a trabalhar com gente nova, gente fresca no sentido de rompimento atual. “Abraçaço” é a prova sonora do que o tempo é vívido. Caetano diz que seu novo trabalho vai “da raiva à melancolia” e completa, “O Cê é mais Pau Duro”, mais raivoso e angustiante, enquanto o “Abraçaço” navega em mares melancólicos onde o álbum anterior não ousava penetrar. “O nome “Abraçaço” nasceu da forma com que Caê se despede em seus emails, ampliando o conceito do termo a becos (e não becos) mais profundos. “Abraçaço” é uma palavra muito bonita e tem essa reverberação, parece um eco, mais ainda quando escrito, esse a-ce-cedilha duas vezes. É como se fossem círculos concêntricos de abraços, que vão se expandindo. Não é apenas grande ou maravilhoso como é um go-

laço, por exemplo. É expansivo. No disco, o abraçaço abarca desde cenas íntimas até o fato que o império da lei há de chegar ao coração do Pará”, explica Caetano em entrevista para O Globo. Caetano irá se apresentar em Curitiba com a Turnê do novo disco, e embarca no Teatro Positivo dia 24 de julho. O espetáculo contará com canções como a já famosa “A Bossa Nova é Foda” do novo disco, “Um Comunista”, “Funk Melódico”, “Estou Triste” e “Parabéns”, além – é claro – de canções consagradas como “Triste Bahia”, “Reconvexo” e “Eclipse Oculto”. E o público pode se preparar não somente para receber um grande abraçaço, “mas um abraço espalhado, abrangente ou múltiplo” como tão bem definiu Caetano referindo-se ao seu novo show. E pra quem deseja se aventurar nesse espetáculo e se sentir abraçado por toda a poesia de Caetano Veloso, o cantor e compositor estará se apresentando nesta quinta-feira, dia 24, no Teatro Positivo, Grande Auditório.

Rasgou? A cada temporada, a moda traz peças que fizeram sucesso no passado, mas com algumas novidades. Dessa vez, quem volta é o jeans destroyed, a flare e os macacões. Para a surpresa de Levi Strauss, que criou o jeans em 1947, a ideia agora é rasgar e, quem sabe, deixar um belo buraco na própria calça. Na época, o tecido era o grande aliado dos mineradores americanos, que ficavam muito tempo ajoelhados e precisavam de um tecido resistente e confortável. Se para tudo há uma exceção, o jeans destroyed é uma delas, pois foge totalmente do objetivo inicial. É claro, essa wave (a tal da verdadeira tendência) já teve vários momentos no mercado, pode perguntar pros seus pais. O destroyed apareceu pela primeira vez com os punks, em 1970, como “uniforme” de um movimento; o rasgo era uma forma de expressão da própria revolta e da independência de quem

usava (lembre-se que a moda tem várias linguagens). Os punks, apesar de terem deixado muito conteúdo nessa área, só receberam um “reconhecimento” com a ajuda de Michael Kors e Dolce&Gabbana, em 1980. A intenção dos estilistas era incorporar o estilo jovem na moda, em pouco tempo o destroyed já estava no guarda-roupa de milhares de pessoas, em vários modelos, e para diversos públicos. No exterior, o estilo destroyed apresentou uma atualização um tanto mais extrema, pois passou de um simples rasgo para virar um “buraco”; quem quiser ter uma noção do corte, é só colocar a palma da mão no joelho, por exemplo, e aí estaria o tal do destroyed. A fashionista italiana Chiara Ferragni é uma das personalidades que já adaptaram o tal do modelo ao dia a dia. As dificuldades são quase nulas para inserir a peça no seu cotidiano. O destroyed cai bem com qualquer coisa, sendo uma peça coringa. As sapatilhas, por exemplo,

Catwalk

Uliane Tatit e Nicole Braga

podem dar um toque mais esportivo. Ao contrário, saltos e blazer dão mais elegância ao look. No caso das mulheres, há ainda a calça flare (a famosa boca de sino), que também promete voltar para esta temporada de primavera/verão do Brasil. Em sua nova aparição, a calça se adapta a todos os tipos físicos. A cintura um pouco mais alta dá destaque para elegância. A opção é ótima para quem quer equilibrar o tamanho do quadril. Uma dica para as mais baixas é usar a calça sempre com salto, para que não fiquem ainda menores. A intenção é sempre valorizar o corpo feminino.

