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Ano XV > Edição 927 > Curitiba, 10 de setembro de 2014
Copa ampliou marca do Brasil no exterior, diz Kfouri EDITORIAL “Vagas não faltam, o que falta são maneiras eficazes e aplicáveis de permitir aos alunos financiem sua formação.” p. 2
Foto: Guilherme Dea
OPINIÃO
Convenção Internacional de Quadrinhos tem sua segunda edição
Conhecida como Gibicon Curitiba, o evento ocorreu no MUMA, no Portão Cultural, do dia quatro a sete de setembro p. 4
“Por favor, ensinem seus filhos a viver no século XXI, a ter a cabeça aberta e o coração livre de preconceito. “ p. 2
#PARTIU Comédia nacional, baseada em peça teatral, reestreia nos cinemas curitibanos devido ao grande sucesso. p. 6
Foto: Vinícius Arthur
Em palestra na FIEP, o jornalista esportivo Juca Kfouri fez um balanço da Copa no Brasil, apresentou diversos dados sobre o evento e ainda p.3 falou da importância de investir no esporte COLUNISTAS Bruno Requena “Nana Caymmi é uma cantora espetacular, tem o choro na voz e a dor pungente nas notas. É daquelas cantoras ímpares. Ou se ama de paixão, ou se p. 5 odeia, é como Nara Leão.” Cleberton Mendes “O nível que Serena Williams alcançou é para poucos. Com 18 Grand Slam, sendo 6 deles US Open, a norte-americana igualou marcas históricas de atletas como Chris Evert e Marp. 5 tina Navratilova.”
LONA > Edição 927 > Curitiba, 10 de setembro de 2014
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EDITORIAL
Muitas vagas, poucas opções
Dados do Censo da Educação Superior, realizado e divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), demonstraram que houve uma redução no número de alunos do ensino superior. De acordo com o Censo, 5,6% desta redução se deu especialmente nas instituições privadas e nos cursos à distância. O número de 2012, que era 1.050.410 caiu, em 2013, para 991.010. Uma diferença de quase 60 mil alunos.
OPINIÃO
Como perder a oportunidade de falar sobre estupro Bruna Karas
Uma rádio nacional transmite todos os dias, na hora do almoço, a coluna de uma psicóloga que fala sobre educação. Os temas são sempre variados, e abordam várias faixas etárias. Quando consigo ouvir, normalmente costumo concordar com as opiniões dela.Porém, no dia 20 de agosto, discordei. Mais do que isso, me irritei com o discurso superficial e retrógrado que foi transmitido para o Brasil inteiro. No dia 28, de novo.
Os dados não surpreendem, a crise econômica que abalou o mundo em 2008 ainda reverbera pelo sistema financeiro brasileiro. Fato que vitalmente afeta também o mercado de ensino, em especial, superior. É claro que existem alternativas: há programas de bolsa parciais, e até mesmo integrais, mas que variam de acordo com cada universidade; além de programas do próprio governo, como o Prouni e o FIES.
Os dois dias falavam sobre estupro. No primeiro, uma menina foi estuprada por oito colegas depois de pegar carona com o vizinho e ser levada para um terreno baldio. No dia 28, foi a vez da história da estudante da USP que, bêbada, foi estuprada numa festa e foi encorajada pela universidade a“deixar pra lá”.
O primeiro é uma oferta feita apenas àqueles que estudaram o ensino médio em escolas públicas, e não se aplica a todo e qualquer estudante que queira ingressar em uma universidade privada, embora pague a formação do graduando integralmente. O segundo programa é de responsabilidade do próprio MEC e trata-se de um financiamento cuja porcentagem varia de acordo com a renda do estudante. Vale lembrar que o financiamento funciona como espécie de empréstimo, o qual será preciso quitar após a graduação.
Nas duas oportunidades, a psicóloga reproduziu discursos machistas, preconceituosos e retrógrados. Falou sobre como os pais devem ensinar aos filhos os conceitos de amizade, sobre como estes valores estão sendo confundidos por meninas que pegam carona com qualquer pessoa que parece “amigo”. Dias depois, falou sobre como os jovens têm consumido álcool excessivamente, sobre como devemos ensiná-los a não ultrapassar os limites com as bebidas.
