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A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (Português / Inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Cajueiros Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Cajueiros Macaé - RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Directors: Alexandre Calomeni / Bruno Bancovsky Gianini Coelho Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Edição Final: / Final Editing: Gianini Coelho Jornalistas: / Journalists: Érica Nascimento / MTB-29639/RJ redacao@macaeoffshore.com.br Mariana Finamore / MTB-26.945/RJ jornalismo@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Alexandre A. D. de Albuquerque arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: José Tarcísio Barbosa Tradução em inglês: / English version: Grupo Primacy Translations Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 / 2762-3201 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties
Notas 6 / Notes 8 Articulando / News & Views
Matéria de capa / Report of Cover Incógnita do Pré-sal Pre-salt unknown future
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Pré-sal: passaporte para o futuro ou para o passado? 10 Pre-salt: Passport to the Future or to the Past? 11
Índice / Contents
Índice / Contents
Entrevista / Interview
Paulo Augusto Vivacqua 12 Paulo Augusto Vivacqua 14
Desafio da tecnologia de aquisição 42 The challenging acquisition technology 46 Avanço nos estudos do pré-sal 48 Studying the pre-salt in detail 50
Plataforma Santos 28 / Santos Platform 33 Plataforma Espírito Santo 36 / Espírito Santo Platform 40
Tecnologia inédita em águas profundas 52 Original technology in deep waters 54
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Carta ao Leitor / Letter to the Reader
Carta ao Leitor / Letter to the Reader
A carta na manga dos brasileiros é a cobiça dos estrangeiros Independente de quaisquer discussões e críticas que existam em torno do marco regulatório, sejam elas de caráter político, científico ou socioeconômico, a preocupação é uma só: a questão energética brasileira como estratégia para o futuro do País. Falamos de um conjunto de transformações - a maioria delas, verdadeiros desafios à indústria atual advindos com as demandas das reservas do pré-sal que se estendem do Espírito Santo a Santa Catarina - e como tudo isso favorecerá o desenvolvimento nacional. Muito além, conforme afirmou recentemente a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, “o pré-sal colocará o Brasil em outro patamar entre os países produtores de petróleo e o transformará em um dos maiores exportadores”. Esta pode ser a chave para o futuro, para um Brasil de economia forte, independente e com autossuficiência em petróleo? Ou essa “bênção” também pode ser uma “maldição”, uma vez que o País, ainda despreparado, despertará cada vez mais interesse dos estrangeiros? O que chama a atenção, inclusive, é a forma como o assunto é tratado e levado ao conhecimento dos maiores interessados: a população brasileira. Conforme revelou a pesquisa CNI-Ibope, mais de um terço dos brasileiros não conhece ou nunca ouviu falar da camada pré-sal. Enquanto isso, o pré-sal é pauta de discussões de âmbito internacional.
Brazilians’ trump card is the greed of foreigners Regardless any political, scientific, economic or social discussions and criticisms there may be around the regulatory mark, they have only one concern: the Brazilian energy issue, as a strategy for the future of the country. We are talking about a set of transformations most of them representing a huge challenge to the current industry, which has arisen from the Pre-Salt reserves extending from the State of Espírito Santo to Santa Catarina – and how much they will foster the national development. Far beyond, as recently stated the Brazilian Chief of Staff, Dilma Roussef: “pre-salt will rank Brazil among the largest oil producers and transform it into one of the largest exporters”. Could it be the key to the future, a way to an economically strong, oil independent and self-supporting Brazil? Or could this “blessing” actually become a “curse”, since the country, still unprepared, could increasingly arouse foreigners’ interest? What draws attention, to the same extent, is the way such issue is addressed and passed along to the main interested parties: the Brazilian people. As revealed in a research conducted by CNI-Ibope, more than one-third of Brazilians do not know what the pre-salt layer is or never heard about it. Meanwhile, presalt is the prevailing issue in the international agenda.
O evidente é que o governo, nas “suas entrelinhas” em defesa dos interesses nacionais, com prioridade na segurança de suas reservas e posicionamento no mercado mundial, pode estar tomando medidas “cautelares”, evitando, assim, com divulgações precipitadas, possíveis conflitos que vão muito além das problemáticas e necessidades em discussão, como a definição do modelo de partilha, criação da Petro-Sal e do Fundo Social e o desenvolvimento de tecnologias para exploração dessas novas áreas.
What is evident is that when the government implicitly acts in defense of the national interests, prioritizing the safety of its reserves and its positioning in the world market, it may be taking “precautionary” measures, thus avoiding, by way of reckless announcements, potential conflicts extending far beyond the problems and needs in question, such as the definition of the sharing system, the creation of Petro-Sal and Social Fund as well as the development of technologies for exploration of these new areas.
Mas a pergunta que fica é a seguinte: se o petróleo é nosso, como se configura o papel de defensor desse um terço da população que desconhece o pré-sal? Haja vista que o marketing do governo, independentemente deste cenário, é capaz de conquistar votos principalmente de quem não faz uma leitura crítica do que é divulgado.
But one more question still remains: if the oil is ours, how to perform the role of defender of one-third of this people who do not know what the pre-salt is about? We must take into account that the government marketing, regardless the scenario used herein, is able to obtain votes mainly from citizens who are unable to do a critical reading of what is informed.
Portanto, talvez seja válido analisar em que proporção essas potenciais reservas podem favorecer o desenvolvimento do País e de sua população e ainda garantir a segurança de todo esse patrimônio.
Therefore, it may be wiser to consider how much these potential reserves may foment both country and people development and, meanwhile, guarantee the safety of our assets.
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Portal de Notícias
Portal de Notícias Nutsteel leva alta tecnologia à Santos Offshore Atenta a toda movimentação em torno da maior feira de petróleo e gás do estado de São Paulo, a Santos Offshore, a Nutsteel mais uma vez participará do evento e levará sua força máxima. “A Nutsteel sempre investiu significativamente em feiras. Prestigiamos a Santos Offshore desde sua primeira edição e, este ano, com todas as descobertas sobre o pré-sal, não poderia ser diferente”, afirma Daltro Brissac, diretor comercial da empresa. Como destaques, uma sirene eletrônica à prova de explosão para Zonas 1 e 2 e que foi desenvolvida com a mais alta tecnologia. Microprocessada, ela permite ao usuário escolher entre 32 variações de sinal sonoro, selecionadas internamente por uma chave. Possui controle de volume interno, além de revestimento anticorrosivo Revesteel® e invólucro fabricado em liga de alumínio fundido copper-free. Outro produto que seguramente chamará a atenção é o primeiro transformador portátil projetado especialmente para áreas classificadas. Pensando na praticidade e no conceito de portabilidade, esse produto é o ideal. “O transformador portátil representa uma nova geração de transformadores industriais no quesito durabilidade. Ele é extremamente resistente, além de possuir baixíssima ne-
Subsea 7 assina contrato com Petrobrás Em setembro, um das empresas líderes mundiais em engenharia e construção submarina, a Subsea 7, anunciou a assinatura de um contrato com a Petrobrás para sua embarcação de lançamento de linhas, a Normand Seven. O contrato, com valor estimado em US$ 250 milhões, é para uso exclusivo da embarcação por quatro anos, começando ainda em 2009. O Normand Seven é equipada com um sistema avançado de lançamento de linhas flexíveis, podendo operar em lâminas d´água de até dois mil metros. Ela foi incorporada à frota da Subsea 7 logo após seu comissionamento em 2007, desde então, tem trabalhado continuamente no país, sobretudo no suporte à estatal no desenvolvimento do campo de Roncador na Bacia de Campos. “A companhia tem um extenso histórico de projetos bem-sucedidos e seguros para a Petrobrás. Isso reforça nossa posição como o Parceiro Ideal em Construção Submarina na região, e reconhece nossa forte presença local, desenvolvida ao longo de muitos anos”, declarou o vice-presidente da Subsea 7 do Brasil, Victor Bomfim.
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Equipamento da Nutsteel Nutsteel’s equipment
cessidade de manutenção”, destaca Daltro. “Nossos clientes podem esperar muitas novidades em nosso estande. Levaremos importantes lançamentos, além de produtos estratégicos de nossa linha. Será uma ótima oportunidade para recebê-los e nos inteirarmos das novidades e das tendências do mercado”, complementa.
UFRJ terá o primeiro centro internacional de pesquisa do pré-sal A multinacional Schlumberger e a Universidade Federal do Rio de Janeiro assinaram, no dia 10 de setembro, um contrato para construção do primeiro centro de pesquisa internacional para tecnologias do pré-sal. O centro será construído no Parque Tecnológico da UFRJ, numa área de oito mil m², ao lado do Lab Oceano, da COPPE. A Schlumberger focará sua atuação no desenvolvimento de novas tecnologias na área do petróleo e gás no Brasil, com atuação dirigida para três áreas principais: desenvolvimento de software de geociências para o setor de exploração e produção; novas tecnologias para os desafios de produção e caracterização de reservatório no pré-sal; e a criação de um centro de excelência em processamento e interpretação geofísica, cobrindo tecnologias de 4D e medições sísmicas e eletromagnéticas. Além de soluções para os desafios tecnológicos do présal, serão geradas grandes oportunidades para empresas de base tecnológica de menor porte e para pesquisas acadêmicas na universidade.
Válvula magnética funciona sem energia e facilita manutenção
querer força mecânica externa. O funcionamento da nova válvula se baseia em um líquido fluindo sobre um material com uma temperatura Curie conhecida – a temperatura na qual o material passa de magnético para não-magnético. Quando a temperatura do líquido cai abaixo de sua temperatura Curie, ele é atraído por um ímã localizado no lado de fora da válvula, abrindo a passagem para o fluido. Se a
temperatura sobe novamente, o material perde o magnetismo, anulando a atração do ímã externo e uma mola é suficiente para fazê-lo voltar à sua posição original e fechar novamente a válvula.
Toda a força da tecnologia naval e offshore Niterói se apronta para sediar, de 9 a 12 de novembro, a Niterói Fenashore - Feira e Conferência Internacional de Tecnologia Naval e Offshore, evento destinado a atrair um público previsto de 20 mil pessoas com a apresentação de 53 expositores. O evento que será realizado no Caminho Niemeyer, Centro da Cidade, é uma promoção da Prefeitura de Niterói e terá uma programação variada. Como destaque para a Conferência sobre o atual cenário da indústria naval e projetos offshore, haverá uma rodada de negócios com a participação de 15 âncoras e arena de responsabilidade socioambiental. A Fenashore contará com o apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói, José Raymundo Martins Romeo, o evento tem por objetivo promover e ampliar oportunidades de negócios ligados à indústria e aos serviços de atividade naval e de petróleo e gás. A terceira edição da Fenashore acontece em uma fase de perspectivas ainda melhores em consequência das descober-
K. Lund anuncia parceria com Coates Offshore A K.Lund assinou um contrato para representação dos produtos e serviços com a empresa australiana Coates Offshore. A parceria consiste em atender, a princípio, o mercado brasileiro, mas com perspectivas de ampliação dessa atividade para toda a América Latina. A Coates Offshore é uma das maiores empresas de locação de equipamentos de ar comprimido do mundo. Seus produtos são compressores de ar e gás com vazões
Portal de Notícias
Cientistas dinamarqueses criaram uma válvula capaz de fechar ou desviar fluidos no interior de encanamentos sem consumir energia. A grande vantagem da nova válvula, segundo os pesquisadores, até maior do que seu não-consumo de energia, é a possibilidade de sua regulagem sem necessidade de abertura dos circuitos, facilitando a manutenção e evitando a parada das linhas de produção. A válvula nasceu das pesquisas feitas com refrigeração magnética, uma tecnologia que substitui os compressores das geladeiras atuais por materiais chamados magnetocalóricos. Christian Bahl e seus colegas da Universidade Riso aproveitaram esse mecanismo para criar uma válvula mag-
nética que funciona sem consumir eletricidade e sem re-
Niterói, cidade sede da Fenashore Niterói, Fenashore host city
tas dos campos do pré-sal que dão destaque ainda maior para o Estado do Rio e Niterói. Ela também apresentará oportunidades locais para empreendimentos internacionais.
de 130 até 1600 CFM e pressões de trabalho de 60 até 350 PSI.
Esses equipamentos visam a atender áreas classificadas como Zona 2 conteinerizados, a alta pressão de até 350 PSI, boosters de até 5000PSI, geradores de vapor 4-6 MBtu, dentre outros.
Na parte de serviços, a K.Lund ficará responsável por
toda a parte de operação e manutenção de todos os
equipamentos fornecendo pessoal treinado e certificado para atender a demanda do mercado brasileiro.
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Gateway News
Gateway News Nutsteel presents high technology Magnetic valve that works without equipment in Santos Offshore fair electricity facilitates maintenance
Noticing the whole movement towards Santos Offshore, the main oil and gas fair in the state of São Paulo, Nutsteel once more will take part at the event with its whole line of products. “Nutsteel always made significant investment in fairs. We take part in Santos Offshore since its first edition, and, this year, considering the discoveries in the pre-salt layer, it could not be different”, said Daltro Brissac, Nutsteel Commercial Director. One of the company’s highlights is an electronic explosionproof siren for Zones 1 and 2, developed with state-of-the-art technology. Thanks to the siren’s microprocessor, the user may choose between 32 types of sound alerts, internally selected by a switch. It is equipped with internal volume control, as well as Revesteel® anticorrosive casing and copper-free aluminum alloy enclosure. Another product that will certainly draw the attention of clients is the first portable transformer specially designed for classified areas. When a client needs practicality in a portable device, this is the ideal product. “The portable transformer represents a new generation in industrial transformers, when it comes to durability. It is extremely strong, and almost does not require maintenance”, says Daltro. “Our clients may expect many novelties in our stand. We will present important, recently launched, and strategic products from our line. It will be an excellent opportunity to meet our clients and become aware of new market trends”, he added.
Subsea 7 signs a contract with Petrobras
Danish scientists designed a valve capable of closing or diverting fluids inside pipes without energy consumption. According to researchers, the new valve main advantage, even more important than not needing energy consumption, is the possibility of being set without opening the circuits, facilitating maintenance and preventing the stoppage of production lines. The valve was conceived from researches with magnetic refrigeration, a technology that replaces today’s refrigerator compressors for materials called magnetocaloric. Christian Bahl and his colleagues from Riso University used such mechanism to create a magnetic valve that works without energy consumption or requiring and external mechanic force. The operation of the new valve is based in a liquid flowing over a material with a known Curie temperature – when the material goes from magnetic to non-magnetic. When the liquid temperature goes below the Curie temperature, it is attracted by a magnet placed outside the valve, opening for the passage of the fluid. When the temperature increases, the material loses magnetism, annulling the external magnet attraction and a spring is enough to make it return to the original position, closing the valve again.
Marine and offshore technology at full speed
In September, Subsea 7, one of the world leaders in submarine engineering and construction, announced the signature of a contract with Petrobras regarding the company’s line launching vessel, called Normand Seven. The contract, with an estimated value of 250 million dollars, provides the vessel exclusive use for four years, beginning at 2009 third quarter. The Normand Seven is equipped with a modern system for launching flexible lines, capable of operating in water depths from up to 2,000 meters. The vessel had been incorporated to Subsea 7 fleet right after being commissioned, in 2007; since then, it has been in continuous activity in Brazil, mainly providing support to Petrobras operations at Roncador Field, in Campos Basin. “The company has an extensive record of safe and wellsucceeded projects with Petrobras. This record reinforces our position as an ideal partner for submarine building in the area, recognizing our strong local presence, developed in the course of many years”, declared Victor Bonfim, VP of Subsea 7 do Brasil.
The city of Niterói gets ready to host from November 9 to 12 the Niterói Fenashore – Marine and Offshore Technology International Fair and Conference, expected to attract 20,000 people, featuring 53 exhibitors. The event will take place in Caminho Niemeyer, at the center to the city, and is sponsored by the Local Government of Niterói, with an assorted scheduling. The Conference on the current scenario of the marine industry and offshore projects deserves further attention. It includes a round of negotiations with 15 main companies as well as a social and environmental arena. Fenashore is supported by the Brazilian Institute of Oil & Gas (IBP), the Brazilian Labor Union of Marine and Offshore Construction and Repair Industry (Sinaval), and by the Federal University of the State of Rio de Janeiro (UFF). According to José Raymundo Martins Romeo, the head of the Science and Technology Department of the city of Niterói, the event is intended to foster and develop business opportunities related to the marine and oil & gas activity industry and services. The 3rd Fenashore comes in times of greater expectations due to the findings in the pre-salt fields, attracting much more interest to the State of Rio de Janeiro and the city of Niterói. It will also offer local opportunities for international projects.
UFRJ will have pre-salt’s first international research center
K. Lund announces partnership with Coates Offshore
In September 10, worldwide company Schlumberger and Rio de Janeiro Federal University entered into a contract to build the first international research center for pre-salt technologies. It will be built at UFRJ’s Technology Center, in an 8,000 square meter area, besides COPPE’s Ocean Lab. Schlumberger will focus its activity in the development of new oil and gas technologies in Brazil, comprising three main areas: geosciences software development to the exploration and production field; new technologies to the challenging production and characterization of reservoirs in the pre-salt; and the creation of an excellence center in geophysical processing and interpretation, covering 4D technologies and seismic and magnetic measurements. Apart from solutions to pre-salt exploration challenges, there would also be great opportunities for small and medium sized technology companies and for academic research at the University. 8 MACAÉ OFFSHORE
K.Lund signed a contract to represent the products and services of Coates Offshore, an Australian company. At first, the partnership consists in supplying the Brazilian market, but there are plans to extend the activities to whole Latin America. Coates Offshore is one of the most important companies in the world in the compressed air equipment rental market. Among the company’s products, there are: air and gas compressors with flow rates ranging from 130 to 1600 CFM, and work pressures from 60 to 350 PSI. Such equipment are suitable for classified areas such as ZONE 2 containerized in high pressures up to 350 PSI, boosters up to 5,000 PSI, 4-6 MBtu steam generators, among others. In the services area, K.Lund will be responsible for the equipment operation and maintenance area, providing trained and certified personnel to meet the Brazilian market demand.
