Lona 961 (30/10/14)

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O único jornal-laboratório diário do Brasil

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Ano XV > Edição 961 > Curitiba, 30 de outubro de 2014

Foto: Marina Geronazzo

Madrugada Sangrenta homenageia Roger Corman Evento que promove palestas, oficinas e exibição de filmes acontece exclusivamente em Curitiba e contou com a presença do próprio p.3 homenageado, o diretor norte-americano Roger Corman EDITORIAL “Recentemente, foram divulgadas notícias apontando irregularidade no PRONAF de algumas cidades.” p. 2

Foto: Ministério TIC Colômbia

OPINIÃO

Pesquisa mostra uso da internet por adolescentes brasileiros

Adolescentes utilizam internet como principal meio de comunicação, mas há uma desigualdade nos números apontados p. 3

“No fim, estamos todos juntos e reunidos nesse universo, dependendo da aleatoriedade dos cosmos.” p. 2

#PARTIU Maria Gadu traz MPB para o fim de semana curitibano, enquanto Israel Novaes agita o Shed Bar. p. 6

COLUNISTAS Priscilla Fontes “A gente não pode esperar muito dos outros. Não acredito que começarei por um clichê tão batido, pisado, sofrido – mais que o bom senso em época p. 5 de eleição. “ Luis Izalberti ‘A reeleição de Dilma Rousseff repercutiu amplamente nas redes sociais, daquele jeitinho insuportável.Da mesma forma que o fanatismo político contaminou essa eleição, as reap. 5 ções à vitória não foram diferentes.”


LONA > Edição 961 > Curitiba, 30 de outubro de 2014

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EDITORIAL

Pronaf para os não necessitados O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, foi criado no ano de 1996, para promover o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar com financiamentos e custeios para que o agricultor possa aprimorar e expandir a sua produção. Recentemente, foram divulgadas notícias apontando irregularidade no programa de benefício aos agricultores nas cidades de Santa Cruz do Sul e Sinimbu, no Rio Grande do Sul. As denúncias foram feitas para a Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses, a Aspac, encarregada de auxiliar os agricultores durante a solicitação do Pronaf. A principal denúncia é a de um agricultor que deixou de plantar pelo endividamento excessivo com o programa. O esquema do Pronaf funcionou durante os anos de 2006 a 2012. Os agricultores assinavam todos os documentos que a Aspac fornecia para a autorização do benefício. Esses papéis eram encaminhados ao banco, porém entre todas as documentações havia também uma procuração outorgando poderes para que a associação recebesse todo o dinheiro de custeio.

OPINIÃO

Monte Castelo Francisco Matheus

Tive minha infância em uma família católica, não daquelas com uma devoção fervorosa, mas sim, de ir à missa todos os domingos. Estudei em colégio franciscano, onde tive minhas primeiras aulas de religião. Tinha fé na igreja católica, acreditava que dentro desse círculo eu estaria protegido de todo o mal, e nada poderia me afetar. Tinha tudo para ser um bom católico. Porém, os anos passaram, e as coisas mudaram. E muito. Depois de tantos acontecimentos em minha vida, comecei a contestar minha religião e a existência de Deus. Deixei de ir à igreja, considerava burro quem acreditava em Deus e comecei a considerar as religiões como as culpadas por todas as desgraças que acontecem no mundo. Sim, tolice de minha parte. Época de rebeldia, ser do contra e malvado era bacana, Passei o início da minha adolescência assim, sendo um

ateu ignorante sem respeito pelos outros. Achei que continuaria desse jeito pelo resto da minha vida, porém, do mesmo jeito que é possível perder a fé, é possível reconquistá-la.

por toda a vida. Algum tempo depois, me dei conta de que o que eu acredito é tecnicamente o que os católicos acreditam, e me identifico com muitos ensinamentos da Bíblia.

