Lona 976

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Ano XV > Edição 976 > Curitiba, 01 de julho de 2015

Estádio do Pinheirão enfrenta situação de abandono EDITORIAL “Doar o cabelo para fazer perucas para pessoas com câncer é um grande ato de bondade e amor ao próximo.” p. 2

Foto: Divulgação> Facebook

OPINIÃO

“Atitude na cabeça”, projeto ajuda mulheres com doações de perucas

Criado há mais de um ano, o projeto social já ajudou mais de cem meninas e mulheres que enfrentam doenças e sofrem com a perda do cabelo. p. 3

“Deve-se haver o respeito, pois temos a liberdade de fazer o que quisermos, mas nem tudo deve ser feito.” p. 2

#PARTIU O Teatro Positivo receberá no próximo domingo, dia 05 de julho, o cantor sertanejo Leonardo. p. 6

Foto: Bruna Teixeira

O Lona publica mais uma reportagem da série sobre os três gigantes esportivos de Curitiba que hoje caíram no esquecimento das entidap.4 des públicas e dos empresários. COLUNISTAS Brisa Möllmann Parece ilógico, mas essa repetição de clichês é mais comum do que parece. Aliás, as mulheres nasceram na mesma sociedade que os homens, o espectro social é p. 5 o mesmo. Jorge de Sousa A união de boas ideias e bons nomes é a única maneira de se quebrar o sistema atual e fazer, de uma forma simples e eficiente, a política que todos queremos ver. p. 5


LONA > Edição 976 > Curitiba, 01 de julho de 2015

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EDITORIAL

Beleza interior

Não se pode negar que o câncer é uma doença que, além de prejudicar fortemente o corpo, afeta o psicológico de uma pessoa. Isso fica ainda mais evidente durante a quimioterapia, fase do tratamento contra a doença em que o cabelo cai. O cabelo é um grande símbolo de beleza, principalmente para as mulheres. A imagem de uma cabeça nua vira o registro de uma batalha, mas ver uma parte de seu “eu” cair é muito dolorido, e a tristeza ofusca todo o resto da beleza que continua inalterada. Durante a doença, a tristeza vira um veneno, e o ego, uma espada. O câncer é um mal que precisa ser enfrentado, e o bem-estar e paz de espírito viram armas contra esse inimigo biológico. Se sentir bem consigo mesmo é um dos melhores remédios, e um dos jeitos de fazer isso é alimentar o ego. Sentir a beleza voltar dá esperanças de vencer a doença. Usar uma peruca para vestir a careca aumenta a autoestima, diminui a vergonha e alimenta o espírito com o conforto de sentir a beleza refletida no espelho novamente.

OPINIÃO

Calotes, Calouros e Cronistas Brayan Valêncio

Ter opinião tornou-se motivo para discussões, expor suas ideias não é tão fácil e sem discriminação como parece. O fato é que deve haver um limite entre expor seu humilde ponto de vista e confrontar sentimentos alheios. Zeca Camargo é a prova disso, que de forma inconsequente vendeu a sua opinião como fato e acabou por despertar a fúrias de todos aqueles que discordavam daquilo que ele pensava e defendia. Expor uma opinião contrária sobre a morte do cantor Cristiano Araújo em um momento de natural comoção, fez com que o apresentador fosse rejeitado pela maioria daqueles que assistiram sua crônica. Mas, a discussão sobre intolerância à opinião alheia é muito maior e é importante que cada um entenda as diferenças, e que ninguém tem por obrigação de gostar ou concordar com aquilo que você acredita, afinal, cada um tem a sua verdade. Por mais que parece algo distante, convive-