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Articulando
Articulando
Pré-Sal: passaporte para o futuro ou para o passado?
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inalmente foram enviados ao Congresso os projetos de lei, simplesmente denominados o novo marco regulatório para a indústria do petróleo brasileira. Efetivamente, as confirmações de descobertas de petróleo e gás, no pré-sal da Bacia de Santos, impulsionaram a discussão de possíveis mudanças no marco regulatório brasileiro. Partimos da premissa de que os estados hospedeiros, no exercício de sua soberania sobre os recursos naturais, podem e devem reavaliar ciclicamente o aprimoramento de seu sistema. Diversos fatores podem desencadear alterações nos procedimentos licitatórios de um país: preço do petróleo, aumento do consumo interno, descoberta de novas fronteiras exploratórias, etc. No outro pólo há princípios que regem as relações entre estados hospedeiros e investidores. A boa-fé, a legítima expectativa dos investidores, a segurança jurídica são exemplos de princípios consagrados no direito internacional e também no direito interno dos estados que integram com a sociedade internacional. Dentre as várias questões que merecem comentários, algumas que chamam a atenção: 1) Questões envolvendo a constitucionalidade das propostas. A possibilidade de contratação direta da Petrobrás pode suscitar a alegação de inconstitucionalidade por ferir, os valores de Livre Iniciativa e Livre Concorrência que constam no art. 170 da Constituição Federal. A participação da Petrobrás em todos os blocos do pré-sal parece conflitante, no geral, com as reformas constitucionais iniciadas no final da década de 90. O Estado Brasileiro caminhou em direção de tornar-se o Estado Regulador, com diversas agências reguladoras criadas, entre elas, a Agência Nacional do Petróleo. Também na esfera da inconstitucionalidade, há controvérsia em relação à aplicação do art. 176 e previsão de concessão e necessidade de emenda para previsão do contrato de partilha de produção. A percepção da vertente jurídica não pode deixar de alimentar-se da real história deste país na construção de sua indústria petrolífera. 2) A falta de clareza dos papéis de cada ente, com o esvaziamento do papel da ANP e logo o superdimensionamento das funções do Conselho Nacional de Política Energética, CNPE (EPE & MME). Como base nos projetos, admite-se que a definição do que é “estratégico”, definirá quando haverá ou não licitação e em quais áreas. Ao nosso ver, a criação de uma comissão por decreto já havia rompido com o feixe de competências previsto no ordenamento constitucional e
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infraconstitucional em matéria de regulação petrolífera. 3) Quanto à adoção de novo modelo de contrato, a adoção do modelo de partilha de produção não traria ganhos reais na arrecadação do governo, porque a simples mudança de modelos contratuais não tem o condão de aumentar tal participação governamental (government take). Por outro lado, há uma série de críticas aplicáveis à gerência dos contratos de partilha de produção. Com base na análise funcional, fica mais fácil detectar a tendência de aglutinação de traços básicos das formas clássicas dos contratos petrolíferos, já que os países hospedeiros passaram a intercambiar experiências e importar aspectos considerados mais favoráveis de um e de outro contrato. 4) Há aspectos operacionais envolvendo a eventual duplicidade entre funções e áreas: Petrobrás x Petro-Sal que não estão claras. Como a Petro-Sal será estruturada para discutir questões de natureza técnica se está prevista sua participação em reuniões técnicas com a Petrobrás e eventuais outras concessionárias? Qual seria o alcance do poder de veto de tal nova empresa estatal em questões completamente técnicas? 5) Considerações Finais sobre o modelo vigente: não podemos deixar de contrapor as mudanças com a estrutura vigente, em alguns aspectos pertinentes à preparação das rodadas de licitações. O trabalho realizado pela ANP ao longo dos anos, a partir da Rodada Zero e da 1ª Rodada de Licitações em 1999 até a Nona Rodada, vem sendo aprimorado e recebendo reconhecimento internacional. Estamos indo na contramão da história, se formos analisar o desenvolvimento do modelo norueguês e veremos que ele sofreu ajustes, mas manteve a sua essência. Nosso foco é a importância no âmbito da política petrolífera, do sistema adotado por cada ordenamento jurídico quanto à outorga de direitos de exploração e produção a empresas privadas.
Marilda Rosado é Mestre em Filosofia do Direito (PUC-RJ) e Dou-
tora em Direito Internacional (USP). Professora de Direito Internacional e de Direito do Petróleo – Faculdade de Direito da UERJ. Sócia do Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados. Foi diretora da ANP, Petrobrás, Braspetro e Repsol e é autora do livro “O Direito do Petróleo: As Joint Ventures na Indústria do Petróleo”. *Colaborou neste artigo Cesar R. Beck, estagiário do Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados.
Pre-Salt:
Passport to the future or to the past?
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he bills, called the new regulatory milestone for the Brazilian oil industry, have been submitted to the Congress at last. Actually, the confirmations of oil and gas discoveries in the pre-salt layer of the Santos Basin boosted the discussion on possible changes in the Brazilian regulatory milestone. We take the premise that the host States, in full exercise of their sovereignty over the natural resources, may and should reconsider the improvement of their system from time to time. Many factors can trigger the adjustments in the bidding procedures of a country: oil price, raise in the internal consumption, discoveries of new exploratory boundaries etc. In the other end there are principles that establish the relationship among host States and investors. The good-faith, the natural expectation of the investors and the legal safety are good examples of principles established in the international Law as well as in the internal right of the Governments forming the international society. Among numerous issues demanding debate, there are some drawing attention: 1) Issues involving bidding offers constitutionality. If Petrobras is allowed to hire contractors directly, this may raise the allegation of unconstitutionality due to the violation of the values of Free Enterprise and Free Market provided for by art. 170 of Federal Constitution. The participation of Petrobras in all pre-salt blocks appears to be conflicting. With the constitution reforms which have started in the end of 90s, the Brazilian State turned out to be the Regulatory State, having created several regulatory agencies, such as the National Petroleum Agency (ANP). Still in the scope of unconstitutionality, there is a controversy relating the enforcement of art. 176 and forecast for concession and the need for amendment in the forecast of production sharing contracts. The perception of the legal aspect must feed itself on the real history of this country when building its oil industry. 2) Unclearness of each body’s role, since the role played by ANP turned to be unclear and the functions of the National Energy Policy Council (CNPE) were oversized. As a base for the projects, the definition of what is “strategic” will determine whether there will be a bidding and what areas it will cover. As far as we concern, the creation of a commission by decree had already violated the range of competencies provided by the constitutional and infra-constitutional ordainment regarding the oil regulation. 3) As for the adoption of a new model of agreement, the adoption of the production-sharing model would not provide real profits to government collection, since the simple change of a
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contractual model is not able to raise this government take. On the other hand, there are a number of criticisms centered on the management of production sharing contracts. Based upon a functional analysis, it is easier to detect the trend for agglutination of basic traces in the oil contracts classic forms, in that the host countries has now exchanged experiences and extracted more advantageous aspects from every contract. 4) There are operational aspects involving an occasional duplicity between functions and areas: Unclear operational aspects of Petrobrás x Petro-Sal: How will Petro-Sal be structured in order to discuss issues of technical nature, since its participation in technical meetings with Petrobras and other concessionaires is expected? What would be the veto power range of this new state-owned company in totally technical issues? 5) Final Considerations on the current model: we must not abstain from making a comparison between the changes in the current structure, which are in some aspects relevant to the preparation of the bidding rounds. The work carried out by ANP along the years, from the Zero Round and the 1st Bidding Round in 1999 up to the 9th Round, has been enhanced and received international recognition. We are going against the flow of history. If we analyze the Norwegian development we will realize that it underwent adjustments without losing its essence. We must focus upon how important a system adopted by each legal ordainment is as for the grant of rights to exploration and production to private companies.
Marilda Rosado
is Master in Philosophy of Law (PUC-RJ) and Master in International Law (USP). Professor of International Law and Oil Law – UERJ’s Law School. Partner of Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados. Former director of ANP, Petrobras, Braspetro and Repsol and author of the book “O Direito do Petróleo: As Joint Ventures na Indústria do Petróleo”. *Cesar R. Beck, trainee of Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados, has collaborated on this article. MACAÉ MACAÉOFFSHORE OFFSHORE 11 11
Entrevista
Entrevista
Paulo Augusto
Vivacqua
Presidente do Corredor Centro-Leste e do Corredor Atlântico do Mercosul, vice-presidente para Assuntos Tecnológicos e presidente do Comitê de Transportes da Academia Nacional de Engenharia (ANE) O Brasil possui um sistema arcaico de infraestrutura logística, um título nada honroso. Para fazer jus ao crescimento de sua indústria e condição de potência no mercado de petróleo e gás, o País terá que reformular toda sua cadeia logística. O engenheiro civil Paulo Augusto Vivacqua faz avaliações sobre este cenário e indica alternativas para renovação do modelo logístico nacional.
Macaé Offshore: A indústria no Brasil como um todo, especialmente a de petróleo e gás, tem se desenvolvido de forma significativa e impulsionado investimentos para segmentos correlacionados, como o de infraestrutura e de logística. Qual sua avaliação sobre o atual sistema logístico brasileiro? Paulo Vivacqua – Em geral, toda a infraestrutura logística nacional, inclusive a de petróleo e gás, está muito aquém das necessidades do País hoje. Essa não é apenas uma questão de falta de investimentos, mas sim de um plano logístico integrado. É preciso implementar um projeto que contemple de forma racional os vários módulos de transporte. Nosso sistema atual é principalmente rodoviário, não havendo uma complementaridade entre as malhas ferroviárias, rodoviárias e hidroviárias. Isso se reflete na indústria de petróleo e gás, que precisa de soluções eficazes para o transporte de máquinas, insumos, pessoas e equipamentos.
MO: Quais as dificuldades para o desenvolvimento desse plano logístico? PV – A política de transporte global do País é feita em nome de grupos de interesse. Falta vontade política para produzir um plano adequado e então sim canalizar e direcionar adequadamente os investimentos, tanto públicos, quanto privados. O discurso e a ação políticos estão completamente dissociados.
MO: Governos de alguns estados têm anunciado investimentos nos setores portuário e naval. Como enxerga essas iniciativas? PV – Os investimentos previstos são ações pontuais, o que não quer dizer que não sejam importantes. Porém são ações localizadas para resolver problemas de vários pontos do País. Existem portos em todas as cidades litorâneas e, mesmo assim, a comunicação entre elas é feita principalmente pela rodovia BR-101. Esse é um grande gargalo, uma vez que 80% da população está na costa. Provavelmente esse é o maior mercado potencial para navegação costeira do mundo. 12 MACAÉ OFFSHORE
MO: Quais são as alternativas para desenvolver este potencial? PV – O transporte entre as cidades costeiras deveria ser predominantemente por navegação de cabotagem. Estamos falando de uma faixa litorânea cujo comprimento se situa entre sete e oito mil quilômetros. As cidades costeiras, através de seus prefeitos, deveriam se unir num movimento nacional para criar uma legislação eficaz que leve ao desenvolvimento da cabotagem e à atração do investimento privado para elas. Além disso, deveria ser empreendida uma melhoria consistente nas condições dos portos, para torná-los altamente favoráveis à navegação, em termos de velocidade de operações, tarifas, dentre outras facilidades.
MO: Uma pesquisa realizada no setor logístico aponta que a maior dificuldade para encontrar profissionais no setor é a falta de qualificação, num índice de 24%. A que fatores atribui esta deficiência? PV – A logística, de uma forma mais ampla e racional, foi
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MO: Os estados de São Paulo e Espírito Santo irão receber uma significativa remessa de investimentos oriundos do pré-sal. Diante das futuras demandas, como avalia as ações que a iniciativa privada e o governo estão preparando para atender a este novo cenário? PV – Nesses dois estados, os
É preciso implementar um projeto que contemple de forma racional os vários módulos de transporte.
MO: As políticas ambientais estão sendo aperfeiçoadas e se tornando cada vez rígidas. Na prática, a fiscalização das obras tem atendido a tais requisitos? PV – Sim, hoje quando se vai projetar uma nova obra, como uma rodovia, há de se ter uma série de cuidados, e o licenciamento ambiental é bastante rigoroso. Uma vez cumpridos os requisitos da legislação ambiental, atualmente parte integrante de qualquer projeto, não existem impedimentos à obra, seja ela rodoviária ou ferroviária.
MO: Podemos dizer que o início da exploração e produção na camada de pré-sal irá exigir uma mudança nas políticas ambientais? PV – O pré-sal é um detalhe dentro da grande e diversificada economia do Brasil, de importância inflada pela retórica
investimentos direcionados pelo poder público e privado estão sendo adequadamente aplicados, além de possuírem um programa logístico satisfatório, seriamente trabalhado. Em termos de planejamento e condução, acredito que as ações de incentivo têm sido positivas. Entretanto, a cidade de Vitória deverá se preparar urbanisticamente melhor e de forma rápida porque ela está ficando estrangulada por excesso de trânsito e tráfego, provocado pela migração de pessoas atraídas pelas atividades em desenvolvimento.
”
MO: Dessa maneira, quais ações devem ser implementadas pelos demais estados a fim de resolver suas deficiências? PV – Tudo depende da qualidade da administração pública nos municípios e presumo que estejam preparados para identificar e sanar suas necessidades. As riquezas minerais são esgotáveis e o melhor a fazer é conciliar sua exploração com a aplicação de seus dividendos em ações destinadas à educação, desfavelização, saneamento, infraestrutura produtiva, dentre outras, e não em assistencialismo ou obras eleitoreiras. Esses recursos deveriam ser aplicados de forma transparente, sob o olhar crítico da sociedade local, neutralizando-se o inevitável assédio da corrupção.
Entrevista
esquecida nos currículos porque o Brasil era um país que considerava esta atividade baseada tão somente em transporte rodoviário. A predominância quase absoluta das rodovias gerou este quadro de carência profissional. De que adiantava a formação de engenheiros em portos se quase não existiam obras portuárias, se o setor estava quase estagnado? Ou em ferrovias se não existe expansão ferroviária? Logística é uma questão de engenharia e tecnologia aplicadas ao transporte e seu desenvolvimento requer a existência de engenheiros de transporte com formação em sentido amplo.
política. Em termos globais, o consumo de petróleo teria que diminuir muitíssimo nas próximas duas a três décadas para o bem da humanidade. Temos todos que pensar, duramente, em reduzir o consumo de combustível fóssil que está rapidamente transformando para pior a biosfera como a conhecemos. Portanto, sob o ângulo ambiental, toda esta euforia que se infla em torno do pré-sal soa ambígua e interesseira. Mas voltando ao transporte, uma política ambiental e energética racional deveria enfatizar grandemente o uso de hidrovias ou ferrovias, que podem, em parte, ser eletrificadas utilizando energia hidrelétrica. Isso reduziria muito as emissões de dióxido de carbono, considerado o maior problema ambiental do sistema de transportes. Uma questão central do planejamento dos transportes deveria ser sua associação com o planejamento energético e ambiental do país.
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Interview
Interview
Paulo Augusto
Vivacqua President of Mercosul’s Center-East and Atlantic Corridors, VP of Technological Issues and President of the Transport Committee of the National Engineering Academy (ANE) Brazil’s logistic infrastructure is archaic, and surely the country should not be proud of it. To support industrial development and the status of major player in the oil and gas market, Brazil should renew its entire logistic chain. Paulo Augusto Vivacqua is an engineer and, in this interview, he evaluates such scenario and proposes alternatives for renewing our national logistic system.
Macaé Offshore: In Brazil, industry as whole, and especially the oil and gas area, is going through many significant developments, which provided investment to related sectors, such as the infrastructure and logistics area. How do you see the national logistics system, today? Paulo Vivácqua – In general, the entire logistics infrastructure in Brazil, including in the oil and gas industry, is far behind from the country’s needs. This is not only 14 MACAÉ OFFSHORE
due to the lack of investments, but to the lack of an integrated logistics plan. We must design a project which rationally comprises the various transport modes. Today, our system is mainly road-based; rail, road, and water transport lines are not complementary. Such situation generates impacts in the oil and gas industry, which demands effective solutions for the transport of machines, inputs, personnel and equipment.
MO: What are the main barriers to build up such logistics plan? PV – Brazil’s global transport policy is made on behalf of few interest groups. There is no political will to design an adequate plan and then properly stimulate and spread public and private investments. Political speech and political action are completely dissociated.
MO: Some State Governments announced investments in the port and naval sectors. How do you see such initiatives? PV – The expected investments are singular actions; which do not mean that such actions are not important. But these are local actions to solve punctual problems in many distinct parts of Brazil. There is a port in every coastal city but, even so, the connection between such cities is mainly made by BR-101 highway. This is a considerable transport bottleneck, as 80% of the Brazilian population lives in the coastal area. Probably this is the major potential market for coastal navigation in the world.
MO: What are the alternative choices to develop such potential? PV – Transport between coastal cities should be predominantly made by coasting trade. We are talking about a coastal line with a length of 7,000 to 8,000 km (4,350 to 4,970 miles). Coastal cities, through their mayors, should unite in a nationwide movement to create an effective legislation that would develop coasting trade and attract private investment to such cities. Besides this, Brazilian ports need consistent improvement, in order to make it highly favorable to navigation in terms of faster operations, lower tariffs, and other facilities.
