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EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 81 • SETEMBRO 2019

João Mendes

Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

A ótica ao natural

Associação Nacional dos Ópticos Uma nova voz

Maui Jim

Reforçada influência nos circuitos de luxo

Pelagia Christaki

Urban Owl: a vigilante do bom gosto nas metrópoles




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Face a Face

João Mendes A ótica ao natural

Visão e condução seguras

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Prooptica

Orlando Alves da Silva

Pelagia Christaki

BREVES

ENTREVISTA DE CAPA

Bocca e as esculturas nascidas da luz

OUTROS OLHARES

OFTALMOLOGIA Descida aos Infernos

Índice | 4 |

Amália inspira óculos

Tema de Capa: João Mendes é muito ótico mas é também muito mais do que isso. Aliás, para ser bom empresário precisa de se perder entre trilhos pouco explorados em velocidade e assim garantir o sucesso da Global Visão.

Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision é publicada em Portugal pela Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com

Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva, Hugo Macedo lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. Registo na ERC n.º 126933

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OLHAR EM PORTUGUÊS Conselheiros da Visão

OLHAR O MUNDO Urban Owl: a vigilante do bom gosto nas metrópoles


Adoro os meus olhos protegidos. Lentes ZEISS UVProtect

Estudo conduzido pela Netsonda para Product of the Year Portugal, junto de 6.000 consumidores.

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ESPANHA

PORTUGAL

COLÔMBIA

MÉXICO



EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 81 • SETEMBRO 2019

JOÃO MENDES

Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

A ótica ao natural

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ÓPTICOS Uma nova voz

MAUI JIM

Reforçada influência nos circuitos de luxo

Pelagia Christaki

Urban Owl: a vigilante do bom gosto nas metrópoles

Editorial | 8 |

Sobe a mudança! Perseguimos na primeira linha dos acontecimentos a história do setor da ótica e rejubilamos com o crescimento e mudança...ela chegou! A Associação Nacional dos Ópticos (ANO) mudou de cara, de discurso e até de tom. “Apoderou-se” da instituição um grupo de óticos que por serem tão especiais já animaram a nossa capa, ou já os namorámos para tal ou então já sonhámos em ter a oportunidade de os trazer até à LookVision Portugal. São figuras que nos ensinaram e mostraram visões incríveis sobre a forma de tratar o retalho da ótica. Nesta edição conseguimos uni-los sob a nossa curiosidade e antever um triénio em tudo diferente para a ANO. “Fazer acontecer” e “Juntos Somos Mais Fortes” interpretam a pujança e vontade da nova direção da ANO. Estão todos aqui! E porque nos apaixonam as personalidades marcantes, para a capa de setembro fizemos o exercício de deixar de lado os óculos e os textos, durante instantes, e “vestir” as paixões de João Mendes. Este empresário de Leiria começou jovem como tantos outros, mas foi ambicioso e inquieto até construir a sua Global Visão. Mas atenção, porque embora viva a sua ótica com rigor e carinho, encontra felicidade pura nos olhos de André, o filho com quem partilha a loucura dos trilhos na natureza em velocidade. Além fronteiras, porque cultivamos a nossa veia global, fomos estudar a forma como a Maui Jim está à conquista do mercado do luxo. Com parcerias incríveis, esta casa tem uma estratégia bem delineada para atrair compradores premium para a sua marca. Um exemplo a seguir! A rubrica científica da LookVision Portugal tem a oftalmologia como bandeira, com informações preciosas para lançarmos no nosso dia a dia de trabalho. Para terminar damos cor e palavras à criatividade, desta vez vindas da Grécia, com uma Urban Owl que nasceu de um crowdfunding e que é hoje uma referência internacional a toda a linha. Vire a página e veja a história da ótica a acontecer de perto. Ela está aqui!

Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.


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DURANTE TODO O DIA, TODOS OS DIAS.1 Na Alcon, não paramos de trabalhar para que possamos proporcionar os melhores produtos aos nossos clientes

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1. Eiden SB., Davis R. Bergenske P.Prospective stdy of lotrafilcon B lenses comparing 2 versus 4 weeks of wear for objective measures of health, comfort and vision.Eye & contact lens. 2013; 39(4): 290-294. As lentes de contacto DAILIES® AquaComfort Plus® e AIR OPTIX® plus HydraGlyde® são dispositivos médicos para correção de miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Para uso e substituição como determinado por um profissional da visão. Podem surgir efeitos secundários como desconforto, ardor ligeiro ou picadas. Leia cuidadosamente a rotulagem e as instruções de utilização disponíveis junto do seu profissional da visão.Alcon, DAILIES, AIR OPTIX, AquaComfort Plus, o logo DAILIES, o logo AIR OPTIX e o logo ALCON são marcas registadas. ©Alcon 2019. Revisto em 08/2019 Alcon Portugal-Produtos e Equipamentos Oftalmológicos, Lda. NIPC.501 251 685. PT-AHG-1900063


Com a natureza no coração

Making Off | 10 |

Largámos tecnologias e problemas e fomos atrás de João Mendes de objetiva em riste. Entre os sons que nos tranquilizam na floresta captámos o sorriso de um homem que está uno com a terra. O único som que acabou por contrapor-se a toda esta paz foi o da velocidade, porque sentir as rodas na terra, a adrenalina das irregularidades do terreno e o vento no rosto, sem destino, é um sonho que concretiza com o seu filho André, sempre que deixa para trás a Global Visão. É também neste escape que encontra as melhores soluções para ser um empresário exemplar.



Andy Wolf

Breves | 12 |

A natureza de Andreas e Wolgang Andreas Pirkheim (Andy) e Wolfgang Scheucher (Wolf) são dois dos impulsionadores desta casa de óculos e que agora se encasula, em termos criativos, na sua terra natal, em Styria, na Áustria. A natureza e as redondezas da sede serviram de ponto de partida para a campanha do outono/inverno. As imagens foram captadas numa quinta de amistosas alpacas, em tons naturais, realçando também a ligação ao meio ambiente que a Andy Wolf cultiva na sua produção. Ou seja, os tons terra e um sentido natural dominam os cartazes. Os protagonistas são desenhos quadrados amplos, cores duais e quentes e uma energia positiva. Tudo materializado em acetatos e metais de qualidade irrepreensível.

EssilorLuxottica

Essedue

Look Further A italiana Essedue lança-se no futuro com uma coleção para os dias frios inspirada nos fraturantes anos ’80. Look Further denomina modelos construídos a partir da perícia de quem vive e respira óculos, já a partir das novas instalações da fabricante, no sul de Itália. A figura que esteve na base dos desenhos e das cores foi o icónico David Bowie. O artista reconhecido pelo seu talento musical e pelo seu estilo único, inspirou formatos incontornáveis, arestas misteriosas e colorações enérgicas.

Sete mil milhões pela GrandVision O colosso franco-italiano conseguiu um acordo com a empresa holandesa Hal, que detém a GrandVision, para assumir uma quota maioritária na cadeia de grupos de ótica. “Com a GrandVision estaremos prontos para completar a nossa rede de retalho, finalmente alargada a todas as áreas geográfica, e de tornar as nossas plataformas multicanal e digitais 100 por cento eficazes”, assinalou o presidente executivo da EssilorLuxottica, Leornado DEl Vecchio. Está prevista a aquisição de 76,7 por cento das ações da Hal Holding a um preço de 28 euros, que aumenta em 1,5 por cento caso a operaçãoo não se conclua dentro de um ano, num valor que ascende aos 5,5 mil milhões de euros. A franco-italiana vai ainda lançar uma proposta pública obrigatória para as restantes ações em circulação e que deve elevar a compra aos sete mil milhões de euros. A EssilorLuxottica gere atualmente mais de nove mil lojas e diversas plataformas online, com forte presença no continente americano. A GrandVision, por sua vez controla cerca de 7200 óticas e sites online em mais de 40 países, com presença massiva na Europa e América Latina.



Face a Face

Breves | 14 |

Bocca e as esculturas nascidas da luz Nasceram como que a partir da metamorfose da luz as novas criações da coleção Bocca, da francesa Face a Face. Cada modelo varia como a própria cor natural do meio ambiente que nos rodeia e reforça conceitos de simplicidade e leveza, fundidos num minimalismo desarmante. “Por vezes o detalhe é quase invisível quando transparente, enquanto que noutras ocasiões é sublimado pela cor. A forma como a luz e cor se interlaçam é verdadeiramente cativante”, assinala Pascal Jaulent, diretor criativo da Face a Face.

Safilo

Hugo Boss reaviva confiança A Safilo e a Hugo BOSS renovaram o acordo de licença até 31 de dezembro de 2025, num reforço da já longa parceria entre ambas as casas. O sucesso do trabalho conjunto destas insígnias foi também revigorado pelas poderosas campanhas globais de marketing da Boss Eyewear, que destacaram os modelos através do ator que interpretou o mais recente Super Homem, Henry Cavill e ainda o cantor e modelo Chun Wu. O CEO do grupo Safilo declarou que “as coleções Boss e Hugo reforçam a nossa proposta na moda premium, dando-nos a oportunidade de acelerar a expansão do segmento, através da oferta aos nossos clientes de duas marcas poderosas com posicionamentos claros e relevantes em diferentes consumidores alvo e geografias.” O CBO da Hugo Boss, Ingo Wilts acrescentou ainda que “a Safilo demonstrou ao longo dos anos que compreende perfeitamente o ADN da nossa marca, traduzindo os nossos valores em produtos que nos representam com rigor.”



