Lona 938

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

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Ano XV > Edição 938 > Curitiba, 26 de setembro de 2014

Paraná tem aumento em número de doações EDITORIAL “O dia 27 de setembro marca o ‘Dia Nacional da Doação de Órgãos’, que visa discutir o tema.” p. 2

Foto: Ana Justi

OPINIÃO

Jornalistas falam sobre reportagens especiais em palestra

O segundo dia da Semana de Comunicação foi aberto por Felippe Aníbal, Vinicius Ferreira e Eleandro Passeia que contaram suas experiências p. 3

“Parece que Paulo Roberto Costa estava muito enganado quando disse que mudariam as eleições.” p. 2

#PARTIU Clássico “O Beijo No Asfalto”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, é apresentado em Curitiba. p. 6

Foto: Divulgação

Dia 27 de setembro marca o fim da Semana de Doação de Órgãos com índices positivos; este ano o estado do Paraná contou com uma p. 4 campanha direnciada COLUNISTAS Lucas Karas “Hoje vou dar destaque mais para a cerveja do que para o nosso futebol, que está indo de mal a pior. Cansei de vir aqui e criticar a situação dos três p. 5 principais times paranaenses.” Maria Luiza Lago “Um disco de ouro no Reino Unido por um single, dois Billboard Music Awards, dois Grammy Awards e um BRIT Awards: esses foram só alguns dos prêmios que a jovem Lorde p. 5 ganhou em sua carreira.”


LONA > Edição 938 > Curitiba, 26 de setembro de 2014

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EDITORIAL

Quando um “não” deixa de salvar vidas O dia 27 de setembro marca o “Dia Nacional da Doação de Órgãos”, que tem como principal objetivo incentivar a discussão sobre os transplantes nas famílias brasileiras. Sistema Nacional de Transplante aponta que, em dez anos, houve um crescimento de 84% nos números de doações: eram 12.722 procedimentos em 2003 e, em 2013, foram registrados 23.457 transplantes. Entretanto, segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, para cada doação feita no Paraná, há duas “não doações”. Em 2012, a taxa de recusa das famílias brasileiras era de 48%, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. No Paraná, os números vêm aumentando nos últimos três anos. De 2010 para 2013, o aumento foi de 54%, aproximadamente. O maior número de doações no estado corresponde aos transplantes de rins. Em seguida, vêm os transplantes de fígado, coração e pâncreas.

OPINIÃO

Era melhor calado Sarah Graçano

Parece que Paulo Roberto Costa estava muito enganado quando disse que tinha informações capazes de mudar completamente o cenário eleitoral. Suas declarações recentes sobre a Petrobras foram feitas com um intuito claro de prejudicar o atual governo, mas parece que a presidenta Dilma Rousseff está comemorando com cara de “sua praga em mim não pega”. Nisso tudo, o que era pra ser o furacão das eleições se tornou apenas uma marola em uma das disputas mais intensas da democracia brasileira. Rodrigo Janot, Procurador Geral da República, já demostrava receio de que a operação Lava Jato fosse prejudicada em decorrência da exploração dela em período eleitoral, afinal, todos querem atacar o inimigo para chegar ao poder. Contudo, além de ser uma

declaração altamente oportunista, o que foi falado por Paulo Roberto Costa e publicado na capa de grandes revistas nacionais e internacionais, prejudica muito o trabalho da justiça brasileira. Era melhor, sem dúvidas, ter ficado calado. As informações cedidas por ele são do tipo “cachorro que late não morde”, faz barulho, mas não atrapalha ninguém. As opiniões políticas, é claro, já começaram a circular pela mídia um dia depois das declarações do exdiretor da Petrobras. O candidato da oposição, Aécio Neves, afirmou que o escândalo da empresa estatal é a mais grave denúncia de corrupção da história recente do país, e passou a atacar duramente as acusações de desvio de dinheiro das quais o PT é réu. O sujo, como sempre, falando do mal lavado.

Marina Silva, que já deixou o posto de boa moça nas eleições de 2010, também se apressou em colocar como parte de sua campanha acusações, que ainda não foram julgadas, contra sua principal rival. E o cenário eleitoral? Dilma continua na frente na primeira etapa e está ganhando ponto, chegando a ultrapassar sua principal adversária na segunda etapa. Marina continua tropeçando em sua própria língua, entrando em contradições e estagnada nas pesquisas. Aécio neves, como a boa oposição que é, cansou de ficar de braços cruzados e partiu para o ataque contra a candidata do PT. O show mesmo fica por parte dos candidatos menores, que falam o que querem, acusam quem querem e garantes o espetáculo político para os eleitores espectadores.