MO: A research about the logistic sector pointed out that the major barriers to find workers for the area is the lack of professional qualification, which reaches an index of 24%. What are the reasons for such deficiency? PV – Logistics, in a wider and
“
PV – Pre-salt oil exploitation is one aspect of the strong and dynamic Brazilian economy. Its importance is exaggerated by the political rhetoric. In global terms, for the humanities sake, oil consumption should decrease dramatically during the next two or three decades. We all must really think in how to reduce fossil fuel consumption, which is degrading biosphere as we know it. So, in environmental terms, all the excitement regarding the pre-salt seems ambiguous and self-seeking. But, back to transport, a rational environmental and energetic policy should highly encourage the use of water and rail transport modes, which may, in part, be powered by hydroelectric energy. This model would decrease carbon dioxide emissions, if we consider the main environmental issues concerning the transport system. A key issue for transport planning should be its connection with the country’s environmental and energetic planning.
more rational way, had been neglected in professional formation because Brazil used to consider such activity only in terms of road transport. An almost absolute predominance of roads generated this scenario of deficiency in the formation of logistics professionals. Why would we form port engineers if the country barely had construction works related to ports, if such sector was almost stagnant? Or in rails, if there is not railroad expansion? Logistics is an engineering and technology subject applied to transport; the development of logistics demand transport engineers with a broad formation.
MO: Environmental policies are being improved and becoming more and more rigid. Is the investigation of engineering works in accordance with such requirements? PV – Yes. Today, when a new project, such as a road, is being planned, there are a number of rules the project must comply with, and the environmental licensing is very rigorous. Once the environmental legislation requirements that today are part of every project have been complied with, there are no further legal barriers for a construction work, being it a highway or a railroad.
MO: So, can we say that when pre-salt exploitation and production begins, such event will demand changes in environmental policies?
”
MO: The pre-salt will attract significant investments to the States of São Paulo and Espírito Santo. As for future demands, how do you see governmental and private initiatives regarding this new scenario? PV – In both States, public and
private funding are being correctly invested; besides, both States have a serious and well-designed logistic program. In terms of planning and implementation, I believe that such actions are positive. However, the city of Vitória must promptly conduct an urban development plan to be better prepared for the increase of traffic in course, caused by the migration of individuals attracted by the activities being developed in the area.
MO: What measures should be implemented by other States in order to solve their deficiencies? PV – It all depends on a fair local administration, which must be prepared to recognize and address the city’s needs. Mineral resources are exhaustible, so it is better to combine its exploitation with investments in actions to improve education, dwelling conditions, sanitation, and production infrastructure, among others, instead of wasting money in assistentialism or in construction works that would only satisfy political goals. This funding should be invested in an open way, under the supervision of the local society in order to prevent corruption.
Interview
We must design a project which rationally comprises the various transport modes.
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Evento
Evento
A liga para o
fomento tecnológico Evento especializado reúne estudantes e empresários do segmento de Corte, Soldagem e Inspeção interessados no desenvolvimento do setor e em novas oportunidades. Atualmente, só no Estado do Rio de Janeiro, a carência de pessoal qualificado no setor chega a dez mil
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ntre os dias 30 de setembro e 2 de outubro, o Centro de Tecnologia do Senai Solda (CTS Solda), com o apoio do Sistema Firjan, promoveu a 12ª edição da Exposol Rio 2009. O objetivo é divulgar os avanços tecnológicos e fomentar conhecimento por meio de atividades tais como conferências e sessões técnicas, visando à formação e participação massiva de profissionais do setor, empresas e estudantes. O evento foi realizado no prédio do CTS Solda, na capital do Rio de Janeiro. “A Exposol nasceu de uma iniciativa conjunta do Sistema Firjan, CTS Solda e da indústria que trabalha nessa área com a finalidade de disseminar conhecimento e tecnologia, além de preparar e incentivar pessoas a participar dessa área de conhecimento”, definiu o gerente do Centro de Tecnologia do Senai Solda, Marcos Pereira. Segundo ele, a demanda deste mercado vem crescendo, especialmente desde 2000, fato este acelerado pelas políticas de incentivo à indústria nacional implementadas pelo governo federal. “Ao longo das edições da Exposol, foi realizado um trabalho sólido que nos forneceu bases para que evoluíssemos de patamar. Atuamos de forma que a indústria possa absorver as tecnologias maduras que são utilizadas em grande escala no Brasil e no exterior, estimulando, assim, o crescimento tecnológico nacional”, explica Marcos. A união de materiais é um setor crítico e estratégico para as econo-
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mias de todos os países, revela o gerente. “A Exposol está contribuindo para esse desenvolvimento”, complementa. Na cerimônia de abertura do evento, compuseram a mesa o gerente do Centro de Tecnologia Senai Solda, Marcos Pereira, o gerente de Tecnologia e Meio Ambiente da Firjan, Fabiano Gallindo, o engenheiro de Materiais, Equipamento e Corrosão do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), Marcelo Torres Piza, e o presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes. Todos ressaltaram a importância da iniciativa e da necessidade de investimentos no setor frente às necessidades atuais e às futuras demandas de mercado. As atividades programadas incluíram conferências, sessões plenárias e técnicas, minicursos dos patrocinadores e técnicos, uma feira - para a qual foram oferecidos estandes às empresas participantes - e o VI Torneio Exposol Rio de Soldadores. Os assuntos abordados durante as atividades da Conferência estiveram relacionados com as principais necessidades do setor, escolhidos após avaliação do mercado nacional e das opiniões de especialistas e de empresas, somados às indicações feitas pelas comunidades internacionais. Profissionais da Petrobrás, do Cenpes, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e das Universidades Federal Fluminense (UFF) e Federal de Uberlândia foram alguns dos palestrantes das conferências. Para o futuro, o CTS Solda enxerga grandes perspectivas, e a Exposol é um dos caminhos. Da estimativa divulgada pelo Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) sobre a necessidade de qualificação profissional para atuar no segmento de óleo e gás nos próximos cinco anos - um total de 285 mil - o gerente da CTS Solda acredita que um montante próximo à metade pertence ao setor de Corte, Soldagem e Inspeção. “Se somarmos todos os empreendimentos no Brasil que necessitam, de algum modo, de profissionais relacionados à soldagem, inspeção e áreas afins, incluindo nesse grupo os diversos profissionais que compõem a equipe de trabalho, como inspetor e gerente de soldagem, podemos dizer que, num contexto geral, certamente precisaremos de um contingente significativo de novos profissionais”, concluiu Marcos.
The technological development league
Cut, Welding and Inspection field students and businessmen get together in a specialized event to address the sector development and new opportunities. The lack of qualified personnel in the sector is currently of 10,000 professionals in the State of Rio de Janeiro only
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he 12th Exposol Rio was promoted from September 30 to October 2, 2009 by CTS Solda (Senai Welding Technology Center), sponsored by Firjan System. The exhibition disclosed the technological advances and promoted knowledge by means of activities such as conferences and technical sessions, intended to the training and massive participation of the sector professionals, companies and students. The event was held in the CTS Solda building, in the city of Rio de Janeiro. “Exposol is a joint initiative of the Firjan System, CTS Solda and the industry working in the area to distribute knowledge and technology, as well as to prepare and encourage people to participate in it”, said Marcos Pereira, Manager of CTS Solda. According to him, the market demand has been growing since 2000, overall, due to the incentive policies implemented by the Brazilian Government to the national industry. “A strong work has been carried out since the 1st Exposol, which grounded our evolvement. Our effort is for the industry to absorb the state-of-art technologies broadly used in Brazil and abroad, fostering the technological growth in Brazil”, says Pereira. He reveals that joining materials is critical and strategic to all economies. “And Exposol supports such development”, adds Pereira. The main table at the event opening ceremony was featured by Marcos Pereira, as CTS Manager; Fabiano Gallindo, Firjan Technology & Environment Manager; Marcelo Torres Piza, Cenpes (Research and Development Center) Materials, Equipment & Corrosion Engi-
Event
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neer; and by Marcelino Guedes, Abreu e Lima Refinery President. They all emphasized the importance of the initiative and the need of investments to the sector to cover the market’s current and future demands. The event included conferences, plenary and technical sessions, short courses by sponsors and technicians, and a fair with the participant companies – not mentioning the 6th Exposol Rio Welders Championship. The subjects addressed during the Conference relate to the sector main needs, chosen after consultation to the Brazilian market and to specialists and companies, together with the suggestions by the international communities. The conferences hosts featured professionals from Petrobrás, Cenpes, Finep (Studies and Projects Sponsor) and from the Federal Universities of the State of Rio de Janeiro (UFF) and of Uberlândia. CTS Solda has great perspectives to the future, and Exposol is one way through. Based on the estimate published by the Prominp (Oil & Gas Brazilian Industry Mobilization Program) on the professional qualification demand to perform in the oil & gas field for the next five years – a total of 285,000 – Pereira believes that nearly half of it refers to the Cut, Welding and Inspection sector. “Considering all projects in Brazil requiring welding, inspection and similar professionals, as well as the other ones composing the work staff, such as welding inspector and manager, one can say that a significant number of new professionals is in demand”, says the CTS Manager.
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Matéria de Capa
Matéria de Capa
Incógnita
do Pré-sal
Que Brasil desejamos ter? Que País vamos construir?
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O mesmo movimento está ocorrendo no Brasil devido à expectativa da pujança de petróleo e gás (P&G) no pré-sal, sobre o qual o governo decidiu pelo controle e domínio destas jazidas e propôs um marco regulatório e diretrizes do novo ciclo de exploração e produção, nas quais está prevista a proposta de criação de uma empresa para administrar a reserva - a Petro-Sal - e que, adicionalmente, atribui à Petrobrás e ao BNDES papéis relevantes, como protagonistas institucionais de proeminente expressão. A proposta do novo marco, colocada em debate, privilegia o controle e o ordenamento gradual do desenvolvimento da indústria, dos recursos humanos, das pesquisas, da tecnologia e da engenharia nacionais, para compor um verdadeiro projeto de desenvolvimento para o País.
consórcios com empresas privadas, podendo atingir 100% se for operadora exclusiva por concessão da União ou, se como concorrente, disputar e ganhar sozinha. A União decidirá, à luz de questões técnicas ou estratégicas, se oferece determinada área de uma ou outra maneira. Na realidade, o pré-sal é dádiva da natureza que abre uma vitrine de amplas oportunidades para o Brasil. Sem o pré-sal, hoje tem assegurado pelos próximos 18 anos o suprimento de P&G das reservas provadas. Agora, diante de estimativa preliminar de adicionais dezenas de bilhões de barris de reservas do pré-sal, é possível antever-se um ciclo virtuoso de crescimento sustentado, dando condições para o Brasil alcançar um novo patamar de progresso, em especial, de avanços nos campos científico, tecnológico, industrial e ambiental. Um vigoroso crescimento socioeconômico poderá ser estabelecido com os recursos financeiros produzidos pelas várias cadeias industriais e, ainda mais, se estiverem comprometidas com a transformação
Criação da empresa Petro-Sal Se realmente inevitável, deverá constituir-se privilegiando a competência técnica, transcendendo aspectos político-partidários e estritamente voltada para cumprir Política de Estado, visando ao aludido Projeto de Desenvolvimento para o Brasil. O regime de “concessões” vigente para exploração, no qual as empresas podem dispor de 100% do petróleo por elas extraído de acordo com seus únicos e respectivos interesses, não será adotado nesse caso. Em seu lugar, será utilizado o regime de “partilha” dos frutos da produção, no qual a União, dona das reservas, será a proprietária de boa parte do óleo extraído. Dessa maneira, a gestão das áreas cedidas no regime de partilha será controlada e regulada para atender aos reais interesses do País, e o ritmo da exploração, da mesma forma controlado, será direcionado, em primeiro lugar, para atender ao mercado interno com ganhos estratégicos pela garantia do suprimento do mercado externo se em excedente. Está prevista a capitalização da Petrobrás que será a operadora exclusiva dos campos, sempre com participação mínima de 30% nos
Paulo Bancovsky, presidente da ANE Paulo Bancovsky, President of ANE
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ma das necessidades vitais das modernas sociedades, no atual século, é a posse ou o acesso a fontes seguras e confiáveis de suprimento de energia, pois elas podem definir o futuro e garantir o desenvolvimento dos Estados soberanos. Projetos nacionais de longa maturação precisam da segurança do suprimento e não de flutuações e instabilidades importadas. Nesta conjuntura, as jazidas de petróleo e gás têm alto significado e real importância estratégica, razão pela qual se observa um movimento no sentido do resgate do controle e domínio dos estados nacionais sobre elas. Hoje, cerca de 80% das reservas mundiais pertencem aos estados.
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Matéria de Capa Capa local do ouro negro em combustíveis e num leque de produtos de outros derivados de elevado valor agregado. Além do mercado interno, podem-se antever exportações, por exemplo, de produtos petroquímicos e da química fina, de outros produtos de valor agregado e do parque industrial. Este processo resultará no surgimento de milhares de postos de trabalho e na forte demanda de recursos humanos qualificados, portanto, deverá provocar uma verdadeira revolução educacional sem precedentes. Note-se o crescente envolvimento atual das universidades e dos centros de pesquisas neste esforço e ressalte-se, por oportuno, a existência de 37 redes tecnológicas criadas pela Petrobrás que, hoje, já trabalham em alta sinergia com ela.
O acompanhamento desses fatores deverá orientar o volume da extração ao longo do tempo, no sentido de maximizar os benefícios financeiros para o País. A velocidade da exploração deve inclusive permitir que a capacidade industrial nacional a acompanhe, maximizando sua participação no processo. O açodamento na exploração e exportação de gigantescos volumes, no curto prazo, podem significar desnacionalização e perda de receitas, pela sobrevalorização do real, inviabilizando a exportação dos demais setores fora do ramo petróleo, causando a “doença holandesa”. Fica claro que os produtos desta grandiosa empreitada serão ordenados segundo prevalência de fatores estratégicos e táticas que correlacionam as duas vertentes.
Defesa do patrimônio
Fundo Social
Dentre as preocupações da vertente externa, avulta, ainda, a questão da segurança e defesa de nossos interesses face aos possíveis conflitos com atores estatais ou ameaças por atores não estatais. Na eventualidade, as prontas “respostas” do Brasil exigirão desde medidas diplomáticas cautelares até as de dissuasão às tentativas de apropriação das nossas riquezas e, ainda, se questionado sobre a soberania nacional na extensão da plataforma continental, ou seja, na ZEE, nos limites da Amazônia Azul. A esse respeito, seria conveniente que parte do fundo a ser criado fosse destinado à pesquisa e desenvolvimento experimental na área da defesa.
A proposta do governo prevê a criação, em boa hora, de um Fundo Social cujos recursos advirão dos resultados obtidos pela comercialização do óleo, impostos, taxas e rendas. Os investimentos deste fundo serão destinados ao combate à pobreza e ao desenvolvimento da educação, da cultura, da sustentabilidade ambiental e da inovação científica e tecnológica. Bem aplicados, esses recursos poderão causar extraordinários impactos positivos nas áreas contempladas.
Os sinais de tempos difíceis podem ser percebidos já no presente, na intensa movimentação dos interesses estrangeiros e de seus representantes ou porta-vozes na tentativa de obstar qualquer tentativa da União de fazer valer seus direitos constitucionais de como dispor das reservas dessa nova província petrolífera, que pertence à nação.
Neste contexto, destacam-se duas grandes vertentes: interna e externa. Interna - conduzida pelo governo e em discussão pela sociedade, conforme descrito acima. Externa - nitidamente complementar e que diz respeito ao monitoramento das alterações da dinâmica da demanda mundial de P&G e seus derivados (mapa da produção x consumo), com as perspectivas do uso de fontes alternativas de energia (cuja importância será crescente na matriz energética mundial) e com as possíveis interferências na intensidade da extração comercial de P&G para exportações devidas à conjuntura em determinadas ocasiões. Esta ainda, com as repercussões da progressão da descarbonificação da Matriz Energética Mundial, associada ao rol das exigências internacionais de redução de poluentes.
É neste contexto amplo que a União propõe a mudança da lei vigente, pois houve um fato novo e relevante: a grandiosidade das descobertas do pré-sal, que a obriga a rever o dispositivo legal. Este foi elaborado há doze anos para uma perspectiva de busca de difíceis descobertas e de escassez de oferta interna de óleo e gás, jamais pensando nos volumes e qualidade anunciadas para o pré-sal. Na década passada, a questão era da gestão da escassez, que levara os legisladores a optar por abrir o território mediante uma Lei regulando o monopólio da União, que havia permanecido na Constituição.
Maurício M. Alvarenga, acadêmico da ANE Maurício M. Alvarenga, Academic of ANE
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Matéria de Capa No presente, o interesse nacional clama pela gestão da fartura em prol do desenvolvimento e soberania nacionais, tendo como eixo o petróleo e gás fartos do pré-sal, uma outra e promissora realidade. Como anteriormente citado, o suprimento confiável de energia tem preço intrínseco, o que dá ao petróleo e gás de reservas superavitárias um valor agregado muito maior do que o comercializado na prevalência das ofertas e procuras. Por isso, o regime da partilha dá direito à União de auferir ganhos especiais na garantia de venda de suas participações, sendo que contra isso se insurgem os interesses estrangeiros que têm empresas privadas naturalmente prontas para explorar em seu proveito o óleo e o gás do Brasil. A busca de segurança no suprimento de energia por parte de nações hegemônicas pode resultar em pressões ou ações militares. É pelo direito de explorar livremente jazidas de petróleo e gás que se fazem até guerras, como a do Iraque, demonstrando de forma inequívoca a tese do valor estratégico, extracomercial do óleo. No estágio atual das informações divulgadas, as jazidas de P&G no pré-sal estão preliminar e cautelosamente estimadas, sendo requerida a gradual confirmação do potencial das bacias em toda a extensão da costa brasileira envolvida. Os projetos de avaliação e de exploração exigirão tempo, meios e recursos de custeio e elevados investimentos de produção. Como se pode prever serão perfeitamente assimilados pela Petrobrás.