As provas do vestibular haviam acabado, e o que eu queria era descansar de toda essa correria. Comecei a passar meus dias fora de casa, caminhar no parque, sair com os amigos. Então, passei a prestar mais atenção nos detalhes das coisas, e percebi que tudo tem um sentido. Energia é o que move o mundo, é o que faz uma árvore nascer, e é o que atraímos com nossas ações e pensamentos. Fazendo o bem, nos sentimos bem, e fazendo o mal, nos sentimos mal. Pouco a pouco, sem saber, fui recriando minha fé, sem a influência de nenhuma religião, mas apenas com o que eu sentia. Foi então que percebi que acreditava no universo, e que ele é o responsável

Depois de ter passado por todas essas transformações, me dei conta de que um homem não pode viver sem fé Fé é o que faz o mundo ir para frente, e mesmo aqueles que dizem não ter, no fundo eles sentem que existe alguma coisa. Também percebi que as religiões não são responsáveis pelas guerras e mortes, mas sim, o ser humano. Todas as religiões têm seus pontos negativos, e também, têm um objetivo em comum: o bem. Ensinamentos de amor, humildade, perdão e muitos outros, pertencem à verdadeira natureza do homem. No fim, estamos todos juntos e reunidos nesse universo, dependendo da aleatoriedade dos cosmos.

Assim a solicitação era aceita e a verba era liberada pelo governo Federal, mas os valores não chegavam aos agricultores que eram informados que o benefício tinha sido negado e que era preciso solicitar novamente. Então a nova solicitação era aceita e os agricultores eram “contemplados” com a verba pública. Ao longo da investigação, dois vereadores e um deputado federal do PT, foram apontados como suspeitos de envolvimento e organização da fraude contra os agricultores, juntamente com alguns funcionários do banco o qual não foi citado nomes. Segundo a Polícia Federal, mais de 6 mil agricultores foram prejudicados pelos desvios, e cerca de R$ 79 milhões do dinheiro destinado ao benefício foram sustados pelos suspeitos. Se comprovada a desumanidade cometida pelas autoridades, as quais deveriam ter o maior respeito com os agricultores, é inadmissível que os infratores não sejam punidos, porém a forma como a justiça caminha não surpreende, em nada, se as denúncias forem jogadas ao léu.

Imagem: Arquivo Pixabay

Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Da Redação


Curitiba, 30 de outubro de 2014 > Edição 961 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Madrugada Sangrenta recebe nomes do cinema norte-americano Com o intuito de reunir apreciadores do gênero de horror, o evento volta com novidades em sua terceira edição Marina Geronazzo

A terceira edição do evento Madrugada Sangrenta se deu início na manhã de ontem, com a ilustre presença do diretor, produtor e roteirista Roger Corman e sua esposa Julie Corman. A programação conta com diversas oficinas, palestras, exibição de filmes do gênero de horror e estreias de curtasmetragens nacionais. O evento acontece entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro. Além disso, haverá um concurso de roteiros conhecido como “Horror Screenplay and TV Series Contest”. Durante o concurso, com mais de 30 projetos inscritos e aprovados, uma comissão formada por um banca de peso (New Horizons Productions, Canal Space e Projetos Multiplataforma da Rede Globo) irá avaliar a qualidade dos materiais enviados. Os roteiros premiados serão produzidos com o auxílio do diretor curitibano Paulo Biscaia, e a distribuição será por conta da produtora Moro Filmes. As oficinas serão ministradas por Roger Corman, Julie Corman e Rodrigo Aragão (maquiador de produções de horror no Brasil). Para quem deseja participar das atividades oferecidas pelo evento, é necessário entrar no site do evento para verificar a disponibilidade de vagas e as formas de pagamento possíveis. Estudantes universitários têm desconto na hora de comprar o pacote. Os filmes exibidos durante o evento estão abertos ao público, e a entrada é franca.

20h - Exibição do filme “A Mulher Vespa”, contando com a presença de Roger e Julie Corman durante a exibição, no Centro Cultural Sesi 31/10 (sexta-feira) 09h00 – Oficina de efeitos especiais com Rodrigo Aragão, no Centro Cultural Sesi 15h00 – Keynote com Julie Corman, no Auditório Caio Amaral 20h00 - Exibição do filme “O Solar Maldito”, com as presenças de Roger e Julie Corman, no Centro Cultural Sesi

Cartaz do evento > Imagem: Divulgação

Roger comentou sobre a influência de suas produções na indústria cinematográfica e, de forma bem humorada, explicou como consegue administrar seus projetos, que em sua grande maioria são realizados com orçamentos de baixo custo.

Evento promove oficinas, palestras e exibições.

Entrevista coletiva O diretor Roger Corman falou sobre sua carreira e respondeu perguntas de jornalistas durante uma coletiva de imprensa, na manhã de ontem, no Radisson Hotel.