Nesse meio todo, o ensino superior privado atua como uma opção para aqueles que não podem, ou não conseguem acesso às universidades públicas (seja pela ausência do curso almejado na programação da universidade, ou pela baixa qualidade da grade ofertada). Quem se depara com essas poucas possibilidades e não se enquadra em todos os critérios requisitados pelos programas tem apenas duas escolhas: ou paga ou não estuda. Vagas não faltam, o que falta são maneiras eficazes e aplicáveis de permitir aos alunos do ensino privado que financiem e invistam em sua formação. Um única forma de financiamento à qual não se aplicam todos os casos dos alunos que precisam do benefício é, sem dúvidas, uma medida que “tapa o sol com a peneira”.
Queridos pais: não reproduzam estes discursos monstruosos em casa. Não ensinem suas filhas a se comportarem na rua, a não andarem sozinhas, a não saírem com roupa curta, a não pegarem carona com ninguém, a não ficarem até tarde fora ou a não ficarem bêbadas. A culpa não é e nunca vai ser delas. Ensinem seus filhos que quando uma menina diz não, ela realmente quer dizer não. Ensinem que quando alguém está bêbado, esta pessoa não está em condições de decidir se quer Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
ficar com alguém ou não. Ensinem que estupro é crime. Ensinem seus filhos a ter caráter, a respeitarem a opinião dos outros, a serem educados. Ensinem que as mulheres têm os mesmos direitos. Que elas não gostam de levar cantadas na rua. Ensinem que mulher não é objeto. Ensinem que as mulheres seminuas na televisão também fazem parte do processo de opressão, e não de liberdade.
E ensinem isso às meninas e meninos. Para que no futuro, as meninas também criem seus filhos desta forma. Porque esta sociedade machista e egoísta reproduz os discursos que ouve em casa. E que aprende em casa. Por favor, ensinem seus filhos a viver no século XXI, a ter a cabeça aberta e o coração livre de preconceito. Ensinem sobre amor, educação e respeito ao próximo. O mundo só precisa disso.
Cartaz da Marcha das Vadias de 2012, no Distrito Federal > Foto: Arquivo Marcha das Vadias/DF
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Da Redação
Curitiba, 10 de setembro de 2014 > Edição 927 > LONA
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NOTÍCIAS DO DIA
“Perdeu de sete, ganhou de 14” Em palestra em Curitiba, o jornalista Juca Kfouri usa metáfora da derrota para a Alemanha e diz que o Brasil mostrou uma boa face para o mundo Jorge de Sousa
Um dos jornalistas mais polêmicos e talentosos da mídia esportiva nacional desembarcou em Curitiba depois de quatro anos, para participar do décimo ciclo de palestras da rádio CBN, Juca Kfouri (atualmente trabalhando na própria CBN, no jornal Folha de São Paulo, no Portal UOL e na emissora de televisão fechada, ESPN Brasil) discursou por mais de 90 minutos no auditório Mário de Mari na FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). Esbanjando carisma, senso de humor e principalmente, muitas opiniões polêmicas sobre o esporte nacional, Juca deu destaque para a Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil e para as Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro e mais uma vez, e sobraram críticas para os gestores máximos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ao melhor estilo Kfouri. Com uma plateia de cerca de 100 pessoas, o jornalista contou uma conversa que teve com um colega de profissão do jornal The New York Times sobre os benefícios da Copa para o Brasil. No diálogo o americano se mostrou encantado com a cidade de Manaus (uma das sedes do torneio no país), sua cultura e seu povo acolhedor, além de um estádio de primeiro mundo.
Por falar em fotos, mesmo sob olhares irritados dos organizadores do evento, Kfouri foi solícito em atender todos os pedidos de fotos e autógrafos que lhe foram destinados, inclusive fazendo piada quando questionado se essa ação não o atrasaria para o jogo do Brasil (vitória por 1 a 0 sobre o Equador ontem à noite). “Verei porque sou obrigado. Se eu fosse vocês, aproveitaria e dormiria mais cedo hoje para não ver o time do Dunga”, disse entre risos o jornalista.
Carismático, Kfouri arrancou diversos risos da platéia > Foto: Vinícius Santos
benefícios não foram tão claros assim. Para corroborar essa tese, Juca mostrou dados da Fecomercio (Federação do Comércio) no qual registrou que os feriados em dias de jogo do Brasil (além dos recessos) criaram um déficit de mais de 30 bilhões de reais no setor industrial do país.
“Talvezsejaoúnico jornalistaquefalade políticanoesporte semserchato.”
