Petróleo X meio ambiente

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ÍNDICE / CONTENTS

Arte: Paulo Mosa Filho / Fotos: Agência Petrobras e Divulgação

Matéria de capa | Report of Cover

E&P e meio ambiente: uma complexa equação 36 E&P and the environment: a complex equation 42 Tecnologia | Technology

Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Divulgação Coope

Articulando | Articuling

Novo marco regulatório do pré-sal: grandes oportunidades para todos. . . . . . . 10 New regulatory framework for the pre-salt: Great opportunities for all . . . . 12

Entrevista | Interview

14 Magda Chambriard. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Magda Chambriard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tecnologias a favor do planeta Technologies in favor of the planet

Segurança | Safety

26 Safe conditions on board. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

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Segurança a bordo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

64

Gestão | Management Ser ou não ser sustentável, eis a questão!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . To be or not to be sustainable, that’s the question!. . . . . . . . . . . . . . . . .

Plataforma Espírito Santo | Espírito Santo Platform Avanços nos controles e mais riscos ambientais.. . . . . . . . . . . . . . . . .

21

Advances in control and more environmental risks. . . . . . . . . . . . . . .

Diário de Bordo | Logbook Vida de Embarcada.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Offshore live. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

46 48 50 52 58 59

Colunistas | Columnists

Gestão de Negócios Business Management Alexandre Andrade

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Gestão por competências: o modelo IPMA Competence-based Management: the IPMA baseline O desempenho das prestadoras de serviço: NOV dá as cartas The performance of services providers: NOV calls the shots

54 55 56 57

Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR

Um futuro possível com petróleo e outras energias Nunca se falou tanto em sustentabilidade como nas últimas semanas. Tudo por conta da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que reuniu chefes de estado do mundo inteiro e movimentou milhares de pessoas de todas as matizes e correntes de pensamento e ideologia para repensar o futuro do planeta. Polêmicas à parte sobre o texto final do documento, no embate de interesses entre países ricos e países pobres, o evento trouxe à tona uma série de iniciativas positivas e pos-

Diversas experiências têm demonstrado que é possível conjugar combustíveis fósseis com energias renováveis. Seguindo esta linha, uma iniciativa que merece destaque – e ganhará espaço em nossas páginas a partir desta edição – é o programa Rio, Capital da Energia, em que o Governo do Estado do Rio de Janeiro soma forças com a iniciativa privada e a academia para promover soluções energéticas mais sustentáveis e eficientes, inclusive com a participação e a parceria dos principais atores da indústria de óleo e gás.

síveis no campo da Energia, um dos pilares do desenvolvi-

Nesta ‘edição verde’, que marca os 11 anos da Macaé Offshore, apresentamos os desafios da indústria de óleo e gás para garantir o desenvolvimento da Bacia de Campos e, por conseguinte, das demais bacias petrolíferas do País, diante da ostensiva preocupação com o meio ambiente, que vem ampliando cada vez mais a ação dos órgãos de fiscalização, especialmente após o caso Chevron.

mento sustentável. No redesenho desse futuro, as oportunidades de geração de energia limpa são muitas e bastante diversificadas. Vão desde o desenvolvimento do etanol de segunda geração, pela Petrobras Biocombustíveis, até novas tecnologias para produção de energia a partir de células combustíveis, como anuncia a EBX, de Eike Batista, e para a geração viável de energia a partir do lixo e de dejetos sanitários, como tem comprovado a Coppe/ UFRJ. Enquanto cresce na matriz energética a participação das energias renováveis, o petróleo mantém seu protagonismo no cenário econômico mundial e, no Brasil, alavanca o crescimento, principal-

Enquanto cresce na matriz energética

a participação das

energias renováveis, o petróleo mantém

seu protagonismo no cenário econômico mundial

mente com as perspectivas do pré-sal. No Estado do Rio de Janeiro, em particular, que responde por 80% da produção nacional de petróleo e 42% de gás, o setor se mantém na dianteira dos investimentos. Nos próximos dois anos e meio, esta indústria receberá R$ 107,7 bilhões, pouco mais da metade (50.9%) dos R$ 211,5 bilhões que virão para o estado, segundo o estudo Decisão Rio 2012-2014, da Firjan. E continuará impactando fortemente a extensa cadeia produtiva e toda a economia fluminense, ajudando a gerar não apenas mais arrecadação de impostos, royalties e participações governamentais, mas também empregos cada vez mais qualificados e melhor qualidade de vida. 4 MACAÉ OFFSHORE

Outro grande desafio é equacionar as dificuldades relacionadas à complexidade das operações no ambiente offshore, que demanda alta qualificação e experiência, e a imperativa necessidade de preservação das vidas humanas. Levantamentos mostram que os índices de acidentes têm aumentado nas plataformas, especialmente com um novo sistema de registros e notificações. A questão gera polêmica em torno dos motivos que elevam essas estatísticas: terceirização ou falta de experiência dos profissionais embarcados? Para falar sobre esses temas, contamos com entrevistas exclusivas da diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, e também do secretário de Estado de Ambiente, Carlos Minc. Mas, para ser sustentável, não basta respeitar o meio ambiente. É preciso também adotar práticas socialmente responsáveis no relacionamento com a comunidade. Afinal, quando o assunto é óleo e gás, é possível ser sustentável e não meramente lançar mão de estratégias de ‘marketing verde’. Uma boa e sustentável leitura para todos.


LETTER TO THE READER

A possible future, with oil and other energy sources People have never spoken that much on sustainability as in the recent weeks. All due to the Rio +20, the United Nations Conference on Sustainable Development, that brought together worldwide heads of states and moved thousands of people from all shades and schools of thought and ideology to rethink the future of the planet. Controversy aside on the final text of the document, the clash of interests between rich and poor countries, the event brought out a series of positive and possible initiatives in the field of Energy, one of the pillars of sustainable development. In the redesign of this future, opportunities for clean energy generation are many and quite diverse. They range from the development of second generation ethanol by Petrobras Biofuel, to new technologies for energy production from fuel cells, as Eike Batista’s EBX, and feasible energy generation from waste and health waste, as Coppe/UFRJ has proved.

renewable energy. Following this line, an initiative that deserves attention - and gains space in our pages of this issue - is the program Rio Capital of Energy, in which the state government of Rio de Janeiro sum forces with the private sector and universities to promote more sustainable and efficient energy solutions, including the participation and partnership of key players in the oil and gas business. In this ‘green issue’, which marks 11 years of Offshore Macaé, we present the challenges of oil and gas industry to ensure the development of the Campos Basin - and therefore the other oil basins in the country, before the ostensive concern with the environment, which increasingly extends the action of the supervisory bodies, especially from the Chevron case on.

As the

participation of

renewable energy

Another major challenge is to equate the difficulties related to the complexity of operations in the offshore environment, which requires high qualification and experience, and the imperative need to preserve human life. Surveys show that accident rates have increased in the platforms, especially with a new system of records and reports. The issue generated controversy over the reasons for the increase on statistics: outsourcing or lack of experience of offshore professionals?

grows in the

energy matrix,

oil maintains its

As the participation of renewable energy grows in the energy matrix, oil maintains its leadership in the global economy and, in Brazil, leverages the growth, especially with the pre-salt prospects. Particularly in the State of Rio de Janeiro, which accounts for 80% of domestic oil production and 42% of gas, the sector remains at the forefront of investment.

leadership in the global economy

Over the next two and a half years, this industry will receive R$107,7 billion in just over half (50.9%) of the total amount of R$211,5 that will be brought to the state, according to the survey Decisão Rio 2012-2014, by Firjan. And it will still strongly impact the extensive supply chain and the entire economy of the state, not only helping to generate more tax revenue, royalties and production taxes, but also increasingly skilled jobs and higher quality of life. Several experiments have shown that it is possible to combine fossil fuels with

To talk about these issues, we have exclusive interviews with the general director of National Agency for Oil, Gas and Biofuels (ANP), Magda Chambriard, and also the Secretary of State for Environment, Carlos Minc. But to be sustainable, it is not enough to respect the environment. It is also necessary to adopt socially responsible practices in the relationship with the community. After all, when it comes to oil and gas, it is possible to be sustainable and not just use ‘green’ marketing strategies.

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Foto / Photo: Divulgação A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé - RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga, DaniKlein e Flávia Domingues redacao@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: José Tarcísio Barbosa Tradução em inglês: / English version: Taíse Maria Marchiori Soares Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 64ª Edição - Maio/Junho 64th Edition - May/June Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties

A good and sustainable reading for all. MACAÉ OFFSHORE 5


MARÉ ALTA

Navalshore 2012 reunirá 350 expositores em agosto Os ventos continuam soprando a favor da indústria naval offshore no Brasil. O setor vive um momento inédito, com 47 estaleiros em operação e outros 11 em construção, e receberá R$ 60 bilhões em investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos próximos cinco anos. É neste ambiente promissor e competitivo que acontece, entre os dias 1° e 3 de agosto, a Navalshore 2012 - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, que conta mais uma vez com o apoio da Macaé Offshore. O evento oferece oportunidades de negócios e networking para profissionais de mais de 40 países e espera atrair cerca de 15 mil pessoas ao Centro de Exposições Sul-América, no Rio de Janeiro. Serão mais de 11 mil m² de área de exposição com as últimas novidades em

produtos e serviços para construção e reparo naval, equipamentos e suprimentos para estaleiros, além de soluções para o setor de petróleo e gás. Cinquenta dos 350 expositores nacionais e internacionais participarão pela primeira vez. Uma das novidades desta nona edição é o Pavilhão Estaleiros do Brasil, ao lado dos pavilhões internacionais da Noruega, Japão, Alemanha, Argentina e Holanda. A programação da feira abrange ainda uma série de workshops técnicos e o lançamento da Conferência Workboat South America. Até o momento, 17 delegações estrangeiras já confirmaram presença. Organizado pela UBM Brazil, o evento tem o patrocínio da Aveva, Transpetro e Caixa, com apoio das entidades do setor - Abeam, Sinaval, Abenav, Syndarma e ABS. Para mais informações, acesse www.navalshore.com.br.

Finep prepara lançamento de novo edital do pré-sal A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação se preparam para lançar mais um edital do pré-sal, no segundo semestre deste ano, possivelmente na Rio Oil & Gas. A informação foi antecipada à Macaé Offshore por Maurício Alves Syrio, chefe do Departamento de Indústria de Óleo e Gás da Finep, durante o Accelerate Oil & Gas, realizado em maio, no Hotel Sofitel, no Rio. A ideia é apoiar a cooperação entre empresas e instituições científicas e tecnológicas, visando à solução de desafios ligados à nova camada exploratória de petróleo e gás. Os valores ainda não foram definidos, mas, segundo ele, para cada real investido pela Finep, a contrapartida das microempresas é de cinco centavos. No primeiro edital do pré-sal, em 2011, foram contemplados 52 projetos 6 MACAÉ OFFSHORE

cooperativos, relacionados a diferentes segmentos do setor de petróleo e gás, comprometendo R$ 102 milhões. Cerca de 25% do total, correspondentes a R$ 30 milhões, foram destinados a apoiar 14 projetos ligados à segurança ambiental, com o objetivo de ajudar a prevenir acidentes como o ocorrido com a Chevron, na Bacia de Campos. A chamada priorizou seis segmentos: Válvulas, Conexões/Flanges, Umbilicais Submarinos, Caldeiraria, Construção Naval e Instrumentação/Automação. Ao todo, 268 empresas enviaram 295 projetos, o que representou uma demanda de cerca de R$ 700 milhões. Na primeira etapa, 254 projetos foram classificados. Entre as 162 propostas finais, a demanda financeira ficou em cerca de R$ 386 milhões, incluídos os valores dos projetos e bolsas. Destaca-se a Região Sudeste, com 75% da quantidade final de propostas e 72% dos recursos.

