Lona 954

Page 1

O único jornal-laboratório diário do Brasil

lona.redeteia.com

Ano XV > Edição 954 > Curitiba, 21 de outubro de 2014

Foto: Wikimedia Commons

Nova forma de fiscalização no trânsito chega a Curitiba Radares estáticos estão sendo utilizados pelo Setran desde a semana passada para auxiliar no controle de velocidade das vias da capital p.3 paranaense; os equipamentos estão nas ruas desde o dia 16 EDITORIAL “Em pleno século XXI, é absurdo que ainda existam casos extremos de racismo jsutificados por medo.” p. 2

Foto: Divulgação IFF

OPINIÃO

Primeiro astronauta brasileiro faz palestra na Universidade Positivo

De macacão com a logo da NASA e a bandeira do Brasil, Marcos Pontes falou sobre planejamento de carreira aos estudantes p. 4

“Mas será que a gestão de FHC foi tão ruim assim? A resposta, do meu ponto de vista, é não.” p. 2

#PARTIU Exposição fotográfica utiliza técnica de dupla exposição para apresentar sonhos e cruzar horizontes. p. 6

COLUNISTAS Uliane Tati e Nicole Braga “Flores grandes e vermelhas estampadas em tecidos pretos podem ser os detalhes das próximas vitrines, o estilo fará parte de uma ‘nova colonip. 5 zação espanhola’ na moda.” Bruno Requena “Era 1973, a gravadora Philips detinha em seu elenco os melhores cantores, um time invejável de artistas para promovê-los, lançou o festival intitulado Phono 73, uma espécie de Wood- p. 5 stock brasileiro.”


LONA > Edição 954 > Curitiba, 21 de outubro de 2014

2

EDITORIAL

Racismo travestido de medo

O vírus Ebola já matou em sua maior epidemia, desde o seu surgimento em 1976, mais de quatro mil pessoas, e quase 100% dos registros oficiais dos casos ocorreram da população que habita os países africanos, as estimativas foram divulgadas recentemente pela Organização Mundial da Saúde, a OMS. No continente americano, dois casos de contaminação pelo vírus já foram registrados, e ambos os diagnósticos são de enfermeiras que tiveram contato com pacientes em processo de tratamento do Ebola. As duas mulheres são americanas, e estão isoladas, como o indicado pela OMS para o tratamento da doença, no Hospital Presbiteriano de Saúde do Texas. No Brasil, dois possíveis casos de suspeita da epidemia tiveram seus exames realizados nos pacientes com sintomas semelhantes ao do vírus e deram negativos, um dos casos foi em Cascavel e outro em Foz do Iguaçu. Mas, apenas a confirmação da suspeita da possível chegada do Ebola ao Paraná e ao Brasil foi o bastante para que o preconceito com os imigrantes africanos e haitianos, que residem no país, viesse a aflorar deploravelmente em uma parte mínima, assim se espera, da população brasileira. A situação fica ainda mais vergonhosa e lastimável quando se trata de Curitiba, a cidade que teoricamente é considerada modelo, em vários aspectos, para todo o Brasil, vem acumulando casos de racismo contra a população haitiana que aqui habita. Racismo que está sendo transvestido de medo do vírus Ebola, e que a partir dessa ignorante assimilação é capaz de levar ao extrapolamento do preconceito racial, no qual indivíduos vêm cometendo criminosamente fortes agressões verbais e até mesmo físicas contra os imigrantes. Prova disso são os 13 casos registrados de espancamento contra haitianos em Curitiba. É certo que esses números não ficaram estabilizados, e nem são tão condizentes com a realidade, pois sem dúvidas há um grande número de imigrantes que não procuraram por ajuda após sofrer discriminação racial e agressão verbal e física. Em pleno século XXI, é absurdo que ainda existam casos extremos de racismo travestidos e justificados por medo.