mos frequentemente com situações nas quais o simples gosto de alguém é sinônimo de confusão, isso pode ser por uma música tocada em local indevido, ou como Zeca cita em sua crônica “Os livros de colorir para adultos destacam a pobreza da atual alma cultural do Brasil”. Ora, não é porque você não gosta, que obrigatoriamente aquilo é errado ou ruim, e pelo contrário do que parece, não, não somos iguais e sim, vamos seguir por caminhos diferentes, pois somos seres únicos de caráter, únicos de gosto, únicos de jeitos e trejeitos, únicos. Deve-se haver o respeito, pois temos a liberdade de fazer o que quisermos, mas, nem tudo deve ser feito, e acima da liberdade, há o respeito individual, que é conquistado desde o nascimento. Um pedaço do que nós chamamos de Cidadania. E talvez eu possa ter o direito de ouvir a música que eu gosto quando eu quiser, mas, será que alguém atrás da minha

parede gosta também? O meu, o seu , o nosso direito ao falar, ao gostar e ao fazer o que quiser, acaba quando infrinje-se o direito ao não falar, não gostar e não fazer da outra pessoa. E então eu posso ou não posso fazer o que eu quero? Você pode tudo! Desde que respeite a constituição, os direitos humanos e principalmente a pessoa do seu lado, que por mais que você queira, nunca será igual a você. Isso é um fato! Todos devem ter o direito de ter uma opinião, mas expor elas em momentos e locais indevidos podem sim dar problema. E enquanto tais situações tornam-se cada vez mais rotineiras, sejam distantes ou próximas, continuaremos a apreciar a música do Cristiano Araújo na sala ao lado, enquanto alguém realiza uma prova de pintar o Jardim Secreto e acaba por desabafar sobre o calote da Grécia e a crise europeia em uma rede social, causando uma repercussão que está no seu grupo, mas que está fora dele também.

“ Tirar um pouco de si para dar ao outro é um prazer mútuo, já que, no fim, os dois acabam com um sorriso no rosto. É preciso também muita coragem para fazer esse ato de cortar um cabelo que demorou anos para ter um tamanho desejado, para no fim, agradar o outro. As ONG´s que fazem o trabalho de receber doação de cabelos para fabricar perucas (que é um trabalho bem complicado) para aqueles que não têm dinheiro para pagar uma estão na verdade distribuindo sorrisos. Cada peruca muda a vida de uma pessoa. Elas se tornam parte de uma história, que, para muitas pessoas, tem um final feliz. E dentro dessa história, existem pessoas que, indiretamente, ajudaram com um pequeno ato para esse final feliz acontecer. Expediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Alessandra Becker, Ana Santos e Francisco Mateus Editorial: Francisco Mateus


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GERAL

Uma peruca por um sorriso

contam como é difícil viver com o preconceito. “Elas dizem que é como se estivessem carregando a morte, através de uma aparência que grita ‘eu estou doente’ ”, conta. E ainda completa, “Muitas pessoas não dão valor para a doação de cabelo, mas ela é tão importante quanto qualquer outra doação do corpo humano, porque carrega o DNA da pessoa e devolve vida”, visto que muitas destas mulheres só saiam de casa para realizar o tratamento.

Catherine Baggio

Projeto social busca despertar o aumento da vaidade em mulheres que enfrentam doenças como o câncer.

Cabelo arrumado, uma boa maquiagem e a roupa certa. Excesso de vaidade e cuidados com a aparência podem ser, muitas vezes, confundidos com futilidade. Entretanto, enfrentar o diagnóstico de uma doença agressiva como o câncer, assim como o seu tratamento, não é nada fácil. Neste momento, muitas mulheres acabam perdendo a autoestima necessária para enfrentar o espelho todos os dias, influenciando o emocional delas durante esta luta. Ao perder cabelo e os pelos do corpo, além de ter a tenacidade da pele alterada, a paciente passa por um turbilhão de emoções e sentimentos, deixando-a sujeita ao aparecimento da depressão. Segundo a psicóloga Vera Miranda, de 55 anos, mestre em psicologia, além dos sentimentos de tristeza, não aceitação e medo de morte durante o tratamento, muitos outros são desencadeados por conta da queda de cabelo. “Mulheres supervalorizam os cabelos e podem viver o medo da não aceitação social. Pressupõe-se a elaboração de um luto: como era a minha aparência e como será agora”, declara Vera. Ela ainda confirma que recuperar e manter esta autoestima através de perucas, lenços e diversas outras alternativas, é vital para o tratamento. “Contar com a ajuda e apoio de pessoas que passaram por este mesmo processo pode aumentar o sentimento de pertencimento”, completa. Vera foi uma das mulheres que teve que enfrentar essa luta e acredita que o fato de ter formação na área de psicologia auxiliou muito no seu emocional naquele momento. Ela teve câncer de mama em 2000 e vivenciou todo esse processo da queda dos cabelos. Optou então por usar uma peruca com aparência bem natural que ela passou adiante

