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Ano XV > Edição 950 > Curitiba, 14 de outubro de 2014
Aécio Neves vem ao Paraná pela quarta vez EDITORIAL “A situação da segurança no estado é grave e políticas de segurança pública não podem ser mais adiadas.” p. 2
Foto: Elvert Barnes
OPINIÃO
Foodtrucks se preparam para “ligar os motores” na capital paranaense
Sucesso importado dos Estados Unidos chega a Curitiba, e empresários aguardam regulamentação para circular pelas vias públicas p. 4
“Nesse período de eleições, é comum que haja porfias entre lados políticos, mas há quem leve a coisa a sério.” p. 2
#PARTIU Jornalista e apaixonado por viagens, Ike Weber lança exposição fotográfica sobre as Américas. p. 6
Foto: Karina Sonaglio
Em pronunciamento, o candidato do PMDB aproveitou a aportunidade para criticar o governo de Dilma e fazer promessas de “mudanças” p.3 e “recuperação” COLUNISTAS Bruno Requena “Vocês já ouviram falar de Dzi Croquettes? Pensem nestas palavras e nas sensações que elas provocam. Vamos lá! Segue: corpo, pelos, nudez, suor, feminino, masculino, andrógeno. “ p. 5 Uliane Tatit e Nicole Braga “Além dos anos 90, a década de 60 também deve ser lembrada na próxima temporada; e, principalmente, no verão brasileiro. Os óculos cat eye e o penteado Beehive foram adapta- p. 5 dos para as ruas.”
LONA > Edição 950 > Curitiba, 14 de outubro de 2014
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EDITORIAL
A história se repete
Por volta das 11h30 da manhã de ontem, cerca de 30 detentos da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) iniciaram uma rebelião e renderam 13 agentes penitenciários e inúmeros presos. Alguns acusados de crime sexual foram jogados do telhado da PIG, que tem 239 internos e oferece a possibilidade de estudar e trabalhar no local. Os ferimentos foram leves e os presos passam bem. Até às 18h de ontem, nenhuma reivindicação havia sido feita; uma lista de exigências seria preparada e enviada ao Batalhão de Operações Especiais (Bope). Alguns dos rebelados estavam armados com tesouras, chaves de fenda e pedaços de madeira. Eles exigiam a presença do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná (OAB -PR) e o contato do governador do estado. Os agentes foram rendidos por alguns dos cerca de 160 detentos que estavam em um canteiro de trabalho do local. Essa é a 21ª rebelião no Paraná desde dezembro de 2013. A última delas ocorreu na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II) e teve duração de 25 horas. O caso mais violento, porém, foi o da Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), que durou 45 horas e resultou em 25 feridos e 5 mortos, incluindo 2 decapitados. As reivindicações feitas nos últimos meses relacionaram-se, de modo geral, à transferência de detentos, à superlotação das penitenciárias e às condições de higiene e limpeza dos locais. No entanto, o governador do estado insinuou, durante o período eleitoral, que as rebeliões foram orquestradas, visando atrapalhar seu desempenho nas urnas. O caos no sistema penitenciário paranaense é cada vez mais evidente. Lotação excessiva, facções criminosas mais influentes, insuficiência de agentes penitenciários e condições precárias de segurança, estrutura e higiene têm gerado cada vez mais tensão dentro das prisões do Paraná. O governo atual afirma que essa situação será resolvida com a construção ou reforma de 20 penitenciárias nos próximos 4 anos. O que se sabe, contudo, é que a situação é grave e que políticas de segurança pública não podem ser mais adiadas.
OPINIÃO
Cordeirinhos do Brasil Francisco Matheus
Nesse período de eleições, é comum que haja porfias entre lados políticos, porém, algumas pessoas acabam levando a conversa muito a sério. O voto é pessoal, vai da pessoa escolher quem é o mais capacitado para ser presidente da República, sabendo ela ou não dos podres do candidato, entretanto, nem todos têm noção disso. Tudo em excesso faz mal, e com política não é diferente. As pessoas chegaram a um nível religioso de devoção a seus candidatos, como se eles e seus partidos fossem santos, e o resto, os verdadeiros cavaleiros do apocalipse.