A edição do evento este ano é um especial em homenagem ao trabalho de Roger. O americano nascido em Detroit em 1926 chegou a cursar engenharia, profissão pela qual perdeu o interesse ainda na faculdade. No entanto, a ideia de fazer filmes ia crescendo para o universitário que começou a estudar literatura moderna na Inglaterra. Ao retornar aos Estados Unidos a intenção de Roger era tornar-se um roteirista e produtor. Seu primeiro escrito foi vendido em 1953, e filmado como Consciência Culpada, um ano depois. Horrorizado com os resultados desse primeiro trabalho, Roger juntou capital

para tornar-se um produtor por conta. Em poucos anos, seu trabalho foi atrelado a grandes nomes das produções norte-americanas. Seu primeiro filme como diretor, no entanto, foi em Cinco Revólveres Mercanários, em 1955, depois do qual já dirigiu mais de 50 longas. A Loja dos Horrores, de 1960 é uma de suas obras mais cohecidas, já que foi gravada em tempo recorde: dois dias e uma noite. Programação: 30/10 (quinta-feira) 09h – Oficina de efeitos especiais com Rodrigo Aragão, no Centro Cultural Sesi 15h – Master Class com Roger Corman, no Auditório Caio Amaral 19h30 – sessão de autógrafos do livro “Cemitério Perdido dos Filmes B – Redux” com o autor César Almeida, no Centro Cultural Sesi

01/11 (sábado) 09h – Oficina de efeitos especiais com Rodrigo Aragão, no Centro Cultural Sesi 13h – concurso de roteiros Horror Screenplay and TV Series Contest, no Auditório Caio Amaral 20h – Sessão de estreia nacional de “Monstrólogo”, de Rodrigo Aragão, no Centro Cultural Sesi 21h – Exibição de “Frankeinstein – O Monstro das Trevas”, no Centro Cultural Sesi Endereços: - Auditório Caio Amaral (Campus indústria – FIEP): Av. Comendador Franco, 1341, Jardim Botânico - Centro Cultural SESI (Casa Heitor Stocker de França): Av. Mal. Floriano Peixoto, 458, Centro – Curitiba – PR

Parte do evento acontecerá no Auditório Caio Amaral > Foto: Arquivo PRPPG


LONA > Edição 961 > Curitiba, 30 de outubro de 2014

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GERAL

Cerca de 30% dos adolescentes não têm internet no Brasil Pesquisa feita com adolescentes brasileiros apontou uma desigualdade na era digital, 6 milhões não tem acesso à internet Karla Kachuba

Uma pesquisa feita pela a Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, em inglês “United Nations Children’s Fund”, no ano de 2013, entrevistou adolescentes entre os 12 e 17 anos de idade para saber como é a relação desses com a internet. Foram ouvidos 2002 adolescentes em todo o país. De acordo com os dados levantados pela pesquisa, 70% dos entrevistado estão incluídos na era digital, e costumam utilizar a internet com frequência. Já os considerados excluídos, somam 30% do total de 2002 e são os que não utilizaram a rede em até 3 meses que antecederam as pesquisas, e não desfrutam da internet como meio de comunicação. Segundo essa mesma pesquisa, o Censo 2010, realizado pelo IBGE, apurou que há pelo menos 21 milhões de adolescentes no Brasil, enquanto os considerados excluídos somariam aproximadamente 6 milhões desse total, apenas nas idades entre 12 e 17 anos.

Victor Jamberci tem 17 anos e conta que aprendeu dentro de casa a base de um bom comportamento. O jovem afirma que faz uso dos ensinamentos da mãe quando está fora de casa, nos locais em que frequenta. Victor ainda diz que teve facilidade para fazer amizades desde criança, e que convive com os amigos da melhor maneira. Segundo o adolescente, ele utiliza bastante a internet, mas ainda prefere as relações pessoalmente, encontrar os amigos e conversar olhando no olho. Victor ainda conta que utiliza mais o aplicativo para celular Whatsapp para se comunicar, já que não pode encontrar os amigos todos os dias. Pesquisa estima que 6 milhões de jovens brasileiros não tenham acesso à internet > Foto: Arquivo Ministério TIC Colômbia

A psicóloga Marina Machado comenta sobre a influência da internet nos relacionamentos pessoais, especialmente para a faixa etária analisada: “Com a internet as relações são mais superficiais, é mais fácil romper vínculos. O que é complicado para um adolescente, que está em uma fase de firmar a identidade.”