Projeto social ajudou mais de 100 mulheres de Curitiba > Foto > Facebook

assim que se curou. “Já emprestei minha peruca para muitas mulheres que não puderam mandar fazer as suas e elas se sentiram reconfortadas ao saber da minha trajetória e de poder desfrutar da peruca”. Infelizmente não são todas as pacientes que tem condições financeiras para comprar uma peruca, que custa em média mil reais, podendo chegar até a quatro mil, dependendo do comprimento. Por esta razão, a doação de cabelo vem se tornando cada vez mais comum, de maneira que ONG’s e projetos sociais têm sido criados para receber essas doações e encontrar uma maneira de fabricar perucas que serão doadas para aqueles que não podem arcar com estes custos. “Atitude na Cabeça” é um desses projetos. Surgiu há apenas um ano através da iniciativa da empresária de 56 anos, Suely Baldan. Tudo começou quando sua nora falou de uma amiga que tinha alopécia, doença que pode ser causada por diversos fatores e leva à perda parcial ou total dos pelos do corpo, dependendo da intensidade. “Não tinha nenhum fio de cabelo, era uma moça de 30 anos que não saía mais de casa por conta da aparência”, conta Suely. Foi quando ela decidiu buscar alguma maneira de confeccionar essas perucas para quem não pode comprar uma, podendo assim, colocar de novo um sorriso no rosto destas mulheres. As pacientes passaram

então a entrar em contato através de redes sociais ou eram indicadas pelos próprios hospitais e a partir daí era feito um levantamento para saber se ela realmente não teria condições de pagar pela peruca. Um ano depois, “Atitude na Cabeça” já ajudou mais de 100 meninas e mulheres, a partir de quase mil doações, uma vez que é preciso de 3 ou 4 doações para a confecção de cada peruca. Suely salienta o cuidado que é preciso ter na hora de cortar, uma vez que a maneira errada pode levar ao desperdício. “O cabelo tem que estar limpo e seco e deve ter no mínimo 20 cm de comprimento. Precisa estar separado em mechas amarradas com elásticos bem firmes e não pode entrar em contato com o chão em nenhum momento”. Atualmente o único espaço que Suely e seus colaboradores tem encontra-se nos fundos de um brechó, lugar que passou a ser inviável a medida que o projeto ganhou proporções maiores. Hoje ela tenta investir em um espaço maior, mas precisa de doações de materiais para arrumar o lugar, além de uma balança digital para a pesagem do cabelo e as redes onde ele é costurado. Apesar de ser uma atividade trabalhosa, ela defende a importância de ações como esta ao ver que muitas pacientes