RedePetro lançará guia na Rio Oil & Gas Todas as demandas de mais de 1,8 mil pequenas e médias empresas brasileiras da cadeia produtiva de petróleo e gás deverão estar reunidas em um catálogo que a Rede Petro Brasil lança em setembro, durante a Rio Oil & Gas 2012. Com o Guia Petro Brasil, a rede pretende fomentar negócios entre as próprias empresas da cadeia, além de entidades participantes do convênio Petrobras e Sebrae. Novas oportunidades de negócios para a cadeia produtiva de petróleo, gás, energia e naval também poderão ser prospectadas durante a quarta edição da Petrobrasil, que acontece nos dias 19 e 20 de julho, em Recife. Serão abordadas também temáticas transversais como inovação, competitividade, tecnologia e SMS. O evento anual do Convênio Petrobras-Sebrae e das RedesPetro do Norte e Nordeste do país já foi realizado na Bahia, Sergipe e Amazonas, atraindo missões empresarias da cadeia de vários estados brasileiros e países da América do Sul. Outro projeto da Rede Petro Brasil prevê a criação de um grupo de trabalho para normalização e fiscalização, diante da preocupação com a imposição de multas mais pesadas pelo Ministério das Minas e Energia e pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), motivadas pelo caso Chevron. A Rede Petro reúne 16 redes de fornecedores locais e regionais – quatro delas no Estado do Rio de Janeiro (Bacia de Campos, Duque de Caxias e Leste Fluminense, além da capital). O objetivo é integrar, articular e dar representatividade internacional às pequenas e médias empresas do setor. Alto grau de inovação, qualidade dos serviços, redução de custos e conteúdo 100% nacional são as principais vantagens. Mais informações: www.redepetrobrasil.org.br


MARÉ ALTA

Rio terá investimentos de R$ 107,7 bi em óleo e gás até 2014, diz Firjan A indústria de óleo e gás se mantém como peso-pesado na economia fluminense. Com aportes da ordem de R$ 107,7 bilhões entre 2012 e 2014 – 50,9% do total de R$ 211,5 bi previstos para todo o Estado do Rio de Janeiro – este volume representa R$ 30,6 bi a mais do que foi destinado para o setor entre 2010 e 2012. Contudo, apesar do crescimento em valores, a participação do setor de O&G na indústria do Rio teve queda, passando de 61% no período anterior para 50,9% para os próximos três anos. Os dados fazem parte do estudo Decisão Rio, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “É claro que a nossa vocação continua e permanecerá no setor de óleo e gás. O petróleo é a nossa vocação. Costumo brincar com os americanos, dizendo que o Rio é o Texas com mais charme. Mas a economia do Rio está amadurecendo em praticamente todas as regiões”, avaliou o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. Para ele, o resultado foi positivo, pois, apesar de manter a forte participação do setor de óleo e gás, outros setores estão ampliando investimentos em localidades onde anos atrás não conseguiam atrair recursos. É o caso do Norte Fluminense, que soma R$ 26 bilhões em previsão de investimentos, só perdendo para a capital fluminense, que concentra R$ 34,4 bi, um reflexo da interiorização do crescimento. O Sul Fluminense receberá R$ 14,1 bi; a Baixada Fluminense, R$ 13,5 bi e o Leste Fluminense, R$ 10 bi. O estudo também confirma o Rio como

destino dos investimentos estrangeiros no País. O volume de empreendimentos de investidores de outros países mais do que triplicou, totalizando R$ 17,8 bilhões, sendo R$ 14,1 bi de origem europeia, contra R$ 5,8 bi de 2011 a 2013. O novo Decisão Rio mostra que o setor de logística e transporte, importante para o desenvolvimento do setor petrolífero, obteve crescimento de 80,3% em relação ao triênio anterior. O valor dos investimentos previstos é de R$ 21,3 bilhões, sendo R$ 8,8 bi em empreendimentos para desenvolvimento dos portos. Com isso, o Rio passa a ser tornar o estado com maior número de instalações portuárias no país, com uma média de uma instalação por 39,7 km de costa. O volume total de investimentos anunciados para o período 20122014 é 67,5% maior do que o previsto para o triênio de 2010-2012, quando foram anunciados R$ 126,3 bilhões. O Decisão Rio reúne 234 empreendimentos previstos, sendo 61,5% com obras iniciadas e licenças ambientais concedidas. Os setores que revelaram maior crescimento foram Infraestrutura (R$ 51 bilhões, 24,1%) e Turismo (R$ 1,8 bi, 0,8%). Os investimentos diretos em instalações olímpicas somam R$ 8,6 bi (4,1%), mas o valor chega a R$ 17,9 bi ao considerar empreendimentos indiretos relacionados à Copa e Olimpíadas, como investimentos em transporte e rede hoteleira. O estudo Decisão Rio pode ser acessado no hotsite http://migre. me/9mTBW

Programa da Onip prevê nacionalizar 1.000 itens em perfuração e E&P O setor de óleo e gás no Brasil receberá US$ 270 bilhões até 2015, sendo US$ 72 bilhões no pré-sal. Até 2020, a demanda de bens e serviços offshore girará em torno de US$ 400 bilhões. Com o início dos trabalhos em E&P licitados na 7ª Rodada, que movimentará a exploração de 221 blocos e 12 de desenvolvimento de produção, os percentuais de conteúdo nacional exigidos vão de 37% a 55% na fase de exploração para profundidades superiores a cem metros e de 55% a 65% na fase de desenvolvimento, o que vai gerar oportunidades diversas. Dentro deste montante de investimentos, a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) já identificou cerca de 1 mil itens que podem ter maior participação de fornecedores brasileiros, especialmente em projetos de FPSOs e de E&P. Com objetivo de fortalecer e integrar ainda mais o setor brasileiro da cadeia produtiva do petróleo, a Onip acaba de lançar o seu Programa de Desenvolvimento de Fornecedores. A ideia é identificar os gargalos de fornecimento e priorizar os itens que hoje não são competitivos, fazendo, então, surgir novos projetos mais sustentáveis, a partir da nacionalização de itens atualmente importados. O programa é dividido em fases, começando pelo mapeamento de demandas e fornecedores. Inspirado na metodologia bem-sucedida do programa Plataformas Tecnológicas, a iniciativa também medirá o conteúdo local e fará a análise do desempenho do processo. A Petrobras garantiu apoio à iniciativa, por meio do Prominp que, desde o início da expansão de fornecedores, já investiu R$ 10 bilhões. O diretor-geral da Onip, Eloi Fernández y Fernández, informou que o programa auxiliará o governo no que diz a respeito a criar mais subsídios nas fiscalizações a serem realizadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “O programa servirá para dar maior colaboração entre as ações da Onip, seus associados e o Governo brasileiro”, destaca. MACAÉ OFFSHORE 7


HIGH TIDE

Navalshore 2012 will bring together 350 exhibitors in August The winds are still blowing in favor of the offshore marine industry in Brazil. The sector is experiencing a unique moment, with 47 yards in operation and another 11 under construction and the segment will receive $ 60 billion in investments from BNDES (National Bank for Economic and Social Development) in the next five years. It is in this promising and competitive environment that Navalshore - Fair and Conference on Maritime Industry and Offshore takes place between days 1 and 3 of August in 2012, which has once again counted on the support by the Offshore Macae.

The event offers business and networking opportunities for professionals from over 40 countries and expects to attract about 15,000 people at the South America Exhibition Centre, in Rio de Janeiro. There will be over 11 thousand square meters of exhibition area with the latest products and services for building and ship repair, equipment and supplies for construction sites, as well as solutions to the oil and gas. Fifty out of the 350 national and international exhibitors will participate for the first time.

One of the novelties of the ninth edition is the Pavilion Shipyards of Brazil, alongside international pavilions from Norway, Japan, Germany, Argentina and the Netherlands. The schedule of the fair also includes a series of technical workshops and the launch of South America Workboat Conference. So far, 17 foreign delegations have confirmed their presence. Organized by UBM Brazil, the event is sponsored by AVEVA, Transpetro and Caixa, with support by entities if the sector Abeam, Sinaval, Abenav, Syndarma and ABS. For more information, please visit www.navalshore.com.br.

RedePetro will launch a cathalog in Rio Oil& Gas All the demands from more than 1800 small and medium size companies in the oil and gas business will be collected in a catalog that Petro Brazil Networks launches in September, during Rio Oil & Gas 2012. With the Guide Petro Brazil, the network aims to promote business between the companies themselves in the segment, in addition to the participants of the agreement Petrobras and Sebrae.

themes will be addressed as well as innovation, competitiveness, technology and HSE.

of Mines and Energy and the National Petroleum Agency (ANP), motivated by the Chevron case.

The annual event of the PetrobrasSebrae and Petro Network in North and Northeast of Brazil have been held in Bahia, Sergipe and Amazonas, attracting entrepreneurial missions of the chain from several Brazilian states and countries in South America.

New business opportunities for the oil and gas, energy and shipbuilding business may also be prospected during the fourth edition of Petrobrasil, held on 19 and 20 of July in Recife. Cross-cutting

Another project from the Network Petro Brazil plans to set up a working group for standardization and control, given the concern about the imposition of heavier fines by the Ministry

Petro Network brings together 16 networks of local and regional suppliers and regional - four of them in the State of Rio de Janeiro (Campos Basin, Duque de Caxias and East of Rio de Janeiro, besides the capital). The goal is to integrate, coordinate and give international representation to small and mediumsized companies. High degree of innovation, quality services, education for costs and 100% local content are the main advantages. Further information: www.redepetrobrasil.org.br

Finep prepares launching of new pre-salt editing FINEP (Financier of Studies and Projects) and the Ministry of Science, Technology and Innovation are preparing to launch another edict on the presalt layer, in the second half of this year, possibly at Rio Oil & Gas. The information was brought forward to Macaé Offshore by Maurício Alves Syryo, Head of Oil & Gas Department at FINEP during Accelerate Oil & Gas, held in May at the Sofitel Hotel in Rio. The idea is to help support cooperation between enterprises and institutions of science and technology (ICTs) aimed at 8 MACAÉ OFFSHORE

solving the challenges of the new layer of oil and gas exploitation. The amounts ​​have not yet been defined, but, he says, for each dollar invested by FINEP, the counterpart from the microenterprises is five cents. At the first announcement of the presalt layer, in 2011, 52 cooperative projects were awarded, related to different segments of the oil and gas, using about $ 102 million. About 25% of the total ($ 30 million) was allocated to support 14 projects related to environmental safety, in order to help to prevent accidents such as occurred with Chevron, in the Campos Basin.

The calling prioritized six areas: Valves, Fittings / Flanges, Subsea Umbilicals, Boiler, Shipbuilding & Instrumentation / Automation. As a whole, 268 companies submitted 295 projects, representing a demand for about $ 700 million. In the first stage, 254 projects were accepted. Among the 162 final proposals, the financial demand ranked in about $ 386 million, including the amounts of grants and projects. Southeast Region stands out, with 75% of the final amount of proposals and 72% of the resources.


HIGH TIDE

Onip Program foresees to nationalize 1,000 items in drilling and E&P The oil and gas industry in Brazil will receive US$ 270 billion by 2015, with $72 billion in pre-salt. By 2020, demand for offshore goods and services revolves around US$ 400 billion. With the beginning of work on E&P bid in the 7th Round, which will drive the exploitation of 221 blocks ​​ and 12 of production development, the percentage of domestic content required range from 37% to 55% in the exploitation phase to depths greater than one hundred meters and 55% to 65% in the development phase, which will generate many opportunities. Within this amount of investment, the National Organization of the Petroleum Industry (Onip) has identified approximately 1000 items that may have greater participation of Brazilian suppliers, especially in FPSO and E&P projects. In order to strengthen and further integrate the Brazilian oil production chain, the Onip just launched their Supplier Development Program. The idea is to identify bottlenecks and prioritize the items that are not competitive today, in order to created more sustainable new projects, from the nationalization of currently imported items. The program is divided into phases, starting with the mapping of demands and suppliers. Inspired by the successful methodology of the Technological Platforms, the program will also measure the local content and make the analysis of process performance. Petrobras pledged support for the initiative through Prominp which since the beginning of the expansion of suppliers has already invested $ 10 billion. The general director of Onip, Eloi Fernández y Fernández, informed that the program will assist the government in so far as to create more subsidies for audits to be conducted by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP). “The program will serve to give greater collaboration between Onip’s actions, its partners and the Brazilian government, he outlines.

Rio will have R$ 107.7 billion in investments in oil and gas by 2014, says Firjan The oil and gas industry remains an economic heavyweight in Rio de Janeiro. With inflows of R$107.7 billion between 2012 and 2014 - 50.9% of total R$ 211.5 billion planned for the entire state of Rio de Janeiro - this volume represents more R$ 30.6 billion of what was destined for the sector between 2010 and 2012. However, despite the growth in values, the participation of the Oil & Gas industry in Rio declined from 61% in the previous period to 50.9% for the next three years. The data are part of the Decisão Rio survey, prepared by the Federation of Industries of the State of Rio de Janeiro (Firjan). “Of course our vocation and still remains in the oil and gas. Oil is our vocation. I like to joke with the Americans, saying that Rio is a more charming Texas. But Rio’s economy is virtually maturing in all regions”, said the president of the Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. For him, the result was positive, because, while maintaining the strong participation of the oil and gas, other sectors are expanding investments in places where, years ago, funding was not attracted. This is the case of the North region of Rio de Janeiro, with sums $26 billion in investment forecast, second only to the state capital, which concentrates R$34,4 billion, one reflection of the internalization of growth. The South of Rio de Janeiro will receive R$ 14.1 billion, Baixada Fluminense will receive R$13.5 billion and the East of the state will receive R$ 10 billion. The survey also confirms

Rio as a destination for foreign investment in the country The volume of projects by investors from other countries more than tripled, totaling R$17,8 billion, R$14,1 billion from European origin, against US$ 5,8 billion from 2011 to 2013. The new Decisão Rio shows that the transport and logistics industry, important for the development of the oil sector, obtained 80.3% of grown compared to the last three years. The foreseen investments amount in R$ 21,3 billion, and R$ 8,8 billion are for development of ports projects. With this, Rio becomes the state with the most facilities in the country, with an average of one installation by 39,7 Km of coast. The total volume of investments announced for the period of 2012-2014 is 67,5% higher than the anticipated for the period from 2010-2012, when there were R$126,3 billion announced. Decisão Rio gathers 234 planned ventures, with 61,5% of the works already initiated and with granted environmental permits. The sectors that have shown greater growth were in infrastructure with R$51 billion (24.1%) and tourism with R$ 1,8 billion (0,8%). Direct investments in Olympic facilities amount in R$ 8,6 billion (4.1%), but the amount reaches R$17,9 billion when considering indirect ventures related to World Cup and Olympics, such as investments in transportation and hotel chain. Decisão Rio survey can be accessed at the hotsite http:// migre.me/9mTBW