Enquanto isso, a lista de espera por doações no Paraná conta com 2.271 pessoas. Deste total, 58,8% são homens e 72% das pessoas na lista aguardam por transplante de rins. O diagnóstico para transplante com maior número de pessoas é de Insuficiência Renal Crônica, que afeta majoritariamente as pessoas com idade entre 35 e 64 anos. No dicionário, tabu é “algo ou alguma coisa que se evita por temor e desconhecimento”. Em meio a tantos números, uma coisa é certa: a morte é, ainda hoje, um tabu. As pessoas não falam sobre o assunto por não gostarem de falar, por se sentirem incomodadas ao conversar sobre isso e, consequentemente, não discutem sua vontade de ser doador ou não. E, enquanto não se falar sobre o assunto e não se deixar claro para as famílias sua vontade de ser um doador ou não, duas mil pessoas da lista de espera continuarão aguardando os transplantes. Algumas, inclusive, não terão tempo suficiente para esperar.

Imagem: Arquivo Wikimedia Commons

Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Da Redação


Curitiba, 26 de setembro de 2014 > Edição 938 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Palestrantes comentam sobre a importância do repertório Profissionais da área explicam técnicas utilizadas no processo de apuração de reportagens especiais Marina Geronazzo e Bruna Teixeira

Dados estatísticos relevantes, percepção e boas fontes, de acordo com o jornalista da Gazeta do Povo, Felippe Aníbal, serim elementos essenciais à fórmula “mágica” para realizar uma boa matéria. Essa foi apenas uma das dicas apresentadas na palestra sobre Reportagem Especial, na Semana de Comunicação da Universidade Positivo na manhã do segundo dia do evento.

paranaense, no qual realizou pautas investigativas para a televisão. Atualmente o jornalista é apresentador da Tribuna da Manhã e repórter do Tribuna da Massa, ambos da Rede Massa. No período da Copa, Passaia se infiltrou como pedreiro nas obras da Arena da Baixada, e com uma câmera escondida trouxe para o público os problemas e atrasos da obra.

A palestra aconteceu na quarta-feira, dia 24. Posicionados sobre o palco do auditório um do bloco vermelho estavam grandes nomes da área, como o repórter Felippe Aníbal, que atua especificamente com jornalismo impresso, o fotógrafo Vinicius Ferreira e Eleandro Passaia, apresentador e repórter da Rede Massa.

Em 2014, ainda, o apresentador se disfarçou e vendeu cigarros contrabandiados nas ruas de Curitiba, “recebi até ameaça de morte”, contou.

Os três jornalistas comentaram sobre as alternativas do jornalismo e como o uso da humanização pode ser uma boa tática para aproximar os leitores do conteúdo publicado. Cada um dos palestrantes dividiu algumas histórias pessoais e profissionais com os estudantes, que puderam fazer perguntas ao final.

Viniciu Ferreira, Felippe Aníbal e Eleandro Passaia durante palestra > Foto: Ana Justi

veículos ingleses, falou ainda sobre o valor que o trabalho deve ter, “para que server esse trabalho que você está realizando?”, questionou.

que aí nascem muitas pautas,” afirma Felippe, para quem extrapolar a pauta também é uma ação determinante para criar uma matéria de qualidade.

Sobre as práticas jornalísticas na hora de executar matérias, Ferreira acredita que o essencial é relatar os fatos da maneira mais real possível. “O jornalismo tem a necessidade de comprovar, de dizer que aquilo é verdade mesmo. Particularmente, acredito que em determinados casos, o mais importante é expor uma situação da maneira como ela é, ou até mesmo com um pouco da tua parcialidade,” explica Vinicius.

Apesar do atraso de meia hora, Eleandro Passaia contou um pouco da sua experiência com o jornalismo investigativo. Em 2010 o jornalsita lançou o livro “A máfia do Paletó”, no qual relata a experiência de agir como infiltrado da polícia dentro da Secretária de Comunicação da cidade de Dourados. Com a ação, Passaia desmembrou um esquema milionário de corrupção. Depois do lançamento do livro, Eleandro continua respondendo a processos, motivo que o fez se mudar para o Paraná.