FLEYE

Breves | 16 |

Luz do norte A mais recente coleção da dinamarquesa FLEYE busca cores, linhas e formatos à icónica colónia de pintores Skagen do século XIX. Este grupo de artistas escandinavos tinham técnicas de captação de tons e luz inesquecíveis, que agora ganham matéria nos modelos da marca conterrânea. A localidade de Skagen, aliás, é conhecida pela luminosidade e cenários especiais que inspiram a criatividade e que encontra agora nova visibilidade com a aposta da FLEYE.

Tarian

A celebração doce da cor O criador francês Jérémy Miklitarian renovou as suas fontes de inspiração e apresenta uma coleção incontornável para a temporada amena que se aproxima. Destacamos a série Dolce que faz da cor uma festa, com apontamentos brilhantes e uma subtil combinação do acetato de duas tonalidades, para homens e mulheres únicos. “Convido-os a conhecer óculos e cerâmica, duas das minhas grandes paixões e que me levaram a criar estes modelos originais, onde se unem o nobre titânio do Japão e fragmentos de cerâmica colorida de terras longínquas, o que torna as peças excepcionais”, desafia o designer que assina a Tarian.

GrandOptical

O formato ideal de óculos O grupo de óticas premium da GrandVision convidou o stylist Gonçalo Mello para dar uma opinião profissional sobre a melhor solução em óculos para os clientes da loja do Oeiras Parque. Em agosto, o consultor, maquilhador e cabeleireiro de várias figuras públicas, entre as quais Carolina Patrocínio, envolveu-se na ação Venha descobrir qual o seu formato de óculos ideal. Gonçalo Mello empreendeu o desafio de encontrar os óculos perfeitos para cada rosto que teve a sorte de passar pela GrandOptical naquele 1 de agosto, com uma abordagem rigorosa e inspirada na experiência de embelezar caras conhecidas.



DITA-Epiluxury

Breves | 18 |

Um requinte que apetece A ótica de Lisboa Olhar de Prata reforça a sua aposta no luxo com uma suprema DITA-Epiluxury. A coleção única desta casa de óculos é tão especial que está presente em apenas 15 pontos de venda, e em Portugal teve lançamento no espaço de Tiago Alves. Epiluxury significa, precisamente, acima do luxo e para dar jus ao significado, a DITA aposta num design modular. Ou seja, num só modelo é possível mudar ou adicionar detalhes e componentes. Cada modelo DITAEpiluxury vem com dois pares de hastes e de lentes que se podem alternar de forma simples e engenhosa, ao ritmo dos caprichos de quem ama óculos. Os detalhes que podem integrar a ponte são também intermutáveis e podem ir desde o simples aro em titânio, a materiais tão raros como madeiras nobres, ébano ou, para os acérrimos seguidores do luxo, o exclusivo e inimitável corno de búfalo.

copenhagen specs in Berlin 2019

Independentes em exposição De 5 a 6 de outubro abrem as portas da segunda edição da feira copenhagen specs in Berlin. O fundador deste conceito intimista, independente e minimalista, Morten Gammelmark, garante um ambiente incrível, proporcionado pelos pequenos stands sem barreiras e pelo espaço privilegiado da Arena Berlin, um edifício de 1927 usado no passado como depósito de autocarros. Em 2019 a grande novidade está nas palestras dedicadas aos óticos. São quatro oradores com quatro temáticas que estarão em destaque: A ferramenta online para óticas SELECT, de Janika Jürgens do grupo de óticas BrillenProfi, Como ser ecológico no negócio da ótica, de Carole Riehl da revista Les lunettes écologiques, Como e porquê os óticos devem ser mais ativos online, de Giulia De Martin, do blog Behind My Glasses e Como é a moda hoje e como será amanhã, de Devon Kaylor da revista 4SEE. A entrada da copenhagen specs in Berlin é grátis, bastando aceder e registar-se em: http://copenhagenspecs.de/visitor/.

Cutler and Gross

50 anos de desenhos e reinvenções A marca londrina conta já 50 anos de criatividade eyewear e celebra de forma perfeita com uma coleção de outono/inverno que reaviva momentos e memórias desses longos anos, desde 1969. O novo conjunto lança 26 novas tonalidades que se “perdem” nas armações oversize em formato de D, de onde se destaca uma ousada barra dourada. A Cutler and Gross mantém o formato em L do pin que liga as hastes ao frontal, numa garantia de maior estabilidade e suporte às peças


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João Mendes

A ótica ao natural A nossa incursão até Leiria elevou-nos ao som das paixões de João Mendes. Aventureiro de coração, com ligação central à natureza e com a companhia inseparável do jovem André, seu filho, nas suas conquistas, deixou-nos entrar na sua vida à velocidade da moto quatro ou do jipe que tanto gosta, por caminhos sinuosos. Para lá dos óculos, da optometria e da sua Global Visão que o movem, João Mendes construiu a sua felicidade na simplicidade.

Entrevista de Capa | 20 |

Fotos: Miguel Silva


Começou jovem na ótica e portanto consegue identificar as grandes mudanças na atividade nos dias de hoje. De alguma forma, as pessoas olham para o mercado de forma diferente, porque a ótica dava dinheiro de qualquer maneira e feitio. Abria-se uma loja e faturava-se. Claro que, havia quem trabalhasse muito bem e que hoje ainda tem presença num mercado, onde surgem novas preocupações, como focar a ótica do ponto de vista da saúde e da gestão para ultrapassar os desafios atuais, entre os quais as óticas low cost. Sempre defendi não nos focarmos no preço, mas acima de tudo salvaguardarmos o trabalho que fazemos. A diferenciação está precisamente aí. A regulamentação do mercado seria uma resposta para a situação do mercado hoje? Sem dúvida. Hoje em dia, o que é preciso para abrir uma ótica? Nada de especial. Os fatores centrais que deviam estar em destaque são mesmo a técnica e a formação.

•• Temos que ter produtos d iferenciador es par a com petir com as v en d as online. As m ar cas pr ópr ias são uma resposta, m as os consum idores es t ã o cada vez m ais inform ados e fa c il m ente encontr am, com uma s imp les pesquisa, algo equivalente. ” ••

É precisamente aqui onde um espaço como a Global Visão se quer distinguir das restantes. Temos de ter pessoas formados, capazes de fazer um bom aconselhamento. Os produtos que se disponibilizam nas óticas exigem conhecimentos por parte dos colaboradores, especialmente quando nos referimos a pessoas que tenham sérios problemas de visão e um bom trabalho do ótico pode interferir na respetiva qualidade de vida. Neste sentido, considero importante regulamentar a atividade para não haver uma abertura de lojas indiscriminada, que acaba por descredibilizar o setor em geral. Ainda há poucos anos abriram umas atrás das outras! Claro que, de toda esta agitação há pontos que funcionaram a favor da ótica. Quais? Alguns grandes grupos fazem um excelente trabalho de marketing que acaba por fazer aquilo que é importante: atrair o cliente para dentro das lojas. Lá dentro, depois, o trabalho depende do profissional. Nunca se sentiu atraído por esse tipo de estratégia? Não, porque acredito que o caminho não é esse. Para já, algumas dessas campanhas são agressivas, de forma a ter impacto, e só mesmo um grande grupo tem capacidade para o fazer. Nós quisemos trilhar um caminho mais demorado mas sólido, através do boca a boca. E é claro que não conseguimos atender a todo o tipo de público, é impossível. A questão de fazer crescer a Global Visão também é relativa. As minhas ambições são comedidas,

Entrevista de Capa | 21 |

Deixou para trás a sua casa moderna e confortável para reconstruir uma nova em plena montanha, onde “larga a bata” de ótico e arregaça as mangas para imaginar, desenhar e talhar o sítio onde quer viver. É aqui também que João e André esquecem o mundo para serem livres e testarem os limites das suas máquinas de eleição. Aliás, o amor pela “reanimação” do que é velho alarga-se a quase tudo na sua vida, desde o primeiro jipe, passando pelos óculos, claro, até à casa. Acima de tudo adora viajar, sem planos de preferência, e sendo ele a conduzir. Mas não é só no seu mundo que João Mendes é inquieto. Iniciou-se na ótica ainda jovem e foi também jovem que foi convidado a gerir uma loja, com sucesso e ultrapassando a desconfiança dos clientes pelos seus 24 anos. Poucos anos depois assumiu-se como proprietário e do que era pouco fez muito e a Global Visão ganhou o seu espaço no panorama de Leiria. O sorriso sempre nos lábios, uma presença suave e segura sustentam o regresso dos seus clientes. Neste processo ainda se aventurou a diversificar o negócio indo ao encontro das necessidades dos compradores da periferia, com uma nova Global Visão. Aqui fundeou a estratégia nas suas colaboradores daquela área e na sua sensibilidade em escolher colegas de trabalho que partilhem da sua empatia para com as pessoas. Na ótica, como na vida, João Mendes tem nas pessoas o seu reduto de paz, no planeamento e edificação de projetos a motivação para se manter jovem e feliz, no André o amor eterno e na Global Visão o desafio de levar o melhor de si a quem precisa.