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ARTICULANDO

Novo marco regulatório do Por Pedro Dittrich

A

proteção aos contratos em vigor é um direito garantido por nossa Constituição, mas, em tempos em que alguns países decidem expropriar ativos ligados à indústria do petróleo, é bastante significativo, para segurança jurídica e estabilidade institucional e política, que se tenha decidido deixar isso expresso e claro para o setor. Desde 2007, quando se anunciou a descoberta de uma nova província que mudaria a história da indústria do petróleo nacional, vários estudos foram realizados para determinar qual seria o melhor modelo de exploração para o pré-sal brasileiro. Após considerar diversos regimes de exploração e produção internacionalmente adotados e os contextos econômico e geopolítico em que o país estava inserido, foram encaminhados ao Congresso Nacional, em agosto de 2009, quatro projetos de lei. Estes projetos dispunham sobre o novo regime de exploração e produção (Modelo de Partilha de Produção); a criação e estrutura do Fundo Social; o regime da Cessão Onerosa e a capitalização da Petrobras e, finalmente, a criação da então chamada Petrosal S.A., que depois viria a se chamar Pré-sal Petróleo S.A. (PPSA). A empresa pública administrará os contratos de partilha e os contratos de comercialização do petróleo que couberem à União em razão da produção sob o novo regime de partilha. Nesse contexto histórico, é interessante visualizar alguns dos motivos que levaram

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ao novo regime de exploração e produção. Primeiramente, pode-se ver que ocorreu uma mudança substancial do cenário econômico e geopolítico nacional, se compararmos os tempos atuais com a década de 1990, quando o monopólio do petróleo foi flexibilizado e o regime de concessão passou a vigorar. Naquela época, o Brasil possuía uma grande dívida externa, atraía poucos investimentos estrangeiros e era dependente da importação de petróleo para garantir o abastecimento interno. Além disso, o preço do barril de petróleo girava em torno dos US$ 20/barril, valor insuficiente para que reservas como a do pré-sal fossem consideradas comerciais. Em contraste, hoje temos uma dívida externa insignificante e grande influxo de investimentos estrangeiros. O país alcançou a autossuficiência na produção de petróleo e o seu preço está em torno de US$ 100/barril, o que permite a exploração e produção lucrativa de reservas no pré-sal. Os reservatórios do pré-sal possuem volumes de petróleo e gás natural que podem ser classificados como gigantes. Mesmo sem uma definição exata, reservatórios com mais de 500 milhões de barris de petróleo recuperáveis são considerados gigantes pela indústria do petróleo e no pré-sal brasileiro já houve algumas descobertas nesse patamar, como os campos de Lula, antes chamado de Tupi, com 6,5 bbp; Iara, com 3,5 bbp, e Franco, com 3 bbp.

pré-sal:


ArticulANDO

grandes oportunidades para todos Além do elevado potencial de produção, outra característica importante da área do pré-sal diz respeito ao risco exploratório. Enquanto o risco médio mundial de sucesso em perfurações fica em torno de 30%, na área do pré-sal esse índice fica por volta dos 80%, o que comprova o baixo risco exploratório. Outro aspecto importante a ser considerado é que, com o regime de partilha, parte do óleo das reservas do pré-sal pertencerá à União, o que dará ao país um maior acesso, em termos financeiros, às riquezas do petróleo. No entanto, esta não é a principal causa da mudança de regime, até porque se a questão financeira fosse a principal causa, bastaria a manutenção do regime de concessão, reconhecidamente implantado com sucesso no país, somado ao aumento do percentual dos royalties e participações especiais incidentes sobre a produção. Assim, a principal vantagem para o país em possuir óleo e gás em espécie é ter um maior peso geopolítico no cenário internacional, com maior poder de barganha nas negociações em que estiver envolvido, já que se terá acesso a um recurso natural escasso e de alto valor no mercado mundial. Portanto, quando se pensa em termos de geopolítica, os motivos da mudança de regime que se processou para a área do pré-sal brasileiro são mais bem compreendidos.

Desta forma, com um cenário econômico mais estável e favorável, risco exploratório reduzido e com o interesse de fortalecer sua posição geopolítica no cenário internacional, o Governo decidiu optar pela mudança, para as áreas do pré-sal e áreas estratégicas, do regime de concessão para o novo regime de partilha de produção. Após passarem pelo Congresso Nacional, sendo objeto de intensos debates em função da importância estratégica para o país e para a indústria do petróleo, os quatro projetos de lei foram convertidos em três leis: a Lei no 12.276, de 30/06/2010, que trata da Cessão Onerosa e da Capitalização da Petrobras; a Lei no 12.304, de 02/08/2010, que autoriza a criação da Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. - Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA); e a Lei no 12.351, de 22/12/2010, que, entre outras providências, dispõe sobre o Regime de Partilha e cria o Fundo Social.

Pedro Dittrich é advogado e engenheiro eletricista e o sócio responsável pela área de Petróleo e Gás de TozziniFreire Advogados. Foi um dos coordenadores do grupo técnico que elaborou, na Casa Civil da Presidência da República, os projetos de lei do pré-sal. Além de atuar nos setores de energia, biocombustíveis, petróleo e gás, com sete anos de experiência no Governo federal, passou também pelo Ministério de Minas e Energia e participou de conselhos de empresas do setor elétrico e da elaboração e regulamentação da Lei do Gás.

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ARTICULING

New regulatory framework for the

pre-salt:

Great opportunities for all By Pedro Dittrich

P

rotection to existing contracts is a right that is guaranteed by our Constitution. However, at times when some countries decide to expropriate assets that are linked to the oil industry, it is highly significant in terms of legal safety and political and institutional stability that it has been decided to make it clear and express for the sector. Since 2007, when the discovery of a new oil province which would change the history of national oils was announced, several studies were conducted to determine what would be the best exploitation model for the Brazilian pre-salt layer. After considering the diverse exploitation and production regimes that are internationally adopted as well as the economic and geopolitical contexts of the country, four bills were sent to the National Congress in August of 2009. These projects provided for the new regime for exploitation and production (Sharing Production Model), the creation and structuration of the Social Fund, the regime of onerous transfers and the capitalization of Petrobras and, final, the creation of the so-called Petro-sal S.A., which would become Pré-sal Petróleo S.A. (PPSA). That is the company that will manage the sharing contracts and the commerce contracts of oil that applies to the Government due to the productions under the new sharing regime. In this historical context, it is interesting to visualize some of the reasons that lead to the new exploitation and production regime. First of all, we can see that a substancial change took place in the economic and geopolitical national sceneray, if we compare our days with the 1990’s, when the oil monopoly was relaxed in the coutry and the concession regime became effective. At that time, Brazil owned a large foreign debt, attracted little foreign investments and depended on oil imports to ensure its domestic supply.

Besides, the prices of the oil barrel was about US$ 20/barrel, which wasn’t worth enough for the reservoirs such as pre-salt to be considered commercial. In contrast, nowadays we have an insignificant foreign debt and a great influx of foreign investments. The country has reached self-sufficiency in oil production and its price is around US$ 100/barrel, which allows a profitable exploitation and production of pre-salt reservoirs. The pre-salt reservoirs have volumes of oil and natural gas that can be considered as huge. Even without any exact definition, reservoirs with over 500 million recoverable oil barrels are considered giant ones by the oil industry, and as for the Brazilian pre-salt, there has been some discoveries on this level, such as Lula, formerly known as Tupi, with 6,5 bbp; Iara, with 3,5 bbp, and Franco, with 3 bbp. In addition to the high potential of production, another important characteristic of the pre-salt area concerns the exploitation rick. While the average global risk of successful drilling is around 30%, in the pre-salt area this ration is around 80%, which proves the low exploitation risk. Another important aspect to be considered is that, with the sharing regime, part of the oil from the pre-salt reservoirs will belong to the Government, which will provide the country with a greater access to the wealth form oil in financial terms. Nevertheless, this is not the main cause of the regime change, because if the financial issue was the main cause, it would be enough to keep the licensing regime, which is known to be successfully implemented in the country, coupled with the increase in the percentage of royalties and special participation that are incident on the production.

Thus, the main advantage for the country in having oil and gas in kind is to have a greater geopolitical power in the international arena, with a greater power in the negotiations in which Brazil is involved, since the country will have the access to a scarce natural resource that has a high value in the international market. Therefore, having geopolitics in mind, we can have a better understanding of the reasons for the change in the regime that occurred in the Brazilian pre-salt. So, with a more stable economic scenario, a reduced exploitation risk and with interest to strengthen its geopolitical position in the international arena, the government decided to opt for a change, for the pre-salt and strategic areas, from the licensing regime to the new sharing of production regime. And that’s how, after passing through the National Congress and being subject of intense debates due to their strategic importance for the country and for the oil industry, the four bills were converted into three laws: Law 12.276, June 30, 2010, that provides for transfer or rights and Capitalization of Petrobras; Law 12.304, August 2, 2010, that allows the creation of the Brazilian Company of Oil and Natural Gas Administration S.A. - Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), and, finally, Law 12.351, December 22, 2010, which provides for the sharing regime and creates the Social Fund, among other things.

Peter Dittrich is attorney and electrical engineer, he is the partner responsible for the Oil and Gas area of TozziniFreire Advogados and he was one of the coordinators of the technical group that drew up, in the Civil Cabinet of Presidency, the pre-sat law. In addition to his work as a lawyer in the energy, biofuels, oil and gas segments, and his seven-year experience at the federal Government, in which he also participated on the Ministries of Mines and Energy, Dittrich participated on boards of companies in the electrical business and on the development of the regulation of the Gas Act.

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Articuling

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ENTREVISTA

Magda Chambriard Há três meses no cargo de diretora-geral da ANP, Magda Chambriard fala à Macaé Offshore sobre os principais temas que envolvem as ações da autarquia Por Brunno Braga

Em apenas três meses à frente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard mostra que grandes desafios darão o tom de sua gestão. De fato, aumentar o quadro de fiscalização, a segurança operacional, aplicar penas mais rigorosas às empresas que cometerem crimes ambientais e fortalecer canais de interlocução entre a autarquia e fornecedores brasileiros de conteúdo para produção petrolífera são tarefas que, segundo ela, estão sendo conduzidas com afinco. Em entrevista exclusiva à Macaé Offshore, concedida na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), após encontro com executivos do setor, Magda afirma que, além dos desafios citados, trabalhará para que a

Macaé Offshore - A 11ª Rodada de licitação para exploração de campos de petróleo na região equatorial do Brasil pode ser feita ainda este ano? O atraso pode causar prejuízos para os players do mercado de óleo e gás no Brasil, como afirma a direção da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo)? Magda Chambriard - Estamos aguardando a votação sobre os royalties no Congresso Nacional. Aprovada a nova lei, nós temos 120 dias após 14 MACAÉ OFFSHORE

agência reguladora se torne mais conhecida pela sociedade em geral. “O povo brasileiro precisa ter a percepção de que é bom pagar para ter a ANP”. E tem conseguido, pois nunca se falou tanto nas ações da ANP junto à opinião pública, especialmente após a decisão de parar as operações da Chevron no Campo de Frade(RJ), impondo respeito ao mercado. Mais recentemente, ela endureceu o tom, ameaçando triplicar o valor das multas por infrações ambientais. Entre os legados da Era Magda à frente da agência reguladora já em seu primeiro ano de gestão, está também a realização de concurso público e da 11ª rodada de licitações para exploração e produção, tão cobiçada pela indústria. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

sua promulgação para lançar o edital. Então, vamos aguardar. Quanto à segunda pergunta, eu não tenho como lhe responder. M.O. - Na mídia internacional, há a acusação de que a ANP agiu de forma rigorosa com a Chevron em função de a empresa ser americana. Como a senhora recebeu essa crítica? M.C. - Eu já cheguei a parar plataforma de produção da Petrobras. Eu estou fazendo questão é que as

empresas estrangeiras que atuam no Brasil tenham escritórios com poder de decisão. Não podemos demorar três dias para aprovar algum plano de emergência em casos de graves acidentes. Temos o caso da ONGC, empresa petrolífera indiana que teve suas atividades paralisadas por dois meses por não ter aqui um diretor que pudesse responder de forma decisória pela empresa. Vamos interromper as atividades toda vez que percebermos que falta pessoal, um corpo decisório.


