Plataformas de Babel

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MACAÉ OFFSHORE 1


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ÍNDICE / CONTENTS

Matéria de capa | Report of Cover

Qualificação | Qualification

Arte: Paulo Mosa Filho

Yes, nós temos pré-sal... e muito trabalho! 34 Yes, we’ve got pre-salt... and lots of work! 39

Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6

Divulgação

Articulando | Articuling

8 Challenging the complex world of offshore environment.. . . . . . . . . . . 9 Desafiando o complexo ambiente do mundo offshore . . . . . . . . . . . . . . .

Entrevista | Interview

14 Graça Foster . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Graça Foster.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O Prominp do

Negócios | Business

setor naval no

Missões comerciais em alta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Norte Fluminense

26

42 Booming Trade Missions.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

The Prominp of the shipbuilding

Plataforma Espírito Santo | Espírito Santo Platform

business of the North of

Sem medo do Açu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Rio de Janeiro

30

50 Not afraid of Açu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Plataforma Santos | Santos Platform

56 Written with oil.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Escritas a óleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Colunistas | Columnists

Gestão de Negócios Business Management Alexandre Andrade

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Como controlar projetos e gerir valor agregado How to control projects and how to manage added value Como o setor de Óleo e Gás influencia a Bolsa no Brasil How the Oil and Gas is influencing the stock market in Brazil

10 11 12 13

Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR

Oportunidades no mar e na terra Enquanto outros mercados encolhem ou apenas mantêm o volume de investimentos, o Brasil apresenta plano consistente de crescimento e números de causar inveja a grandes potências econômicas. O país hoje é visto com confiança pelo resto do mundo, pois tem regras claras, uma democracia consolidada e estabilidade econômica. Com o crescente aquecimento e o volume de investimentos da indústria de óleo e gás, alavancado mais recentemente pelas descobertas na camada do pré-sal, o Brasil se tornou um foco natural de países como Reino Unido, Estados Unidos e China, que precisam expandir sua produção, para fazer frente ao consumo. Na busca por novos mercados, o país entrou na rota das grandes potências econômicas mundiais e passou a ser considerado um mercado prioritário, apresentando um ambiente favorável para a geração de empregos e de negócios. Isso faz com que o trânsito de empresários, executivos e profissionais de diversas partes do mundo esteja cada vez mais aquecido. Tanto na terra, quanto no mar.

Na contramão, percebe-se também um interesse maior de empresas nacionais em participar de missões internacionais. E não é apenas para participar de grandes eventos do setor, como a recente OTC. Afinal, a presença lá fora é fundamental para o desenvolvimento favorável de novos negócios, possibilitando o encontro com grandes operadoras e agentes de mercado, promovendo troca de conhecimentos e experiências.

O Brasil é um

mercado prioritário, com ambiente

favorável para a geração de empregos e de negócios

As plataformas e demais unidades offshore são os principais destinos dos estrangeiros que solicitam autorização para trabalhar no País, conforme mostra a reportagem de capa, que traça um diagnóstico do tema. O aumento de trabalhadores de outros países expõe um outro problema: a necessidade crescente de mão de obra qualificada, que aumenta ainda mais com os desafios tecnológicos em águas ultraprofundas. Em terra firme, câmaras de comércio de diversos países têm ampliado suas ações, especialmente no Rio de Janeiro, para prestar apoio a empresas ou investidores individuais interessados em identificar parceiros

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no setor de óleo e gás no Brasil. O aumento do número das empresas britânicas interessadas em vir para o Brasil, nos últimos três anos, é motivado ainda pelo amadurecimento dos campos de petróleo do Reino Unido, no Mar do Norte, que provoca tendência de queda na produção offshore.

Enquanto isso, aqui no Brasil, é tempo de mudanças. Esta edição traz uma entrevista exclusiva com a presidente da Petrobras, Graça Foster, que comenta os principais assuntos que foram destaque em seus primeiros três meses de gestão, entre eles, as mudanças na diretoria da companhia.

Também está em destaque nesta edição o programa de qualificação para o setor naval do Norte Fluminense, desenvolvido por OSX e Senai, que atraiu milhares de trabalhadores da região, surpreendendo diante da baixa procura pelo Prominp, ‘menina dos olhos’ de Graça. E como estamos em tempo de mudanças, a Macaé Offshore também está em nova fase, que os leitores já começarão a perceber nesta edição. Em breve, muitas outras novidades, aqui e no portal www.macaeoffshore. com.br. Aguardem! Boa leitura!


LETTER TO THE READER

Opportunities at sea and on land While other markets shrink or just keep the volume of investment, Brazil’s robust plan of growth and numbers that cause major economic powers to envy us. The country is now viewed with confidence by the rest of the world because it has clear rules, a functioning democracy and economic stability. With increasing heating and volume of investments in the oil and gas business, driven most recently by the findings in the pre-salt layer, Brazil became a natural focus of countries like UK, USA and China, who need to expand its production to cope with the consumer.

of British companies interested in coming to Brazil in the last three years is motivated by the maturation of the oil fields in the UK, North Sea, causing a downward trend in their offshore production. On the other hand, a greater interest from national companies to participate in international missions is also perceived. And it is not only to participate in major industry events such as the recent OTC. After all, the presence abroad is critical to the favorable development of new business, providing the meeting with major operators and market agents, which promotes exchange of knowledge and experiences.

The Brazil is a

priority market, presenting

In the search for new markets, the country entered the route of the world’s major economic powers and is now considered a priority market, presenting a favorable environment for job creation and business. This causes the movement of entrepreneurs, executives and professionals from various parts of the world to increasingly heat, both on land and at sea.

a favorable

environment for job creation and business

Platforms and other offshore units are the main destinations for foreigners seeking work permits in the country, as shown in the cover story, which traces a diagnosis on the subject. The increase in workers from other countries presents another problem: the growing need for skilled labor, which further increases with the technological challenges in ultra-deep waters. Onshore, chambers of commerce from different countries have expanded their actions, especially in Rio de Janeiro, to provide support to companies or individual investors interested in identifying partners in the oil and gas business in Brazil. The increase

Meanwhile, here in Brazil, it is time for change. This issue features an exclusive interview with the president of Petrobras, Graça Foster, who comments on the main issues that were highlighted in her first three months of management, including changes in company management.

It is also highlighted in this issue the qualification program for the marine industry of the north of the state, developed by OSX and Senai, which has attracted thousands of workers in the region, which is surprising given the low demand for Prominp, Graça’s ‘apple of the eye’. And as these are times of changes, Macaé Offshore is also going through a new phase, which will be perceived by readers from this issue. Soon, many other new features, here and in the gateway www.macaeoffshore.com.br. Stay tuned!

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação, Agência Petrobras A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (Português / Inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé - RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Flávia Domingues, Isabela Pimentel, Juliana Rangel, Marcus Lotfi redacao@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: José Tarcísio Barbosa Tradução em inglês: / English version: Taíse Maria Marchiori Soares Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 63ª Edição - Março/Abril 63th Edition - March/April Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties

Good reading!

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MARÉ ALTA

Accelerate já planeja bis ano que vem

Antes mesmo de abrir sua primeira edição no Brasil, a organização do Accelerate Oil & Gas já antecipava à Macaé Offshore sua intenção de realizar a segunda edição em 2013, sob o tema “Accelerate Brasil – Fórum de Infraestrutura e Investimento”. A decisão é ancorada no sucesso do evento, que reúne dias 15 e 16 de maio, no Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro, mais de 500 representantes de 250 organizações como Petrobras, Transpetro, HRT, Gaia Oil&Gas, Queiroz Galvão, GDF Suez, Statoil, Halliburton, Barra Energia, GE Oil&Gas, Samsung, Dow Oil&Gas, Camargo Correa, Siemens, Caterpillar, Qatar Holding, Total do Brasil e Repsol. Para esta primeira edição, foram convidados 40 especialistas, autoridades e executivos para participar de painéis sobre o desenvolvimento da indústria de óleo e gás no Brasil, com foco no pré-sal. Financiamentos, investimentos, tecnologia, infraestrutura,

segurança e meio ambiente e perspectivas futuras são alguns dos temas tratados nesta expo-fórum. Além das palestras, os participantes têm a oportunidade de conhecer o Product Showcase, com oito empresas mostrando serviços e tecnologias inovadoras para o segmento, entre elas, National Oilwell Varco, Oceaneering, Altus Sistemas de Informática, Regus, Grupo Rentank e a holandesa Electroproject Aandrijftechniek. Ainda durante o evento, destaque para o Meeting Manager Program, um sistema de pré-agendamento de reuniões que permite aos executivos se reunir em mesas redondas para discutir a possibilidade de parcerias comerciais e novos negócios. O Accelerate 2012 tem apoio de instituições como Finep, Firjan, Sebrae Nacional e Caixa Econômica Federal, além de empresas como Ambipar, Geosol, Naville Iluminação, Brasbunker e Falcon Oil.

Accelerate already plans a second time next year Even before opening its first edition in Brazil, the organization of Accelerate Oil & Gas already anticipated during Macaé Offshore its intention of prepare the second edition on 2013, under the theme “Accelerate Brasil – Forum on infrastructure and Investment”. The decision is anchored on the success of the event, which gathers over 500 representatives of the 250 organizations such as Petrobras, Transpetro, HRT, Gaia Oil&Gas, Queiroz Galvão, GDF Suez, Statoil, Halliburton, Barra Energia, GE Oil&Gas, Samsung, Dow Oil&Gas, Camargo Correa, Siemens, Caterpillar, Qatar Holding, Total do Brasil e Repsol, at the Sofitel Hotel on May 15th and 16th, in Rio de Janeiro city. For this first edition, 40 specialists, officers and executives were invited to participate in panels about the development of the oil and gas industry in Brazil, focusing on the pre-salt. Financing, investments, technology,

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infrastructure, safety and environment, as well as future prospects are some of the themes covered by this expo-forum. In addition to lectures, participants will have the opportunity to get to know the Product Showcase, in which eight companies show services and innovative Technologies for this segment, among them: National Oilwell Varco, Oceaneering, Altus Computer Systems, Regus, Rentank Group and the Dutch company Electroproject Aandrijftechniek. Still during the event, the Meeting Manager Program, a meetings pree-booking system allows the executives to gather in roundtables to discuss the possibility of trade partnerships and new business. The Accelerate 2012 is supported by institutuions such as Finep, Firjan, Sebrae Nacional and Caixa Econômica Federal, in addition to companies as Ambipar, Geosol, Naville Iluminação, Brasbunker and Falcon Oil.

OTC de volta ao Brasil em 2013 Está confirmada para outubro de 2013 a segunda edição da OTC Brasil, promovida pelo Instituto Brasileiro de Petróleo Gás e Biocombustíveis (IBP), em parceria com a Offshore Technology Conference. O anúncio foi feito por Álvaro Teixeira, secretário executivo do IBP, durante a OTC 2012, em Houston (EUA). A primeira edição da OTC Brasil aconteceu no ano passado e recebeu mais de 10 mil visitantes em três dias. “A OTC Brasil demonstra o avanço tecnológico brasileiro do setor e agrega valor à indústria nacional”, comenta Teixeira.

OTC back to Brazil in 2013 The second edition of OTC Brasil is confirmed for October of 2013, promoted by the Brazilian Institute of Oil, Gas and Biofuels (IBP), in partnership with Offshore Technology Conference. The announcement was done by Álvaro Teixeira, the executive secretary of IBP, during the OTC in 2012, in Houston (EUA). The first edition of OTC Brasil occurred last year and received mover 10 thousand visitors in three days. “OTC Brasil demonstrated the Brazilian technological progress of this business and adds value to the national industry“, Teixeira comments.


HIGH TIDE

NOV em ação de responsabilidade social

Segurança offshore em pauta Prevenção, gestão de riscos, respostas a emergências e integridade de ativos estarão em pauta na Protection Offshore 2012, o mais importante encontro do setor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde para o segmento de Exploração & Produção. A quinta edição vai acontecer entre os dias 26 e 28 de junho, no Centro de

Convenções Jornalista Roberto Marinho (Macaé, Centro). A Macaé Offshore, mais uma vez, marca presença como apoiadora do evento organizado pela Rede Alcântara Machado. Acompanhe pelo portal www.macaeoffshore.com.br todas as novidades.

Offshore safety in discussion Prevention, risk management, emergency responsibveness and the integrity of assets will be on the agenda during Protection Offshore 2012, the most importante encounter for the Health, Environment and Safety sector for the industry segment of Exploitation & Production. The fifh edition will ocurr in Jun, 26 to 28,

at Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho (Downtawn Macaé). Macaé Offshore, once more, marks its presence as a supporter of the event, which is organized by Rede Alcântara Machado. Follow all the news by the gateway www.macaeoffshore.com.br.

Harris CapRock e Chevron juntas no Golfo do México É da Harris CapRock Communications

A primeira leva de óleo está pre-

o contrato para fornecer sistemas de tele-

vista para 2014. A Harris é uma prove-

comunicações e infraestrutura para o pro-

dora global de soluções de comunica-

jeto da plataforma Big Foot da Chevron,

ção gerenciada via satélite e terrestre,

no Golfo do México. O empreendimento

especificamente para ambientes re-

terá capacidade de produção de 75 mil

motos e críticos, abrangendo os mer-

barris de petróleo e 25 milhões de pés

cados marítimos e de energia e go-

cúbicos de gás natural por dia.

vernos.

Harris CapRock and Chevron together in the Gulf of Mexico The contract to provide telecommunications systems and infrastructure for Chevron’s project Big Foor platform is held by Harris CapRock Communications. The enterprise will be able to produce 75 thousand of oil barrels and 25 million of cubic feet of natural gas a day.

The first batch of oil is preview for 2014. Harros is a global provider of solutions in managed satellite and land communications, specifically for remote and critical environments covering the maritime and energy industries, as well as for governments.

Cresce cada vez mais o interesse das oil companies por ações socialmente responsáveis que tenham impacto diretamente nas comunidades do entorno de sua área de atuação. Sediada no Parque de Tubos, em Macaé, a NOV (National Oilwell Varco) decidiu abraçar a Pré-Escola Municipal Imboassica e está financiando as obras para reforma e construção do telhado e salas. David Crumpler, vice-presidente da NOV, explica que, acompanhando o ritmo de crescimento da companhia no Brasil e no mundo, mas sem perder o foco no local, outras ações estão sendo planejadas para beneficiar a comunidade macaense, dentro da política de sustentabilidade socioeconômica e ambiental da empresa.

NOV in an action of social responsivility The interest of oil companies for actions socialy responsible that cause direct impact on the communities around them is increasing. Located at Parque de Tubos, in Macaé, the company NOV (National Oilwell Varco) has decided to embrace Pré-Escola Municipal Imboassica and it is funding the renovation and construction works of roofs and rooms. David Crumpler, vice-president of NOV, explains that, keeping pace with the growth of the company in Brazil and in the world, but without losing focus on the local, other actions are being planned to benefit the “macaense” community, within the policy of socio-economic and environmental sustainability of the company

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ARTICULANDO

complexo

Desafiando o ambiente do mundo offshore Por Márcio Capella

Veja no portal www.macaeoffshore.com.br a íntegra do artigo acadêmico “Desafios em Ambiente Complexo no Segmento Offshore da Indústria do Petróleo”, em coautoria com o professor Marcius Hollanda Pereira da Rocha, D.Sc, colaborador da UFF-Niterói.

Quer colaborar com a revista e com o portal? Envie seu artigo para avaliação: portal@macaeoffshore.com.br

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Articuling

Challenging the

complex

world of offshore environment By Márcio Capella

See the full academic paper “Challenges in Complex Environment in the Offshore Segment of the Oil Industry” in www.macaeoffshore.com.br, co-authored woth Professor Marcius Hollanda Pereira da Rocja, D.Sc, colaborator of UFF-Niterói.

Are you interested in collaborating with the magazine and the gateway? Send your article to: portal@macaeoffshore.com.br

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Gestão de negócios

Como controlar projetos e gerir valor agregado *Por Alexandre Andrade, PMP Em projetos, principalmente na área de Engenharia, o planejamento exige a execução de diferentes processos envolvendo questões como escopo, cronogramas, custos, qualidade, riscos, recursos humanos e contratações. Esta fase deve ser concluída com a apresentação do Plano de Projeto, em que é feita a integração de todas as etapas do planejamento, inclusive do planejamento estratégico. O Plano de Projeto é um documento formal, consistente e coerente, que deverá ser aprovado e utilizado para gerenciar a execução do projeto. Neste documento se terá uma base de referência para a medição do desempenho do escopo, do cronograma e do custo. Uma das técnicas cada vez mais conhecidas na área de Gerenciamento de Projetos para acompanhar o desempenho de um projeto é a análise de Valor Agregado (Earned Value) ou técnica do Valor do Trabalho Realizado. Introduzida pelo Departamento de Defesa Americano na década de 60, esta metodologia continua sendo fundamental e uma das ferramentas mais recomendadas pelo PMI® (Project Management Institute) para um controle eficaz do projeto. O Gerenciamento do Valor Agregado é suportado por vários conceitos básicos. Imaginemos que numa determinada avaliação do andamento de um projeto se constate que não ocorreu atraso no cronograma do projeto, porém, é possível que todas as 10 MACAÉ OFFSHORE

atividades planejadas tenham sido cumpridas, mas podem ter ocorrido mais gastos do que foi previsto para o período no orçamento. Ao se verificar isso, fica claro que se tornarão necessárias ações de correção para o planejamento. O contrário também é possível, ou seja, podemos aplicar um rigoroso cumprimento do planejamento financeiro, mas identificamos a seguir que as atividades previstas para o período não foram realizadas ou que ocorreram retrabalhos, determinando assim um atraso no cronograma físico. Portanto, a abordagem mais correta é aquela onde o escopo, o cronograma e os custos são analisados de forma sistêmica. Por definição, o valor a ser agregado por uma atividade num projeto é o valor orçado inicialmente para esta atividade. Assim, na medida em que cada atividade de um projeto é realizada, aquele valor inicialmente orçado para a atividade passa a constituir o Valor Agregado do projeto. Com essa análise, faz-se uma avaliação contínua do que foi obtido em relação ao que foi realmente gasto e ao que se planejava gastar. Em um projeto menor, estas eventuais distorções podem ser percebidas facilmente e os conceitos podem ser vistos como intuitivos, mas em projetos maiores e mais complexos, com várias equipes e várias frentes de trabalho, esta avaliação integrada é uma ferramenta fundamental para garantir uma visão antecipada dos possíveis desvios.

O Gerenciamento do Valor Agregado relaciona três variáveis principais distintas: Valor Planejado (VP) – Trata-se do trabalho físico programado para ser realizado, incluindo o valor estimado para realizá-lo; Valor Agregado (VA) - É valor do trabalho realizado, ou seja, o trabalho físico realmente realizado, incluindo-se o valor que havia sido estimado para realizá-lo; Custo Real (CR) – É o custo incorrido para se obter o trabalho realizado. Podemos dizer que se o Valor Agregado for maior do que o Custo Real, num determinado período, estará dentro do orçamento previsto. Isto significa que conseguimos ser mais produtivos, agregando resultados ao projeto com menores custos em relação ao que havia sido planejado. Por outro lado, a comparação do Valor Agregado com o Valor Planejado pode nos dar uma indicação do avanço físico do projeto. Se o Valor Agregado for maior que o Valor Planejado significa que conseguimos concluir mais atividades no período do que havíamos previsto no cronograma. A análise do Valor Agregado afasta, assim, conclusões isoladas, por vezes falsas, baseadas unicamente nos custos incorridos ou no cronograma de atividades. Sua aplicação depende de uma estrutura de planejamento e de


business management

acompanhamento de projetos muito bem estruturada e uma interface com todas as áreas envolvidas

muito claras, mas a sua aplicação permite reduzir bastante os desvios e atraso nos projetos, trazendo,

assim, um retorno não só financeiro, mas de satisfação para clientes e parceiros.

* Alexandre Andrade é graduado em Administração pelo Isecensa Campos/RJ, certificado pelo PMI (PMI® - Project Management Institute) desde 2008 e possui MBA em Engenharia de Petróleo pela Funcefet Macaé. Trabalha na área de Óleo e Gás há 11 anos e há sete atua como Gerente de Projetos nos segmentos de Tecnologia da Informação e Óleo e Gás na Petrobras em Macaé.