Entrevista de Capa | 22 |

chising, tinha eu 24 anos. Foi um grande desafio, essencialmente porque na altura via-se a figura do ótico como uma pessoa madura, com uma certa idade. Havia o estigma que nem toda a gente sabia montar progressivos, mas eu aceitei, precisamente porque queria ultrapassar este preconceito e dei provas disso. Desde aí, criei uma grande carteira de clientes e empatia com as pessoas que nos procuravam. Claro que, devo muito à minha equipa que se alinham comigo na disponibilidade no atendimento das pessoas, na simpatia e na procura por resolver os problemas.

porque na vida às vezes queremos tudo e acabamos sem nada ou então o tempo passa e não o aproveitamos. O meu tempo é precioso, assim como a minha qualidade de vida e passar tempo com o meu filho. Quando comecei na loja mais recente da empresa, porque era um centro comercial e abria ao sábado e ao domingo, assegurei muitas horas sem descanso. Quando o meu filho me perguntou “quando é que tiras um dia para estar comigo?”, para mim este ritmo acabou. Aproveitando o regresso a esse passado, como se iniciou na ótica? Costumo dizer que não sou velho, mas comecei muito cedo na ótica(risos). A minha irmã trabalhava numa e eu ia fazer-lhe companhia, especialmente no verão e até fazia recados. Achei interessante e acabei por me envolver na área das reparações de óculos. Sempre gostei de montar e desmontar coisas. Dá-me gozo ver mudanças e evolução e despertou-me a atenção pegar nos óculos, soldá-los, repará-los, substituir parafusos... Nunca era monótono. Era gratificante conseguir um bom trabalho na solda de um peça tão pequena e frágil. Quis, por isso, aprofundar conhecimentos na área, com formações e acabei por ser convidado a ficar na ótica onde trabalhava a minha irmã. Trabalhei lá cerca de dez anos. Entretanto, tirei o curso de técnico de ótica, depois o de contactologia e finalmente debrucei-me sobre a optometria. Esta última vertente fascina-me imenso. Como se iniciou como empresário? Adquiri a empresa trabalhei desde 1993, depois de sair da primeira ótica onde trabalhava com a minha irmã. Entrei com um convite para gerir uma loja de um fran-

E hoje em dia, com tanta oferta, ainda é mais importante esta atitude. Acho que hoje essa posição é muito ingrata, porque pode ser-se bom ou mau e muitas vezes, o que prevalece ou o que define a escolha do consumidor são as campanhas de marketing. Eu sei de clientes nossos que já foram à procura de promoções. É natural! Adicionalmente, esta tendência do low cost, criou algumas dúvidas nas pessoas, que passam a ver-nos com desconfiança, por cobrarmos mais. Mas acha que esta tendência ainda se mantém? Não, acho que começa agora a dar a volta. Valoriza-se a personalização, o atendimento e o aconselhamento, coisa que a maioria dessas grandes empresas não desenvolve. Fale-nos do seu percurso até se tornar o proprietário desse desafio que assumiu como gerente? Durante o período entre 94 e 2000 tivemos um crescimento considerável que nos levou a precisar de um espaço maior, no centro de Leiria. Saímos da franquia em 2002 e tornamo-nos independentes e foi aí que surgiu a Global Visão, nome que eu escolhi, mal sabendo que iria ser meu. Em 2008, propuseram-me ficar com a empresa e por isso avancei e passei a ter mais dores de cabeça (risos). Em 2010 fiz uma reestruturação no espaço que tínhamos, num resultado mais clean, mais funcional e acolhedor. Mantivemos esse espaço até 2014. Entretanto, em 2011 meti-me num novo projeto numa vila aqui perto, na Caranguejeira, de onde nos chegavam muitos clientes. Tínhamos duas funcionárias daquela zona e, como havia esse elo, achámos que era interessante aproveitar a oportunidade de um espaço central que se disponibilizou na altura. Tivemos contratempos nas obras em Leiria, porque a empresa a quem entreguei o trabalho não funcionou bem e isso serviu-me de lição. Na Caranguejeira arregacei as mangas e geri tudo de perto. Desde contratar as pessoas, comprar móveis e até andar lá no terreno.

E a sua loja atual do centro de Leiria é então a mais recente? Sim, em dezembro tive a oportunidade de ficar numa rua de Leiria mais central do que a anterior. Temos mais área e conseguimos reunir armazém, escritório, oficina e gabinete. Ainda mantive a outra loja durante uns tempos, mas tornou-se difícil dividir-me em dois (risos). E quanto ao mercado de Leiria, existem muitas óticas por habitante. Há mercado para todos, senão não estariam cá, mas claro que houve um reajuste natural na faturação de cada um. Também se deve considerar que há cada vez mais pessoas a precisar de óculos. A população está a envelhecer e acaba por sentir-se um incremento na procura de soluções de correção visual. Não nos podemos esquecer que temos que ter um aumento de clientes nas nova gerações, para dar continuidade. No fundo, acho que a concorrência nas óticas é salutar, sendo que cada um é que sabe das suas práticas. Para mim foi boa toda esta agitação que houve no mercado, porque essencialmente o que é importante é ter pessoas dentro da loja, nem que seja só para pedir um orçamento. Pode vir a ser cliente. E voltando ao início da nossa conversa, antigamente era mais fácil. Sim, a pessoa chegava com uma receita, precisava de uns óculos e umas lentes, fazia-se a conta e estava feito. Nos anos ‘80, lembro-me das pilhas de óculos que tínhamos, comprava-se muito e só duas vezes por ano aos fornecedores. Havia menos modelos, menos rotatividade das coleções, poucas marcas e era fácil vender.


E quando se deu o ponto viragem? Foi exatamente quando adquiri a empresa (risos). Apanhei o mercado na viragem por causa da crise. Como ultrapassou toda esta conjuntura? Quando começou o decréscimo generalizado do mercado estávamos habituados ao “natural” crescimento anual. Quando a curva virou não foi nada fácil.

•• ( ...) considero im por tante r egulam entar a a t ividade para não haver uma abertura d e l ojas indiscr iminada, que acaba por d es c r edibiliz ar o setor em geral” ••

O que fez? Em primeiro lugar dei a cara, assumindo que cumpriria com os compromissos. E felizmente consegui “vencer” com a ajuda de alguns fornecedores que acreditaram em mim . Não baixei os braços e dei a volta por cima. Recorda-se do momento em que conseguiu respirar fundo? Isso nunca acontece! (risos) O mercado nunca mais será como era. Estamos a passar períodos difíceis, quer se queira quer não. Há um “balão de oxigénio” aqui, outro ali, mas nada será igual. Estamos muito rodeados de grandes grupos, já sem falar das obrigações ao Estado que nos leva a “parte boa” (risos).

Também integrou o grupo CECOP como estratégia de diferenciação? Estou ligado à CECOP desde 2012/13 por várias razões, uma delas não perder a minha identidade. Necessitava de um parceiro de negócio que não me obrigasse a ter uma imagem corporativa, associado a isso o facto de não haver compromisso de permanência, melhores descontos nas compras, o rappel no final do ano, todo o apoio em campanhas de marketing e por último, mas não menos importante, a formação. A CECOP tem tentado mudar a sua atuação em Portugal com a nova direção de David Carvalho. Sem dúvida que a Cecop está a mudar. A nova direção de David Carvalho está a implementar um conjunto de mais-valias para os associados que vão ao encontro das novas necessidades, a evolução dos serviços e o plano de negócio.

Entrevista de Capa | 23 |

E a competição das vendas online? Temos que ter produtos diferenciadores para competir com as vendas online. As marcas próprias são uma resposta, mas os consumidores estão cada vez mais informados e facilmente encontram, com uma simples pesquisa, algo equivalente. Além disso, a venda online está cada vez mais interessante. Se experimentar e não gostar, pode sempre devolver. E assim ganham terreno em todas as áreas de negócio.

A Global Visão integra o programa Evolution. Que benefícios retira desta ferramenta? Aceitamos logo o desafio do programa Evolution, porque para mim era importante saber concretamente em que patamar me situava. Nada melhor que um auditor externo para avaliar a empresa, desde a recepção do cliente até à despedida, passando pelos procedimentos na oficina e no consultório. Tudo foi analisado. Detetadas as necessidades, passou-se à fase de implementar a mudança para uma verdadeira evolução em busca de maior satisfação do cliente, aumento da cota de mercado e do volume de negócio. Estou extremamente satisfeito com os resultados!


Olhar em Português | 24 |

Casa dos Óculos

A celebração do calor ao ritmo de Gucci e Massada A ótica de Lousada abriu portas bem depois do horário de trabalho, a 12 de julho,aos seus amigos, clientes e imprensa para celebrar a criatividade eyewear, assinada pela Gucci e pela Massada. A música, os sabores, os risos e a noite quente uniram os convidados em ambiente de festa. Os anfitriões Luís e Rui Gomes e a sua preciosa equipa abraçaram os convidados no espaço privilegiado da Casa dos Óculos, a partir das 22 horas. Entre a parte interior e exterior da loja, os presentes puderam experimentar as novidades de duas marcas muito distintas, mas que se unem na ousadia das linhas. E para disseminar esta “forma de estar” nos óculos, a ótica de Lousada envolve a população em eventos em que se pode sonhar. Ou seja, todos são incitados a “vestir” uma nova pele com óculos fraturantes e intrépidos. Olhar-se no espelho e ver quem seriam se fossem mais longe do clássico. É uma estratégia vencedora para a Casa dos Óculos. A porta abriu-se assim a um evento que elevou a ótica ao seu ponto alto, entre um cocktail que despertou sentidos, bem acompanhado pela música ao vivo.