José Fantine, acadêmico da ANE José Fantine, Academic of ANE
Note-se que certos atores indicam que a demanda de recursos financeiros para a exploração e extração de toda a bacia do pré-sal atingirá cifra superior a US$ 600 bilhões. Mesmo que isso seja real, não deve ser motivo de preocupação, porque este dispêndio será consumido ao longo de 30 anos. Além disso, a situação é tranquila se levada em consideração que na indústria do P&G os investimentos realizados entre os cinco a dez primeiros anos garantem a geração dos necessários recursos financeiros para os investimentos nos subsequentes 20 a 25 anos. Portanto, a alegação de falta de recursos não se sustenta.
Em pauta, os desafios tecnológicos Entre os muitos e complexos desafios tecnológicos e industriais de pré-sal, estão o desenvolvimento e implantação progressiva de toda uma infraestrutura: o conhecimento da geografia marítima e das estruturas geológicas, o comportamento sazonal do oceano e os fenômenos provocados pelas elevadas profundidades, a localização e os limites ou ligações entre bacias e todos os demais problemas de extração comercial e de logística. Este monumental esforço requer formação, capacitação e treinamento de consideráveis contingentes de RHs, P&D, serviços de engenharia, fornecimento de insumos, de materiais, plataformas, sondas, componentes e equipamentos de exploração, perfuração e produção, navios, equipamentos de movimentação e transporte de cargas, armazéns, tanques, dutovias, portos, retroportos, terminais, proteção do meio ambiente, SMS, seguros, securitizações e outras ações e serviços especializados. Em que pesem essas formidáveis demandas, deve-se afirmar sem erro que já está comprovada a capacitação da indústria nacional, a ser ampliada, e da Petrobrás, assim como das universidades, que juntas têm vencido semelhantes obstáculos que tiveram de enfrentar no início na década de 70 com a descoberta do campo de Garoupa, na Bacia de Campos, fazendo com que o Brasil, daí em diante, se tornasse reconhecidamente líder mundial em exploração em águas profundas.
Waldimir Pirro e Longo, acadêmico da ANE Waldimir Pirro e Longo, Academic of ANE
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A Petrobrás desenvolve continuadamente novos conhecimentos. Demonstra pleno vigor e competência no que faz e apresenta índices inquestionáveis de sucesso, sendo correta sua posição de operadora do pré-sal consoante os legítimos interesses do Brasil. Tal assertiva não impede que a Petrobrás, quando necessário, celebre consórcios, terceirize, su-
por parte do governo e da Petrobrás, reservando-lhes, sempre que possível, posição de contratado principal - main contractor - ao contrário de serem simples subcontratadas de empresas estrangeiras.
Pode-se afirmar que a solução para a exploração comercial do pré-sal depende fundamentalmente de competência em engenharia. É a engenharia que transforma conhecimentos em bens e serviços que atendem às necessidades da sociedade. Em consequência, as empresas nacionais de engenharia deverão receber atenção e tratamento prioritário
Esta matéria tem a contribuição pessoal de quatro Engenheiros, Membros Titulares da Academia Nacional de Engenharia (ANE): Acad. José Fantine, Acad. Maurício Medeiros de Alvarenga, Acad. Waldimir Pirro e Longo e do Acad. Paulo Bancovsky ( Presidente da ANE e que assina o artigo). Este texto não expressa a opinião da ANE e nem tem a pretensão de esgotar tão complexa matéria. Expõe pontos de vista e inscreve-se no Fórum do Pré-sal. www.ane.brasil@skydome.com.br.
A Academia Nacional de Engenharia-ANE, fundada em dia 21 de abril de 1991, é uma ONG de direito privado sem finalidade lucrativa. Na forma do seu Estatuto, constitui-se em fôro permanente de discussões e tomadas de posição sobre Temas de Engenharia e do Desenvolvimento do Brasil. A estratégica questão do Pré-sal inicia-se com artigos assinados por Acadêmicos e respeitados convidados. A ANE estimula e deseja a apresentação de idéias, conceitos e opiniões assinadas, que enriqueçam o Fórum do Présal, instalado no protótipo da. Rede Inteligente de Relacionamentos em Engenharia – RIENG - menú Fóruns, com acesso por www.rieng.org.br . O relacionamento iniciase com os procedimentos de cadastro, registro e aceitação dos Termos de Segurança e Privacidade, seguidos de recebimento de login e senha exclusivos e confidenciais.
Matéria de Capa
bestabeleça parte de contratos e opere sob outras formas de parcerias e “jointventures”. Prevalecerá, no entanto, íntegro o pleno controle da produção destinada às exportações após atender à demanda interna.
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Report of Cover
Report of Cover
Pre-salt
unknown future I n the 21st Century, the access to safe and reliable energy sources is a vital need of modern society, for such sources may define the future of, and provide development to, souverain States. Long term national projects must rely on domestic energy sources, instead of depending on unstable foreign suppliers. In such scenario, oil and gas reservoirs play a critical and strategic role; thus, there is a global tendency of National States to regain control and possession over such reservoirs. Today, some 80% of the world’s reserves belong to the States.
Brazil is part of such tendency, due to the expected huge oil and gas reserves in the pre-salt layer. The Brazilian government decided to hold control and possession over such reservoirs and proposed a new development model and new guidelines for such exploration and production cycle, which include creating a new company to manage such reserves, called Petro-Sal, and providing Petrobras and BNDES with key institutional roles. Such development model and guidelines, which have been put into debate, propose controlling and gradually organizing the development of national industry, human resources, research, technology, and engineering, to compose a real development project to Brazil.
Creation of Petro-Sal
If the incorporation proves itself really inevitable, Petro-Sal must privilege technical knowledge, regardless of any political aspects, and strictly comply with the State Policy, subject to the Brazilian Development Project. The current concession system, in which companies may use 100% of extracted oil, at its sole interests, will not be adopted in this case. This time, the production sharing system will be adopted; in such system, the Brazilian Government, owner of the reserves, will hold a significant share of produced oil. Thus, the management of oil blocks under the production sharing system would be controlled and regulated by the government, in order to address the country’s interests, and the pace of exploration, also controlled, shall be driven to, in first place, supply Brazil’s domestic market, providing the strategic benefits from guaranteed supply, and then supply foreign markets.
Petrobras will be the oil fields operator, and will receive a minimum participation of 30%, in consortia with private companies, that may reach 100% if the Brazilian company is the exclusive operator by Federal Government concession, or if, as a bidder, Petrobras win alone a Bid process. The Federal Government will decide, in accordance with technical and strategic issues, in which way production contracts for each area will be offered. In fact, oil and gas reserves in the pre-salt layer are a gift from nature that will provide a number of opportunities to Brazil. Today, excluding pre-salt reserves, Brazil’s proven reserves would supply the country with oil and gas for 18 years. Now, considering the preliminary estimation of adding billions of barrels from the pre-salt production, it is possible to see a virtuous cycle of sustainable growth, which may allow Brazil to reach an unprecedented level of progress, mainly in the scientific, technologic, industrial, and environmental fields. Financial resources arising from multiple industrial chains may support vigorous social and economic growth in the country, mainly if there is a commitment to transform the Brazilian black gold in fuel and in a number of derivative products with high aggregated value. Apart from the domestic market, we can expect, for instance, exports of petrochemicals and fine chemicals products, and other products with high aggregated value from our industrial park. Such process will open thousands of jobs and a strong demand for qualified workers, so, it would promote an unprecedented educational revolution. The increasing involvement of universities and research centers in such effort is noticeable, and we must remember that Petrobras has 37 technological nets, with, today, work in high synergy with the company.
Social Fund
The government proposal includes the opportune creation of a Social Fund with funding deriving from oil commercialization, taxes, tariffs, and incomes. The Social Fund investments will be destined to fight poverty and develop education, culture, environmental sustainability, and scientific and technologic innovation. Used wisely, such funding may lead to extraordinarily positive impacts in such fields.
In what kind of country do we want to live? Which is the Brazil we are going to build? 24 MACAÉ OFFSHORE
In such scenario, there are two main strands: Internal – lead by the government and discussed with the society, as described above. External – clearly complementary, related to monitoring changes in the worldwide demand for hydrocarbons and derivatives, (production x consumption map), perspectives for alternative energy sources use (with increasing importance in the global energy grid), and fluctuation in oil and gas commercial extraction volumes for export due to possible changes economic settings in different periods. Also, there are the consequences of the reduction of hydrocarbon-based energy sources in the Global Energy Grid, and international requirements for the reduction of pollutants. The government must be aware of such factors to control the extraction volume through time, in order to increase the country’s financial benefits. The pace of exploration must allow the national industrial capacity to keep up with it, maximizing its part in the process. The rush to explore and export huge volumes of oil and gas in the short may lead to denationalization and loss of receipt due to Real overpricing, which might turn petroleum-unrelated sectors exports unviable, causing the “Dutch disease”. It is clear that the products deriving from such a significant effort will be organized in accordance with the prevalence of strategic factors and tactics that connect both the internal and external strands.
Property Defense
Among the external strand concerns, there are, still, issues regarding our interests safety and defense, that may confronted by public or private players. In such a case, Brazil’s prompt “response” will require from diplomatic actions to dissuasion measures to prevent attempts of incorporating our resources, and, still, if the country is questioned about national sovereignty over the extension of the continental shelf, i.e., the EEZ, within the limits of the Blue Amazon. Regarding this, it
would be convenient if part of this new fund be destined to research and experimental development in the defense area. The signs of hard times may be seen in the present, in a number of actions made by representatives or spokespersons of foreign countries, who try to prevent the Brazilian Government from adopting measures to guarantee our constitutional right of exploring the reserves in such petroleum province, which belongs to our nation. This wide context led the Brazilian Government to propose changes in the legislation in force, for there is a new and relevant fact: the huge oil discovers in the pre-salt layer, which demand that the country changes previous statutory provisions. Such provisions had been elaborated 12 years ago, with the perspective of difficult findings and lack of domestic offer for the oil and gas sector; it was impossible, then, to predict the huge oil volumes and the high quality oil found in the pre-salt layer. In the past decade, the main concern, in Brazil, was to manage scarce resources, which lead framers to open the territory for oil exploitation, in accordance with the Law that regulates Brazil’s monopoly, still in force in the Constitution. Today, national interests demand the management of abundant resources aiming at national development and sovereignty, with regards to the abundant hydrocarbon reserves in the pre-salt area, in a distinct and promising reality. As said before, a trustable energy source has an intrinsic price, which provides oil and gas profitable reserves with a considerably higher aggregated value when compared to the same product commercialized within the prevalence of supplies and demands. Thus, the production sharing system gives the Federal Government the right to have special profits when warranting the sales of its shares, and it is against such system that foreign players, with private companies
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Report of Cover
Report of Cover intending to explore the Brazilian oil and gas for their own benefit, are fighting. The struggle of hegemonic nations for safe energy supplies can lead to pressure or military actions. War is made for the right to freely explore oil and gas reservoirs, as in Iraq, which undoubtedly support the thesis of petroleum’s strategic, extra commercial value. In accordance with information available today, oil and gas reservoirs in the pre-salt layer are being preliminarily and carefully estimated, and it is necessary to gradually confirm the field’s potential within the whole extension of the pre-salt area. Assessment and exploration projects will require time, means and resources to support high production investments that, according to expectations, will be competently assimilated by Petrobras. It is worth mentioning that some key actors consider that the financial resources demand for the entire pre-salt basin exploration and extraction will reach over 600 billion dollars. Even if the assumption is true, such amount should not give reason to concern, for the investment would be made during a 30-year period. Besides, if we consider that, in the Oil and Gas industry, the investments made during the first 5-10 years warrant the provision of financial resources for the subsequent 20-25 years, the situation is under control. So, the premise of lack of resources is false.
Technological challenges
Amongst the several and complex technological and industrial challenges the presalt brought, stands out the development and progressive implementation of a whole infrastructure: the knowledge on the maritime geography and geological formations, the sea seasonal characteristics and the high depths phenomena, the location and the limits or connections between basins and all the other commercial extraction and logistics-related is-
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sues. Such huge effort demands the instruction, qualification and training of numerous HR and R&D personnel, as well as engineering services, supply of inputs, materials, platforms, rigs, exploration, drilling and production equipment, ships, cargo handling and transportation equipment, storage, tanks, pipelines, ports, retro ports, terminals, environment protection, HSE, insurance, securitizations, in addition to other actions and services specialized. The qualification of the Brazilian industry, Petrobras, and universities regarding those important demands has already been proved. Together, they faced and overcome similar challenges in the 70’s, upon the Garoupa Field discovery in Campos Basin. After that, Brazil has become the absolute world leader in deep water exploration. Petrobras has always been eager to develop and provide new information and data. Its efficiency and capability are landmarks to its performance, providing unquestionable success rates. It is fair to designate the company as the pre-salt operator acting under the Brazilian genuine interests. Such designation does not prevent Petrobras to enter into consortiums, to outsource or partially assign contracts, or to operate under other ways of partnerships and joint-ventures whenever required. However, the full control of the production intended to export after meeting the internal demand will prevail. One can say that the solution to the pre-salt commercial exploration depends mainly on the qualification in Engineering. It turns knowledge into goods and services meeting the society demands. Therefore, the Brazilian Engineering companies are to be prioritized by the Government and Petrobras, being, whenever possible, the main contractors, rather than ordinary subcontractors to foreign companies. This report features the personal contribution by four Engineers, Members of the Brazilian Academy of Engineering (Academia Nacional de Engenharia - ANE): Acad. José Fantine, Acad. Maurício Medeiros de Alvarenga, Acad. Waldimir Pirro e Longo and Acad. Paulo Bancovsky (ANE’s President, the author to the article). This piece does not represent ANE’s opinion nor has the intention to be final to this complex subject. Its purpose is only to disclose perspectives and to register to the Pre-salt Forum. www.ane.brasil@skydome.com.br
The National Engineering Academy-ANE, founded on April 21, 1991, is a private, non profitable NGO. As per its Articles of Incorporation, ANE shall constitute a permanent forum for discussion and position-taking regarding Engeneering Aspects and the development of Brazil. The strategic pre-salt issue begins with articles signed by Academics and renowned guests. ANE stimulates and desires to present ideas, concepts and signed opinions that may contribute to the pre-salt forum, installed at the Rieng – Intelligent Engineering Relationships Net (menu Forums) prototype, available at www.rieng.org.br. The relatioship begins with enrollment and registration procedures, and acceptance of Safety and Privacy Terms, followed by the receipt of exclusive and confidential login and password.
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Plataforma Santos
Plataforma Santos
A nova cara do
“Porto do Brasil” O Porto de Santos sempre foi, continua sendo e certamente ainda será o Porto do Brasil”. Foi com esta afirmação que o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de Santos e também presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), Sérgio Aquino, definiu o porto brasileiro mais famoso. Considerado o maior do País, ele é administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e será submetido a um processo de reestruturação e expansão, cujos investimentos somam pouco mais de R$ 5,2 bilhões, entre recursos privados e públicos. Anualmente, passam pelo Porto de Santos 30% do valor movimentado no comércio exterior pelo Brasil. Sendo assim, o Porto, competitivo em qualquer modalidade operacional portuária, aproxima-se dos seus 28 anos com grandes perspectivas geradas por este projeto de modernização e pela situação estratégica e privilegiada em virtude do aquecimento das atividades de petróleo e gás na Bacia de Santos. “Este novo negócio de petróleo e gás será mais uma atividade em que o Porto de Santos vai demonstrar por que é o maior porto do país”, afirmou o secretário Sérgio Aquino. De acordo com ele, “as atividades ligadas ao petróleo e gás são estratégicas para todos os grandes portos no mundo, e em Santos não pode ser diferente”. A Prefeitura de Santos e a Codesp têm mantido trabalhos conjuntos para definir áreas que sejam destinadas às atividades de apoio, como offshore, ou ainda para estaleiros. O processo de reestruturação e expansão é definido pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP), que aprova estes direcionamentos por meio Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto Organizado de Santos (PDZ). Se por um lado as diretrizes são definidas pelo CAP, a execução é de responsabilidade da Codesp.
Por: Mariana Finamore
Posteriormente às definições presentes no PDZ, o Governo Federal, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), contratou estudos para avaliações das possibilidades e necessidades futuras do comércio exterior brasileiro e do Porto de Santos. Estes estudos têm sido apresentados nas etapas parciais no CAP e deverão ser submetidos em medidas práticas à revisão do PDZ que o Conselho efetuará. “Depois de ter os estudos de viabilidade aprovados pela diretoria, vamos trabalhar na questão técnica dos projetos. Inúmeros fatores terão de ser levados em consideração, desde a engenharia e a parte ambiental, até o impacto nas operações da Base Aérea (localizada às margens do Canal do Estuário e onde funcionará o Aeroporto Metropolitano) para não afetar o espaço aéreo de aterrissagem e decolagem de aeronaves”, explicou o governador José Serra, em entrevista a um jornal local. De acordo com o levantamento do potencial de avanço no Porto de Santos, que está em andamento, pretende-se que a unidade tenha condições de saltar dos atuais 80 milhões de toneladas movimentados, para quase 230 milhões em 2024. Levando em consideração um cenário pessimista, este número ficaria em 130 milhões.
