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Ano XV > Edição 974 > Curitiba, 22 de junho de 2015

Reprodução sem controle de fotos íntimas EDITORIAL O compartilhamento de vídeos e fotos intimas tem como objetivo agradar o outro, porém, nem sempre é assim. p. 2

OPINIÃO

Duas quadras com mais de 300 anos que fazem história no centro de Curitiba.

A Rua São Francisco já teve várias nomes e diversas épocas, e depois de um constante abandono, o local volta a ser protagonista na capital. p. 3

Quero ver o jogo, como faço? É bom que você leitor (a) assine uma operadora de TV por assinatura. p. 2

#PARTIU O Espírito da Criação traz obras de 1939 com a natureza experimental das peças de Wifredo Lam. p. 6

Foto: Huitzil

Segundo NUCIBER 99% dos casos de vazamento de conteúdo privado são de repasse de fotos das próprias vítimas para amigos, familiap.4 res e conehcidos. COLUNISTAS Brayan Valêncio Podendo ser utilizado para fazer vitaminas, à manga com leite, faz com que pessoas influenciadas pela lenda não comam a combinação por medo de p. 5 fazer mal. Brisa Möllmann Falam tanto sobre o corpo bonito, mas repudiam quando se torna malhado demais . Falam tanto que mulher tem que ser mãe que se esquecem de perguntar a ela se quer ou não. p. 5


LONA > Edição 974 > Curitiba, 22 de junho de 2015

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EDITORIAL

Vazamento de fotos intimas

Um dos pilares para um relacionamento amoroso é a comunicação. Antes, o principal meio utilizado para que duas pessoas passassem horas conversando era o telefone. Mas hoje, na era da internet e dos smartphones, aplicativos de mensagens instantâneas são os principais meios para a interação entre companheiros, já que esses aplicativos possibilitam uma troca rápida de mensagens, áudios, fotos e vídeos. Mas como toda ferramenta que é criada com uma boa intenção, em algum momento é usada para prejudicar o outro. A conversa é o que cria confiança entre duas pessoas, principalmente se essas duas pessoas forem namorados. Pela troca de mensagens, tudo é mais fácil. A vergonha não existe neste ambiente digital, o que facilita a troca de mensagens intimas. A confiança se torna uma carta para conseguir algo em troca, e este algo, é o tão famoso “manda nude”. O compartilhamento de vídeos e fotos intimas tem como objetivo agradar o outro, porém, nem sempre é isso que acontece. Essas fotos acabam saindo de um ambiente de privacidade e vão parar em grupos na internet, com desconhecidos vendo e compartilhando este conteúdo.

OMBUDSMAN

Chuteiras periféricas Jorge Sousa

O Brasil entra em campo essa semana para enfrentar a Colômbia pela segunda rodada da Copa América de futebol. A Rede Globo vai até antecipar sua novela para não perder sequer um detalhe do confronto. O Brasil entrou em campo também, contra a Costa Rica. O evento? Simplesmente a Copa do Mundo de Futebol Feminino. Quero ver o jogo, como faço? É bom que você leitor (a) assine uma operadora de TV por assinatura, pois a peleda só passará no SporTV (a Rede Bandeirantes tem os direitos de transmissão do evento, mas optou por não alterar sua grade para transmitir o confronto). Obviamente a audiência de uma partida de futebol masculino e feminino é desigual, mas culpar a modalidade e suas atletas é, me perdoem a palavra, sacanagem.

Entidades como a FIFA e a CBF (responsáveis pelo futebol mundial e brasileiro, respectivamente) trabalham com cifras milionárias e destinam para a prática do desporto quantias irrisórias. Como efeito de comparação, todas as atletas que estão disputando o mundial estão recebendo nove mil reais da CBF, como bonificação. O salário de um atleta que sobe para o time profissional de qualquer equipe da Série A do Campeonato Brasileiro (masculino) não é menos de R$ 10 mil. Mas a exclusão não se restringe aos níveis financeiros e de espaço na mídia. No último final de semana, o diretor responsável pela modalidade no Brasil, Marco Aurélio Cunha, disse que a modalidade teria maior crescimento se a vestimenta das atletas fosse reduzida