Gucci em alta e Massada a conquistar amantes de óculos Logo à entrada, a Gucci fez as delícias de quem adora formatos singulares. As propostas da Gucci para os dias quentes de 2019 espelham a alma desta casa italiana, “gritando” a marca em todas as arestas dos modelos. Corações, palavras, desenhos grandes e pequenos, pérolas e florescências materializam uma fase de liberdade criativa da Gucci. A Massada foi colocada num plano terreno, ligada às cores quentes da natureza, impetuosa, porém, nas linhas dos frontais que se perdem em figuras geométricas que, embora pouco comuns em óculos, são perfeitas. A subtileza das linhas douradas, as lentes de tonalidades reveladoras e muita ousadia nos desenhos que alongam os frontais, definem uma Massada que ganha popularidade entre os usuários de óculos.


O grupo português de óticas continua a sua campanha Visão e Condução Segura aliado ao piloto Manuel Gião, embaixador da ação. O atleta tem levado o nome dos Conselheiros da Visão sempre mais longe, com a liderança sólida que conquista no KIA Picanto GT Cup, onde corre com as cores do grupo. No importante circuito internacional de Vila Real, Manuel Gião contou com um entusiástico apoio da comitiva das óticas Conselheiros da Visão. “Foi um dia muito positivo! Na primeira corrida, houve um problema com os semáforos e perdi um lugar. Estava muito rápido e sentia que estava a condicionar o meu andamento por não ter pista livre, mas ultrapassar aqui é muito complicado. O segundo posto foi o melhor que podia conquistar. Na race 2, arranquei bem e fui mais veloz graças a algumas alterações que fizemos

na afinação do carro”, declarou o piloto no rescaldo da corrida. Para além da parceria que Manuel Gião desenvolve com o grupo de óticas em relação à segurança rodoviária, o atleta contribui ainda para a criação da coleção de óculos Fitness. As iniciais MG 05 do conceituado piloto assinam peças modernas e leves com uma paleta ampla de cores e lentes concebidas para a prática desportiva, de atividades de lazer e com um toque de urban style.

•• Manuel Gião contou com um entusiástico ap oi o da com itiva das óti ca s Conselheir os da Vis ã o ••

Olhar em Português | 25 |

Conselheiros da Visão promovem visão e condução seguras


Associação Nacional dos Ópticos Olhar em Português | 26 |

Uma nova voz A Associação Nacional dos Ópticos abre mais um capítulo da sua história com a assunção de uma nova direção, eleita a 29 de junho. O grupo de trabalho é extenso e compõe-se por nomes que ganharam eco no mercado. Na direção estão Fernando Tomaz, António Amorim, Paula Silva, Daniela Fonseca e Arlindo Teixeira, a mesa de assembleia geral é representada por Luís Góis, Alexandre Costa e Cristina Picotês e no conselho fiscal os nomes passam por Miguel Domingues, António Martins, Marco Santos e Helder Oliveira. A LookVision Portugal foi pioneira no registo da equipa que tem em comum uma garra que se sente, uma cumplicidade e empatia proveitosos e uma energia plena de juventude. Todo esta polvorosa está agora ao serviço do setor da ótica, com a certeza de que se vai impor o “fazer acontecer”, a união entre uma classe enorme e pujante, a proximidade às premências dos profissionais e o início da conquista de consumidores mais Informados. A voz à nova direção. Qual foi o “chamamento” para assumirem o desafio de dirigir a Associação Nacional dos Ópticos (ANO)? Daniela Fonseca: De um modo geral, o que sentíamos era um grande afastamento entre os associados e a instituição. A associação não respondia no que diz respeito aos mecanismos de proteção. Havia uma insatisfação muito grande. Por isso, tivemos vontade de agir, porque é muito fácil criticar sentados. Acreditamos que podemos fazer diferente, fazer acontecer. Quando sentimos que os nossos interesses não têm a representatividade que deveriam ter junto das entidades que regulamentam o setor, temos que avançar. Foi o que fizemos. Fernando Tomaz: A aproximação aos associados é muito importante e também que eles estejam próximos da ANO, em todo o país. Vamos começar de

imediato com o aproveitamento das instalações do Porto, que funciona como ponto de formação, e se tudo correr como pensamos, a partir de janeiro, no mínimo a meio horário, queremos alguém que receba os associados com ligação à nossa sede assente nas novas tecnologias. DF: Claro que a ideia é dar cobertura em todo o país. O Porto é um primeiro alargamento. Proporem-se a acrescentar à vossa vida profissional este novo cargo é intenso. Ou seja, acreditam que têm algo a acrescentar ao papel da associação no mercado e que este é o momento? DF: Sim, acreditamos que temos a capacidade de união e de uma visão clara sobre o que queremos para o sector. O voto de confiança que recebemos


AA: Basicamente fizemos aqui um exercício muito honesto, porque temos medo que aconteça aquilo que acontece a quem faz a mesma coisa muito tempo, fechado sobre si mesmo. Não há forma mais transparente do que chamar estes intervenientes para discutirmos linhas orientadores a partir de quem tem contacto com muitas realidades, algumas até internacionais.

Posto isto, quais as diretrizes desta nova direção? Arlindo Teixeira: Elas já estavam expressas no nosso programa de candidatura. Enviámos essa informação a todos os nossos associados e o lema central é Juntos Somos Mais Fortes, que está expresso aqui nesta mesa e é também comunicado ao setor. Vamos criar mecanismos de regulamentação no setor e vamos envolver todos os players do mercado. Vão extravasar essa vontade de regulamentação para “fora” da ótica, fazer disso uma decisão oficial? António Amorim: Esse é o objetivo máximo e, provavelmente, o mais difícil de concretizar. Vamos iniciar o processo de dentro para fora. Não queremos correr o risco de “amanhã” termos uma entidade que nada tenha a ver com a ANO que intervenha de uma forma mais legislativa. Se conseguirmos o propósito final de ter um modelo que seja depois plasmado no futuro ou que possamos ser uma entidade reconhecida como válida para contribuir para algum processo fora da ANO, obviamente estaremos sempre disponíveis para isso. Agora o caminho é longo e todos devemos ter noção disso. Apesar de se iniciar aqui uma geração nova e que tem uma visão diferente do mercado, os profissionais mais experientes também têm que estar abertos à mudança e aos novos conceitos que se avizinham, nomeadamente no comportamento de mercado e do consumidor, para facilitar o nosso processo. Paula Silva: E a mudança neste momento passa por fazer com que as entidades olhem para associação como um parceiro credível e importante em todas estas alterações de que estamos a ser alvo. A associação não pode ser vista como algo que está parado. FT: Entregar cada vez mais ferramentas aos nossos associados para gerirem melhor e estarem aptos a responder às solicitações do mercado é urgente. Os óticos precisam de respostas rápidas e de ajuda nas áreas que não dominam. DF: Sim porque acabam por procurar soluções fora da ANO. Outra preocupação que temos é o esclarecimento, tanto dos profissionais como da comunidade, e aqui pesa a questão da responsabilidade social.

Vamos levar a questão da prevenção mais longe e queremos dinamizar iniciativas para que esse esclarecimento chegue a todo o lado. PS: Chegando à população passa a haver mais credibilidade em relação à chancela da ANO, que pode transmitir ao público que as óticas acreditadas têm sentido. FT: E a parceria com a Associação Portuguesa de Prevenção Visual é muito importante nesta questão da responsabilidade social. Esta associação estava praticamente inativa e neste momento passa uma fase de transição. É sem dúvida muito importante e é um parceiro que tem que estar presente no dia a dia na questão da comunicação ao público. Essa parceria é já fruto desta direção? FT: Sim estava nosso programa. E que estratégias pensam empreender para o reforço da marca ANO? FT: É um grande projeto que não pode ser decidido com apenas um mês e meio de tomada de posse, no entanto temos definido um plano estratégico. A ANO tem 56 anos e acho que o plano deve ser traçado para os próximos 56 anos. Se isso tivesse sido feito há 56 anos, hoje teríamos, com certeza, uma ANO mais reconhecida. DF: E aqui chegámos à parte do Conselho Consultivo no qual reunimos grande parte dos players do setor. E que papel terá na ANO este Conselho Consultivo? Vai ter um presidente e um vice-presidente e compõe-se de fornecedores e representantes de grupos óticos e tem caráter rotativo. A função deste conselho é analisar em conjunto com a direção a atividade do mercado e apresentar ideias que contribuam para a tomada de decisões.