Kfouri então lhe explica que a média de público do Campeonato amazonense é de apenas 800 mil pessoas por jogo e que as promessas do governo local de que a arena atrairia diversos shows internacionais é uma grande piada. Por isso, o cronista esportivo acha que o evento fortaleceu a marca do país com o restante do mundo, mas para a população brasileira, os
Além disso, o jornalista ainda criticou a construção dos chamados “elefantes brancos”, obras arquitetônicas que dão pouco (ou nenhum) retorno financeiro ao Estado. Casos dos estádios de Manaus, Cuiabá, Natal e Brasília, além do próprio estádio do Corinthians (time do coração de Kfouri), que segundo o jornalista não precisava ser construído para o torneio, vide que o Morumbi (estádio do rival São Paulo) precisava de bem menos investimentos. O mestre de cerimônias da noite foi o narrador Gil Rocha (RPC), que comentou sobre seus sentimentos em dividir o púlpito com Juca Kfouri. “Extremamente honrado de receber esse convi-
te e estar com um cara que revolucionou o jornalismo esportivo brasileiro. Caras como ele fazem com que nas editorias, o jornalismo esportivo seja levado mais a sério”, declarou Rocha.
Defensor irrestrito do esporte, Kfouri mostrou dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) no qual a cada dólar investido no desporto, o Estado economiza três em saúde pública (inclusive, aqui no Brasil o investimento no desenvolvimento de práticas esportivas é garantido pela Constituição nacional). Para encerrar a palestra, o jornalista deu o seu tradicional – e simbólico - troféu Osmar Santos (nos 10 anos em que comandou o programa CBN Esporte Clube, o cronista dava esse prêmio para o destaque diário) para o povo brasileiro, que segundo ele, foi o principal atleta do Brasil no mundial desse ano. Final da palestra, começo dos aplausos de pé para esse ícone do jornalismo brasileiro.
E não foi só o público em geral que compareceu ao evento que aproveitou para “tietar” Kfouri. A jornalista Helen Anacleto (da Rádio Transamérica), depois de uma foto com seu ídolo, relatou a importância do cronista para o jornalismo esportivo nacional. “Simplesmente fundamental. Ele talvez seja o único jornalista que consegue falar de política no meio esportivo sem ser chato. Fez isso por quase duas décadas na Placar, a transformando na maior revista esportiva do país. Ele é a face da credibilidade e da seriedade no esporte, mesmo sendo jornalista”, contou Helen à reportagem do LONA. Mais de 100 pessoas prestigiaram o jornalista > Foto: Vinícius Santos
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GERAL
Gibicon reúne autores e amantes de quadrinhos e gibis Evento aconteceu no MUMA e contou com exposições e galerias que foram de editoras conhecidas a novos nomes do universo HQ Guilherme Dea
Entre os dias 4 e 6 de Setembro, o Museu Municipal de Arte (o MUMA) recebeu a segunda edição da Gibicon, Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba e que reuniu autores e amantes de quadrinhos e gibis. Quem compareceu pode apreciar essa arte de diversas formas, incluindo mangás japoneses, obras estrangeiras, quadrinhos de grandes nomes e editoras famosas (como Marvel e DC Comics), artistas novos, independentes e locais e muito mais. Logo na entrada já se encontravam vários estandes recheados, prontos para atender desde o fã mais casual até o mais dedicado. Ao se dirigir ao subsolo, mais e mais estandes cheias de quadrinhos, brinquedos, livros, graphic novels e autores expondo suas obras. Na parte de trás do museu o espaço ficou por conta dos artistas independentes. A Gibicon também trouxe diversas exposições ao Museu, tomando conta de praticamente todas as salas disponíveis do museu. No segundo andar, por exemplo, houve uma exposição com os desenhos do artista coreano Kim Jung Gi e do americano David Lloyd, famoso pela HQ V for Vendetta (conhecido no Brasil como V de Vingança), além de alguns exemplares do acervo da Gibiteca de Curitiba. Há também uma galeria da editora JBC, contando a história da publicação dos mangás no Brasil e que faz parte do Mês da Cultura Japonesa em Curitiba. No subsolo os visitantes conheciam vários quadrinhos locais, incluindo o primeiro super-herói 100% Curitibano: O Gralha. Além das exposições houveram diversos debates com dezenas de convidados do Brasil todo, a Arena dos Artistas e pocket shows de bandas locais.
tória só, mais tradicional até mesmo no traço. E no meio a gente, que é mais de internet. Então existe uma diversidade gigante que não conseguimos ver.” Daniel complementa: “Tem para todos os gostos. Tem muitos tipos diferentes. Tem gente que desenha mangás, tem gente que desenha quadrinhos de aventura, tem gente que desenha quadrinhos de comédia, de drama, alguns mais artísticos. Estamos em um rolê onde as pessoas não são apenas “só gosto de quadrinhos do tipo tal”. Eu gosto de quadrinhos, então qualquer quadrinho que for bom é consumível.”