How to control projects and how to manage added value * By Alexandre Andrade, PMP In projects, especially in the domain of Engineering, the planning phase requires the execution of different processes involving issues such as scope, schedules, costs, quality, risks, human resources and hiring. This phase must be concluded with the presentation of the Project Plan, in which the integration of all steps of planning is done, including the strategic planning. The Project Plan is a formal, consistent and coherent document, which must be approved and used to manage the project execution. This document will be a baseline of measuring the performance of scope, schedule and cost. One of the techniques increasingly known in the field of Project Management intended to follow up the progress of a Project is the Added Value analyses (Earned Value) or the technique of the Value of Work Performed. Introduced by the American Defense Department in the 60s, this methodology still is fundamental and one of the most recommended tools by PMI® (Project Management Institute) for an efficient control of projects. The Added Value Management is supported by several basic concepts. Imagine that, in a given assessment of the progress of a project, it is found that all planned activities were concluded within the schedule, but they may have spent more money for the period than it was predicted in the budget.

When it happens, it is clear that some corrective action related to the planning will be needed. The opposite is also possible, which means that we can also apply a strict compliance to the financial planning, but we identify that the planned activities for a certain period were not concluded or that some rework was done, which implies a certain delay in the physic schedule. Thus, the most correct approach is the one that analyses the scope, schedule and costs in a systemic manner. By definition, the value to be added by an activity in a project is the amount originally budgeted for this activity. Thus, insofar that each activity of a Project is performed, that amount originally budgeted for the activity is now the Added Value of the Project. Through this analyses, a continuous evaluation is made of what was obtained concerning the real cost and the planned cost. In a smaller Project, these potential distortions can be easily perceived and the concepts may be seen as intuitive, but in bigger and more complex projects, with multiple teams and work fronts, this integrated evaluation is a fundamental tool to ensure an early vision of possible deviations. The Management of Added Value relates three distinctive main variables: Planned Value (PV) – This is the physical work programmed to be

performed, including its estimated value needed to perform it; Added Value (AV) – This is the value of the performed work, which is the physic work that was truly performed, including the estimated value to perform it; Real Cost (RC) – This is the cost incurred for obtaining the performance of the work. It’s correct to affirm that if the Added Value is higher than the Real Cost, in a certain time, it is within the expected budget. It means that it is possible to be more productive, adding results to the project with less costs comparing to what was planned. On the other hand, the comparison of the Added Value with the Planned Valued can give us some indication of the physic progress of the project. If the Added Value is higher than the Planned Value, it means that we were able to conclude more activities in the expected schedule. Thus, the analyses of the Added Value deviates isolated conclusions, sometimes false conclusions, based only on incurred costs or on the schedule of activities. Its application depends on a very well structured planning structure and on the following up of projects, and a very clear interface with all involved areas, but its application allows reductions of deviation and delays in projects, thus bringing results which are not only financial ones but also results converted into the satisfaction of clients and partners.

*Alexandre Andrade holds a Bachelor’s Degree in Business Administration from Isecensa Campos/RJ, a PMI® certificate as a PMP® (Project Management Professional) since 2008, and holds a MBA in Petroleum Engineering from Funcefet Macaé; He has been in the Oil Gas segment in Macaé for 11 years, and has been working for Petrobras as a project manager for seven years in the sectors of Information Technology and Oil and Gas.

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Por dentro do mercado

Como o setor de Óleo e Gás influencia a Bolsa no Brasil *Por Celso Vianna Cardoso Diversos acontecimentos agitaram a mercado de óleo e gás desde a última coluna. A mais aguardada pelo mercado foi a nomeação da nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em 13 de fevereiro de 2012, substituindo José Sérgio Gabrielli, que estava no comando da estatal desde 2005. Por ter um perfil mais técnico e ser funcionária de carreira da Petrobras e sem laços políticos, o mercado considerou positiva sua nomeação e foi às compras, provocando uma alta de 6,3% nas duas primeiras semanas. Entretanto, as incertezas sobre o reajuste dos combustíveis e o impacto que isso provocou no balanço da Petrobras, divulgado poucos dias antes da posse, voltaram a pesar, fazendo o preço da ação despencar 14%, voltando ao patamar dos R$ 21,00.

precisa convencer o mercado que o potencial de geração de caixa atenderá às expectativas dos investidores.

Ibovespa, Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, não conseguiu romper os 73 mil pontos e segue em baixa.

Com as duas petrolíferas respondendo por quase 15% do índice Bovespa, o mau desempenho do setor está afetando a Bolsa brasileira, descolando-a dos seus pares mundiais. Nos Estados Unidos, por exemplo, os principais indicadores superaram os topos do período pós-crise de 2008 e seguem em alta, enquanto o

Uma simulação preparada pelo Centro de Investimentos de Longo Prazo mostra que, se fosse possível retirar as ações da Petrobras do índice Bovespa, ele estaria 3,7% mais alto, ou algo próximo aos 64.500 pontos, contra os 62.100 pontos apresentados no fechamento desta edição. 40%

30%

20%

10%

Petrobras

OGX

BP Amoco 0%

Exxon Mobil

Shell

Chevron

Conoco Philips

WTI -10%

-20%

Em queda desde 2009, quando atingiram seu preço máximo no período pós-crise (R$ 36,50), as ações da Petrobras seguem perdendo espaço também na composição do índice Bovespa, onde já obtiveram mais de 15% de participação – hoje reduzida a pouco menos de 10% - e perderam a liderança para a Vale, que detém 12,5%. Em contrapartida, a OGX, lançada em maio de 2007, já atingiu a terceira posição com pouco menos de 5% de participação. Apesar do aumento da participação no índice, a OGX também sofre com a depreciação do preço de suas ações, principalmente pelos constantes atrasos no início da produção. A empresa do Eike Batista celebra a primeira entrega de 600 mil barris de petróleo para a Shell, porém, 12 MACAÉ OFFSHORE

-30%

-40%

Gráfico 1: Desempenho das principais empresas do setor de Óleo e Gás nos últimos 24 meses Performance of major companies in oil and gas busines in the last 24 months

Poderíamos especular que o problema estaria no cenário mundial para o setor de Óleo e Gás. No entanto, o Gráfico 1 mostra que do período compreendido entre maio de 2010 – quando as bolsas atingiram suas cotações máximas do período pós-crise de 2008 – e os dias de hoje, as maiores empresas do setor tiveram suas ações valorizadas, enquanto Petrobras e OGX amargaram perdas superiores a 25%. Paralelamente, os principais índices das bolsas dos EUA tiveram altas superiores a 15%, enquanto a Bovespa caiu quase 5% (Gráfico 2).

35% 30% 25% 20% 15% 10%

Bovespa

5% 0%

Nasdaq

SP500

Dow Jones

-5%

Gráfico 2: Desempenho das bolsas dos EUA X Brasil nos últimos 24 meses. Performance of the stock markets in USA X Brazil for the last 24 months


inside the market

A conclusão é que o setor de maior participação no índice Bovespa não está conseguindo animar os investidores no Brasil. A ausência de uma

política clara sobre o reajuste de preço dos combustíveis, apontada como causa do balanço ruim da Petrobras no último trimestre de 2011, e as promessas

de lucro ainda não atingidas pela OGX, vêm pesando tanto nas empresas citadas quanto no índice da nossa Bolsa de Valores.

Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ , com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É coautor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

How the Oil and Gas are influencing the stock market in Brazil * By Celso Vianna Cardoso Several events shook the gas and oil market since the last column. The most awaited by the market was the appointment of the new president of Petrobras, Maria das Graças Foster, on February 13th, in 2012, replacing José Sérgio Gabrielli, who was in charge of the state company since 2005. Due to her rather technical profile and her career at Petrobras without political ties, the market considered her nomination as something positive and went shopping, causing an increase of 6,3% on the two first weeks. However, the uncertainties about the adjustment of fuel prices and the impact that it caused in the balance sheet of Petrobras, released a few days before the inauguration, came back and caused the prices of the stock plummet 14%, returning to the level of R$ 21,00. Falling since 2009, when they reached their maximum price in the post-crises period (R$ 36,50), the stocks of Petrobras keep losing room also in the composition of the Bovespa index, in which they have already had more than 15% of participation – today reduced to less than 10% and lost the first place for Vale, which has 12,5%. On the other hand, OGX which

was launched in May of 2007, reached the third position with less than 5% of participation. In despite of the increased participation in the Index, OGX also suffer with the depreciation of the price of its stocks, mainly due to constant delays in the first stages of productions. Eike Batista’s company celebrates the first delivery of 600 thousand oil barrels to Shell. Nevertheless, it needs to convince the market that the potential for generating cash meets the investors’ expectations. With the two oil companies responding for almost 15% of the Bovespa index, the poor performance of the sector is affecting the Brazilian stock market, detaching it from its global peers. In the United States, for example, the main indicators exceeded the tops of the post-crisis periods of 2008 and they keep going up, while Ibovespa (Index of the Stock Exchange in São Paulo) couldn’t break the 73 thousand points and goes low. One simulation prepares by the Center of Long-Term investments shows that, if it were possible to remove the shares of Petrobras out of the Bovespa index, this

last would be 3,7% more expensive, or next to the 64.500 points, against the 62.100 points presented when this edition was finished. We could speculate that the problem would be the world scenario for the Oil ad Gal industry. However, a comparative graphic presented in Picture 1 shows that for the period between May of 2010 – when the stock markets reached their peak of the post-crisis period of 2008 – and the present days, the largest companies of the business had thei shares valued, while Petrobras and OGX embittered losses higher than 25%. In parallel, the main stock indexes in the U.S. were valued in more than 15%, while Bovespa decreased almost 5%. We conclude that the sector with higher participation in the Bovespa index is not managing to encourage the investors in Brazil. The absence of a clear policy about readjustments on prices of fuels, blamed as a cause of a poor balance sheet of Petrobras in the last quarter of 2011, and the promises of profit still not achieved by OGX are as important for the mentioned companies as for the index of our Stock market. 

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

MACAÉ OFFSHORE 13


ENTREVISTA

Graça Foster Nova presidente comenta fatos que marcam os três meses de sua gestão à frente da Petrobras, em exclusiva à Macaé Offshore Por Juliana Rangel

Há apenas três meses à frente da maior empresa do Brasil, a presidente

pasta da Fazenda sobre a necessidade de reajustar os preços.

da Petrobras, Maria das Graças da Silva Foster, já imprimiu sua marca. Mexeu na estrutura de indicações partidárias, substituindo três diretores

Depois de declarar à imprensa que mais dia menos dia a Petrobras

com perfil político por técnicos da casa; afirmou que comprará briga se

teria que elevar os valores do combustível cobrado nas bombas – e

o Congresso insistir em aumentar a participação especial das empresas

de mostrar uma planilha de custos ao ministro Guido Mantega –

que exploram petróleo no Brasil e foi eleita entre as pessoas mais

Graça Foster se viu forçada a baixar o tom e tem dito que, neste

influentes do mundo pela revista americana Times.

momento, a companhia suporta bem a demanda por investimentos.

Com uma capacidade de investimento maior que a de qualquer

Em entrevista exclusiva à Macaé Offshore, por email, a presidente

ministério – em torno de R$ 60 bilhões para 2012 – a executiva também

da Petrobras reafirma a política de exigência de conteúdo local nas

enfrenta desafios como a elevação das importações de gasolina a preços

contratações da empresa e diz que boas oportunidades surgirão para

mais altos que os praticados no Brasil e a dificuldade em convencer a

os fornecedores nos próximos anos.

MACAÉ OFFSHORE - O ministro da Argentina Júlio De Vido pediu que a Petrobras ampliasse seus investimentos naquele país, justamente na semana em que a presidente Cristina Kirchner expropriou os negócios da Repsol. Qual será o posicionamento da Petrobras em relação a esse pedido, tendo em vista a insegurança jurídica e a forte necessidade de investimentos da estatal no Brasil? GRAÇA FOSTER - Vamos manter os investimentos na Argentina, conforme está previsto em nosso Plano de Negócios. Temos uma participação de longos anos na Argentina e nosso portfólio inclui atividades de exploração e produção, refino, petroquímica, energia elétrica e distribuição de derivados. Manteremos o que estava previsto há 14 MACAÉ OFFSHORE

um ano, quando aprovamos o Plano de Negócios 2011-2015. MO - Qual é o impacto, para a Petrobras, dessa decisão do governo argentino, tendo em vista os negócios da empresa na província de Neuquén e os postos de distribuição de combustíveis? G.F. - Esperamos resolver a questão da concessão que nos foi retirada na Província de Neuquén. É importante para a Petrobras que as regras sejam claras e que haja segurança jurídica e viabilidade econômica para nossos projetos na Argentina. Estamos conversando neste sentido. M.O. - A senhora tem admitido que os preços dos combustíveis no Brasil têm que ser reajustados em 2012, já que o valor do petróleo no mercado internacional teve forte alta nos


entrevista

últimos anos. O fato de a Petrobras estar demorando a fazer o reajuste explica em parte o fato de as ações serem negociadas a um preço bem abaixo do de outras petroleiras internacionais? Que outros fatores explicariam essa diferença entre as cotações? G.F. - Existe uma série de variáveis que nos alertam para a urgência ou não de aumentar o preço dos combustíveis. A avaliação depende de uma combinação de fatores como câmbio, volume de importação, volume de produção, entre outros. Neste momento podemos dizer que a Petrobras suporta bem a demanda por investimentos. Diversos derivados vêm tendo seus preços corrigidos sistematicamente pela companhia. Evidentemente que, se o preço do barril de petróleo se fixar em um novo patamar, como a nossa política de preços é de longo prazo, chegará a hora de fazer o reajuste nos preços dos combustíveis. Se chegarmos a um ponto de estrangulamento, se o conjunto de variáveis nos indicar que é urgente aumentar os preços, sob pena de comprometermos nossos investimentos, faremos o reajuste. É bom frisar que, apesar das incertezas do cenário mundial e da volatilidade do mercado de petróleo, a Petrobras terminou o ano de 2011 registrando crescimento em todos os segmentos de atuação e manteve a sua saúde financeira. Mantivemos elevada geração de caixa, captamos U$ 18,4 bilhões no mercado nacional e internacional, nossa produção aumentou e estamos avançando nos projetos de exploração e produção, refino e bicombustíveis, fertilizantes e nos demais segmentos em que estamos presentes.

M.O. - A Petrobras já elevou suas importações de gasolina este ano em quase US$ 1 bilhão no primeiro trimestre. O fato de não conseguir repassar esse custo para o preço local afeta o resultado financeiro da companhia?

quão mais alto teria sido o resultado financeiro da Petrobras?

G.F. - O resultado financeiro da companhia é influenciado por diversos outros fatores, além do preço da gasolina, como as variações cambiais, o preço do petróleo no

M.O. - O governo americano tem reivindicado um índice menor de conteúdo local para o pré-sal. O que a Petrobras acha desse posicionamento? A indústria nacional é capaz de atender às necessidades da empresa ou será preciso rever os índices de nacionalização para que não haja atrasos e elevação de custos nos projetos?

As empresas norteamericanas serão sempre bem-vindas como fornecedoras, desde que elas tenham preço e prazo para nos atender dentro das nossas exigências mercado internacional, os custos financeiros e operacionais e o crescimento do mercado interno, que é o nosso principal mercado e para onde vendemos mais de 90% da nossa produção. Para nós é fundamental que este mercado esteja firme e saudável. M.O. - Se o reajuste tivesse sido feito no ano passado, de forma que os preços se mantivessem em linha com os registrados no mercado externo,

G.F. - Não tecemos comentários sobre hipóteses relacionadas a resultados financeiros.

G.F. - Não existe conteúdo local de 100% no Brasil. E eu disse isso à secretária de Estado Hillary Clinton. O conteúdo local varia entre 55% e 65%, número exigido no contrato de concessão. As empresas norte-americanas serão sempre bem-vindas como fornecedoras, desde que tenham preço e prazo para nos atender dentro das nossas exigências. Quando falamos em conteúdo nacional, não estamos nos referindo a atitudes nacionalistas, mas de base técnica, que envolve pragmatismo, materialidade e memória de cálculo. Primeiro, temos que ter conhecimento da cadeia produtiva e conhecimento do negócio, sem improviso. Quando a Petrobras definiu 55% a 65% de conteúdo local, as contas não foram feitas apenas dentro da Petrobras, mas também com participação da indústria de bens e serviços. Portanto, estamos tratando de conteúdo nacional no sentido econômico, com materialidade. M.O - A Petrobras é parceira da Chevron no Campo de Frade, embora MACAÉ OFFSHORE 15


ENTREVISTA

não seja responsável pela operação. Isso, porém, exime totalmente a empresa da responsabilidade no vazamento e na demora em contê-lo? G.F. - Como a operadora é a Chevron, ela é que deve falar sobre o que aconteceu e as providências tomadas. Entretanto, podemos informar que estamos trabalhando junto com nossos parceiros na análise das causas do vazamento e nas formas de aumentar cada vez mais a segurança de nosso trabalho. Nossa meta é vazamento zero. M.O. - A demora na aprovação de uma nova regra para distribuição dos royalties do petróleo pode atravancar o desenvolvimento do pré-sal, na medida em que atrasa novas licitações? G.F. - Nosso trabalho atual, tanto no pré-sal como no pós-sal, independe da aprovação de regras para as participações governamentais. M.O. - Recentemente, a senhora disse que a Petrobras reagirá à possibilidade de ter que pagar mais participações especiais nos campos em que atua, dependendo do desfecho da discussão no Congresso. Como será essa reação? G.F. - A Petrobras é concessionária de áreas de exploração e produção e, como tal, deve cumprir a legislação em vigor. Entretanto, como empresa de capital aberto e com milhares de acionistas, temos que defender nosso negócio e nossos investimentos. Mas sobre a nova lei que sairá das discussões que acontecem no Congresso, não devo me manifestar. São ainda possibilidades. M.O. – A senhora foi apontada como uma das pessoas mais influentes do 16 MACAÉ OFFSHORE

mundo pela Times. Como pretende imprimir sua marca na gestão da Petrobras? G.F. - Foi uma honra ser incluída em uma lista que tem como participantes os presidentes Lula e Dilma. Posso afirmar que a marca de nossa gestão será a permanente busca da excelência em segurança operacional, trabalhando para atingir nossas metas de produção de óleo e gás.

Nosso trabalho atual, tanto no pré-sal como no pós-sal, independe da aprovação de regras para as participações governamentais Estamos trabalhando objetiva e obsessivamente para preservar, acima de tudo, a segurança do trabalhador e atingir vazamento zero. M.O. - Que mudanças podem ser esperadas no rumo da empresa nos próximos anos? G.F. - O rumo da empresa está traçado em seu Planejamento Estratégico de longo prazo, aprovado pelo Conselho de Administração.

As mudanças ocorrerão no sentido de ajustar as metas estabelecidas nos planos de negócios plurianuais, reavaliados anualmente. M.O. - A Times afirma que, diante do ousado plano de investimento da Petrobras, sua tenacidade será mais importante que seu traquejo político. Os dois últimos presidentes da empresa, José Eduardo Dutra e José Sergio Gabrielli, acabaram seguindo a trajetória política, embora Dutra tenha voltado agora para uma diretoria da empresa. A senhora considera que o jogo político é um desafio, dado o seu perfil mais técnico e também o grande poder de investimentos da Petrobras, que acaba por atrair interesses de todos os estados e municípios do País? G.F. - O desafio que tenho na presidência da Petrobras é o de executar a missão primordial dessa companhia: produzir óleo e gás e atender às demandas por suprimentos, garantindo a preservação do meio ambiente. É desafio fazer essa empresa crescer, em um ambiente de permanente diálogo, com bases sólidas e investimentos reais. M.O. - A senhora tem algum tipo de aspiração política para o futuro? G.F. - Não, não tenho qualquer tipo de aspiração política. Sou empregada da Petrobras há 32 anos. M.O. - Alguns técnicos do Cenpes dizem que o pré-sal não é mais um desafio para a empresa, dado que a tecnologia de exploração e produção já está dominada. Quais seriam as novas fronteiras e os novos desafios da empresa? G.F. - Dominamos a tecnologia de exploração e produção em águas profundas e ultra profundas. No


entrevista

pré-sal não é diferente. Nosso grande desafio é acelerar a curva de crescimento e aumentar a produção de petróleo e gás com a segurança que o negócio exige. M.O. - A Petrobras tem um plano vultoso de investimentos nos próximos anos. Que oportunidades devem surgir para fornecedores de equipamentos e mão de obra no Brasil?

É desafio fazer essa empresa crescer, em um ambiente de permanente diálogo, com bases sólidas e investimentos reais G.F. - Para dimensionar o tamanho das oportunidades para a cadeia de fornecedores do País, é suficiente lembrar que o Plano de Negócios até 2015 prevê investimentos de 45 bilhões de dólares anuais, 95% dos quais a serem aplicados em projetos no Brasil. Lembramos, porém, que os projetos da área de petróleo são todos de longo prazo. Portanto, as oportunidades para os fornecedores são, também, de longo prazo.

