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Presidência
Ano XV > Edição Especial > Curitiba, 06 de outubro de 2014
2° TURNO
Aécio X Dilma 33,58% 41,57% Segundo turno da corrida presidencial repete pela quarta vez consecutiva o duelo político-ideológico brasileiro: PT, de Dilma Rousseff, versus PSDB, de Aécio Neves. Desde 2002, os dois partidos de oposição disputam o voto do eleitor brasileiro.
Governo do Paraná
Beto Richa
é reeleito com 55,67% dos votos “Kinder-Ovo” a “Piá de prédio” são apenas algumas das ofensas que o tucano sofreu durante a corrida eleitoral, mas Beto Richa sobreviveu aos ataques dos adversários e conseguiu, ainda no primeiro turno, ser reeleito. O controle da maior parte dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado coloca o governador em uma posição de extremo conforto e poder em seus últimos quatro anos no cargo.
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EDITORIAL
A mesmice travestida de mudança Em junho do ano passado uma multidão tomou as ruas pedindo mudanças e uma nova política, que não contasse com os grandes caciques que ocupam cargos no alto poder da nação há décadas. Após uma quinzena de tensão, o movimento foi se apagando gradativamente. O pleito de ontem foi o primeiro depois daquele junho efervescente. O resultado nas urnas mostrou que a mudança desejada e aclamada nas ruas talvez não fosse tão drástica. O segundo turno terá Dilma, atual gestora da nação, contra Aécio Neves, do partido que já governou doze anos atrás. A plataforma dos tucanos mudou? Não. É basicamente a mesma da época FHC. Aécio conseguiu a vaga após se mostrar um exímio orador, sendo conciso e de fala segura durante os debates, sobrevivendo aos ataques pertinentes da impetuosa Luciana Genro, do PSOL. A virada veio em cima de Marina Silva, que fez toda a sua campanha baseada numa suposta proposta de “nova política”. Marina mudou inúmeras vezes de partido para conseguir ter um lugar ao sol. Só conseguiu disputar a presidência em razão da fatalidade que ocorreu com Eduardo Campos, a grande aposta do PSB para um futuro. Marina tinha apoio maciço de bancos que a patrocinavam, e parece ter cedido à pressão de um influente pastor, Silas Malafaia. Atitudes bem distantes da definição ideal de “nova política”. No fim Marina é apenas mais do mesmo, com uma roupagem diferente. Perdeu preferência e não terá a chance de um duelo em condições idênticas com Dilma. Daqui três semanas, o povo que pedia uma política nova, que estava cansado de tudo e não queria partidos, vai decidir entre os dois lados polarizadores da política nacional. O lado que propõe a continuação da mudança, sendo que era a situação questionada; contra uma mudança de sigla, apenas para uma figura diferente, com ideologias que já estiveram no poder. A campanha que foi pautada pelo termo “mudança” termina com um “Vale a pena ver de novo”, fazendo com que junho de 2013 tenha sua dimensão diminuída, ou então, pareça que não ter passado de uma mísera “conversa para boi dormir”.
OPINIÃO
Pequenos sim, mas falam alto Lis Claudia Ferreira
Apesar do pensamento pessimista que muitos brasileiros possuem, de que eleição após eleição, nada muda na política nacional, as Eleições 2014 trouxeram uma boa surpresa aos cidadãos. Os eleitores mais atentos devem ter percebido a mudança positiva: os candidatos chamados de “nanicos” tiveram um papel ativo durante todo o período de propaganda política. Contrariando o que foi visto em muitas eleições, os candidatos que até então eram pouco ou nada conhecidos, não permaneceram em silêncio frente aos políticos de carreira dos grandes partidos. Enquanto Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva passaram a maior parte do tempo discutindo sobre quem criou qual programa ou que partido possui mais processos por corrupção, os candidatos do PV e do PSOL, chamaram para si a responsabilidade de
trazer à tona assuntos que, propositalmente ou não , não constavam nas pautas do trio principal. Além de fortalecer a democracia, essa mudança é positiva por forçar políticos e eleitores a levatar pautas que, apesar de serem extremamente importantes, por muito tempo permaneceram esquecidas. Ao discutir assuntos como sustentabilidade, reforma política, mudança nas políticas de combate às drogas, previdência, direitos LGBTs e manutenção de concessões de TV e rádio para senadores e deputados, os candidatos que possuíam pouca expressão até então, deixaram de ser apenas opção do “voto de protesto” e passaram a ser a “pedra no sapato” dos candidatos profissionais. Na corrida presidencial, a tendência é que no segundo turno Luciana Gen-
ro, Eduardo Jorge e até mesmo Levy Fidélix, exerçam grande influência nos rumos do pleito. Seja por meio de alianças que visem cargos na nova gestão ou por meio de críticas e oposição, esses candidatos ainda devem manter aberto o espaço conquistado. Ainda que não ocupem nenhum cargo, eles já cumprem um importante papel social por discutirem – mesmo que falando absurdos – temas de relevância que precisam considerados nos próximos anos. Quando políticos possuem posições ideológicas diferentes e deixam isso claro, o maior beneficiado é a nação, que pode perceber, com esse exercício de democracia, quem é o político que vai fazer as mudanças que espera, e quem é o que não as fará de maneira nenhuma. Esperamos que esse benefício tenha sido bem aproveitado na hora das votações.
“Os nanicos também têm voz” > Charge: Julia Trindade
Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Gustavo Vaz Ilustrações por Talissa Kojuman
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BALANÇO
Número de pessoas que não compareceu às urnas aumenta 12% Em comparação com as eleições presidenciais de 2010, número de abstenção dos votos aumentou cerca de 3 milhões Bruna Karas
O número de pessoas que preferiu não comparecer às eleições neste ano aumentou 12,2% em relação a 2010. Foram 27.484.380 milhões de pessoas que deixaram de comparecer aos locais de votação. Na última eleição presidencial, o número foi bem menor. Na época, pouco mais de 24 milhões de pessoas deixou de votar.
cava que o candidato a senador pelo PSDB, Álvaro Dias, se reelegeria com 82% dos votos e seria o senador com maior percentual de votos no país. A grande indefinição da corrida eleitoral em 2014 foi a proximidade, nas pesquisas, dos três principais candidatos à Presidência da República. Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), tinham diferença de 10 pontos percentuais entre si.