Há quadrinhos de todos os gêneros > Foto: Guilherme Dea
cados na internet desde 2007, e vieram para a Gibicon pela primeira vez. Uma das primeiras coisas que eles levantam sobre as vantagens de uma convenção como essa é a da aproximação com outros artistas e leitores, permitindo assim expandir as relações, conhecer outros trabalhos etc.
“Não gostar de quadrinhos é como não gostar de música.”
Pedro Falcão e Daniel Andrade são artistas independentes e produzem a Max Reebo, uma série de tirinhas e quadrinhos publi-
Falcão destaca que, para artistas como eles que trabalham na internet, a aproximação com os leitores de forma “física” é ainda melhor. “É ai que você tem o termômetro da coisa, que você vê para onde está indo, que você vê o envolvimento da pessoa com a sua obra. Na internet, por mais fácil que seja distribuir sua obra, não existe essa sensibilidade real do que realmente está acontecendo, ainda mais com arte que é algo que precisa dessa sensibilidade” , diz. “Quando a galera conhece você, troca uma ideia com você e vê como você trabalha e você vê como a pessoa é influenciada pelo seu trabalho, é um bom termômetro”, complementa Daniel. Quando perguntado se o mercado de quadrinhos nacional é valorizado, Pe-
dro Falcão é otimista. “É. Isso foi algo que a gente só descobriu quando começou a fazer. Existe essa ideia de que quadrinhos do Brasil são só Maurício de Sousa, quadrinhos de super-heróis, Marvel, DC, esse tipo de coisa. Existe um mundo gigantesco de quadrinho nacional, mas gigantesco mesmo! Equiparado ao dos Estados Unidos facilmente!”, diz o escritor da Max Reebo.
Falando sobre a popularização dos quadrinhos como meio, Pedro e Daniel comparam os quadrinhos com a música. “Você falar que não gosta de quadrinho é a mesma coisa que você não gosta de música. Talvez você até não goste algumas músicas, de alguns gêneros, mas tem outros que você certamente vai gostar” comenta Falcão, em seguida finalizando: “Certamente vai ter um quadrinho feito no Brasil que é exatamente o que você gosta, talvez você nunca tenha lido quadrinho na vida, mas pode ter certeza que tem pelo menos um quadrinho que você vai pirar muito quando ler.”
Ele comenta que além do grande número de artistas independentes, há também uma enorme variedade de temáticas e estilos de quadrinhos: “Por exemplo, aqui na Gibicon, nas duas mesas dos nossos lados são, de um lado é um pessoal mais indiezinho, que gosta de misturar música com quadrinhos, com imagens, eles fazem até poesias ilustradas. E do outro lado tem um cara bem mais tradicional, no sentido de fazer quadrinhos, que tem um livrão, com uma his- O MUMA faz parte do complexo do Portão Cultural > Foto: Guilherme Dea
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COLUNISTAS para nós é melhor, para mim é melhor, convém a nós... nunca mais vou querer o seu beijo, nunca mais...”