entrevista

M.O. - E como está o andamento do processo contra a Chevron? M.C. - Estamos conversando com o Ibama e o Ministério Público para que a gente tenha uma compensação pecuniária. Queremos transformar a Chevron num exemplo de conduta de uma empresa de petróleo no Brasil. Queremos que a Chevron seja uma empresa de padrão irretocável. Já trabalhamos no relatório, apuramos as reais causas do acidente e ouvimos o contraditório por parte da Chevron. E o próximo passo será a decisão a ser tomada em esfera interministerial. M.O. – Recentemente, a ANP criou uma superintendência exclusivamente para o Meio Ambiente. O que levou a autarquia a criar este departamento? M.C. - O tema ambiental sempre foi tratado como de grande importância dentro da ANP. A agência tinha uma Coordenação de Segurança Operacional e tínhamos também uma Coordenação de Meio Ambiente. Então, decidimos recentemente agregar essas duas coordenações para otimizar os recursos da ANP. E criamos a Superintendência de Meio Ambiente. Com isso, teremos mais gente para fiscalizar, tanto no aspecto de segurança operacional, quanto no que diz respeito ao meio ambiente. M.O. - Mas a senhora acredita que, com o quadro atual, seja possível uma fiscalização eficiente, sobretudo com o grande volume de investimentos para o setor de óleo e gás para os próximos anos em função do pré-sal? M.C. - O Ministério do Planejamento já aprovou a realização de concurso público. A ideia é que a gente

dobre essa equipe com esse concurso. Atualmente, a ANP tem cerca de 600 funcionários concursados, além de empregados cedidos por outros órgãos públicos e terceirizados. Para a fiscalização de segurança operacional marítima, temos 15 especialistas. Até hoje, com o nível de atividades que temos, este número tem sido suficiente. Atuamos em conjunto com a Marinha, em um amplo convênio que nos dá grande suporte nas atividades em alto-mar. Mas, com a expansão da atividade exploratória por conta do pré-sal, faz-se mais do que necessário aumentar o quadro. Ainda não temos a data do concurso, mas ele sairá o mais breve possível. M.O. - Além do aumento do quadro de fiscais, o que pode ser mudado dentro da legislação e regramento da ANP no setor de segurança operacional e de preservação ambiental?

que estamos elaborando um projeto de lei que prevê penalidade mais rigorosa, com multas no valor de até R$ 150 milhões para acidentes ambientais com morte. O objetivo é mudar os parâmetros estabelecidos na lei vigente (9.847/99). M.O. - Muito tem se falado da responsabilidade das empresas com o meio ambiente, mas pouco em relação aos trabalhadores que atuam em plataformas. Como isso está sendo avaliado dentro da ANP? M.C. - A preocupação com os trabalhadores do setor é uma constante na nossa gestão. Por exemplo, a ANP tem uma boa parceria com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. O sindicato tem uma espécie de hotline com a ANP. É uma parceria que, sem dúvida, é

M.C. - Estamos mexendo em algumas regras da atuação da ANP. Temos uma regulação que prevê a realização dos níveis de análise de risco de cada projeto. Hoje, essa análise de risco ficava na sonda para ser auditada pelo fiscal, em função de uma percepção de risco de alguns funcionários, às vezes, menos dura do que a gente gostaria. Estamos operando essa dinâmica para que, além de a análise de risco estar na sonda, ela também fique submetida antes da auditoria na plataforma. Então, vamos ter um processo de fiscalização em dois momentos. Outro dado importante é MACAÉ OFFSHORE 15


ENTREVISTA

muito útil para nós. Como os integrantes do sindicato estão em todas as plataformas, eles podem nos encaminhar suas reclamações, suas preocupações em relação à segurança e a outros pontos relevantes. Isso é feito por intermédio da diretoria do sindicato, que organiza as demandas dos trabalhadores. Esse trabalho nos tem ajudado, inclusive, a agendar auditorias específicas e observar os pontos problemáticos denunciados. Essa parceria nasceu após a primeira reclamação feita pelo sindicato, que gerou a interdição na P-33, em agosto de 2010. Recebemos a denúncia de falta de equipamentos básicos de segurança na plataforma e decidimos interromper as operações no local. Desde então, reforçamos a fiscalização e temos tido sucesso na prevenção de graves acidentes com trabalhadores no local. M.O. - Em relação ao conteúdo nacional, como vem sendo o empenho da ANP em fazer valer a lei que estipula a percentagem máxima exigida para componentes importados? M.C. - Com a finalização da fase de exploração, parte-se agora para a fase de fiscalização, que implica conteúdo local. Os contratos com a 7ª Rodada estão se encerrando este ano. Nossa fiscalização começa com o item global. E nessa inspeção fica a possibilidade de perdoar itens importados, desde que fique comprovado que não há possibilidade de fornecimento nacional com preço, prazo e qualidade. E quando isso acontece, a ANP age, após comprovado, concedendo um ‘waiver’. Mas o waiver não é global, pois o total tem que ser honrado. É uma compensação dada no micro para que o total não fique comprometido. Mas

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o que não pode haver de jeito nenhum é a não contemplação do fornecedor nacional. Quando isso acontece, a gente tem que agir. Por isso, eu peço que os fornecedores nacionais contatem a ANP.

Nosso maior desafio é tornar a a ANP cada vez mais reconhecida pela sociedade, uma instituição cidadã

M.O. - Especula-se que muitas empresas correm o risco de ser multadas. Por que essa dificuldade em cumprir as regras? M.C. - De uma hora para outra o fornecedor não tem como suprir, mas o objetivo é que, no médio prazo, consigamos aumentar a fatia do conteúdo local. A indústria do petróleo no Brasil é voltada, majoritariamente, para a exploração em águas profundas e que vai alcançar, com o pré-sal, níveis com mais profundidades para a exploração. Há uns anos, todo um conjunto de

itens que a gente precisava para compor um topside de uma plataforma requeria 95% de componentes estrangeiros. A gente está querendo mudar isso. No momento em que verificamos uma demanda de US$ 400 bilhões para o setor nos próximos anos, nada mais legítimo que estimular o produtor nacional. M.O. - A senhora confirma que há em curso propostas de uma política de flexibilização de conteúdo? M.C. - A flexibilização já é permitida. Da sétima à 10ª rodada, existe uma planilha com 69 itens que serão fiscalizados. Esta planilha é composta de itens, subitens, valores globais para a fase exploratória e de desenvolvimento. E quando há oferta na licitação da ANP, é permitida a flexibilização para cada componente descrito no edital. O que não pode é haver flexibilização na conta global. O valor global compreende uma média moderada e, dentro dele, é possível atingir uma composição que atenda à percentagem exigida de conteúdo nacional. M.O. - A senhora está há três meses no cargo de diretora-geral da ANP. Qual seria o principal desafio a ser encarado na sua gestão? M.C. - A ANP tem 14 anos e é uma pequena adolescente. Assim, o nosso maior desafio é tornar a ANP cada vez mais reconhecida pela sociedade, uma instituição cidadã. O povo brasileiro precisa ter a percepção de que é bom pagar para ter a ANP. Queremos fazer o nosso trabalho valer a pena. A ANP faz muitas coisas boas em prol da sociedade, mas a instituição ainda é muito pouco percebida. 


entrevista

Uma face mais técnica para a

ANP

Sem qualquer filiação partidária, Magda Chambriard tem trajetória e experiência de três décadas na área de O&G

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o contrário do antecessor, o baiano Haroldo Lima, que tinha um perfil eminentemente político – é filiado ao PCdoB, que faz parte da base de apoio ao governo –, Magda Maria de Regina Chambriard, a nova diretora-geral da ANP, se destaca pela inclinação mais técnica e por não ter qualquer filiação partidária. Com 32 anos de experiência na área de petróleo e gás, a carioca se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fez pós-graduação em Engenharia Química pela Coppe/UFRJ. Na Universidade Corporativa Petrobras, se especializou em Engenharia de Reservatórios e Avaliação de Formações e Engenharia de Reservatórios e Produção. Egressa da Petrobras, onde iniciou, em 1980, como engenheira estagiária, Magda passou por vários setores dentro da empresa, com forte presença nas áreas de Exploração e Produção e Novos Negócios. Foi neste setor que desenvolveu experiência na negociação de campos de petróleo maduros, campos em desenvolvimento e áreas exploratórias. Como consultora, participou das etapas de planejamento dos negócios em parceria e negociação de condições econômicas. Magda ingressou na ANP em 2002, como assessora de Diretoria, com

atuação principalmente nas áreas de E&P, atuando na análise de todos os projetos deste segmento. Assessorou a apuração de participações governamentais, principalmente nos processos de participações especiais, e atuou no processo de criação e fomento das pequenas e médias empresas petrolíferas no Brasil; da implantação dos projetos Campo-Escola da Bahia e do Rio Grande do Norte e na viabilização das duas licitações de campos marginais da ANP. Em 2005, ao assumir a Superintendência de Exploração (SEP) da agência, foi responsável pela regulação e fiscalização das atividades exploratórias realizadas em todo o território nacional. Um ano mais tarde, passou a dirigir simultaneamente a SEP e a Superintendência de Definição de Blocos (SDB) da ANP. Na SDB, foi responsável pelos estudos geológicos e geofísicos que ampliaram o conhecimento sobre os recursos petrolíferos nacionais e subsidiaram o Ministério das Minas e Energia (MME/ CNPE) na escolha das áreas exploratórias a serem licitadas. Em novembro de 2008, após sabatina e aprovação pelo Senado Federal, Magda tornou-se diretora da Agência. Em março de 2012, foi nomeada diretora-geral da ANP pela presidenta Dilma Rousseff, recebendo o cargo do interino

Florival Rodrigues de Carvalho, que assumiu após a saída de Haroldo, em dezembro de 2011. Dilma aproximou-se de Magda no episódio do vazamento de petróleo no Campo de Frade. Segundo fontes ligadas ao Planalto, a presidenta teria elogiado a postura da então diretora da ANP no enfrentamento da Chevron, quando se sobressaiu em relação a Haroldo Lima, no cargo desde 2005. Com Magda empossada, logo depois de Graça Foster na Petrobras, a cúpula do petróleo, estratégico para a soberania nacional em tempos de pré-sal, passou a estar exclusivamente em mãos femininas. A presidenta – que foi secretária estadual de Energia do Rio Grande do Sul e ex-ministra de Minas e Energia no Governo Lula – aposta suas fichas no perfil durão de Magda diante das questões ambientais. E aproveitou sua posse para mandar recado para as empresas do setor: “As exigências da Agência devem ser cumpridas. As empresas que aqui atuam devem saber que os protocolos de segurança da ANP estão aí para serem cumpridos. Não há exceção”, declarou Dilma. (B.B.)

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INTERVIEW

Magda Chambriard In the position of General Director of ANP since three months ago, Magda Chambriard talks to Macaé Offshore about the main topics that involve the actions of the autarchy By Brunno Braga

In just three months ahead of the National Agency of Oil, Natural Gas and Biofuels (ANP), Magda Chambriard shows that major challenges set the tone of her management. In fact, increase the supervisory framework, operational safety, apply stricter penalties for companies who commit environmental crimes and strengthen channels of communication between the local authority and Brazilian suppliers of content to oil production are tasks that, according to her, are being conducted with tenacity. In an exclusive interview to Macaé Offshore, granted at the headquarters of Firjan (Federation of the Industries in Rio de Janeiro), after meeting with executives in the industry, Magda says that, in addition to the challenges mentioned, she works aiming at making the regulatory agency to become more known by the society in general.

Macaé Offshore – Can the eleventh round of bidding for exploration of oil fields in the equatorial region of Brazil be made later this year? Can the delay cause damage to the players in the oil and gas business in Brazil, as stated by the Director of Onip (national oil industry Organization)?

Magda Chambriard – We are awaiting the vote on royalties in the National Congress. Once the new law is approved, we have 120 days after its promulgation to launch the edict. So, let’s wait. As regards to the second question, I have no way to answer.

M.O. – In the international media, there is the accusation that the ANP acted rigorously with Chevron due to the fact that the company is American. How did you receive this criticism?

M.C. – I’ve got to stop some Petrobras production platform. I insist on that foreign companies that operate in Brazil have offices with power of decision. We 18 MACAÉ OFFSHORE

“The Brazilian people need to have the perception that it is good to pay for ANP”. And she has been achieved her goal, because people have never spoken about the actions of the ANP with the public opinion as much as they do now, especially after the decision to stop Chevron’s operations at Campo do Frade, enforcing respect for the market. More recently, she hardened the tone, threatening to triple the value of fines for environmental violations. Among Madga’s legacies ahead of the regulatory agency already in her first year of management, there’s the public context and the 11th round of bidding for exploitation and production which are very coveted by the industry. Read the main text of the interview as follows:

cannot take three days to approve any emergency plan in case of accidents. We have the case of ONGC, Indian oil company, which had their activities paralyzed for two months by not having a Director who could decide on behalf of the company. We’ll stop the activities every time that we realize that there’s a lack of personnel, of a decision-making body.

M.O. – And how is the progress of the lawsuit against Chevron? M.C. – We have been talking to Ibama and the Public Ministry so that we have a pecuniary compensation. We want to transform the Chevron on an example of how to conduct of an oil company in Brazil. We want Chevron to be an impeccable standard company. We have worked in the report, we have investigated the real causes of the accident and we heard the contradictory from Chevron. And the next step will be the decision to be taken at ministerial level.

M.O. – Recently, ANP has created a Superintendence which is exclusively for the environment. What did

prompt the local authority to create this Department?