Outra peça que vem chamando atenção pelo seu retorno é o macacão. Além de ser uma roupa que deixa quem está usando muito confortável, é super simples, fácil de usar e não exige muito da criatividade. Assim como a calça flare, pode modelar o corpo de quem está usando, mas também pode ser um truque para aquelas que querem esconder o corpo fora de forma, no caso das peças mais soltinhas. O macacão jeans pode ser encontrado em vários estilos, desde o mais despojado até uma linha mais elegante.Obs: use, mas não abuse! A cada peça, são 42 mil litros de água!


LONA > Edição 903 > Curitiba, 05 de agosto de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Marilyn Monroe é encontrada morta em sua casa Aos 36 anos de idade, a atriz, cantora e modelo estado unidense, Marilyn Monroe foi encontrada morta em sua casa, em Brentwood, Los Angeles, na Califórnia. Era dia 5 de agosto de 1962, 4h25 quando um sargento recebeu um telefonema do psiquiatra de Monroe, avisando sobre a morte. Na autópsia, 8 mg de hidrato de cloro e 4,5% mg de nembutal foram encontrados no corpo de Marilyn. O Dr. Thomas Noguchi disse que a causa da

morte foi “envenenamento barbitúrico agudo”, resultante de um “provável suicídio”. Muitas teorias, incluindo assassinato, foram levantadas, algumas envolveram até mesmo ciúmes do presidente John Kennedy, em razão de uma suposta traição com seu irmão Robert. Outras sugeriam o envolvimento da atriz com a máfia. Há relatos de que o presidente foi a última pessoa a falar com Marilyn antes de sua morte.

A atriz era conhecida por sua beleza exuberante > Foto: Arquivo Fotopedia

#PARTIU Em Cartaz Juntos e Misturados Comédia Romântica > 117min > 10 anos Transformers: A Era da Extinção Ação > 165min > 12 anos Guardiões da Galáxia Ficção > 121min > 12 anos Apenas Uma Chance Drama > 103min > 10 anos

Shows Zeca Baleiro e Zélia Duncan Data: 07 de agosto > Horário: 21h Classificação: Livre > Local: Teatro Guaíra Ingressos: R$160 (plateia) > R$120 (1º Balcão) | R$100 (2º Balcão) Mostra É Daqui Local: Canal da Música Data: toda quinta até o dia 20 de novembro Horário: 20h Ingressos: R$15 (inteira) e R$7,50 (meia)

Teatro Musical Marat-Sade – A Perseguição e Assassinato de Jean- Paul Marat Local: Teatro da Reitoria da UFPR Data: de 2 a 10 de agosto > Horário: às 20h e às 20h30 Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia) Stand Up Hallorino Jr Local: Curitiba Comedy Club Data: 07 de agosto > Horário: 21h Ingressos: R$ 20

Destaques da MPB se juntam no Teatro Guaíra Em apresentação única, duas feras da música popular brasileira dividem o palco do Teatro Guaíra, na capital paranaense Dois grandes nomes da música popular brasileira se reúnem para dividir o palco e também seus maiores sucessos com o grande público de Curitiba. O objetivo é intercalar grandes sucessos da carreira de ambos e protagonizar momentos únicos para os fãs dos cantores. Zélia Duncan, conhecida pelas canções de sucesso que ilustram os planos de fundo para os casais da telinha, promete cantar seus grandes sucessos ao lado de seu parceiro de palco. Músicas como “Catedral”, “Alma”, “Tudo Esclarecido” e “Quase sem Querer” são sempre pedidas durantes os shows, levando os fãs à loucura quando cantadas. Zélia possui também grandes sucessos em parceria com outros cantores da cena nacional, como Mart’nália e Lenine. Zeca Baleiro também traz consigo grandes parcerias e sucessos. Compondo com cantores como Zé Ramalho, Fagner e Lobão, o cantor é conhecido por ter em seu histórico alguns de seus sucessos presentes nas novelas brasileiras, como “A Flor da Pele”, sucesso este que o impulsionou para o reconhecimento na-

Os artistas > Foto: Divulgação

cional, “Homem com H”, na novela Insensato Coração e “Samba do Approach”, na novela Da Cor do Pecado. O show da dupla, velha conhecida, contará com canções de ambos, bem como de outros artistas e versões especiais, feitas apenas para este espetáculo. Tanto Zélia, quanto Zeca sempre estão acompanhados de seus violões, e interpretarão também canções autorais únicas, feitas pelos dois. Erasmo Carlos e Rita Lee estão entre os homenageados.


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