“As relações são mais superficiais, é mais fácil romper vínculos.”

A porcentagem de 30% dos excluídos demonstra a desigualdade envolvendo o processo de acesso à internet no país. A pesquisa mostra que as regiões com menos acesso, são as áreas rurais (que constituem 17%), as regiões norte e nordeste (ambas empatadas com parcelas de 11%), os adolescentes pertencentes às famílias com até 1 salário mínimo (que somam 18%) e as classes consideradas baixas (que ficam com 25% da fatia).

A pesquisa da Unicef também considera que 64% dos adolescentes usa a internet diariamente e concluindo seu estudo afirmando que a maioria dos brasileiros nesta faixa etária utiliza a rede como meio de comunicação.

Além disso, Marina explica que existem dois tipos de adolescentes: um deles está no grupo dos que têm dificuldades em entender o mundo real, só conseguindo se relacionar virtualmente e permanecendo conectados há rede. Esss indivíduos têm dificuldade nas relações pessoais com o mundo externo. O outro grupo usa as redes a seu favor, tem noção de realidade e convivência com as pessoas. Sobre o assunto, a psicóloga diz, ainda, que na internet há a facilidade de expor a opinião sem necessariamente mostrar o rosto: “As pessoas são agressivas e acreditam que não precisam arcar com as consequências imediatas

de seus atos, o que também prejudica para a formação pessoal do adolescente”, acrescenta Marina. A psicóloga também é responsável por cuidar da terapia de grupos de adolescentes, ela conta que a educação e a formação dos valores tem importância para o desenvolvimento da criança para que esta chegue à essa fase mais amadurecida que é a adolescência. “Por ser um momento de mudanças e descobertas, a transição é complexa, a construção da identidade se inicia e isso pode se tornar uma fase conturbada”, conta. Ela ainda afirma que durante a adolescência são muitos os acontecimentos ao mesmo tempo, momento em que o jovem se auto descobre na evolução. Por isso os valores são construídos na base dos exemplos dos pais, e vem da educação adquirida em casa.

Assim como ele, Gabriel Coraiola, também de 17 anos, diz acreditar que a educação de cada um é importante para o desenvolvimento e para a boa convivcência em sociedade com as demais pessoas. Ele classifica sua relação com os amigos como sendo boa, apesar de se considerar um rapaz tímido. O jovem diz que se sente mais à vontade na internet: por ser tímido, esse contato é facilitado. Porém, ressalta que é fundamental a comunicação pessoalmente. “Passo mais tempo na internet do que gostaria, considero o mundo virtual um vício”, afirma.

Para especilistas, o mundo virual pode se tornar um vício > Foto: Montecruz Foto


Curitiba, 30 de outubro de 2014 > Edição 961 > LONA

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COLUNISTAS

Inquieta Explícita Priscilla Fontes

Derrubem esse muro já! A gente não pode esperar muito dos outros. Não acredito que começarei por um clichê tão batido, pisado, sofrido – mais que o bom senso em época de eleição. Tenho uma filosofia de vida (daquelas que ninguém nunca mais vai lembrar) pra compartilhar: a maioria dos clichês, por mais piegas que sejam, trazem uma verdade quase que incontestável. Vamos lá, eu explico. Não estou sofrendo uma desilusão amorosa, não pisaram no meu calo e nem zombaram da minha cara. Na verdade, o que aconteceu foi

uma constatação – a de que as pessoas são muito mesquinhas de vez em quando (ou de vez em sempre?). Quando eu acho que o povo está um pouquinho mais informado, menos preconceituoso e com a mente mais aberta para novas discussões, aparece gente dizendo que nordestino é burro, que “o Nordeste não me representa!”, que “o sul é meu país”. Não quero dar uma de Lobão, mas se o Sul é o seu país eu quero mesmo é morar no exterior. A gente tá ali, passando os olhos pela timeline, quando de repende aparece piscando feito vagalume aquela crítica sem informa-

