Lona 911

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

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Ano XV > Edição 903 > Curitiba, 15 de agosto de 2014

Projeto ajuda a reintegrar ex detentos à sociedade EDITORIAL “Desta vez, a escala de violência da região, teve como estopim a morte de três jovens israelitas.” p. 2

Foto: Ana Mayer

OPINIÃO

Culinária paranaense é tema em feira gastronômica na cidade de Curitiba

Singularidades da culinária regional e oportunidades de divulgação da gastronomia para especialistas da área são apresentadas no evento p. 4

“Não, não é questão de ser politicamente correto. O necessário nessas situações é o simples: bom senso.” p. 2

#PARTIU Marisa Orth e Miguel Falabella garantem o riso em adaptação de uma farsa inglesa de 69 p. 6

Foto: William Droops

A ação é promovida pela Comissão Nacional de Justiça, juntamente com outros projetos com o mesmo enfoque, e foi oficializada no Pap.3 raná em no final do mês de julho, este ano COLUNISTAS Lucas Karas “Não é de hoje que o Paraná sofre com problemas financeiros. Isso, todos nós sabemos. O que ainda não descobrimos é por que, ano após ano, o tricolor passa p. 5 pela mesma situação.” Ana Santos “Chego a arriscar dizer que o período ditatorial, de 1964 a 1985, foi o período em que se produziu a maior riqueza musical do país.” p. 5


LONA > Edição 911 > Curitiba, 15 de agosto de 2014

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EDITORIAL

Eterna guerra

Gaza está sob o controle do Hamas, um grupo islâmico, desde o ano de 2007. Deste ano em diante, já se somam três o número de vezes que Israel e o grupo se enfrentam violentamente na região da Faixa de Gaza. Desta vez, a escala de violência da região, que vive nas tensões da corda bamba, teve como estopim a morte de três jovens israelitas. Em 12 de junho os jovens foram dados como desaparecidos, no dia 30 do mesmo mês são encontrados mortos a tiros. Israel não perdeu tempo em bradar aos quatro ventos, para todo o mundo ouvir, que a responsabilidade só poderia ser, é claro, do Hamas. O grupo, até o presente momento, jamais assumiu a autoria do fato, o que para Israel pouco importa, na realidade. E assim, com três jovens mortos feitos de mártires, centenas de militantes do Hamas presos, e protestos, teve início o atual conflito. Além da morte dos jovens, o estado de Israel afirma, ainda, que o ataque aéreo foi também uma resposta ao grupo islâmico, que o estado considera uma organização terrorista, e acusa de abrigar - em residências na Faixa de Gaza militantes e armas. Para Israel, a simples ideia de que tal fato possa vir a ser verdade foi o suficiente para bombardear áreas residenciais do lado palestino. Este lado, por último, sofre com o bloqueio e o poder (taxado como abusivo) de Israel na região. O Estado judeu controla a entrada de elementos como água, eletricidade, comunicação e até mesmo dinheiro em Gaza. As diferenças e problemas entre palestinos e israelitas vem de tempos históricos, e sabe-se que a Faixa de Gaza está mais para um eterna zona de guerra do que para “a terra prometida” pela qual muitos insistem em guerrear, matar e ferir não importa a quem. Ambos os lados consideram-se totalmente distinto um do outro, mesmo chamando de “sagrado” exatamente o mesmo solo. Talvez após tantas guerras, tantas disputas, conflitos e sangue inocente derramado naquele local, eles finalmente estejam certos: tantas vidas perdidas e destruídas em vão devem, em algum ponto, lavar os pecados de quem puxa o gatilho.