O número de eleitores que não foi às urnas no Paraná aumentou 5,93% em comparação com as eleições de 2010. Há quatro anos, foram 1.250.376 eleitores que preferiram a abstenção no estado. Neste ano, foram 1.324.920 milhões. O candidato do PSDB, Beto Richa, registrou 3.301.322 milhões de votos nesta eleição, aproximadamente 55,6% das escolhas. Em 2010, quando Richa também venceu no primeiro turno, foram mais de dois milhões de votos a menos: 1.031.979.
2.572.481 milhões de votos. Em 2014, foram registrados 4.101.848 milhões de votos, o dobro do ano anterior, representando 77% das escolhas.
A representação do Paraná no Congresso teve cerca de 30% de renovação: doze novos deputados federais foram eleitos neste ano. Candidatos como André Vargas, Ratinho Junior, Cida Borghetti e Delegado Francischini não participaram do pleito para deputado federal. A Assembleia Legislativa apresentou modificação em 18 cargos, mais de 30% de substituições.
Outra surpresa foi o segundo turno entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). A diferença entre os dois valores percentuais foi menos de 10%. Dilma garantiu 41,5% dos votos: 42.872.606 milhões de votos. Aécio registrou 34.717.347 milhões de votos, aproximadamente 33,6% das escolhas. Em 2010, Dilma foi eleita no primeiro turno.
Uma das surpresas das votações foi o primeiro lugar garantido pela candidata a deputada federal pelo PTN, Christiane Yared. Mãe de Gilmar Yared, uma das vítimas do acidente de 2009 envolvendo o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, ela obteve pouco mais de duzentos mil votos e ficou em primeiro lugar na classificação geral. Em 2006, o candidato ao Senado pelo Paraná, Álvaro Dias (PSDB), teve
No Paraná, o candidato do PSDB venceu com quase metade dos votos paranaenses. Aécio registrou 49,7% dos votos no estado: mais de três milhões. Dilma, em contrapartida, ficou com 32,5% dos votos no Paraná, quase dois milhões de paranaenses.
Foto: Ana Justi
Foram efetivadas 40 prisões na capital paranaense.
Marina Silva, do PSB, registrou apenas 21.978.994 milhões de votos (21,2%) e, no Paraná, ficou com apenas 14,2 pontos
percentuais. A candidata que ficou em quarto lugar foi Luciana Genro (PSOL). No Brasil, foi 1,5 pontos percentuais: pouco mais de um milhão de votos. No Paraná, foram 1,3%, quase 80 mil votos. Os demais candidatos não alcançaram nem um ponto percentual. Pastor Everaldo registrou 0,75%; seguido de Eduardo Jorge (0,61%); Levy Fidélix (0,43%); Zé Maria (0,09%); Eymael (0,06%); Mauro Iasi (0,05%) e Rui Costa Pimenta (0,01%). Pesquisas As últimas pesquisas divulgadas pelo Ibope, no dia 4 de outubro, indicavam que o candidato do PSDB ao governo do Paraná, Beto Richa, registrava 52% das intenções de votos válidos. O candidato a governador pelo PMDB, Roberto Requião, apontava 34% das escolhas. A pesquisa também indi-
Após a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, no dia 13 de agosto, Marina Silva o substituiu e o clima de comoção a impulsionou nas pesquisas de intenção de voto. Há algumas semanas, Marina estava no segundo lugar da corrida eleitoral e apontava participar do segundo turno com Dilma. Dados A Polícia Militar do Paraná divulgou um relatório com as ocorrências deste dia eleitoral. Até às 19h deste domingo foram registrados na capital paranaense: - 40 prisões; - 94 termos circunstanciados; - 39 orientações no local; - 89 fatos não constatados; - 25 ocorrências de vendas de bebidas; - 21 ocorrências de consumo de bebida; - 58 ocorrências de boca de urna.
Foto: Arquivo Universidade Positivo
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GOVERNO
Beto Richa vence eleição e se consolida no cenário consolidação na figura de Richa como dominante no atual cenário político estadual.
Jorge de Sousa
Vitória no primeiro turno sobre rivais importantes, como Roberto Requião e Gleisi Hoffmann, coloca Beto Richa como um dos políticos de maior prestígio dentro e fora do PSDB
Vale ressaltar que das cinquenta e quatro vagas da Assembleia Legislativa, vinte e nove foram direto para a base do atual governo, sem contar com as possíveis alianças que o governador pode fazer durante seu mandato.
Com mais de três milhões de votos, Beto Richa foi reeleito governador do estado do Paraná. Com isso, o político tucano garante mais quatro anos no comando de um dos estados mais ricos da nação. A conquista veio ainda no primeiro turno, contra rivais tecnicamente pesados como o ex-governador Roberto Requião e a petista Gleisi Hoffmann. Agora a principal pergunta é se Richa irá fazer uma autoavaliação de seu mandato e modificar seu plano gestor, ou se ele se acomodará com a expressiva vitória e manterá sua política atual.
“Os herdeiros dos ‘velhos guerreiros’ continuam no poder.” O filho de um dos maiores políticos (discutivelmente o maior) do Paraná (José Richa) terá seu segundo mandato como governador do estado. O político começou sua vida política em 1995 quando foi eleito deputado estadual (já pelo PSDB). Foi vice-prefeito no mandato de Cassio Taniguchi e se elegeu por duas vezes prefeito de Curitiba, antes de conseguir ingressar no Palácio Iguaçu (renunciando ao cargo na Prefeitura). Na última eleição pelo Palácio das Araucárias, chocou o estado ao não de-
Foto: Bruna Teixeira
clarar apoio a Gustavo Fruet (um dos alicerces do partido no estado) e dar seu aval para seu vice à época, Luciano Ducci. A derrota colocou em xeque seu prestígio até mesmo entre os tucanos, mas a vitória de hoje recoloca Richa no alto patamar da legenda no Paraná.