OPINIÃO

Foi tão ruim assim? Juliana Bianchi

Uma das artimanhas utilizadas nas campanhas eleitorais do segundo turno pela candidata à reeleição Dilma Rousseff, é comparar as propostas de governo de Aécio Neves com as do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Mas será que a gestão de FHC foi tão ruim assim? A resposta, do meu ponto de vista, é não. Após um governo marcado por escândalos e pelo fracassado Plano Collor que confiscou as poupanças, FHC veio trazer um pouco de esperança para os brasileiros que foram os maiores prejudicados nas crises econômicas que o país enfrentava.

com o fato de a população começar a ficar de olho em seus governantes e se manter informado sobre os gastos. Também incentivou o funcionamento do sistema bancário nacional através de uma espécie de auxílio financeiro e medidas saneadoras sobre os bancos que estavam sofrendo prejuízos em função do controle da inflação, para que o Brasil não caísse em ruinas e os brasileiros não perdessem seus empregos, como aconteceu

na Crise de 29 nos Estados Unidos. Claro que nenhum governo é totalmente satisfatório, mas naquele momento Fernando Henrique Cardoso era a melhor opção para o Brasil e sua população. Além disso, cumpriu muito bem o papel que lhe foi destinado: o de abaixar a inflação e fazer com que o país fosse mais ativo no cenário mundial. Se Aécio Neves fizer metade do que FHC fez, os brasileiros não terão do que reclamar.

Com a inflação nas alturas, uma série de medidas, que tinham uma certa dose de austeridade em sua essência, foram tomadas e o governo lançou as bases do Plano Real – ainda no governo de Itamar Franco, no qual Fernando Henrique Cardoso era Ministro das Relações Exteriores, e ajudou no desenvolvimento do pacote econômico. O sucesso do plano deve-se à transparência das medidas tomadas e antecedência do que iria acontecer. Graças a ele, em 1998, o governo de FHC atingiu a menor inflação da história do Brasil com 1,6% ao ano e pôde iniciar um ciclo de desenvolvimento econômico. Outra medida tomada pelo ex -presidente foi a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que tinha como objetivo evitar que os governos estaduais e municipais tivessem gastos maiores do que sua capacidade fiscal. Esta providência só mostra como Fernando Henrique Cardoso se preocupou Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Fernando Henrique Cardoso, na época que era presidente > Foto: Agência Brasil

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Da Redação


Curitiba, 21 de outubro de 2014 > Edição 954 > LONA

3

NOTÍCIAS DO DIA

Curitiba ganha nova forma de fiscalização no trânsito Ana Mayer

Setran aposta em novas formas de fiscalização para flagrar excessos de velocidade na capital paranaense; os novos equipamentos pode ser colocados em diversos pontos da cidade

los especiais. Durante toda a pesquisa os motociclistas foram campeões nas infrações, dos 168, 104 foram notificados. Os caminhoneiros são um pouco mais cuidadosos, dos 91 pesquisados, 22 cometeram infrações. Já os motoristas de ônibus tiveram o menor número, de 31 pesquisados apenas 2 desrespeitaram a lei.

A Prefeitura de Curitiba passou a utilizar nas ruas da capital paranaense radares estáticos, equipamentos de fiscalização de trânsito que podem ser colocados em vários pontos e ruas da cidade, desde semana passada. Esses equipamentos estão reforçando as atividades da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), pois ampliam as áreas de fiscalização em Curitiba e assim diminuem a velocidade de muitos motoristas curitibanos.

O Projeto Vida no Transito, coordenado pela Organização Mundial da Saúde faz parte da ação global “ Road Safety in 10 Countries” (Segurança Rodoviária e 10 países). O projeto comprovou que no ano passado, em Curitiba, 46 acidentes fatais foram causados por excesso de velocidade e também constatou que a combinação entre álcool e direção é a maior infração dos condutores curitibanos.

Os radares estáticos foram para as ruas na última quinta-feira, a decisão de implantar uma nova forma de fiscalização surgiu após uma pesquisa realizada pela Setran e também após o diagnóstico do Projeto “Vida no Trânsito”. O projeto analisa os acidentes de transito de Curitiba e a pesquisa revelou qual é o comportamento dos

“A fiscalização da velocidade é muito solicitada pela população.” motoristas curitibanos. Segundo dados da Setran a pesquisa revelou que 42% dos condutores excedem os limites de velocidade e a maior parte das infrações é cometida por motociclistas. Os equipamentos novos são montados em tripés e por isso podem ser colocados em diversos pontos da cidade. Conforme a Setran, será feito um rodízio para que a fiscalização seja realizada em toda Curitiba. No primeiro dia de funcionamento dos radares móveis