A impressão que dá é que os cordeirinhos sofrem uma lavagem cerebral, fechando sua cabeça, e acreditando em tudo que seus representantes e partidos falam. De ideologia, apenas a palavra que sai da boca. Se envolver em política é bom, mas ser parcial possibilita ter uma visão menos restrita e mais real da verdadeira situação do país. O problema é que existe a briga entre o sujo e o mal lavado, em que um fica acusando o outro de ter roubado mais, e, como os cordeirinhos, todos nós às vezes acabamos participando dessa
briga. As redes sociais só servem para alimentar essa intriga, já que servem como meio para os usuários postarem e compartilharem ofensas aos adversários de seus candidatos, gerando uma longa e interminável discussão. A situação política no Brasil é complicada, sendo difícil poder confiar em um político, mas infelizmente, precisamos eleger essas pessoas. Não importa quem será o novo presidente, o que importa é que não percamos as esperanças na política brasileira. Nossa democracia é muito nova, e ainda temos muito chão pela frente.
Eu chamaria essas pessoas de cordeirinhos, uma referência a Jesus Cristo, identificado como salvador da humanidade pelo cristianismo. Como Cristo, essas pessoas acham que, convencendo os outros a votarem em seus candidatos, estarão “salvando a humanidade”, ou no caso, o Brasil. Não sabem elas que vivemos em uma democracia, e que cada um decide em quem vai votar por conta própria. Manifestar opinião política e mostrar o motivo de estar votando em tal candidato, não faz mal nenhum, mas a partir do momento em que cordeirinhos tentam te convencer a votar em seus candidatos passa a ser incômodo e desrespeitoso. Já tenho meu candidato, e escolhi ele sabendo de seus podres e de suas competencias, não preciso que venham me mostrar quem ele é de verdade. Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
Ilustração: Thiste
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Camilla Oliveira
Curitiba, 14 de outubro de 2014 > Edição 950 > LONA
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NOTÍCIAS DO DIA
“Dilma está à beira de um ataque de nervos”, declara Aécio Neves Pela quarta vez desde o início da campanha eleitoral, o candidato do PSDB vem ao Paraná Bruna Karas
Nesta segunda-feira, o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, esteve em Curitiba para uma reunião entre lideranças do partido na Expo Unimed na Universidade Positivo. Aécio não perdeu a oportunidade de atacar a candidata à reeleição, Dilma Rousseff: “O brasileiro está cansado da corrupção e da ineficiência desse governo. Infelizmente, temos uma candidata à beira de um ataque de nervos”, declarou. O candidato agradeceu intensamente os mais de três milhões de votos recebidos no estado que o colocaram como campeão dos votos paranaenses, registrando 49,7 pontos percentuais. Ele afirmou que os números registrados no estado representam uma votação “inédita e extraordinária” e que “nem no melhor dos cenários eu poderia imaginar um resultado tão marcante e tão sinalizador como esse”. Desde o início da campanha eleitoral, Aécio Neves já veio ao Paraná quatro vezes. O governador reeleito Beto Richa; a vice-governadora Cida Borghetti; o senador reeleito, Alvaro Dias; o senador eleito por São Paulo, José Serra; o deputado federal Ratinho Junior; outros deputados, prefeitos do partido e eleitores, estiveram presentes na visita desta semana.
cio Neves aparecia com 54% dos votos e, Dilma Rousseff, com 46%. Mas a maior diferença entre os dois candidatos foi registrada na pesquisa da Istoé/Sensus, divulgada neste último fim de semana. Os números divulgados mostravam uma diferença de 17,6 pontos percentuais entre Aécio Neves e Dilma Rousseff. O candidato do PSDB apareceu com 58,8% das intenções de voto e a candidata do PT à reeleição com 41,2%.
Aécio veio a Curitiba ao lado do governador Beto Richa > Foto: Instagram de Aécio Neves
O candidato afirmou que comandará uma política nacional de segurança, combate às drogas e defesa dos jovens; e que não é candidato “de um partido, coligação ou tampouco um grupo político, mas sim do sentimento de indignação e mudança que clamam milhões de brasileiros”.
“Nem no melhor dos cenários poderia imaginar esse resultado.”
Em pronunciamento, Aécio afirmou que “nos últimos anos, o Governo Federal virou as costas para o Paraná e isso não irá mais acontecer”. Ele também criticou a candidata do PT e chamou o governo atual de “corrupto e vergonhoso”, citando os casos de corrupção divulgados recentemente; e voltou a citar a investigação sobre os desvios de verbas da Petrobras e a situação econômica do país, reclamando que o governo não admite a culpa que tem.