Richa mostrou que os problemas sociais deverão ser mantidos no estado. O maior problema da vitória no primeiro turno é a falta de revisão do mandato do atual governo, já que mostra que a atual população está satisfeita com o atual mandato”, concluiu o acadêmico.
Para o professor Emerson Castro, será difícil uma mudança de postura do candidato, já que a aclamação popular corrobora, na opinião do governador, o próprio mandato.
O isolamento do PT e a quebra do PMDB no estado (o apoio dos deputados desse partido podem migrar a qualquer momento para a ala governista na ALEP), auxiliam ainda mais a
“Acredito que até pela eleição no primeiro turno, ele deve manter a sua atual linha de raciocínio. Acredito que não houve falta de diálogo, o que houve foi um governo com graves crises financeiras, até pela má gestão do governo estadual. Se isso mudar poderemos ter novamente uma relação melhor entre governo federal e estadual e não há atual troca de farpas recorrente”, diz o professor. Castro também diz que a maioria na Assembleia Legislativa do Paraná deve fortalecer Richa. “Educação e saúde são as áreas mais carentes do governo. A votação na ALEP e da reeleição de Beto Foto: Bruna Teixeira
O fato do alto número de votos e o crescente aumento do prestígio eleitoral de Ratinho Júnior podem colocá-lo como o próximo presidente da ALEP (Valdir Rossoni, PSDB, ex-presidente da entidade foi eleito deputado federal). Esses fatores, somados ao grande índice eleitoral, podem colocar Richa com plenos poderes no cenário eleitoral, o que pode prejudicar as pretensões de reeleição do atual prefeito Gustavo Fruet, ex-companheiro de partido e atual desafeto do governador. Essa tese é apoiada pelo jornalista Cássio Bida, que ainda coloca a falta de renovação na política paranaense como fator prejudicial à democracia estadual. “A primeira coisa que temos de dizer é a preferência na continuidade do trabalho do Beto. Creio que a falta de opções ajudaram nessa escolha. Roberto Requião combalido e muitas vezes confuso (caso da bala de prata é um bom exemplo), já Gleisi Hoffmann mesmo sendo promissora ainda não conseguiu decolar na vida política. Para Bida, as declarações de Richa mostram que haverá avaliação de seu mandato, sendo que diversas áreas da política pública estão com grave crise, inclusive nos cargos públicos. “Eu diria que a manutenção da bancada governista na ALEP coloca em situação confortável para a manutenção de suas políticas e de aprovação de projetos, ainda mais com o crescimento de Ratinho Júnior”. Cássio Bida mostra preocupação em relação à renovação. “A renovação polí-
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político estadual tica no estado do Paraná continuará em grande desvantagem, já que sem contar os “velhos de guerra” e os herdeiros deles continuam no poder. A vitória de Richa e as falhas de Fruet na Prefeitura colocam em xeque a reeleição do candidato, seja com Fernanda Richa ou com Ratinho Júnior”, declarou Bida. Sempre é necessário colocar que a definição ao governo federal ainda não está decidida, com um segundo turno entre a atual presidente Dilma Rousseff e o ex-senador da república Aécio Neves. Com isso, a posição de Richa ainda é confortável e ele deve usar seu palanque eleitoral a favor de Aécio aqui no estado (no primeiro turno ele teve quase metade dos votos presidenciáveis no Paraná).
lítico, isso é difícil colocar, até porque não é possível mais um mandato no governo estadual. Mas, o Senado Federal pode ser uma boa porta para daqui a quatro anos (voltando a frisar que a vida de Fruet será dura com Richa com toda essa zona de conforto, seja contra Fernanda ou contra Ratinho nas próximas eleições). Minha aposta é que Fernanda Richa seja a principal aposta de seu marido para complicar a vida do atual prefeito de Curitiba. Para o cientista político, Marcos Araújo, o maior problema do novo mandato do político tucano deve ser a grande privatização de setores públicos, incluindo a de empresas como a Copel e Sanepar. Foi dado um cheque em branco para as políticas de Beto Richa,
muita moral. Gustavo Fruet perde com a derrota de Gleisi, embora ele seja historicamente com o PSDB e de Beto Richa, e até pela sobrevivência uma eventual aproximação com o atual governo. Sobre o transporte público, o corte de subsídios é iminente, o que coloca Fruet em xeque, fazendo ele abandonar alianças da esquerda e se aproximar de Richa. Se a Dilma for reeleita, o governador deverá adotar uma postura parecida com a de Fruet para com ele próprio, aceitando o governo federal e aceita-lo, embora nessa última eleição ele se fez de vítima. Os casos da Copel e Sanepar estão perto de se tornarem privatizadas. A Copel se tornou um grande balcão de negócios, principalmente de car-
Verdade seja colocada, ambos os lados dessa história cometeram erros, seja pela falta de diálogo de Dilma, seja pela falta de garantias e cumprimento de garantias de Richa. O que quer que ocorra, o governador deverá se adequar ao ritmo da música. O destino lhe dirá se a dança será favorável ou não.
Além disso a falta de força de seus adversários coloca Richa em maior conforto ainda. O que será o futuro do po-
pela sua mais do que provável acomodação com sua atual posição política no estado. A preguiça é um pecado mortal para qualquer político, e o governador demonstrou-a em demasia nos seus primeiros quatro anos no poder. Agora em uma situação de confirmação de seu prestígio, o perigo dessa atitude pode levar o Paraná a rumos perigosos. Se toda unanimidade é burra, a burrice da oposição deixa a situação em total conforto. E comodismo é o atalho para o segundo fracasso de Richa no poder, e deve-se notar que o primeiro teve mais de três milhões de perdões.
A decisão entre os dois é fundamental para o atual governo, já que uma de suas maiores bases eleitorais foi culpar o governo federal pelo aumento da tarifa da luz elétrica e da falta de recursos do Proinveste (Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal) prejudicou seu mandato.
