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Augusto Silva Leber
Poeta, Letrista, Prosador & Roteirista de Histórias em Quadrinhos. Desenvolveu em Londrina grande parte de seu trabalho. Como Professor, em suas Oficinas e Palestras sobre a arte da escrita, estimula a produção literária e a formação de novos leitores, experimentando as linguagens de Poemas, Contos, Fábulas, HQs... em diálogos com a Literatura Universal.
PUBLICAÇÕES:
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SELVAGERIA (Poemas/ Edição do Autor, Londrina, 1996), OS 5 TIROS DE CANHÃO DO ABILOLADO CAPITÃO (Infanto-juvenil/ Edição dos Autores, Londrina,1998), 12 POETAS LONDRINENSES (Poemas/ Atrito Arte, Londrina, 2000), ME PERGUNTA SE EU MUDEI (Poemas/ Atrito Art, Londrina, 2003), O PASSO DOS FORAGIDOS (Contos, Edição do Autor,2014), CANÇÕES QUE NÃO CHEGARAM A TEMPO (Poemas, Selo Capivara Comix, 2015), REVISTA SOSSEGO (Histórias em Quadrinhos, Selo Capivara Comix, 2018), CD ENTIDADE PERDIDA, No Meio da Explosão (Selo Capivara Comix, 2019)
Em defesa da poesia
Eu vejo Oswald de Andrade autografando um exemplar do Serafim Ponte Grande: “Aos irmãos Campos (Haroldo e Augusto) _firma de poesia” & vejo Mário de Andrade num Hobby de Chambre mordido de ciúmes por Oswald.
Eu vejo Cruz e Sousa, uma Ilha do Desterro, rosa vermelha na lapela e bengala de marfim, promovendo concursos de miss polacas... Sua alma branca aterrorizada com a loucura de Gavita girando a pomba.
Eu vejo Manuel Bandeira no Beco das Carmelitas, boêmio da boemia alheia, tísico profissional. Invisível para a “indesejada das gentes“.
Eu vejo Álvares de Azevedo fingindo-se de morto para zuar seus colegas de pensão, entre velas, spleen e charutos...
Dias antes de cair do cavalo direto pros compêndios do mal do século.
Eu vejo Augusto dos Anjos escrevendo com uma agulha a palavra SAUDADE numa folha de canela e postar pra sua mãe... Enquanto Olavo Bilac lia com nojo/inveja os vermes, coveiros, morcegos, pestilências...
Eu vejo Pedro Kilkerry gritando seus poemas de cor, escritos em papéis de embrulho, o verme obcecado pela estrela, apaixonado pela palavra ASA... & o muro à frente, seu branco da página.
Eu vejo Fernando Pessoa traduzindo cartas comerciais sabendo do vinho que beberia à noite com a solidão de seus outros. Enquanto Mário de Sá Carneiro vestia o smoking pra tomar 5 frascos de arseniato de estricnina.
Eu vejo Torquato Neto, uma alegria FATAL,
intimando Caetano Veloso pra seguirem o poeta Drummond... Seu autoexílio brasilis, antes de abrir o gás, antes do famoso bilhete: “PRA MIM, CHEGA !”
Eu vejo Paulo Leminski escondendo o sorriso com o bigode, sem conta bancária nem documento de identidade, carregando com classe a cirrose portátil : _Em defesa da poesia!
Eu vejo Rimbaud tendo visões suas fugas em vagabundagens sagradas, a trágica temporada na África. & sua mãe inspecionando aquele túmulo recém-aberto... Eu o vejo vivo e sacana praticando download do além.
Eu vejo poetas de todas as épocas, leitores, cantores, xamãs... Chamados e escolhidos, a palavra desperta em cada esquina, mapeada, uma piada, esconderijo: _O velho truque de estar vivo!