M.O. - A senhora está promovendo mudanças na diretoria da Petrobras que estão trazendo insatisfação a alguns partidos políticos aliados do governo. Que critérios a senhora usou na escolha dos novos nomes? G.F. - Historicamente, as diretorias da Petrobras têm sido ocupadas, na grande maioria das vezes, por empregados de carreira com grande experiência em sua área de atuação e conhecimento de todas as atividades da companhia, caso dos atuais ocupantes. Este foi e continuará sendo o critério de escolha de nossos dirigentes.

empreiteiras contratadas é parte de nossa atividade de engenharia. A Delta está entre as construtoras que não vêm apresentando a performance esperada, segundo avaliação de nossos profissionais, por isso é possível que venha a deixar as obras. Isso, entretanto, não implicará descontinuidade da execução dos empreendimentos, que podem ser assumidos pelas outras integrantes do consórcio.

M.O. - A senhora admitiu que a Delta poderá deixar alguns contratos da Petrobras. Essa decisão tem a ver com as recentes denúncias de irregularidades envolvendo a empresa? Ela ganhou esses contratos por meio de licitação ou carta-convite? G.F. - As contratações de obras da Petrobras são efetivadas de acordo com o Decreto 2.745/98, que aprovou o Procedimento L i c i t a t ó r i o Simplificado da Petrobras, previsto na Lei 9.478/97, a chamada Lei do Petróleo, que autorizou a abertura do mercado de petróleo e gás. Acompanhar o desempenho de todas as MACAÉ OFFSHORE 17


ENTREVISTA

Fã de Amy Winehouse e de comida mineira, ela sonha em viver no mar Nascida numa família humilde de Caratinga (MG), Maria das Graças da Silva Foster viveu dos dois aos 12 anos no Morro do Adeus, vizinho ao Complexo do Alemão, uma área dominada pelo tráfico de drogas na Zona Norte do Rio de Janeiro, até a recente chegada de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Teve que catar lata e papel reciclado para ajudar em casa. Com parte do dinheiro, comprava seu material escolar. Passou no vestibular para uma universidade pública, a UFF, em Niterói, onde se formou engenheira química em 1978, mesmo ano em que ingressou como estagiária na Petrobras.

Workaholic e conhecida por ser intolerante com erros, até mesmo da imprensa, Graça já declarou que "morreria" pela Petrobras: “Minha vida particular é que se adapta à Petrobras, não o contrário”, afirmou recentemente ela, que é casada e tem dois filhos, de 36 e 24 anos.

M.O. - O que a senhora costuma fazer nas horas vagas? G.F. - Gosto de ler, caminhar no calçadão nos fins de semana, tomar um bom vinho, cozinhar para minha família e conversar superficialidades com amigos. M.O. - Que tipo de música ouve e qual foi o último show a que assistiu?

Após 32 anos, ela chega ao posto máximo da maior empresa do País, indicada pela presidente. Mas ser a primeira mulher a comandar uma das petrolíferas mais cobiçadas do mundo, liderando um ambiente até então dominado exclusivamente por homens, não parece mexer com a vaidade pessoal de Graça.

G.F. - Amo os Beatles, Amy Winehouse, gosto de samba e de carnaval. O último show a que fui foi o do Bob Dylan.

Por trás do estilo durão, existe uma pessoa simples, que gosta de cozinhar para a família, ler, ouvir música e... mergulhar. E que tem um sonho: o de um dia percorrer o mundo a bordo de um veleiro.

G.F. - No Brasil, Bonito, no Mato Grosso do Sul, mergulhando. No exterior, New Orleans, ouvindo música.

Saiba um pouco mais sobre o perfil da executiva:

G.F. - “Mexidinho mineiro” (arroz, feijão, carne...)

Roberto Stuckert Filho/Presidência da Republica

A superação da pobreza ajudou a moldar sua personalidade forte. “Garra para mim é tudo. Nunca tive medo de trabalho”, declarou ao jornal O Globo no ano passado. Galgou posições importantes na empresa e conheceu Dilma Rousseff nos tempos em que atuou no Ministério de Minas e Energia, entre 2003 e 2006. As duas se identificaram

pelo estilo de liderança, que, segundo os mais próximos, conjuga eficiência técnica e dureza no trato profissional.

M.O. - Qual a viagem mais marcante que a senhora já fez? Por quê?

M.O. - Qual o seu prato predileto?

M.O. - Para que time torce? G.F. - Botafogo, claro! M.O. - Idade G.F. - Cinquenta e oito anos. Nasci em 26 de agosto de 1953, 38 dias antes da criação da Petrobras. M.O. - Um sonho

Presidente Dilma Rousseff recebe cumprimentos durante cerimônia de posse da presidente da Petrobras

18 MACAÉ OFFSHORE

G.F. - Ter um veleiro e sair velejando por três, quatro anos, mar afora. Vivendo no mar e do mar. (J.R.)


entrevista

Cúpula da Petrobras livre de partidos Por Rosayne Macedo

Venceu a meritocracia. A direção da Petrobras está quase totalmente renovada. E praticamente toda por técnicos de carreira, em vez de exclusivamente funcionários com respaldo político-partidário, como historicamente sempre foi. Um ajuste no leme, reorientando a companhia para uma gestão eminentemente técnica. Como quer a presidente Dilma Rousseff. Logo que assumiu a presidência da companhia, em fevereiro, Maria das Graças Foster escolheu José Miranda Formigli Filho para a Diretoria de Exploração e Produção, a que detém o maior orçamento da Petrobras. Substituiu Guilherme Estrella, nome forte no PT, que estava no cargo desde o início do Governo Lula, em 2003. A indicação de Formigli, funcionário da Petrobras há 29 anos, prevaleceu durante a reunião do Conselho de Administração. Desde 2008, ele comandava a estratégica Gerência Executiva de Exploração e Produção do Pré-Sal, criada para desenvolver a produção nos promissores reservatórios da Bacia de Santos. Na disputa, Formigli venceu a preferência de conselheiros que torciam pelo gerente executivo do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes), Carlos Tadeu da Costa Fraga. Na mesma ocasião, o Conselho de Administração surpreendeu o mercado ao confirmar para a Diretoria de Gás

e Energia, antes ocupada por Graça, o nome de José Alcides Santoro Martins. Os mais cotados eram José Lima Neto, presidente da BR Distribuidora, e Richard Olm, gerente executivo de Projetos de Desenvolvimento da Produção. A surpresa, no entanto, não foi tão grande. Santoro era o braço direito de Graça na diretoria, onde atuava como gerente executivo de Operações e Participações em Energia. Na contramão, entretanto, do discurso de despolitizar o alto comando da Petrobras, o Conselho de Administração aprovou, dias depois, a criação de uma nova diretoria, a sétima da companhia. No novo cargo de diretor Corporativo e de Serviços, tomou posse, no início de março, o ex-senador, ex-presidente nacional do PT e da Petrobras, José Eduardo de Barros Dutra. A nova diretoria fica responsável pelas áreas de Organização, Gestão e Governança (OGG), Recursos Humanos (RH), Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) e Serviços Compartilhados. No final de abril, mais duas mudanças. Em Assembleia Geral Extraordinária, o Conselho de Administração aprovou o nome do engenheiro químico José Carlos Cosenza para substituir o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, o que desagradou o PP, partido da base aliada do governo. Com 36 anos de experiência na companhia, Cosenza ocupava o cargo de gerente executivo de

Refino. O engenheiro mecânico Richard Olm, há 33 anos na Petrobras, assumiu a Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais, ocupada até então por Renato de Souza Duque, nome vinculado ao petista José Dirceu. Mas tirar a Petrobras da zona de interesse dos partidos não tem sido tão simples. Da antiga diretoria de José Sérgio Gabrielli, restou Jorge Zelada, da área Internacional, ligado às bancadas do PMDB de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Zelada foi mantido no cargo por mais 30 dias, enquanto se encontra um nome técnico de consenso no PMDB para substituí-lo, o que deve ocorrer até junho. Quem também estaria se despedindo do cargo seria Almir Barbassa, diretor financeiro e de Relação com o Investidor. Mas uma gafe quase põe a perder os planos de Dilma. Durante evento na sede do BNDES, no Rio, no início de maio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a anunciar a saída de Barbassa, juntamente com Zelada. Horas depois, a Petrobras divulgou nota para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que não considera a substituição de Barbassa, funcionário de carreira da companhia, indicado por Gabrielli. O ministro garantiu ainda que as diretorias da BR Distribuidora e da Transpetro, subsidiárias da petroleira, não sofrerão mudanças. A conferir.  Fotos: Agência Petrobras

José Formigli

Guilherme Estrella

José Carlos Cosenza e Paulo Roberto Costa

Richard Olm

Renato de Souza Duque

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INTERVIEW

Graça Foster New president comments of facts that marked the three months of her management of Petrobras, exclusively to Macaé Offshore By Juliana Rangel

Just three months ahead of the largest company in Brazil, the president of Petrobras, Maria da Silva of Grace Foster, has put her stamp on the company. She moved the structure of partisan nominations, replacing three directors with political profile by technicians from the house; she was elected among the world’s most influential people by Times magazine and said that she will pick a fight if the Congress insists on increasing the special participation of the companies that exploit oil in Brazil. With an investment capacity greater than that of any ministry - around R$ 60 billion for 2012 - the businesswoman also faces challenges such as rising gasoline imports at higher prices than those charged in Brazil and the difficulty in convincing the Finance department on the need to readjust prices. After declaring to the press that someday Petrobras would have to raise the fuel prices that are charged at the pumps - and to show a spreadsheet of costs to the Minister Guido Mantega - Graça Foster was forced to tone down and has said that presently company meets well the demands for investments In an exclusive interview with Macaé Offshore, by email, the president of Petrobras reaffirms the policy requiring local content in the hiring processes of the company and says that good opportunities will arise for suppliers in the coming years.

MACAÉ OFFSHORE - The Minister of Argentina, Julio De Vido, asked Petrobras to expand its investments in that country, just in the same week when the President Cristina Kirchner has expropriated the business of Repsol. What will be the position of Petrobras in relation to this request, considering legal uncertainty and the strong need for investment of the state company in Brazil?

GRAÇA FOSTER – We intend to keep the investments in Argentina, the way they are foreseen in our Business Plan. We have many years of participation in Argentina and our portfolio includes exploration and production, refining, petrochemical, power and distribution of products. We’ll maintain what was anticipated a year ago when we approved the Business Plan 2011-2012.

MO - What is the impact, for Petrobras, of this decision by the Argentine government, in view of the company’s business in the province of Neuquén and the fuel distribution depots? 20 MACAÉ OFFSHORE

American companies will always be welcome as suppliers, provided that they have price and time to meet our requirements

G.F. - We expect to solve the issue of the concession which was withdrawn in the Province of Neuquén. It is important for Petrobras that the rules are clear and that there is legal certainty and economic viability for our projects in Argentina. We are talking to that effect.

M.O. – You have admitted that fuel prices in Brazil have to be readjusted in 2012, since the value of oil in the international market rose significantly in recent years. Does the fact that Petrobras is taking some time to make the adjustment partly explain the fact that the shares are being traded at a price well below other international oil companies? What other factors can explain this difference between quotations?

G.F. - There are a number of variables that warn us of the urgency or not to increase fuel prices. The evaluation depends on a combination of factors such as exchange, import volume, the volume of production, among others. At this point we can


INTERVIEW

say that Petrobras meet the demand for investments. Several derivatives have their prices systematically adjusted by the Company. Of course, if the price of a barrel of oil is set to a new level, as our pricing policy is a long-term policy, it will be time to make the adjustment in fuel prices. If we reach a bottleneck, if the set of variables indicate that rising prices is urgent, under penalty of committing our investments, we will make the adjustment. It is good to note that, despite the uncertainties of the world scene and the volatility of the oil market, Petrobras ended the year 2011 registering growth in all business segments and maintained its financial health. We maintained high cash generation, we picked up $ 18 billion and 400 million in national and international market, our production increased and we are making progress in the exploration and production, refining and biofuels, fertilizers and other sectors in which we operate.

M.O. – Petrobras has already raised its gasoline imports this year by nearly R$ 1 billion in the first quarter. Does the fact of not being able to pass this cost to the local price affect the company’s financial results?

G.F. – The company financial results are influenced by several factors besides the price of gasoline, such as foreign exchange, oil prices in international market, the financial and operating costs and the growth of the internal market, which is our main market and where we sell more than 90% of our production. For us it is essential that this market is strong and healthy.

M.O. – If the adjustment had been made ​​last year, so prices have remained in line with those recorded in the foreign market, how much higher would the financial result of Petrobras have been? G.F. – We don’t make comments based on hypotheses related to financial results.

M.O. – The U.S. government has claimed a lower level of local content for the pre-salt. What does Petrobras think about this positioning? Is the domestic industry able to meet the needs of the company or it will be necessary to revise the nationalization indexes so there are no delays and cost increases in projects?

G.F. – It doesn’t exist 100% local content in Brazil. I said that to the

Our current work, both in the pre-salt and post-salt, dos not depend on the approval of rules for governmental participation

Secretary of State Hillary Clinton. The local content varies between 55% and 65%, which is the number required in the concession contract. American companies are always welcome as suppliers, provided they have the price and time to meet our requirements. When we speak about national content, we are not referring to nationalistic attitudes, but the basic technique, which involves pragmatism, materiality and memory calculation. First, we must have knowledge of the

supply chain and business knowledge, without improvisation. When Petrobras set 55% to 65% local content, the accounts were not made only ​​ within Petrobras, but also with the participation of goods and services industry. Therefore, we are dealing with domestic content in the economic sense, with materiality.

M.O – Petrobras is a partner with Chevron at Campo do Frade, although it is not responsible for the operation. Does this fact, however, disclaim the company of all responsibility for the spill and of the time required to contain it?

G.F. – As an operator, it is Chevron that should talk about what happened and the steps taken. However, we can report that we are working with our partners in the analysis of the causes of the spill and the ways of significantly increasing the safety of our work. Our goal is zero leakage.

M.O. – Is it possible that the delay in adopting a new rule for distribution of royalties from oil can obstruct the development of pre-salt, as it slows new bids? G.F. – Our current work, both in the pre-salt and post-salt, does not depend on the adoption of government rules.

M.O. – Recently, you said that Petrobras will react to the possibility of having to pay more special participation for the fields in which it operates, depending on the outcome of the discussion in the Congress ... What is this reaction going to be like?

G.F. – Petrobras is the concessionaire for exploitation and production areas, and because of that it must comply with current legislation. However, as publicly traded company which has thousands of shareholders, we have to defend our business and our investments. But about the new law that will come out from discussions that happen in Congress, I shall not express myself. These are possibilities yet. MACAÉ OFFSHORE 21


INTERVIEW

M.O. – You were considered as one of the most influential people in the world by the Times. How do you intend to put your stamp in the management of Petrobras?

G.F. - It was an honor to be included in a list that has participants such as were Presidents Lula and Dilma. I can say that the stamp of our administration will be the pursuit of excellence in operational safety, working to achieve our goals of producing oil and gas. We are working objectively and obsessively to preserve, above all, worker safety and to achieve zero leakage.

M.O. – What changes to expect in the direction of the company for the coming years? G.F. – The direction of the company is outlined in its long-term Strategic Plan, approved by the Board. The changes will take place towards the targets set in multi-annual business plans which are annually re-evaluated.

M.O. – Times says that, facing the bold investment plan of Petrobras, its tenacity is more important than its political savvy. The last two presidents of the firm, José Eduardo Dutra and José Sergio Gabrielli ended up following the political path of the company, although Dutra has now returned to the board of the company. Do you believe that the political game is a challenge, given your technical profile and also to the great power of investments of Petrobras - which ends up attracting the interests of all states and municipalities in the country? G.F. – The challenge that I have as president of Petrobras is to perform the primary mission of this company: produce oil and gas and meet demands for supplies, ensuring the preservation of the environment. The challenge is to make this business grow in an environment of constant dialogue with solid foundations and real investments.

M.O. – Do you have any kind of future political aspiration for the future? 22 MACAÉ OFFSHORE

G.F. – No, I don’t have any kind of political aspiration. I’m an employee of Petrobras for 32 years.

M.O. – Some technicians from Cenpes say that the pre-salt is no longer a challenge for the company, given that the technology of exploitation and production is mastered. What are the new frontiers and new challenges for the company? G.F. – We master the exploitation and production technology in deep

It’s a challenge to make this company grow in an environment of constant dialogue with solid foundations and real investments

Waters and ultra-deep waters. In the pre-salt is no different. Our challenge is to accelerate the growth curve and increase production of oil and gas with the safety that the business requires.

M.O. – Petrobras has a bulky investment plan in the coming years. What opportunities are emerging for suppliers of equipment and manpower in Brazil?

G.F. – In order to scale the size of the opportunities for the supply chain in the country I is enough to recall that the Business Plan up to 2015 provides for investments of 45 billion dollars annually, 95% of which to be invested in projects in Brazil. We must remember, however, that the projects related to oil are all of them long-term projects. Thus, the opportunities for suppliers are long-term ones, too.

M.O. – You’re making changes on the board of Petrobras which bring dissatisfaction to some political parties allied with the government. What criteria do you used in choosing new names?

G.F. – Historically, the boards of Petrobras have been occupied, in most cases, by career employees with great experience in their area of​​ expertise and knowledge of all company activities, as it is the case of current occupants. This was and will remain the criterion for choosing our leaders.

M.O. – You admitted that Delta could leave some of the contracts of Petrobras. Does this decision have anything to do with recent allegations of irregularities involving the company? Did the company win these contracts through bidding or through invitation-letter?

G.F. – The hiring of construction works by Petrobras works are accomplished in accordance with the Enactment 2.745/98, which approved the Simplified Bidding Procedures of Petrobras, under Law 9.478/97, known as the Petroleum Law, which authorized the opening of the oil and gas market. Tracking the performance of all subcontractors is part of our engineering activity. Delta is among the builders that are not showing the expected performance, according to an evaluation of our professionals and therefore they are likely to leave the works. This, however, will not result in discontinuation of the implementation of projects that can be made by ​​ other members of the consortium.


INTERVIEW

Fan of Amy Winehouse and food from Minas, she dreams of living at the sea Born into a humble family in Caratinga (MG), Maria da Graça da Silva Foster lived from the age of 2 until the age of 12 years in Morro do Adeus, now part of the Complexo do Alemão, an area dominated by drug dealing in the North Zone of Rio de Janeiro, until the recent arrival the UPPs (Pacifying Police Units). She had to collect cans and recycled paper to help at home. With part of the money, she bought her school supplies. He passed the entrance exam for a public university, UFF, Niteroi, where he graduated from Chemical Engineer in 1978, the same year she joined as an intern at Petrobras. Overcoming poverty helped her shaping her strong personality. “Spirit is

everything for me. I was never afraid of work,” she told to newspaper O Globo last year. She conquered important positions in the company and met Rousseff in the days when she worked at the Ministry of Mines and Energy between 2003 and 2006. Both of them were identified by a style of leadership which, according to the closest people, combines technical efficiency and hard work in the professional operations. Workaholic and famous for being intolerant with mistakes, even with the press, Graça has stated that she “would die” for Petrobras. “My private life adapts to Petrobras, not the other way,” Graça has recently said. She is married and has two children, a 36 year-old and a

24 year-old. After 32 years, she reaches the top position in the country’s largest company. She was nominated by the President. But being the first woman to command one of the most coveted oil in the world, leading an environment previously dominated exclusively by men, does not seem to mess with Graça’s personal vanity. Behind the tough style, there is a simple person who likes to cook for the family, read, listen to music and ... dive. And who owns the dream of one day traveling the world aboard a sailboat. Learn more about the profile of this businesswoman:

M.O. – What do you usually do in your free time?

G.F. – I like reading, walking on the boardwalk on the weekends, drinking some good wine, cooking for the family and talking at the talking about platitudes with friends.

M.O. – What kind of music do you listen to and what was the last concert you attended?

G.F. – I love the Beatles, Amy Winehouse, I like samba and carnival. The last concert I’ve attended was Bob Dylan’s.

M.O. – What was the most remarkable trip that you took? Why?

G.F. – In Brazil, it was to Bonito, in Mato Grosso, diving. Abroad, to New Orleans, listening to music.

M.O. – What is your favorite dish?

G.F. - “Mexidinho mineiro” (rice, beans, meat...)

M.O. – What team do you like? G.F. - Botafogo, of course!