Tripés permitem que o equipmaneto seja posicionado em vários locais > Foto: Arquivo Setran

três infrações foram notificadas; a operação foi realizada na Avenida Presidente Kennedy e durante duas horas de fiscalização três condutores foram multados por excesso de velocidade. Para Alexandre Reis, motorista há cinco anos, que nunca foi penalizado por alta velocidade, essa medida é válida; Alexandre acredita que a norma tem que ser cumprida, “o motorista deve respeitar a lei independente da existência do radar ou não. E sem dúvidas com esse novo tipo de fiscalização os motoristas vão ser obrigados a tomar mais cuidado e consequentemente o trânsito ficará mais seguro”, completou Alexandre. Para a Setran a implantação desses radares é essencial, “A fiscalização da velocidade nas ruas é atribuição da Setran e é muito solicitada pela população curitibana. Porém, há aqueles que não obedecem e nem se sujeitam às normas de trânsito, colocando em risco todas as pessoas na cidade. Precisamos urgentemente mudar este quadro para evitarmos as mortes e os acidentes no trânsito de Curitiba” afirmou a Secretária municipal de transito Luisa Simonelli, em entrevista à assessoria de imprensa. As ruas de Curitiba que tiveram o maior número de mortes no trânsito serão os

Setran é responsável pela fiscalização da velocidade na cidade > Foto: Arquivo Setran

principais alvos dos agentes, as áreas de via calma também serão monitoradas. A secretaria pede também que a população avise através do telefone 156, quando e onde acontecem casos frenquentes de alta velocidade. A pesquisa A pesquisa foi realizada em agosto deste ano e 982 veículos foram pesquisados, destes, 45% cometeram infrações de trânsito; 267 excederam o limite de velocidade em até 20%, 143 excederam mais do que 20% do limite e 37 veículos ultrapassaram 50% do limite de velocidade da via. Os dados foram separados por grupos: automóveis, motocicletas, caminhões e veícu-

De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito, Curitiba possui 200 radares e cerca de 150 mil motoristas já foram multados por excesso de velocidade, falhas que contribuíram com pelo menos 25% dos acidentes com vítimas fatais em 2013 na capital paranaense. Após toda a pesquisa as vias que obtiveram maiores números de acidentes foram: Avenida das Torres, rua Marechal Otávio Saldanha no Capão Raso, Rua Jovino do Rosário no Boa Vista, rua Frederico Maurer no Hauer, rua Canadá no Bacacheri e a Via Calma na Avenida Sete de Setembro.


LONA > Edição 954 > Curitiba, 21 de outubro de 2014

4

GERAL

“Sou mais reconhecido lá fora do que aqui”, afirma Marcos Pontes Pontes criticou a situação da educação brasileira e afirmou que dificilmente volta ao espaço representando o Brasil Lucas Karas

O símbolo da Nasa e a bandeira do Brasil no macacão denunciam Marcos Pontes. Afinal, ele é o único no país que pode fazer tal mistura na roupa – pelo menos, oficialmente. E Pontes faz questão de usar o traje. Pois, “se eu viesse de terno, podiam dizer que eu era um deputado ou um executivo. Com o macacão, eu me torno o astronauta brasileiro”, como ele gosta de destacar. Mas ele deixa claro que não quer ganhar status com a roupa. Mas sim chamar a atenção para o tema que vêm lutando desde que seu nome virou mundialmente famoso, em 29 de março de 2006, quando o foguete Soyuz decolou do Centro de Lançamentos de Baikonur, no Cazaquistão em direção ao espaço. A educação, para Marcos, é o essencial para que uma sociedade evolua. Com a roupa, o primeiro astronauta brasileiro procura mostrar que com estudo – muito estudo -, tudo é possível. Todos os sonhos podem acontecer. Um discurso muito motivacional, assim como