Mariana Boeing, de 24 anos, foi uma destas doadoras e decidiu cortar as longas madeixas assim que passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, este ano. Ela, que sempre foi muito apegada ao cabelo comprido, contou que sua motivação para doar surgiu quando percebeu que era um apego muito superficial quando comparado à dor de perder todo o cabelo e a autoestima. “Acredito que a maior recompensa é saber que você vai mudar a vida de alguém e a forma que uma pessoa se vê no espelho. Mais do que isso, vai dar mais força para essa pessoa lutar contra uma doença tão difícil. É um ato pequeno de desapego que realmente faz a diferença na vida de uma outra pessoa” declara Mariana incentivando novas doações sociais. No entanto, perucas não são os únicos utensílios que podem ajudar. Lenços na cabeça e um pouco de maquiagem no rosto já podem trazer de volta o brilho no olhar de uma mulher. Karina Xavier foi uma jovem que perdeu a luta para o câncer em 2014 aos 16 anos. Ela descobriu a doença com 13 anos e durante o tratamento criou um blog onde dava dicas de moda e beleza. Com o sonho de ser maquiadora profissional, ela tinha o desejo de ensinar seus truques de maquiagem para outras meninas, para que pudessem se sentir de bem com a vida e com a aparência. Assim, a jovem Karina conquistou cerca de 170 mil seguidores em uma rede social, ajudando inúmeras garotas que passavam pela mesma situação que ela ao incentivar a vaidade mostrando sempre sua vontade de viver.


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GERAL

Pinheirão: do luxo esportivo ao lixo do abandono Glórias do passado do Estádio no Tarumã, o Pinheirão, contrastam com o abandono atual; última partida foi em março de 2007. Karina Sonaglio

Quem vê de longe se impressiona com o tamanho, mas ao chegar perto, a realidade é escancarada: sinais de abandono com a pintura falha, mato e arbustos crescendo por todos os cantos, a deterioração evidente com o passar do tempo. Isso tudo é possível constatar apenas observando o lado externo da construção já que é proibido entrar dentro do abandonado Estádio do Pinheirão nos dias de hoje. São vestígios de um estádio de futebol que foi construído para ser o segundo maior do país. A gigantesca área à beira da Avenida Victor Ferreira do Amaral, no bairro do Tarumã, é mais uma que está jogada “às traças” na região. Era década de 50. Os grandes palcos esportivos começavam a fazer sucesso e um projeto audacioso em Curitiba chamava a atenção do país inteiro. No projeto inicial, pretendia-se construir um estádio com capacidade para cerca de 180 mil pessoas. Na década seguinte, foi decidido em conscenso que haveria uma redução na capacidade de lotação do estádio. O total de torcedores que poderiam entrar no local seria de 127 mil pessoas, mas a realidade acabou sendo bem diferente.

Então, em 1985 foi inaugurado o Complexo Poliesportivo Pinheirão, ou Estádio do Pinheirão.O jogo escolhido para estrar o local foi entre Paraná e Santa Catarina. O placar final dessa partida foi de 3 gols a 1 para a equipe do estado de Santa Catarina. Assim começava a história de muitas glórias de um dos estádios mais importantes da história do futebol paranaense. Ao longo dos 22 anos em que esteve funcionando, o Estádio do Pinheirão foi palco de jogos importantes, como o da Seleção Brasileira – uma partida oficial das Eliminatórias da Copa, em 2003, contra o Uruguai, e outros três amistosos, em 1986, 1991 e 1996, contra Chile, Argentina e Camarões, respectivamente. O estádio sediou também uma das oitavas de final da Copa do Brasil de 1992, entre Paraná e Grêmio, com a vitória de 2 a 1 para a equipe de futebol gaúcha. Entretanto, uma das partidas mais marcantes para o torcedor paranaense na história do estádio do bairro do Tarumã foi a final do Campeonato Paranaense de 1998. O clássico mais tradicional do estado, o Atletiba. Nessa partida aconteceria o recorde de público da história do Pinheirão: 44.475 pagantes,

Projeto pretendia tornar o Pinheirão o segundo maior estádio do país > Foto: Bruna Teixeira

Estádio do Pinheirão recebeu último evento em 2007 > Foto: Bruna Teixeira

que assistiram o Atlético Paranaense ser campeão em cima do Coritiba pelo placar de dois gols a um. O maior público do estádio não chegou nem perto dos 180 mil e nem mesmo dos 127 mil previstos na construção do complexo. O Pinheirão não era, e sequer foi em algum momento da história, o segundo