M.C. – The environmental theme was always treated as of great importance within ANP. The Agency had a safety operational coordination and had also an environment coordination. So we decided recently to gather these two coordinators together to optimize the ANP’s capabilities. And we created the ANP’s Superintendence of Environment. With this, we will have more people to supervise, both in the aspect of safety, as regards the environment.

M.O. – But do you believe that, with the current framework, it is possible to have an efficient surveillance, especially with the large volume of investments to the oil and gas sector for the coming years in the pre-salt?

M.C. – The Ministry of planning has already approved the holding of a public context. The idea is that we double this team with through the contest. Currently, ANP has about 600 bid employees, in


INTERVIEW

addition to other employees from public bodies and sub-contractors. For the supervision of maritime operational safety, we have 15 experts. To this date, with the level of activities that we have, this number has been enough. We operate in conjunction with the Navy, on a broad agreement that provides us with great support in the activities on the high seas. But, with the expansion of the exploratory activity on account of the pre-salt layer, it is more than necessary to increase the frame. We still do not have the date of the contest, but it will occur as soon as possible.

M.O. – In addition to the increase in the fiscal framework, which can be changed within ANP’s laws and standards and in operational safety and environmental preservation?

M.C. – We are stirring in some rules of ANP’s performance. We have some regulations that provides for the attainment of the levels of risk analysis of each project. Today, that risk analysis was on the drill to be audited by the auditor, due to a perception of risk of some employees, sometimes, less harsh than we would like it to be. We are operating this dynamic so that, in addition to the risk analysis in the drill, it could also be submitted before the audit on the platform. So, we’ll have a supervisory process in two moments. Another important thing is that we are preparing a bill that provides for stricter penalty, with fines up to R$150 million for environmental accidents with death. The goal is to change the parameters established in the applicable law (9.847/99).

M.O. – Much has been spoken of corporate responsibility toward the environment, but little regarding to platform workers. How has it been assessed be ANP?

M.C. – The concern with the industry’s workers is a constant in our management. For example, the ANP has a good partnership with the Union of oil workers from the North region of Rio de Janeiro. The Union has a sort of hotline with the ANP. It is a partnership that, without doubt, is very useful to us. As the members of the syndicate are on all platforms, they can forward their complaints, their concerns regarding safety and other relevant points. This is done through the Board of Directors of the syndicate, which organizes the workers’ demands. This

work has helped also to schedule specific audits and observe the troubles reported. This partnership was born after the first complaint made by the syndicate, which generated the ban on P-33, in August, 2010. We received the complaint of lack of basic safety equipment on the platform and we decided to stop operations at the site. Since then, we have reinforced the supervision and we have been successful in preventing accidents wit workers at that local.

M.O. – In relation to national content, how has the commitment of ANP in enforcing the law that stipulates the maximum percentage required for imported components been taking place?

Our biggest challenge is to make the ANP increasingly recognized by society, a civic institution

M.C. – With the completion of the exploration phase, it is now for the monitoring phase, which involves local content. The contracts with the 7th Round are ending this year. Our supervision begins with the global item. And during that inspection there is the possibility of forgiving imported items, provided it is established that there is no possibility of providing national ones with price, time and quality. And when this happens, ANP acts later on by granting a ‘ waiver ‘. But the waiver is not global, because the total has to be honored. Compensation is given in the micro

level so the total is not impaired. But one thing that cannot be done is the failure to contemplate the national supplier. When it happens, we have to act. So, I require the national suppliers to contact ANP.

M.O. – It is speculated that many companies run the risk of being fined. Why is there such a difficulty in enforcing the rules? M.C. – Suddenly the supplier does not supply, but the goal is that, in the medium term, we will increase the share of local content. The oil industry in Brazil is aimed mostly at deep water exploitation and that will achieve with the pre-salt, levels with more depths for exploitation. A few years ago, an entire set of items that we needed to compose a topside for a platform required 95% of its components to be from abroad. We want to change it. When we see a demand of $400 billion for the sector in the coming years, nothing is more legitimate that stimulate the national producer.

M.O. – Do you confirms the existence of ongoing proposals for a more flexible policy of content? M.C. – The flexibility is already allowed. From the seventh to 10th round, there is a worksheet with 69 items that will be monitored. This worksheet is composed of items, sub items, global values for the exploratory and development phases. And when there is an offer for the ANP’s bidding, flexibility is allowed for each component described in the notice. What cannot be flexible in relation to the global account is. The global value comprises a moderate average and, within it, you can achieve a composition that meets the required percentage of domestic content.

M.O. – You are in the post of ANP’s General Director since three months ago. What would be the main challenge to be faced in your management?

M.C. – ANP is 14 years old and is a “small teenager”. Thus, our biggest challenge is to make the ANP increasingly recognized by society, a civic institution. The Brazilian people need to have the perception that it is good to pay for ANP. We want to make our work worthwhile. ANP does many good things for the sake of society, but the institution is still very little acknowledged.  MACAÉ OFFSHORE 19


INTERVIEW

A more technical face for

ANP

Without any party affiliation, Magda Chambriard has three decades of trajectory and experience in the Oil and Gas area

U

nlike the predecessor, Haroldo Lima, from Bahia, who owned an eminently political profile – he is affiliated to the PCdoB, which is part of the support base for the Government –, Magda Maria de Regina Chambriard, the new General Director of ANP, stands for showing a more technical tendency and for not having any party affiliation. Counting on 32 years of experience in the oil and gas business, the “carioca” graduated in Civil the carioca graduated in Civil Engineering from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) and graduated in Chemical Engineering from Coppe/UFRJ. In the Petrobras Corporate University, she specialized in Reservoir Engineering and Assessment of Formations and in Production Reservoir Engineering. Egress from Petrobras, in which she began in 1980 as an Engineer trainee, Magda went through various sectors within the company, with a strong presence in the areas of exploitation and production and New Business. It was in this sector that she developed experience in negotiation of mature oil fields, fields in development and exploratory areas. As a consultant, she participated in the business planning steps in partnership and negotiation of economic conditions.

20 MACAÉ OFFSHORE

Magda joined the ANP in 2002, as a Board adviser, acting mainly in the E&P areas, working on the analysis of all projects in this segment. She advised the investigation of government holdings, mainly in cases of special participation, and acted in the process of creation and promotion of small and medium-sized oil companies in Brazil; the implementation of School-Field of Bahia and Rio Grande do Norte and the viability of the two bids from marginal fields of ANP. In 2005, when she took over the Superintendence of Exploitation (SEP) of the Agency, she was responsible for the regulation and supervision of exploratory activities conducted throughout the national territory. A year later, she started to direct both the SEP and the Superintendence of Blocks Definition (SDB) of the ANP. At SDB, she was responsible for geological and geophysical studies that expanded the knowledge about the national oil resources and that subsidized the Ministry of mines and energy (MME/ CNPE) in the choice of exploratory areas to be auctioned. In November 2008, after the hearings and the approval by the Senate, Magda became Director of the Agency. In March 2012, she was appointed

General Director of NPA by President Dilma Rousseff, receiving the title from the interim Florival Rodrigues de Carvalho, who took over after Harold left, in December 2010. Dilma approached Magda during the episode of the oil spill at Campo do Frade. According to sources connected to Planalto, the President would have praised the ANP’s Director in the confrontation of Chevron, when she stood in relation to Haroldo Lima, in the position since 2005. With Magda in the position, shortly after Grace Foster at Petrobras, the oil summit, which is strategic for national sovereignty in times of pre-salt, went on to be exclusively in female hands. The President, who was State Secretary of Energy in Rio Grande do Sul and former Minister of mines and energy in Lula’s Government, bets her chips in the tough profile of Magda on environmental issues. She also took advantage of her possession to send a message to companies in this business: “The Agency requirements must be fulfilled. Companies that work here should know that the security protocols of the ANP are there to be met. There is no exception”, said Rousseff. (B.B.)


rio capital da energia

Por um Rio energeticamente mais

verde

Avaliado em meio bilhão de reais, o Programa Rio Capital da Energia impulsionará as energias limpas no estado com projetos coordenados entre Governo, empresas e universidades Por Brunno Braga e Rosayne Macedo

D

estino preferido por nove entre 10 turistas que procuram o litoral do Rio de Janeiro, a paradisíaca Armação dos Búzios se prepara para se tornar a primeira cidade inteligente da América Latina em distribuição e gestão da energia elétrica. A ideia da Ampla, empresa distribuidora de energia no interior do estado, é desenvolver uma rede de distribuição de energia mais inteligente, capaz de integrar toda a geração existente. O projeto é um dos destaques entre os 35 incluídos na carteira do programa ‘Rio Capital da Energia’, que promete alavancar, nos próximos três anos, o setor de energia limpa no Estado do Rio, com investimentos da ordem de R$ 500 milhões. Lançado no dia 11 de junho, no Palácio Guanabara, o programa, numa observação preliminar, pode soar paradoxal. Afinal, com 80% de toda a produção de petróleo e 42% de gás natural no Brasil, o Rio de Janeiro tem neste setor a sua principal força econômica. Além de sediar as únicas usinas nucleares do país e possuir a maior concentração de usinas térmicas a gás, o estado concentra uma série de novos projetos para geração e em inovação tecnológica na área de energia e quer apostar nisso para se destacar no cenário mundial. A ideia agora é mostrar ao mundo que o Rio pode ser também atrativo para investimentos em energia limpa, que emprega alta tecnologia e inovação.

Divulgação

Secretário Julio Bueno apresentou o programa em reunião com representantes do Comitê Estratégico Secretary Julio Bueno apresented the program during meeting with representatives of the strategic Committee

“O Rio tem o compromisso de fazer a energia do século XXI. Queremos, assim, transformar o Rio em líder mundial em questões como inovação tecnológica, racionalização de energia e sustentabilidade ambiental na área energética. Queremos usar a economia do século XX para alavancar essas questões que são centrais para a Humanidade. Então, nós temos a obrigação de fazê-lo”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, após a reunião com representantes do Comitê Estratégico do Rio Capital da Energia. Lançado em agosto do ano passado, em decreto do governador Sérgio Cabral, o programa Rio Capital de Energia sai agora

do papel, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis). A iniciativa prevê a união de forças entre empresas privadas e de serviços públicos, associações de classes ligadas ao setor de energia e universidades e centros especializados em pesquisa e desenvolvimento sediados no estado. Os projetos foram divididos em quatro pilares – eficiência energética, inovação tecnológica, economia e baixo carbono e massificação deste conceito. A ideia é que cada um desses pilares possa ser replicado nos se-tores de transporte, indústria, construção e comércio/serviços. MACAÉ OFFSHORE 21


rio capital da energia

”O Rio de Janeiro sempre esteve na vanguarda na área de energia e sustentabilidade. Queremos ir adiante, tornando o estado um centro de referência mundial da energia do futuro, lançando soluções de ponta para a eficiência energética, atraindo recursos para pesquisa e desenvolvimento de inovações tecnológicas e promovendo a energia verde”, destaca Bueno. Estiveram reunidos o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão; a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard; o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o secretário Estadual de Ambiente, Carlos Minc, assim como empresários de peso, como Eike Batista. Também estiveram presentes os presidentes das principais empresas,

associações e entidades de classe do setor de energia, além de estatais e órgãos públicos federais, estaduais e municipais, entidades de classe e universidades. Em novembro, o estado promoverá uma grande feira de tecnologia na área de energia, prevista para acontecer no Píer Mauá, para divulgar os atuais e novos projetos do Programa Rio Capital da Energia. Será instalado também um quiosque itinerante na zona sul para ajudar na conscientização da população para reduzir o consumo e o desperdício de energia e divulgar produtos com eficiência energética. Para massificar junto à sociedade o conceito de energia sustentável, principal foco do programa, entrou no ar também o portal www.riocapitaldaenergia.rj.gov.br.

Alternativas às fontes fósseis de energia Estado anfitrião da maior conferência sobre o Meio Ambiente já realizada, a Rio+20, o Rio de Janeiro dá o pontapé em um programa que já nasce num momento em que as fontes de energia fóssil se tornam alvo de críticas ferrenhas. Contudo, Julio Bueno faz questão de frisar que o programa não significará um desvio da real vocação econômica do Rio. “O governo defende o convívio entre as fontes fósseis e as alternativas. O petróleo ainda é uma questão fundamental e permanecerá assim por muitos anos”, salienta. De acordo com o secretário, o papel do governo no programa será articular as empresas de energia e as entidades que trabalham na área. “Vamos trabalhar em todas as frentes energéticas limpas, inclusive naquelas em que o Rio não apresenta qualquer vocação, como a eólica”, ressalta. “Temos muitas fontes de energia convencionais e uma forte preocupação em alavancar novas formas de energia e novas contribuições para o setor energético. O Rio quer ser mais 22 MACAÉ OFFSHORE

inovador para gerar menos impacto ambiental”, explica Maria Paula Martins, coordenadora do programa na Sedeis. Escolhida pelo secretário Julio Bueno para comandar Rio Capital da Energia, Maria Paula veio da Eletrobras e já presidiu a Agência Reguladora de Energia do Espírito Santo, além de ter atuado no BNDES e na ANP. Mas como envolver a indústria de petróleo e gás numa iniciativa que pode reduzir a participação e a tradicional dependência do estado do setor de petróleo e gás? A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) foi convidada a organizar uma rodada de reuniões para que as oil companies e suas prestadoras de serviços da cadeia produtiva se engajem também no programa. Onip e IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), inclusive, são entidades parceiras no Comitê Estratégico do Rio Capital da Energia. A Onip foi incluída posteriormente ao decreto do governador Sérgio Cabral que criou o programa, junto com a Rio Negócios, empresa de fomento do município do Rio de Janeiro.