História da MPB Bruno Requena
Nana, a dama da canção Nana Caymmi é uma cantora espetacular, tem o choro na voz e a dor pungente nas notas. É daquelas cantoras ímpares. Aos que escutam pela primeira vez a voz da filha de Caymmi, há duas possíveis reações: ou se ama de paixão, ou se odeia, é como Nara Leão. Nana estreou cantando com o pai “Acalanto”, substituindo a mãe que, por insegurança, não quis gravar a canção. Desde pequena gostava de música clássica e das cantoras de rádio como, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Ângela Maria entre outras. Nana acabou herdando o
sofrimento e o lado interpretativo dessas cantoras que colocavam a alma nas canções que interpretavam. A filha de Caymmi estreou em disco solo em 1965, seu primeiro álbum foi lançado pelo emblemático selo Elenco. O disco é maravilhoso, com canções de dar água na boca. Para mim a canção “Nunca Mais” é de deitar e chorar, bate no fundo da alma e sensibiliza qualquer coração apaixonado ou recente separação, “eu queria escrever, mas depois desisti, preferi te falar assim a sós, terminar nosso amor,
Nana chegou a participar da FIC (Festival internacional da canção), em 1968, desbancando a porta voz da música popular da época, Elis Regina: “Para mim foi um estouro chegar e desbancar a melhor cantora não é pra qualquer um”. Nana também participou do festival da Record com a canção “Bom dia”, de autoria sua e de Gilberto Gil, com quem, na época, era casada. “Acorda meu amor, o dia veio roubar, teu sono cansado, é hora de trabalhar, o dia te exige o suor e o braço, pra usina do dono do teu cansaço”. Nana ficou um bom tempo sem gravar discos depois dessa época, lançando um álbum recheado de preciosidades em 1973, na Argentina. O disco continha lindas regravações e canções inéditas, com destaque para “Dora” de Dorival Caymmi, seu pai. “Os clarins da banda militar, tocam para anunciar, sua Dora agora vai passar, venham ver o que é bom, oh Dora,
rainha do frevo e do maracatu, ninguém requebra e nem dança melhor do que tu”. Depois de uma longa estadia fora do Brasil, Nana retorna ao país e grava um disco emblemático em 1975, onde contem seus maiores sucessos como “Beijo partido”, de Toninho Horta. “Sabe eu não faço fé, nessa minha loucura, e digo eu não gosto de quem me arruína em pedaços, e Deus é quem sabe de ti, e eu não mereço um beijo partido, hoje não passa de um dia perdido no tempo, e fico longe de tudo que sei, não se fala mais nisso eu sei, eu serei pra você o que não me importa saber, hoje não passa de um vaso quebrado no peito, e grito”. Em 2012, Nana teve sua obra toda reeditada em uma linda caixa entitulada “Nana, a dama da canção” de curadaria do jornalista e crítico de música Rodrigo Faour. Um item de colecionador com uma obra impar e de extremo bom gosto e canções belíssimas, quem nunca ouviu Nana Caymmi esta perdendo a experiência de chegar no mais belo da alma humana, o amor. É só ouvindo pra entender.
Simplesmente Serena O nível que Serena Williams alcançou é para poucos. Com 18 Grand Slam, sendo 6 deles US Open, a norte americana igualou marcas históricas de atletas como Chris Evert (EUA) e Martina Navratilova (EUA), e fica a seis títulos da maior campeã do mundo, Margareth Smith Court (AUS), que ganhou 24 Grand Slam desse nível.
Em 1994, Venus passou a ser profissional, opção tomada por Serena apenas no ano seguinte, em 1995.
A história de Serena Willians no tênis começou bem cedo. Serena nasceu em 26 de setembro de 1981, em Saginaw, no Michigan. Ao lado de sua irmã mais velha Venus Williams, as duas começaram a praticar tênis com quatro anos de idade, ambas por iniciativa do pai, Richard, que sempre quis fazer delas campeãs da modalidade. Em 1990, ainda ao lado de sua irmã Venus, Serena começou a fazer jogos de exibição contra jogadoras profissionais.
Por não ter passado por categorias de base, como a maioria dos atletas, seu talento era colocado em dúvida no começo da carreira. Os especialistas pensavam que as duas, por não terem passado pelo circuito júnior, nunca chegariam a ser grandes atletas. No entanto, em 1997, Venus, logo na estreia em Grand Slams, chegou à final do Open dos Estados Unidos, mas perdeu para Martina Hingis. Venus chegou ao décimo lugar do ranking WTA em 1998, mas foi só em 1999 que conseguiu se destacar. Serena, apesar de mais nova, foi a primeira a brilhar ao vencer o US Open. Mesmo assim, Venus acabou o ano no terceiro lugar do ranking, uma posição à frente de Serena.
No ano seguinte, a família mudou-se para a Florida e as duas irmãs passaram a frequentar uma academia de tênis.
Chegando ao topo Em fevereiro de 2002, Venus alcançou a primeira posição do ranking pela pri-
Minuto Final
Cleberton Mendes
meira vez, porém esse seria o ano da sua irmã Serena, que atingiu o topo do ranking, após conquistar três títulos do Grand Slam (Roland Garros, Wimbledon e o Open dos Estados Unidos), vencendo a sua irmã nessas três finais. É de destacar que nessas finais do Torneio de Wimbledon e do Roland Garros foi a primeira vez que duas irmãs se defrontaram na final. Nesse ano, Venus ficou no segundo lugar do ranking e, no ano seguinte, terminou no décimo primeiro lugar do ranking devido a uma época marcada por várias lesões. Quanto a Serena, no ano de 2003, venceu no Open da Austrália e em Wim-
bledon. Com a vitória na Austrália, Serena tornou-se a quinta mulher a deter, simultaneamente, os quatro título. A melhor tenista dos últimos tempos. Com 32 anos, Serena Williams faturou no último domingo, 7, o US Open, e escreveu mais um capítulo de sua história extremamente vitoriosa, se tornando a maior campeã do US Open. Além dos títulos do US Open, Serena já foi campeã de torneios Grand Slam outras doze vezes: cinco vezes em Wimbledon, cinco no Aberto da Austrália e duas em Roland Garros. A número 1 do Ranking tem força para bater novos recordes, e se tornar a número um da história.