“Herdam” a associação num período complexo, em que a venda de óculos assume-se nas mais variadas formas. Que propostas têm para, no fundo, proteger e fortalecer a posição dos óticos? FT: Só temos um caminho: credibilização do sector da ótica, dos seus produtos e serviços. A chancela da ANO tem de garantir isso mesmo. Ou seja, empresários, técnicos e fornecedores JUNTOS. Existem planos para alargar o número de associados? Por tudo aquilo que se disse, fácil é perceber que o foco desta direção é trazer à ANO o maior número possível de empresas da ótica. Esta direcção não aceitará a perda de membros como aconteceu nestes últimos anos. Foi com alarme que verificámos a perda de mais de 20 por cento dos nossos Associados. E como conquistá-los? FT: Temos um compromisso muito importante na nossa associação que passa por perceber, através de um questionário, o que é que os associados têm hoje da associação, o que gostavam de ter e como podem usufruir da ANO. Queixamo-nos da falta de associativismo, mas também temos que ver o que as associações nos dão. Sentimos que no momento em que assumiram a direção houve um rejubilar generalizado entre fornecedores e companheiros óticos. FT: Além de tudo assumimos uma forte mudança com o passado no que toca também às mulheres, que fazem parte em todos os órgãos sociais desta direção. Estão cá pela competência, pela experiência, porque são jovens e porque são bonitas (risos). É importante sentirmos isso quer da parte dos nossos colegas, mas também um acreditar de todo o setor, mesmo da parte dos fornecedores. E quanto ao congresso da ANO, pensam manter o conceito? Há um conjunto de prioridades e, com as limitações de recursos, teremos de ponderar. Mas acreditamos ser fundamental uma reunião periódica, aberta, participativa de todo o setor pelo que os congressos são fundamentais.

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dos nossos associados exige de nós um esforço acrescido. Acreditamos verdadeiramente que iremos conseguir tudo aquilo a que nos propusemos realizar no nosso programa. O momento é o mais certo em virtude das mudanças e ameaças que o sector tem vindo a ser alvo.


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Institutoptico apoia a melhor visão na escola O grupo 100 por cento português lançou-se na missão de contribuir para o sucesso escolar de todas as crianças, neste início do novo ano letivo, através da oferta de condições de venda especiais. A campanha Regresso às Aulas que precede este desígnio destaca os pequenos embaixadores Vicente e Francisca Pereira, filhos do ator Ricardo Pereira e da sua companheira de vida Francisca. O Institutoptico empenhou-se em estar na linha da frente no que diz respeito à visão dos jovens estudantes até aos 17 anos, com algum tipo de ametropia visual. Para que não fiquem privados de correção visual, em especial quando o preço é um forte fator de decisão de compra, até 15 de outubro a compra de armação e lentes oftálmicas pode fazer-se por 99 euros. Adicionalmente, o Institutoptico disponibiliza, durante um ano, as duas lentes com o mesmo tratamento por um valor de 20 euros (a pagar no ato da primeira compra), caso haja acidentes, quebras de lentes ou pequenas alterações de graduação. Para o efeito, o cliente receberá um cheque da campanha que poderá utilizar durante os 12 meses seguintes. “Sabemos que, por um lado, uma em cada

cinco crianças/jovens em idade escolar sofre de algum tipo de ametropia e que , por outro lado, uma das causas do insucesso escolar tem a ver com dificuldades visuais. O Institutoptico está muito presente nas escolas, através da realização de rastreios e temos consciência que algumas crianças, por vezes, ainda não usam correção visual ou por desconhecimento ou por dificuldades financeiras. O Regresso às Aulas é para nós um dos momentos fundamentais para lembrar aos pais e encarregados de educação a importância do rastreio visual anual. Esta campanha é a nossa contribuição para que todas as crianças possam usufruir ao máximo do próximo ano letivo com a melhor visão”, declarou Paulo Arromba, gerente e responsável pela área de marketing no Institutoptico.



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Maui Jim alarga influência nos circuitos de luxo

A marca de óculos de sol premium esteve na linha de competição na mítica Copa del Rey, como parceiro eyewear. A regata real de veleiros aconteceu em Palma de Mallorca, de 29 de julho a 3 de agosto, e foi a oportunidade ideal para a insígnia partilhar a qualidade das suas lentes e os designs mais recentes, com todos os participantes e aficionados. E levando ainda mais longe este alargamento de presença em acontecimentos e locais chave, a Maui Jim uniu-se à rede de clubes de praia de luxo Nikki Beach, onde tem uma posição privilegiada. Para registo das novas conquistas, a marca de génese havaiana convidou a LookVision Portugal para assistir à regata, que conta com a participação do rei de Espanha, Filipe VI, e usufruir da dolce vita, no Nikki Beach Mallorca.


A agitação na marina da cidade de Palma de Mallorca era imensa em período de competição real. Homens e mulheres queimados pelo sol agitavam o material, conferiam cordas e velas para conquistarem à velocidade máxima as distâncias impostas pela mítica Copa del Rey. Os adeptos e seguidores preparavam-se para embarcar os catamarãs e outras embarcações para assistir em pleno mar Mediterrâneo ao desenlace dos campeões. A Maui Jim não perdeu a oportunidade de participar deste momento essencial da regata anual, integrando a fileira de parceiros da competição. A nossa reportagem esteve in situ e viveu a festa da regata. No espaço de embarque das equipas e entre os restantes patrocinadores, a marca de óculos teve um stand com uma oferta alargada de designs. O melhor da participação da Maui Jim na Copa del Rey foi a estratégia de emprestarem os óculos a quem embarcava para ir acompanhar a regata. Ou seja, assumiram a mesma linha de atuação do homem que fez crescer a marca nos seus primórdios. Walter Hester, sempre se destacou dos restantes vendedores ao deixar o cliente à vontade para devolver o produto, caso não o arrebatasse. E que melhor maneira de transmitir as vantagens das lentes altamente tecnológicas da Maui Jim do que permitir aos adeptos da vela assistir à Copa del Rey do filtro mais avançado?

Também a nossa reportagem se equipou a rigor e embarcou no iate preparado pela marca de coração havaiano. A bandeira da Maui Jim cruzou o Mediterrânio em busca dos campeões, com jornalistas, óticos e parceiros, numa experiência arrebatadora. Famoso Nikki Beach Club de “braço dado” com a Maui Jim A recente colaboração entre a marca de óculos de sol e o luxuoso clube de praia multinacional deu acesso à comitiva convidada a uma experiência premium ao sol. Música, praia, piscina e, claro, Maui Jim compactuaram com uma atenção cuidadosa ao cliente na experiência Nikki Beach Club de Mallorca. Federica Cuccia, diretora de marketing do espaço, falou-nos sobre o clube de praia que representa e de que forma a Maui Jim se entrecruza na perfeição na respetiva filosofia. “Nikki Beach é uma marca de luxo com 14 clubes de praia e quatro resorts em todo o mundo. Foi fundada por Jack Penrod há 20 anos sobre o conceito primário de celebração da vida e, desde o primeiro Nikki Beach em Miami, converteu-se numa marca internacional. Claro que, neste percurso, tem-se relacionado com outras marcas de luxo, precisamente, para clientes que, acima de tudo, querem uma experiência. Procuramos sempre colaborações com marcas que sigam o

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•• E q u e m e l h o r ma n eira d e t ra n s mitir as vantagens das le n t e s al t amen t e t ec n o l ó g ic a s d a Maui Jim do que p e r m i t i r aos a d ep t o s d a v el a a s s i stir à Copa del R ey a t r av é s do f il t ro ma is a v a n ç a d o ? ••


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•• “P r oc u r am o s s emp re c ol abora ç õ es c o m m ar c as que s ig a m o m e s m o c on c e it o d e l uxo e d e q ua l id a d e e , p or t an t o, a Ma ui J im al i n h a- s e n a p erfeiç ã o n e s t a p remis s a ” ••

mesmo conceito de luxo e de qualidade e, portanto, a Maui Jim alinha-se na perfeição nesta premissa. Ainda por cima, estando numa ilha, os óculos de sol são o produto perfeito para os nossos clientes. Juntamente com a Maui Jim, este ano também colaboramos, a título de exemplo, com a Perrier-Jouet, a Rolls Royce, entre outras ...ou seja, acrescentamos à experiência Nikki Beach algo que possa interessar aos nossos clientes e que lhes proporcione diversão, para estarem bem e escapar ao quotidiano. A visibilidade que damos à Maui Jim passa desde logo pelos nossos colaboradores que só usam óculos da marca e deixamos que vendam os produtos no clube. Creio mesmo que é a primeira vez que nos envolvemos com

uma marca eyewear. Vamos ainda incluir a Maui Jim na nossa gazeta informativa que sai em Agosto, porque é também um patrocinador e queremos difundi-lo, assim como nas nossas redes sociais.” Enquanto desfrutamos de um cocktail à beira mar, assistimos ao interesse destes clientes especiais nos óculos Maui Jim, cuja materialização do acordo com o clube. de futebol inglês Manchester United dominou os escaparates com tons vermelhos. Mais Maui Jim em todo o mundo A marca usufrui de uma posição dominante nos EUA, a sua terra natal, e o caminho trilhado na Europa também tem dado resultados empolgantes. “Queremos aumentar a percepção da marca e como o estamos a fazer? Através das redes sociais, relações públicas estabelecidas em várias agências nos diferentes países. Fazemos acordos a nível global, dos quais são exemplo o que concretizámos com o Manchester United e com o Tour de Golf. Apostamos também nas figuras dos embaixadores, o que tem sido sempre positivo para a Maui Jim. Em Mallorca corporizámos a união à Copa del Rey e à Nikki Beach que tem presença global, nomeadamente no Dubai, na França, nos EUA e muito mais”, esclareceu Alicia Maluenda, integrada na equipa do marketing Europa da Maui Jim.