M.O. – Age?

G.F. – I’m 58 years. I was born on August 26, in 1953, 38 days before the foundation of Petrobras.

M.O. – A dream:

G.F. – Owing a sailboat and go for a boat trip for three, four years, out to the sea. Living at the sea and making a living out of it. (J.R.)

MACAÉ OFFSHORE 23


INTERVIEW

Summit of Petrobras free from political parties By Rosayne Macedo

Meritocracy has won. The direction of Petrobras is almost entirely renewed, and virtually renewed by career technicians instead of exclusively politically supported employees, as it has historically always been. Quite an adjustment at the wheel, reorienting the company towards an eminently technical management. Just as president Dilma Rousseff wants it to be. As soon as she became presidente of the company in February, Maria das Graças Foster chose José Miranda Formigli Filho for the Direction of Exploitation and Production, the sector that holds the largest budget at Petrobras. He replaced Guilherme Estrella, a strong name in PT, who has been in the office since the beginning of Lula government, 2003.

José Formigli

Guilherme Estrella

The indication of Formigli, an employee at Petrobras for 29 years, prevailed during the Administration Council meeting. Since 2008, he commanded the strategic Executive Management of Pre-salt Exploitation and Production, created to develop production in the promising reservoirs in Santos Basin. In the disput, Formigli won the preference of counselors that cheered for the executive of the Center of Research and Development (Cenpes), Carlos Tadeu da Costa Fraga. At the same time, the Administration Council surprised the industry when it confirmed for the Board of Gas and Energy, formerly occupied by Graça, the name of José Alcides Santoro Martins. The most priced names were José Lima

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Neto, presidente of BR Distribuidora, and Richard Olm, executive-manager of Production Development Projects. The surprise, however, hadn’t been that big. Santoro was Graça’s high-hand man in the Board, where she used to act as an executive manager of Operations and Participation in Energy. Nevertheless, in the opposite direction of the speech about despoliticizing the high command of Petrobras, the Administration Council approved, some days later, the creation of a new board, the seventh one in the company. José Eduardo de Barros Dutra, the former senator, former national president of and of Petrobras, was in the new position of Corporate and Services Director. The new board is responsible for the Organization, Management and Governance (OMG); Human Resources (HR); Safety, Environment, Electric Efficiency and Health and Shared Services areas. By the end of April, two more changes. At the Annual General Meeting, the Administration Council approved the name of the chemical engeneer José Carlos Cosenza to replace the director of Supply, Paulo Roberto Costa, which has displeased PP, the party allied with the government. With 36 years of experience in the company, Cosenza used to hel the position of executive-manager of Refining. The mechanical engeneer Richard Olm, working in Petrobras for 33 yarns, took the Board of Engeneering, Technology and Materials, occupied until then by

Richard Olm

Renato De Souza Duque

Renato de Souza Duque, a name that is connected to PT José Dirceu.

José Carlos Cosenza e Paulo Roberto Costa

However, leaving Petrobras apart from the interest zone of parties has not been so simple. From the former board of José Sérgio Gabrielli, Jorge Zelada left, of International Area, connected to PMDB benches of Minas Gerais and Rio de Janeiro. Zelada was kept in the position for 30 more days, while one more consensual technical is found replace him, which must happen until June. Another person that would also leave his position is Almir Barbassa, financial diretor and Director of Relationship with Investor. But a gaffe almost spoils Dilma’s plans. During an event at BNDES, in Rio, in the beginning of May, the ministry of Mines and Energy, Edison Lobão, even announced Barbassa’s exit, together with Zelada. Some hours later, Petrobras issued a note to the Securities Comission (CVM), informing that it does not consider the replacement of Barbassa, a career employee of the company that has been indicated by Gabrielli. The ministry also ensured that the boards of BR Distribuidora and Transpetro, which are subsidiaries of the oil company, will not undergo changes. This is to be checked. 


INTERVIEW

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QUALIFICAÇÃO

Fotos: Divulgação

Um terço dos profissionais qualificados no programa podem ser aproveitados para a Unidade de Construção Naval do Açu One third of the professionals trained by the courses can be used in jobs created for the Shipbuilding Unit of Acu

naval

O Prominp do setor no Norte Fluminense

Programa da OSX e Senai atrai 19 mil candidatos em sua primeira etapa, enquanto vagas para cursos de qualificação em óleo e gás não são preenchidas Por Rosayne Macedo

E

nquanto sobram vagas para o Prominp, conforme revelou recentemente o jornal Folha de S. Paulo, a OSX comemora antecipadamente o sucesso da primeira etapa do seu Programa de Qualificação Profissional em Construção Naval, voltada exclusivamente para a Região 26 MACAÉ OFFSHORE

Norte Fluminense, em parceria com o Senai Rio e o Sistema Firjan. A disputa pelas 3,1 mil vagas dos 23 cursos gratuitos do programa patrocinado pelo Grupo EBX atraiu mais de 19 mil interessados nos municípios de Campos dos Goytacazes e São João da

Barra. Já o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp), diz a Folha, não tem conseguido mobilizar tantos candidatos desde que foi criado, em 2003, apesar da prorrogação das inscrições, como ocorreu na última etapa, em abril.


QUALIFICAÇÃO

Somente no Rio de Janeiro, que tinha 4.602 das 11.671 vagas oferecidas em todo o País, as oportunidades para quatro dos 29 cursos não foram totalmente preenchidas no sexto processo seletivo do programa, que está em andamento.

Procurada pela Macaé Offshore para um balanço do número de candidatos concorrendo às vagas no Brasil e, especificamente, no Estado do Rio, a Petrobras informou que “o Prominp não divulga essas informações à imprensa”.

Programa naval pode aproveitar até 30% da mão de obra qualificada A grande diferença na comparação entre os dois programas pode estar na possibilidade real de um emprego no fim do curso. O Prominp busca melhorar a qualificação dos profissionais que serão aproveitados pelas empresas fornecedoras de bens e serviços do setor. No entanto, a participação nos cursos não é garantia de trabalho para os alunos. Enquanto a Petrobras não assegura vagas para os formados nos cursos do Prominp, a OSX estima que pelo menos um terço dos profissionais qualificados pelos cursos promovidos em seu programa poderão ser aproveitados nos

postos de trabalho criados para a UCN do Açu, estaleiro da empresa localizado em São João da Barra. - A OSX entende que pelo menos 30% da mão de obra deverá ser de profissionais recém-formados, que irão interagir com profissionais com grande experiência no mercado, transmitindo todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos aos novos trabalhadores – destaca Danilo Baptista, gerente executivo da Unidade de Construção Naval da OSX, em entrevista por e-mail à Macaé Offshore (veja na íntegra no portal www.macaeoffshore.com.br).

Inscrições gratuitas e bolsa-auxílio também atraem A elevada procura pelas vagas no programa do ITN também pode ser explicada por outro motivo: as inscrições foram gratuitas, sem qualquer custo para os candidatos, enquanto para o Prominp era necessário pagar a inscrição para participar das provas que dão acesso aos cursos. A taxa de inscrição foi de R$ 25 para cargos de nível básico e de R$ 63 para cargos de nível médio, técnico ou superior. A OSX também garantiu que todos os alunos que apresentarem assiduidade nos cursos terão direito a uma bolsa-auxílio. Também serão concedidos aos alunos durante o curso lanche e auxílio para transporte, desde que apresentem desempenho de, no

mínimo 50%, e assiduidade de, no mínimo, 75%, em toda a fase escolar, com aprovação no curso, informou a OSX, por meio de sua assessoria. No entanto, tanto a empresa quanto o Sistema Firjan não souberam informar o valor da bolsa, o que também não estava descrito no edital. Já o programa da Petrobras assegura que apenas candidatos aprovados que estiverem desempregados durante o curso receberão bolsa-auxílio mensal no valor de R$ 300 (cursos de nível básico), R$ 600 (níveis médio e técnico) e R$ 900 (nível superior). Ou seja, para ter direito à bolsa, só se estiver fora do mercado de trabalho.

Programa naval vai formar 7,8 mil técnicos Até 2013 o programa promovido pelo Instituto Tecnológico Naval (ITN), criado pela OSX, prevê formar 7,8 mil técnicos especialistas em produção, inspeção e supervisão de equipamentos. Para isso, a empresa de Eike Batista anunciou investimento de R$ 13 milhões nesta primeira parceria firmada pelo ITN, destinados à formação técnica e profissional no Estado do Rio de Janeiro. São oferecidos cursos de Metal-Mecânica, Eletricidade, Metalurgia, Automação/Instrumentação, Petróleo, Operação Automotiva, Construção Civil e Gestão. O processo seletivo é composto de três etapas. Após a seleção, os candidatos a estas 3,1 mil vagas são submetidos a provas escritas. - Além de qualificar mão de obra para um setor em grande expansão, o ITN também busca promover pesquisa em novas tecnologias da área. Com isso, podemos contribuir não só para o desenvolvimento da região onde será implantada nossa Unidade de Construção Naval (UCN Açu), como também para o de todo Brasil – afirma o diretor presidente da OSX, Luiz Eduardo Carneiro. O programa tem apoio da LLX e prefeituras de São João da Barra e de Campos dos Goytacazes.

MACAÉ OFFSHORE 27


QUALIFICAÇÃO

Prominp: maior procura para cargos administrativos Reprovação e falta de informação podem afetar Prominp O levantamento da Folha mostra que a principal causa da baixa procura por vagas no Prominp, que tem provocado até mesmo o cancelamento de turmas por falta do quórum mínimo, seria a falta de informação das populações de baixa renda, que, por desconhecimento, não procuram o programa. O levantamento da Folha mostrou que ainda os cursos menos procurados são os que exigem até oito anos de escolaridade (ensino básico).

O levantamento divulgado pela Folha de S. Paulo aponta que no Rio de Janeiro o curso de montador de andaime teve apenas 50% de ocupação, assim como em São Paulo. Para projetista de estrutura metálica, foi alcançada apenas 30% de ocupação. Os candidatos aos cursos de desenhista projetista de arquitetura naval e profissional de suprimento ocuparam, respectivamente, somente 70% e 90% das vagas oferecidas. A maior procura foi para o curso de apoio administrativo, com 113,8 candidatos por vaga. Já no Estado de São Paulo, que ficou com 1.021 vagas, dos oito cursos oferecidos, dois tiveram menos que um candidato por vaga. A procura por cursos de

montador de andaime foi de apenas 10% do número total de vagas e por cursos de montador, de 40%. Do total de 11.671 vagas ofertadas, 7.335 eram para cursos gratuitos de nível básico; 3.706 para os de nível médio e técnico e 630 para as categorias de nível superior. Neste sexto processo seletivo, o Rio de Janeiro foi o estado que mais recebeu vagas, seguido por Rio Grande do Sul (1.192), São Paulo (1.021), Bahia (920), Mato Grosso do Sul (708), Amazonas (562), Santa Catarina (524), Rio Grande do Norte (485), Espírito Santo (387), Pernambuco (384), Sergipe (364), Ceará (212), Minas Gerais (180) e Maranhão (130).

Outro gargalo seria a reprovação nas provas de seleção para entrar no Prominp, que foram facilitadas ao longo dos anos, mas ainda são um obstáculo para trabalhadores de baixa qualificação. Nesta última fase do Prominp, segundo o levantamento, o perfil do déficit de alunos do Rio não ficou concentrado em cargos de baixa escolaridade, diferentemente de São Paulo. Desde que foi criado, o Prominp recebeu R$ 218,5 milhões em investimentos e já qualificou 80.463 pessoas. A previsão é de que, até 2015, o setor de petróleo e gás demande cerca de 212.600 profissionais qualificados.

São oferecidos cursos de Metal-Mecânica, Eletricidade, Metalurgia, Automação/Instrumentação, Petróleo, Operação Automotiva, Construção Civil e Gestão Courses are offered in Metal-Mechanics, Electricity, Metallurgy, Automation/ Instrumentation, Oil, Automotive Operations, Construction and Management. The selection process consists of three steps

O que poderia explicar tamanho interesse pelas vagas oferecidas para o setor naval nas cidades de Campos dos Goitacazes e São João da Barra? O esvaziamento econômico, o aumento do desemprego na região, as perspectivas de crescimento com o Superporto do Açu? O Portal Macaé Offshore vai ouvir a opinião de especialistas sobre o tema e também saber por que a procura pelo Prominp tem diminuído em alguns cursos. Acompanhe pelo www.macaeoffshore.com.br. 28 MACAÉ OFFSHORE


QUALIFICAÇÃO

CINCO MINUTOS com Glícia Carnevale Gerente de Estratégias de Mercado Petróleo e Gás do Sistema Firjan ‘Mão de obra local deve ser a grande protagonista do desenvolvimento da região’

Sim. A carência por mão de obra qualificada compromete os planos de crescimento de qualquer indústria. No caso específico da indústria naval e offshore, nos próximos três anos (2012 a 2014), somente o Rio deverá receber cerca de R$ 15,4 bilhões em investimentos e construção de novas embarcações, um aumento de mais de 17% do que tínhamos compilado para o período 2011/2013. Desse montante previsto, quase R$ 6 bilhões serão destinados à construção de novos estaleiros – um aumento de 37% em relação ao período anterior, o que demonstra a confiança do empresariado na continuidade do crescimento do setor no estado.

- Qual a importância da qualificação da mão de obra para a fixação do trabalhador na Região Norte do estado no estímulo ao desenvolvimento regional? É importante, de um lado, haver um mercado demandante e, de outro, profissionais preparados. Sem essas variáveis em equilíbrio, corre-se o risco de haver pessoas preparadas buscando mercado em outras regiões ou empresas importando profissionais de diversas localidades para suprir suas necessidades, contribuindo para um crescimento desordenado da região.

- Como o Senai, em parceria com o ITN e outras instituições, pode colaborar para a capacitação de mão de

Antonio Batalha

- A falta de mão de obra qualificada no Rio de Janeiro – particularmente na Região Norte Fluminense - pode comprometer os planos de crescimento da indústria naval offshore no estado?

obra no setor, resolvendo um problema crucial no setor? O Sistema Firjan, através do Senai do Rio, vem desenvolvendo ao longo dos anos diversos cursos de qualificação e especialização voltados para a indústria do petróleo, naval e offshore, seja por meio de programas e recursos próprios, seja em parcerias, como no caso do ITN, do Prominp e governos locais.

- De que maneira o plano de qualificação, previsto pelo ITN e Senai, pode impactar a cadeia produtiva de petróleo e gás na Bacia de Campos? E o desenvolvimento econômico regional? Os impactos poderão ser sentidos em outros setores? O grande objetivo desse plano é preparar a mão de obra local para atuar como protagonista do desenvolvimento da região. Essa iniciativa visa a criar condições para aumentar a empregabilidade local e levar uma visão de futuro para a região. Os jovens que antes definiam sua carreira pensando nos grandes cen-

tros, a partir de agora terão condições de vislumbrar o potencial local e se decidir por ficar, gerar riquezas e prosperidade na região onde nasceram. A cadeia produtiva, associada a esse setor (naval e offshore) é um exemplo. Um navio possui desde turbinas a parafusos, necessita de cozinhas até salas de TV. Os profissionais que irão nele trabalhar utilizarão uniformes que terão que ser confeccionados e assim por diante. Vários são os segmentos indus-triais beneficiados pelo crescimento do setor. Há espaço para todos

- Quais são os objetivos futuros do Senai com o plano? Poderia antecipar outras ações previstas? O número de empregos nesse setor no Estado do Rio de Janeiro deve crescer 60% nos próximos três anos, ou seja, serão quase 11 mil na construção dos estaleiros e mais 16 mil na operação. E o Senai do Rio, que vai ser peça-chave na qualificação desses trabalhadores, já vem desenvolvendo um portfólio específico, investindo na modernização de laboratórios, desenvolvimento de parcerias nacionais e internacionais para atender a esse segmento, que possui categorias profissionais em áreas como união de materiais, mecânica de precisão, eletrônica embarcada, automação industrial e outras. Seja através das Unidades Operacionais Sesi e Senai localizadas no entorno da Região Norte Fluminense, seja através de unidades móvel e/ou de parceria com instituições locais, o Sistema Firjan vem investindo no desenvolvimento do setor e da região, como parceiro da indústria, como parceiro da sociedade.  MACAÉ OFFSHORE 29


QUALIFICATION

The Prominp of the

shipbuilding

business of the North of Rio de Janeiro Companies plan strategic projects to meet demand By Rosayne Macedo

W

hile vacancies for the Prominp abound, as it was reported to Folha de S. Paulo, OSX celebrates early success of its Programs of Professional qualification in the Shipbuilding Industry aimed exclusively to the Region of North of Rio de Janeiro, with Senai Rio and Firjam Systems as partners. The competition for one of the 3,1 thousand places of the 23 free courses in the program funded by EBX Group has attracted over 19 thousand of interested people in Campos dos Goytacazes and São João da Barra. On the other hand, the Mobilization Program of the National Oil and Gas Industry (Prominp), Folha states, hasn’t being able to mobilize so many candidates since its creation, in 2003, in spite of the continuation of registrations, as it happened at the last stage, in April. In Rio de Janeiro, that had 4,602 out of the 11,671 vacancies offered for all the country, the opportunities for four of the 29 courses weren’t fully fullfiled in the sixth selective process of the program, which is in course. Asked by Macaé Offshore for a for a review of the number of candidates competing for places in Brazil, and specifically in Rio, Petrobras said that “Prominp does not disclose such information to the press”.

Naval Program can use up to 30% of skilled labor The big difference when comparing the two programs may be the real possibility of a job at the end of the course. Prominp seeks to improve the skills of professionals that will be used by suppliers of goods and services of the sector. However, participation in courses is no guarantee of a job for students. While Petrobras does not guarantee jobs for graduates in Prominp courses, OSX estimates that at least one third of the pofessionals trained by the courses can be used in jobs created for the Shipbuilding Unit of Acu,

a shipyard company located in São João da Barra. - OSX understands that at least 30% of the workforce shall be of recent graduates, who will interact with professionals with extensive experience in the market, giving all the knowledge acquired over the years for new workers - Danilo Baptista, executive manager at Shipbuilding Unit of OSX, outlined in an interview by e-mail to Macae Offshore (see full interview at www.macaeoffshore.com.br).

Free registration and grant aid are also attractive The high demand for places in the ITN program can also be explained by another reason: no fees for enrolling, no cost to the candidates, while for Prominp hey had to pay to register to participate in events that give access to courses. The fee as R$ 25 (basic-level positions) and R$ 63 (mid-level positions, technical or higher) for registration. OSX also ensured that all students who attend the courses will be entitled to a grant aid. “They will be awarded to students during the course of scholarship aid, food and assistance for transportation, since they have at least 50% performance and attendance of at least 75% throughout the school stage, to pass the course,” OSX informed by its office. However, both the company and FIRJAN could not inform the grant aid, which was not described in the announcement either.

Approved candidates who are unemployed only during the course will receive a monthly grant aid of R$ 300 (basic level courses), R$ 600 (high school and technical) and R$ 900 (upper level). In other words: only unemployed people are entitled the granted aid. The education level that is required in the ITN program is also lower - there were only courses that required high school and fundamental, which would give a change to people that are not graduated from collede, which is required for some of the courses by Prominp. Unlike Prominp, the program does not aim specific vacancies for handicapped people, but, according to OSX, depending on the function, handicapped people are not excluded from inscription, according to the announcement.

Naval program will train 7,8 thousand technicians By 2013, the program promoted by the Naval Institute of Technology (ITN), created by OSX, expects to train 7,800 technical experts in production, inspection and surveillance equipment. In order to do this, Eike Batista’s company announced an investment of R$ 13 million in this first partnership signed by ITN, intended for technical and professional training in the State of Rio de Janeiro. 30 MACAÉ OFFSHORE

- In addition to train labor for na expanding sector, ITN also stives to promote research in new technologies in the field. Thus, we can contribute not only for a development of the region in which UCN Açu will be implemented, but also for the whole country – , the president ot OSX, Luiz Eduardo Carneiro, affirms. The program is supported by LLX and by municipalities of São João da Barra and Campos dos Goytacazes.

Courses are offered in MetalMechanics, Electricity, Metallurgy, Automation/ Instrumentation, Oil, Automotive Operations, Construction and Management. The selection process consists of three steps. After selection, the candidates for these 3.100 jobs are submitted to written tests. The result of the tests comes out in 6 June.