ção, baseada no senso comum (que quase sempre é burro), dizendo que quem recebe Bolsa Família é “tudo vagabundo” e que precisamos “separar o Brasil”. Olha, eu sei que é muito difícil e custa muito tempo, mas uma busca básica no Google pode impedir que você ganhe unfollows indesejáveis. Sem contar as imagens pretas nos perfis, explicadas pelo luto que se instaurou depois do resultado da eleição para presidente. Quem está de luto é o bom senso, morreu do coração, o coitado – e nem foi porque a Dilma se reelegeu. Quando a gente menos espera, aparece um povo espalhando discurso de ódio à democracia, ódio à presidenta, ódio ao sei lá o que – o importante é odiar alguma coisa. Seria menos pior se tal atitude de restringisse apenas ao Facebook, mas o problema é que a situação se expande, cresce, cria asas, sai por aí, começa a pesar e, ploft! Explode e cai no nosso ombro. Uns defendem que a meleca faz parte, afinal, a gente precisa ver a sujeira de perto pra saber que vivemos num mundo assim, onde não podemos esperar muito dos ou-

tros mesmo. Outros acham que não, simplesmente não somos obrigados. Porque defender a pluralidade, a liberdade de expressão e o pensamento oposto é bem diferente de ter que aturar opiniões xenofóbicas e separatistas. O difícil é quando vem de alguém que a gente achava bacana, politizado, coerente. É complicado quando vem de um amigo (que podia até ser coxinha, mais ainda era amigo). É deprimente quando vem da mãe, do pai, do tio. Nem dessas pessoas a gente pode esperar alguma coisa que preste? Não. O que a gente tem que esperar é que a nossa paciência brote do chão a cada comentário torturante, porque aí, quem sabe, possamos colocar em prática a sugestão do Álvaro Borba: “ter mais paciência e um pouquinho de esforço na tarefa de esclarecer quem precisa de esclarecimento”. Queriam dividir o país, mas acabaram misturando a discussão saudável e que acrescenta conhecimento com a briga ofensiva e repleta de desrespeito. Cuidado: são tempos difíceis para os esperançosos.

Indignação exaltada Assim como no país, a reeleição de Dilma Rousseff repercutiu amplamente nas redes sociais – ou seja, daquele jeitinho insuportável. Da mesma forma que o fanatismo político contaminou toda essa eleição, as reações à vitória da petista não podiam ser diferentes. Afinal, quando são criados dezenas de eventos no facebook pedindo o impeachment da presidente, não há como negar que os descontentes estão dispostos a exagerar em sua indignação. O escândalo é tamanho nos leva a indagar: como essas pessoas conseguiram viver nos últimos 12 anos de PT? Grande parte das pessoas deve ter tido o desprazer de presenciar a reação dos eleitores fanáticos nas redes sociais. Declarações de luto, citações de celebridades revoltadas, ameaças de ir embora do país, e muito, mas muito preconceito, intolerância e falta de informação marcaram os últimos dias. A ignorância foi –e é- característica marcante entre grande parte dos inconformados. Como

já ocorreu no primeiro turno, a internet foi infestada de ataques preconceituosos aos nordestinos. Na maioria delas o responsável categorizava esse povo como ‘’muito burro para colocar o PT no poder novamente’’. A intolerância chegou a tal proporção que as geniais propostas de separar o sul (que majoritariamente elegeu Aécio) do restante do país voltaram a ser profanadas. Para isso, não há outra explicação que não o desconhecimento das pessoas de que tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente é crime com pena de 4 a 12 anos de acordo com o artigo 11 da Lei de Segurança Nacional. Ao falar de Impeachment, por sua vez, parecem desconhecer também que a presidente precisa estar sendo investigado por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e que esta deve ser tornada pública para que o processo possa ser exigido. E não é o que ocorre com Dilma.

Facepalm

Luis Izalberti

O desespero chega a ofuscar a ignorância. A página oficial do Exército Brasileiro chegou a receber centenas de mensagens pedindo por uma intervenção militar. A incoerência é tanta que certas mensagens alegam que o Brasil está se tornando uma ditadura como Cuba, para logo em seguida apelar para que os militares voltem a ocupar o poder. Aqueles que votaram em Dilma e se exaltaram nas comemorações estão errados do mesmo jeito. É claro que pode sim comemorar (assim como manifestar desagrado ao resultado), mas muitos vão além, esfregando a vitória na cara e ofendendo os eleitores do adversário.

Além da racionalidade, da informação e da tolerância, o respeito também parece ter morrido para muita gente. E quando a estupidez é mútua, ninguém pode exigir nada de ninguém. Isso tudo só mostra a qual ponto o fenômeno de expor opinião sobre tudo chegou. Com as pessoas contando vitória, ofendendo os adversários e defendendo suas posições a qualquer custo, política está quase parecendo futebol – e talvez esteja até em vias de ficar mais chato. As pessoas que expressam suas opiniões livremente para logo em seguida exigir medidas radicais parecem ter esquecido que o que é democracia.