Investimentos e obras Em relação às ações de expansão em curso nas docas santistas, o executivo listou obras como as das avenidas perimetrais, que somam mais de R$ 500 milhões, a dragagem (aprofundamento) e derrocagem do canal portuário, que devem consumir mais de R$ 340 milhões nos próximos anos - investimentos via aportes públicos. Mas existem investimentos pesados planejados pela iniciativa
Destino de investimentos de aproximadamente R$ 5,2 bilhões e de projetos de expansão e melhorias na infraestrutura, o Porto de Santos se prepara para passar por uma grande reformulação nos próximos meses 28 MACAÉ OFFSHORE
Foto: Anderson Bianchi
privada, como o R$ 1,6 bilhão do Brasil Terminal Portuário (BTP), da Europe Terminal, e R$ 1,2 bilhão que devem ser injetados pela Embraport, do Grupo Coimex, entre outros projetos em andamento. A estas ações soma-se o plano do “novo porto” para a região denominada Barnabé Bagres, daí o nome do projeto, hoje objeto de estudo de viabilidade por três grupos. Este projeto é um dos instrumentos do programa de reordenamento e expansão do Porto de Santos, definido pelo CAP e em implantação pela Codesp. “O que teremos de novo será a futu- A reestruturação do Porto de Santos receberá investimentos da ordem de R$ 5,2 bilhões ra implantação do novo Porto Barnabé/ Santos Port development will receive R$ 5.2 billion in investments Bagres com modelos logísticos planejados e modernos”, explicou Sérgio Aquino. De acordo com ele, os fases de operações serão dois mil, considerando entre os atuais terminais portuários do Porto de Santos já utilizam equitrabalhadores avulsos e vinculados. pamentos e procedimentos portuários modernos, nos mesmos Em se tratando do maior porto brasileiro, o prazo para parâmetros mundiais. Entretanto, o novo porto será implantado conclusão de todas essas atividades se torna o menor em região sem nenhuma interferência urbana e isto vai permitir possível. As projeções preliminares indicam que o novo logística mais eficiente, rápida e com menor impacto ambiental, Porto Barnabé/Bagres precisa ter já que reduzirá os transportes terrestres. primeiro terminais para atender aos Os acessos rodoviários de São Pausegmentes de granéis com urgência. lo são fundamentais para a competitiDesta forma, há necessidade de que vidade do Porto de Santos. O sistema os instrumentos de planejamento e rodoviário de acesso ao Porto é excluside licenciamentos ambientais sejam vamente implantado e gerido pelo esacelerados. tado de São Paulo e, segundo informou Sérgio Aquino, mesmo sem participar A primeira parte da reestruturação da administração do Porto, o governo do Porto de Santos, que envolve reestadual tem atuado em seu benefício. ordenamento das atuais áreas, soluO secretário aponta para o expressivo ção para os contratos firmados antes investimento que o poder público está da lei, implantação dos terminais já fazendo na implantação do Rodoanel autorizados e expansões de outros já que vai permitir que as cargas de Sanexistentes, deve ser concluída provatos não mais fiquem paradas na Avevelmente em 2012/13 e posteriornida Bandeirantes e nas marginais da mente terão início algumas obras no cidade de São Paulo. Barnabé/Bagres.
“Este Porto é competitivo em qualquer modalidade operacional portuária. Ele respondeu às necessidades do mercado e tem se mantido competitivo”.
Atualmente, para o projeto Barnabé/Bagres estão sendo realizados estudos de necessidades e possibilidades. Futuramente serão contratadas empresas para outros estudos e projetos. Na contratação das empresas para as obras públicas, haverá licitação. As obras de empresas arrendatárias serão contratadas livremente pelas empresas privadas. Estima-se que na implantação dos novos terminais sejam gerados aproximadamente três mil empregos. Apenas nas
Regras e burocracia atrasam ritmo das iniciativas Para que o desenvolvimento de Santos ocorra de maneira satisfatória, é preciso que certos pontos sejam tratados com maior atenção. O secretário afirma que é necessário rever os princípios do sistema portuário brasileiro conferindo maior agilidade ao processo. “O modelo portuário brasileiro está correto – poder público com infraestrutura e iniciativa privada com operações portuárias – porém o excesso de intervenientes no processo cria lentidão e outros desafios a serem vencidos”, explicou.
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Segundo informações do presidente da CAP, o ministro da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, Pedro Brito, vem implantando avanços na profissionalização das administrações e nos planejamentos portuários. Outro ponto é a apresentação definitiva do plano de expansão do porto, que terá uma proposta de reestruturação da Codesp que inclusive pode desencadear uma abertura de capital. O trabalho é feito por The Louis Berger Group e Internave Engenharia, vencedores de uma licitação feita pelo BID.
Ações para o zelo ambiental
As diretrizes ambientais têm norteado todo o planejamento do Porto de Santos e das atividades portuárias, quando definidas inclusive pelas prefeituras e pelo Conselho de Autoridade Portuária. Com isso, o Conselho definiu no PDZ que previamente à implantação do Barnabé/Bagres deveriam ser reordenadas as atuais áreas portuárias e utilizadas as áreas ainda não ocupadas, buscando inclusive solucionar passivos ambientais com novos empreendimentos. A implantação do Barnabé/Bagres vai se posicionar como grande instrumento de ganhos ambientais. “Mundialmente tem sido defendido que expansão portuária é um grande instrumento para melhorias nas alterações climáticas. Um novo porto, implantado de forma moderna, utiliza equipamentos modernos, permite melhor planejamento logístico e, portanto, reduz emissão de CO2”, indicou Aquino.
PROJETOS
Foto: Prefeitura de Santos
Plataforma Santos
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A história do Porto de Santos O marco oficial da inauguração do Porto de Santos é 2 de fevereiro de 1892, quando a então Companhia Docas de Santos (CDS) entregou à navegação mundial os primeiros 260 m de cais, na área até hoje denominada área do Valongo. Desde então, o porto não parou de se expandir, atravessando todos os ciclos de crescimento econômico do país, aparecimento e desaparecimento de tipos de carga, até chegar ao período atual de amplo uso dos contêineres. Em 1980, com o término do período legal de concessão da exploração do porto pela Companhia Docas de Santos, o Governo Federal criou a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), empresa de economia mista, de capital majoritário da União. Atualmente, o porto movimenta anualmente mais de 60 milhões de toneladas de cargas diversas, número inimaginável em 1892, quando operou 125 mil toneladas. Com 12 km de cais, entre as duas margens do estuário de Santos, o porto entrou em nova fase de exploração, consequência da Lei 8.630/93, com arrendamento de áreas e instalações à iniciativa privada, mediante licitação pública. Fonte: Companhia Docas de São Paulo
INVESTIMENTOS (milhões R$)
Avenida Perimetral – Margem Direita
457
Avenida Perimetral – Margem Esquerda
72
Dragagem e Derrocagem
Prainha
VTMS
345,2 654 15
Conceiçãozinha
580
NST e Itamaraty
125
Brasil Terminal Portuário - BTP
1.600
EMBRAPORT
1.200
Ampliação do TECONDI Total Fonte: Secretaria de Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de Santos 30 MACAÉ OFFSHORE
185 R$ 5.233,2
São Paulo irá receber novos parques
tecnológicos
Foto: Divulgação
Pelo perfil e vocação regional, São José dos Campos e Santos são as regiões que irão desenvolver pesquisas direcionadas ao setor de petróleo e gás
O Parque em São José dos Campos é uma das oito iniciativas previstas para este ano São José dos Campos Industrial Park is one of the eight initiatives expected to this year
A
Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo criou o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) com o objetivo de promover e incentivar o desenvolvimento econômico e tecnológico em diversas regiões do Estado por meio de atração de investimentos e geração de novas empresas intensivas em conhecimento. Desde então, 21 localidades já possuem iniciativas efetivas para implantação destes parques e para este ano estão previstas ainda outras oito ações, uma delas para a cidade de São José dos Campos, num investimento de aproximadamente R$ 5,7 milhões. “A finalidade dos parques é transformar conhecimento em inovação, isto é,
em conhecimento aplicado, por isso não são centros de pesquisa, mas locais onde esses centros conseguem transferir o seu conhecimento para a produção”, afirmou o Secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Os parques paulistas não são direcionados especificamente a algum segmento de pesquisa e todos eles atuam em várias áreas do conhecimento. Pela vocação dos parques já précredenciados no SPTec, o de São José dos Campos pode ser o mais focado no segmento de petróleo e gás. Alckmin acrescentou que “o parque de Santos, que está em estudo, pretende atuar nesse setor de forma mais intensa”. EnMACAÉ OFFSHORE 31
Plataforma Santos
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tretanto, seu projeto ainda não foi apresentado à Secretaria. O importante a cidade de Santos já tem: jovens talentos e o inegável potencial na área de gás e petróleo, no porto, no turismo, além de outras vocações. Em São José dos Campos estão previstas a construção dos condomínios em um pavilhão de aproximadamente 5.800 m2, a Central de Incubadoras e a implantação do Laboratório de Estruturas Leves, com um investimento de cerca de R$ 5,7 milhões. Em Campinas, será implantado o Polo de Pesquisa e Inovação para o desenvolvimento dos projetos de implantação e de CT&I, além da incubadora e do núcleo. O investimento também atenderá ao projeto urbanístico e executivo do Polo de Pesquisa e Inovação, com valores próximos a R$ 6 milhões. Na cidade de Piracicaba, o montante investido será também de R$ 6 milhões destinados à incubadora e prédio de laboratórios em um edifício de aproximadamente 4.300 m2. São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba e Botucatu compõem as outras regiões que irão receber os investimentos para implantação desses parques.
Parcerias com as universidades e a iniciativa privada
Os Parques Tecnológicos são mecanismos já consolidados mundialmente como plataforma de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação e de empresas inovadoras. Em suas atividades, estão incluídos também o estímulo à cooperação entre instituições de pesquisa, universidades e empresas, bem como o suporte ao desenvolvimento de atividades empresariais intensivas em conhecimento. As universidades parceiras no SPTec são as três Universidades Estaduais Paulistas (USP, Unicamp e Unesp), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), as Faculdades de Tecnologias (Fatec), o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps), as Universidades Federais de São Paulo e de São Carlos e demais instaladas no Estado, além das universidades e faculdades privadas que promovam pesquisa.
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Decreto instituiu os sistemas de parques Na instalação de um Parque Tecnológico, as dificuldades encontradas concentram-se, sobretudo, na consolidação dos atores do processo, incluindo itens tais como a escolha do órgão gestor do Parque, a definição da área de instalação física e a definição dos parceiros técnicos (Universidades, Institutos Pesquisa e Laboratórios). A articulação local e regional é fundamental para o efetivo sucesso do empreendimento. Com a finalidade de colaborar com essa articulação, foram publicados dois decretos. Um deles, o Decreto nº 50.504, de 06/02/06, instituiu o SPTec visando a fomentar, impulsionar e apoiar as iniciativas de criação e implantação de parques tecnológicos. Em abril de 2009, foi publicado o Decreto nº 54.196, que visou à regulamentação do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, apoiada no artigo 24 da Lei Complementar nº 1.049, de 19/06/08 (Lei Paulista de Inovação). Além disso, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo, não pode haver parque tecnológico sem a participação da iniciativa privada. Alguns deles são inclusive empreendimentos privados com apoio das autoridades e instituições locais, como o de Piracicaba e o Eco-Tecnológico de São Carlos.
“Brazil’s Port” new face
Plataforma Santos
Santos Platform
Destination to investments of approximately R$ 5.2 billion and to expansion and infrastructure improvement projects, Santos Port is getting ready to be through a great renovation in the following months
By: Mariana Finamore
S
antos Port was, is and will always be Brazil’s Port”. This statement by Sergio Aquino, the Head of the Santos Local Government Port and Sea Matters Department and Chairman of the Port Authority Board (CAP) was his definition to the most famous Brazilian port. Considered as the greatest port of the Country, it is managed by Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) and will be subject to a reorganization and expansion process, with investments amounting over than R$ 5.2 billion, including private and public funding. Santos Port receives every year 30% of the amount handled in the foreign trade by Brazil. Therefore, the Port, a competitor in any port operational modality, reaches its 28th anniversary with great perspectives coming from this modernization project and from the strategic and privileged situation generated by the acceleration of the oil and gas activities in Santos Basin. “This new oil and gas business will be another activity in which Santos Port will be able to prove why it is the greatest port in the country”, said Sérgio Aquino. According to him, “the oil and gas related activities are strategic to all great ports in the world, and Santos must be part of it”. Santos Local Government and Codesp have made joint efforts to define the areas destined to the support activities, as offshore support, or also to shipyards.
As per the ongoing survey to the advancement potential in Santos Port, the unit is expected to move from the current 80 million tones handled to almost 230 million in 2024, or to 130 million in a pessimistic scenario.
Investments and works
In respect to the expansion actions ongoing in the Santos docks, the officer listed works such as the perimetral avenues, amounting more than R$ 500 million, the dredging (deepening) and overturn of the port channel, which are expected to cost over R$ 340 million in the following years – sponsored by public funds. However, the private initiative is also planning huge investments, as the R$ 1.6 billion of Brasil Terminal Portuário (BTP), of Europe Terminal, and R$ 1.2 billion to be invested by Embraport, of the Coimex group, among other projects under development.
“This Port is competitive in any port operational modality. This port met the market needs and is competitive”.
The reorganization and expansion process is defined by the Port Authority Board (CAP), responsible for approving its guidelines upon the Santos Organized Port Development and Zoning Plan (PDZ). If the guidelines are defined by CAP, the performance is, on the other hand, of Codesp’s responsibility.
After the definitions included in the PDZ, the Federal Government, with funding from the Inter-American Development Bank (BID), paid for analyses to assess the possibilities and future needs of the Brazilian foreign trade and of Santos Port. These analyses have been presented in the partial stages in CAP and are subject to the PDZ review to be made by the Board. “After the approval of the feasibility studies by the executive board, we will focus on the projects technical aspect. Several aspects must be considered, from the engineering and the environment to the impact on the Air Base operations (located at the margin to the Estuary Channel, where the Metropolitan Airport will be installed) so as not to affect the aircrafts landing and departure air space”, said the Governor of the State of São Paulo, José Serra, in a interview for a local journal.
Another action is the “new port” plan to Barnabé Bagres, which named the project, and is today the subject matter of a feasibility study by three groups. This project is one of the instruments to the reorganizing and expansion program of Santos Port, defined by CAP and implemented by Codesp.
“The new thing is the future implementation of the new Barnabé/ Bagres Port with modern and planned logistic models”, said Sérgio Aquino. According to him, the current Santos Port terminals are already applying modern equipment and port procedures, under the same parameters used worldwide. However, the new port will be implemented in a region without any urban interference, and this will allow a more efficient, quicker logistic with low environmental impact, as the road transport will be reduced.
São Paulo’s road accesses are essential for Santos Port competitiveness. Santos Port access road system is implemented and managed exclusively by the state of São Paulo and, as per Sérgio Aquino, although not participating in the Port management, the state government has activities in its behalf. Aquino stresses the expressive investment made by the government in the implementation of the Rodoanel allowing cargos leaving and heading to Santos to escape the traffic jams of Avenida Bandeirantes and of the riverlines in the city of São Paulo. The Barnabé/Bagres project is currently in the necessities and possibilities study phase. Companies will be hired for another studies and projects in the future. The contracts to the public works will be made under tender. Lessor companies’ works will be freely hired by pri-
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Santos Platform
Santos Platform vate companies at their discretion. The implementation of the new terminals is expected to deliver three thousand job places. Other two thousand are expected to the operation phases, considering the autonomous and those with employment bond. As it is the greatest Brazilian port, the deadline for all these activities is the nearest possible. Preliminary estimates indicate that the new Barnabé/Bagres Port priority is the terminals to meet the bulk field urgently. Therefore, the planning and environmental licensing instruments must be accelerated. The first part of Santos Port reorganization, comprising the reorganization of the current areas, solution to the contracts executed before the act was issued, implementation of terminals already authorized and enlargement of the others existing, is likely to be concluded in 2012/13, and some works at Barnabé/Bagres must be started after that.
Rules and bureaucracy slowdown the initiatives
So that Santos development occurs satisfactorily, some aspects should be dealt with more attention. Aquino stresses the need to review the principles of the Brazilian port system, providing more agility to the process. “The Brazilian port model is correct – public power with infrastructure and private initiative with port operations – however, the excessive interferences slow the process and creates other challenges to overcome”, he said. According to Pedro Brito, CAP chairman, the head of the Federal Government Ports Special Department is implementing advancements to the qualification of managements and port planning. Another aspect is the final presentation of the port expansion plan, to have a reorganization proposal by Codesp, which may result in a possibility of going public. The Louis Berger Group and Internave Engenharia, winners of a tender made by the BID, are the authors to the plan.
Environmental protection actions
The environmental guidelines have oriented all plans to San-
Santos Port history The official milestone to the opening of Santos Port dates of February 2, 1892, when the former Companhia Docas de Santos (CDS) delivered the world shipping the first 260 m dock, in the Valongo area. The port only expanded after that, crossing all economic growth cycles of the country, the appearance and disappearance of many kinds of cargo, until nowadays, with the broad use of containers. After the port exploration period legally granted to Companhia Docas de Santos expired, the Federal Government created the Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a government-controlled company, having the Federal Government as main shareholder. Nowadays, the port handles over 60 million tones of several cargos every year, much more than in 1892, when it handled 125,000 tones. Provided with a 12 km dock, within the Santos estuary margins, the port has entered into a new exploration phase, supported by Act 8,630/93, comprising the lease of areas and facilities to the private initiative, upon public tender. Source: Companhia Docas de São Paulo
tos Port and to the port activities, even when defined by the local government and by the Port Authority Board. Thus, the Board defined in the PDZ that the current port areas should be reorganized and the areas not taken should be used before the implementation of the Barnabé/Bagres, with the purpose of, among others, solving the environmental liabilities with new projects. The Barnabé/Bagres implementation will be positioned as great instrument of environmental benefits. “The world has defended the port expansion as a great instrument to reduce climatic changes. A new port, with modern implementation, applies modern equipment, allows an improved logistic plan and, therefore, reduces the CO2 emission”, said Aquino.