(calções e camisetas), além das atletas, obrigatoriamente, terem que entrar maquiadas em campo (sugestão esta, dada pela própria FIFA há alguns atrás). Sim, ainda estou falando de uma modalidade esportiva. A palavra machismo cai como uma luva nessa situação. Na periferia do esporte nacional, elas tentam sobreviver. Contando com a maior atleta da história do desporto (Marta, eleita por cinco vezes, seguidas, a melhor da modalidade) e diversas outras mulheres que acumulam uma vida cigana, na qual acumulam promessas de condições dignas para exercerem, imaginem só, o seu trabalho. Até lá, elas estarão lutando, contra adversárias e contra seus próprios dirigentes, para que um dia o sol nasça para todos no futebol brasileiro.

As mulheres são as principais vítimas do vazamento de fotos íntimas, é só ver os casos das famosas que tiveram suas privacidades violadas. E quando ocorre o vazamento, imediatamente elas se tornam as responsáveis pela exposição, sendo que, por trás destas ações, existem homens com más intensões. Também existe o “revenge porn”, em que um dos parceiros vaza na internet fotos íntimas do outro por vingança. Esse é o nível que o ser-humano chega para prejudicar o outro: humilhar usando a exposição intima. A punição para quem faz esses vazamentos acontecerem deve ocorrer. A humilhação pode chegar ao ponto de a pessoa sentir que sua vida desandou, já que se sente envergonhada e desconfortável de sair em público sabendo que sua intimidade está circulando pela internet.

Seleção brasileira de futebol feminino

Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Alessandra Becker, Francisco Metus e Murilo Prestes Editorial Da Redação


Curitiba, 22 de junho de 2015 > Edição 974 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Rua São Francisco: histórias em mais de 300 anos

dia pode trazer sensações muito diferentes do que passar pelo local durante a noite. Em um passeio vagaroso e observador na calmaria que toma a rua durante o dia, é possível ver os comércios voltados a gastronomia abertos, porém com quase nenhum movimento.

Murilo Prestes

A rua que hoje se chama São Francisco já teve vários nomes curiosos e em mais de três séculos de vida já conheceu a Curitiba de diversas épocas de seu desenvolvimento. Quando Curitiba foi fundado em 1693, existiam doze vias centrais que faziam parte do dia a dia da cidade, e a então Rua do Terço, que logo mudará seu nome para Rua do Fogo, fazia parte dessas. Ela desenvolveu próximo ao marco zero da capital, que fica em frente à Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz, na Praça Tiradentes. Em seus mais de trezentos anos vivenciou o pleno desenvolvimento da cidade que hoje é uma das mais ricas capitais brasileiras. Antes do nome São Francisco que é de 1867 a rua já se chamou de rua Direita, rua do Fogo, rua da Carioca, rua da Entrada, rua Fechada, rua da Marinha, rua no Nogueira, rua do Rosário, rua do Saldanha, rua das Flores, rua do Comércio, e rua da Assembleia. Alguns desses têm uma boa história, como é o caso do nome rua do Fogo; esse nome é devido a tinha presença forte de senhoras que usavam das pensões nas proximidades para ganhar a vida fazendo programas. Os incômodos aos moradores e comerciantes eram presentes durante o dia todo na então rua do Fogo, que sofreu um abandono grande por parte da prefeitura e da própria população; quem tinha casa na rua ou comércio simplesmente deixou o local para procurar outro canto na cidade. Revitalizar e Reocupar Mesmo após esforços para apagar o passado da rua, ele ficou marcada por um abandono histórico. As duas quadras da São Francisco foram ficando sem vida a cada dia, ao ponto de reduzir o número de comerciantes e aumentar o número de residências va-