OPINIÃO

A morte, a piada e o péssimo gosto Priscilla Fontes

O ano de 2014 está sendo melancolicamente marcante: muita gente que não esperávamos que fosse morrer, morreu. Dentre diversas personalidades importantes está Ariano Suassuna, para a tristeza dos leitores que adoravam seu “oxente”. Fausto Fanti, comediante que arrancava risos e gargalhadas, se foi. Robin Willians também, e, para a comoção do mundo (ou de quase todo o mundo), o artista que emocionou várias gerações, foi-se inesperadamente. Eduardo Campos partiu em um acidente aéreo tenebroso e, para espanto de todo o Brasil (bem, de quase todo o Brasil), às vésperas das eleições. Mas o que não morre nunca são as piadas em torno de tragédias e do sofrimento alheio. Essas, infelizmente, ficaram. E o “quase”, citado acima, é para esses, que ficam de fora da comoção ou tristeza e escolhem a piada (de péssimo gosto). Não, não é questão de ser politicamente correto. O necessário nessas situações é o simples - e pouco usado - bom senso. A goleada de 7 x 1 pode realmente trazer piadas que façam uma nação inteira rir do próprio desgosto, porque isso também é humor. Mas fazer piada com a morte dos outros? Os comentaristas de óbitos das redes sociais não têm o menor pudor. Quando não é a “zoação” desmedida, é o desejo de que outra pessoa morresse: “como é que esse fulano, tão bom caráter, morre, enquanto o sicrano continua vivo? Ele é quem deveria morrer!”, dizem os “seres de bem”. Desejar a morte do outro, independentemente do seu apreço pelo ser, é, no mínimo, assustador. E as teorias conspiratórias, então? A maioria não tem o menor nexo e vem apenas para Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

ter o que falar. Aliás, deve ser esse o problema: na falta do que falar, qualquer afirmação medonha vale. Vale fazer graça com morte, com violência, com guerra e até criar teorias malucas sobre tudo e qualquer coisa. Alguns até tentam fazer suas homenagens póstumas, mas os comentários aparecem para tirar a fé na humanidade até da pessoa mais otimista do mundo, sempre decla-

mando alguma pérola piadista que pode até fazer alguém chorar – e não é de rir. A falta de empatia e de respeito impera, multiplicando-se na velocidade da luz e transformando as redes sociais no círculo mais anti-social que existe. Ficamos aqui, esperando que 2014 também leve consigo toda essa ignomínia e que o próximo velório possa ser do tão indesejado mau gosto.

The Joker > Ilustração: GodfatherChide

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi e Isadora Nicastro Editorial Da Redação


Curitiba, 15 de maio de 2014 > Edição 911 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Projeto Começar de Novo está integrado ao estado do Paraná Ação se torna mediadora entre o ex-recluso e o contratante empregador para inseri-lo no mercado de trabalho e em cursos de capacitação Milena Müller

O Brasil atualmente tem a quarta maior população carcerária do mundo, passando de 285 mil para 548 mil presos nos últimos dez anos, segundo dados calculados pelo Globo, com base em pesquisas feitas pelo International Centre for Prison Studies (ICPS), da Universidade de Essex, na Inglaterra, de 2003 a 2013. Após o ex-regresso concluir sua sentença, o preconceito e as dificuldades para conseguir emprego e voltar à vida cotidiana são frequentes.

no mercado de trabalho para evitar a reincidência no crime. ”Esse projeto vai mudar a vida de muita gente. É bom saber que existe uma preocupação pra acontecer essa integração. As pessoas quando vão contratar um ex-presidiário ficam inseguras e quase sempre recebemos o ‘não’. Mas acho que esse projeto vai trazer novas oportunidades”, afirma L., ex-recluso, que atualmente trabalha como servente de pedreiro, e preferiu não se identificar.

Analisando esses aspectos, o Conselho Nacional de Justiça tomou a iniciativa de criar o “Projeto Começar De Novo” que tem como finalidade auxiliar o ex-presidiário a encontrar cursos e empregos em sua região. Em julho de 2014, o projeto começou a ser implantado no Paraná.

O projeto já funciona em outros estados, mas no Paraná foi oficializado no dia 22 de julho com a promoção de uma webconferência para auxiliar as pessoas jurídicas que irão participar da ação no estado.

O objetivo é sensibilizar órgãos públicos e a sociedade civil para iniciar a capacitação de presos e inseri-los

Cartaz de incentivo ao projeto > Foto: Divulgação

“Quando você é um ex-presidiário, pode até conseguir um emprego, mas, quando acontece algo ruim, você é sempre o primeiro suspeito. Isso acaba desanimando a pessoa que aprendeu com o erro, e hoje quer ser um trabalhador honesto” destaca L,, que acredita que essa iniciativa é benéfica e transformadora na vida de um ex-presidiário para voltar à vida normal. Para o comerciante Marcelo Lourenço, o intuito do programa traz segurança ao contratante. “Eu acredito que é muito difícil contratar alguém que não conhece para confiar e trabalhar com você diariamente, ainda mais sabendo que a pessoa tem um histórico, é inevitável ficar desconfiado. Mas eu acho que com esse portal e com alguém avaliando se a pessoa é adequada, fica mais fácil de confiar e da credibilidade para o contratado”.