Recursos para financiar os projetos A carteira de projetos do Rio Capital da Energia é dinâmica e novos projetos serão acrescentados ao longo dos próximos meses, na medida em que forem detalhados seus cronogramas e definidas as fontes de recursos para cada um deles. Os recursos financeiros destinados aos projetos do programa podem ser originados tanto da esfera governamental quanto da iniciativa privada. “Da parte do governo, os recursos podem vir da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), que dispõe de R$ 400 milhões por ano para investimentos em inovação tecnológica e da Investe Rio, a agência de fomento do estado. O programa também criará canais de financiamentos com outros agentes econômicos”, conta o secretário Julio Bueno. Segundo ele, outros empreendedores e até mesmo investidores estrangeiros já manifestaram interesse em fazer parte do programa. A coordenadora do programa, Maria Paula Martins, antecipa quea Investe Rio também deverá desenvolver uma linha de crédito específica para o programa, inclusive prevendo participação acionária do Estado em alguns projetos desenvolvidos por start-ups, novas empresas de alta tecnologia que estão surgindo no Rio, com foco no setor de energia.


rio capital da energia

Sergio Quissak

Segundo Weules Correia, da Ampla; escolha da cidade de Búzios se deu em função da sua projeção no cenário turístico internacional According, Weules Correia, of Ampla, the choice of Búzios is in function of its projection in the international tourist scenario

Projeto Búzios Smart City: o começo da era sustentável no setor de energia no Brasil Em fase inicial de implementação, o projeto Búzios Smart City prevê a instalação de sinais de trânsito com energia solar, lâmpadas de LED em toda a cidade e também asfalto com borracha proveniente de pneu reciclado. A inspiração para o projeto é a cidade de Málaga, na Espanha. Orçada em 31 milhões de euros, a iniciativa conseguiu reduzir em 20% o consumo de energia na cidade e deixou de emitir mais de 6 mil toneladas de gás carbônico (CO2) por ano na atmosfera, criando um novo padrão de sustentabilidade na indústria de energia.

Segundo o especialista da área de Novas Tecnologias da Ampla, Weules Correia, a escolha da cidade de Búzios se deu em função da sua projeção no cenário turístico internacional. “Búzios apresenta boas características para a aplicação técnica do projeto e o aproveitamento de energias alternativas”, afirma, acrescentando que a implantação de sistemas de smart grid é o começo da era sustentável no setor de energia. Dentro do projeto Cidade Inteligente Búzios, a Ampla instalará 10 mil

medidores inteligentes, veículos elétricos, sistemas controlados remotamente, geração de energia por fontes alternativas, iluminação por LED, entre outros. “Com o projeto, a distribuidora adianta aos consumidores o futuro da distribuição de energia elétrica no País”, informa a assessoria da Ampla Energia e Serviços S.A. A empresa é controlada pela espanhola Endesa, do grupo italiano Enel, e distribui energia elétrica para 66 municípios fluminenses, abrangendo 73% do território estadual, uma área de 32.188 km². 

O Comitê Estratégico do programa Rio Capital da Energia é formado por 27 parceiros: ACRJ, Ampla, ANP, BR Distribuidora, CEG, Eletrobras, Eletronuclear, EPE, Fecomércio-RJ, Firjan, Furnas, IBP, Light, MPX, Neoenergia, OGX, Onip, ONS, Petrobras, PUC-Rio, Rio Negócios, Secretaria Estadual de Ambiente, Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, Sedeis, Uerj, Coppe/UFRJ e UTE Norte Fluminense. Saiba mais sobre o programa no site www.riocapitaldaenergia.rj.gov.br. Veja a carteira de projetos do Programa Rio Capital da Energia e conheça alguns projetos inovadores já em andamento no portal www.macaeoffshore.com.br. MACAÉ OFFSHORE 23


Rio, the Capital of Energy

For an energetic

greener Rio

Valued at half a billion dollars, the program Rio Capital of Energy will boost clean in the State with coordinated projects between Government, enterprises and universities

By Brunno Braga and Rosayne Macedo

A

favorite destination of nine out of 10 tourists seeking the coast of Rio de Janeiro, the paradise called Armação dos Búzios prepares to become the first intelligent city of Latin America in distribution and management of electrical energy. Ampla’s idea, the energy distribution company in the interior of the State, is to develop more intelligent network of energy distribution, capable of integrating all the existing generation. The project is one of the highlights among the 35 included in the portfolio of the program Rio Capital of Energy, which promises to leverage, in the next three years, the clean energy industry in the State of Rio, with investments of R$500 million. Launched on 11 June, at Palácio Guanabara, the program, in a preliminary remark, may sound paradoxical. After all, with 80% of all oil production and 42% of natural gas in Brazil, Rio de Janeiro has in this sector its main economic strength. In addition to hosting the only nuclear plants in the country and owing the highest concentration of gas thermal power plants, the State concentrates a number of new projects for generation and in technological innovation in the area of energy and wants to bet in it to stand on the world stage. The idea now is to show the world that Rio can also be attractive for investments in clean energy, which employing high technology and innovation.

Rio is committed to produce the 21st century energy. We want, so, to turn Rio 24 MACAÉ OFFSHORE

into a world leader in issues such as technological innovation, rationalization of energy and environmental sustainability in the energy matters. We want to use the 20th century economy to leverage these issues which are central to humanity. So, we have an obligation to do it”, the Secretary of economic development, Julio Bueno, said after meeting with representatives of the strategic Committee of Rio the Capital of Energy. Released in August last year, in a decree by the Governor Sérgio Cabral, Rio Capital of Energy now leaves the paper, under the coordination of the Department of Economic Energy, Industry and Services Development (Sedeis). The initiative provides for the joining of forces between private companies and public services, academies and associations classes related to the energy sector based in the State. In addition to involve all energy companies that have their headquarters in Rio de Janeiro, the program also relies on the support from universities and centers of expertise in research and development. The projects were divided into four pillars – energy efficiency, technological innovation, economy and low-carbon and massive spread of this concept. The idea is that each of these pillars can be replicated in the sectors of transportation, industry, construction and trade/services. “Rio de Janeiro has always been at the forefront in the area of energy and

sustainability. We want to go ahead, making the State a world reference center of future energy, launching cutting-edge solutions for energy efficiency, attracting resources for research and development of technological innovations and promoting green energy”, Bueno outlines. The Minister of mines and energy, Edson Lobão; the General Director of the national oil Agency (ANP), Magda Chambriard; the Governor of Rio, Sérgio Cabral, and the State Secretary of the environment, Carlos Minc, as well as entrepreneurs of heaviness, like Eike Batista, gathered together. Presidents of major companies, trade associations and professional associations of the energy sector, in addition to state and federal government agencies, public state and municipal agencies, professional associations and universities, were present. In November, the State will promote a large technology fair in the area of energy, expected to happen at Píer Mauá, to disseminate current and new projects of the Rio Capital of Energy program. A traveling kiosk will be installed in the south part of Rio to help achieving awareness of the population to reduce consumption and waste of energy and promote energy-efficient products. To disseminate along to society the concept of sustainable energy, the main focus of the program, the gateway www. riocapitaldaenergia.rj.gov.br portal has also been launched.


Rio, the Capital of Energy

Alternatives to fossil energy sources The state’s host of the largest conference about the environment ever held, the Rio + 20, Rio de Janeiro kicks off in a program that is born at a time when fossil energy sources become the target of fierce criticism. However, Julio Bueno is keen to stress that the program does not mean a diversion of the real economic vocation of Rio. “The Government defends the conviviality between the fossil and the alternative sources. Oil still is a key issue and will remain so for many years”, he observes. According to the Secretary, the Government’s role in the program will be articulating energy companies and entities working in the area. “We will work on all fronts, including those in clean energy for which Rio does not present any vocation, as wind energy,” he says. “We have many sources of conventional energy and a strong concern to leverage new forms of energy and new contributions to the energy sector. Rio wants to be more innovative to generate less environmental impact, “Maria Paula Martins, Coordinator of the program in the State Secretariat for economic, energy, industry and services development (Sedeis) explains. Chosen by the secretary Julio Bueno to lead Rio Capital of Energy, Maria Paula came from Eletrobras and has chaired the Energy Regulatory Agency of Espírito Santo, in addition to having worked at BNDES and ANP. But, how to involve the oil and gas industry in an initiative that can reduce participation and traditional dependence of the state on the oil and gas industry? The National Organization of the Oil Industry (Onip) was invited to organize a round of meetings so that the oil companies and their supply chain service providers also engage in the program. Onip and IBP (Brazilian Institute of petroleum), are partners in the Strategic Committee of Rio Capital of Energy. Onip was included after the Decree of Governor Sérgio Cabral who created the program, along with Rio Negócios, the company that promotes business in the municipality of Rio de Janeiro.

Resources to fund projects The portfolio of projects is dynamic and new projects will be added over the next few months, to the extent that they have their timelines detailed and their fund sources for funds for each one of them. The financial resources allocated to projects of the program may be originated both by the governmental sphere and the private sector. “The Government resources can come from Faperj (Foundation for Support of Research of the State of Rio de Janeiro), which has R$400 million a year for investment in technological innovation and from

Investe Rio, the State’s development agency. The program will also create channels of funding with other economic agents”, he says. According to Bueno, other entrepreneurs and even foreign investors have already expressed interest in being part of the program. Maria Paula anticipates that Rio must also develop an investment line of credit that is specific to the program, also providing for the State’s shareholding in some projects developed by start-ups, new high-tech companies that are emerging in Rio, with a focus on the energy sector.

Búzios Smart City Project: the beginning of the sustainable era in the energy sector in Brazil In the initial stage of implementation, the Búzios Smart City project foresees the installation of traffic signs with solar energy, LED lights throughout the city and also asphalt with rubber from recycled tires. The inspiration for the project is the city of Malaga, in Spain. Budgeted at 31 million, the initiative managed to reduce by 20% the energy consumption in the city and has avoided the emissions of more than 6 thousand tons of carbon dioxide (CO2) per year into the atmosphere, creating a new standard for sustainability in the energy industry. According to the specialist in the area of Ampla’s new technologies, Weules Correia, the choice of Búzios is in function of its projection in the international tourist scenario. “Búzios presents good characteristics for the technical implementation of the

project and the use of alternative energies”, he says, adding that the deployment of smart grid systems is the beginning of sustainable era in the energy sector. Within the Búzios Smart City project, Ampla will install 10 thousand smart meters, electric vehicles, remotely controlled systems, power generation by alternative sources, LED illumination, among others. “With the project, the distributor advances to consumers the future distribution of power in the country”, the Ampla energy and services S.A reports. The company is controlled by the Spanish group Endesa, by the Italian group Enel, and distributes power to 66 municipalities in the State of Rio de Janeiro, comprising 73% of the state territory, an area of 32,188 km². 

The Strategic Committee of Rio Capital of Energy program is formed by 27 partners: ACRJ, Ampla, ANP, BR Distribuidora, CEG, Eletrobrás, Eletronuclear, EPE, Fecomércio-RJ, Firjan, Furnas, IBP, Light, MPX, Neoenergia, OGX, Onip, ONS, Petrobras, PUC-Rio, Rio Negócios, State Department of environment, Science and Technology State Secretariat, Sedeis, Uerj, Coppe/UFRJ and UTE Norte Fluminense. Learn more about the program at www.riocapitaldaenergia.rj.gov.br. See the Rio Capital of Energy program’s portfolio of projects for energy and meet some innovative projects already in progress on the portal www.macaeoffshore.com.br. MACAÉ OFFSHORE 25


Fotos: Divulgação

segurança

Dados do Sindipetro-NF mostram que, em 2011, foram registrados 1.608 acidentes em plataformas da Bacia de Campos. O número é 40% maior que o verificado em 2010 (1.145) Data from Sindipetro-NF show that, in 2011, 1608 accidents were registered in the platforms of the Campos Basin. The number is 40% higher than in 2010 (1,145)

Segurança a bordo Crescem registros de acidentes em plataformas, especialmente em terceirizadas. Para Petrobras, boa parte é causada por descuido de trabalhadores Por Flávia Domingues e Rosayne Macedo

L

uiz Pereira de Medeiros, 44 anos, ficou paraplégico após um acidente na P-23, em março de 1997. O petroleiro estava trabalhando com risers, como são chamados os tubos que fazem a ligação entre os poços de petróleo, no fundo do mar, e as plataformas ou navios, na superfície. Casos graves como

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este, que geram afastamento do trabalho e danos irreversíveis à saúde do trabalhador, mostram a importância da implantação e do gerenciamento de práticas de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde – e também abre a polêmica de como as empresas estão registrando acidentes de trabalho em plataformas de petróleo.