PROJECTS Perimetral Avenue – Right Margin Perimetral Avenue – Left Margin Dredging and Overturn Prainha VTMS
INVESTMENTS (R$ million) 457 72 345.2 654 15
Conceiçãozinha
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NST and Itamaraty
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Brazil Terminal Portuário - BTP
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EMBRAPORT
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TECONDI Enlargement Total Source: Santos Local Government Port and Sea Matters Department
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New technology centers to be installed
in São Paulo
São José dos Campos e Santos, according to their profile and regional activity, will host oil and gas field-oriented researches
“The purpose of centers is turning knowledge into innovation, i.e., in applied knowledge. They are not research centers, but places where these centers can transfer knowledge to production”, said Geraldo Alckmin, Head of the State of São Paulo Development Department. São Paulo’s centers are not specifically oriented to any research field and all of them act in many knowledge areas. According to the activity of the centers already qualified by SPTec, São José dos Campos’ center may be the most focused in the oil and gas field. “Santos’ center, still under analysis, is to act more intensively in this field”, said Alckmin. However, the Department was not provided with its project.
Partnerships with universities and the private initiative
Technology Centers are devices global consolidated as science, technology and innovation and innovative companies’ development platform. Their activities comprise the incentive to the cooperation among research institutions, universities and companies, as well as the support to the development of business activities focused on knowledge. The universities partner to the SPTec are the three State Universities of São Paulo (USP, Unicamp and Unesp), the Air Force Technologic Institute (ITA), the Technology Schools (Fatec), the Paula Souza Technologic Instruction State Center (Ceeteps), the Federal University of São Paulo and of São Carlos and the others installed in the State, in addition to the private universities and schools fostering the research. Moreover, according to the São Paulo Development Department, it is not possible having technology centers without the participation of the private initiative. Some of them are even private projects supported by the local authorities and institution, such as that of Piracicaba and the Eco-Technologic of São Carlos.
The city of Santos is already provided with the essential: the young talents and it have also a huge potential in the oil and gas field, in port, tourism industries, among others.
A Decree instituted centers systems
São José dos Campos is expected to have the construction of buildings in an area of approximately 5,800 m2, the Incubator Center and the implementation of the Light Structures Laboratory, an investment of around R$ 5.7 million.
The installation of a Technology Center face difficulties focused on the consolidation of the process actors overall, including items as the choice of the Center managing authority, the definition of the physical installation area and the definition of the technical partners (Universities, Research Institutes and Laboratories).
Campinas, in addition to the incubator and the nucleum, will have the implementation of the Research and Innovation Center for the development of implementation and CT&I projects. The investment will also meet the urbanistic and executive project of the Innovation and Research Center with values close to R$ 6 million. The city of Piracicaba will have R$ 6 million invested as well, destined to the incubator and laboratory building with around 4,300 m2. São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba and Botucatu are the other regions to receive funding for the implementation of those centers.
The local and regional articulation is essential for the project to succeed. Aiming at cooperating with this articulation, two decrees were issued. One of which, Decree 50,504, dated 06/02/06, organized the SPTec to foster, leverage and support the creation and implementation initiatives of technology centers. Decree 54,196 was issued on April 2009, regulating the SPTec based on article 24 of the Supplementary Act 1,049, dated 19/06/08 (São Paulo Innovation Act).
Santos Platform
T
he State of São Paulo Development Department designed the Technology Centers System of São Paulo (SPTec) with the purpose of fostering and encouraging the economic and technologic development in several regions of the State by attracting investments and generating new companies with intensive knowledge. Since then, 21 locations have already received effective initiatives for the implementation of these centers and other eight locations are expected still in this year, one of which to the city of São José dos Campos, a investment close to R$ 5.7 million.
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Plataforma EspíritoSanto
Plataforma Espírito Santo
Espírito Santo na mira de
investidores
Por: Érica Nascimento
Flexibras, planta brasileira da Technip de fabricação de tubos flexíveis, localizada em Vitória Flexibras, Technip Brazilian manufacturing of flexible pipes plant in VItória (ES)
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nvestimentos na área de pesquisa e exploração de petróleo foram o principal fator propulsor do crescimento industrial no Espírito Santo. De 2007 para cá, com as obras de construção da sede de Unidades da Petrobrás em Vitória e a produção do primeiro óleo na camada pré-sal, em setembro de 2008, no campo de Jubarte, o estado capixaba tem sido palco de grandes investimentos, com empresas que apostam na região, instalando novas bases e expandindo seus negócios. Com campos petrolíferos localizados tanto em terra quanto em mar, contendo óleo leve e pesado e gás não associado, o Estado figura como a segunda
maior província petrolífera do Brasil e deverá produzir e processar, a partir do próximo ano, 20 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Um aumento significativo da produção, que fez com que esse setor se destacasse economicamente. Com a presença da Petrobrás, o Espírito Santo acaba contando com a participação de outras operadoras, como a Shell Brasil, que em julho deste ano iniciou a produção nos múltiplos campos do Parque das Conchas, a 110 quilômetros da sua costa, na Bacia de Campos. Conforme ressaltou o governador Paulo Hartung em agosto, durante o evento do anúncio oficial da companhia, “há poucos anos, o
Novas possibilidades de negócios atraem mais fornecedores do mercado de petróleo e gás para o Espírito Santo 36 MACAÉ OFFSHORE
Espírito Santo tinha apenas produção em terra e agora deu uma virada espetacular a caminho de se tornar o mais seguro fornecedor interno de gás do País”.
Empresas que apostam no Estado O Espírito Santo já detinha uma base produtiva e de infraestrutura desenvolvida e diversificada antes do boom do petróleo e gás natural. Com isso, empresas de todos os portes já estão atuando no Estado, e a possibilidade de negócios atrai novos fornecedores, de olho principalmente nos serviços demandados pela UN/ES Petrobrás. Entre elas, a Jurong do Brasil, que assinou um protocolo de intenções com o Governo do Estado para a implantação de um estaleiro, em Aracruz, em Barra do Sahy, destinado à construção de sondas de perfuração, plataformas de exploração e de produção e ao reparo naval. O projeto está orçado em R$ 500 milhões e será instalado em uma área de um milhão de metros quadrados. O investimento vem ao encontro das oportunidades criadas pela demanda de infraestrutura por parte da Petrobrás, principalmente para os campos do pré-sal e oportunidades geradas pelas empresas petroleiras e armadores que atuam no Brasil e na costa oeste da África. Cícero Francisco Naves Corrêa, diretor de mercado OGP da Prysmian, disse que a empresa decidiu implantar sua nova unidade em Vila Velha, no mesmo local onde hoje está instalada a planta de cabos umbilicais, otimizando suas operações. Além da Petrobrás, ela já fornece para outros clientes produtores de petróleo. “Trata-se de uma nova fábrica destinada à produção de tubos flexíveis. O investimento nessa nova planta será de US$ 125 milhões em novas máquinas, equipamentos, construção civil e laboratório de testes. A fábrica irá produzir cabos umbilicais e tubos flexíveis”, disse.
“Temos recebido muito apoio e atenção das autoridades estaduais e municipais do Espírito Santo. Quanto aos aspectos de qualidade da mão-de-obra e qualidade de vida do nosso pessoal, estamos muito satisfeitos”, disse Cícero.
Plataforma EspíritoSanto
Além da Shell, outras empresas de E&P atualmente possuem concessões no Estado, como Anadarko, Chein, Chevron Texaco, Devon, El Paso, ExxonMobil, IBV Brasil, Repsol, Shell, Statoil, Vale, Vitória Ambiental, devido à constituição do negócio de petróleo e gás, uma das alavancas na história da economia capixaba.
A empresa assinou, em 2008, o Termo de Cooperação Tecnológica para o fornecimento de Tubos Flexíveis para Produção de Petróleo e um contrato de fornecimento de bens e serviços válido por quatro anos. Atualmente, a empresa possui duas unidades produtivas no Estado: uma em Vila Velha, no bairro de São Torquato, e uma em Cariacica, no bairro de Porto de Santana.
A previsão é de que a unidade esteja concluída neste primeiro trimestre de 2010. Os investimentos são da ordem de US$ 110 milhões, englobando obras civis, aquisição de equipamentos e maquinários.
E a empresa WEG S.A. também anunciou investimentos no Estado, a construção de novo parque fabril em Linhares, para produção de motores elétricos. O primeiro destes módulos produtivos em Linhares deve entrar em operação em 2011. A empresa investe considerando seu posicionamento de longo prazo. “Este parque fabril deverá ser parte muito importante da nossa capacidade produtiva nos próximos anos”, afirmou o Sr. Harry Schmelzer, Diretor Presidente da WEG. “Acreditamos que este novo parque será uma importante fonte de vantagens competitivas e vai contribuir para a continuidade da nossa trajetória de sucesso”, acrescentou. A localização do novo parque fabril foi definida ao final de um processo longo de estudos que considerou diversas alternativas em todo o Brasil. De acordo com o diretor, Linhares foi escolhida porque, além dos incentivos da Prefeitura e do Governo do Estado, a cidade tem localização
Ministro da Economia da Alemanha Karl-Theodor e o governador Hartung Karl-Theodor zu Guttenberg, Germany’s Minister of Economics and Technology and Governor Hartung
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Plataforma EspíritoSanto
Plataforma Espírito Santo privilegiada, uma cultura industrial e base educacional, com escolas técnicas e cursos superiores de boa qualidade. Também está próxima de regiões de grande crescimento econômico no Brasil e com acesso a portos de excelente qualidade, rotas para o mercado internacional. Na primeira etapa, o investimento será de R$ 186 milhões. O projeto encontra-se em fase inicial, e a velocidade de implantação dependerá dos rumos da economia mundial nos próximos anos. “Estimamos de quatro a seis anos para começarmos a produzir”, disse Schmelzer.
Expansão da Technip Outra empresa que acompanha esse progresso capixaba é a Technip, que recentemente inaugurou suas obras de expansão em Vitória, ou seja, a Flexibras, planta brasileira da Technip de fabricação, que agora está estrategicamente localizada próxima aos principais campos brasileiros de petróleo e gás em desenvolvimento. A empresa fechou contrato para fornecer 221 quilômetros de linhas flexíveis para a plataforma P-52, sendo uma das principais fornecedoras de linhas para a Petrobrás. Com um salto na capacidade produtiva e na ampliação da infraestrutura, a empresa, que em dezembro de 2005 empregava 620 pessoas, conta com mais de mil funcionários. As obras demandaram recursos da ordem de R$ 100 milhões e, com a expansão, a Technip aumentou a capacidade instalada de 220 para 400 quilômetros de tubos destinados à produção de petróleo e gás e à injeção de água nos poços. O projeto contou ainda com o aterro de uma área de 21,5 mil metros quadrados para a estocagem de bobinas de até 200 toneladas. Em operação desde 1986, a planta industrial da Technip no Brasil tem fornecido mais de 3.300 km de tubos flexíveis, servindo para o mercado local e da América do Sul, tal como os da África, Estados Unidos e outros mercados internacionais. Pela confiança, sofisticação e inovação tecnológicas, seus produtos flexíveis serviram de base para o mais alto sucesso do desenvolvimento dos campos de óleo e gás offshore. O local também abriga instalações de ensaio P&D (pesquisa e desenvolvimento), uma equipe de pós-venda, fabricação de mangueira, uma unidade de corrente fria e uma base de atividades offshore, permitindo o carregamento de produtos flexíveis diretamente para navios de instalação (bobinas ou cesta) ou em embarcações de navegação por meio de um guindaste flutuante de barcos.
Alemães atentos ao mercado capixaba E os negócios não param. No início de setembro, em Vitória,
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Cícero Naves Correa, diretor de mercado OGP da Prysmian Cicero Naves Correa, Prysmian OGP Market Director
foi realizado o 27º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA). A produção de petróleo na camada pré-sal foi um dos destaques do evento, aponta como um dos interesses dos empresários alemães em firmar parcerias com brasileiros. O ministro da Economia da Alemanha, Karl-Theodor zu Guttenberg, disse que há um grande interesse de empresas alemãs em atuar no Espírito Santo e que o encontro foi uma oportunidade para fortalecer as parcerias entre os dois países, sobretudo nas áreas de infraestrutura e energia. “Trouxemos uma série de projetos sobre os quais podemos nos concentrar”, disse o ministro. O secretário de Estado de Desenvolvimento, Guilherme Dias, relatou que há uma preocupação em capacitar a indústria local no desenvolvimento da cadeia produtiva e que é crescente o número de empresas fornecedoras. “Acredito que o caminho mais rápido e economicamente viável é a busca de empresas alemãs para firmar parcerias com empresas nacionais”, destacou. A Alemanha é uma das maiores potências econômicas e tecnológicas do mundo, é o quarto maior parceiro comercial do Brasil. Atualmente no Brasil há aproximadamente 1.300 empresas alemãs. Em 2008, as exportações brasileiras para aquele país chegaram a US$ 8,85 bilhões, enquanto ela exportou US$ 12 bilhões para o Brasil.
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Espírito Santo Platform
Espírito Santo Platform
Espírito Santo is calling the attention of
investors
By: Érica Nascimento
New business possibilities attract more suppliers of the oil and gas market to Espírito Santo
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nvestments in the oil research and exploration area were the main factor promoting the industrial growth in Espírito Santo. Since 2007 until now, with the construction works of Petrobras Units’ headquarters in Vitória and the first oil production in the pre-salt layer, in September of 2008, in the Jubarte field, the State of Espírito Santo has been the scenario of great investments, by companies that believe in the region, establishing new bases and expanding their businesses.
opportunities generated by the oil and naval companies operating in Brazil and in the West Coast of Africa.
In view of its oil fields located both onshore and offshore, containing light and heavy oil and non-associated gas, the State is ranked as the second biggest oil territory of Brazil and is expected to produce and process 20,000,000 cubic meters of natural gas in the next years. A significant production growth that brought economic importance to the sector.
“It is a new plant designed for the production of flexible pipes. The investment in this new plant will amount to 125 million USD in new machinery, equipment, civil construction and test laboratory. The plant will produce umbilical cables and flexible pipes”, he affirmed.
With the presence of Petrobras, Espírito Santo also counts on the participation of other companies, such as Shell Brasil, which in last July started production in the several fields of Parque das Conchas, 110 kilometers offshore, in the Campos Basin. As highlighted by Governor Paulo Hartung in August during the event of the company’s official announcement, “a few years ago, Espírito Santo had only onshore production, and now it made an impressive turn towards becoming the most trustworthy internal gas supplier of the country”. Besides Shell, other E&P companies have concessions in the State, such as Anadarko, Chein, Chevron Texaco, Devon, El Paso, ExxonMobil, IBV Brasil, Repsol, Shell, Statoil, Vale, and Vitória Ambiental, due to the formation of the oil and gas business, which is one of the propellers in the history of the economy of Espírito Santo.
Companies that believe in the State
Espírito Santo already had a developed and diversified production base and infrastructure before the oil & natural gas boom. In view of that companies of all sizes are already operating in the State, and the business possibilities attract new suppliers, mainly interested in the services required by Petrobras BU/ES. Among these companies is Jurong do Brasil, which signed an intention protocol with the State Government for the implantation of a shipyard in Aracruz, Barra do Sahy, intended for the construction of drilling rigs, exploration & production platforms and for ship repair. Reckoned to amount to 500 million BRL, the project will be installed in an area of 1 million square meters. The investment meets the opportunities created by the infrastructure demanded by Petrobras, chiefly for the pre-salt fields, and
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Cícero Francisco Naves Corrêa, Prysmian’s OGP market director, said that the company decided to establish its new unit in Vila Velha, where the umbilical cable plant that optimizes its operations is installed. It already supplies for other oil-producing clients besides Petrobras.
In 2008, the company signed the Technological Cooperation Term for the supplying of Flexible Pipes for Oil Production and a contract for supplying goods and services valid for four years. Today, the company has two production units in the State: one in Vila Velha, in the São Torquato district, and one in Cariacica, in the Porto de Santana district. “We have been receiving support and attention from the state and city authorities of Espírito Santo. We are very satisfied with the workforce quality and our personnel’s standard of living”, says Cícero. The unit is expected to be completed in the first quarter of 2010. The investments are of approximately 110 million USD, comprising civil works, equipment and machinery purchase. WEG S.A. also announces investments in the State, the construction of a new industrial complex in Linhares to produce electric engines. The first of these production modules in Linhares is expected to start operations in 2011. The company invests considering its long-term placement. “This industrial complex shall be a very important part of our production capacity in the coming years”, affirmed Sr. Harry Schmelzer, WEG’s President Director. “We believe that this new complex will be an important source of competitive advantages and will contribute to the continuity of our successful path”, he added. The location of the new industrial complex was defined at the end of a long process of studies that considered different alternatives all over the country. According to the director, Linhares was chosen because, in addition to the incentives of the City and State Governments, the city has a privileged localization, an industrial culture and educational base, with good quality technical schools and higher education courses. It is also next to regions with
great economic growth in Brazil and with access to excellent quality ports, routs for the international market. The investment will be 186 million BRL in the first stage. The project is in its initial phase, and the implantation speed will depend on the directions of the world economy in the next years. “We expect to start production in four to six years”, says Schmelzer.
Technip’s expansion
The location also comprises the R&D (research and development) test facilities, a post-sale team, hose manufacturing, a cold chain unit and a offshore activity base, enabling the loading of flexible products directly to installation ships (coils or basket) or in shipping vessels by means of a floating boat crane.
Germans keeping an eye on the market of the State of Espírito Santo
Business opportunities keep coming. In the beginning of September, the 27th Brazil-Germany Economic Meeting (EEBA) took place in Vitória. The production of oil in the pre-salt layer was one of the event’s highlights, pointed as one of the interests of the German executives in establishing partnerships with Brazil.