Site do CNJ apresenta oportunidades de emprego > Foto: Reprodução Internet

Portal de Oportunidades A página na internet “Portal de Oportunidades” foi criada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para reunir cursos e vagas de trabalho oferecidas por instituições públicas e entidades privadas para promover cidadania aos egressos do sistema carcerário paranaense.

“Quando acontece algo, você é o primeiro suspeito.” O sistema funciona de forma simples: o egresso deve acessar o Portal e verificar se há uma vaga em sua cidade e se ele se enquadra nos requisitos necessários. Depois da confirmação, será encaminhado para contato direto com os servidores do Tribunal (que também participaram da seleção e adequação do candidato), evitando complicações. O contato com a instituição empregadora jamais será de imediato sem antes contatar o próprio Tribunal. As empresas que participaram do programa anunciando vagas ganha-

ram um selo “Começar de Novo” com a finalidade de reconhecimento. A ação é em conjunto com o Patronato Central do Estado, a vara de Execuções Penais de Curitiba, o Serviço Social do Fórum de Execuções Penais e a Corregedoria de Presídios. Para mais informações acesse o site. Outras ações Oferecer colocação no mercado de trabalho não é a única atitude da Comissão Nacional de Justiça em favor da população carcerária. Entre outras ações do Projeto Começar de Novo, está a criação das Cartilhas da Pessoa Presa e da Mulher Presa, que ajudam pessoas encarceradas com informações e noções de cidadania. A apresentação da Cartilha da Pessoa Presa, em sua apresentação, traz o teor do material: “Mesmo na condição de cumpridor de pena, [o preso] possui direitos, principalmente aqueles inerentes à pessoa natural, como direito à vida, à saúde, à dignidade, etc”. Dessa forma, as cartilhas ensinam noções sobre habeas corpus, direito a um advogado, tipos de assistência que o preso pode ter além de uma explicação bastante didática sobre o auxílio-reclusão.


LONA > Edição 911 > Curitiba, 15 de agosto de 2014

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GERAL

Feira Mundo Gastronômico ganha terceira edição em Curitiba Focada na regionalização da culinária paranaense, a feira reúne palestras e aulas com especialistas da área e diversos stands gastronômicos Sacha Sanches

Começou na quarta-feira (13), a 3º Feira Mundo Gastronômico que acontece na Expo Renault Barigüi, em Curitiba, e segue até o dia 16 de agosto, no sábado. O tema da feira deste ano é a regionalização na gastronomia. Organizada pela EFEX – Eventos, Feiras e Exposições, – a feira reúne diversas novidades do setor, incluindo aulas e palestras que podem ser assistidas no próprio local durante o evento. O objetivo é criar uma oportunidade de divulgação das atrações da culinária regional, e de seus produtos, para especialistas e interessados na gastronomia, mostrando, assim, as várias possibilidades culinárias até mesmo para receitas tradicionais. A Feira Mundo Gastronômico é realizada pelo projeto Gastronomia Paraná, uma parceria entre o Paraná Turismo e o caderno Bom Gourmet, da Gazeta do Povo, juntamente com a empresa de eventos EFEX, da Universidade Positivo. Nesta terceira edição do evento, o atrativo diferencial é a presença das vinícolas Araucária, Famiglia Zanlorenzi e a Família Fardo.

foco principal é fixar a marca de nossa loja na venda dos produtos para cozinhas industriais e residenciais e equipamentos para o espaço gourmet para apresentar nossos lançamentos no mercado”, conta José Luiz Amaral, um dos proprietários da empresa Casa do Inox. O empresário ainda acrescenta que “é muito importante ter uma marca forte no mercado, uma marca que tenha credibilidade”.

Feira conta com cursos e palestras > Foto: Ana Mayer

Já, Justina Fardo, uma das proprietárias da Família Fardo, afirma que participa da feira para expôr seus novos produtos ao mercado: “Nós procuramos a feira para expor nosso produto e fazer o lançamento definitivo de nossos vinhos finos elaborados aqui no Paraná, que são novos no mercado”, conta.

“É importante ter um marca forte no mercado, de credibilidade.”