O Brasil ainda está em vias de discussão de um Plano Nacional de Contingência de Segurança, enquanto o número de acidentes em plataformas de petróleo vem aumentando a cada ano. Dados do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) mostram que, em 2011, foram registrados


segurança

1.608 acidentes em plataformas da Bacia de Campos, o que dá uma média de quatro por dia. O número é 40% maior que o verificado em 2010 (1.145). A maior parte dos acidentes ocorridos ano passado (75%) envolveu as empresas privadas, enquanto a Petrobras respondeu por 23% dos registros – um total de 371 Cartas de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CATs) – seguida pela Transpetro, com 2%, (31 CATs). Do total de comunicações, 178 geraram afastamento do trabalho: 60 na Petrobras, 8 na Transpetro e 110 nas demais empresas. Houve ainda 45 casos não elucidados – a comunicação está ilegível ou imparcial, segundo o sindicato. Em 2012, o número de CATs envolvendo funcionários do setor privado já chega a 309, seguido por 73 da Petrobras e por 4 da Transpetro (dados até o fechamento desta edição).

um incidente e comunicá-lo à agência reguladora. Em 2010, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) registrou 375 incidentes de segurança operacional, uma alta de 40% em relação à média de 2009. O aumento se deu, principalmente, por conta da maior rigidez da fiscalização da ANP, Marinha do Brasil, Ministério do Trabalho e Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que são alguns dos órgãos fiscalizadores, além do crescimento das atividades ligadas à exploração de petróleo no Brasil. Em audiência na Subcomissão Especial de Saúde do Trabalhador da

Câmara dos Deputados, em outubro de 2011, a ANP informou que, em 12 meses, havia identificado 692 situações irregulares relativas à segurança, o que levou à interdição de 10 plataformas e gerou multas de R$ 12 milhões, em apenas 12 meses. Em 2010, do total de incidentes registrados, 10% geraram mortes ou ferimentos nos trabalhadores, e os prejuízos das empresas chegaram a R$ 3,3 milhões. Apesar disso, a ANP revelou que as atividades de E&P no Brasil são mais seguras do que em países como Estados Unidos e Noruega, tradicionais players do setor.

Já a Petrobras informa que registrou recorde de acidentes de trabalho com afastamento no ano passado – 262, o maior número desde 2001, quando foram registrados 261 acidentes com vítimas. A companhia, no entanto, minimiza o resultado, atribuindo-o às mudanças no sistema de notificações a partir de 2010, quando as comunicações passaram a incluir incidentes considerados corriqueiros, mas que geram afastamento do trabalho, como uma simples infecção intestinal. “Isso se deve ao fato de estarmos buscando excelência e registrando casos que antes não eram comunicados, como os de gastroenterite, por exemplo. A Petrobras quer sempre estar no mais alto nível dos padrões para garantir a saúde de nossos colaboradores”, explicou o gerente de SMS da Unidade Operacional da Bacia de Campos, Alex Murteira Célem, durante palestra para jornalistas em abril, em Macaé. Antes de 2009, as empresas seguiam critérios próprios para classificar

ANP: atividades de E&P no Brasil são mais seguras do que em países como EUA e Noruega ANP has revealed that the E&P activities in Brazil are more secure than in countries like United States and Norway

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segurança

11 anos depois, tragédia da P-36 ainda repercute O dia 15 de março de 2001 ficou marcado para sempre na história da Bacia de Campos. Naquele dia, 175 pessoas trabalhavam na P-36 – até então, a maior plataforma de petróleo do mundo – quando duas explosões em uma das colunas da unidade provocaram o seu adernamento. Onze petroleiros morreram no naufrágio e, cinco dias depois, a plataforma afundou, levando junto com ela 1,5 mil toneladas de óleo para o mar.

O acidente até hoje repercute negativamente, mas não chegou a representar um referencial para as políticas de prevenção de acidentes. Onze anos depois, em março deste ano, o Sindipetro/NF promovia protestos em três aeroportos da região para lembrar a data e chamar atenção para a insegurança no trabalho offshore.

cinco delas em 2011. A maioria das ví-

Desde 1998, já foram registradas 119 mortes em plataformas da região,

na Bacia de Campos – fora “incontáveis

timas (85) era de empresas que prestavam serviços terceirizados à Petrobras e 44 eram funcionários da companhia. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a categoria já chorou a morte de mais de 300 colegas de trabalho – 37 deles em 16 de agosto de 1984, na plataforma de Enchova, mutilações e adoecimentos”.

Prejuízos chegam a U$ 116 milhões em 2011, diz especialista Além de vidas perdidas no mar, a maior petrolífera do país amarga prejuízos financeiros elevados. Nos últimos 13 anos, treze unidades offshore já foram interditadas por problemas de segurança, média de uma por ano. Somente em 2011, interdições de quatro plataformas fizeram com que a Petrobras deixasse de ganhar US$ 116 milhões, segundo estimativas do Dieese (Departamento

Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A P-15 ficou parada por sete dias; a P-20, por 19 dias; a P-37, por dez dias; e a Cherne-2, por 34 dias. Com isso, a empresa deixou de produzir pouco mais de um milhão de barris de petróleo — ou 163 milhões de litros — pelos cálculos do Dieese.

Em março, a Petrobras informou à imprensa ter investido US$ 5,2 bilhões em segurança, meio ambiente e saúde no ano passado e que os procedimentos adotados atendem integralmente às exigências feitas pelos órgãos reguladores. Em nota, a empresa afirma que adota rígidos padrões de segurança e práticas que permitem ao trabalhador parar a produção, em caso de dúvida.

Subnotificações ainda são um obstáculo O Sindipetro/NF, no entanto, alerta que, apesar dos esforços, as subnotificações continuam, impossibilitando traçar um quadro real do problema. Dados do Sindicato mostram que, em 2009, houve 1.643 desembarques de trabalhadores em terra provocados por acidentes de trabalho, mas apenas 238 foram reportados pelas empresas. Em 2010, foram 1.730 desembarques, mas apenas 141 deles foram notificados. Armando Freitas Pinto, diretor de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho do sindicato, afirma que, 28 MACAÉ OFFSHORE

muitas vezes, as empresas ocultam incidentes para não prejudicar suas operações, gerar custos adicionais, multas e até interdições das plataformas. Por sua vez, segundo ele, muitos trabalhadores não fazem denúncias ao sindicato por medo de retaliações e assédio moral por parte das empresas. A ANP, no entanto, reconhece que a subnotificação ocorre, mas, na maioria das vezes, apenas em situações de risco, que não geram acidentes. Para a agência, dificilmente dados sobre ferimentos graves e mortes são subnotificados.

“Qualquer incidente indesejado ocorrido dentro de uma plataforma de petróleo, que tenha colocado em risco um trabalhador, já deve ser comunicado, mas infelizmente muitas vezes não são informados nas CATs, como um simples escorregão ou um caso de gastroenterite, colocando em risco a saúde dos trabalhadores”, afirma Armando. Para a ANP, incidente é todo e qualquer evento indesejado que coloque em risco os trabalhadores ou o meio ambiente. O sindicalista diz que a Petrobras considera incidente quando o funcionário não se machuca. “Um exemplo: caiu


segurança

uma lâmpada e o funcionário não se machucou. Para a Petrobras, isto não é acidente. Acidente é quando o funcionário se fere”, critica Armando. Segundo o sindicato, o simples fato de cair uma lâmpada sobre um funcionário já é considerado acidente.

O gerente de SMS da Petrobras na Bacia de Campos contesta: “Não há acidente pequeno ou grande, o que existe é acidente”. Segundo Alex Célem, acidentes que envolvem o conhecido ‘corpo estranho’, que pode gerar dano à córnea e até cegueira, não podem ficar

de fora das estatísticas. “Qualquer incômodo, mesmo que seja por doença, também deve receber o tratamento devido para evitar seu agravamento e causar consequências mais sérias. A comunicação de acidentes não avalia, deixa o médico avaliar”, garante.

Terceirização e falta de capacitação, os grandes vilões O complexo ambiente de trabalho, aliado ao alto índice de terceirizados e à falta de experiência dos trabalhadores, compõem uma combinação explosiva que gera resultados de proporções alarmantes. De acordo com dados do Sindipetro/ NF, existem atualmente 15 mil funcionários efetivos da Petrobras na Bacia de Campos e outros 45 mil terceirizados que prestam serviço para a empresa. Com o crescimento da indústria petrolífera no país, especialmente na perfuração, as empresas passaram a terceirizar mais atividades para cumprir os cronogramas, o

que prejudica a capacitação e contribui para gerar acidentes, segundo o Sindipetro. As petroleiras contratam terceirizados sem nenhuma experiência, aumentando o risco de acidentes, diz o sindicato. A terceirização, aliás, foi apontada como a grande causadora dos acidentes, durante audiência promovida em Brasília para avaliar as condições de saúde do trabalhador offshore. Para o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o nó da questão está na falta de capacitação. O deputado federal Dr. Aluízio (PV-RJ), autor do requerimento do debate, disse que a solução para evitar os

Rotinas diferentes para próprios e terceirizados As condições de trabalho nas plataformas envolvem, além do confinamento, o trabalho em turnos de 12 horas de dia e de noite, alternadamente, durante o mesmo período de embarque, prejudicando seriamente o estabelecimento de um ritmo de sono/vigília adequado à total recuperação do trabalhador para o reinício da jornada de trabalho. O regime de trabalho e descanso, de 14 x 21 dias para trabalhadores diretos e de 14 x 14, em média, para trabalhadores terceirizados, é outro agravante.

Nas plataformas, as jornadas são pesadas e, nos horários livres, os trabalhadores têm à disposição salas de jogos, academias, restaurante, centro médico, entre outras atividades. Mas, infelizmente, segundo o Sindipetro-NF, as condições de trabalho para terceirizados são diferentes. “Estamos em cima das empresas para denunciar fatos que acontecem dentro das plataformas. Algumas empresas chegam a fazer distinção até de alojamentos, colocando trabalhadores em situações inóspitas, comprometendo a sua saúde”, denuncia Armando.

acidentes está na qualificação dos trabalhadores terceirizados. O Ministério Público do Trabalho busca aplicar um termo de ajustamento de conduta com a Petrobras para tentar melhorar a situação dos trabalhadores terceirizados. A Petrobras, no entanto, informa que as empresas contratadas para fornecimento de bens e serviços seguem as mesmas exigências de segurança. “Todos os fornecedores são submetidos a cláusulas contratuais específicas. Caso haja falha no cumprimento de alguma delas, as sanções previstas no instrumento contratual são aplicadas”, informa a empresa, por meio de sua assessoria.

SindiPetro-NF

Armando Freitas Pinto, diretor de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho do SindiPetro-NF Armando Freitas Pinto, Director of Health, Environment and Work Safety of the Union

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segurança

Petrobras culpa falta de experiência, que gera ‘pequenos descuidos’ Descuidos e distrações cometidas pelo trabalhador no exercício diário de suas atividades são, para a Petrobras, a principal causa dos acidentes, e não a tão criticada falta de qualificação. “Temos registros de pequenos acidentes com pessoas não habituadas ao ambiente industrial, embora estejam qualificadas para desempenhar a função. Não basta fomentar a qualificação se o profissional não tem vivência em área industrial”, destacou Alex Célem. Ele reconhece que, com o aumento do ritmo nas atividades de exploração e produção, muitas empresas terceirizadas têm que contratar funcionários sem experiência no ambiente offshore, o que leva ao descumprimento dos procedimentos de segurança. Para Célem, o maior desafio é fazer com que as cláusulas

contratuais de segurança sejam cumpridas pelas terceirizadas. “O número de empresas fornecedoras é enorme para controlar a questão administrativa. Temos que saber se a empresa está treinando como deve e cobramos que revise o treinamento de seus funcionários para que não aconteça novamente. Se a causa é falha contratual, ela recebe uma penalidade pelo acidente”, acrescentou. Indagado pela Macaé Offshore sobre o volume de multas e sanções aplicadas às empresas fornecedoras, bem como sobre aquelas que mais registravam acidentes, Célem disse não ter dados para apresentar. Procurada posteriormente, a assessoria de imprensa da Petrobras retornou apenas com as informações institucionais sobre as políticas de segurança da empresa.

Norma específica para trabalho embarcado Todas as regras relacionadas à segurança do trabalho devem estar em conformidade com as diretrizes do Anexo 2 da NR -30, que estabelece os requisitos mínimos de segurança e saúde no trabalho a bordo de plataformas e instalações de apoio para a exploração e produção de petróleo e gás. O SindiPetro-NF e a FUP – por meio do Grupo Paritário de Trabalho de SMS, criado em 2011 para discutir com a Petrobras, Governo Federal, ANP, IBP, Marinha, Ministério do Trabalho e empresas atuantes no segmento de exploração de petróleo e gás – criaram uma nova Norma Regulamentadora, ainda sem numeração, específica para programas de segurança e saúde de

trabalhadores que trabalham nas plataformas. “A nova NR terá muita mais força do que o Anexo 2 da NR-30 que temos hoje. Vai virar lei na Petrobras e em outras empresas. São vidas que estão em jogo e se forem tomadas medidas preventivas e as empresas forem mais fiscalizadas, vidas serão poupadas. A gente quer sensibilizar as empresas que o importante é a segurança”, ressalta Armando Freitas Pinto, do Sindipetro-NF. Para ele, a nova NR também representa um importante movimento para o crescimento do mercado de trabalho para profissionais como técnicos de segurança do trabalho, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, entre outros.