LONA > Edição 961 > Curitiba, 30 de outubro de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

“A Guerra dos Mundos” causa pânico Em 30 de outubro de 1938, Orson Welles escolheu o romance de ficção científica “A Guerra doa Mundos”, de H.G. Wells, para dramatizar em formato jornalístico, no seu programa semanal da rádio CBS. O tema da obra era a invasão da Terra por marcianos. Contudo, a maioria dos ouvintes acreditou se tratar de um fato verídico e, assim, o caos se instalou na população. Cerca de seis milhões de pessoas sintonizaram no programa, sendo

que a metade delas fez isso depois da introdução, parte na qual se explicava que era apenas uma peça de ficção, como alega a própria CBS. Após pessoas saírem da cidade, inúmeros acidentes e tentativas de suicídio, a mídia nunca mais foi a mesma, e até hoje isso é considerado um dos momentos mais extraordinários da história da comunicação de massa. Apesar disso, o programa foi um sucesso de audiência, fazendo a CBS bater a emissora concorrente NBC.

O escritor H. G. Wells, autor de “A Guerra dos Mundos” > Foto: Arquivo Wikimedia Commons

#PARTIU Teatro E Se Fosse... Local: Espaço Excêntrico Mauro Zanatta Data: de 31 de outubro a 9 de novembro Horário: 20h Ingresso: “pague o quanto vale” Peppa Pig - A Caça ao Tesouro Local: Teatro Positivo Data: 1º de novembro Horário: às 15h e às 18h30 Ingressos: varia entre R$30 e R$140

Shows Israel Novaes Local: Shed Western Bar Data: 30 de outubro Horário: 23h59 Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia) Maria Gadú e Ingo Pohlmann Local: Teatro Fernanda Montenegro Data: 30 de outubro Horário: 21h Ingressos: variam entre R$80 e R$100

Música Playing For Change em Curitiba Local: Ópera de Arame Data: 30 de outubro Horário: 21h Ingressos: varia entre R$90 e R$210 Flamenco e Poesia com Manuel Lorente Local: Capela Santa Maria Data: 30 de outubro Horário: 19h30 Ingresso: gratuito

Maria Gadú e Israel Novaes se apresentam hoje O festival “FEM Live Sessions”, em seu primeiro ano no Brasil, traz para Curitiba a cantora brasileira Maria Gadú e o alemão Ingo Pohlmann nesta quinta-feira. A dupla se apresenta no Teatro Fernanda Montenegro. O objetivo do evento é mesclar dois estilos musicais diferentes e obter um resultado harmonioso e inovador. O FEM já passou por Colônia, Berlim, Hamburgo e Rio de Janeiro e é realizado desde 2009. O cantor sertanejo Israel Novaes também se apresenta na quinta-feira em Curitiba, na Shed Western Bar. Depois do sucesso da música “Vem nimim Dogde Ram”, o cantor, que está no cenário musical desde 2011, passou a ser conhecido no país. Na sexta-feira, o cantor se apresenta na Shed Western Bar de Balneário Camboriú (SC).

A cantora Maria Gadu > Foto: Divulgação

Evento mundial acontece em Curitiba neste sábado O movimento cultural “Playing For Change Day” de 2014 acontece neste sábado em várias cidades do mundo. O projeto traz artistas que se apresentam de forma voluntária como o objetivo de promover mudanças sociais. A capital paranaense recebe músicos, dançarinos, palhaços, DJs e outros artistas em diversos locais da cidade como Boca Maldita, Bondinho da Rua XV, Catedral, Jardim Botânico, Largo da Ordem, Mercado Municipal, Relógio das Flores, entre outros. Entre os artistas participantes, es-

tão João Triska, Alvaro e Daniel, Dabliu Junior, Murilo da Rós, Rogêria Holtz, Luciano Madalozzo, Trio Quintina, Edu Kardeal, Namastê, Matorrales, Whisky – Led Zeppelin Cover e muito mais. A programação completa pode ser conferida no site da Fundação Cultural de Curitiba. A renda arrecadada com o evento vai apoiar os projetos da Fundação Playing For Change de educação musical gratuita que ganhará uma sede em Curitiba. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Disk Ingressos.


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