Foto: Francisco Mateus

zias. Algum tempo depois do abandono a própria população uniu esforços com apoio da Prefeitura para uma revitalização do local. Moradores, comerciantes e quem podia ajudar colocaram a mão na massa e com alguns materiais custeados pela prefeitura, deram uma cara nova pra a São Francisco, que foi revitalizada com o propósito de uma reocupação do local, afastando dali a marginalidade e também a má fama que estava instalada na rua e nas proximidades. Essa revitalização trouxe para a rua mais segurança e incentivo para a ocupação do local. Melhorias na estrutura também aconteceram; a iluminação pública foi reforçada com mais de trinta postes e arandelas nas calçadas e prédios abandonados e foi preservado o piso de paralelepípedo para manter a originalidade do local. Aos domingos a rua tem transito interditado para que a população possa literalmente nela transitar de ponto a ponto, aproveitando o melhor que o local tem a oferecer durante todo o dia. Para algumas pessoas a revitalização já tem trazido pontos positivos; os comerciantes, por exemplo, relatam sentir um aumento significativo no nú-

Foto: Francisco Mateus

mero de clientes. Quem observa a rua, também identifica uma grande quantidade de pessoas se aglomerando por lá, principalmente no final de semana. Na última revitalização foi entregue a Praça de Bolso do Ciclista (esquina com a rua Dr. Faivre), em 22 de setembro de 2014. O local faz parte do processo de tornar o espaço mais democrático e motivador para os cidadãos. A praça foi feita por ciclistas e moradores de Curitiba com incentivo da Prefeitura; trouxe uma nova cara para a São Francisco e se tornou depois da reocupação um local onde a população se reúne para diversão. O dia e a noite na São Francisco Passar pela São Francisco durante o

Comércios muito antigos ainda estão presentes, assim como os que surgiram pós revitalização. Suas atividades são diversificadas, como por exemplo, barbearias, brechós, estacionamentos, uma loja de artigos de pesca e até uma funerária. A noite e até de madrugada o cenário muda, o baixo movimento dá lugar a muitas pessoas que buscam diversão. Os bares e pubs atendem todo tipo de público. Nos dias úteis costumam abrir às 9 da manhã e fecham por volta das 3 da madrugada. Já no final de semana, esses estabelecimentos chegam a fechar às 5 horas. A rua como espaço de socialização A reocupação da rua São Francisco segue a mesma lógica de outros grandes centros urbanos, como São Paulo, que tinha uma cracolândia instalada no centro da cidade afastando moradores, comerciantes e turistas do coração da capital paulista. Alguns outros países também adotam a lógica de reocupar centros urbanos para torná-los locais de socialização, como a Raw Tempel que reúne bares, casas de shows e muita gente.


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GERAL

Reprodução voluntária: principal causa de vazamento de fotos íntimas Além disso, no Paraná 30 a 35% das denúncias registradas por esse crime são prestadas por pais ou responsáveis de menores de idade Alessandra Becker

De acordo com estatísticas do Núcleo de Combate aos Cibercrimes do Paraná, NUCIBER, atualmente mais de duzentos casos envolvendo o vazamento de fotos íntimas estão tramitando na unidade de investigação de crimes cibernéticos. O delegado coordenador do Núcleo, Demétrius Gonzaga, aponta que 99% dessas ocorrências se deram devido a reproduções voluntárias do conteúdo por parte dos próprios indivíduos e não pela invasão de hackers nos aparelhos eletrônicos. “Essas imagens têm sido produzidas e encaminhadas para conhecidos, para namorados, para amigos e em razão disso, claro, se perde o controle do que vai ou não ser repassado adiante”, explica Gonzaga. E essa situação está se tornando cada vez mais comum no meio digital, principalmente nas redes sociais. O motivo para o ato talvez seja o excesso de confiança entre indivíduos, mas que futuramente, sem as devidas precauções, pode cair como luva para uma suposta vingança. Esse é o caminho mais comum para a divulgação de fotos íntimas na internet, explica o delegado Demétrius Gonzaga, coordenador do NUCIBER.

Sobre o NUCIBER Curitiba é uma das capitais brasileiras que dispõem de uma delegacia exclusiva para a investigação de crimes no meio digital. O NUCIBER é um órgão ligado a polícia civil que busca combater e identificar delitos procedentes de meios eletrônicos ou de telefonia móvel. Os crimes registrados por essa unidade são apenas os de autoria desconhecida, as ocorrências em que a autoria é identificada devem ser registradas nas demais unidades de delegacias policiais.