QUALIFICATION Lack of flunking and information may afect Prominp According to experts, the main cause of low demand for places in Prominp, causing even the cancellation of classes due to lack of quorum, is the lack of information from low-income populations, as they don’t know about the program and don’t seek it. The survey showed that the courses less sought are those that require up to eight years of schooling (primary school). Another bottleneck would be the failure to pass the selection tests to enter Prominp, which were facilitated over the years but are still an obstacle for low-skilled workers. In this last phase of Prominp, according to the survey, the shortage of students profile of Rio was not concentrated in jobs with low education, unlike Sao Paulo.

Prominp: higher demand for administrative positions The survey published by the newspaper outlines that in Rio de Janeiro, the greatest demand was for the course on administrative support, with 113.8 candidates per vacancy. For the course of scaffolding assembler, there were only 50% of occupancy, as well as in Sao Paulo. For designer of metal structure, only 30% of occupancy was achieved. Applicants for courses on naval architecture designer and professional supply filled only 70% and 90% of the vacancies offered respectively. On the other hand, in the state of Sao Paulo, which won 1,021 vacancies, from the eight courses, two had less than one candidate per vacancy. The demand for training of

scaffolding assembler reached only 10% of the total number of vacancies. For the course on assembler, the demand reached 40%. Considering 11,671 jobs offered, 7,335 addressed free courses in basic level; 3,706 to mid-level and technician, and 630 for the toplevel categories. In this sixth selection process, Rio de Janeiro was the state that received the most vacancies, followed by Rio Grande do Sul (1,192), Sao Paulo (1,021) and Bahia (920). The states of Mato Grosso do Sul (708), Amazonas (562), Santa Catarina (524), Rio Grande do Norte (485), Espirito Santo (387), Pernambuco (384), Sergipe (364), Ceará (212), Minas Gerais (180) and Maranhão (130).

What could explain so much interest for the offered places for the shipbuilding industry in São João da Barra? Economic deflation, rising unemployment in the region, prospects for growth with Açu Superport? The Portal Offshore Macae will hear from experts on the subject and also learn why the demand for many courses has decreased by Prominp. Follow www.macaeoffshore.com.br.

FIVE MINUTES with Glícia Carnevale Strategic Manager of Oil and Gas Business of System Firjan

‘Local labor shall be the greatest protagonist of the development of the region’ - Is it possible that the lack of skilled labor in Rio de Janeiro – and especially in the north region – undermine the plans of progress of the offshore shipbuilding in the state?

Yes. The lack of skilled labor undermines the development plans of any industry. In the specific case of the shipbuilding and offshore industry in the next three years (2012-2014), only Rio will receive about R$15.4 billion in investment and construction of new vessels, an increase of more than 17% of what we had compiled for the period 2011/2013. Out of this amount, nearly R$ 6 billion will be designated construction of new shipyards, an increase of 37% over the previous period, which shows the confidence by the business community in continued growth of the sector in the state.

- What’s the importance of labor qualification for fixing worker in the north of the state for the stimulation of regional development?

It’s important, on one hand, the existence of a demanding market, and on the other hand, prepared professionals. Without these variables well balanced, there’s risk of having trained people seeking markets in other regions or companies importing professionals from various locations to meet their needs, contributing to an uncontrolled growth of the region.

- How can Senai, in partnership with ITN and other institutions, collaborate in the training of labor, solving a major problem in the industry? Firjan system, by means of Senai from Rio, has developed over the years various training courses and expertise aimed to the oil industry, shipbuilding and offshore business, either through its own programs and resources, or in partnerships, as in the case of ITN, Prominp and local government.

- How may the qualification plan provided by ITN and Senai impact the production chain of oil and gas in the Campos Basin? - What about the regional economic development? Will the impacts spread for other sectors? The main objective of this plan is to prepare the local workforce to act as an agent of development in the region. This initiative aims to create conditions to increase the local employability site and bring an overview of the future to the region. Young people, who used to define their careers thinking about big cities, from now on will be able to glimpse the local potential site and decide to stay, create wealth and prosperity in the region where they were born.

The productive chain that is associated to this sector is one example (shipbuilding and offshore). A vessel is composed of turbines and bolts, but it also needs kitchens and TV rooms. The professionals who will work on it will need uniforms that must be made ​​and so on. Several industries are benefiting from the growth of the sector. There is room for everyone.

- What are Senai’s future plans with the plan? Could you anticipate other previewed actions?

The number of jobs in this sector in the State of Rio de Janeiro is expected to grow 60% over the next three years, which means that there will be nearly 11 thousand jobs for the construction of shipyards and 16 thousand when they operate. And Senai in Rio, which will be a key part in the qualification of workers, has been developing a specific portfolio, investing in the modernization of laboratories, development of national and international partnerships to serve this segment, which has professional groups in areas such as: joining of materials, precision engineering, on board electronics, industrial automation and others. Whether through Sesi and Senai Operating Units located around the north of the state, either through mobile units and / or partnership with local institutions, FIRJAN has been investing in the development of the sector and the region, as a partner with the industry and as a partner of society.  MACAÉ OFFSHORE 31


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MACAÉ OFFSHORE 33


CAPA

Arte: Paulo Mosa Filho

Yes, nós temos pré-sal... e muito trabalho!

Novas descobertas atraem trabalhadores estrangeiros e mudam o dia a dia nas unidades offshore Por MacaéOffshore

A

crise econômica internacional, que afeta grandes potências como Estados Unidos, Japão e boa parte

da Europa, aliada ao aquecimento da economia brasileira e aos investimentos que o país vem recebendo em função dos grandes eventos que 34 MACAÉ OFFSHORE

irá sediar nos próximos anos (Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos 2016), tem atraído a atenção de estrangeiros em busca de emprego e melhores oportunidades. Com as descobertas de novas jazidas e as perspectivas de geração de empregos com a exploração do pré-sal, o setor

tornou-se a nova meca para profissionais de diferentes especialidades e nacionalidades. Mas, para além do aquecimento econômico nacional e do resfriamento das grandes potências, a carência de mão de obra nacional revela-se um


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problema a ser solucionado. Isso tem levado empresas nacionais a também buscar, no exterior, profissionais mais experientes para atuar na produção e exploração de petróleo e gás, o que se reflete no aumento da demanda por concessões de trabalho temporário no Brasil, especialmente nos últimos anos. Balanço da Coordenação Geral de Imigração (CGig), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra

que 70.524 estrangeiros receberam autorização para trabalhar no país em 2011, contra 56.006 em 2010, um crescimento de 25,92%. A maior parte (90%) é de vistos temporários, com autorização para permanecer no país num prazo de até 90 dias ou, no máximo, por dois anos – foram 66.690 em 2011, contra apenas 3.834 vistos permanentes. O setor de óleo e gás lidera o total de autorizações: 17.638 foram concedidas

para trabalhadores que operam a bordo de embarcações ou plataformas, contra 15.206 em 2010, um crescimento de 16%. Foram 14.861 autorizações para trabalhadores embarcados que vinham para o Rio de Janeiro – principalmente para a Bacia de Campos – contra 12.698 em 2010. Filipinos, ingleses, americanos e indianos são os primeiros da fila. Noruegueses, poloneses e holandeses vêm depois, seguidos de russos, dinamarqueses e espanhóis.

Autorizações de trabalho concedidas para estrangeiros

2010

2011

Variação 2010-2011

Total Brasil

56.006

70.524

25,92%

Setor óleo e gás e naval

15.206

17.638

16%

Rio de Janeiro

12.698

14.861

17,1%

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

Ameaças ao capital humano nacional? Fotos: Divulgação

Para Vitor Carvalho, diretor executivo do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), a revitalização da indústria naval e a renovação da frota de navios petroleiros e embarcações de apoio, aliadas aos investimentos na cadeia produtiva do petróleo, da prospecção à logística, são responsáveis pela atração de mão de obra estrangeira. No caso do Rio de Janeiro, a construção civil pesada, a indústria naval e offshore e de óleo e gás são os setores que mais recebem imigrantes. “O Brasil de hoje deixa de ser um país de migrantes para ser um país de imigrantes e tem capacidade de absorver, na condição de potência em desenvolvimento, as demandas por estrangeiros”, destaca Carvalho. A falta de técnicos especializados para atuar na prospecção e gestão no ramo de óleo e gás faz com que plataformas de todo o litoral

Marcelino Tadeu de Assis, especialista em Recursos Humanos Marcelino Tadeu de Assis, specialist in Human Resources

MACAÉ OFFSHORE 35


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recebam trabalhadores vindos das mais diversas regiões do planeta. Segundo Carvalho, a representação dos trabalhadores brasileiros no Conselho Nacional de Imigração (CNI) tem se pautado pela defesa do capital humano nacional, das jovens gerações que estão se formando e ingressando no mercado de trabalho, mas sem xenofobia aos que vêm de outros países. Para Marcelino Tadeu de Assis, especialista em Recursos Humanos e autor do livro Indicadores de Gestão de Recursos Humanos (Qualimark), a posição do Brasil como player global abre espaços para o trabalho especializado. Ele explica que no ano de 2011 foram batidos recordes de entrada de estrangeiros, atraídos por um padrão de remuneração expressivo quando comparado aos demais países que vêm enfrentando crises. Assis não acredita que a presença estrangeira represente uma ameaça ao trabalhador brasileiro, adotando uma perspectiva de troca de experiências dos profissionais nativos com os estrangeiros. “O estrangeiro traz sua cultura, seus valores e crenças, mas também traz - ou deve trazer - conhecimento técnico a ser aplicado nas organizações que operam no Brasil. Capturar esse conhecimento - e integrá-lo ao conhecimento que o país vem produzindo - é parte importante para essa transformação”, ressalta.

Raios X do imigrante Portugueses estão entre o grupo que teve maior crescimento no que se refere às imigrações para o Brasil como um todo. A crise econômica que o país luso enfrenta, aliada às dificuldades econômicas na zona do euro, tem estimulado trabalhadores portugueses a migrar para o Brasil, resultando em um aumento de 135% no número de autorizações de trabalho concedidas entre os anos de 2008 e 2011. Dados da Coordenação Geral de Imigração apontam que no começo da crise portuguesa, em 2008, 679 imigrantes tiveram autorização de trabalho concedida no Brasil. O número saltou em 2011 para 1.599. Somente nos três primeiros meses de 2012, já foram

concedidas 798 autorizações de trabalho, ao passo que, entre janeiro e junho de 2011, foram 509, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. Já no setor de óleo e gás, levantamento da Multiplic Vistos indica que filipinos, ingleses e americanos foram os profissionais que mais entraram no Brasil para trabalhar legalmente a bordo de embarcações ou plataformas estrangeiras autorizadas a operar no Brasil por até dois anos, entre 2010 e 2011. Chama atenção também o número de indianos, que bateram os noruegueses e passaram a ocupar a quarta posição em número de concessões de autorização de trabalho: 1.432 em 2011, contra 961 em 2010.

Concessão de autorizações por nacionalidade País 2010 2011 Filipinas 3.067 3.583 Reino Unido 1.597 1.814 EUA 1.783 1.777 Índia 961 1.432 Noruega 1.312 1.076 Polônia 697 741 Holanda 643 595 Rússia 385 527 Dinamarca 340 441 Espanha 263 402 Outros 4.158 5.350 Fonte: Mutilplic Vistos

Rio, a ‘menina dos olhos’ Foi-se o tempo que o Rio de Janeiro atraía estrangeiros apenas por suas belas praias, sol quase o ano inteiro, carnaval, futebol e mulheres bonitas. O ouro negro que jorra da Bacia de Campos faz com que a internacionalmente conhecida cidade maravilhosa seja o destino mais procurado pelos imigrantes do petróleo. Foram 14.861 autorizações de trabalho no último ano tendo o estado como destino. 36 MACAÉ OFFSHORE

O perfil do trabalhador estrangeiro que vem para o Rio tem uma série de peculiaridades. Jucélia Souza, diretora da Multiplic Vistos, explica que o elevado número de autorizações de trabalho a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira se relaciona à força do setor petrolífero na região e às expectativas em relação ao pré-sal. “Foram 14.853 autorizações em 2011 e 50.860 nos últimos quatro anos”, detalha.

Concessão de autorizações por estado UF 2010 2011 RJ 12.698 14.861 ES 281 1.262 SP 686 611 RN 0 334 Outros 1.541 670 Fonte: Mutilplic Vistos


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Importação de cérebros A elevada proporção de trabalhadores com nível superior completo evidencia a qualificação da mão de obra que vem buscar oportunidades de trabalho no Brasil. Este número passou de 8.811

em 2010 para 9.977 em 2011, um crescimento de 13,4%. Por sua vez, o número de mestres e doutores quase quadruplicou – passou de 10 para 39 (ver gráfico abaixo).

Escolaridade 2010 2011 Superior completo 8.811 9.977 Segundo grau completo 6.196 6.381 Mestrado/Doutorado 10 39 Não Informado 4 1 Outros 185 1.340 Fonte: Mutilplic Vistos

Entraves à legalização Para Marcelo Pereira, diretor da OTZ Engenharia, empresa prestadora de serviços de consultoria nas áreas de óleo e gás, uma das maiores dificuldades para atrair mão de obra estrangeira tem sido as barreiras para legalização dos profissionais, para viabilizar sua contratação. “As leis de trabalho e de imigração no Brasil são bastante rigorosas, dificultando a contratação de estrangeiros. Além disso, o Brasil ainda é visto como um país pouco desenvolvido e violento, o que assusta muitos deles. Mas, ainda assim, o interesse dos estrangeiros em trabalhar no Brasil tem sido crescente”, acrescenta. Estas dificuldades podem variar segundo os acordos diplomáticos existentes entre o Brasil e o país de origem. Além da burocracia para aprovação do Registro Nacional de Estrangeiros (RNE), alguns profissionais, como os do ramo de engenharia, enfrentam dificuldades para regularizar seu registro profissional regional. Outra questão que influencia a vida de quem migra é a adaptação à cultura, idioma e ritmo de trabalho do brasileiro, que costuma ser mais intenso.

Um dos gargalos para a legalização dos estrangeiros é a inexistência de um visto específico para os profissionais que trabalham embarcados. Atualmente, para estes profissionais, se aplica o visto Temporário V, semelhante ao fornecido para estrangeiros que atuam no ramo onshore, através do qual passam a ser considerados residentes, quando, de fato, não o são. Pereira explica que a maioria dos imigrantes que chega ao país concorre a vagas para os cargos de arquiteto, engenheiro e gestor de nacionalidade, especialmente portuguesa, espanhola e italiana. Em geral, são profissionais qualificados, vindos de países europeus. A prevalência de estrangeiros em cargos de destaque pode ser explicada pela dificuldade em se encontrar mão de obra nacional qualificada e com experiência de mercado. “O crescimento da Engenharia no Brasil se deu de uns anos para cá, mas a quantidade de engenheiros e profissionais da área não acompanhou o mercado e está atualmente muito inferior em relação ao que é necessário para atender às demandas do mercado”, ressalta o diretor da OTZ.

Leia no portal www.macaeoffshore.com.br Ministério Público investiga entrada ilegal MACAÉ OFFSHORE 37


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Desafios em ambientes multiculturais A expressiva e crescente presença de profissionais de diversas nacionalidades faz com que as plataformas sejam ambientes de troca de experiência, em que culturas, idiomas e hábitos se mesclam diariamente. Para facilitar esta interação e garantir maior produtividade, as empresas têm buscado soluções para integrar o trabalhador estrangeiro à rotina e às peculiaridades do ambiente de trabalho no Brasil. No final de março, a Câmara de Comércio e Indústria BrasilAlemanha do Rio de Janeiro (AHK) e a Goingplaces, empresa especializada em Consultoria Intercultural, levaram dezenas de trabalhadores estrangeiros até um hotel de Macaé, para participarem do curso “Gafes Interculturais num ambiente de plataforma”. O encontro tinha como objetivo mostrar como as diferenças entre idiomas, culturas e hábitos podem ser superadas nas plataformas. O curso abordou temas como consequências jurídicas, clima de trabalho, performance e resultado, além de contar com apresentação de cases e soluções adotadas. A entidade vem estimulando seminários e cursos como este nos últimos cinco anos, tornando-se uma grande fonte de consultas para as empresas alemãs que desenvolvem projetos para reforçar sua presença no País, trazendo profissionais do exterior. Em abril, a Câmara Brasil-Alemanha também reuniu especialistas na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro para um seminário de dois dias para tratar da mão de obra estrangeira e brasileira no exterior. “Estamos atentos para o grande fluxo de mão de obra estrangeira para 38 MACAÉ OFFSHORE

fevereiro, a AHK realizou em Macaé o seu segundo curso sobre mão de obra estrangeira, para abordar temas como legislação, critérios de fiscalização e conceitos contratuais, além de controles e prazos para o Registro Nacional de Estrangeiros.

Hanno Erwes, diretor executivo da Câmara BrasilAlemanha no Rio Hanno Erwes, the executive director of the Brazil-Germany Chamber in Rio

o Brasil e vamos continuar trabalhando nesse tema ao longo do ano para facilitar cada vez mais a contratação de profissionais alemãs”, afirma Hanno Erwes, diretor executivo da Câmara Brasil-Alemanha no Rio. Em

Segundo a advogada Mariângela Moreira, que ministrou o curso, a política imigratória tende a reformular suas normas para compatibilizá-las com as necessidades do mercado de trabalho. “As mudanças vêm sendo percebidas não somente nas Resoluções Normativas, mas também na análise e decisões dos órgãos competentes nos pedidos relativos à autorização de trabalho, prorrogação de prazo de estada ou pedido de permanência, amparando suas decisões não somente sob os aspectos migratórios, mas observando primordialmente os aspectos trabalhistas e fiscais”, explica.

Leia no portal www.macaeoffshore.com.br Como são concedidas as autorizações

Vidas no mar Mudar de país para buscar um novo emprego não é uma decisão fácil, pois tem impacto na vida de toda a família. Foi o que aconteceu com Veronice Laurentino, casada há mais de 18 anos com um condutor de máquinas filipino que trabalha embarcado no Brasil. Veronice considera o trabalho no setor de óleo e gás uma grande oportunidade e se orgulha da profissão do marido, mas acha que ainda

falta mão de obra qualificada no país. Formada em segurança do trabalho, ainda vê com pessimismo a qualificação dos brasileiros que atuam em trabalhos ligados a embarcações: “Sou brasileira casada com estrangeiro, mas não quero ver meu povo sendo deixado de lado”, conclui, temendo a perda de espaço de profissionais brasileiros no mercado de trabalho, devido à presença cada vez maior de estrangeiros. 

Leia no portal www.macaeoffshore.com.br Gestão da mobilidade, um novo filão


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Yes, we’ve got pre-salt...

and lots of work!

New discoveries attract foreign workers and change the day-by-day in the offshore units By MacaéOffshore

T

he international economic crisis, which affects major powers such as the United States, Japan and most part of Europe, coupled with the heat of the Brazilian economy and with the investments that the country has being receiving due to great events which it will host in the next years (World Cup in 2014 and the Olympic Games, in 2016), have been attracted attention of foreigners that seek for a job and better opportunities. With the discoveries of new reserves and the perspectives of job generation through the pre-salt exploitation this business sector has become the new Meca for professional from different specialties and nationalities.

The oil and gas industry leads the total of permits: 17,638 were granted to workers on board vessels or platforms, against 15,206 in 2010, an increase of 16%. There were 14,861 permits for workers who were shipped to Rio

However, far beyond the national economical heat and the cooling of the great powers, the lack of skilled labor appears to be a national problem to be solved. This has led domestic companies also to look abroad for more experienced professionals to work in production and exploration of oil and gas, which is reflected in an increased demand for temporary labor concessions in Brazil, especially in recent years.

Source: Ministry of Labor and Employment (Ministério do Trabalho e Emprego)

A Balance by the General Coordination of Immigration (CGIg), the Ministry of Labor and Employment (MTE), shows that 70,524 foreigners were permitted to work in the country in 2011, against 56,006 in 2010, an increase of 25.92%. Most (90%) are temporary visa with permission to remain in the country within 90 days or at most for two years - in 2011 they were 66,690, compared with only 3,834 permanent visas.

Work permits granted to foreigners Total Brazil Oil and gas and shipbuilding sector Rio de Janeiro

de Janeiro - mainly for the Campos Basin - against 12,698 in 2010. People from the Philippins, British, Americans and Indians are the first in line. Norwegian, Polish and Dutch come next, followed by Russian, Danish and Spanish.