Voltando à política interna, um grande desafio do estado é devolver os altos impostos pagos para a produção interna do Paraná, principalmente do pequeno produtor agrícola estadual. Mas, mais uma vez coloca-se a força maior de Richa na ALEP como aspecto muito favorável ao atual governo, o que pode prejudicar qualquer mudança de atitude do atual mandatário.
Foto: Arquivo Senado Federal
“A Copel se tornou um grande balcão de negócios.” Foto: Bruna Teixeira
acelerando o desmonte do estado. O preço dos pedágios deve aumentar e deve ocorrer a privatização de alguns setores do estado. Nesse sentido o fato de a Assembleia Legislativa ser subserviente a Richa lhe dá plenos poderes. Áreas públicas como saúde, educação e segurança pública continuaram da mesma maneira, já que a vitória de Richa no primeiro turno corrobora com seu governo, já que essa vitória lhe dá
gos comissionados e acredito que ainda no primeiro ano de mandato eles sejam privatizados”, declarou Araújo. Vale ressaltar que diversas dessas opiniões foram fortes alicerces das campanhas dos adversários de Richa na eleição, principalmente Requião e Gleisi. Para encerrar, coloco minha própria análise no texto. Vejo a atual situação do estado como deveras perigosa. Não pela pessoa em si de Beto Richa, mas sim
Outros candidatos O candidato Roberto Requião, do PMDB, ficou com 27,56% dos votos. Já a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, teve 14,87%. Candidatos de partidos menores, como Ogier Buchi, do PRP, Bernardo Pilotto, do PSOL, Túlio Bandeira do PTC, Geonísio Marinho, do PRTB, e Rodrigo Tomazini, PSTU, não alcançaram sequer a marca de 1% dos votos válidos.
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PRESIDÊNCIA
Segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves petistas e tucanos de José Serra, Geraldo Alckmin e José Serra mais uma vez, respectivamente.
João Lemos
Presença de Aécio Neves no segundo turno indica que tucanos ainda têm força no Brasil - 34% dos eleitores brasileiros escolhem o PSDB para disputar a presidência da República com o PT
Novamente, o PT, por meio do discurso desenvolvimentista e popular que lhe caracteriza, lutará para ganhar o voto do povo em detrimento do liberalismo e elitismo que contempla o discurso tucano, dentro de um processo que evidencia a dicotomia política que há mais de década parece agradar ao povo brasileiro.
O cenário sugerido pelo último Datafolha, divulgado no dia 4 de outubro, foi confirmado: Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), vão concorrer ao segundo turno da corrida presidencial. Registrando uma evolução significativa nas pesquisas de intenção de voto após o debate da Rede Globo, na última quinta-feira, dia 02 – no qual contou com o “apoio” do Pastor Everaldo, do Partido Social Cristão, o PSC, em réplicas e tréplicas para criticar o PT –, Aécio ultrapassou a adversária Marina
“O segundo turno é uma nova eleição.” - Emerson Cervi, cientista político Silva, do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, e mantém-se na disputa pela Presidência com 34% da preferência dos eleitores, contra 40% de Dilma. O confronto entre petista e tucano reaviva uma rivalidade histórica que tomou corpo ainda na transição entre o governo de Fernando Henrique Cardoso e o de Luís Inácio Lula da Silva, com discussões que envolveram, por exemplo, a desconfiança, por parte do petista, acerca do Plano Real – instituído por FHC – , e a briga pela paternidade do Bolsa Família, política que permaneceu como principal produto na vitrine do
A presidenta Dilma durante votação na manhã de ontem > Foto: Bernardo Jardim Ribeiro (Sul21)
governo Lula. Neste ano, a richa ficou mais evidente após a participação de Aécio Neves no programa Roda Vida, durante o qual PT e PSDB protagonizaram uma guerra virtual, com mensagens irônicas de ambos os lados transmitidas via Twitter.
a acreana na disputa pela presidência e o PSB em confronto direto com o PT, Dilma empenhou grande esforço em destruir a popularidade de Marina – que, conforme mostrou o Ibope e o Datafolha, apresentou queda gradual a partir de setembro.
“A presença de Aécio no segundo turno não apenas reforça o grande embate histórico recente do Brasil como demonstra que o PSDB é ainda um partido forte”, analisa a professora Elza Aparecida de Oliveira Filha, doutora em Ciências da Comunicação e mestre em Sociologia.
Agora, a campanha de Dilma terá de encontrar outra estratégia para vencer: a mesma adotada no segundo turno das últimas três eleições. Em 2002, 2006 e 2010, o adversário foi também o PSDB,
Segundo ela, embora Aécio tenha conquistado um percentual de votos inferior ao de Dilma, os resultados indicam que o PSDB tem bases sólidas no país e espelha uma força partidária sugestiva. Apesar disso, o mote da campanha de Dilma em 2014 consistiu em críticas a um partido bem menos expressivo, que ainda se mantém distante das discussões polarizadas que determinam a política brasileira: o PSB, de Marina. Após a tragédia com Eduardo Campos, no dia 13 de agosto, que colocou A candidata do PSB, Marina Silva > Foto: Divulgação
Para o jornalista Róger Pereira, editor do site Vanguarda Política e repórter da Folha de Londrina, um dos fatores que foram decisivos para a classificação de Aécio Neves para o segundo turno foi a dificuldade de Marina em sustentar-se diante dos ataques do PSDB, que conta com um maquinário político mais forte. “Somam-se a isso as contradições apresentadas no plano de governo de Marina e o tempo reduzido de que ela dispunha para propaganda”, explica. De acordo com o historiador e professor de Ciência Política Marcos Araújo, tanto o PT quanto o PSDB apresentaram fragilidades e contradições em suas campanhas eleitorais: no caso de Dilma, o fato de ser repetição enquanto se coloca como mudança; no de Aécio, a articulação de um discurso de ética quando existem denúncias de corrupção contra ele e seu partido. De um lado, propostas de ampliação de programas de saúde, criação de política contra sistemas burocráticos, investimento em mobilidade urbana, manutenção de programas de geração de emprego e incentivo à qualificação profissional, por parte de Dilma. De outro, projetos de combate à fome e à pobreza, enfrentamento de déficit da Previdência, desenvolvimento da infraestrutura turística, endurecimento das penas a jovens criminosos e privatização de estatais, por parte de Aécio. Em meio a todas essas propostas, um sem
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reacende rivalidade entre número de polêmicas ressignificaram o panorama político no primeiro turno. A articulação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de irregularidades que envolvem a Petrobrás e a recente denúncia de que Dilma não teria pagado os Correios para a distribuição de panfletos de campanha foram alguns dos fatos utilizados por Aécio Neves como estratégia para a garantia de espaço no segundo turno. Além disso, discussões sobre homofobia ganharam o palco da política nas últimas semanas, protagonizadas pelos candidatos Levy Fidelix (PRTB) e Luciana Genro (PSOL) e aproveitados por outros presidenciáveis.