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Prooptica

Amália inspira óculos assinados pela Proóptica Na celebração dos 100 anos sobre o nascimento da icónica artista Amália Rodrigues, a fundação que eterniza a herança da cantora e a Prooptica assinaram um acordo de cooperação para o lançamento da coleção de eyewear Amália, para os próximos cinco anos. Esta iniciativa reforça a estratégia da empresa portuguesa em elevar as marcas e personalidades nacionais da cultura e da moda portuguesa no mundo, missão que desenvolve há 26 anos. “Amália é uma eterna diva portuguesa que transporta a nossa cultura aos quatro cantos do mundo. É uma mulher de fé e de cultura que personifica na perfeição a mulher portuguesa: independente, emancipada, segura de si, elegante, sedutora, bonita e sempre atenta às tendências de moda”, justificou Luís Justino, líder da empresa de ótica. Da parte da Fundação Amália, o presidente Vicente Rodrigues, considera que “ este acordo se insere numa estratégia de desenvolvimento de parcerias com empresas com valores coerentes com os da funda-

ção, que permitam a angariação de receitas que contribuam para a sustentabilidade da fundação. Só dessa forma a fundação poderá cumprir integralmente a missão que foi definida por Amália Rodrigues, a de ajudar pessoas necessitadas.” A coleção de óculos será inspirada na mulher Amália, com um estilo clássico e elegante, mas que desvenda toques de ousadia através de elementos modernos. Os detalhes florais são importantes, respeitando o gosto da musa por flores, em particular por malmequeres. O conjunto assenta em materiais nobres de elevada qualidade como o acetato de algodão ou o aço inoxidável e alguns detalhes em titânio. O lançamento está previsto para maio de 2020.


MrDheo

A fabulosa arte urbana ao minuto

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O artista portuense, mas de reconhecimento além fronteiras, brindou os fãs de street art e os seguidores da sua marca com um live act. Na noite de 2 de agosto, no espaço dos Armazéns do Castelo, em poucas horas nasceu, ao vivo, uma pintura intrincada e vívida que faz agora companhia aos produtos da loja temporária MrDheo.

Muitos curiosos observaram o famoso homem dos grandes murais coloridos fazer a sua “magia”, ao ritmo de um cocktail informal entre óculos e roupa assinadas pelo artista. A ideia foi simples e genial: convidar os fãs de MrDheo a verem de perto o processo que eleva as grandes pinturas que preenchem cidades de todo o mundo. A músico, o som do spray, o convívio e a arte em crescendo compuseram a iniciativa. Na noite quente de agosto nasceu The wall of wolf street. O spray como ambiente natural O percurso de MrDheo tem quase 20 anos de “aventuras”. De um jovem de 15 anos que se expressava através do spray ilegalmente, nasceu um pintor profissional. O seu trabalho tem elevada expressão além fronteiras com a sua assinatura a vigorar em grandes fachadas. Aliás, quando foi convidado a pintar o primeiro mural no Porto, a conhecida imagem do seu pai com uma lata de tinta apontada à torre dos Clérigos, na Trindade, já mais 40 de cidades internacionais conheciam o seu dom. O nome MrDheo vigora, inclusive, no Guiness com três recordes, um dos quais relativos ao O1NE do Líbano, o maior graffiti de propriedade privada do mundo, com 270 metros de comprimento e 18 de altura e em que participaram 18 artistas,

entre os quais o nosso pintor urbano. A mais recente conquista de MrDheo é a materialização da sua marca em urbanwear e, em destaque, em óculos de sol que trazem para as óticas e para os rostos as paixões de MrDheo. É que apesar das camisolas e bonés decorados ao ritmo da sua inquietude artística, o criador urbano admite que a perspetiva de ver o seu tra-

balho eternizado em algo que sai à rua no rosto das pessoas o fascina. E a responsabilidade de materializar esta paixão e lançar o desafio do eyewear ao MrDheo veio do experiente homem da ótica, Hugo Oliveira. O empresário criou a marca Waylife, através a qual tem promovido parcerias originais, entre as quais a intensa MrDheo by Waylife.


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DESCIDA AOS INFERNOS Texto: Orlando Alves da Silva Médico Oftalmologista com o grau de Chefe de Serviço Hospitalar Professor convidado da post graduação em propriocepção da Universidade de Bolonha-Itália Presidente da Associação Portuguesa de Posturologia Clínica e Dislexia Director da Clínica Posturmed-Lisboa mail o.alvesdasilva@gmail.com tel. 213572361

Era uma vez… começam assim as histórias de encantar que os pais e os avós costumam contar aos filhos e aos netos . Muitas delas falam de príncipes e princesas de cabelo louro e olhos azuis. A história que vos vou contar é de uma menina loura e de olhos azuis, uma menina inglesa a que vamos chamar Daisy pois as normas deontológicas não permitem a sua identificação. Ela nasceu há 12 anos numa bonita cidade inglesa que a aristocracia há muito tempo escolheu para sua estância de férias. O parto não foi fácil teve de se recorrer a fórceps mas nada de grave se detectou após o nascimento. Começou a andar na idade normal mas na idade pré escolar caia com frequência, produzindo ferimentos que obrigavam a recorrer a assistência hospitalar, tinha dificuldade em subir e descer escadas. No entando os exames médicos, radiológicos e laboratoriais a que foi submetida nada revelavam de anormal. Era desajeitada no andar e deixava cair os objectos das mãos. No jogo com bola referia que às vezes via a bola a dobrar e por vezes a triplicar. Não gostava de imagens com estrias contrastadas nem de cores brilhantes sentindo-se enjoada nessas circunstâncias. Aos seis anos de idade entrou na escola, cedo começou a revelar ansiedade sempre que o professor pedia para ler, queixava-se também de dor de cabeça e de uma dor atrás dos olhos . Referia que os textos mexiam e que quando fixava as palavras elas se moviam como aranhas.

Foi observada clinicamente e aos sete anos foi-lhe diagnosticado Síndroma de Irlen com insuficiência de convergência ocular. Fez terapia visual e foram-lhe prescritos filtros coloridos. O pai referiu que os testes de controle revelaram uma ligeira melhoria da insuficiência da convergência ocular, uma melhoria de 70 por cento na velocidade de leitura e que a capacidade de atenção também melhorou. Mas as crises de cefaleia e de dor abdominal continuaram a tal ponto que, nos dois anos que se seguiram a menina teve de faltar à escola mais de 30 por cento dos dias de aula. Aos dez anos teve uma crise de 6 semanas seguidas de dores abdominais violentas, os médicos acharam que só podia ser uma crise de apendicite e resolveram retirar o apêndice. Operaram , retiraram o apêndice e mandaram analisar. O apêndice foi analisado histologicamente e o resultado veio negativo. Aquele apêndice estava inocente, não tinha que ser retirado.


melhorarmos a educação médica internacional na área da propriocepção e se conseguirmos alertar o grande público para a existência da Síndroma de Deficiência Postural como fonte de sofrimento. Esta síndroma foi descrita há 40 anos (H. Martins da Cunha 1979) a propriocepção foi bem descrita há 113 anos (C. Sherrington 1906) a relação músculos dos olhos e propriocepção foi descrita há 64 anos (J. B. Baron 1955) . Vamos agora procurar entender os sintomas da Daisy à luz dos conhecimentos da proprioepção. A propriocepção é o sentido que informa o cérebro sobre o estado do corpo. Quando ele está perturbado o cérebro interpreta os sinais proprioceptivos de uma forma errada mas age como se estivessem certos. Por exemplo, se o cérebro receber a informação proprioceptiva errada de que o músculo piriforme se encontra demasiado relaxado manda estímulos de contracção cada vez maiores até que o musculo ultrapasse o limiar de dor. É isto que explica as dores abdominais de que se queixava a Daisy. Quando corrigimos a propriocepção o cérebro apercebe-se de que o musculo afinal está em excesso de contracção manda imediatamente estímulos de relaxamento e a dor desaparece. Foi isso que aconteceu com a Daisy quando corrigimos a sua propriocepção. Todos os sintomas que referimos na história clinica da Daisy são sinais de disfunção proprioceptiva. É essa a razão porque os exames radiológicos e laboratoriais foram normais. Apenas a convergência ocular se revelou perturbada nos exames feitos em Inglaterra porque é uma disfunção de causa proprioceptiva, mas cuja causa eles não identificaram. Como é lógico, quando corrigimos a propriocepção os sintomas resultantes dessa disfunção são eliminados como consequência. Martins da Cunha deu a esta doença o nome de Síndroma de Deficiência Postural (SDP) porque estes doentes apresentam uma postura assimétrica estereotipada e também a adopção sistemática de posições corporais erradas pode conduzir a esta doença. Mas porque o sistema biológico que se encontra perturbado é o Sistema Proprioceptivo, a geração de médicos que lhe seguiu está inclinada a chamar-lhe Síndroma de Disfunção Proprioceptiva que mantém a sigla SDP em sinal de homenagem a esse mestre brilhante e permite compreender melhor quer a fisiopatologia dos sintomas quer a eficácia do tratamento. Para o leitor mais curioso e ávido de conhecimento sobre esta matéria aconselhamos a consulta ao site: www.orlandoalvesdasilva.org

•• A propr iocepção é o sentido que infor m a o cér ebro sobre o esta d o do cor po. Quando e le está per turbado o cér ebro inter preta os sinais propr ioceptiv os de um a form a er rada mas age como se estivessem certos. ••

Nota: Este texto foi escrito segundo a antiga grafia por opção do autor.