Everton Costa, gerente de loja da Famiglia Zanlorenzi explicou o objetivo de sua vinícola na feira, segundo ele, a empresa quer divulgar seus produtos, entre eles os vinhos estão importando do Chile; além de convidar o público a fazer visitas técnicas à empresa. Costa acrescentou, ainda, qual a importância da feira em sua visão: “As feiras são importantes, especialmente a Mundo Gastronômico, porque aqui atraímos tanto o cliente físico, que é o consumidor final, quanto o cliente jurídico, que são os chefs de cozinha, alcançando assim os dois públicos e conseguindo um leque muito maior”.

As instituições Centro Europeu, Espaço Gourmet, Universidade Positivo e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), estão presentes no “Espaço Aula” promovendo cursos e palestras. Nos próximos dias do evento, renomados chefs de cozinha apresentarão uma nova versão de pratos regionais, para que cozinheiros da capital paranaense possam reproduzir a receita tradicional de uma maneira mais “atualizada”, seguindo as tendências da gastronomia contemporânea internacional. O objetivo é, também, que o público possa aprender novas técnicas de preparo. A feira oferece ainda algumas peculiaridades, como a culinária variada,

apresentadas pelo Comidinhas Gourmet, que oferece produtos puramente feitos com cerveja, o que também chama a atenção. “É algo novo, de comidas feitas com cervejas, desde a mais leve até a mais forte, para mostrar também que dá pra fazer muita coisa”, explica o sócio da empresa, Thiago Kuchak. Ailton Almeida, coordenador e professor do curso de gastronomia da Universidade Positivo também esclarece a influência do evento: “Toda essa demanda de profissionais a procura do curso tem sido muito boa. Além de divulgar os produtos, conseguimos apresentar e difundir o curso de gastronomia da universidade”. Além da culinária regional do Paraná apresentada, algumas lojas de equipamentos culinários também fazem parte da feira. “Como é o terceiro ano que participamos, nosso

A Feira Mundo Gastronômico é um encontro tanto para os especialistas e profissionais da área de grastronomia, tanto para os amantes da boa culinária e das tradições paranaenses. Todos podem conferir tendências e novidades do mundo alimentício enquanto degustam e aprendem um pouco mais sobre essa área tão democrática. Os participantes encontraram produtos e utensílios para todos os gostos. SERVIÇO: Data: 13 a 16 de agosto de 2014 Horário: quarta a sexta das 16h às 22h e no sábado das 14h às 20h Local: Expo Renault Barigüi Categoria: Feira anual dirigida a empresários, especialistas de gastronomia e ao consumidor apreciador da cozinha gourmet, mediante convite. Ingresso: R$ 10,00

Há variedade de produtos na Feira Mundo > Foto: Ana Mayer


Curitiba, 15 de maio de 2014 > Edição 911 > LONA

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COLUNISTAS

Futebol Cervejeiro Lucas Karas

Tempo difíceis Não é de hoje que o Paraná sofre com problemas financeiros. Isso, todos nós sabemos. Mas o que ainda não descobrimos é por que, ano após ano, diretoria após diretoria, o tricolor passa pela mesma situação, pelo mesmo embaraço. É certo que o principal culpado tenha sido a queda para a segunda divisão. Afinal, a diminuição da renda disponibilizada pela TV faz muita diferença na receita de qualquer clube. Contudo, seis anos após o fatídico rebaixamento, não podemos mais nos apoiar no descenso

do Tricolor para justificar os graves problemas financeiros que o clube passa. Justificar, inclusive, não é mais uma palavra a ser usada, ao tentar explicar o algoz Paranista. Não há como justificar. Nenhuma mudança foi vista, mesmo depois de tanto tempo. A cada ano, o tricolor precisa renovar inteiramente o seu elenco, pois não consegue segurar os seus atletas por muito tempo. Afinal, na primeira oportunidade que aparece, o Tricolor vende seus jogadores em prol do caixa do clube.

