![](https://assets.isu.pub/document-structure/211216114411-92c84949162e62396d55ad0d1b6538aa/v1/294239d19b11dbc4c5018bdb777ed17f.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
1 minute read
Fabio Giorgio
Escritor, autor de Na BOCA do BODE – Entidades Musicais em Trânsito (Atrito Arte/2005); e produtor audiovisual, dirigiu Beleléu Cá Entre Nós – Itamar Assumpção antes do Nego Dito. Editou o zine Toxina F.C. e corroteirizou e coapresentou o programa Risco no disco, na Usp FM. Nasceu e vive em São Paulo. Os poemas inclusos nesta publicação integram o livro inédito Bigorna em queda livre.
a galáxia (ad)mirada de uma rua sem saída ou apenas um moleque da vila Paiva que passava horas das noites fitando o céu
Advertisement
havia antes da miragem e do incrível rio que desaguara no precipício das iniciativas um incalculável manto escuro cobrindo tudo e a mudez reverente da inocência em sua recusa guerrilheira
(sobrou um despropósito nessa lembrança – morro da avenida Conceição):
dói um bocado mergulhar sem medo
merreca no universo espanando o pó de estrelas – de constelações inteiras
(limar o nó repetidas vezes da abstração inicial)
nós em todos nós
[pauta desabalada cuja métrica absurda a distende infinitamente – e haja poeira dentro da cosmológica garrafa para ser sacudida]
a romper, decidida o cordão umbilical com o planeta azul – e mergulhar no mistério
desembaraça o novelo ou renova a lida, cortando mais uma vez a linha ao burilar o verso
e seu reverso, ao parir o silêncio do fim?
rabiscador de desalinhos
minhas preces vagabundas não se acomodam no colchão são dardos nada tranquilizadores agora que zunem zombando até mesmo da cultivada impaciência antes das bombas: – a vila Bagdá fica logo ali mesmo que nem seja a menor e menos evidente pista falsa [plantada nos rincões dos pixels ordinários ainda que a reticente oração da paróquia dos descrentes [grite dentro de mim para não disparar o dedo – fantasma sisudo que se fez irromper na anatomia [em único gesto quer rasurar a paisagem rabiscando um novo desalinho: esta noite nunca mais