“Um projeto audacioso em Curitiba chamava a atenção do país” maior estádio do Brasil, e também não continuaria sendo local de grandes eventos esportivos por muito tempo. O estádio foi sede do Atlético Paranaense de 1985 a 1992. O Paraná Clube o utilizou desde o final da década de 90 até o início dos anos 2000. O Estádio do Pinheirão foi então à decadência, sendo fechado em 2007 por uma determinação judicial por falta de segurança e mais tarde penhorado por conta de dívidas com a prefeitura, INSS entre outros empecilhos. Se encerrou assim a história de glórias do quase segundo maior es-

tádio do país. Desde então a área de cerca de 100 mil metros quadrados está sem utilização. Todo o local foi leiloado em 2012 e arrematado por R$57,5 milhões pelo empresário João Destro, que após quase três anos, ainda não mexeu no local. Antes de ser adquirido pelo empresário de Cascavel, a especulação era de que tudo o que estava no terreno fosse ao chão e que ali fosse erguido um shopping center. Entretanto, o fato e as várias especulações nunca foram concretizadas e nem efetivadas. Ao portal de notícias Paraná Online, em julho do ano passado, o atual proprietário afirmou que ainda não existe um projeto concreto do que será feito na área. “Não temos nenhum projeto que mude o que está lá. Paramos de perder tempo. Tinha muita gente querendo fazer proposta, apresentar projetos, mas achamos melhor parar por enquanto. Vamos fazer uma obra que orgulhe os curitibanos”, disse Destro para a então reportagem. Nossa equipe de produção tentou entrar em contato com o empresário e atual dono do Estádio Pinheirão, João Destro. Mas até o momento do fechamento desta edição não foi obtida nenhuma resposta do proprietário sobre quais são os planos futuros para o local. Enquanto não se encontra respostas, o Pinheirão continua padecendo pelo abandono.


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COLUNISTAS

Diana

Brisa Möllmann

Por que ainda existem mulheres machistas? Há anos venho colecionando pérolas de mulheres mais machistas que muito homem que já vi. Na época da divulgação dos dados – errados – do Ipea, vi postarem no Facebook “Essa onda de feminismo é para as mulheres serem p**** e não serem culpadas por isso”. Nessa mesma plataforma, tenho salvas postagens como “Isso é falta de ro**”, “Elas tem que começar a se dar respeito”. Argh. Parece ilógico, mas essa repetição de clichês é mais comum do que parece. Aliás, as mulheres nasceram na mesma socie-

dade que os homens, o espectro social é o mesmo. Então, para muitas é normal mulheres não poderem exprimir sua sexualidade ou considerar a questão da descriminalização do aborto algo intocável e inconversável. Para muitas, é normal não entender o feminismo, os seus porquês. A Taylor Swift é um exemplo disso. Quando lançara seu primeiro álbum, em suas entrevistas falava que não conseguia apoiar a causa feminista porque ainda gostava de homens. No ano passado, ela começou a se autodenominar um símbolo feminista. Segundo ela, “eu era nova

demais, falava bobagem, não entendia a questão . Hoje, eu sei que feminismo é só um sinônimo para igualdade”. Continuando na área musical, a discussão de Anitta e Pitty no programa Altas Horas mostra como ainda são obscuros os ideais feministas. Tudo começou quando a Anitta disse que não achava bonito mulheres indo atrás dos homens em festas, porque existe o instinto de dominação e proteção masculina qualificando os homens para o papel do “flerte”. A Marcha das Vadias tem um papel importante no problema. O choque é seu objetivo. Chocar para chamar atenção. Mas, assim como o escândalo da crucificação de uma transexual na Parada Gay de SP desse ano, o choque nem sempre é entendido. Com isso e mais alguns fatores, surgiu o preconceito ao feminismo. Quem nunca ouviu que feminista é chata, peluda ou promíscua? É só abrir as redes sociais. Mas quem já parou para conversar com uma? Então. Esse preconceito se expande às mulheres também, que, não que-