Comentando sobre o apoio de Marina Silva (PSB) divulgado no último domingo, Aécio elogiou a decisão da candidata: “Não é uma aliança eleitoral, é uma decisão corajosa em favor do Brasil e de um projeto de mudança”. O candidato também aproveitou para embarcar no discurso da mudança política comentando que é “a voz de indignação de cada um que não aguenta mais tantos sucessivos escândalos”. E ainda fez promessas de investir maciçamente do Paraná. “Nós vamos fazer oito anos em quatro. Vamos recuperar os últimos quatro anos de governo”, garantiu. Aécio também repetiu o que vem dizendo em suas propagandas
eleitorais: “Para cada ataque e calúnias sobre nós, devemos responder com mais verdades” e encerrou pedindo o apoio dos presentes. “Que vocês sejam a partir do momento em que saírem desse evento a minha voz rouca e corajosa por mudanças”, convidou. Pesquisas Na última semana, pesquisas de intenções de voto começaram a ser divulgadas com os dados do segundo turno. Os Institutos Ibope e Datafolha registraram 46% das intenções de votos para o candidato do PSDB, Aécio Neves e 44% para a candidata Dilma Rousseff, do PT, com pesquisas encomendadas pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo. O Instituto Paraná Pesquisas também divulgou uma pesquisa, encomendada pela Revista Época, em que Aé-
Debates Nesta terça-feira, pela primeira vez neste segundo turno, os candidatos à Presidência, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), participam de um debate. O programa será transmitido pela TV Bandeirantes, às 22h. A diferença neste debate é que, desde o primeiro bloco, os dois candidatos farão perguntas e comentários diretamente um para o outro, tornando, assim, o confronto mais dinâmico e permitindo aos eleitores que esclareçam suas dúvidas. Outras emissoras de televisão como Globo e SBT, que promoveram debates entre os candidatos à Presidência no primeiro turno, ainda não divulgaram as datas para os eventos do segundo turno.
É a quarta vinda do candidato para Curitiba > Foto: Karina Sonaglio
LONA > Edição 950 > Curitiba, 14 de outubro de 2014
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GERAL
Cozinhas móveis: novo conceito de serviço de alimentação Empresários curitibanos resolvem apostar no modelo de foodtruck para empreender no comércio sobre rodas Graziela Fioreze
Uma nova febre - já consolidada na América do Norte e na Europa - está invadindo o Brasil. São os chamados foodtrucks, veículos que oferecem aos consumidores um serviço de alimentação – em uma “cozinha móvel” – preferencialmente em locais públicos e abertos. Muito popular em São Paulo, chegou a vez de Curitiba aderir ao novo conceito de comércio de rua. A proposta é a de servir um prato cujo valor caiba no bolso e que seja atraente por conta da facilidade e rapidez do preparo. Esse novo conceito surgiu como uma alternativa para pessoas que têm pouco tempo, não querem gastar muito e precisam comer longe de casa. “O mito de que o lazer é a fatia mais importante do foodservice foi derrubado”, comentou o especialista em finanças Roberto Braga. “Sendo assim, os foodtrucks têm um mercado enorme para trabalhar”. Em Curitiba, alguns empresários já ensaiam o momento de “ligar os motores”. Pedro Duarte é um deles. Com a participação dos sócios Rafael Trevisan e Rafael Schroeder, foi criada a marca #PartiuTemaki, especializada na culinária japonesa. “Escolhemos o temaki porque é um alimento saudável, de rápido preparo e que possibilita diversas combinações”, explicou. Comerciantes ainda aguardam mudanças na legislação para atuarem pelas vias da cidade, mas ele afirma que o negócio só tem a acrescentar à economia local: “Muitos empreendedores começam com o foodtruck e depois montam restaurantes gerando mais impostos e oportunidades”.