Não que isso esteja totalmente incorreto. Afinal, a principal renda dos clubes tem origem na venda de jogadores. Mas por que há essa debandada? Simplesmente pelo caixa? Não, não. O clube não consegue segurar os atletas. Afinal, quem gostaria de trabalhar em uma empresa com uma estrutura razoável, mas que atrasa os salários mês sim, mês não, não é? Mais do que isso, falta ao Paraná voltar seus olhos e sua atenção para sua categoria de base. O clube que revelou Lúcio Flávio, Thiago Neves, Evérton, Giuliano, entre outros, hoje já não consegue lapidar mais as suas joias. Falta ao Paraná lembrar que aumentar o preço do ingresso, além de diminuir o apoio da torcida, em número, diminui também a renda da partida, por consequência. É preciso que seja implementado no Tricolor um planejamento. Sem afobação, sem gestões tapa-buracos. É preciso começar tudo de novo, por mais perigosa que pareça a ideia. É preciso investir nas categorias de base. É preciso tentar

manter o elenco, criar um projeto. É preciso refazer a gestão financeira do clube. É preciso readequar os gastos, enxugar a folha e ir se recuperando. É certo que isso irá ocasionar um, dois ou até três anos de dificuldades na Série B. Mas esse tempo é o necessário para que o Paraná volte ao normal. Esse é o tempo necessário para atrair investidores, com a apresentação do planejamento e do projeto. Esse é o tempo para refazer o Tricolor e devolve-lo ao torcedor, que está morrendo de saudades do verdadeiro e único Paraná Clube, que encantou o Estado do Paraná na década de 90. Dica de Cerveja Eisenbahn Orgânica. Isso mesmo, orgânica! Essa bera é produzida sem agrotóxicos ou fertilizantes sintéticos. É uma clássica Pilsen, saborosa, dourada brilhante e com nuances de trigo, por mais que não esteja descrita a inserção deste ingrediente na cerveja. Vai muito bem em um dia quente, por ser leve (4,8%) e refrescante. Consuma ela entre 2 a 4º C.

A identidade cultural brasileira Durante a Ditadura Militar músicos de todo país se expressavam através de canções, que serviam como um desabafo camuflado nas melodias e notas musicais. A ditadura foi como uma válvula de escape, na qual artistas transformaram um momento de caos no país em um poço de riqueza musical, formando, então, a identidade brasileira caracterizada pela MPB. Um exemplo disso é a música Cálice, escrita em 1973, pelo cantor e compositor Chico Buarque, em parceria com Gilberto Gil. A canção possui um jogo de palavras para camuflar o protesto em forma de canção. Pela forma que é pronunciada a palavra ‘cálice’ pode ser entendida como ‘cale-se’. Essa canção, como tantas outras, foi censurada. Em um show promovido pela PolyGramy, Chico e Gil tiveram seus microfones cortados no momento em que começaram a cantar ‘Cálice’, devido a letra mostrar evidências de revolta contra o regime militar instaurado no país.

No ano de 1968, surge uma das músicas que se tornaria o hino de protesto dos brasileiros. “Pra Não Dizer Quer Não Falei das Flores” de Geraldo Vandré faz um convite a todos aqueles que se cansaram do regime militar e desejam reverter a situação em que se vivia na época. “A vida não se resume em festivais”. Vaiado, depois aclamado, Geraldo Vandré sem sombra de dúvidas criou um dos maiores tesouros sonoros do Brasil, cantado por centenas de pessoas que sentiam o mesmo que Vandré, que compartilhavam da mesma angústia, fato percebido até no tom de voz que Geraldo apresenta nessa canção. Mais tarde, em 2005 num outro contexto, a banda de rock Charlie Brown Jr., regravou a canção para o álbum Imunidade Musical. Elis Regina, uma das maiores cantoras brasileiras, também contribuiu para o enriquecimento cultural do Brasil na época. Interpretando a canção ‘O Bêbado e o Equilibrista’ de Aldir Blanc e

What’s the story?

Ana Santos

João Bosco, Elis mostra toda sua delicadeza e estilo inconfundível enquanto intérprete musical. Citando o nome ‘Clarisse’, Aldir Blanc e João Bosco referem-se a viúva do jornalista Vladimir Herzog, que suicidou-se em 1975 na sede do DOI/CODI, em São Paulo. ‘Maria’ é também viúva, esposa de Manuel Fiel Filho, um operário metalúrgico, que morreu devido a tortura em 1976. Com quarteto MPB4 e mais uma vez Chico Buarque, a música Roda-Viva é carregada de sentimentos e de subjetividades para driblar a censura. ‘A gente quer ter voz ativa/ no nosso destino mandar/ mas eis que chega a Roda

Viva/ e carrega o destino pra lá’. A Roda-Viva nesse caso, pode ser entendida como sendo os próprios militares que ‘chegavam’ e ‘acabavam com tudo’, torturando, e por muitas vezes matando quem se posicionava contra. O quarteto MPB4 participou do III Festival da Música Popular Brasileira na TV Record e ficou com o 3º lugar por essa canção. São inúmeras as músicas que surgiram e foramcriadas nessa época. Fez- se um novo pensar sobre a produção musical do país. Chego a arriscar dizer que o período ditatorial, de 1964 a 1985, foi o período em que se produziu a maior riqueza musical do país.