rendo sofrer da mesma dor, se aquelas pessoas que são preconceituosas. É necessário uma sisterhood entre as mulheres. Nós nunca precisamos mais uma da outra e nunca estivemos tão desunidas. “Não chame a coleguinha de p***” é a campanha do blog Maria Bonita. “Chamar outra mulher de puta não mostra só sua raiva e desaprovação por aquela mulher. Mostra também o seu preconceito. Muitas profissões usam o corpo para conseguir glória, fama e dinheiro. Modelos e atletas, são exemplos. Todo mundo usando o corpo para o gozo público. Mas só a p*** merece ter a profissão como sinônimo de conduta amoral” escreveu a dona do blog, Janeslei. Não chame a coleguinha de p***, querida. Porque inevitavelmente você vai ocupar esse papel em algum momento. Você vai usar saia curta demais ou ficar com o cara errado que vai contar para todo mundo o que vocês fizeram. Não chame a coleguinha de p***, porque quando você a for, vai precisar de alguém do seu lado, defendendo o que de fato é. Mulher.

Jurassic Park Na manhã de hoje, abri a Gazeta do Povo e eis que me deparo com uma pesquisa sobre as intenções de voto para as eleições ao governo do Paraná em 2018. Nela Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PSDB) aparecem na frente, com larga vantagem para o terceiro colocado, Ratinho Júnior (PSC), que mesmo sendo um político que desperta a antipatia de muitos paranaenses, é um membro da nova geração da política estadual, que mesmo tendo nomes que acabaram de chegar no cenário eleitoral guardam um grande ranço com o passado, visto que a maioria deles é oriunda de famílias tradicionais no meio(Maria Victória Barros, Felipe Francischini, Requião Filho e o próprio Ratinho), o que gera uma grande desconfiança na qualidade na injeção de “sangue novo” em nossos quadros públicos.

O político mais jovem em um cargo de destaque é a senadora Gleisi Hoffmann, com 49 anos e uma vasta experiência na política, sendo inclusive ministra da Casa Civil. Logo em seguida aparece o governador do Paraná, Beto Richa (50) e o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (52). Todos já “rodados” na vida pública. No legislativo a situação é ainda pior, visto que ocorre uma “capitania hereditária”, com lugares sendo passados de pai para filho e assim por diante. Situação essa, que faz com que cada vez mais exista uma repulsa da sociedade para com a política, fazendo com que os quadros dos partidos ganhem menos integrantes que sejam fora desse “círculo” familiar. A experiência é importante em qualquer área da vida, mas chega a hora em que é necessário que haja uma substituição de pessoal, para que novas pessoas entrem e assumam a função da anterior. A política não é exceção a re-

Politicalizando Jorge de Sousa

gra. Ou melhor, não deveria ser. Voltando ao nosso cenário eleitoral de 2018, não se consegue enxergar até lá quaisquer nomes que possam rejuvenescer o Palácio Iguaçu e até mesmo Senado Federal. Já na Assembleia é previsível que mais filhos e sobrinhos consigam “herdar” vagas e o restante fique com os costumeiros habitantes do local. A própria Câmara dos Vereadores de Curitiba reflete essa situação, visto que são raros os representantes autenticamente “novos” no lugar, sendo que é no legislativo municipal que a política começa a ser refeita e onde os políticos começam a sua vida pública. Bom, os

que não fazem parte dos “clãs” tem tido muita dificuldade nesse processo.

Para o cenário se modificar é necessário que a mudança seja feita por nós, afinal elegemos os ocupantes das cadeiras da política nacional. Mais do que apertar o botão verde é necessário uma conscientização da importância do voto, visto que um bairro de Curitiba, que esteja unido para um candidato pode reunir uma boa quantidade de votantes. A união de boas ideias e bons nomes é a única maneira de se quebrar o sistema atual e fazer, de uma forma simples e eficiente, a política que todos queremos ver.