tende regulamentar o novo negócio. O documento considera “comércio de alimentos em logradouros, áreas e vias públicas as atividades que compreendem a venda direta ao consumidor, de caráter permanente ou eventual de modo estacionário e itinerante”. Em caso de aprovação, os foodtrucks terão o trabalho nas vias públicas legalizado, no entanto, a lei não prevê endereços fixos, tendo esses veículos a obrigação a circular e parar em diferentes pontos da cidade durante o dia, para evitar que se criem “donos” de determinados locais e concorrência desleal com outros estabelecimentos. O texto também proíbe a venda de bebidas alcoólicas. Empresas especializadas fazem a montagem do interior do foodtruck > Foto: Arquivo Fag Brasil
contou o empresário. O lançamento oficial da marca será no Brasil Motorcycle Show, evento realizado na capital paranaense dos dias 21 a 23 de novembro. Investimento
Segundo empresários do setor, um trailer pode ser montado pelo valor médio de R$ 80 mil a R$ 100 mil. Já para os modelos de restaurantes em vans ou pequenos caminhões, o preço pode subir para até R$ 200 mil. Além disso, o investimento varia de acordo com o tipo de alimento oferecido.
“Os foodtrucks têm um mercado enorme para trabalhar.”
O foodtruck, que está quase finalizado, já tem endereços certos para “estacionar”. “Já fizemos a abertura da empresa e até temos alguns eventos programados para participar até o final deste ano”,
O valor mínimo para o processo de montagem da cozinha é de R$ 30 mil, de acordo com a diretora da Fag Brasil empresa especializada na customização de foodtrucks - Gislene Viana. “Fazemos o isolamento termo acústico para diminuir o barulho e a temperatura dentro do veículo. Usamos também o mesmo material de veículos que transportam produtos perecíveis”, explicou. Além disso, também é moldado o revestimento
simultaneamente à instalação da parte elétrica, hidráulica e montagem dos móveis. “O investimento inicial não é baixo, mas muitos empreendedores recuperam em um ou dois anos”, garante o empresário Pedro Duarte. “Ao servirem comida mais barata com uma pegada gourmet, os foodtrucks conseguem democratizar o acesso de boa parte da população que estava excluída do mercado gastronômico”, analisa o especialista em gestão da Gastronomia, Eduardo Duó. “Com certeza trata-se do negócio da vez”, completa. Projeto de lei Quem deseja trabalhar com o conceito do foodtruck deve ficar atento à legislação vigente. Até o momento, os comerciantes só podem atuar em eventos privados ou feiras livres. Mas um projeto de lei criado em janeiro pelo vereador Hélio Wirbiski (PPS) pre-
Por meio de material divulgado no portal da Câmara Municipal, o vereador afirmou que a iniciativa serve de incentivo ao empreendedorismo e uso democrático do espaço público: “O projeto acaba funcionando como uma ferramenta de inclusão social, na medida em que se configura como uma fonte de renda alternativa aos comerciantes e complementa o abastecimento e a oferta de alimentos em locais pouco servidos de bares e restaurantes”. O projeto já passou por todas as comissões da Câmara Municipal e agora aguarda análise em primeiro turno pelo plenário.
Rafael Schroeder (à esquerda), Pedro Duarte (no centro) e Rafael Trevisan (à direita) são sócio-proprietários do foodtruck #PartiuTemaki, lançado no próximo mês > Foto: Divulgação
Curitiba, 14 de outubro de 2014 > Edição 950 > LONA
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COLUNISTAS
História da MPB Bruno Requena
Te contei? Vocês já ouviram falar de Dzi Croquettes? Pensem nestas palavras e nas sensações que elas provocam. Vamos lá! Segue: corpo, pelos, nudez, suor, feminino, masculino, andrógeno. Dzi Croquettes é um grupo - um espetáculo - de dança que não é nem masculino nem feminino, é gente no palco fazendo o que de melhor se faz, ser gente. ESTOURO, INÉDITO, PECULIAR, REVOLUCIONÁRIO. No meio de um sufoco, em plena ditadura militar onde a verdade e os direitos individuais não existiam, nasce um grupo eloquente e
corpóreo, de homem sensuais vestidos de fêmea, purpurina no corpo e sungas curtíssimas, quase nus, rebolando e bailando redondos, leves, viris e loucos. Isso e tudo mais. O documentário “Dzi Croquettes” me provocou uma euforia primitiva e lúcida. Dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, o documentário transporta para uma época complicada e ao mesmo tempo transgressora. Como imaginar que em meio à caretice do começo dos anos 70, cheia de sentimentos de culpa