O astronauta brasileiro, Marcos pontes > Foto: Arquivo Nasa

foi a palestra do astronauta na Universidade Positivo, onde falou sobre planejamento de carreira. Para ele, o Brasil peca e muito nesse quesito. Ele mesmo afirma que não deve ir novamente para o espaço representando o Brasil oficialmente, devido à falta de investimento de setor espacial brasileiro. Deve voltar, sim. Mas através de empresas privadas, que possuem “negócios” na órbita da Terra. Marcos inclusive se candidatou, neste ano, a Deputado Federal pelo PSB de São Paulo, tendo como principal luta a bandeira da educação. Não se elegeu. Obteve 45 mil votos, quando precisaria de pelo menos 80 mil para chegar à Câmara Federal. Caso eleito, ele lutaria por aquilo que mais defende: a possibilidade da efetivação das pesquisas realizadas por estudantes em produtos e inovações aplicadas na prática. E explica: “Hoje, nós produzimos a ciência pura, mas temos dificuldades em realizar a ciência aplicada. Por exemplo, se um estudante hoje inventa um novo tipo de transporte urbano, para ele aplicar isso, efetivar em um protótipo, é que vai estar a dificuldade. Não há uma proximidade entre a indústria, a academia e os estudantes.” Para Marcos, esta é principal diferença entre o Brasil e outros países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde ele vive. De acordo com o astronauta, “há uma distorção aqui, pois, nestes países, as pesquisas são aplicadas praticamente, enquanto aqui, temos leis que impedem esta relação.” Ele afirma que essa distorção gera um fato considerado interessante

O foguete da missão no qual estava Marcos era o Soyuz > Foto: Divulgação

pelo homem do espaço brasileiro. “Lá fora, eu tenho muito mais influência. E isso é uma coisa a se pensar, não?” Marcos, que além de astronauta, é embaixador da ONU para desenvolvimento industrial, deixa claro a decepção por não ter sido eleito. Também demonstra decepção quando fala de voltar ao espaço. Ele afirma que

“Com muito trabalho e estudo, você pode conseguir o que quiser.” está à espera e à disposição do Brasil para ir novamente ao espaço com a amarelinha. Contudo, logo em seguida emenda: “O que acho muito improvável, pois nosso sistema espacial está ficando cada dia mais precário.” Questionado sobre as eleições e se algum dos candidatos poderia resultar em alguma mudança significativa na área de Ciência e Tecnologia, ele é morno. “Os dois têm, no plano de governo, propostas nessa área. Mas, em outras candidaturas, outros candidatos também propuseram, mas pouco fizeram, então, não sei...”

Mas não é morno ao motivar os jovens a lutarem pelo seu sonho. Usa o próprio exemplo, típico de história de filme: o garoto pobre que não aceitou os votos daqueles que falavam para ele se acomodar com a vida e acreditou nas palavras da mãe, que afirmou: “Com muito trabalho e estudo, você pode conseguir o que quiser na vida!” Estudou para entrar no exército, para entrar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e para ser selecionado pela Nasa. Passou oito anos de intensos treinamentos, de decepções e medo, ao saber da ameaça de exclusão do Brasil no programa da Agencia Espacial Norte -Americana. Mas enfim subiu aos céus e fez questão, como ele mesmo destaca, de mostrar que estava indo junto com todos os brasileiros, marcado durante a decolagem, pelo sinal com os dois dedos na bandeira e, em seguida, mostrando-os para cima. E depois voltou para a Terra. Com as sequelas que uma viagem para o espaço reserva. Problemas ósseos, de hormônios e “mais um monte de coisa”, contudo, não fizeram Marcos parar. Hoje ele usa o próprio exemplo para motivar as pessoas a lutarem por aquilo que desejam. E como ele gosta de destacar: “Que eu tenha um dos resultados que eu mais gotos de ter: de receber e-mails dessas pessoas dizendo que estão alcançando os seus sonhos...”


Curitiba, 21 de outubro de 2014 > Edição 954 > LONA

5

COLUNISTAS

Catwalk

Uliane Tatit e Nicole Braga

com a coleção de verão, podemos perceber que as peças podem ser facilmente adaptadas. A coleção trás uma mulher forte, romântica e tradicional.

Possivelmente, a jaqueta bolero poderá vir em couro e com estampas feitas à mão, o que poderá ficar ainda mais bonito ou ser indício de baixíssima qualidade, já que optamos por um couro artificial pouco elaborado. As brasileiras deverão incorporar, principalmente, a combinação cropped ou espartilho com saia lápis ou com o “shorts espanhol” mais a sobreposição de transparência, indicados para o vestuário noturno.

Preto, vermelho, branco e o dourado trazem ricos detalhes da cultura e facilmente serão adaptados pelos brasileiros. A jaqueta bolero, as joias nas camisetas, o smoking e até o vestido de bolinhas, que lembram muito o flamenco, são partes da coleção de Domenico e Stefano que poderão desembarcar no nosso Brasil.