LONA > Edição 976 > Curitiba, 01 de julho de 2015

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ACONTECEU NESTE DIA

Brasil define nova moeda No dia primeiro de julho de 1994, o Plano Real entrou em vigor em todo o território brasileiro. Esse plano alterava a moeda que circulava no país, que até então era o Cruzeiro Real. O plano foi proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, na época em que Itamar Franco era presidente. Um dos principais objetivos do plano era minimizar a inflação no Brasil e também estabilizar a economia.

O nome veio em alusão à primeira moeda que circulou no Brasil: os réis. Os desenhos encontrados nas cédulas do dinheiro representam a fauna brasileira. Em 2010, as cédulas do real tiveram algumas alterações no tamanho e no design.

Até chegar ao Real, que o Brasil utiliza até hoje, a moeda do país passou por diversas alterações. Foram diversas épocas: os réis, cruzeiros, cruzados e, finalmente, o real.

Cédulas do real com alterações feitas em 2010 > Foto: Flickr

#PARTIU Shows Leonardo – 30 anos Local: Teatro Positivo Data: 05/07 Horário: 19h Ingressos: R$ 140,00 à R$ 480,00 Fábio Jr – O Que Importa É A Gente Ser Feliz Local: Teatro Positivo Data: 04/07 Horário: 21h Ingressos: de R$ 90,00 à R$ 560,00

Exposições A União Soviética Através da Câmera Local: Museu Oscar Niemeyer – sala 7 Data: 16/07 – 25/07 Horário: 10h às 18h Ingressos: R$3,00 e R$ 6,00 Audácia Concreta - Obras de Luiz Sacilotto Local: Museu Oscar Niemeyer – sala 6 Data: 30/04 – 26/07 Horário: 10h às 18h Ingressos: R$3,00 e R$ 6,00

Teatro Lobos nas Paredes Local: Teatro Guairinha Data: 26 de junho a 12 de julho Horário: 20h Ingressos: R$ 24,00 + taxas R$6,00 Mostra Paranaense de Dança Local: Teatro Guaíra Data: 05, 06,07 de julho Horário: 18h e 20h Ingressos: R$16,00

Leonardo comemora 30 anos de carreira O cantor goiano se apresenta no Teatro Positivo com a turnê comemorativa aos 30 anos de carreira O Teatro Positivo receberá no domingo, dia 05 de julho, o cantor sertanejo Leonardo, que vem à capital paranaense trazendo a sua turnê em comemoração aos 30 anos de carreira. Em 1981, o cantor formou uma banda com o irmão Leandro na cidade de Goianápolis. Mas, infelizmente, o cantor Leandro morreu em 1988, sendo vítima de um câncer no pulmão. E, desde então, Leonardo seguiu carreira solo. Ao longo dos trinta anos de carreira, o cantor sertanejo lançou dezessetes discos. Os maiores sucessos dessa trajetória foram: Não Aprendi Dizer Adeus, Eu Juro, Festa de Rodeio, Mano (que foi escrita para homenagear o irmão Leandro), Pense em Mim, Entre Tapas e Beijos, entre outras. Neste novo projeto, em comemoração aos trinta anos de carreira, Leonardo relembra os principais sucessos de sua carreira, e dá uma nova roupagem a essas canções. No show, o cantor incluiu as canções que marcaram a fase de parceria com o irmão. Músicas

Cantor Leonardo comemora 30 anos de carreira > Foto: Divulgação

inéditas também fazem parte desse repertório. Além disso, Leonardo também canta com o filho José Filipe. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Positivo, na loja Disk Ingressos (Shopping Paladium), nos Quiosques Disk Ingressos (Shopping Muller e Estação), no site diskingressos.com.br e pelo telefone do Call Center Disk Ingressos: (41) 3315-0808.


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