2010

2011

Variation 2010-2011

56,006

70,524

25,92%

15,206

17,638

16%

12,698

14,861

17,1%

Threats to the national human capital? For Vitor Carvalho, executive director of the Oil Workers Union of North of Rio de Janeiro (Sindipetro-NF), the revitalization of the shipbuilding industry and the renewal of the fleet of oil tankers and support vessels, allied to investment in oil production chain, from exploration to logistics, are responsible for the attraction of skilled foreign workers. In the case of Rio de Janeiro, the heavy civil construction, industry and marine and offshore oil and gas are the sectors that receive the most immigrants. “Brazil today is no longer a country of migrants but a country of immigrants and has the capacity to absorb, while

developing power, the demands for foreigners,” Carvalho points out. The lack of technical expertise to operate in the exploration and management in the business of oil and gas platforms causes the coming to the entire coast of workers from various regions of the planet. According to Carvalho, the representation of workers in Brazilian National Immigration Council (CNI) has been ruled for the defense of national human capital, of the younger generations who are graduating and entering the labor market, but without the xenophobia that come from other countries. MACAÉ OFFSHORE 39


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For Marcelino Tadeu de Assis, a specialist in Human Resources and author of Indicators Human Resources Management (Qualimark), Indicadores de Gestão de Recursos Humanos in Portuguese, the position of Brazil as a global player opens spaces for specialized work. He explains that in 2011the number of foreigners entering the

country reached a record, attracted by a significant standard pay when compared to other countries that are facing crisis. Assis does not believe that the foreign presence poses a threat to the Brazilian worker, adopting a perspective of exchange of professional experiences with

X-Ray of the immigrant Portuguese are among the group that had higher growth in relation to immigration to Brazil as a whole. The economic crisis that the country faces, coupled with economic difficulties in the euro zone, have encouraged Portuguese workers to migrate to Brazil, resulting in an increase of 135% in the number of work permits granted between the years 2008 and 201. Data from the General Coordinator of Immigration show that at the beginning of the Portuguese crisis in 2008, 679 immigrants were granted permission to work in Brazil. This number rose to 1,599 in 2011. Only on the three first months of 2012, 798 have been granted work permits, while

Rio, the ‘apple of the eyes’ between January and June of 2011 the number was 509, according to data from the Ministry of Labor. In the sector of oil and gas, the survey by Multiplic Vistos indicates that people from the Philippines, British and Americans were professionals who often came to Brazil to work legally on board of foreign vessels or platforms authorized to operate in Brazil for two years, between 2010 and in 2011. It is also called to our attention the number of Indians, who beat the Norwegians and came to occupy the fourth place in number of concessions for a work permit: 1432 in 2011, against 961 in 2010.

Grant of permits by nationalities Country 2010 2011 Philippines 3,067 3,583 United Kingdom 1,597 1,814 US 1,783 1,777 India 961 1,432 Norway 1,312 1,076 Poland 697 741 The Netherlands 643 595 Russia 385 527 Denmark 340 441 Spain 263 402 Others 4,158 5,350 Source: Mutilplic Vistos

Import of brains The high proportion of workers with college degrees shows the qualification of labor that comes to seek job opportunities in Brazil. This number rose from 8,811 in 2010 to 9,977 in 2011, an increase of 13.4%. On the other hand, the number of masters and doctors almost quadrupled rose from 10 to 39. (see chart beside).

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native-born foreigners. “The foreign brings his/her culture, his/her values and ​​ beliefs, but also has - or should bring - technical knowledge to be applied in organizations that operate in Brazil. Capturing this knowledge - and integrate it with knowledge that the country has produced - is an important part to this transformation, “he says.

The times when Rio de Janeiro attracted foreigners only for its beautiful beaches, sunshine almost all year round, carnival, soccer and beautiful women are gone. The black gold gushing from the Campos Basin makes the wonderful internationally-known city the most popular destination for immigrants of oil. There have been 14,861 work permits last year having the state as a destination. The profile of the foreign worker that comes to Rio has a number of peculiarities. Jucelia Souza, director of Multiplic Visas, says the high number of work permits on board a foreign vessel or platform is related to the strength of the oil sector in the region and the expectations of the pre-salt. “There were 14,853 permits in 2011 and 50,860 in the last four years,” she explains.

Grant of permits by state UF RJ

2010 2011 12,698 14,861

ES

281 1,262

SP

686

RN

0 334

Others 1,541 670 Source: Mutilplic Vistos

Education College degree High school Master degree/Doctor degree Not informed Others Source: Mutilplic Vistos

611

2010 2011 8,811 9,977 6,196 6,381 10 39 4 1 185 1,340


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Obstacles to legislation To Marcelo Pereira, director of OTZ Engineering, a company providing consultancy services in the oil and gas business, one of the major difficulties in attracting foreign labor has been the barriers for legalization of professionals, to enable their employment contracts. “Labor laws and immigration in Brazil are quite rigorous, making it difficult to hire foreigners. In addition, Brazil is still seen as an underdeveloped and violent country, and this frightens many of them. But still, the interest of foreigners to work in Brazil has been growing”, he adds. These difficulties may vary according to diplomatic agreements between Brazil and the country of origin. Beyond the bureaucracy for approval by the National Registry of Foreigners (RNE), some professionals, such as those in engineering, struggle to settle their professional regional registration. Another issue that influences the lives of those who migrates is the adaptation to culture, language and work rate of the Brazilian, which is usually more intense.

One of the bottlenecks for the legalization of foreigners is the lack of a specific visa for professionals who work onboard. Currently, for these professionals a temporary visa is applied, similar to that provided to foreigners working in the onshore sector, through which they shall be considered residents, when they are not for real. Pereira explains that most immigrants arrive at the country to compete for vacancies for the positions of architect, engineer and nationality managers, especially Portuguese, Spanish and Italian. In general, these are qualified professionals coming from European countries. The prevalence of foreigners in key positions can be explained by the difficulty in finding national qualified manpower qualified and with experienced in this Market. The growth of engineering in Brazil happened a few years ago, but the amount of engineers and professionals did not keep up with the market and is currently much lower in relation to what is necessary to meet market demands,” the director of OTZ outlines.

R ead in the gateway www.macaeoffshore.com.br Prosecutors (Ministério Público) investigate illegal entry

R ead in the gateway www.macaeoffshore.com.br How the permits are granted

Lives at the ocean Moving to another country to seek for a new job is not an easy decision, because it impacts the lives of the entire family. That’s what happened to Veronice Laurentino, married for over 18 years with a machine conductor from the Philippines who works aboard in Brazil. Veronice considers the work in the oil and gas business a great opportunity and she is proud of her husband’s profession, but she thinks that the country still lacks

skilled labor in the country. Graduated in work safety, she still is pessimistic about the qualification of Brazilians who works in jobs related to vessels: “I’m a Brazilian woman married to a foreigner, but I do not want to see my people being left out,” she concludes, fearing the loss of space for Brazilian professionals in the labor market due to the increasing presence of foreigners. 

R ead in the gateway www.macaeoffshore.com.br Mobility management, a new strand

Challenges in multicultural environments The significant and growing presence of professionals from diverse nationalities makes the platforms good environments for the exchanging of experiences, where cultures, languages​​ and customs mingle daily. To facilitate this interaction and ensure greater productivity, companies have sought solutions to integrate foreign workers into the routine and the peculiarities of the work environment in Brazil. In late March, the Chamber of Commerce and Brazil-Germany Industry of Rio de Janeiro (AHK) and Goingplaces, a company specialized in Intercultural Consulting, led dozens of foreign workers to a hotel in Macae, to attend the course “Intercultural gaffes in environments like platforms.” The meeting aimed to show how the differences between languages​​ , cultures and habits can be overcome on the platforms. The course addressed topics such as legal consequences, working environment, performance and results, and it also had the presentation of cases and adopted solutions. “We are alert to the large influx of foreign labor in Brazil and we will continue working on this theme throughout the year to facilitate more and more the hiring of German professionals,” Hanno Erwes affirms. He’s the executive director of the BrazilGermany Chamber in Rio. In February, AHK held in Macae its second course about foreign labor, to address legal issues, criteria for monitoring and contractual concepts, as well as controls and deadlines for the National Registry of foreigners. According to the lawyer Mariângela Moreira, who taught the course, immigration policy tends to revise its standards to match them with the needs of the labor market. “The changes have been noticed not only in the Normative Resolutions, but also in the analysis and decisions of competent bodies in applications relating to work permits, extension of period of stay or residence application, supporting their decisions not only on aspects of migration, but looking primarily for labor and tax issues,” she explains.

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negócios

Missões comerciais em alta Cresce o número de delegações empresariais que visitam o Brasil, interessadas em fechar negócios. Na contramão, brasileiros também querem investir no exterior Por MacaéOffshore

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Divulgação UKTI

país será o terceiro maior receptor de investimentos estrangeiros no mundo em 2012, de acordo com dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Somente o Rio de Janeiro receberá U$ 100 bilhões nos próximos três anos, segundo o Governo do Estado. O aquecimento da economia, aliado à descoberta de novas jazidas de petróleo e gás e à possibilidade de exploração do pré-sal, criam uma atmosfera favorável para que o País – e mais precisamente o Estado do Rio – se torne destino certo para empresas estrangeiras em busca de novos negócios e mercados.

Tem sido cada vez maior o número de delegações que vêm para o país com o objetivo de conhecer melhor as oportunidades disponíveis no mercado, aprender o estilo brasileiro de fazer negócios e descobrir os desafios que precisarão ser vencidos para que a empresa seja bemsucedida. O maior interesse continua sendo do Reino Unido, Estados Unidos, Noruega e Dinamarca, grandes players no mercado internacional de óleo e gás. Porém, vem crescendo cada vez mais o interesse da China e de países da Europa, sem forte tradição no setor, mas que começam a buscar parceiros comerciais no Brasil, como Alemanha, Espanha e Itália. 42 MACAÉ OFFSHORE

Consulado Britânico reuniu 40 empresas no UK Energy in Brazil, para promover parcerias entre os dois países Consulate gathered together 40 companies for UK Energy in Brazil, to promote partnerships between these two countries

Uma oportunidade para que investidores estrangeiros encontrem os parceiros mais adequados para suas atividades no país está nas missões comerciais promovidas por diversas instituições governamentais que atuam no setor de óleo e gás, com objetivo de facilitar negócios e promover aproximação entre executivos. Muitas delas estão sediadas no Rio de Janeiro. Nos últimos três anos, o número de missões aumentou consideravelmente, indicando o momento favorável para estabelecer novas parcerias e iniciar

empreendimentos. E só tende a aumentar cada vez mais, especialmente em ano de grandes eventos na agenda do setor. Com escritório no Consulado-Geral Britânico no Rio de Janeiro, a UK Trade & Investment (UKTI), que representa o governo da Grã-Bretanha na busca de investimentos e novos negócios, tem organizado uma série de missões comerciais para aproximar organizações brasileiras e britânicas, principalmente as escocesas e inglesas. Em março, a UKTI levou uma delegação de 30 pessoas, entre


negócios

Divulgação UKTI

representantes de empresas e membros de governos locais, para Aberdeen, na Escócia, e Newcastle, no nordeste da Inglaterra. Lá, a comitiva visitou empresas, universidades e centros de tecnologia e inovação, além de conhecer o Porto de Aberdeen, na Escócia. Renato Cordeiro, gerente de Óleo e Gás da UKTI, conta que o setor é o que mais tem buscado missões comerciais. As regiões mais procuradas pelos executivos estrangeiros são Rio de Janeiro, Macaé e São Paulo. Como resultado destas aproximações, Renato Cordeiro cita a recente junção entre a empresa brasileira Tecmaq, que fornece mangueira flexível, e a escocesa Hydrasun, especializada em soluções integradas para transferência de fluidos. A Hydrasun vai manter a base de operação da Temaq em Macaé e pretende suprir a demanda gerada pela expansão dos negócios na região. Com a proximidade da Rio Oil & Gas, que acontece de 17 a 20 de setembro

Outra instituição que atua fortemente nesta linha é o Conselho Britânico de Energia (Energy Industries Council), que organiza missões comerciais a mercados emergentes e vem ajudando empresários brasileiros e britânicos a ter maior eficácia e resultados nos negócios no setor de óleo e gás. A fim de fortalecer estes laços comerciais com o Mercosul, o EIC organiza, entre os dias 24 e 29 de junho, mais uma missão comercial ao mercado brasileiro, seguida por visitas ao Peru e Colômbia no segundo semestre.

Renato Cordeiro, gerente de Óleo e Gás da UKTI Renato Cordeiro, the UKTI’s Oil and Gas manager

no Rio de Janeiro, a expectativa é atrair mais missões comerciais este ano. No último ano, o Consulado Britânico reuniu 40 empresas no UK Energy in Brazil, evento que visa a promover parcerias entre os dois países. Em 2013, a expectativa é que o evento ocorra em março.

Desde 2010, a entidade trouxe quatro delegações para a América do Sul, sendo uma para o Brasil, outra para a Colômbia e a última, em novembro de 2011, para a Venezuela. Segundo Clarisse Rocha, gerente regional do EIC na América do Sul, estas missões reuniram cerca de 10 executivos de cada grupo, tendo em comum o fato de trabalharem para empresas de base britânica.

Noruega mais perto do pré-sal brasileiro Os noruegueses também estão de olho no pré-sal e já contam com 120 empresas instaladas no Rio de Janeiro (80% do total no Brasil), dedicadas à produção de petróleo e desenvolvimento de tecnologia. Em 2007, este número não passava de 10 em todo o País. Para intermediar as relações com os brasileiros, tem atuado fortemente no Rio de Janeiro a Innovation Norway, órgão do governo norueguês que auxilia profissionais do setor na adaptação ao estilo brasileiro de fazer negócios. As relações entre Noruega e Brasil no ramo são promissoras. Depois dos Estados Unidos, a economia brasileira passou a ser a que mais recebe dinheiro norueguês, praticamente tudo investido no setor de petróleo. De acordo

com dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), as empresas norueguesas investiram cerca de US$ 577 milhões diretamente no estado no ano passado, ficando atrás somente das empresas de Cingapura, que também foram fortemente atraídas pelo pré-sal. A indústria norueguesa do petróleo, que representa um quarto do PIB do país, se destaca no fornecimento de equipamentos de alta tecnologia para a Petrobras, como navios-petroleiros, radares submarinos e guindastes para içar embarcações. Com o crescente aquecimento e volume de investimentos da indústria de óleo e gás no Brasil, o escritório da Innovation Norway no Rio de

Janeiro se tornou referência em serviços neste mercado. A IN presta assistência às empresas norueguesas oferecendo serviços de promoção de imagem, capacitação, consultoria, rede de contatos e relatórios de mercado, buscando parceiros locais. Também dá suporte ao estabelecimento de empresas norueguesas no Brasil, por meio de escritórios temporários na sua incubadora empresarial, localizada na Torre do Rio Sul, shopping de Botafogo, na zona sul carioca. Também promove missões econômicas e comerciais, com troca de conhecimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, fortalecendo a parceria entre a indústria norueguesa e a brasileira.

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negócios

‘Namoro’ político entre EUA e Brasil esquenta as relações comerciais O ‘namoro’ entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e do Brasil, Dilma Rousseff, para selar uma futura união em torno do desenvolvimento do pré-sal, tem despertado o interesse de empresários e autoridades americanas, que vêm ao Brasil ávidos por conhecer novos parceiros estratégicos para seus negócios e conhecer também as novas tecnologias aplicadas no desenvolvimento de biocombustíveis e demais energias renováveis. “O Brasil tem hoje uma posição de destaque no cenário mundial e nós queremos contribuir cada vez mais, estreitando os laços com os Estados Unidos ou no papel de catalisador na sinergia com empresas americanas ou não”, destacou o novo presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, Henrique Rzezinski, durante a cerimônia de posse, no final de março. A Amcham Rio, que completa 100 anos em 2016, não revela seus planos para os próximos meses, mas, ao deixar o cargo, o ex-presidente, Robson Barreto, informou que um plano de marketing interno estava sendo montado para ampliar os produtos e serviços oferecidos a seus associados. Em recente visita ao Brasil, a prefeita de Houston, Annise Parker, reforçou a necessidade de estreitar ainda mais os laços com o Rio de Janeiro. Ela reiterou a sinergia entre as duas cidades e disse estar interessada em receber empresas para fazer negócios, principalmente nas áreas de óleo e gás e tecnologia. Acompanhada de uma delegação de 25 representantes do setor privado, Annise Parker também anunciou que Houston pretende compartilhar conhecimento com o Rio de Janeiro e aproximar ainda mais os ambientes de negócios. “Realmente, aqui é o lugar para estar neste momento”, declarou. 44 MACAÉ OFFSHORE

Britânicos selam parcerias com empresas locais Além da atuação de empresas privadas, as missões comerciais fortalecem as relações diplomáticas entre os países, caso de Brasil e Reino Unido. Recentemente, o embaixador Roberto Jaguaribe afirmou que a Inglaterra irá massificar os investimentos no setor de óleo e gás. O interesse comercial dos britânicos no pré-sal dá o tom da importância da parceria entre os dois países. Com experiência no Mar do Norte e dominando novas tecnologias, a expectativa do Reino Unido é que o trabalho de exploração possa complementar o aumento da demanda brasileira. Empresas como a British Petroleum (BP) e a British Gas já começaram a estreitar suas relações comerciais com o Brasil. A representante do EIC na América do Sul, Clarisse Rocha, explica que, para participar das missões, cada empresa estrangeira deve definir sua forma de entrada no mercado brasileiro, podendo optar por estabelecer o próprio escritório no país. É o caso da London Offshore Consultants, que iniciou suas atividades no Brasil há dois anos, utilizando

Divulgação EIC

Clarisse Rocha, gerente regional do EIC na América do Sul Clarisse Rocha, EIC’s regional manager in South America

o escritório do EIC-Rio como base, e hoje já opera em local próprio e desenvolve parcerias com uma empresa local. Foi o que também fez a Safe House Habitats. Em parceria com a Mills Engenharia, a empresa atua com habitats para ambientes de alto risco. Outro exemplo é a WMT Oil & Gas, que irá desenvolver procedimentos de operação em português à QUIP, utilizando como parceira uma empresa local para tradução.

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EIC: ponto estratégico de apoio e contato Interesse também de países com menos tradição Em plena fase de debates sobre a exploração do pré-sal brasileiro e o desenvolvimento da cadeia nacional de fornecedores, missões comerciais da China e de países europeus com menor tradição na área de óleo e gás também têm manifestado interesse em atuar no Brasil. Durante o Accelerate Oil&Gas ExpoForum 2012, em maio, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC), Charles Tang, traça um

cenário sobre a participação chinesa no mercado de óleo e gás brasileiro, que só tem aumentado. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a China será em breve o maior consumidor mundial de petróleo, devido ao crescente interesse da nova classe média chinesa por carros. Segundo a consultoria Dealogic, a China investiu desde 2010 US$ 15 bilhões no setor. A


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principal estratégia asiática é comprar participações em empresas já atuantes para assegurar fornecimento ao país.

Do Brasil para o mundo: pequenas empresas ganham apoio oficial para se internacionalizar

De acordo com a Câmara BrasilChina de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), a China ainda depende de um grande volume de ofertas estrangeiras de petróleo e minério de ferro. Em 2010, 54,8% do petróleo e 53,6% do minério de ferro foram importados. Há muitas empresas estatais chinesas atuando no Brasil, principalmente a Sinopec - nona maior petroleira em valor de mercado.

Executivos brasileiros também estão cada vez mais interessados em fechar negócios com parceiros internacionais. E não são apenas as gigantes do setor. Pequenas e médias empresas também vislumbram boas perspectivas de negócios fora do Brasil. Afinal, em um setor extremamente competitivo, o apoio à pequena e média empresa pode ser o diferencial.

Em março, a CCIBC promoveu um seminário em Macaé, reunindo 50 empresários de diversos setores, principalmente de petróleo e gás, para conhecer melhor os caminhos para importação. Para a Secretaria de Indústria e Comércio de Macaé, o evento abriu um espaço às empresas estabelecidas em Macaé para novas oportunidades no comércio bilateral entre os países, além de maior aproximação com cidades produtoras de petróleo na China para uma possível parceria comercial.

No Programa de Desenvolvimento Competitivo e Internacionalização – Naval, Petróleo & Gás (Prointer P&G), diversas empresas das áreas de petróleo, gás, indústria naval, metalmecânica e siderurgia têm a chance de expandir sua visibilidade no mercado externo, com consultoria de especialistas, missões comerciais ao exterior e cursos de capacitação. É o caso de empresas como Ambidados, Tubolit, ATBL, Subsin, Polar, K-lund e RCC Robótica, que já embarcaram em missões comerciais organizadas pelo Prointer.