a apresentação profunda de propostas, por exemplo”. Além disso, ela acredita que segundo turno é bastante saudável para a democracia, porque possibilita o amadurecimento dos candidatos e do eleitorado. Do mesmo modo, Cervi confia na ideia de que a igualdade de horário para propaganda eleitoral em emissoras de rádio e televisão contribuirá para a decisão dos eleitores: “Apenas duas campanhas entrarão em julgamento. Portanto, essa igualdade pode favorecer ou não cada um dos candidatos”. O horário político ou direito de antena constitui um espaço aberto pela legislação brasileira em 15 de julho de 1965, com a mesma proposta celebrada por Elza: for-
rina tem posições mais para o lado de Dilma do que de Aécio”, explica. Para Marcos Araújo, os eleitores de Dilma consistem, basicamente, nos setores populares da sociedade, que são ou foram beneficiados com políticas sociais. Já os de Aécio, na opinião do professor, concentram-se nas classes médias e altas. O jornalista Róger Pereira compartilha da mesma opinião. Conforme sua análise, as diferenças entre o eleitor de Dilma e Aécio são marcantes, tanto em nível ideológico quanto em social e econômico: “Os de Dilma são mais defensores do governo em nome dos pobres, com o desenvolvimento de programas sociais, e os de Aécio, mais capitalistas e meri-
Uma nova eleição Para Emerson Cervi, cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o segundo turno, muito além de qualquer debate sobre polarização de discursos, colocará em questionamento o atual governo, determinando os rumos da política nacional. “O segundo turno é uma nova eleição, de caráter plebiscitário: o povo aprovará ou desaprovará o governo Dilma”, avalia. De acordo com ele, a eleição de 2014 para a Presidência da República surpreendeu em certos aspectos, afastando qualquer tipo de previsibilidade – em especial, após Marina Silva entrar na disputa. “Essa eleição tinha tudo para ser chata. No início, Dilma estava bem à frente, mas muita reviravolta ocorreu. E terminamos o primeiro turno com um cenário bem parecido com o do início”, completa o cientista. Elza, no entanto, não encara o segundo turno exatamente como uma “nova eleição”. Para ela, trata-se apenas de um momento diferenciado e extremamente importante para o país, que representa igualdade de condições: “mesmo tempo para falar com os eleitores em rede nacional, suficiente para
Dilma Rousseff recebeu apenas 32,54% dos votos paranaenses > Foto: Divulgação
sociais significativas, apesar dos problemas que podem ocorrer ao longo do caminho. Caso Aécio seja eleito, os maiores programas sociais certamente serão mantidos, levando-se em conta a impossibilidade de se alterar repentinamente a estrutura política de uma nação, na opinião de Elza (embora ela acredite que o receituário político do PSDB não seja dirigido prioritariamente ao atendimento às demandas sociais).
“A presença de Aécio no segundo turno mostra a força do PSDB.”
O candidato Aécio Neves ficou em primeiro lugar no Paraná > Foto: Divulgação
talecer a democracia da nação, por meio de discussões políticas igualitárias.
tocratas, que acreditam que o governo não deve ‘atrapalhar’”.
A análise que Elza faz para as votações no segundo turno é de que uma parcela significativa dos eleitores de Marina Silva no primeiro momento da eleição apoie Dilma. “Apesar das alianças que fez, de sua candidatura ter sido inesperada e da contingência que a levou a enfrentar a eleição, tendo a acreditar que o eleitorado mais histórico de Ma-
O Brasil do futuro “Se Dilma for reeleita, minha expectativa é de que aconteça a ampliação dos programas sociais, que têm sido o marco dos governos petistas nos últimos 12 anos”, afirma Elza. Segundo ela, é inconcebível que ocorram retrocessos nas políticas populares do PT, que, para ela, representam conquistas
“É provável que haja um congelamento, um esvaziamento desses programas sociais, com prejuízo para o Brasil como um todo”, avalia a professora. A professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, (UTFPR), Elza Aparecida Oliveira, ainda acrescenta: “Acredito que existe na população brasileira majoritariamente uma consciência de que todas as pessoas têm direito de comer todos os dias e de estudar, por exemplo”. O segundo turno das eleições 2014 acontecerá em 26 de outubro.
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DEPUTADO ESTADUAL
Assembleia Legislativa do Paraná segue com poucas mudanças Dos 54 candidatos eleitos, apenas 18 vão exercer o cargo pela primeira vez; nove candidatos ocupam o cargo há mais de 16 anos Andressa Turin, Isabelle Kolb e Jéssica Senna
Nas eleições de 2014, 1.158 candidatos disputaram as 54 vagas para deputado estadual do Paraná. Dentre esses, 48 concorreram à reeleição. Neste ano, houve poucas mudanças no cenário político paranaense. Nove cargos foram ocupados por quem já está há mais de quatro mandatos na função. O candidato Nereu Moura (PMDB), por exemplo, está indo para o oitavo mandato consecutivo na Assembleia. O político mais votado para deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná foi Ratinho Junior (PSC). Em primeiro lugar, com mais de 300.000 votos, o ex-secretário do Desenvolvimento Urbano (SEDU) do Estado do Paraná teve o dobro de votos do candidato Alexandre Curi (PMDB), que ficou em segundo lugar na lista dos eleitos e mais que o triplo do candidato Tiago Amaral (PSB), que ficou em terceiro lugar.