e de uma homossexualidade totalmente marginal, pecaminosa e suja (como era vista pelas pessoas da época), pudesse surgir um grupo como Dzi Croquettes? Confesso que é difícil para mim entender o que aquele grupo provocou na época. O documentário é magnífico, e com certeza absoluta revolucionou a música popular brasileira, e influenciou vários artistas, como Ney Matogrosso e os Secos e Molhados. Mais que uma transgressão de gênero, o grupo propunha um deboche e um extravasamento da loucura contida pela ditadura. Estrearam em 1972, causaram frisson e lançaram um modo diferente de se comportar, “te contei?”, “meu amor” e “bicha não morre vira purpurina” são alguns dos bordões do grupo que foram incorporados pela moçada da época, que viram no grupo uma válvula de escape e rompimento. A ditadura demorou pra se tocar que aquele grupo não era só um monte de “bichas” dançando e rebolando quase nus, mas um espetáculo com muito conteúdo em seu subtexto.Para quem
não sabe, um dos integrantes do grupo é o famoso dançarino Lennie Dale, um americano que trabalhou na Brodway e veio para o Brasil no início dos anos 60, e daqui nunca mais saiu até sua morte em 1994, em decorrência da Aids. Lennie era uma sensação, influenciou os gestos de Elis Regina que era sua amiga, e de muitos outros artistas como Claudia Raia, o grupo As Frenéticas, dentre outros. Recentemente Dzi Croquettes conta com uma nova formação e vem fazendo shows por todo Brasil, mostrando toda a sua irreverência e seu desbunde. Não é à toa que passaram meses de grande sucesso em Paris, enlouquecendo até mesmo Liza Minnelli, que deu muita força para o grupo e conheceu os dançarinos de perto. Dzi Croquettes é hoje o documentário mais premiado do Brasil, tornando-se obrigatório. Ter visto Dzi Croquettes em pleno anos 70, deve ter sido um susto tão grande misturado com um sentimento tão maluco que fico pensando: será que hoje é que não somos caretas? É só vendo pra entender. “ Te contei meu amor?”.
60’: cabelos e óculos Além dos anos 90, a década de 60 também deve ser lembrada na próxima temporada; e, principalmente, no verão brasileiro. Os óculos cat eye e o penteado Beehive apareceram pouco nas semanas de moda internacionais, porém o street style soube adaptar corretamente os tais icônicos detalhes e, o mais curioso, deu uma forma contemporânea para eles. Quando Barry Humphries apareceu como Dame Edna, seu alter-ego no humor, um dos modelos de óculos mais conhecidos ganhava espaço não só na televisão, mas nos looks de cada mulher. A partir do final da década de 50, a personagem do humorista ficou eternizada e virou inspiração, principalmente, para secretárias e bibliotecárias, as primeiras a usarem o acessório. É importante lembrar que o acessório existia há muito tempo, tanto que até Marilyn Monroe usou, entretanto, na época, ela não era tão querida pelo público feminino, poucas “copiavam” o
que ela fazia. Algo semelhante ocorreu com Dame Edna, que talvez pela excentricidade e até por ser um homem vestido de mulher, foi motivo de receio para as mulheres. O “Manhattan”, criado pelo médico e escritor Oliver Goldsmith, só virou “tradição” quando Audrey Hepburn apareceu com os óculos no filme “Bonequinha de Luxo”. Hoje, o acessório foi renomeado para “Cat eye”, manteve o formato original e, nessa “atualização”, recebeu lentes espelhadas e coloridas, as armações, além das pretas e em cores pastéis, ganharam opções até “vazias”, sendo compostas apenas pela estrutura metalizada, como se fosse um contorno. Beehive, Bouffant e Pageboy são alguns dos penteados da década de 60 que podem invadir as ruas do mundo. Os três ficaram um bom tempo sendo apenas inspirações para ensaios fotográficos ou filmes de época. A dificuldade de torná-los atual é tão grande
Catwalk
Uliane Tatit e Nicole Braga
que até celebridades não evitam apostar neles. Amy Winehouse e Adele são os maiores exemplos do Beehive e do Bouffant de hoje. O Pageboy raramente é encontrado, o que se vê, na verdade, são cabelos no estilo Chanel, porém mais curtos e despojados. No último desfile da Moschino, em Milão, Jeremy Scott trouxe os anos 60 não só nas roupas, mas nos cabelos das modelos. Os penteados de Brigitte Bardot, Jackie O. e Twiggy, parecem voltar à moda. A incorporação ainda é mínima, Beyoncé e Emma Stone já apareceram com algo semelhante, mas nada como o original. Por causa dos penteados de hoje, que,
normalmente, variam do extremamente liso para ondulado e cacheado, a mudança acontecerá aos poucos. Você precisa saber: Julian Assange, fundador do WikiLeaks, pretende lançar uma linha de roupas para o próprio WikiLeaks. A ideia do fundador é dar espaço à moda indiana e ao e-commerce. Alguns itens terão temas revolucionários, ligados à proposta da ferramenta. O calendário do São Paulo Fashion Week foi divulgado, a edição de inverno começa no dia 03/11 e termina no dia 07/11. O canal GNT e o Portal FFW transmitirão o evento ao vivo. Clique para conferir.