“Para que serve esse trabalho que você está realizando?”

“Eu sempre procuro dar um enfoque mais humano para as matérias. Estamos escrevendo para pessoas, gente que às vezes tem dramas parecidos com esses que contamos. O leitor tem que se identificar com o jornal. Ele tem que representar e dar voz para essas pessoas”, comenta Felippe.

Sobre a produção de fotos, Vinicius acredita que não adianta depender apenas da sorte. “A sorte só aparece para quem está bem preparado. Se você não está com o foco ali, predestinado para aquilo, acho que a sorte não vai aparecer do nada,” ressalta. O fotógrafo, que cobriu a Copa 2014 para

Os três jornalistas consideram que o repertório é essencial para um material de qualidade. “A questão de referências, bagagem, é determinante para perceber onde tem pauta ou não.” E acreditam que o importante é perceber as novas pautas ao redor. “A gente deve olhar ao nosso entorno. [...] Olhem, conversem com pessoas,

Além dessa experiência, Passaia também trouxe aos alunos e professores histórias sobre reportagens em seu primeiro semestre na capital

Felippe destacou durante sua fala, ainda, o lugar do repórter e questionou o que falta no jornalista atual. Segundo ele, “lugar de repórter é na rua; não na redação, não é fazendo pauta por telefone”. Ana Justi, estudante do curso de jornalismo que assistiu à palestra, afirma compreender e concorda com a afirmação. “O contato direto com a fonte agrega riqueza de detalhes à matéria”. A estudante ressalta ainda a importância da palestra para quem está começando: “É interessante e motivador para quem está no primeiro ano poder conhecer diretamente um pouco da história de profissionais que estão no mercado, e ainda receber dicas”.

A palestra abriu o segundo dia do evento > Foto: Ana Justi


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GERAL

Doações de órgãos no Paraná aumentam 53% em três anos Desde 2010, números de transplantes e doações vêm aumentando positivamente no estado Da Redação

Segundo a Central Estadual de Transplantes (CET/PR), as doações de órgãos têm aumentado gradativamente ao longo dos últimos três anos. No período de janeiro a agosto, em 2010, foram 70 doações. Em 2013, o número subiu para 152 transplantes no mesmo período. O “Dia Nacional da Doação de Órgãos” acontece no dia 27 de setembro. Para incentivar cada vez mais os transplantes, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos promove a Semana Nacional de Doação de Órgãos, de 21 a 28 de setembro. A diretora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, informa que, atualmente, para cada doação feita, há duas “não doações”. “As famílias não doam porque desconhecem a intenção da pessoa, e desconhecem porque a morte ainda é um tabu e, portanto, ninguém discute o assunto”, declara. Para ela, é muito importante que estas campanhas de conscientização aconteçam com mais frequência. Arlete conta que

27246-005-ABTO-Folheto-SemanaNacionalDoacao-15x21.indd 1 Campanha 2014 de doação de órgãos > Foto: Divulgação

no Paraná, a semana tem um diferencial. “Nós fizemos parcerias com a sociedade civil organizada para que esta campanha que incentiva a discussão sobre o assunto permaneça na mídia”. No Brasil, a doação só acontece após a autorização familiar e, para isso, não é necessário nenhum documento ou registro escrito. Alguns órgãos como rins, parte do fígado ou medula óssea podem ser doados ainda em vida. Porém, geralmente as doações acontecem em casos de morte encefálica (parada de todas as funções do cérebro). A gerente Eliza Serpa passou por uma situação extremamente delicada envolvendo falecimento e doações de órgãos. Em 2009, ela tinha recém casado com o metalúrgico Marcelo Gonçalves, e ambos tinham 22 anos. O marido acabou falecendo quatro meses após a união, vítima de um acidente de trânsito. Mesmo com toda a tristeza que a situação envolvia, Eliza então responsável pelo corpo, não pensou duas vezes e prontamente optou pela autorização da doação de todos os órgãos do rapaz. “Foi um dos momentos mais difíceis que eu passei, mas o sentimento em permitir a doação dos órgãos para quem está precisando e esperando, pode ser que até mesmo há anos por esse ato, é muito confortante”, contou.