Dos candidatos eleitos, apenas 7,4% são mulheres: Cristina Silvestri (PPS), Maria Vitória (PP), Marli Paulino (PDT) e Cantora Mara Lima (PSDB), a única reeleita. Comparado ao cenário de 2010, houve um pequeno aumento na participação das mulheres na assembleia. O percentual subiu de 6,25 para 7,4. Caíto Quintana (PMDB) tentou a sua nona reeleição este ano, mas precisaria de mais 16.068 votos para continuar no cargo, aproximadamente a metade dos 34.293 votos alcançados por Marli Paulino, que ficou como última colocada da lista candidatos. O partido com o maior número de candidatos eleitos foi o PMDB, com 10 deputados, seguido do PSDB com oito – mesmo partido do governador Beto Richa – e PSC com seis. O PSC, partido do candidato a deputado esta-
dual mais votado neste ano no Paraná, Ratinho Junior, foi o que mais ganhou cadeiras na Assembleia Legislativa. Em relação a 2010, o partido teve um ganho de cinco deputados eleitos no pleito deste ano. Em contrapartida, partidos como o PMDB e PSDB tiveram uma queda de quatro e três cadeiras respectivamente. Houve também um grande número de filhos de políticos que foram eleitos para a Assembleia Legislativa no mesmo partido dos pais. Maria Vitoria, filha do ex-prefeito de Londrina Ricardo Barros, Requião Filho (PMDB), filho do ex-governador Roberto Requião, Felipe Francischini (SD), filho do delegado Fernando Francischini (reeleito a deputado federal), Pedro Lupion (DEM), filho do ex-deputado federal Abelardo Lupion, e Paulo Litro (PSDB), filho da ex-deputada estadual Rosi Litro.
Infográfico: Hendryo André
Função Os deputados estaduais representam a população de cada um dos estados brasileiros nas Assembleia Legislativa. Quem assume o cargo tem a função de criar e aprovar as leis estaduais de acordo com a Constituição Federal Brasileira. Entre as principais responsabilidades estão a fiscalização da administração do estado, que permitem ao deputado propor, emendar, alterar e revogar as leis estaduais. fixar o salário do governador e vice-governador, instalar CPIs, investigar atos ilícitos na administração pública, entre outros. Para fiscalizar o trabalho do seu candidato, basta acessar o Portal da Transparência. No site, é possível verificar a receita, as despesas, as licitações, entre outras informações sobre o trabalho dos deputados dentro da assembleia.
Curitiba, 06 de outubro de 2014 > Edição Especial > LONA
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DEPUTADO FEDERAL
Mais da metade dos deputados federais do Paraná se reelege A bancada paranaense praticamente não teve renovação, destaque fica por conta de deputados nanicos que vão exercer seu primeiro mandato Igor Castro
Neste domingo, os eleitores paranaenses definiram também os deputados federais que irão assumir o cargo no legislativo. Ao todo, o Paraná elegeu 30 deputados. A candidata mais votada no estado foi Christiane Yared (Partido Trabalhista Nacional), com 200.144 votos, seguido de Alex Canziani (Partido Trabalhista Brasileiro), com 187.475, e Valdir Rossoni (Partido da Social Democracia Brasileira), com 177.324 votos. Mais da metade dos deputados federais eleitos foi reeleita para a futura magistratura. Nomes importantes da política paranaense também tiveram seu lugar garantido na Câmara dos Deputados, com destaque para nomes como de Marcelo Belinati (PP), filho do ex-pre-
“Haverá mais fragmentação dentro da Câmara.” feito de Londrina Antônio Belinati, e Luciano Ducci (PSB), ex-prefeito da capital paranaense. Diferentemente do ano de 2010 em que havia 10 partidos na composição da bancada paranaense, neste ano de 2014, a fragmentação dentro da Câmara dos Deputados vai aumentar. Em números, houve uma modificação considerável em torno de 15 partidos diferentes que irão compor o novo quadro paranaense no legislativo federal. O partido que teve mais deputados
eleitos foi PP, com quatro deputados, seguido de PSDB e PMDB, com três cada. O PT, que tinha uma das maiores bancadas na eleição passada com cinco deputados, ficou apenas com três. Partido Social Cristão, Partido Popular Socialista e Partido Socialista Brasileiro, com dois representantes, e os outros partidos elegeram apenas um deputado, como PTN, Partido Comunista do Brasil, Solidariedade , Partido Republicano, Partido Humanista Social , Partido Trabalhista Brasileiro, Partido Verde e Partido da Social Democracia. Entre as grandes surpresas, podemos destacar a líder de votos Christiane Yared, do Partido Trabalhista Nacional (PTN) , que pela primeira vez irá assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados. Sua trajetória política é muito recente e teve como principal referência sua triste história, a morte trágica de seu filho em um acidente de carro que envolveu o deputado estadual Fernando Ribas Carli. Christiane Yared terá a missão de ser uma das poucas deputadas paranaenses a representar o estado, já que terá só mais uma companheira, a deputada federal Leandre, do PV, que também assume pela primeira vez o cargo. Outra eleição que chama atenção é do ex -presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), que realizou um choque de gestão em toda a estrutura da casa reduzindo o número de gastos realizados pela
Alep. Teve uma atuação muito forte conduzindo a Assembleia ao ponto de colocar todos os deputados a favor do governador Beto Richa.
eleger a deputado federal devido ao alto número de votos recebidos pela sua colega de coligação do PTN, Christiane Yared.
Evandro Rogério Roman do PSD é outra novidade; após um longo período do secretário estadual do Esporte, no governo Beto Richa, teve a trajetória ligada ao futebol, mais precisamente como árbitro no esporte.