Foto: Divulgação Flickr

ou criminoso na internet o indivíduo deve procurar imediatamente uma delegacia – especializada em delitos cibernéticos ou não – para o registro do boletim de ocorrência ser feito e, posteriormente, as investigações iniciadas.

“se perde o controle do que vai ou não ser repassado”

Outro dado apresentado pelo núcleo especializado em crimes virtuais indica que 30 a 35% das vítimas que prestam denúncia por publicação de conteúdo íntimo na internet são crianças ou adolescentes, representados pelos responsáveis legais. O delegado recomenda “sempre os pais estarem bem atentos a essa questão da utilização da tecnologia” para evitar maiores desdobramentos perante a lei. A orientação do NUCIBER é a de que quando houver constatação da publicação de conteúdo ofensivo e/

Marina*, 20 anos, estudante em Santa Catarina, passou recentemente pela situação de ter suas fotos íntimas publicadas em diversos grupos de um respectivo aplicativo. Ela mantinha um relacionamento há pouco mais de cinco meses com o indivíduo e diante da confiança que tinha por ele, e que imaginava ser recíproca, enviou-lhe as fotos, pedindo para que apagasse logo em seguida. Após dois meses ambos se separaram. O pedido partiu de Marina, no entanto, não foi visto com bons olhos pelo rapaz que, não aceitando o término, divulgou o conteúdo íntimo da jovem na internet. “Eu esperava isso de qualquer pessoa mal-intencionada, menos dele, porque nós sempre nos demos tão bem. O problema foi que a relação desgastou,

por isso pedi para terminar, e as fotos que ele jurou ter apagado começaram a circular pela internet”, conta. Após o susto e os inúmeros comentários maldosos mencionando o seu nome e colocando em dúvida o seu caráter e de sua família, Marina* procurou uma delegacia, registrou boletim de ocorrência e, atualmente, o caso está sob investigação. “Primeira coisa que eu fiz foi assumir para a minha família que as fotos eram realmente minhas e, claro, pedir desculpas, depois prestei B.O, e agora espero a resposta da justiça”, diz. A jovem também pretende processar o indivíduo que divulgou suas fotos íntimas: “não desejo o mal para ele, apenas que ele arque com as consequências dos seus atos”, enfatiza. * Nome fictício para preservar a identidade da vítima. Foto: Divulgação Flickr

Segundo o delegado Demétrius Gonzaga, coordenador do NUCIBER, os processos de investigações dos crimes cibernéticos são fundamentados, principalmente, nas coletas das provas após os registros dos boletins de ocorrência. “Com base nisso nós fazemos as análises técnicas, identificamos os pontos cruciais, os termos tecnológicos e fazemos um pedido de quebra de sigilo junto ao poder judiciário, passando sempre, é claro, pela apreciação do Ministério Público”, diz. O Núcleo de Combate aos Cibercrimes está localizado na rua José Loureiro número 376, no Centro de Curitiba. O contato com o NUCIBER pode ser feito 24 horas por dia pelo telefone 33211900 ou pelo email cibercrimes@pc.pr.


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COLUNISTAS

Desmistificando Brayan Valêncio

Menino, não misture manga e leite. Faz mal! Várias combinações de alimentos são conhecidas por possivelmente fazerem mal à saúde. Quem convive com pessoas mais velhas já deve ter ouvido falar ‘’manga com leite faz mal”, “não misture isso”, “você vai ficar doente” e geralmente a pessoa que escuta pergunta o motivo, e a outra responde: “você vai morrer”, “faz mal para saúde”, “vai te dar dor de barriga”, “você vai ter intoxicação alimentar”. Contrariando tudo isso, a ciências prova que comer mamão com leite não faz

mal algum e que não há a necessidade de se preocupar, ou seja, não passa de um mito da população. Podendo ser utilizado para fazer vitaminas, à manga com leite, faz com que pessoas influenciadas pela lenda não comam a combinação por medo de fazer mal. Muitas desta lenda foram trazidas pelos colonos para o Brasil, e esse mito, de que a manga com leite faz mal veio da época da Colonização, na qual, o leite era um dos produtos mais caros e raros, somente permitido para os Se-