02/09/2014 11:06:59

O processo de transplante deve ser rápido e, por isso, às vezes é feito por transporte aéreo. Em alguns casos como transplantes de coração, o procedimento não pode ultrapassar quatro horas. Os órgãos e tecidos que podem ser doados são: coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado, intestino,

Cartaz incentivando a doação de órgãos > Foto: Divulgação

córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas e tendões. No estado do Paraná, o maior número de doações corresponde aos transplantes de rins: desde 2010, foram 585 procedimentos. Em seguida, vem os transplantes de fígado (215), coração (48), e pâncreas (47). O empresário, Giovani Razzolini, corresponde a um dos 585 procedimentos

“Meus rins estavam perdendo a função e iriam parar.” de transplantes de rins que foram realizados, desde o ano de 2010, no Paraná. Ele conta que os problemas de saúde começaram com a pressão alta, descoberta quando foi realizar uma doação de sangue, com 18 anos. Pela pouca idade, os médicos o encaminharam para um clínico especialista do sistema cardíaco. A partir de exames o profissional o encaminhou para um médico nefrologista (especialista em doenças do sistema urinário). Após a realização de uma série de exames foi constatado que o empresário estava com apenas 40% dos seus rins funcionando. “Os

meus rins estavam perdendo função e logo iriam parar de funcionar então eu tive mais um ano de função e logo comecei a fazer diálise”, disse. Depois de começar as sessões de diálise, os médicos diagnosticaram que uma glomerulonefrite foi o que causou a perda das funções renais do jovem. A glomerulonefrite é, segundo o Portal da Diálise, uma lesão nos glomérulos ou em pequenos vasos sanguíneos dos rins. Quando a lesão se desenvolve a capacidade de filtração dos rins fica comprometida. No caso de Giovani, das onze veias que filtram o sangue apenas duas estavam funcionando: “As outras estavam fechadas então o transplante era a única solução”. Realizando exames de compatibilidade, constatou-se que a irmã do paciente poderia ser sua doadora. Dessa maneira, o transplante de rim foi realizado, o processo durou cerca de 4 horas, e a recuperação exigiu um longo período de repouso. Hoje o jovem vive uma rotina normal, embora com alguns cuidados, especialmente com relação à alimentação e precauções para com a sua saúde. “Eu tenho que tomar para sempre os imunussupressores que são os remédios que baixam a imunidade para o corpo não rejeitar o órgão estranho que está dentro do meu corpo”, contou Giovani.


Curitiba, 26 de setembro de 2014 > Edição 938 > LONA

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COLUNISTAS

Futebol Cervejeiro Lucas Karas

Com mais cerveja e nada de futebol Hoje vou dar destaque mais para a cerveja do que para o nosso futebol, que está indo de mal a pior. Por quê? Pois cansei de vir aqui e criticar a situação atual dos três principais times paranaenses. Não que eu vá parar, é claro. Só vou dar um tempo, usando essa coluna para falar de outra paixão, que sempre tem um pequeno espaço aqui. Comecei a gostar de cervejas (as verdadeiras) a partir de 2012, quando fui a um dos restaurantes da cervejaria curitibana Bier Hoff e experimentei uma

novidade para o meu paladar: uma cerveja de trigo. Quando tomei, me assustei. Aquele gosto estranho e diferente, mas ao mesmo tempo completo e inédito não me pegou de primeira. Não gostei nem do primeiro e nem do último gole. Mas foi aquele negócio. Mesmo assim, fazia questão de repetir a tentativa. Demorei a entender que na verdade, não é que eu não estava gostando da cerveja. Só, não estava deixando que essa novidade se instalasse no meu corpo acostumado a tomar as tais das “cervejas” de massa.

Não demorou muito para que aquelas tentativas se tornassem hábito. Aí, resolvi: seria uma fã de cervejas artesanais, e mais, colecionaria as garrafas de todas as beras que eu tomasse. Dito e feito. Hoje, tenho aproximadamente 40 garrafas em uma estante que já está envergando. Tem de tudo, desde Pilsens e Weiss (de Trigo) até Stouts, especiais e outras, muitas outras. Gosto de destacar alguma, seja pela qualidade, ou pela personalidade. Dentre as minhas preferidas estão Baden Baden, Colorado, Eisenbahn, Bier Hoff e Way Beer.

O garçom tinha me alertado do sabor exótico da cerveja. Arrisquei e não me arrependi.