Outro caso muito peculiar é do candidato do PHS, Diego Garcia, que, pelo número de votos dados a partidos que compunham a coligação com o governo Beto Richa, como PSDB, PSD, SD, PSC, PP, PSB, PPS e PTB, conseguiu um lugar na Câmara dos Deputados.
Ficaram de fora Já as decepções ficam por conta de candidatos já conhecidos, como o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, que teve pouco mais de 37 mil votos; do presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Paulo Salamuni, e do também vereador Cristiano Santos, que na eleição de 2012 foi o candidato a vereador com mais votos na capital paranaense. Cristiano obteve um pouco mais de 35 mil votos, já o presidente da Câmara de Vereadores Paulo Salamuni ficou estagnado com cerca de 15 mil votos. Outros dois que também não entraram foram Reinhold Stephanes e Ângelo Vanhoni, que tiveram uma votação expressiva em 2010 e que agora ficaram a ver navios e não conseguiram almejar um novo mandato para a Câmara dos Deputados. Na carona Contudo, alguns candidatos eleitos de partidos de menos expressão como o PCdoB e PHS também tiveram pelo menos um representante que irá trabalhar em Brasília. É o caso de Aliel Machado (PCdoB), que só conseguiu se
Além disso, nomes importantes da oposição, como o Delegado Fernando Francischini e Rubens Bueno, tiveram atuação destacada em Comissões Parlamentares de Investigação, principalmente na da Petrobrás, fator predominante para que ambos os candidatos tivessem um alto índice de votos. O delegado Fernando Francischini, e o candidato Rubens Bueno tiveram 159 mil e 95 mil votos, respectivamente. Função O deputado federal é o representante do estado no Congresso Nacional. Seu mandato é de quatro anos, com direito a um número ilimitado de reeleições. São 513 deputados no Congresso, responsáveis por propor, debater e aprovar leis de interesse nacional, fiscalizar o Presidente, o vice e os Ministérios, além de elaborar o regimento para o funcionamento da Câmara dos Deputados e o orçamento nacional.
LONA > Edição Especial > Curitiba, 06 de outubro de 2014
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SENADO
Com larga vantagem, Alvaro Dias é reeleito senador no Paraná Candidato do PSDB assume pela quarta vez uma das vagas para a bancada do Senado Federal; neste ano, apenas um candidato foi eleito por estado Alessandra Becker
Com intenso investimento na campanha eleitoral pela internet e prioridade ao contato direto com os seguidores das suas redes sociais, o candidato Alvaro Dias, do PSDB, foi o político escolhido pela população do estado do Paraná nestas eleições para reassumir novamente o cargo de senador federal da República. Durante toda a trajetória de campanha deste ano, o político optou por manter contato direto com o público que o acompanha constantemente pela internet. Nas redes sociais, essa interação foi ainda mais intensa, a partir do momento que Alvaro Dias pediu publicamente que os eleitores que compactuassem com as suas ideias, com as suas propostas e com a sua posição no plenário em Brasília, enviassem vídeos criativos para ajudar na sua campanha. Os vídeos feitos pelos eleitores foram divulgados em todas as redes sociais acessadas pelo candidato. Eleito com 77% dos votos válidos da população paranaense, Alvaro Dias apenas confirmou o favoritismo que as pesquisas do Datafolha e do Ibope apontavam, ou seja, a sua enorme representatividade no cenário político no estado do Paraná. Para a jornalista Elza Oliveira, a vitória massiva do candidato se deve ao fato da sua intensa e longa vivência nos principais cenários políticos do Brasil. “Ele está há 30 anos no cenário estadual, foi vereador, deputado e governador num momento em que ele representava o novo, por isso é um nome extremamente consolidado no imaginário do paranaense”, diz.
nador do estado pelo PSDB e foi eleito com uma grande porcentagem, totalizando 77% dos votos válidos.
Álvaro dias é eleito senador pela quarta vez > Foto: Divulgação
tante para esse resultado expressivo, mas também atribuiu à reeleição do senador da República a pouca visibilidade no cenário político dos outros candidatos que disputaram o cargo. “Não é possível enxergar um adversário de peso diante do Alvaro Dias”. Bida ainda falou que a boa representação do candidato durante os seus mandatos como senador é outro ponto a se destacar e que certamente influenciou na decisão dos eleitores. “É importante para o político que ele tenha representatividade para o eleitorado, e esse é um grande trunfo do Alvaro Dias”, falou o jornalista.
Londrina. O primeiro cargo eletivo que o político venceu foi para a função de vereador na cidade de Londrina, em 1968, representando o já extinto partido do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.
Carreira Admirador nato de Nelson Mandela, o político de 69 anos foi um dos principais incentivadores de umas das primeiras manifestações populares no Brasil, as Diretas Já. Os passos iniciais da carreira política de Alvaro Dias começaram após ele se formar em História, pela Universidade Estadual de
Nos anos de 1982, 1998 e 2006, Alvaro Dias foi eleito senador pelo estado do Paraná com largas margens percentuais de votos. Em 1986, concorreu ao cargo de gover-
“Ele está há 30 anos no cenário estadual, foi vereador e deputado.”
O jornalista Cassio Bida considera que a representatividade do candidato Alvaro Dias foi extremamente impor-
Dois anos depois o político tentou a candidatura para o cargo de deputado estadual, pelo Paraná, obtendo a vitória. Novamente após dois anos, Dias se candidatou para o cargo de deputado federal, e nas urnas recebeu a maior votação da história do estado. Em 1978, tentou a reeleição e obteve o mesmo feito de ser o político mais votado no Paraná, de acordo com o seu cargo.