Oftalmologia | 37 |

Quanto à dor abdominal ela continuou, como não podia deixar de ser. Mas os sintomas aumentaram passou a ter crises de enxaqueca, fadiga e náusea. Para além disso a criança referia perda de acuidade visual durante as crises de enxaqueca. O pediatra receitou medicamentos para o tratamento da enxaqueca (zolmitriptan) para a náusea (ondansetron) e para a prevenção da enxaqueca (pisotifen). Nada deste tratamento resultou, esta situação clínica era uma verdadeira descida aos infernos para aquela família. Fez ressonância magnética que nada revelou de anormal. No entanto, a situação clínica não melhorou nos últimos dois meses antes de a observarmos tinha conseguido ir apenas um dia à escola. O pai da menina foi informado por uma habitante na mesma cidade que havia uma clinica em Lisboa onde se diagnosticava uma doença chamada Síndroma de Deficiencia Postural (SDP) que sua filha tinha sido tratada de SDP há alguns anos e que tinha ficado bem. Informou que a SDP foi publicada em 1979 por um médico português chamado Henrique Martins da Cunha falecido no ano 2000. Nessa publicação feita em França por Edições Masson, estavam descritos os respectivos sintomas e muitos deles correspondiam aos referidos pela menina. Mostrou-lhe na internet um site em inglês onde essa doença estava descrita e referia como se trata. O pai não hesitou, marcou consulta , comprou bilhete de avião e veio ver se era possível eliminar todo aquele sofrimento que afectava toda a família. Na clínica foram-lhe feitos testes específicos de evidenciação de disfunção proprioceptiva. Os testes foram positivos e colocaram em evidência de SDP de tipo misto puro esquerdo. O rosto do pai desanuviou-se, pela primeira vez ele tinha presenciado com os seus próprios olhos alterações objectivas. Afinal havia exames que mostravam alterações, as queixas de Daisy tinham uma explicação. A propriocepção de Daisy foi corrigida basiamente com prismas activos segundo a técnica proposta por O.Alves da Silva por reprogramação postural segundo a técnica proposta por H.Martins da Cunha . Foram repetidos os testes sob tratamento e o pai sorriu quando verificou que os parâmetros proprioceptivos alterados se tinham normalizado. Daisy e o pai voltaram para Inglaterra. Temos notícia de que desapareceram os sintomas e Daisy não voltou a faltar à escola. As histórias de encantar também terminam assim, mas esta não é uma história de encantar, tem por detrás uma história de sofrimento humano que seria bom que não se repetisse. Só conseguiremos evitar que se repita, se


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Oftalmologia powered by Essilor | 38 |

Saúde visual: efeitos nocivos da exposição à radiação UV. Tumores, fotoqueratite, pterígio, catarata e doença macular da retina são algumas das lesões oculares que se podem desenvolver depois de exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV). As questões que se impõem atualmente são: corre-se mais riscos à medida que acumulamos exposição solar? Será que se podem reverter os danos da exposição precoce? Quais as lesões mais frequentes? Qual a influência das alterações climáticas? QUe proteção usar? Quais os cuidados especiais com crianças? Em que situações há exposição sem se saber? O médico oftalmologista Filipe Braz esclarece todas os assuntos sobre os efeitos da exposição aos raios UV. 1. A exposição excessiva à radiação UV aumenta o risco de danos no olho? A exposição dos olhos aos UV, tal como acontece com a pele – o maior órgão do corpo humano –, é fonte de danos. Não esquecer que, quando falamos em mecanismos de proteção para os olhos, estamos igualmente a falar de proteção para a pele, nomeadamente para a pálpebra, um local tão frequente de patologia.

Texto: Filipe Braz – Médico oftalmologista – Docente convidado da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e da Universidade da Beira Interior.

2. Estes danos são cumulativos? Os danos consequentes dos UV, apesar de poderem causar patologia aguda, são cumulativos. As mutações a nível da expressividade do material genético vão-se acumulando e proporcionam a mutação celular. Daí a importância de proteger adequadamente desde a infância. Estima-se que até aos 20/30 anos já se tenha cumprido metade da exposição solar total que iremos alcançar ao longo da

nossa vida, com a agravante de que nessas idades o cristalino ainda é transparente e, portanto, os UVA podem alcançar facilmente a retina. Para isso contribuem fortemente as atividades realizadas ao ar livre até essa faixa etária. 3. Que lesões oculares e danos podem ocorrer com a exposição à radiação UV prejudicial? As lesões oculares mais frequentemente associadas aos efeitos nocivos dos UV são os tumores da pálpebra e da conjuntiva, a fotoqueratite aguda associada à exposição aguda à luz solar em ambientes como a neve ou o mar, o pterígio, que evolui lentamente e silenciosamente, a catarata, que vai ser responsável por perda de visão e a doença macular da retina, que pode assumir uma forma aguda e uma crónica, ambas responsáveis por perda de visão central, muitas vezes irrecuperável. Estas


4. Os riscos para os olhos aumentam proporcionalmente à diminuição da camada do ozono na atmosfera? À medida que a camada de ozono diminui, e isto é mais importante em determinadas latitudes, a capacidade de os raios UV serem retidos por esta camada também diminui. Vamos encontrar essencialmente os raios UV de maior comprimento de onda, os UVA e os UVB, dado que uma fina camada de ozono ainda vai conseguindo reter os UVC. Podemos assim assumir que as lesões oculares são provocadas essencialmente pelos UVA e UVB e que as nuvens podem não contribuir para a filtração dos raios UV que atravessaram a camada de ozono (por motivos físicos, algumas nuvens podem inclusivamente ainda aumentar a quantidade de UV que atinge a superfície da Terra). 5. Que fator de proteção solar mínimo devemos procurar nos óculos de sol e nos óculos graduados? As lentes de sol e as lentes brancas devem assegurar uma proteção de 99/100 por cento para radiação até aos 400 micras. Devem, portanto, bloquear virtualmente a totalidade da radiação ultravioleta e permitir a passagem da radiação visível para um adequado conforto visual. Essa indicação deverá estar disponível nos óculos ou lentes. Óculos de sol caros, de designer ou lentes polarizadas não são, necessariamente, uma garantia de eficácia contra os raios UV. A exposição indireta aos raios ultravioletas é uma fonte de dano que não é muitas vezes valorizada. 6. Que benefícios, a curto e a longo prazo, tem o uso de lentes com proteção solar? Do ponto de vista prático, estamos a reduzir de forma imediata a patologia oftalmológica. Pense-se em alguém que vai para a neve ou para o meio do mar – fontes de enorme reflexão dos raios UV – e aí permanece, sem proteção ocular solar, durante umas horas. A instalação de uma fotoqueratite aguda com dor é altamente provável. Por outro lado, estamos a proteger a longo prazo, evitando os tumores das pálpebras, as cataratas e até doenças da retina até ao momento incuráveis.

7. Quando pensamos em proteção solar ocular, esquecemos muitas vezes que a exposição à radiação UV nem sempre é direta. Em que outras situações estamos expostos e com as quais devemos ter cuidados especiais? A exposição indireta aos raios ultravioletas é uma fonte de dano que não é muitas vezes valorizada. Ambientes como a neve – no inverno e, portanto, com menor irradiação solar –, a areia da praia, as extensas superfícies de água (como o mar ou os lagos), calçada e casas de paredes exteriores brancas comportam-se como potentes fontes indiretas de radiação UV. Uma outra fonte de irradiação indireta, que não é desprezível – podendo chegar a 30 por cento do total –, é a superfície posterior dos óculos graduados que possuem revestimento antirreflexo. Estas camadas antirreflexo impedem a reflexão dos raios luminosos visíveis, aumentando o contraste e a nitidez dos objetos. Contudo, se não estiverem preparadas para impedir igualmente a reflexão dos UV, podem ser fonte considerável de radiações nocivas. Assim como uma criança deve usar protetor solar, deve considerar-se o uso de óculos com proteção solar para evitar os danos oculares agudos e de longo prazo. 8. Acontece, também, não darmos a devida importância ao grupo infantil. Por exemplo, ainda associamos os óculos de sol maioritariamente ao fator estético e não tanto ao fator da proteção. Mas é certo que as crianças fazem parte de um grupo mais vulnerável. Esta deve ser uma preocupação fundamental? Tal como acontece com a pele, inclusivamente com a pele palpebral, as estruturas oculares das crianças são mais imaturas. E estruturas imaturas e mais transparentes são mais suscetíveis ao dano, quer agudo, quer cumulativo. Portanto, assim como uma criança que passe bastante tempo ao ar livre deve usar protetor solar para evitar as queimaduras solares no momento e os tumores de pele no futuro, deve considerar-se o uso de óculos com proteção solar para evitar os danos oculares agudos e de longo prazo. A prevenção de lesões a longo prazo é ainda mais importante ao considerarmos o constante aumento da esperança média de vida nas nossas sociedades ocidentais. Todos queremos que os nossos filhos vivam mais, mas com mais qualidade. 9. Que cuidados devemos transmitir às crianças sobre a proteção dos olhos? As crianças com exposição solar significativa – que passam períodos de férias na praia, que frequentam estâncias de esqui, que mesmo junto do domicílio passam muitas horas a brincar ao ar livre ou em

•• “Ao usar lentes com pr oteção solar estam os , do ponto de visto pr ático, a reduz ir de form a im ediata a patologia oftalm oló g i ca ” ••

parques públicos – devem ser consideradas para uso com óculos de proteção solar durante essas ocasiões. Uma importante diferença no que diz respeito à proteção cutânea consiste no período de maior exposição ocular à radiação UV, que não é necessariamente o meio do dia, dado que, por motivos anatómicos de localização dos globos oculares no crânio, uma percentagem muito significativa dos UV atinge os olhos ao ser refletida de outras superfícies. Portanto, a proteção ocular deve acontecer mesmo quando o sol está mais baixo no horizonte. Muito importante: não devemos esquecer os chapéus com aba ou pala, que permitem logo à partida reduzir a incidência de radiação UV em 50 por cento. Estes dois acessórios têm, ademais, a vantagem de serem geralmente muito bem aceites esteticamente pelas crianças.