É desta última que eu quero falar. Qualidade e personalidade são as características que definem a cervejaria de Pinhais. Todas, sem exceções, arriscam com o sabor e com a linguagem, buscando ser únicas nos olhos, na mão, na boca e no sabor. Já falei aqui da Sour Me Not Acerola, uma cerveja extremamente azeda, mas que têm muito sabor, se consumida corretamente e harmonizada com o alimento correto. Quando a pedi, no Hop’n Roll (um dos melhores bares que já fui), tive receio.

Depois de uns vinte minutos pensando, resolvi levar a Avelã Porter, pois eu tinha lembrado que havia sobremesas com chocolate em casa. Quando provei, fiquei extasiado. O sabor da avelã, misturado com o leve amargor do estilo Porter me deixaram louco. Não precisava mais de sobremesa. Aquilo era o suficiente. A escuridão no copo revelava, ao olhar contra a luz, um cobre lindo. A espuma era cremosa, mas pouca. E o teor? 5,6% distribuído nos 310ml da garrafinha. Uma linda experiência!

Alguns dias atrás, resolvi arriscar de novo. Fui ao Festival - um dos poucos mercados curitibanos com uma carta de cervejas tão boa - para comprar uma bera. Estava com saudades, pois já fazia tempo (cerca de umas duas semanas) que não tomava uma bera de verdade. Quando cheguei, não sabia o que escolher. Aí vi as Way, e a dúvida dentro de mim só aumentou.

A caminho do título Um disco de ouro no Reino Unido por um single, dois Billboard Music Awards, dois Grammy Awards e um BRIT Awards: esses foram só alguns dos prêmios que a jovem Lorde ganhou em sua carreira, tudo isso com apenas 17 anos de idade. Ella Yelich-O’Connor (Lorde) adotou o nome artistíco por sua fascinação pela aristocracia e a realeza. Não é a toa que seu primeiro single e sucesso mundial (com 346.248.800 visualizações no Youtube, lançado no ano passado) se chamava “Royals”, ou seja, “Realeza”. A música trata da maneira como a artista se sente num outro tipo de realeza. Os versos dizem: “Nós nunca seremos da realeza, isso não corre no nosso sangue, esse luxo não é para nós. Nós desejamos um outro tipo de agitação”. Um “outro tipo de agitação” que seja diferente de “dentes de ouro, vodka; manchas de sangue, festas, destruir quartos de hotel”, prosseguem os versos do single.

Lorde nasceu na Nova Zelândia, em Auckland. Suas músicas refletem muito a sua cidade natal, contando a realidade por sua perspectiva. A música “Team”, por exemplo, diz que “nós vivemos em cidades que você nunca verá na TV”, e até mesmo na música “Royals”, ela diz “não tenho orgulho do meu endereço, no subúrbio assolado, que nenhum outro CEP inveja”. É interessante observar os temas sobre os quais falam e tratam as músicas de Lorde, uma menina que nunca saiu do país antes e, “do nada”, simplesmente bombou, saindo em turnês enloquecidamente e virando sua vida e rotina de cabeça para baixo. Deve ser enlouquecedor mas ao mesmo tempo triste, como no trecho da música “Still Sane”: “ainda gosto de hoteís, mas acho que isso vai mudar; aindo gosto de hotéis e da minha recém-descoberta fama; prometo que posso ficar boa”, cantam os versos da canção número oito do álbum Pure Heroine.

What’s the story?

Maria Luiza Lago

A cantora neozelandesa tem um talento imenso para cantar e atuar no palco. Seus shows são, geralmente, cheios de danças um tanto quanto estranhas, que caracterizam o seu jeito de ser e suas músicas. A maioria das canções tem a batida bem marcante e a voz da jovem cantora soa um tanto quanto infantil. Isso acontece principalmente na música “Ribs” em que ela fala “dividir a cama como criançinhas”. Essa mistura de batida forte com voz infantil dá um clima engraçado, mas ao mesmo tempo interessante, algo inovador; um pouco parecido com Ellie Goulding, mas menos eletrônico e com mais batidas de rap.