A Espanha, que vive uma forte crise no mercado interno e precisa se expandir para ganhar novos mercados, também está de olho no Brasil A Câmara de Comércio Espanhola organiza missões para empresas que necessitam de orientação para busca de importadores, parceiros, obtenção de conhecimento de mercado ou abertura de uma filial. Por meio de estudos setoriais, a entidade avalia a oportunidade de negócio em dado setor no Brasil e busca possíveis interessados na Espanha. De acordo com a diretora executiva da Câmara, Maria Luísa Castelo Marin, a função do órgão vai além da organização de agendas comerciais. “O objetivo é que empresas espanholas conheçam o mercado e os principais players do setor em que trabalham, sendo colocadas em contato com potenciais parceiros”, explica.

O programa é resultado da parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), com apoio de entidades como Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Agência de Apoio às Exportações (Apex Brasil) e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Também são parceiros MDIC, União Europeia, Banco do Brasil, BNDES,

Governo do Estado do Rio de Janeiro, Codin, Sinaval e Prominp. Neste ano, o Prointer prevê organizar missões comerciais a diversos países, reunindo empresários dos setores naval, petróleo, gás e energia. Estão programadas viagens para Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Itália, Islândia e Finlândia. A primeira missão ao exterior este ano levou, no final de abril, uma delegação de cerca de 40 pequenas e médias empresas nacionais para os encontros realizados durante a o Offshore Technology Conference (OTC 2012), em Houston (EUA). A delegação brasileira marcou, em média, 11 encontros com expositores estrangeiros. - Já é rotina do Sebrae a promoção de missões internacionais, tanto dentro do país como fora. A mais significativa feira do segmento de petróleo e gás é a OTC e não poderíamos deixar de participar deste evento. O objetivo destas missões é incentivar novas parcerias tecnológicas, visando a aumentar a competitividade das empresas nacionais que atuam no setor – destaca a coordenadora do Prointer no Rio de Janeiro, Miriam Ferraz. Apenas neste ano, o projeto já recebeu visita de cinco delegações estrangeiras que desejavam ter contato com a realidade de empresas brasileiras, sendo uma do Canadá, duas da Holanda, uma da Escócia e a outra que contou com a presença da prefeitura de Houston (EUA), Annise Parker.

Leia mais no portal www.macaeoffshore.com.br Pequena empresa: saiba como participar das missões do Prointer fora do Brasil MACAÉ OFFSHORE 45


negócios

Novas joint ventures e aumento no faturamento e exportações Divulgação

Atuando como uma agência de fomento, o projeto, lançado em 2009, já rende resultados positivos. Segundo Miriam, gerou um aumento médio de 244% no faturamento bruto das atividades de exportação das empresas participantes. Cada empresa selecionada atua em parceria com o Prointer por um ano, no Rio ou em Macaé, para depois participar de missões comerciais e rodadas de negócios internacionais. - A empresa já sai do Brasil com uma agenda montada e recebe consultoria antes, durante e após cada missão. Procuramos capacitar o empresário para que possa atuar dentro ou fora do país em condições de competição com as empresas estrangeiras. Hoje, uma empresa pode ser considerada internacionalizada sem que esteja, necessariamente, exportando. Esperamos, em alguns casos, que ela consiga garantir sua permanência no mercado interno - ressalta a coordenadora do ProInter. Como principais resultados das missões, Míriam Ferraz destaca o incremento nas exportações e formação de joint ventures e redes de cooperação.

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Primeira missão do ProInter ao exterior este ano levou 40 pequenas e médias empresas à OTC, em Houston (EUA) The first mission abroad this year led 40 small and medium enterprises for OTC 2012 in Houston (USA)

Um exemplo de empresa beneficiada pelo projeto é a Roxtex. Fundada em 1990 e presente na China, Espanha e Japão, a empresa se instalou no Brasil há oito anos e desenvolve soluções para a indústria naval. Recentemente, a companhia apresentou sua expertise na OTC, em Houston.

As empresas visitadas são selecionadas com base na área de atuação de cada fornecedor nacional, tendo em vista o potencial para melhorar produtos de base tecnológica ou processos produtivos. A missão é negociar a formação de joint ventures e atrair fornecedores estrangeiros para o país. 


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Booming Trade

Missions

The number of business delegations that visit Brazil is growing, interested in doing business. Going the other way round, Brazilians also want to invest abroad By MacaéOffshore

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he country will become the third biggest receptor of foreign investments in the world in 2012, according to date from the Institute of Applied Economic Researches1 (Ipea). Rio de Janeiro itself will receive U$ 100 billion on the next three years, according to the State Government. The economic heat, coupled with the discovery of new oil and gas reservoirs and with the possibility of exploitation of pre-salt, have created a favorable atmosphere so that the country – more precisely the state of Rio de Janeiro – become the right destiny for foreign companies seeking new business and markets. There have been an increasing number of delegations that come to our country aiming to be more familiar with the available market opportunities, to learn the Brazilian style of doing business and to found out about the challenges that they will need to overcome so their companies are successful. The most interested still are the U.K., U.S, Norway and Denmark, major players in the international oil and gas market. Nevertheless, there has been an increasing interest from China and some countries in Europe. These countries lack a strong tradition in this business sector, but they are seeking trade partners in Brazil. Some of them are Germany, Spain and Italy. One opportunity for foreign investors to find more adequate partners for their activities in the country is in the trade missions promoted by several government institutions working in the oil and gas sector, in order to facilitate business and to

promote closer ties between executives. Many of them are based in Rio de Janeiro. In the last three years, the number of missions has considerably increased, which indicates the favorable moment to establish new partnerships and to start enterprises. The tendency is to grow even more, especially in years of major events in the agenda of this sector. With an office based in the British General-Consulate in Rio de Janeiro, UK Trade & Investment (UKTI), which represents the Great Britain’s government in search for investments and new business for the country, has been organizing a series of trade missions to approximate British companies and Brazilian companies, mainly Scottish and English. In March, the company took a delegation with 30 people, among them some representatives of companies and members of local governments, to Aberdeen, in Scotland, and Newcastle, in the northeast of England. There, the delegation visited companies, universities and technology and innovation centers. Besides, they got to know the Port of Aberdeen, in Scotland. Providing support for groups of companies or for individual investors, UKTI helps British people to identify partners in the oil and gas business. Renato Cordeiro, the UKTI’s Oil and Gas manager, reports that this is the sector that has the most searches for trade missions. The regions the foreign executives want the most are Rio de Janeiro, Macaé and São Paulo. As a result from these approximations, Renato Cordeiro mentions the recent merging between the Brazilian company

Tecmaq, which provides flexible hose, and the Scottish company Hydrasun, specialized in integrated solutions for fluid transfer. Hydrasun will keep the Temaq’s operational base in Macaé intending to meet the demand generate by the spread of business in the region. As Rio Oil & Gas approaches, taking place from 17 to 20 September in Rio de Janeiro, more trade missions are expected to be attracted this year. In the last year, the British Consulate gathered together 40 companies for UK Energy in Brazil, an event aiming to promote partnerships between these two countries. In 2012, this event is expected to take plane in March. Another institution that has a Strong presence in this line is the Energy Industries Council, which organizes trade missions to emerging markets and has been helping Brazilian executives to have a higher level of efficiency and better results on the oil and gas business. In order to strengthen these trade ties with Mercosul, EIC organizes, from 24 to 29 June, one more trade mission to the Brazilian Market, followed by visitation to Peru and Colombia in the second half of the year Since 2010, this entity has brought four delegations to South America, one for Brazil, one for Colombia and the last one, in November of 2011, for Venezuela. According to Clarisse Rocha, EIC’s regional manager in South America, these missions gathered about 10 executives from each group, having in common the fact that they work for British-based companies. MACAÉ OFFSHORE 47


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Norway closer to Brazilian pre-salt Norwegians also have one eye on pre-salt and already have 120 companies installed in Rio de Janeiro (80% of Brazil’s total), dedicated to the production of oil and technology development – in 2007, this number was under 10 considering the whole country. In order to mediate the relations with Brazilians, Innovation Norway, the Norwegian government agency that assists professionals in this industry to adapt to the Brazilian way of doing business, has strongly acted in Rio de Janeiro. The relations between Norway and Brazil are promising. Behind the U.S., the Brazilian economy now is the one that has the most Norwegian money, all of it virtually invested in oil industry. According to date from the Federation of Industries in Rio de Janeiro (Firjan), Norwegian companies invested about US$ 577 million directly in the state last year, only behind Singapore’s companies, which have been strongly attracted by the pre-salt. The Norwegian oil industry, which represents one quarter of

their national GDP (Growth Domestic Product), stands out in providing high technology equipment for Petrobras, such as oil tankers, radars, submarines and cranes to lift vessels. With the increasing heat and volume of investments of the oil and gas industry in Brazil, the Innovation Norway’s office in Rio de Janeiro has become a reference in this service business. Innovation Norway provides assistance for Norwegian companies, offering services of image promotion, training, consultancy, contacts network and market reports, as well as searching for local partners. The company also supports the implementation of Norwegian firms in Brazil, by means of temporary offices in its business incubator, located in Torre do Rio Sul, shopping in Botafogo, south of Rio de Janeiro city. Furthermore, it also promotes economic and trade missions, with exchange of knowledge on research and technology development, aiming to strengthening the partnership between the Norwegian and the Brazilian industries.

Political ‘flirt’ between U.S. and Brazil heats up commercial relations The ‘flirt’ between the President of the United States, Barack Obama, and the President of Brazil, Dilma Rousseff, to seal a future union around the development of pre-salt has attracted the interest of American businessmen and officials that come to Brazil eager to meet new strategic partners in order to develop their businesses, as well as to know new Technologies applied to the use of biofuel and other renewable energy sources. “Today Brazil has a prominent position in the world scenario, and we want to contribute even more. By getting closer to the United States or playing the role of a catalyst in the synergy with companies, American ones or not”, the new President of the American Chamber of Commerce in Rio de Janeiro, Henrique Rzezinski, pointed out during the inauguration ceremony, by the end of March. 48 MACAÉ OFFSHORE

The company Amcham Rio, which turns 100 years in 2016, does not reveal its plans for the next months. However, when leaving his position, the former president, Robson Barreto, informed that an internal marketing plan was being prepared to expand the products and services offered to its associate. During a recent visit to Brazil, the mayor of Houston, Annise Parker, reinforced the need to forge even closer ties with Rio de Janeiro. She reiterated the synergy between the two cities and declared herself to be interested in receiving companies to do business mainly from the oil, gas and technology sectors of economy. Followed by a 25-integrants delegation from the private sector, she has also announced that Houston intends to share knowledge with Rio de Janeiro and to approach even more the business environments. “This really is the place to be at this moment”, she declared.

British seal partnerships with local companies Other than the action of private companies, the trade missions also strengthen diplomatic relations between countries, as it is the case of Brazil and U.K. Recently, Ambassador Roberto Jaguaribe has stated that England will massify the investments in the oil and gas sector. The commercial interest of the British in presalt sets the tone of the importance of partnership between Brazil and the United Kingdom. With experience in the North Sea and mastering new technologies, the expectation is that the exploration work can complement the increased demand in Brazil. Companies such as British Petroleum (BP) and British Gas have already begun to strengthen their trade relations with Brazil. The representative of EIC in South America explains that, in order to participate in the missions, each foreign company must set their way of approaching the Brazilian Market, with possibility of implementing their owe office in the country. That’s the case with London Offshore Consultants, which started its activities in Brazil two years ago using the office of EIC-Rio as its base and now operates in its own place or develops partnerships with a local company. This is also the case of the Safe House Habitats. In partnership with Mills Engineering, the company operates with habitats for highrisk environments. Another example is the WMT Oil & Gas, which will develop operating procedures in Portuguese for QUIP using a local business partner of translation as a partner.

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EIC: strategic support point and contact Interest also from countries with less tradition In the phase of discussions on the operation of the Brazilian pre-salt and the development of the national chain of suppliers, trade missions from China and European countries with little tradition in the oil and gas business have also expressed interest in operating in Brazil. During Accelerate Oil & Gas Expo-Forum 2012, on May, the President of the Chamber of Commerce and Brazil China Industry (CCIBC), Charles Tang, outlines a scenario on the Chinese participation in the oil and gas business in Brazil, which has only increased.


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According to the International Energy Agency (IEA), China will soon become the world’s largest consumer of oil, due to growing interest in the new Chinese middle class for cars. According to the consultancy company Dealogic, since 2010 China has invested USD 15 billion in the sector. The main strategy is to buy stakes in Asian companies already working to ensure supply to the country. According to the Brazil-China Chamber of Economic Development (CBCDE), China still depends on a large volume of foreign offers for oil and iron ore. In 2010, 54.8% of the oil and 53.6% of the iron ore were imported. There are many Chinese state companies

operating in Brazil, mainly Sinopec - the ninth largest oil company in market value. In March, CCIBC held a seminar in Macae, bringing together 50 entrepreneurs from various sectors, mainly oil and gas, to better understand the ways to import. An event partner, the Department of Industry and Trade in Macae sought to open space for companies established in Macae for new opportunities in bilateral trade between the two countries, in addition to closer ties with oilproducing cities in China for a possible commercial partnership. Spain, which is experiencing a major crisis in the domestic market and needs to expand to gain new markets, has also an eye on

Brazil. The Spanish Chamber of Commerce organizes missions for companies that need guidance in searching for importers, partners, obtaining knowledge of the market or opening a branch. Through sectorial studies, the entity assesses the business opportunity in a given sector in Brazil and seeks for possible interested in Spain. According to executive director of the Chamber, Maria Luisa Castelo Marin, the function of the agency goes beyond the organization of trade agendas. “The goal is that Spanish companies know the market and major players in the industry they work in, being placed in contact with potential partners,” she explains.

From Brazil to the world: small companies gain official support for internationalization It’s not just foreigners who have on eye on Brazil. Brazilian executives are increasingly interested in doing business with international partners. And not just with the giant ones. Small and mediumsized companies also envisage good prospects of business outside of Brazil. After all, in an extremely competitive industry, support for small and medium enterprises can make the difference. In the Competitive Development and Internationalization Program – naval, Marine, Oil & Gas (ProInter P & G), several companies in the oil, gas, shipbuilding, metalworking and steel are receiving the chance to expand their visibility in the international market, with advice from experts, overseas trade missions and training courses. This is the case of companies such as Ambidados, Tubolit, ATBL, Subsin, Polar, K-lund and RCC Robotics, which have embarked on trade missions organized by the ProInter. The program is a partnership between the Brazilian Service of Support

to Micro and Small Enterprises (Sebrae) and the National Organization of the Petroleum Industry (Onip), with support by organizations such as the Federation of Industries of Rio de Janeiro (Firjan), Agency for Support to exports (Apex Brazil) and the Brazilian Association of Industrial Development (ABDI). Other partners are MDIC, European Union, Banco do Brazil, BNDES, the state government of Rio de Janeiro, Codin, and Sinaval and Prominp. This year, the ProInter plans to organize trade missions to different countries, bringing together businessmen from the sectors of shipbuilding, oil, gas and energy. Trips to the United States, Germany, Italy, Norway, Iceland and Finland are planned. The first mission abroad this year in late April led a delegation of about 40 small and medium enterprises for national meetings during the Offshore Technology Conference (OTC 2012) in Houston (USA). The Brazilian delegation scheduled an average of 11 meetings with foreign exhibitors.

It is routine of Sebrae the promotion of international missions, both inside and outside the country. The most significant trade fair for the sector of oil and gas is the OTC and we could not fail to attend this event. The goal of these missions is to encourage new technology partnerships, aimed at increasing the competitiveness of national companies that operate in the sector - coordinator of ProInter in Rio de Janeiro, Miriam Ferraz, points out. This year alone, the project was visited by five foreign delegations who wished to have contact with the reality of Brazilian companies, being one Canadian, two from the Netherlands, one from Scotland and the other one that was attended by the mayor of Houston (USA), Annise Parker.

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Small Business: learn how to participate in Prolnter missions abroad

New joint ventures and increased sales and exports Acting as a funding agency, the project launched in 2009 already has positive results. According to Miriam, it generated an average increase of 244% of the gross sales of the export activities of the participating companies. The process works as follows: each selected company works in partnership with the ProInter for a year, in Macae or in Rio, and then participates in trade missions and international business rounds. - Each company leaves Brazil with a set up schedule and gets advice before, during and after each mission. We seek to empower the businesses so you can play inside or outside the country in conditions of competition with

foreign companies. Today, a company can be considered to be internationalized without exporting necessarily. We hope, in some cases, it can guarantee its permanence in the internal market - the coordinator of Prointer highlights. As the main results of the missions, Miriam Ferraz highlights the increase in exports and joint ventures and cooperation networks. An example of a company benefited from the project is Roxtex. Founded in 1990 and present in China, Spain and Japan, the company settled in Brazil for eight years and develops solutions for the shipbuilding industry. Recently, the company presented its expertise in the OTC in Houston.

The companies that are visited are selected based on the scope of each national provider, considering the potential to improve technology based products or production processes. The mission is to negotiate the formation of joint ventures and attract foreign suppliers to the country According to her, the presence of national companies in a fair market as OTC is fundamental for the favorable development of new business, providing the meeting with major carriers and agents market and promoting exchange of knowledge and experiences.  MACAÉ OFFSHORE 49


Arte: MacaéOffshore

PlatAformA Espírito santo

Sem medo do

Açu

Próximo superporto brasileiro deverá erguer seus alicerces no Espírito Santo, com o apoio direto do maior complexo portuário do mundo, o Porto de Roterdã Por Marcus Lotfi

O

SuperPorto do Açu, mega-empreendimento portuário que está sendo erguido no Norte Fluminense pela

LLX, empresa de logística do empresário Eike Batista, deverá ganhar em breve um concorrente à altura. O maior porto do mundo, o de Roterdã, na Holanda, anunciou que vai se instalar no Brasil e 50 MACAÉ OFFSHORE

escolheu o Espírito Santo para abrigar seu primeiro porto multipropósito de águas profundas no país, com foco no setor de óleo e gás e planos de se tornar uma nova base para o pré-sal. Conhecido como Porto Central, o empreendimento está localizado estrategicamente no meio do litoral brasileiro, próximo da região do pré-sal e na

divisa com o Estado do Rio de Janeiro. Em operação, deverá atender à necessidade de modernização da infraestrutura do Espírito Santo para fazer frente ao crescimento da sua bacia petrolífera. Pelo menos 2 mil empregos deverão ser criados entre a construção e a operação do empreendimento, que deve ficar pronto até o final de 2015.


PlatAformA Espírito santo

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Eike já declarou várias vezes que o Superporto do Açu está sendo concebido para ser ainda maior que o próprio Porto de Roterdã. No entanto, o projeto do Porto Central também tem em suas linhas pretensões para operar dentro do conceito de porto-indústria, uma vez que planeja atrair não só operadores portuários e logísticos, mas predominantemente atender às empresas que integram a cadeia produtiva de óleo e gás. Para isso, o projeto também visa atrair indústrias de transformação para a retroárea do Porto Central. O representante e líder do projeto no Brasil, Peter Lugthart, garante que não haverá conflito de interesses com o SuperPorto do Açu, uma vez que a forte demanda brasileira dará trabalho suficiente para os dois portos. “Apostamos nas condições do Porto Central e também na marca Roterdã. Teremos um porto construído e gerido dentro das

Peter Lugthart, o representante e líder do projeto no Brasil Peter Lugthart, the representative and leader of the Project in Brazil,

melhores práticas e acreditamos que estes fatores somados irão atrair operadores internacionais interessados no

Brasil, mas que não vinham para cá por não terem uma estrutura adequada para operar”, afirma o executivo.

Projeto aguarda licenças para começar O acordo de cooperação entre o Governo do Estado, o grupo Terminal Presidente Kennedy (TPK) e o Porto de Roterdã já foi assinado. O próximo passo é obter a licença de operação para iniciar as obras, uma vez que o projeto segue o modelo greenfield. Em seguida, o projeto vai para aprovação da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). A expectativa é que a documentação necessária esteja pronta até o segundo semestre de 2013. Mesmo ainda estando na fase inicial de estudos de engenharia, o investimento total na infraestrutura é pesado. O valor estimado pelo grupo

TPK beira os R$ 4 bilhões. O empreendimento ficará instalado numa área inicial prevista de 1000 hectares, o que equivale a dez milhões de metros quadrados. A segunda fase do projeto prevê ainda uma ampliação para até 1.500 hectares (15 milhões m²). O porto dará apoio às atividades offshore e também será voltado para atender outras áreas correlatas da indústria, como metalurgia, granéis sólidos e carga geral, como mármore, granito e até mesmo o setor automobilístico. A ideia é que o Porto Central opere no mesmo modelo de Roterdã, ou seja, no sistema

de clusters de indústrias, facilitando a logística para os clientes e também permitindo sinergias. O Grupo Terminal Presidente Kennedy, desenvolvedor do projeto, é uma sociedade de propósito específico, formada por grupos empresariais brasileiros e executivos com experiência nos setores de mineração e offshore. Não há ainda uma posição sobre a participação acionária do grupo em relação ao porto holandês, mas o acordo firmado é uma primeira iniciativa cujo destino final é a formação de uma joint-venture entre as partes. O projeto ainda busca novos investidores.