nhores de Engenho e seus familiares. Já a manga era uma fruta da Ásia, que se adaptou facilmente ao clima do Brasil. Com o tempo, as plantações ficaram abundantes, então era uma coisa barata e farta tanto para os Senhores, como para os escravos. Porém os Senhores temiam que os escravos pegassem e bebessem todo o leite, e para que isso não acontecesse, intencionalmente inventaram uma história que a mistura fazia mal e que poderia levar até a morte. Depois disso a lenda se expandiu e chegou até os dias atuais. E ao contrário do que acreditam, manga com leite faz bem à saúde, pela grande quantidade de vitaminas, minerais e ferros importantes para o organismo humano que ambos contêm. Apesar disso, ainda é possível notar contrariedade nas histórias. A estudante de estética, Heloyse Fedalto (17), relata que mesmo tendo lido várias coisas a respeito, ainda acredita que manga com leite faz mal a saúde, por

motivo de experiência própria. Já a dona de casa, Joana Gonçalves (55), relata fazer várias sobremesas para a família e nunca ter tido reações ruins. Heloise Schneider (20), estudante na área de saúde alimentícia, que faz alguns estudos sobre o assunto, relata que isso são supertições de pessoas mais velhas, que acreditam em misticismo sem ao menos ter um estudo cientifico comprovado. Apesas de comprovadamente não fazer mal algum, relatos assim são importantes, pois eles nos remetem a um passado distante e ao mesmo tempo próximo, e faz com que momentos únicos da história fiquem eternizados em nosso presente.

Eu não sei se quero ser mãe Quando nasci, minha mãe tinha 42 anos. Ela já tinha um pós-doutorado da área de gerenciamento de pessoas e uma carreira invejável. Ela já era sensacional naquela época, e eu sei que não fui algo determinante para isso. Só que eu cresci em um contexto no qual era comum ouvir “a mulher se realiza quando tem um filho”, “a mulher merece todo o respeito porque é ela quem tem o dom da vida”. Mas eu não sei se eu quero ser mãe. E principalmente não quero acreditar que seja esse o fato que determine meu sucesso ou insucesso. Imagine a situação de um vestibulando. A pressão de ter que fazer alguma graduação por ser considerado o melhor caminho já é grande. Ela aumenta quando se adiciona o fato de que a sua escolha aparentemente definirá o seu futuro. E ainda mais quando o seu fracasso é tão fortemente condenado. Agora imagine isso para uma mulher,

para quem a decisão da maternidade realmente mudará a sua vida e por quem se espera algo que nem sempre é o melhor. Essa pressão é infinita. Conversando com Fernanda Soares Roche, psicóloga especialista na psicologia da mãe e do bebê, essa pressão imposta na maternidade é extremamente indigesto para as mulheres, inclusive para aquelas que se tornam mães. “Essa promessa de autorrealização é tão tentadora quanto errônea. Para as mães que não a cumprem, a quebra de expectativa é tão dolorida que em alguns casos explica a depressão pós-parto”. Esse pode ser também um dos porquês de ser tão difícil de falar sobre o aborto: ora, se o dever da vida de uma mulher é ser mãe, qual é o seu direito de deixar de sê-la? Entretanto, o corpo feminino é apenas biologicamente sempre preparado para a maternidade – o que

Diana

Brisa Möllmann

não quer dizer que a mente seja. Sim, é claro que a questão não é nem um pouco simples, mas o fato de ela ser complexa permite inúmeras variações de seu entendimento. O corpo feminino é da mulher. Dela. Assim como as decisões sobre o que deve acontecer com ele. Esse poder que todos têm para falar do nosso corpo incomoda muito: falam mais sobre como uma mulher engordou do que como ela anda triste. Falam mais sobre a roupa que a presidente usou em sua posse do que o discurso que ela estava dando. Falam tanto sobre o corpo bonito, mas repudiam

quando se torna malhado demais . Falam tanto que mulher tem que ser mãe que se esquecem de perguntar a ela se quer ou não. Juliana Wallauer, publicitária gaúcha que conduz o podcast Mamilos, falou em um de seus programas uma das mais contundentes definições de feminismo. “Feminismo é um monte de ‘tudo bem’. Você quer se depilar? Tudo bem. Não quer? Tudo bem também. Você quer se casar e trabalhar cuidando da sua casa? Tudo bem. Não quer? Tudo bem também. Você quer ser mãe? Tudo bem. Não quer ser mãe? Tudo bem também.”