Lorde lançou um EP chamado “The Love Club”, com apenas cinco faixas e um álbum com 16 faixas, “Pure Heroin”. A maioria das músicas da cantora conta de sua trajetória como artista, das viagens, do estilo “I don’t care”, de sua “quedinha” por hip-hop, relacionamentos, enfim, tudo o que pode passar na cabeça de uma adolescente de 17 anos, com o mundo nas mãos e com uma maturidade notável. Lorde canta nos versos de “Still Sane” versos, que, quase como premonições, acredito que, um dia, vão se tornar realidade “sou pouco, mas estou a caminho da coroa; sou pouco, mas estou chegando a você; sou pouco, mas estou a caminho do título”.


LONA > Edição 938 > Curitiba, 26 de setembro de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Fundado o cinema mais antigo do mundo Fundado no dia 26 de setembro de 1909, por Albert Pitzke, o Helios Welt-Kino-Theater, rebatizado de Kino Pionier 1909 (Cine Pioneiro 1909) no período comunista, é o cinema mais antigo do mundo que ainda se encontra em funcionamento, reconhecido como tal em 2005 pelo Guinness Book. Localizado na antiga cidade alemã de Stettin, onde atualmente se chama Szczecin, situada na Polônia, ele sobreviveu a duas Guerras Mundiais

e foi imortalizado no poema “Little Cinema”, por Konstanty Ildefons Galczynski. Em sua estreia, três filmes foram exibidos: Der Kampf um den Glauben, Pick und Pock e Die Smaragdküste der Bretagne. Hoje o cinema conta com três salas, sendo uma transformada em café, com um velho projetor e um piano, utilizado para acompanhar os filmes mudos. Compõem a programação filmes poloneses e grandes apostas internacionais.

Kino Pionier, em Szczecinie, na Polônia. > Foto: Arquivo Wikimedia Commons

#PARTIU Em Cartaz A História do Homem Henry Sobel Documentário > 90 min > Livre O Protetor Suspense > 132 min > 16 anos Sin City - A Dama Fatal Ação > 102 min > 18 anos De Menor Drama > 77 min > 14 anos

Teatro O Beijo no Asfalto Local: Auditório Salvador de Ferrante – Guairinha Data: até 28 de setembro Horário: sexta e sábado às 21h e domingo às 20h Ingressos: R$54,00 Do cão fez-se o dia Local: Miniauditório Guaíra Data: até 28 de setembro Horário: 20h30 e 17h30 Ingressos: R$20,00

Shows Cícero Local: Music Hall Data: 27 de setembro Horário: 23h Ingressos: variam de R$80 a R$100 Leila Pinheiro – Voz e piano Local: Guairão Data: 27 de setembro Horário: 21h Ingressos: variam de R$60 a R$140 de acordo com setor

Clássico de Nelson Rodrigues de volta ao Guaíra A peça “Beijo no Asfalto”, escrita por Nelson Rodrigues, explora questões sociais e existenciais, e fica em cartaz até domingo Produzida em 1991, por Nelson Rodrigues, um dos maiores dramaturgos brasileiros, o clássico “O beijo no asfalto” ganha uma nova versão para o teatro. A peça, que agora é dirigida por Edson Bueno, será exibida no Guairinha até o dia 28 de setembro. O drama retrata a história de Arandir, um homem simples e de bom-caráter, que é flagrado beijando um rapaz atropelado que está à beira da morte. O protagonista passa a ser julgado e rejeitado por todos, incluindo a polícia, a imprensa e até a família. Unindo realismo, romance policial e drama, a peça aborda questões sociais e existenciais, e enfatiza o conservadorismo, preconceito e hipocrisia da sociedade, que vê com maldade o sentimento puro de Arandir. Com o decorrer do espetáculo, notam-se também as mudanças psicológicas sofridas pelos personagens. O elenco de “O beijo no asfalto” é formado por Jeff Bastos, Lilian Marchiori, Edson Bueno, Robysom Souza, Ricardo Westphalen, Adriana Sottomaior e Eliane Campelli. A sonoplastia é feita por

Atores durante a peça > Foto: Divulgação

Chico Nogueira, e os cenários são produzidos por Gelson Amaral. As apresentações acontecem às 21 horas, na sexta e sábado, e às 20h, no domingo. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Guaíra, nos shoppings Müller e Estação (quiosques Disk Ingressos), na loja Disk Ingressos, localizada no Shopping Palladium, ou via internet. Para mais informações, ligue para (41) 3304-7900 ou (41) 3304-7999.


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