The company celebrated a contract to supply 221 kilometers of flexible lines for the P-52 platform, being one of main line suppliers for Petrobras. With a leap in its production capacity and in infrastructure increase, the company, which in December of 2005 employed 620 people, now has more than a thousand employees.
Germany’s Minister of Economy, Karl-Theodor zu Guttenberg, declared that there is great interest of German companies in operating in Espírito Santo and that the meeting was an opportunity to consolidate the partnerships between the countries, especially in the infrastructure and energy areas. “We brought a series of projects in which we may focus”, stated the Minister.
The works demanded approximately 100 million BRL and, with the expansion, Technip increased its installed capacity from 220 to 400 kilometers of pipes destined to oil & gas production and water injection in wells. Moreover, the project counted on the embankment of an area of 21,500 square meters for storage of coils of up to 200 tons. Operating since 1986, the industrial plant of Technip no Brasil has been supplying more than 3,300 km of flexible pipes, serving the local and South America markets, Africa, United States and other international markets. Its products served as base for the biggest development success of the oil & gas offshore fields due to its technological reliability, sophistication and innovation.
Espírito Santo Platform
Another company that follows this process of Espírito Santo is Technip, which recently inaugurated its expansion works in Vitória, i.e., Flexibras, Technip’s Brazilian manufacturing plant that now is strategically located in the surroundings of the main Brazilian oil & gas fields under development.
The Secretary of State for Development, Guilherme Dias, informed that there is significant concern about capacitating the local industry for developing the production chain, and that the number of supplying companies is growing. “I believe that the faster and economically possible way to is to seek for German companies to establish partnerships with Brazilian companies”, he pointed out.
Germany is one of the greatest economic and technological world powers, and is Brazil’s fourth biggest business partner. There are currently an approximate number of 1,300 German companies in Brazil. In 2008, the Brazilian exports to Germany achieved 8,85 billion USD, while Gernany exported 12 billion USD to Brazil.
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Tecnologia
Tecnologia Foto: Banco de Imagens Petrobrás
Desafio da tecnologia de
aquisição
Navio sísmico em operação na Bacia de Campos Seismic vessel in operation in the Campos Basin
Inovações tecnológicas em sísmica buscam melhor resolução dos reservatórios de petróleo nas bacias marítimas, principalmente nas áreas do pré-sal Por: Érica Nascimento
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rente ao novo capítulo na história da indústria do petróleo, os desafios tecnológicos direcionados ao pré-sal são enormes e um dos gargalos é a tecnologia de aquisição para compreender a escala e a
natureza das heterogeneidades existentes nos reservatórios do pré-sal. Atualmente, a certeza é de que a atividade geofísica crescerá intensamente no Brasil nos próximos anos. Conforme explica o geofísico da Petrobrás, José Cláuver de Aguiar Júnior – que atua na gerência de Exploração da Unidade de Negócios da Bacia de
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Campos – a aquisição de dados sísmicos é uma atividade que demanda muito conhecimento científico nas áreas de Computação, Eletrônica, Física, Geofísica e Geologia. Sendo assim, as empresas prestadoras de serviço estão em contínua evolução tecnológica e novos equipamentos surgem todos os anos. “Um desafio tecnológico perseguido continuamente é a obtenção de sinais que nos permitam estimar com precisão a composição mineral das rochas e, o que é ainda mais difícil, distinguir os fluidos que preenchem seus poros, discriminando água, de óleo e gás”, explica o geofísico. A dificuldade para distinguir rochas e fluidos evolui de acordo com a rigidez da rocha, mormente numa área com camada de rochas porosas localizada entre cinco e seis mil metros abaixo do leito submarino, o pré-sal. Nos campos de óleo dessas áreas da Bacia de Santos, as rochas-reservatório são extremamente rígidas, o que torna o trabalho de interpretação sísmica um desafio ainda maior. “O desafio é desenvolver equipamentos com precisão e sensibilidade cada vez maiores, para a captação de variações muito sutis nos sinais captados. Um aperfeiçoamento essen-
cial para que possamos “enxergar” a presença do petróleo em rochas duras”, ressalta Cláuver. Atualmente, a estatal possui contratos com as norueguesas PGS (Petroleum Geo-Services) e RXT (Reservoir Exploration Technology) e a WesternGeco, cada um com prazo de dois anos. Neste período, as três equipes de trabalho farão pesquisas em diversas áreas, determinadas pela empresa, cobrindo campos de petróleo e blocos exploratórios das bacias de Santos, Campos e do Espírito Santo. Em cada uma destas equipes trabalham dezenas de técnicos especializados, e o trabalho é contínuo, 24 horas por dia, com troca periódica da tripulação. A duração de cada levantamento depende do tamanho de cada área e pode variar de semanas a meses.
Desvendando o pré-sal
“Toda a sísmica necessária para a interpretação e mapeamento dos blocos da OGX foi adquirida em 2008, somando um total de 9.150 km² de dados sísmicos 3D e 1.700 km de dados sísmicos 2D”, informou o diretor geral e diretor de E&P da OGX, Paulo Mendonça. A operadora utiliza tecnologia de aquisição 3D convencional Multi-Streamer com fontes e cabos sísmicos de última geração. E para a execução desse trabalho, foram contratadas as prestadoras de serviços PGS, CGG e Western-
Agenciada pelo geofísico Marcos Gallotti, da Geonunes, a Seabird, companhia de aquisição sísmica marítima, com contratos com a Atlantis, no golfo do México - para BP; Agbami - ChevronPetrobras; e Dalia Girassol – Total e Cantarel – Pemex, tem como carro chefe a aquisição de alta tecnologia com “nodes submarinos” (sensores da onda sísmica, multicomponentes que permitem o registro das ondas P e S). De acordo com o geofísico, há dois nichos em que a indústria está utilizando os nodes como forma de aquisição de dados sísmicos: full azimuth (para o pré-sal) e 4C/4D para caracterização e monitoramento de reservatório. Gallotti garante que essa é a forma mais eficiente de adquirir dados em áreas de obstruções submarinas como as instalações próximas à FPSO. “Essa é a única tecnologia que permite aquisição de dados sísmicos full azimuth, cruciais para o pré-sal, além de possuir maior fidelidade vetorial”, assegura. O geofísico da Petrobrás, José Cláuver, diz que, apesar de não estar contemplada nos contratos em andamento, a Petrobrás considera a possibilidade de utilizar esta tecnologia em levantamentos futuros. Porém concorda parcialmente quando se diz que esta é uma forma eficiente de adquirir dados em área de obstruções submarinas. Ressalta que é preciso levar em conta não só a capacidade operacional dos equipamentos, mas também sua produtividade. “Os sensores utilizados nesta tecnologia são instalados em “racks” individuais, sem a utilização de cabos, e posicionados no fundo do mar, um a um, por um robô operado remotamente (um ROV). Isto faz com que o tempo de colocação do material no fundo oceânico seja muito maior do que no caso dos cabos submarinos (OBC). Adicionalmente, o custo operacional da empresa é maior, pela utilização de um ou mais ROVs”, explica.
Tecnologia
Por mais que as áreas do pré-sal sejam classificadas como desafiadoras para as tecnologias sísmicas existentes no mercado, operadoras como a OGX – que no início deste ano assegurou os itens críticos necessários para iniciar sua campanha exploratória, em que se destaca a execução da campanha sísmica 3D – garantem que as tecnologias utilizadas atendem plenamente aos objetivos exploratórios dos ativos da empresa, inclusive em bacias com importante estruturação originada por movimentação halocinética (sal).
Geco - todas companhias conceituadas no mercado mundial.
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Tecnologia
Tecnologia Portanto, conforme esclarece Cláuver, a tecnologia de “nodes” submarinos tem uma atratividade maior quando é necessário levantar dados nas áreas onde as obstruções no leito marinho impedem a utilização de cabos submarinos (OBC). Isto geralmente acontece numa pequena área sob as unidades marítimas de produção. “A tecnologia de “nodes”, portanto, não é a única que permite adquirir dados full azimuth. Isto também pode ser feito com a tecnologia OBC e até mesmo com navios sísmicos convencionais, rebocando cabos próximos à superfície do mar”, garante.
Trajetória das pesquisas sísmicas da Petrobrás Ao longo de sua história, a Petrobrás demonstrou ser uma companhia que preza pela utilização das melhores tecnologias e não poderia ser diferente quanto às metodologias para aquisição e processamento, tendo em vista a obtenção de levantamentos sísmicos de qualidade para caracterização de seus reservatórios. Sísmica 2D, 3D, OBC (sigla em inglês para “Ocean Bottom Cable”) e 4D, uma evolução tecnológica diante do desafio de adquirir informações com maior confiabilidade. Na Bacia de Campos, as pesquisas sísmicas da Petrobrás começaram em 1968, com a utilização da tecnologia 2D (bidimensional), cuja imagem obtida se limita a um perfil do
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Aquisição de alta tecnologia com nodes submarinos Purchase of High Technology submarine nodes
subsolo, como um “corte vertical”, representando o comportamento das camadas de rocha ao longo de uma reta. E a partir de 1978, passou a utilizar a sísmica 3D, com a qual se obtém uma imagem tridimensional, proporcionando aos geólogos e geofísicos a possibilidade de desvendar o comportamento das rochas em todas as direções, permitindo um mapeamento detalhado da estrutura da bacia sob a região onde os dados são levantados. Em 2005, foi realizado o primeiro levantamento sísmico com cabos posicionados no fundo do mar. Com esta tecnologia, chamada OBC, obtiveram-se duas
vantagens: trabalhar em áreas obstruídas pela presença de plataformas, boias, FPSOs e outros equipamentos de produção e registrar mais de um tipo de onda sísmica, o que oferece mais informação para caracterizar as rochas e os fluidos nela contidos. Segundo o geofísico Cláuver, nas demais bacias sedimentares do Brasil, as tecnologias utilizadas são as mesmas. “Entretanto, pelos custos envolvidos, a tecnologia predominante é a 3D, com cabos rebocados pelo navio sísmico (convencional). Atualmente, a Petrobrás está realizando pesquisas utilizando as duas tecnologias de sísmica, convencional e OBC”, ressalta. Quanto à sísmica 4D, conforme explica Cláuver, não se trata de uma tecnologia utilizada na descoberta de novos campos de petróleo, mas apenas no monitoramento dos campos em produção. “Do ponto de vista das tecnologias de aquisição de dados, não traz grandes inovações”, afirma. A sísmica 4D é simplesmente a execução de dois ou mais levantamentos sísmicos 3D num mesmo lugar, com o objetivo de observar as variações no comportamento das camadas sedimentares ao longo do tempo, relacionando tais variações à movimentação de fluidos nos reservatórios, com a retirada do petróleo e o deslocamento da água para este espaço deixado pelo petróleo. Ou seja, é um método de monitoramento da produção de petróleo. Por isto, o nome 4D. A quarta dimensão é o tempo decorrido entre os levantamentos dos diferentes dados sísmicos.
Centro de pesquisa para o pré-sal Em setembro, a Petrobrás assinou um convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a multinacional Schlumberger para a construção de um centro internacional de pesquisa para a área do pré-sal, para o qual foram negociados quatro projetos: de tecnologias elotromagnéticas, para melhorias na caracterização de reservatórios profundos; de tecnologias de análise de dados sísmicos, também para melhorar a caracterização dos reservatórios; e de tecnologia de ressonância magnética nuclear, destinada à caracterização de reservatórios complexos e de sensores eletroquímicos. A estatal vai investir US$ 10 milhões na construção, e a Schlumberger focará sua atuação no desenvolvimento de novas tecnologias na área de petróleo e gás no Brasil, em três áreas: desenvolvimento de software de geociências para o setor de exploração e produção; novas tecnologias para os desafios de produção e caracterização de reservatório no pré-sal; e a criação de um centro de excelência em processamento e interpretação geofísica, cobrindo tecnologias de 4D e medições sísmicas e eletromagnéticas.
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Technology
Technology
The challenging
acquisition technology
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his new chapter of the oil industry history features huge technological challenges to the pre-salt. The acquisition technology is one of the bottlenecks to understand the range and the nature of the disparities existing in the pre-salt reservoirs. The only thing sure nowadays is the geophysical activity intense growth in Brazil for the next years.
By: Érica Nascimento
ratory blocks of Santos, Campos and Espirito Santo basins. These teams are constituted of many specialized technicians working continuously under shifts. The time spent in each survey ranges from weeks to months, depending on the size of the areas surveyed.
The pre-salt uncovered
According to José Cláuver de Aguiar Júnior, Petrobras geophysicist acting in the Exploration management of Campos Basin Business Unit, the acquisition of seismic data demands much scientific knowledge in areas as information technology, electronics, physics, geophysics and geology. Because of that, the service provision companies are continuous evolving in technology and the number of new equipment designed increases every year.
Despite the pre-salt areas being considered as challenging to the seismic technologies existing in the market, operators such as OGX – which got early in this year the essential items required to start its exploratory work, in particular, the performance of 3D seismic work – state that the technologies applied meet Petrobras goods exploratory purposes, even in basins strongly arranged by salt movement.
“Reading signals allowing us to estimate accurately the mineral content in rocks, and, the most difficult, to distinguish the fluids filling its pores, separating water from oil and gas, is the greatest technological challenge”, says the geophysicist.
“The seismic required to the interpretation and mapping of OGX blocks was acquired in 2008, amounting to a total of 9,150 km² 3D seismic data and 1,700 km 2D seismic data”, said Paulo Mendonça, OGX general manager and E&P officer.
The trouble to distinguish rocks and fluids grows with the rock hardness, specially in an area with a porous rocks layer at five to six meters under the subsea bed, i.e., the pre-salt. The oil fields of those areas in Santos Basin have extremely stiff reservoir rocks, making the seismic interpretation and the determination of the best places to drill even harder.
The operator applies the Multi-Streamer conventional 3D acquisition technology, with state-of-art seismic sources and cables. And PGS, CGG and WesternGeco, world renowned companies, were contracted to perform such work.
“The challenge is to design most accurate and sensible equipment, able to catch the finest variations in the signals scanned. This is essential so that we may “see” oil through stiff rocks”, says Cláuver. The state-owned company signed contracts with the Norwegian companies PGS (Petroleum Geo-Services) and RXT (Reservoir Exploration Technology) and WesternGeco, with the duration of two years each, currently in force. The three work teams will have this period to research several areas chosen by Petrobras, including oil fields and the explo-
Seabird, an offshore seismic acquisition company managed by Marcos Gallotti, Geonunes geophysicist, with contracts executed with Atlantis, in the Mexican gulf - to BP; Agbami - Chevron-Petrobras; and Dalia Girassol – Total and Cantarel – Pemex, has as mainspring the high technology acquisition with subsea nodes (seismic wave sensors, multi-components allowing the waves P and S to be recorded). According to Gallotti, there are two breaks in which the industry uses the nodes to acquire seismic data: full azimuth (pre-salt) and 4C/4D to characterize and monitor the reservoir. Gallotti states this is the most efficient way to acquire data in subsea obstructed areas, as the facilities next to the
Innovations in seismic technology hunt for the best solution to the oil reservoirs in the offshore basins, mainly in the pre-salt area 46 MACAÉ OFFSHORE
FPSO. “This is the only technology allowing the full azimuth seismic data acquisition, essential to the pre-salt, in addition to the greater vectorial precision”, he says. José Cláuver, Petrobras geophysicist says that, despite not being provided in the contracts in force, the use of this technology is considered by Petrobras for future surveys. However, he is not total convinced of its efficacy to acquire data in subsea obstructed area. Cláuver emphasizes that not only the equipment operational capacity, but also its productivity must be taken into consideration. “The sensors applied to this technology are installed on individual racks, without cables, and placed one by one in the sea bottom by a remotely operated vehicle (ROV). This makes the material placement time to the sea bottom to be much greater than that of the ocean bottom cable (OBC). Moreover, the company operational cost is higher, due to the use of one or more ROVs”, he says. According to Cláuver, the use of subsea nodes technology is more favorable to survey data in areas where the ocean bottom cables (OBC) are not applicable due to the obstructions in the seabed. This happens often in a small area under the offshore production units. “Thus, the nodes technology is not the only allowing the acquisition of full azimuth data. This can be accomplished also with the OBC technology and even with conventional seismic ships, tugging cables close to the water depth”, he says.
Petrobras seismic researches history Petrobras has always proved to be a company valuing the use of the best technologies, and the acquisition and processing methodologies are part of it, considering the quality seismic surveys to characterize its reservoirs. 2D, 3D, OBC (Ocean Bottom Cable) and 4D seismic technologies represent the evolution towards the challenge of acquiring information with more reliability.
Petrobras seismic researches in Campos Basin started in 1968, with the use of the 2D (two dimensional) technology, with image limited to a subsea profile, resembling a “vertical section”, representing the behavior of the rock layers along a straight line. After 1978, the 3D seismic was applied, with which a three dimensional image is obtained, providing the geologists and geophysicists with the opportunity to discover the rocks behavior in all directions, allowing a detailed mapping of the basin structure under the region where the data is surveyed. The first seismic survey was held in 2005, with cables laid in the seabottom. This technology, so-called OBC, delivered two advantages: working in areas obstructed by platforms, buoys, FPSOs and other production equipment; and recording more than one kind of seismic wave, which provides more information to characterize rocks and the fluids contained in them. Cláuver says the other Brazilian sedimentary basins use the same technologies. “But, due to the costs involved, the 3D is preferred, with cables tugged by the seismic ship (conventional). Petrobras is currently performing researches with both seismic technologies: conventional and OBC”, he emphasizes. As for the 4D seismic, he explains that it is not about a technology used to discover new oil fields, but only to monitor the fields under production. “This is not an innovative data acquisition technology”, he says. 4D seismic means only the performance of two or more 3D seismic surveys to the same place, with the purpose of observing the changes to the behavior of the sedimentary layers throughout time, comparing such variations to the fluids flow in the reservoirs, after taking the oil and the water displacement to the space the oil left. That is, an oil production monitoring method. This is why the name is 4D. The fourth dimension is the time between the surveys to the different seismic data.