LONA > Edição 950 > Curitiba, 14 de outubro de 2014
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ACONTECEU NESTE DIA
São editados o AI-16 e AI-17 No dia 14 de outubro de 1969, durante o período de Regime Militar no Brasil, foi baixado o Ato Institucional Número Dezesseis (AI-16) pela junta militar que assumiu o poder executivo, delegando plenos poderes aos militares até o final do prazo estipulado e prorrogando os mandatos de senadores e deputados. Em decorrência da enfermidade de Costa e Silva, então presidente do regime, a junta deixou vagos os cargos
de presidente e vice-presidente da República. A chefia do poder executivo continuou a ser exercida pelos militares, sendo marcada a eleição para o dia 25 de outubro de 1969, e a posse para o dia 30, com duração até o dia 15 de março de 1974. Já o AI-17 foi uma forma de conter a oposição de Médici, autorizando a junta militar a colocar na reserva os militares que “tivessem atentado ou viessem a atentar, comprovadamente, contra a coesão das forças armadas”.
O então presidente, Costa e SIlva > Foto: Arquivo Estudo Prático
#PARTIU Em Cartaz A História do Homem Henry Sobel Documentário > 90 min > Livre A Lenda de Oz Animação > 88 min > Livre Ilegal Documentário > 90 min > 12 anos O Homem Mais Procurado Suspense > 121 min > 12 anos
Exposições Gente das Américas Local: Park Shopping Barigui Data: até 26 de outubro Horário: das 10h às 23h Ingresso: gratuito Escultura de Tomie Ohtake Local: Portão Cultural Data: de terça a domingo Horário: 10h às 19h Ingresso: gratuito
Shows Kátya Teixeira Local: Teatro do Paiol Data: 14 de outubro Horário: 20h30 Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia) Solo Música – Roberto Corrêa Local: Teatro da Caixa Data: 14 de outubro Horário: 20h Ingresso: R$10 (inteira) e R$5 (meia)
Mostra fotográfica traz fragmentos de viagem Mesclando uma vontade pessoal com um projeto profissional, o jornalista Ike Weber expõem as fotos de sua última viagem pela América Ike Weber é jornalista de profissão há mais de 20 anos, e viajante por opção. A exposição “Gente das Américas” é uma expedição realizada por Ike pelas três Américas. A viagem é, segundo o jornalista, uma junção de vontade pessoal com projeto profissional, uma oportunidade de documentar diferentes culturas pelo viés de um jornalismo mais literário, que narra as histórias das pessoas. Para o viajante, a cultura e o momento podem ser dividos em dois: a América Latina, uma viagem mais rica em cultura, e a América do Norte com uma tradição segundo Ike, “mais comercial, mais cara, mas também com lugares cênicos paradisíacos”. Na exposição, o jornalista apresenta pessoas e tipos que encontrou e registrou ao longo de suas viagens: “Uma pequena fração”, ressalta Ike que adotou a fotografia como hobby. Quando questionado sobre a essênca de sua expedição, a resposta do jornalista expedicionário é simples: “O fundamental para este projeto, como para qualquer outro, é a busca pela realização do sonho de cada um”.
O jornalista no deserto do Atacama, em 2010 > Foto: Arquivo Pessoal
De volta ao Brasil, Ike já está planejando e organizando as documentações de sua próxima viagem, e planeja lançar no ano que vem, um livro narrando suas aventuras pelo continente americano. Enquanto o livro não sai, os interessados podem acompanhar as viagens, fotos e relatos do jornalista em seu site. As 32 fotos buscam retratar tradições e modos de vida de países como Peru, Chile, Argentina, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua e outros.