LONA > Edição 911 > Curitiba, 15 de agosto de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Beatles realizam o primeiro show em estádio Localizado no bairro do Queens, em Nova York, o Shea Stadium ficou famoso por ter sido palco do primeiro show realizado em um estádio esportivo. Não fosse isso, a banda que protagonizou o fato foi, ninguém mais, ninguém menos do que os Beatles. No dia 15 de agosto de 1965, a banda se apresentou no local, batendo o recorde de audiência na época, com 55 mil pagantes. Eles cantaram sucessos como Twist and Shout, Ticket to Ride,

Can’t Buy me Love, A Hard Day’s Night e Help!. A banda voltou a se apresentar lá em 23 de agosto de 1966, tendo um público consideravelmente menor, cerca de 11 mil lugares. Originalmente construído para jogos de beisebol e futebol americano, o Shea Stadium foi a casa do New York Mets e do New York Jets. Foi demolido em 2009 para servir como estacionamento adicional para o lado do Citi Field, a atual casa dos Mets. Atualmente, tem capacidade para 55.601 torcedores

Beatles no palco do Shea Stadium > Foto: Arquivo de Rick von Glahn

#PARTIU Em Cartaz O Que Será de Nozes? Infantil > 86min > Livre Sex tape: Perdido na Nuvem Comédia > 94min > 16 anos Uma dose violenta de qualquer coisa Nacional > 96min > 16 anos O Grande Hotel Budapeste Comédia > 100min > 14 anos

Teatro O que o mordomo viu? Local: Teatro Guaíra – Grande auditório Data: 15 e 16 de agosto > Horário: 21h Ingresso: de R$25 a R$160 * *valores variam de acordo com o setor Quem tem medo dos Adams? Local: Teatro Lala Schneider Data: 15 de agosto até 21 de setembro Horário: 00h > Ingresso: R$40 (inteira) e R$20 (meia)

Shows Emmerson Nogueira Local: Teatro Positivo Data: 15 de agosto Horário: 21h > Ingressos: R$66 a R$446* *valores variam de acordo com o setor Mandala Celta Local: Teatro Universitário de Curitiba – TUC Data: 15 de agosto de 2014 Horário: 20h >Ingresso: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Peça “O que o mordomo viu!” chega a Curitiba Versão original da peça foi escrita pelo dramaturgo Joe Orton e estreou em 1969, no Queen’s Theatre, na Inglaterra Com Marisa Orth e Miguel Falabella no elenco, a comédia “O que o mordomo viu!” entrar em cartaz hoje, e fica pela capital do paraná até amanhã às 21h, no Grande auditório do Teatro Guairá. A história conta as trapalhadas que o psiquiatra Dr. Arnaldo (Miguel Falabella) passa para conseguir conquistar Denise (Alessandra Verney) sua secretária, e esconder os seus equívocos da esposa Mirta, personagem de Marisa Orth. O início da peça acontece em uma entrevista de trabalho, quando Dr. Arnaldo resolve examinar a sua – até então – possível secretária, Denise. A entrevista começa a ficar cada vez mais intensa e a concorrente ao cargo acaba ficando nua para o exame. Mas, para a tristeza de Dr. Arnaldo o casal acaba sendo pego no flagra pela sua esposa. Pronto! A confusão está armada! E para piorar a situação do doutor, o seu consultório terá que passar por uma inspeção que revelará o caos que a clínica enfrenta. O elenco conta ainda com nomes como Marcello Picchi – interpretando o Dr. Ran-

Marisa Orth e Miguel Falabella garantem o riso na peça > Foto: Divulgação

ço; Magno Bandarz – como Nico e Ubiracy Parana do Brasil – como Detetive Matos. Como a adaptação para a versão brasileira e a direção da peça foram feitas pelo próprio Miguel Falabella em parceria com Cininha de Paula, a história certamente será muito bem humorada, prometendo ao público boas gargalhadas. Joe Orton foi um escritor e dramaturgo inglês de vida breve, mas intensa em produção, é considerado “escandalosamente macabra” no meio artístico.


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