A pre-salt research center Petrobras, the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) and the multinational Schlumberger agreed in September on the construction of an international research center to the pre-salt, with four projects: magnetic technologies to improve the characterization of deep reservoirs; seismic data analysis technologies, also to improve reservoirs characterization; nuclear magnetic resonance technologies, aimed at the characterization of complex reservoirs; and electrochemical sensors.
The state-owned company will invest US$ 10 million in the construction and Schlumberger will focus on the development of new technologies in the Brazilian oil and gas field, with three sectors: geosciences software development to the exploration and production field; new technologies to the challenging production and characterization of reservoirs in the pre-salt; and the creation of an excellence center in geophysical processing and interpretation, covering 4D technologies and seismic and magnetic measurements.
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Tecnologia
Tecnologia
Fachada da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Avanço nos
Paulista State University (UNESP) main building
estudos do pré-sal A
Por: Mariana Finamore
Universidade Estadual Paulista (Unesp) irá implantar um novo centro de estudos em um de seus campi. Nomeado “Núcleo de Estudos Avançados do Mar: Um olhar para o pré-sal”, a unidade será instalada no Campus do Litoral Paulista (CLP) e já recebeu o apoio do Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT), conforme anúncio divulgado no início de setembro. A estimativa é que de sejam investidos cerca de R$ 30 milhões na unidade.
O projeto busca dar subsídios técnicos à exploração de fontes de energia, como o petróleo localizado na região do pré-sal, mas sem perder o foco da conservação ambiental. No Núcleo de Estudos serão enfocadas áreas ligadas à Geologia e Geofísica Marinha, Oceanografia, Meio Ambiente e outras 48 MACAÉ OFFSHORE
Universidade em São Paulo instalará centro de estudos que terá como objetivos dar subsídios técnicos para a exploração de fontes de energia e formar mão de obra, especialmente para o setor de petróleo e gás
ligadas indiretamente ao mar. Outras pesquisas ligadas à abertura do Atlântico Sul, questões ambientais, hidrologia e contaminação de aquíferos também poderão ser estudadas conforme programas de parceria com órgãos já estabelecidos nestas modalidades de estudo. O apoio do MCT irá consistir na construção de estrutura para pesquisa e desenvolvimento nas áreas de Geologia, Meio Ambiente, Oceanografia, Química e Farmácia. As obras para construção do centro deverão ser iniciadas ainda no final de 2009, com previsão de finalização em seis meses. Já as atividades do núcleo deverão começar no segundo semestre de 2010.
O centro reunirá 117 pesquisadores de diversas unidades da instituição e será voltado para o desenvolvimento de estudos nas áreas de Geologia, Oceanografia, Recursos Naturais, Meio Ambiente e Recursos Pesqueiros. Na seleção da equipe, a experiência dos profissionais foi um dos fatores avaliados. Segundo o professor, todos os selecionados já atuam em atividades afins. “A participação deles seria através de projetos nacionais e internacionais, orientando alunos de diferentes níveis. Será considerada a interação com diferentes órgãos de pesquisa e ministérios brasileiros”, explicou Peter. A escolha da cidade de São Vicente foi baseada em dois fatores principais: a competência nas áreas descritas e a vocação do litoral paulista. Além delas, diferentes ações na área de Petróleo e Gás em andamento na universidade, participação em várias redes da Petrobrás, apoio da Agência Nacional de Petróleo (ANP), projetos de P&D em andamento sobre
Infraestrutura O núcleo terá um conjunto de laboratórios, que serão utilizados no sistema de multiusuários, e equipamentos de grande e médio portes. Este sistema consiste no uso partilhado de equipamentos analíticos de diversas áreas, como de Química Isotópica, Geofísica, Processamento e Modelagem de dados geofísicos, úteis para solução de diferentes conceitos como, por exemplo, na exploração e preservação ambiental. O caráter multidisciplinar do projeto irá possibilitar a criação de novos produtos a partir da biodiversidade, bem como a avaliação química e farmacológica das plantas da Mata Atlântica, além do estabelecimento de políticas públicas adequadas para o crescimento econômico da região. “Pesquisas conjuntas com diferentes órgãos federais e estaduais permitirão aprofundar a identificação de interesses econômicos”, ressaltou.
Iniciativas diferenciadas
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De acordo com o professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp de Rio Claro e membro do Núcleo de Estudos Avançados do Mar, Peter Hackspacher, com a nova unidade pretende-se criar cursos de pós-graduação para a formação de pessoal qualificado nas atividades de pesquisa, inovação tecnológica, desenvolvimento de produtos e nos processos e serviços relacionados ao mar. “Desejamos propor um programa de pósgraduação na área, cuja abordagem é inédita no Brasil. Existe uma carência muito grande de profissionais com essas especializações em nível de pós-graduação”, alertou.
a Bacia de Santos e participação em Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) sobre Estudos Antárticos formam as demais razões que diferenciaram a cidade paulista.
Além do Núcleo, a Universidade desenvolve outros estudos no segmento de petróleo e gás. Na Geologia, a Unesp possui parcerias com a Petrobrás, ANP, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Entre os projetos em andamento, podese citar um com a ANP sobre a reavaliação da Bacia de Santos a partir de reintepretação de linhas sísmicas. Além disso, existem projetos da Petrobrás cujos temas incluem contaminação em áreas litorâneas, degradação ambiental e avaliação, geologia ao longo de dutos de gás e pedologia em regiões de impacto ambiental. “Um centro dessa natureza é inédito no Brasil e acreditamos que outros setores mostrarão interesse em desenvolver pesquisas em colaboração com os projetos do Núcleo”, afirmou o professor, com boas expectativas para o projeto.
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the pre-salt in detail
Studying
By: Mariana Finamore
University in São Paulo will install a study center with the aim of providing technical subsidies for energy source exploration and manpower training, especially for the oil and gas sector
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ão Paulo State University (Unesp) will implement a new study center in one of its campi. Called “Advanced Center for Sea Studies: A look at the pre-salt”, the unit will be installed at CLP Campus and has already received the support of the Brazilian Ministry of Science and Technology (MCT), according to a notice issued in early September. The expected investment reaches near R$ 30 million.
various units of the institution and will be focused on developing studies in the areas of Geology, Oceanography, Natural Resources, Environment and Fishing Resources. During team selection, the professionals’ experience was one of the key factors taken into account. According to Professor Hackspacher, all selected members have previous experience in similar activities.
The project aim is to provide technical subsidies for the exploration of energy sources, such as the oil located in the pre-salt region, but maintaining the focus on environmental conservation. The focus of the Study Center will be the fields related to Marine Geology and Geophysics, Oceanography, Environment, and other areas indirectly related to sea studies. Other researches, related to the opening of the South Atlantic Ocean, environmental issues, hydrology and aquifer contamination may also be carried on, in accordance with partnership programs executed with organs already established in these fields of study.
The choice for the city of São Vicente was based in two key factors: the competency in the areas described above and the appeal of São Paulo State coastal area. In addition to such factors, different actions in the Oil and Gas area currently being executed at the university, the participation in many of Petrobras’ networks, the Brazilian Petroleum Agency (ANP) support, current P&D projects related to Santos Basin, and the participation in Antarctic studies of the Brazilian Institute for Science and Technology are the other reasons which lead to the choice of São Vicente.
MCT’s support will consist in building a structure for research and development in the fields of geology, environment, oceanography, chemistry and pharmacy. The Center construction works should begin by the end of 2009, and should be concluded in up to six months. The Center activities, however, should start at the second semester of 2010. According to Professor Peter Hackspacher, from the Unesp Institute of Geosciences and Exact Sciences (IGCE), in Rio Claro, and member of the Advanced Sea Studies Center, the aim of the new unit is to create postgraduate courses to develop qualified workforce in research, technological innovation, and development of products activities, and in sea-related processes and services. “Our proposal is to create a postgraduate course in the area, with an unprecedented approach in Brazil. There is a great need of professionals with such expertise in postgraduate level,” he added. The center will gather 117 researchers of
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“They would present national and international projects, guiding students from different levels. The interaction with different research bodies and Brazilian ministries will be considered,” he explained.
Infrastructure
The study center will comprise a set of laboratories, which will be used on a multi-user system, and large and medium-sized equipment. This system consists in the shared use of analytical equipment from various areas, such as Isotope Chemistry, Geophysics, Processing and Modeling of geophysical data, which are useful for the solution of different concepts such as, for example, in the environmental exploration and preservation. The multidisciplinary character of the project will allow the creation of new biodiversity-based products, as well as the Atlantic Forest chemical and pharmacological assessment, and the establishment of adequate public policies for the region’s economic growth. “Joint researches with different federal and state bodies will allow us to better identify economic interests,” he emphasized.
Differentiated initiatives
Apart from the Center, the University is developing other studies in the oil and gas sector. In the field of Geology, Unesp has partnerships with Petrobras, the Brazilian Petroleum Agency (ANP), the Brazilian Council for Scientific and Technological Development (CNPq), the State of São Paulo Research Foundation (Fapesp), and the Coordination for the Improvement of Graduate Personnel (Capes). Among the current projects, there is one with ANP regarding the reassessment of the Santos Basin structure, based in the reinterpretation of seismic lines. Moreover, there are Petrobras projects, whose themes include contamination in coastal areas, environmental degradation and evaluation, geology along gas pipes and pedology in regions of environmental impact. “There are no precedents of a center with such a structure in Brazil, and we believe that other sectors will be interested in developing collaborative researches together with the Center projects,” said Professor Hackspacher, who has good expectations for the project.
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Tecnologia inédita
em águas profundas
Por: Érica Nascimento
Tecnologia do Sistema de Separação Submarina Água-óleo Underwater water/oil separation system technology
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Petrobrás e a empresa norte-americana FMC Technologies assinaram em setembro um acordo de cooperação tecnológica para implantação do SSAO – Sistema de Separação Submarina Água-óleo – que vem sendo estudado há pelo menos dois anos e desenvolvido pelas duas empresas, com a finalidade de proporcionar longevidade para a Bacia de Campos e aumentar o fator de recuperação da produção de petróleo, em áreas onde as plataformas não apresentem mais viabilidade econômica. A tecnologia é a primeira a ser utilizada na separação de óleo pesado em águas profundas no mundo. O SSAO é desenvolvido, primeiramente, visando aos campos maduros ou àqueles que já entraram em fase de declínio de produção, já que uma das premissas do projeto é que o poço produtor tenha um BSW (teor de água) elevado. Porém, nada impede que em um futuro próximo essa tecnologia possa ser utilizada também para campos em estágio inicial de produção. O engenheiro de processamento e coordenador do projeto na Bacia de Campos, Rogério Pereira, explica que o
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Acordo de cooperação entre Petrobrás e FMC contribuirá para um maior fator de recuperação da produção de petróleo equipamento submarino será instalado no Campo de Marlim, na Bacia de Campos, recebendo a produção bruta proveniente de um ou mais poços, proporcionando meios para efetuar a separação entre gás, óleo e água. A água separada será reinjetada no reservatório, e o óleo será enviado juntamente com o gás para a plataforma de produção. “No Mar do Norte existe um sistema com características semelhantes que se encontra em fase final de implantação, projetado para trabalhar com um óleo de grau API mais ele-
vado e para uma profundidade bem inferior à nossa”, comenta o engenheiro. Segundo explica Paulo Couto, vice-presidente de Tecnologia & Engenharia e Produtos Emergentes da FMC Technologies do Brasil, existem vários sistemas de processamento e separação submarinos no mundo. De acordo com ele, no Brasil, inclusive, a Shell está utilizando no campo de BC-10 tecnologias de separação e bombeio, e a própria Petrobrás adotou essas tecnologias no sistema VASPS. “Para o SSAO, em Marlim o avanço é impressionante, e a FMC se orgulha de ter participado de todos os cinco sistemas comerciais em atividade no mundo”, ressalta Couto.
A tecnologia Segundo explica Paulo Couto, o SSAO é um sistema de processamento da produção no fundo do mar composto de vários subsistemas como separação quadrifásica (óleo, água, gás e areia), bombeamento, controle e medição. “As tecnologias utilizadas pelo sistema foram na sua maioria desenvolvidas pela própria FMC nos últimos anos, mas contando em grande parte com nossos fornecedores qualificados. Ressalta-se também a utilização de um sistema de separação óleo-água do tipo PipeSeparator, desenvolvido pela StatoilHydro na Noruega”, disse Couto.
Vantagens do novo sistema Segundo Rogério Pereira, o SSAO apresenta algumas van-
De acordo com ele, a longo prazo, poderá haver, inclusive, redução do número de sistemas flutuantes de produção e, com isso, será possível obter uma redução considerável nos custos operacionais. Uma vantagem significativa em relação ao meio ambiente é a redução da quantidade de água descartada no mar pela unidade, pois uma parcela desta água será separada no leito submarino e reinjetada no reservatório. O SSAO também poderá ser utilizado inclusive em áreas onde as plataformas não apresentem mais viabilidade econômica, contribuindo para o aumento da vida útil do campo e, consequentemente, proporcionando um aumento do fator de recuperação.
Instalação O Campo de Marlim foi selecionado para a primeira instalação dessa tecnologia. Isso se deu pela presença de uma considerável reserva de óleo pesado, por estar localizado em águas profundas e ser um campo maduro. Sua conclusão está prevista para outubro de 2011, e o sistema processará diariamente 22 mil barris de líquido.
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O sistema funciona da seguinte forma: a produção do poço submarino será encaminhada para uma série de equipamentos que farão primeiramente a separação do óleo do gás e posteriormente a separação da água e da areia. A água será reinjetada em outro poço, e o gás e a areia serão ligados novamente ao óleo. E esse fluxo “surgente” se tornará mais leve com a remoção da água.
tagens se comparado ao modelo atualmente usado pela indústria do petróleo. A primeira delas diz respeito às plantas de tratamento de óleo e água produzidos das plataformas atualmente instaladas na Bacia de Campos. “Hoje, a maioria de nossas plantas de produção está operando em sua capacidade máxima. Com a separação submarina, será possível aliviar as plantas e permitir até mesmo a interligação de novos poços a essas unidades”, ressalta.
“Nesse caso, o fator de recuperação não é o foco no momento, é um ponto que ainda está sendo avaliado, já que se trata de um sistema de desenvolvimento tecnológico”, esclarece Rogério.
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Original technology in deep waters
By: Érica Nascimento
Petrobras and FMC entered into a Cooperation Agreement contributing to increase the oil recovery factor
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ast September, Petrobras and the U.S. company FMC Technologies entered into a technological cooperation agreement for the implementation of the Water-oil Subsea Separation System (SSAO, in Portuguese), studied for, at least, two years and developed by both companies. The purpose is to provide long life to Campos Basin and increase the oil recovery factor where the platforms are no longer economically feasible. The technology is the first in the world to be used to separate crude oil from deep waters. The SSAO was developed in particular to the mature oil fields, or to the fields undergoing a reduction in the output, since one of the project premises is the producing well to have a high BSW. However, the fields in the initial stage of production may have this technology as well in some time. Rogério Pereira, Processing Engineer and the Project Coordinator in Campos Basin, explains that the subsea equipment is to be installed at the Marlim Field, in Campos Basin, receiving the crude output from one or more wells, providing means to separate gas, oil and water. After that, the water will return to the reservoir, and the oil and gas will be sent to the production platform. “There is a system in North Sea with similar characteristics under the final phase of implementation, designed to work with an oil of higher API degree and to a depth lower than ours”, says Pereira. According to Paulo Couto, FMC Technologies do Brasil Technology & Engineering and Emerging Products Vice-President, there are many subsea processing and separation systems in the world. He stresses that Shell is using separation and pumping technologies in Brazil, at the BC-10 field, and that Petrobras has also adopted such technologies in the VASPS system. “This is an impressive advance to the SSAO in Marlim. FMC is proud of participating in all the five commercial systems operating in the world”, says Couto.
The technology
According to Couto, SSAO is a sea bottom production processing system comprising several subsystems with four-phase (oil, water, gas and sand) separation, pumping, control and measurement. “The technologies applied by the system were mostly de54 MACAÉ OFFSHORE
veloped by FMC in the recent years, but our qualified suppliers have much credit in it. The use of the oil-water PipeSeparator system developed by StatoilHydro in Norway is emphasized as well”, said Couto. The system work is the following: the subsea well output is sent to a series of equipment which will make the first separation of oil from gas and, after that, from water and sand. The water will be injected to another well, the gas and the sand will be reconnected to the oil. Such emergent flow will become lighter after the water is removed.
New system benefits
According to Rogério Pereira, the SSAO has some benefits compared to the model currently used in the oil industry. The first benefit is related to the treatment plant of oil and water produced from the platforms installed in Campos Basin. “Most of our production plants is currently operating at its maximum capacity. With the subsea separation, the plants will be relieved, allowing even the interconnection of new wells to those units”, he stresses. According to Pereira, even a reduction in the number of production floating systems may occur in the long run, and, therefore, a considerable decrease in the operational costs will be possible. Another significant advantage in respect to the environment is the reduction of the amount of water discarded to the sea by the unit, as part of that water is separated in the subsea and returned to the reservoir. The SSAO may also be installed in areas where the platforms are no longer economically feasible, contributing to increase the field life cycle and, thus, delivering an increase of the recovery factor.
Installation
Marlim Field was chosen as the first to have this technology installed. Such decision took into account its considerable crude oil reserve, its location in deep waters and its maturity. The installation completion is expected to October 2011, and the system is to process 22,000 liquid barrels/ day. “The recovery factor is not the current focus in this case. This subject is still under analysis, as it is a technologic development system”, says Pereira.
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