O cabelo puxado em um coque baixo com presilha foi outro detalhe do desfile, mas provavelmente não será usado aqui no nosso país. Os acessórios são dúvidas para o público, o dourado extravagante geralmente é relacionado à elegância e ao luxo, e é usado por mulheres mais velhas; talvez, agora seja a hora da mudança. A bolsa apresentada

Olé! Flores grandes e vermelhas estampadas em tecido preto podem ser os detalhes das próximas vitrines, o estilo usado nas touradas ou até pelo charro mexicano fará parte de uma “nova colonização espanhola”, só que, dessa vez, na moda. A ideia remete ao desfile de verão 2015 da Dolce&Gabbana, que fez um prêt-à -porter inspirado na Sicília, da Espanha. Sempre nos perguntamos como poderíamos vestir luxuosas peças mostradas nos desfiles. Porém, ao se deparar

A coleção trouxe também muitos shorts cheios de bordados e cores fortes, sem esquecer das calças que aparecem bem justas que vem acompanhadas de joias incrustadas despertando requinte à um estilo mais “de rua”.

na coleção também é uma incógnita, mas facilmente se encaixaria na moda noturna brasileira. O que mais surpreende na coleção da D&G são os sapatos, que provavelmente não serão reproduzidos no Brasil por causa da quantidade de detalhes propostos. Pelo mesmo motivo da jaqueta bolero, os nossos modelos precisariam de tecidos mais qualificados para sustentar as estampas e bordados. Quem quiser, terá que comprar da própria Dolce&Gabbana. Clique para ver a coleção completa. Sem dúvida, algumas peças da coleção serão replicadas por outras empresas, até para que as peças sejam mais acessíveis. Essas peças são uma forma de fugir do que é comum, mas sem pecar na extravagância. É preciso sim tomar certo cuidado, mas é possível misturar essas peças cheias de ricos detalhes em algo “usável” até porque alguns dos detalhes apresentados no desfile já fazem parte do nosso dia a dia, como a renda e as franjas.

O canto de um povo Era 1973, a gravadora Philips detinha em seu elenco os melhores cantores, um time invejável de artistas, dentre eles: Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Odair José, Toquinho, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Raul Seixas, Jair Rodrigues, Nara Leão, Chico Buarque, entre outros. A gravadora lançou então o festival intitulado Phono 73, uma espécie de Woodstock brasileiro para promover seus artista. Os shows foram divididos em três noites, e tiveram como palco o palácio de convenções do Anhembi em São Paulo. Tudo pensado para um grande evento, e foi, com direito a registro para um filme censurado. O festival contou com alguns imprevistos: em uma das noites houve um curto circuito e alguns holofotes queimaram, a iluminação do palco foi improvisada para que os artistas pudessem ser visto, e não cantassem no escuro. No caso de Gilberto Gil e Chico Buarque, os artista não cantaram no escuro mas sim, mudos.

Antes do evento, Gilberto Gil e Chico Buarque se reuniram para compôr uma música especial para o festival, já que a gravadora ansiava por lançar um disco do evento e pediu aos seus compositores que trabalhassem em músicas novas. Pois bem, Chico Buarque e Gilberto Gil compuseram uma das músicas mais emblemáticas do período de resistência à ditadura militar brasileira, a canção “Cálice”. Terminada a música, ela precisaria passar pelas mãos dos censores. “Cálice” não foi aprovada, tendo sua letra censurada. Sem tempo de compôr outra canção, Chico e Gil decidiram apenas tocar a música, vocalizando sons sem sentido. Mas o negócio foi mais embaixo: desconfiados do evento, os militares cortam o som dos microfones de Chico e Gil na apresentação da música cenrusara. Em alvoroço, a plateia não entendeu nada, gritavam “Cadê o som? Não escuto nada!”. Chico, irritadíssimo, começou a entoar a parte da canção aos berros

História da MPB

Bruno Requena

“Pai, afasta de mim esse CÁLICE”, até que dados por vencidos, Gilberto Gil, decepcionado, se retira do palco.

sido Milton Nascimento quem acabou dividido os vocais de “Cálice” com Chico Buarque.