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ACONTECEU NESTE DIA

Hermeto Pascoal completa 79 anos Nascido no dia 22 de junho de 1936, o músico Hermeto Pascoal é considerado por muitos um dos gênios da música mundial. Nascido no interior de Alagoas, o artista é conhecido principalmente por sua capacidade de tocar vários instrumentos e fazer música com diversos objetos. Teve sua carreira iniciada na década de 60 como pianista e flautisa do Quarteto Novo. Já na década de 70, seu nome começou a ganhar reconhecimento na mú-

sica internacional, chegando a gravar discos nos Estados Unidos e duas músicas com Miles Davis. Atualmente Hermeto Pascoal excursiona com seu grupo fazendo shows nacionais e internacionais. Seu último trabalho foi lançado em 2010. Intitulado de “Bodas de Latão”, o cd contém a participação de Aline Morena, além de composições antigas e novas de Hermeto.

Músico Hermeto Pascoal

#PARTIU CINEMA

MON recebe exposição de um ícone do surrealismo

Quase samba Local: Cine Guarani- Portão Cultural Data: até 01/07 de terça a domingo Horário: 19h Ingresso: R$12,00 (inteira) e R$6,00 (meia)

Com cerca de 80 obras, a exposição do artista surrealista cubano Wifredo Lam entra em cartaz no Museu Oscar Niemeyer

Série Carrapatos e Catapultas Local: Cine Guarani- Portão Cultural Data: até 01/07 de terça a domingo Horário: 16h e 17h30 Ingresso: Gratuito

EXPOSIÇÕES Multiplos Olhares Local: Memorial de Curitiba Data: até 19/07 de terça a domingo Horário: das 9h às 18h Ingresso: Gratuito O Espirito da Criação Local: Museu Oscar Niemeyer Data: até 13/09 Horário: das 10h às 18h Ingresso: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia).

SHOWS Ira! Local: Teatro Positivo Data: 26/06 - 21h15m Ingresso: de R$ 66,00 a R$ 186,00 Classificação: Livre Martinho da Vila Local: Teatro Guaíra Data: 27/06 - 21h00 Ingresso: de R$ 80,00 a R$ 366,00 Calissificação: Livre

O Espírito da Criação traz obras de 1939 a 1976 mostrando a natureza experimental das peças de criação de Wifredo Lam. Sua estreita relação com as culturas marginalizadas e a transposição poética utilizada pelo artista com seu domínio absoluto do cubismo e surrealismo é passado ao público com o acervo pertencente ao Museu de Belas Artes de Cuba. Os mitos vinculados às religiões afrocaribenhas exercem grande importância sobre sua pintura estão na mostra, bem como a relação que há entre suas obras e os textos de importantes poetas e escritores ligados ao surrealismo. Untitled oil on paper mounted on canvas (1947)

Wifredo nasceu em Cuba, estudou direito e arte em Havana. O artista se mudou de país algumas vezes, adquirindo diversas experiências. Em 1938 quando foi para Paris, o artista teve contato com Picasso. Suas primeiras exposições aconteceram em no Salão da Associação de Pintores e Escultores de Havana. Seus maiores contatos com o surrealismo se deram com

o início da Segunda Guerra, quando ele se refugiou em Marselha. A exposição fica até 13 de setembro no Museu Oscar Niemeyer, a entrada inteira custa R$ 6,00. Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívivo - (41) 3350-4400 Entrada gratuita no primeiro domingo do mês e após às 18hrs na primeira quinta-feira de cada mês.


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