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ACONTECEU NESTE DIA
É lançado o primeiro jornal impresso do Brasil No dia 10 de setembro de 1808 foi fundada a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso do Brasil. Seu lançamento marcou o início da imprensa no país. Até a sua publicação, herança da transferência da corte portuguesa para o Brasil, era totalmente proibido aos brasileiros o acesso à informação. Publicada duas vezes por semana, a Gazeta era um jornal oficial e trazia comunicados do governo, além de in-
formes sobre a política internacional, em especial sobre a realidade da Europa diante dos conflitos napoleônicos, e a vulnerabilidade das colônias americanas pertencentes à Espanha. A partir de 29 de dezembro de 1821, o jornal passou a se chamar somente Gazeta do Rio. Com a independência do Brasil, em 1822, ele deixou de circular, e foi sucedido pelo Diário Fluminense, de Pedro I, e o Diário do Governo, de Pedro II, como órgãos oficiais de imprensa.
Primeiro exemplar da Gazeta do Rio de janeiro > Foto: Reprodução Acervo Digital
#PARTIU Exposições
Comédia reestreia nos cinemas de Curitiba
Cabeça de Coco Local: Shopping Jardim das Américas Data: até 28 de setembro Horário: segunda a sábado das 10h às 22h Ingresso: gratuito
“Os Homens São de Marte... e É pra Lá Que Eu Vou” está novamente em cartaz nas bilheterias curitibanas para divertir o público
Paisagem Reversa: Serra do Ibitiraquire (Pintura) ocal: Centro de Criatividade Data: até 28 de setembro Horário: segunda a sexta das 9h às 21h; sábados e domingos das 9h às 16h > Ingresso: gratuito
Em Cartaz O Poderoso Chefão II Drama > 200 min > 14 anos Os Homens São De Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou Comédia > 106 min > 14 anos O Doador de Memórias Drama > 97 min > 12 anos Hércules Ação > 98 min > 14 anos
Teatro Diva e o Maestro Sem Conserto (Musical) Local: Teatro Regina Vogue Data: 10, 15, 16, 17 de setembro Horário: 20h30 Ingresso: R$30 (inteira) e R$15 (meia) MPB para Crianças - Música do Portão pra Dentro Local: Teatro Regina Vogue Data: até 28 de setembro Horário: 16h Ingresso: R$30 (inteira) e R$15 (meia)
O filme “Os Homens São de Marte... e É pra Lá Que Eu Vou” fez tanto sucesso com o público de Curitiba que está em cartaz novamente nos cinemas do Park Shopping Barigui e do Shopping Mueller. A reestreia do longa metragem protagonizado por Mônica Martelli, Daniele Valente, Paulo Gustavo e Marcos Palmeira teve início no mês de setembro. O filme conta a história de Fernanda (Mônica Martelli), uma organizadora muito bem requisitada de eventos matrimoniais. Certamente o casamento é um dos momentos da vida que a grande maioria das mulheres sonha, imagina, planeja e tudo mais. Com Fernanda não é diferente, mesmo com 39 anos e sem ter nenhum companheiro para firmar um compromisso amoroso, ela sonha em encontrar o amor de sua vida e, lógico, subir ao altar com o digníssimo. Em meio a tantas trapalhadas que a moça passa para encontrar o par perfeito, acaba se envolvendo e lidando com homens de diferentes gostos e manias, mas em nenhum deles Fernanda encontra o que procura.
Cartaz do filme > Foto: Divulgação
Quem faz uma participação especial no filme, é Lulu Santos, cantando em um dos casamentos realizados por Fernanda a canção “Apenas Mais Uma de Amor”, que compõe a trilha sonora da obra. A história foi adaptada para as telas do cinema, devido ao sucesso que gerou quando foi apresentada por quase dez anos consecutivos nos teatros de todo o Brasil. A peça foi assistida por aproximadamente mais de dois milhões de brasileiros.