“Cálice” é uma das canções mais fortes e representativas da canção popular brasileira, e representa um dor interminável de perseguição e exílio. A música só foi liberada anos depois, com o começo da abertura politica. No ano de 1978 é lançada no “Long Play” de Chico Buarque, popularizando-se instantaneamente, considerada a melhor música do ano. Gil conta, em entrevista recente, que esta canção ficou muito marcada para ele, tanto que nunca mais voltou a cantá-la, explicando o fato de ter

O histório festival foi relançado nos anos 2000, pela Universal Music, detentora dos catálogos da antiga gravadora Philips. Na época foram lançados 3 Lps contendo o melhor das três noites. No relançamento, o festival inteiro foi compilado para dois cds e um dvd com 30 minutos. Um registro histórico e totalmente emblemático de um show eletrizante com muita história pra contar, “Phono 73, o canto de um povo” é um clássico musical. Só ouvindo pra entender.


LONA > Edição 954 > Curitiba, 21 de outubro de 2014

6

ACONTECEU NESTE DIA

Sistema operacional móvel Android é lançado O sistema operacional móvel mais usado no mundo teve seu lançamento no dia 21 de outubro de 2008. Nessa data, o Android se transformou em Open Source, com código publicado como AOSP (Android Open Source Project). No dia seguinte, foi lançado comercialmente o primeiro aparelho móvel utilizando o sistema Android, o HTC Magic ou G1. Sem uma plataforma própria, a empresa Google buscava lançar um apa-

relho com serviços baseados em localização. Em 2005, optou por adquirir a Android Inc., uma empresa que desenvolvia plataforma para celulares baseada em Linux, no intuito de ser um suporte aberto, flexível e de fácil migração para os fabricantes. Segundo a Google, atualmente mais de 1 milhão e 500 mil aparelhos com o sistema operacional são ativados diariamente, sendo utilizado por grandes marcas de celulares, como Samsung, Sony, Motorola e LG.

Logomarca do sistema operacional > Foto Erica Joy

#PARTIU Em Cartaz Attila Marcel Comédia > 102 min > 18 anos Na Quebrada Drama > 94 min > 14 anos A Bela e a Fera Romance > 117 min > 12 anos O Último Concerto Drama > 106 min > 14 anos

Exposições Cartas Imaginadas Local: Solar do Rosário Data: até 31 de outubro Horário: das 10h às 19h30 Ingresso: gratuito Marés Local: Galeria Portfolio Data: até 6 de novembro Horário: das 9h às 20h e sábados Ingresso: gratuitos

Shows Na Solidão, em Busca de Companhia Local: Capela Santa Maria Data: 21 a 23 de outubro Horário: às 15h, no dia 21, e às 20h, nos dias 22 e 23. Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia) Orquestra Kilânio Local: Teatro do Paiol Data: 21 de outubro Horário: 20h Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)

Exposição traz viagens à Ilha do Mel e ao Chile Artista tenta expressar o cruzamento de novos horizontes em seu mais recente trabalho fotográfico, na Galeria Portfolio A fotógrafa e designer Kris Foltran expõe na Galera Portfolio seu mais novo trabalho. A mostra “Marés” exibe as viagens da artista à Ilha do Mel, no Paraná, em 2011 e ao Chile, no ano de 2012. Para realizar o trabalho, Kris buscou fotografar pelo período de aproximadamente um ano em diversas situações de luz, estações do ano e locais que tivessem sempre a presença do mar. O objetivo da artista com a exposição fotográfica foi ultrapassar os limites humanos, recriar universos, cruzar horizontes e sonhar. São 14 fotografias impressas em fine art que são comercializadas com preço reduzido para possibilitar o colecionismo. Uma das fotos de Kris em sua nova exposição > Foto: Kris Foltran

Kris Foltran é formada em Design Gráfico e teve seu primeiro contato com a fotografia ainda na faculdade. Concluiu o curso de graduação com um editorial de foto poesia que retratava todos os bosques e parques de Curitiba. Em seu currículo, Kris já conta com três exposições individuais: IN_VERSOS (2012), Domínio (2013) e Gueixas de Outono (2013). A mostra “Marés” traz a continuidade da técnica que a artista utilizou na expo-

sição “IN_VERSOS”. Kris aplicou duplas exposições digitais, realizadas diretamente na câmera. O efeito é como nos tempos do material analógico, quando uma fotografia era feita sobre a outra sem girar o filme, o que deixava as imagens sobrepostas. A Galeria Portfolio faz parte da escola Portfolio de fotografia que existe em Curitiba há 16 anos. Atualmente, o local recebe outras três exposições: “Tempos”, “Reconhecimento” e “Paixão e Fé”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.