Alvaro Dias é um dos principais oposicionistas ao governo do Partido dos Trabalhadores, o PT, em Brasília. Durante os mandatos como senador da República, o candidato presidiu duas Comissões Parlamentares de Inquéritos: a CPI do Futebol – que teve como objetivo mudar o cenário do futebol brasileiro – e a CPMI da Terra – que teve como intuito debater a condição fundiária do Brasil. Dias também integrou a CPI dos Bingos – que teve como objetivo investigar as casas de bingo que eram utilizadas para lavagem de dinheiro e também a CPI dos Correios – que teve como intuito investigar supostas denúncias de corrupções nas empresas dos Correios. Em 2007, quando estava no terceiro mandato pelo cargo de senador da República, o político foi eleito pelo site Congresso em Foco o melhor senador do país. Esse resultado foi obtido por meio de votações dos internautas que acessam o portal de notícias políticas. Segundo o Congresso em Foco, a premiação é importante para “reconhecer a boa atuação de quem melhor desempenha o mandato”.
O senador Álvaro Dias na Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle de 2014 > Foto: Gerdan Wesley
Curitiba, 06 de outubro de 2014 > Edição Especial > LONA
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PROBLEMAS NA VOTAÇÃO
Sistema de biometria gera filas na hora de votar Problemas com a identificação digital aumentaram tempo de votação em muita seções eleitorais Tayná de Campos Soares
Muitos eleitores do Estado do Paraná tiveram problemas na hora de votar. Além das filas, outra queixa foi de que o sistema biométrico teve problemas na hora de identificar os cidadãos. No total, 26 mil urnas foram distribuídas em todo o Paraná. Dessas, mais de 400 urnas tiveram que ser substituídas. No Paraná, muitas das cidades usaram a biometria pela primeira vez. Uma delas é Londrina, no norte do Paraná, onde a implantação do sistema causou filas de espera de mais de 1h30. “Eu tive que fazer o teste na biometria por 5 vezes, até conseguir votar. Isso gera tumulto e o aumento das filas. É um problema que precisa ser resolvido”, comenta a estudante de psicologia, Mariana Rodrigues do Carmo. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça Eleitoral (TRE), essa demora também se deu pelo fato de os eleitores terem que votar em uma grande quantidade de candidatos.
Muitas dessas pessoas não levaram a “cola” com o número dos seus candidatos, e isso causou demora na hora de votar. Ainda conforme a assessoria, a biometria é algo novo que ainda está sendo implantado e aos poucos os problemas serão corrigidos. Nas eleições deste ano, mais de 22 milhões de eleitores foram identificados pelas digitais. Em casos de problema com a primeira tentativa de identificação digital, o eleitor repete o processo mais sete vezes. Biometria apresentou problemas em Curitiba > Foto: Arquivo Universidade Positivo
Caso a máquina não identifique o cidadão, é adotado o método manual, no qual o eleitor assina um documento que comprova o voto. Foi o caso de Lourdes Grabaski, de 70 anos, que, mesmo não precisando mais votar por conta da idade, fez questão de exercer seu direito como cidadã. “Na última eleição eu já votei pelo sistema digital, mas neste ano tive que votar manualmente, pois minhas digitais não foram reconhecidas. Fiquei 10 minutos dentro da seção tentando votar”, conta. A estudante de Medicina, Ana Carla Beatriz, também teve problemas na hora de votar. “Fiquei uma hora na fila, porque muitas pessoas tiveram problemas com o sistema digital. Só as três pessoas que estavam na minha frente demoraram muito tempo dentro na seção e eu não entendia o motivo. Somente quando entrei para votar que descobri: a biometria estava demorando para identificar quem ia votar”, explica.
Problema gerou filas > Foto: Arquivo Universidade Positivo
Segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoraol (TRE), Edson Luiz Vidal Pinto, esses problemas fazem
parte de um sistema que ainda é novo. “A biometria é uma máquina e máquinas sempre causam surpresas. Umas agradáveis, outras não. Mas isso faz parte do sistema”, comenta. Outro problema foi em relação às filas, que, segundo o empresário Leandro Antoniolli, não estavam sendo respeitadas. “Eu votava na entrada principal
“Muitas pessoas tiveram problemas com o sistema digital.” do colégio e isso facilitava para as pessoas que queriam furar a fila. Com uma pequena iniciativa de chamar a todas as pessoas que estavam na fila e reorganizá-la, eu resolvi um problema simples”, comenta. Em Maringá, os problemas com biometria também causaram transtornos para quem foi votar. A leitura foi negada para muitas pessoas e isso gerou atrasos e filas na maioria das seções. “Enfrentar fila já não é uma atividade muito legal. Mas ficar duas horas na fila é pior ainda, ainda mais por problemas
no sistema digital, que, na verdade, não deveriam existir”, explica. Em Curitiba, os eleitores que votaram no Colégio Erasto Gaetner, no bairro Boqueirão, tiveram que votar sem a biometria, ou seja, manualmente. O mesmo aconteceu com quem foi votar no Colégio Stella Maris, no bairro Juvevê. Por ser manual, o voto demorou mais ainda e isso fez com que alguns eleitores desistissem de votar, o que foi o caso da estudante, Alice Gomes, que ficou na fila por uma hora e depois desistiu. “Acho uma falta de organização e de respeito com os eleitores. Espero que na próxima eleição isso melhore. Mas não votarei. Depois eu justifico e pronto”, comenta. Mas os problemas não aconteceram apenas no Paraná. Segundo Pamella Gomes, 20 anos, moradora da cidade de Várzea Paulista, no estado de São Paulo, na hora de votar, os seus documentos foram trocados com o de outra pessoa. “Por volta das 13h30, os mesários já estavam com cara de cansaço. Fui até a urna, votei, e na hora de pegar meu título, a mesária me entregou o documento errado. Eu percebi o erro porque meu título é novo, e o que me entregaram estava rasgado. Após isso, demorou um tempo até elas encontrarem o documento correto”, lamenta a moradora paulista.
LONA > Edição Especial > Curitiba, 06 de outubro de 2014
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MAKING OFF
Bastidores em imagens Os alunos que integram a Rede Teia de comunicação da UP realizaram a mais completa cobertura jornalística durante todo o domingo de eleição em Curitiba. O time foi composto por mais de 100 pessoas.