Lentes de sol não certificadas podem causar mais danos aos olhos do que não os usar. 10. E que conselhos práticos servem para todos? Para avós, pais e netos, os conselhos são semelhantes. Fazer uso de chapéu na cabeça, com aba ou pala, diminui a metade o risco. A outra metade do risco pode ser reduzida com óculos com proteção ocular, preferencialmente justos à face para impedir a entrada de raios solares e para diminuir a sua reflexão na face posterior da lente. A cor das lentes deve ser adequada individualmente ao uso que se vai fazer das mesmas – mais claras para a condução, mais escuras para a praia ou neve. É igualmente importante considerar que, mesmo que se usem lentes de contacto com proteção UV, estas não vão evitar as lesões nas pálpebras e na conjuntiva, tão frequentes no nosso país. Por fim, alertar para que o uso de lentes de sol não certificadas podem causar mais danos aos olhos do que não os usar. Isto sucede porque estas lentes escuras fazem com que as pupilas dos olhos se dilatem, deixando passar mais raios UVA que danificarão os cristalinos e a retina. São totalmente contraindicadas tanto em crianças como em adultos.

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duas últimas patologias geralmente são causadas pelos UVA, dado que os UVB sendo filtrados pela córnea se associam mais a patologia palpebral e da superfície ocular. Ao usar lentes com proteção solar estamos, do ponto de visto prático, a reduzir de forma imediata a patologia oftalmológica. A longo prazo, estamos a evitar os tumores das pálpebras, as cataratas e até doenças da retina até ao momento incuráveis.


Pelagia Christaki

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Urban Owl: a vigilante do bom gosto nas metrรณpoles


Achava que faltava algo ao eyewear quando, em 2015 junto de Dimitris Diamantis, sonhou e fundou e a Urban Owl? O sonho basilar do Dimitris era expandir o design e a arte gregos a um novo patamar: criar óculos de sol manufaturados. Existem muitos designers gráficos e industriais talentosos no nosso país e ele sentiu que esta abordagem fresca devia “viajar” pelo mundo. E que visão aplicou a Pelagia à marca? A minha visão passou pela criação de uma comunidade e de um diálogo com os nossos seguidores e clientes. Porquê o nome Urban Owl? Urban porque somos, em primeiro lugar, uma marca ateniense, criada na cidade e que pode ser usada pelas pessoas que vivem e trabalham nela. O ritmo e beleza da cidades é apaixonante! Owl (coruja em português) deriva do simbolismo de sabedoria, perspicácia e erudição gregos . A combinação de ambos os conceitos desemboca na ideia de Sábio Observador da Cidade, sugerindo princípios e símbolos que transcendem o tempo. É preciso coragem para lançar uma marca eyewear num período de crise e com tanta concorrência, mas vocês conseguiram com sucesso. Como é que a Urban Owl ultrapassou os vários desafios do mercado? Demos à marca tempo para evoluir. O nosso plano financeiro passava por sermos rentáveis no fim do segundo ano e conseguimos. A concorrência está sempre lá,

independentemente do que se faça, é inevitável. Aliás, representa o único fator sobre o qual se tem certezas desde o início. O nosso verdadeiro desafio foi o mercado low cost e os hábitos dos consumidores, mas tínhamos dois fatores a nosso favor: participámos em inúmeros eventos offline onde interagimos pessoalmente com os nossos clientes e sempre promovemos e mostrámos a nossa mestria na fabricação através de mini workshops. Ou seja, as pessoas que nos seguiam foram-se entrosando com os nossos princípios progressivamente.

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A marca defendida pela fundadora e responsável dos recursos humanos e marketing, Pelagia Christaki, é uma afirmação de puro bom gosto, pujança e europeísmo. A grega Urban Owl descobre-se assim, numa entrevista exclusiva, em que em palavras diretas e vigorosas percebe-se o sucesso de uma casa jovem, nascida em plena crise. O sonhador principal deste conceito é Dimitris Diamantis, um engenheiro civil de formação basilar, com um mestrado em Ciências e Design de Metal, que se perdeu de amores pelos óculos. Para lançar a Urban Owl lançou mesmo um crowdfunding nas redes sociais com a promessa dos melhores modelos, oferecendo um par a quem contribuísse. Conseguiu e tem hoje independência, criatividade e muita energia. Pelagia deu a cara e a voz pela marca que desenvolve diariamente. O objetivo é simples: serem famosos na Europa e expandir!


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•• “ ( . . . ) p a rt ic ip á mo s e m i n ú m e ro s ev en t o s o f f l i n e on de in t era g imo s p e s s oa l men t e c o m os n os s os c l ien t es e s e m p r e pro mo v emo s e m os t r ám o s a n o s s a m e s t r i a n a fa b ric a ç ã o at r av és d e min i w o rk s h o p s ” •• O conceito Urban Owl prova que a produção local é viável, contra a ideia que realocar o fabrico em países em desenvolvimento é a resposta para conseguir lucro? A produção em países em desvolvimento não é, em definitivo, a resposta para o lucro. Um produto excepcional e o marketing é que são! Somos ávidos apoiantes da Fashion Revolution, uma organização global que pressiona para a transparência em toda a rede de fornecimento, pagamento igualitário e sustentabilidade. Apesar de não produzirmos no estrangeiro (fora da Grécia), nós preocupamo-nos com as pessoas e queremos que a escravidão da era moderna seja eliminada. E quando compramos um produto, somos responsáveis pela nossa escolha. A Urban Owl foi criada para produzir localmente, e isso é a nossa essência. Os nossos óculos de sol produzem-se exclusivamente na Grécia e, desde 2018, 92 por cento das nossas embalagens e materiais de promoção são produzidos em pequenos ateliers de Atenas.

Têm parcerias incríveis com estúdios de design. Sim, nomeadamente com o Studiomateriality, uma equipa de design de interiores com um portefólio muito distintivo. Adorámos a abordagem criativa deles e no nosso primeiro encontro já estávamos todos alinhados sobre o que queríamos fazer. Nas nossas sinergias, unimos os elementos das marcas e o resultado foi a criação de um design inesperado. A vossa coleção apresenta muitos designs clássicos, no entanto, o bestseller da Urban Owl é um modelo muito arrojado. Oh! o Juno é o meu favorito para já! Os procedimentos criativos para fazer o Juno foram tão divertidos e sentimo-nos tão corajosos por desenhar algo que não era tendência mas que, por instinto, sabíamos que seria icónico! É sem dúvida arrojado, mas também “usável”, que é uma palavra que usamos muitas vezes na nossa equipa. Funky mas “usável”, grande mas “usável”, muito moderno mas “usável”... Significa que vais parecer espetacular quando usares os nossos óculos! Acho que os nossos clientes estão ligados à nossa filosofia, de tal forma que podemos afirmar que moldamos o nosso mercado alvo, introduzindo ideias “frescas” e que assentam bem. E como se juntou a Dimitris sob o desígnio da Urban Owl? Conhecemo-nos em ambiente profissional e a determinado ponto ele convidou-me para partilhar o seu sonho. Ele é o mentor da equipa! E quem era a Pelagia antes da Urban Owl? A minha área de interesse sempre foi o marketing de moda, por isso estava na indústria da roupa em diferentes âmbitos, desde a produção, passando pelo e-commerce até ao marketing.

E que futuro sonha para a marca? O nosso plano é simples: tornar a Urban Owl numa marca europeia popular e depois expandir. O meu objetivo é elevar a equipa, porque é dela que retiramos toda a nossa inspiração. Que descrição faria do mercado eyewear atual? Muitas mudanças aconteceram na nossa indústria nos últimos três anos. Sinto que o mercado não pertence só às grande companhias. Impõem-se ideias impetuosas, novas marcas, equipas criativas que se atrevem a contar a própria história. As pessoas adoram descobrir novas insígnias que vão além da venda do produto e que vendem também um propósito. O nosso é Democratizar o Estilo Eyewear. Inclusive, damos às pessoas o poder de votarem o nosso próximo design a ser produzido! Então o futuro pertencerá a marcas como a Urban Owl? Sim, definitivamente! Existe entre os consumidores uma busca por propostas novas, produzidas por pequenas equipas. É uma nova forma de caça ao tesouro. As pessoas estão bem informadas e cientes das novas tecnologias. Não é uma coincidência o Instagram recentemente lançar a conta @shop, onde marcas alternativas são apresentadas. Pode-se “deslizar” pela página e descobrir produtos maravilhosos de todo o mundo!




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