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Capacidade e investimentos O projeto do Porto Central calado que alcança 23 metros em sua área externa, 16 metros no canal principal e 10 metros nos secundários. Esta disposição, de acordo com o Grupo TPK, permite que os terminais sejam localizados de acordo com suas características. Ainda de acordo com o Grupo, isto é uma vantagem, pois alguns setores necessitam de navios maiores, como o de mineração, por exemplo, e outros podem operar com embarcações menores. Portanto, dependendo de quais setores o porto receber inicialmente, não precisará ser dragado na sua maior profundidade. O projeto também mexeu com a malha de transportes da região, incitando soluções no campo da logística intermodal. Existe um trabalho de viabilização de um ramal ferroviário ligado à Estrada de Ferro Vitória-Minas, com 40 km de extensão a partir do porto. Também há planos do Governo do Espírito Santo para construir uma ferrovia nova, com o objetivo principal de atender ao Porto Central. No que diz respeito ao transporte rodoviário, o mais versátil para a movimentação de cargas pelo interior, também está entre os planos do Governo do Estado a construção de uma rodovia de acesso entre o porto e a BR-101, que fica a 30 km do município onde o complexo será construído, no município de Presidente Kennedy. A estrada já teve um trecho privatizado e tem duplicação prevista para ser concluída junto com o Porto Central.

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Maior da Europa, o Porto de Roterdã se orgulha de ser uma empresa pública The Port of Rotterdam, the largest in Europe, is proud of being a public company

Planos de expandir a marca pelo mundo Maior da Europa, o Porto de Roterdã se orgulha de ser uma empresa pública, gerenciada nos moldes de uma companhia privada. Em 2011, a empresa teve lucro líquido de € 186 milhões, crescimento de 10% em relação a 2010. A maior parte do porto (75%) pertence ao município de Roterdã e 25% ao governo da Holanda.

terminais ficam a cargo de operadores privados. A política externa do Porto de Roterdã é voltada para joint ventures estratégicas e novas participações internacionais. Atualmente, existem negociações com estruturas na China, Itália, Romênia, Vietnã, Índia, Malásia, Senegal, África do Sul, Qatar, Rússia e Turquia.

Com mais de 600 anos, a empresa pretende expandir sua marca pelo planeta e iniciou seu processo de internacionalização em 2009, no Porto de Sohar, em Omã, no Oriente Médio, onde o porto holandês participa com 50% do investimento de € 1 bilhão. Seus investimentos atingiram o recorde de € 494 milhões no ano passado, principalmente por conta de sua expansão, e a expectativa é que o volume se mantenha em € 500 milhões, em 2012.

Em 2010, o governo brasileiro solicitou ao Porto de Roterdã que desenvolvesse um abrangente estudo estratégico sobre a reforma do setor portuário do país, que consiste em 34 portos públicos ao longo dos oito mil quilômetros de extensão de sua costa. No início deste ano, o porto holandês inaugurou um novo escritório em São Paulo que, em conjunto com o escritório central, irá trabalhar intensivamente no desenvolvimento do Porto Central. Roterdã também participou do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), feito para a Secretaria Especial de Portos (SEP) pela Universidade Federal de Santa Catarina, que já foi finalizado e está em fase de aprovação em Brasília. 

O complexo portuário holandês procura atingir esse objetivo participando de projetos e operando no modelo landlord port, com planejamento, gerenciamento e infraestrutura, enquanto os


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Espírito santo Platform

Not afraid of

Açu

The next Brazilian super port shall raise its foundations in Espírito Santo, with the direct support from the largest port complex in the world, the Port of Rotterdam. By Marcus Lotfi

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he super port of Açu, the mega-port project which is being raised by LLX, a logistics company that belongs to the entrepreneur Eike Batista, shall gain a competitor up to it. The largest port in the world, the Port of Rotterdam, in the Netherlands, has announced its presence in Brazil and it has chosen Espirito Santo to host its first deep-water multipurpose port in the country, with focus on the oil and gas business and with plans of becoming a new base for the pre salt. Known as Central Port, the enterprise is strategically located in the middle of the Brazilian coast, next to the pre-salt layer region and boarding Rio de Janeiro. When operating, it shall meet the need for

modernization of the Espírito Santo’s infrastructure in order to face the growth of its oil basin. At least 2,000 jobs will be created between the construction and the operation of the enterprise, which shall be ready by the end of 2015. Eike has already stated several times that the Super port of Açu is being designed to be even larger than the Porto of Rotterdam. Nevertheless, the project for the Central Port also has some intentions of operating within the concept of industrial port in its lines, once it plans to attract not only port and logistic operators, but mostly intends to serve the companies that compose the oil and gas productive chain. In order to accomplish that, the project

also aims to attract transformation industries for the back area of the Central Port. The representative and leader of the Project in Brazil, Peter Lugthart, ensures that there will be no conflicts of interests with the Super port of Açu, as the great Brazilian demand will provide enough work for both ports. “We trust the conditions of the Central Port as well as the name Rotterdam. We’ll have a port built and managed within the best practices and we believe that these factors, when put together, will attract international operators who are interested in Brazil but haven’t come here because of the lack of an appropriate structure to operate”, the businessman affirms.

Project awaits permits to begin A cooperation agreement between the State Government, the Terminal Presidente Kennedy group (TPK) and the Port of Rotterdam has been already signed. The next step is to obtain the operation permit in order to start the construction works, once the project is aligned to the Greenfield model. Then, the project is submitted to approval by Antaq (Water Transportation National Agency). The necessary documents are expected to be ready by the second half of 2013. Even though the engineering studies are in its beginning phase, this is a

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heavy investment considering the total amount. The value estimated by the TPK group is nearly R$ 4 billion. The enterprise will be installed in an area planned for 1000 hectares, equivalent to 10 million square meters. The second phase of the project provides an extension for up to 1,500 hectares (15 million m²). The port shall support the offshore activities and will also serve other related areas of the industry such as metallurgy, solid bulk and loads in general as marble, granite and even the auto industry. The idea is that the Central Port operates according to the same model as

Rotterdam, i.e., the cluster system of industries, which facilitates logistics for clients and also allowing synergies. The Terminal Presidente Kennedy Group, which is the Project developer, is a specific purpose society formed by Brazilian business groups and businessmen experienced in mining and in the offshore activity. So far, there isn’t a position on the group’s shareholding referring to the Dutch Port, but the settled agreement is a first initiative whose final destine is the formation of a joint-venture between the parties. The Project still seeks for new investors.


Espírito santo Platform

Capacity and investments The Central Port Project drift reaches 23 meters of external area, 16 meters in the main channel and 10 meters in the secondary. This disposition, according to the TPK Group, allows the terminals to be located in line with its characteristics. Still according to the Group, this is an advantage, as some sectors need bigger vessels, such as the mining business, for instance, and others need to operate using smaller vessels. Therefore, depending on what sectors the port will receive at first, it won’t need to be dredged in its deepest parts. The Project has also moved the transportation network of the region, urgings

some solutions in the field of intermodal logistics. There is exists a study on the feasibility of a rail spur connected to the Vitória-Minas Railroad, 40 km long from the port. There are plans from Espirito Santo’s Government to build a new railroad aiming to serve the Central Port. Regarding the road transportation, which is the most versatile option to move loads across the country, the State Government also plans to build an access road to connect the port and the BR-101 road, which is 30km away from Presidente Kennedy city. The road has already had a stretch that was privatized and its duplication is expected to be concluded simultaneously to the Central Port.

Plans of expansion of the brand all around the world The Port of Rotterdam, the largest in Europe, is proud of being a public company managed along the lines of a private one. In 2011, the company had a net profit of € 186 million, a growth of 10% in relation to 2010. Most of the port (75%) belongs to the city of Rotterdam and 25% belongs to the government of the Netherlands. The company is over 600 years, and it aims to expand its brand across the world. It started its internationalization process in 2009, at Sohar Port, in Omã, Middle East. There, the Dutch port participates with 50% of the € 1 billion investment. Its investments have reached the € 494 million record last year, mostly due to its expansion, and it is expected that the volume is maintained around € 500 million in 2012. The Dutch port complex seeks to achieve this objective by participating on Project and having its operations aligned to the landlord port model, by means of planning, management and infrastructure,

while the terminals shall be borne by private operators. The Port of Rotterdam’s external policy is aimed to strategic joint ventures as well as new international participation. Nowadays, there are negotiations with structures from China, Italy, Romania, Vietnam, India, Malaysia, Senegal, South Africa, Qatar, Russia and Turkey. In 2010, the Brazilian government requested the Port of Rotterdam to develop a comprehensive survey about reform of the port sector in the country, which is formed by 34 public ports along the 8,000 kilometers of its coast. In the beginning of the year, the Dutch port inaugurated a new office in São Paulo which will work intensively in the development of the Central Port together with the headquarters. Rotterdam has also participated in the National Plan of Port Logistics (PNLP in Portuguese), intended to the Special Secretary of Ports (SEP in Portuguese) by the Federal University of Santa Catarina, which has been concluded and it is now pending approval in Brasília. 

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Plataforma santoS

Escritas a

óleo

Projeto da Unesp elabora cartas indicando pontos mais sensíveis a vazamentos de petróleo na costa paulista, o que pode ajudar a otimizar licenciamentos ambientais Por Marcus Lotfi

D

iante do filão produtivo do pré-sal e dos recentes vazamentos, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveu um projeto para proteger o litoral paulista dos danos ambientais provocados pelo óleo. O projeto prevê a integração das cartas SAO, ou cartas de sensibilidade ao óleo, aos planos de emergência das empresas para que, numa situação de vazamento, sejam privilegiadas as áreas mais sensíveis. De acordo com a professora Paulina Riedel, que coordena os estudos, as informações contidas nas cartas de sensibilidade ao óleo são importantes ferramentas para auxiliar no processo de licenciamento ambiental. “Este trabalho pode otimizar o licenciamento das empresas, uma vez que fornece informação que pode ser utilizada em seus planos de emergência individual. Mas, para isto, precisa antes ser validado pelos órgãos ambientais federais e estaduais”, afirma. Paulina destaca que, como qualquer espaço geográfico se encontra sempre em constante mudança, há a necessidade de revisar o conteúdo das cartas SAO de tempos em tempos. “É preciso lembrar que há a necessidade de revisões periódicas, para a atualização das informações, pelo grande dinamismo 56 MACAÉ OFFSHORE

das mudanças e crescimento das zonas costeiras”, destaca. O projeto surgiu em 2005, após um curso ministrado pelo biólogo João Carlos de Carvalho Milanelli na Unesp, no âmbito de seu Programa de Recursos Humanos, junto à Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis

(ANP). Segundo Paulina, o então coordenador do programa, professor Dimas Dias Brito, abraçou a ideia e promoveu diversos workshops internos, que contaram com a participação de profissionais da Petrobras que trabalhavam com sensibilidade ambiental ao óleo há bastante tempo na instituição.

Como surgiram as cartas SAO Motivado por dois acidentes ocorridos no Brasil no início do ano 2000 – o da Baía de Guanabara (RJ) e o de Bacarena, no Paraná – o governo brasileiro promulgou a lei federal de n° 9966/2000, que tornou obrigatória a definição de locais e limites de áreas ecologicamente sensíveis para toda a costa brasileira. Atualmente, os planos de emergência individuais e o mapeamento da sensibilidade ambiental ao óleo são exigências legais no licenciamento das atividades costeiras e dos Planos Individuais de Emergência de portos, instalações portuárias, terminais, dutos,

sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, onde há manipulação, transporte ou uso de petróleo ou derivados. Nesse contexto, segundo Paulina, as cartas SAO constituem importante instrumento de apoio no planejamento e resposta a vazamentos de óleo e têm como objetivo a localização das áreas mais sensíveis, para que as prioridades de proteção possam ser estabelecidas e as estratégias de limpeza, selecionadas, visando a minimizar os impactos.


Plataforma santoS

O que são as cartas e como elas são “escritas”

Conhecimento pode ser replicado

As cartas de sensibilidade ao óleo são estabelecidas em três níveis de abrangência, dependendo da escala: cartas estratégicas (abrangência regional, 1.1.000.000), cartas táticas (escala intermediária, até 1.100.000) e cartas operacionais (locais de alto risco ou elevada sensibilidade, até 1.10.000). A nomenclatura das escalas é de um centímetro no mapa para 10.000 centímetros no real, por exemplo.

A especialista também destacou o volume do conhecimento produzido pelas cartas SAO, que pode estimular a tomada de novas iniciativas nesse sentido, nos próximos anos, mesmo estando o projeto ainda na fase de acabamento e revisão das cartas produzidas para o Atlas. “Foram publicados vários artigos, em periódicos nacionais e internacionais, além de eventos científicos”, afirmou.

Estas cartas contemplam três componentes: a classificação da sensibilidade dos ambientes por meio do Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), os recursos biológicos passíveis de serem impactados e os recursos socioeconômicos envolvidos. Os índices, numerados de 1 a 10, são ordenados em

ordem crescente de sensibilidade, indicando o valor 10 para os ambientes mais sensíveis, representados, principalmente, pelos manguezais. De acordo com a especialista, o resultado prático do projeto é substancialmente significativo. Entre teses, dissertações e iniciações científicas, foram finalizadas 127 cartas do litoral paulista: sete em escala tática de 1:250000 e 120 em escala de detalhe, chamada de operacional. As cartas produzidas, todas de acordo com a metodologia e MMA (2004), estão na escala de 1:50000 para a região do litoral sul do estado, que é mais homogênea; de 1:250000 para a maior parte do litoral paulista; e de 1:10000 para São Sebastião e trechos de Ilhabela. Divulgação

ISL 1 ISL 2 ISL 3 ISL 4 ISL 5 ISL 6 ISL 7 ISL 8 ISL 9 ISL 10 As informações contidas nas cartas de sensibilidade ao óleo são importantes ferramentas para auxiliar no processo de licenciamento ambiental The information presented in the letters of sensitivity to oil are important helps the environmental licensing process

Para Paulina, a iniciativa da Unesp na produção de cartas de detalhe para todo o litoral paulista, e não somente para as áreas portuárias, vai impulsionar outras regiões do Brasil a fazer o mesmo. “Este trabalho tem grande potencial de ser replicado”, completou.

Contribuição para outros estados Atualmente, não há nenhuma iniciativa da universidade no sentido de levar as cartas SAO para outras regiões, como a Bacia de Campos, por exemplo. No momento, a professora afirma que os acadêmicos estão voltados para o estudo da sensibilidade dos ambientes fluviais, buscando aprimorar as metodologias existentes que, ainda de acordo com Paulina, já foram aplicadas inclusive na Petrobras. “Infelizmente, não temos planos de expansão no momento. Acho que isto pode ser feito por outras universidades em seus estados. Mas a Unesp se coloca à disposição para contribuir com alguma iniciativa que ocorra em outro estado”, afirma.

Formação de mão de obra qualificada Um aspecto relevante de projetos como o da Unesp é o know-how que adquirem os acadêmicos participantes. Dessa forma, são resultados indiretos do projeto também a formação e o aperfeiçoamento dos profissionais da área. Muitos, inclusive, de acordo com a

professora, já estão atuando no mercado de trabalho. “Além desses resultados, formamos recursos humanos de qualidade para trabalhar no setor. Estão todos no mercado, em secretarias, empresas ou consultoria”, confirma Paulina.

Falando em números, essa mão de obra qualificada pode ser quantificada em sete mestrados, um doutorado e mais de uma dezena de iniciações científicas, além dos docentes e pesquisadores que atuam como orientadores e coorientadores.  MACAÉ OFFSHORE 57


santoS Platform

Written with

oil

A Project by Unesp elaborates letters indicating regions which are more sensitive to oil leaks in the coast of São Paulo, which can help to optimize environmental permits By Marcus Lotfi

G

iven the pre salt productive lode and the recent leaks, the Universidade Estadual Paulista (Unesp) has developed a Project aiming to protect São Paulo’s coast against the environmental damages caused by oil. Initiated in 2005, under the Human Resources Program, together with National Agency of Petroleum and Biofuels (ANAP), the project of the SAO letters or letter of sensitivity to oil is headed by professor Paulina Riedel. According to the professor, the information presented in the letters of sensitivity to oil are important when they are incorporated to the individual emergency plans of the companies directly involved, which helps the environmental licensing process. “This work can optimize the licensing of companies, once it provides information that can be used in their emergency plans. However, in order to do that, it must be validated by federal and state environmental agencies”, she affirms. Paulina also points out that, as any other geographic space that is constantly changing, there is the need of reviewing the content of the SAO letters periodically. “One must have in mind the need for periodic revisions of the information, because of the great dynamism of changes and the rapid growth of the coast zones”, she outlines.

Contribution for other states Nowadays, there aren’t any initiatives from the university aiming to take the SAO letters to other regions, such as the Campos Basin, for example. At the moment, the professor affirms that scholars are facing the study of sensitiveness in fluvial environments, striving for improvements of existing methodologies which, according to Paulina, have been applied even in Petrobras. “Unfortunately, we don’t have plans for expansion at this moment. I think that this can be done by other universities in their states. But Unesp is available to contribute to any initiative that may occur in other states”, she affirms.

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How the study came up Encouraged by two accidents that took place in Brazil in the beginning of 2000, one in Baia de Guanabara (RJ) and other in Bacarena, Paraná, Brazilian government has enacted the federal law 9966/2000, which makes the definition of local and limits of environmental sensitive areas mandatory for all the Brazilian coast. Nowadays, the individual emergency plans and mapping of environmental sensitiveness to oil are legal requirements for licensing of the coast activities and Individual Emergency Plans of ports, port facilities, terminals, pipelines, land rigs, platforms and its support facilities, refineries, shipyards, marinas, yacht clubs and similar facilities, where there are handling, transportation and use of oils and its derivatives In this context, according to Paulina, the SAO letters constitute an important support tool for planning and the response to oil leak, aiming at the location of the most sensitive areas, so that protection priorities can be established and the cleanup strategies can be selected to minimize the impacts.

What are the SAO letters and how are they “written”? The letters of sensitivity to oil are produced in three levels of coverage, depending on the scale: strategic letters (regional coverage, 1.1.000.000), tactic letters (intermediate scale, up to 1.100.000) and operational letters (high risk places or high sensitiveness, up to 1.10.000). These letters include three components: the classification of the sensitiveness of environment through the Index of Coast Sensitiveness (ISL), the biologic resources that could be impacted and the socio economic resources involved. The indexes, numbered from 1 to10, are ordered in increasing order of sensitiveness, so the number 10 indicates the most sensitive environments, represented mostly by the mangroves.

According to the expert, the practical result of the project is substantially significant. Among theses, dissertations and scientific initiation work, 127 letters concerning the coast of São Paulo were finished, seven of these being tactical scale of 1:250000 and 120 were in detail scale, called operational scale. The letters that are produced, all of them in accordance with the methodology and MMA (2004), are in the ranges of 1:50000, in the Southern coast of the state, which is more homogeneous; 1:250000, for the largest part of the coast of São Paulo, and 1:10000, in São Sebastião and in some parts of Ilhabela.

Training of skilled labor One relevant aspect of projects such as Unesp’s is the know-how acquired by participants. Thus, one of the indirect results of the project is: training and improvement of professional in the area. Many of them, indeed, according to the professor, are already working. “Besides these results, we train high quality human resources to work in the sector. They are all in the industry, in departments, companies or consultancy”, Paulina confirms. This skilled workforce can be quantified in seven master’s degree, one doctorate degree and a dozen more scientific initiation works, besides professors and researchers that act as mentors and co-advisers.

Knowledge can be replicated The specialist has also pointed out the volume of the knowledge produced from the SAO letters, which can stimulate new initiatives taken in this direction, through the years, even though the project still is in the stage of completion and review of the letters produced for the Atlas. “Several articles have been published, in national and international journals, and scientific events”, she stated. For Paulina, the Unesp’s initiative of producing detailed letters to all the coast of São Paulo, not only to port areas, will boost other regions in Brazil to do the same”. This work has a great potential of replicability”, she complemented. 


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