Os depoimentos desta matéria foram relatos de acidentadas disponibilizados pelo SindiPetro-NF.

Campanha contra a distração nas plataformas Diante do aumento nos casos de acidentes causados, segundo a Petrobras, por pequenos descuidos e não-observância dos procedimentos de segurança, a companhia decidiu deflagrar junto aos seus colaboradores e também a suas terceirizadas uma ampla campanha de conscientização sobre os acidentes de trabalho. A ação foi focada principalmente no Aeroporto de Macaé, onde embarcam cerca de 1,2 mil trabalhadores por dia, em pelo menos 200 voos com destino às plataformas da Bacia de Campos. Recentemente, a empresa também produziu uma cartilha ilustrativa e ‘amigável’, com dicas de segurança operacional, que foi entregue a toda a força de trabalho a bordo. Cartazes com o mesmo conceito foram produzidos para serem expostos nas unidades marítimas.

Atenção no trabalho: todo cuidado é pouco Fabrício Costa Fonseca, 42 anos, perdeu a falange do dedo médio da mão direita, esmagada por um tubo em um acidente no navio NS-21, da Brasdrill. “É necessário ter muito cuidado, desde o momento que você sai de casa pra embarcar, que já é estressante, até o retorno para casa. O tempo todo, 24 horas. Nenhum trabalho é tão importante que possa ser feito sem segurança. A gente nunca acredita que vai acontecer com a gente, mas temos que estar preparados para tudo”, declara Fabrício, que está em casa de licença e pretende continuar atuando no mercado offshore. 

Confira no portal www.macaeoffshore.com.br Ações de sindicatos e órgãos fiscalizadores para reduzir os acidentes e as iniciativas da Petrobras para diminuir os riscos operacionais. 30 MACAÉ OFFSHORE


safety

Safe conditions on board Accident records increase, especially in outsourced platforms. For Petrobras, a major part of them is caused by carelessness from employees By Flávia Domingues and Rosayne Macedo

L

uiz Pereira de Medeiros, 44 years old, became paraplegic after an accident in P-23, on March 1997. The oil worker was working with risers, as they call the tubes that make the connection between the oil wells at the bottom of the sea, and the platforms or ships on the surface. Severe cases such as this, that generate work clearance and irreversible damage to workers’ health, show the importance of deploying and managing HSE practices – safety, health and environment – and also open the controversy on how companies are registering industrial accidents on oil rigs. Brazil is still in the process of discussing a National Security Contingency Plan, while the number of accidents on oil rigs is increasing each year. Data from Oil Workers Union in the Norte of Rio de Janeiro (Sindipetro-NF) show that, in 2011, 1608 accidents were registered in the platforms of the Campos Basin, which gives an average of four accidents a day. The number is 40% higher than in 2010 (1,145). Most of the accidents occurred last year (75%) involved private companies, while Petrobras accounted for 23% of the registers – a total 371 Letters of Work

related Accident Reporting (CATs) – second by Transpetro, with 2%, 31 CATs. Out of the total reports, 178 generated absence from work: 60 at Petrobras, eight at Transpetro and 110 in the other companies. There were still not elucidated 45 cases - unreadable or impartial reports, according to the Union. In 2012, the number of CATs involving private sector employees already reaches 309, seconded by 73 from Petrobras and by four from Transpetro (data until the closing of this edition). Petrobras informs its registered accidents with leave in 2011: 262 occurrences, the highest level since 2001, when there were records of 261 accidents with victims. The company, however, minimizes the result, attributing it to changes in the system of reports from 2010 on. Since then notifications now include incidents considered trivial, but still generating absence from work, as a simple intestinal infection for instance. “This is due to the fact that we are seeking excellence and registering cases that before were not reported, such as gastroenteritis, for example. Petrobras wants to always be at the highest level of standards to ensure the health of our employees”,

“explained the HSE Manager of operational unit of the Campos Basin, Alex Murteira Célem during a lecture to journalists in April, in Macaé. In 2010, the national petroleum Agency (ANP) recorded 375 operational security incidents, a 40% increase compared to the average in 2009. The increase was mainly due to the higher rigidity of the supervision by the ANP, Brazil’s Navy, Ministry of labor, the Brazilian Institute of Petroleum (IBP), which are some of the regulators, and also to the growth of oil exploration activities in Brazil. At the hearing in the Subcommittee on Labor Health of the Chamber of Deputies, in October 2011, ANP reported that, in 12 months, 692 irregular situations had been identified concerning safety, which led 10 platforms to ban and raised fines of R$12 million in just 12 months. In 2010, from the total of recorded incidents, 10% caused deaths or injuries in workers and the companies’ losses reached R$ 3,3 million. Despite this, the ANP has revealed that the E&P activities in Brazil are more secure than in countries like United States and Norway, traditional players of this industry.

11 years later, tragedy at P-36 still rebounds March 15, 2001 was marked forever in the history of the Campos Basin. That day, 175 people working on the P-36 – until then the world’s largest oil platform – when two explosions in one of the columns of the unit led to its list. Eleven workers died in the sinking and oil tankers, five days later, the platform sank, bringing 1.5 thousand tons of oil to the sea.

The biggest accident with fatalities in the Campos Basin until today affects negatively, but did not represent a ground zero in the renewal of policies for the prevention of accidents. Eleven years later, in March this year, Sindipetro/NF protested in three airports in the region in order to remember the date and call attention to the lack of safety of the offshore work.

Since 1998, 119 fatalities have been registered across the region, five of them in 2011. Most victims (85) were from outsourced companies that provided services and 44 were company’s employees. According to the Single Federation of Oil Workers (FUP), the category has wept the death of more than 300 coworkers - 37 of them on August 16, 1984, in the Enchova platform, in the Campos Basin - not to mention he “countless illnesses and mutilation. MACAÉ OFFSHORE 31


safety

Losses reach U$ 116 million in 2011, expert says In addition to the lives lost at sea, the major oil company in the country embitters high financial losses. Over the past 13 years, thirteen offshore units have already been restricted by security problems, an average of one per year. Only in 2011, interdictions of four platforms cause Petrobras not to earn US$116 million, according to estimates by the Dieese.

The P-15 platform stood for seven days; P-20 platform stood for 19 days; P-37 platform stood for ten days and Cherne-2 stood for 34 days. With this, the company failed to produce little more than a million barrels of oil — or 163 million liters — according to calculations by Dieese (Inter Union Department of Statistics and Economic Studies).

In March this year, Petrobras reported to Globo newspapers that the company has invested $ 5,2 billion in safety, environment and health last year. In a statement, Petrobras informs that it adheres to strict security standards and practices that allow the employee to stop production in case of doubt, and that the procedures adopted by the company fully meets the demands made by regulation agencies.

Underreporting still is an obstacle Sindipetro/NF warns that, despite the efforts, underreporting still remain as a practice, making it impossible to trace a real picture of the problem. Union data show that in 2009 there were 1,643 landings of workers caused by accidents, but only 238 were reported by companies. In 2010, there were 1,730 landings, but only 141 of them were reported. Armando Freitas Pinto, Director of Health, Environment and Work Safety of the Union, claims that companies often conceal incidents in order not to harm its operations, to avoid the generation of additional costs, fines and even bans of the platforms. On the other hand, he said, many workers do not make complaints to the Union out of fear of retaliation and harassment by firms. ANP, however, acknowledges that underreporting occurs, but, in most cases, only

in situations of risk, which do not generate accidents. For the Agency, hardly any data on serious injuries and fatalities are underreported. “Any unwanted incident that takes place inside of an oil rig, which has put a worker at risk, should be immediately reported, but unfortunately many times they are not informed in CATs, as a single slide or a case of gastroenteritis, putting at risk the health of workers,” says Armando. Before 2009, companies follow their own criteria to classify an incident and report it to the regulatory agency. For ANP, incident is any unwanted event that endangers workers or the environment. The Union representative says that Petrobras considers incident when the employee does not get hurt. “An example: a light bulb falls

off and the employee was not injured. For Petrobras, this is not an accident, which occurs when the employee gets hurts”, criticizes Armando. According to the Union, the simple fact of dropping a lamp over an employee is considered an accident. The HSE Manager of Petrobras in the Campos Basin disputes: “there is no small or big accident, there are just accidents”. According to Alex Célem, accidents involving the known ‘foreign body’, which can cause damage to the cornea and even blindness, cannot be left out of the statistics. “Any nuisance, even if it is because of disease, should also receive the treatment to prevent its aggravation and cause more serious consequences. The reporting of accidents does not evaluate, assessment is up to the doctor”, he guarantees.

Outsourcing and lack of training, the major villains A complex work environment, combined with the high rate of sub-contractors and with the lack of experience of workers, composes an explosive combination that generates results of alarming proportions. According to data from the Sindipetro/NF, there are currently 15 thousand Petrobras’ employees at the Campos Basin and other 45 third-party serving the company. With the growth of the oil industry in the country, especially in the drilling, companies began to outsource more activities to meet the timelines, which hinders the training courses and contributes to generate accidents, according to Sindipetro. The oil companies hire contractors without any experience, which 32 MACAÉ OFFSHORE

increases the risk of accidents, the Union states. Outsourcing, by the way, was cited as the major cause of accidents during the hearing held in Brasilia to evaluate offshore workers’ health conditions. For the Brazilian Institute of petroleum (IBP), the node is in the lack of training courses. The Congressman Dr. Aluízio (PV-RJ), author of the application of the debate, said that the solution to prevent accidents is in the qualification of outsourced workers. The Ministry of labor seeks to apply a conduct adjustment term with Petrobras to try to improve the situation of outsourced employees. Petrobras,

however, informs that the contractors for the supply of goods and services follow the same safety requirements. “All suppliers are subjected to specific contractual clauses. If there is failure to comply with any of them, the penalties provided for in the contractual instrument are applied “, informs the company, through its advisory services. Asked by Macaé Offshore on the amount of fines and penalties imposed on supplier companies, as well as about the companies that record the most accidents, Célem said he did not have data to present. Later, a spokesperson from Petrobras returned only some information about the company’s security policies.


safety

Different routines to own employees and to outsourced Working conditions on the platforms involve, in addition to confinement, work in shifts of 12 hours each day and night, alternately, during the same boarding period, seriously harming the establishment of an appropriate sleep/ wake rhythm for the total recovery of the worker for the resumption of the working day. The scheme of work and rest,

14 x 21 days for direct workers and 14 x 14, on average, to outsourced workers, is another aggravating. On the platforms, the workdays are heavy, and during free time, workers have access to game rooms, gyms, medical centers, restaurant, among other activities. But, unfortunately,

according to the Sindipetro-NF, working conditions for outsourced are different. “We are watching the companies to report facts that happen within the platforms. Some companies even make distinction until accommodation, putting workers in inhospitable situations, compromising the health of workers”, Armando denounces.

Petrobras blames lack of experience that generates ‘small oversights’ Oversights and distractions committed by the worker in the daily exercise of their activities are, to Petrobras, the main cause of accidents, and not the much criticized lack of qualification. “We have records of small accidents with people who are unfamiliar to the industrial environment, although they are qualified to perform the function. What means that it’s not by lack of qualification, but by disregarding safety

procedures. It is not enough to promote the qualification if the Professional does not have experience in the industrial area “, the company points out. He acknowledges that, with the increased pace of exploitation and production activities, many third party companies have to hire employees without experience in the offshore environment. For Célem, the biggest challenge is to

Campaign against distraction on platforms Because of the increase in cases of accidents caused, according to Petrobras, by small oversights and the lack of observance of safety procedures, the company decided to disclose along to its employees and also their outsourced workers a large awareness campaign on work-related accidents. The action was mainly focused at the Macaé’s Airport,

where about 1,2 thousand workers embark a day, on at least 200 flights bound to platforms in the Campos Basin. Recently, the company also produced an illustrating and ‘friendly’ booklet, with tips on safety, which was delivered to the entire workforce on board. Posters with the same concept were produced to be exposed in marine units.

Specific standards for offshore work All rules related to work safety shall be in accordance with the guidelines in Annex 2 of the NR -30, establishing the minimum safety and health requirements for work on board of platforms and support facilities for the exploration and production of oil and gas. SindiPetro-NF and the Single Federation of oil workers (FUP), through the joint work of HSE Group, created in 2011 to discuss with Petrobras, Federal Government, ANP, IBP, Navy, Ministry of labor and companies which are operating in the oil and gas exploitation, created a new Regulatory Standard, still without specific numbering

for security programs and health of workers working on the platforms. “The new NR will be much stronger than the Annex 2 of NR-30 we have today. It’ll become a law in Petrobras and in other companies. Lives are at stake and if preventive measures are taken and companies are audited, lives will be spared. We want to raise awareness of companies that the important thing is the safety”, says Armando Freitas Pinto, from Sindipetro-NF. For him, the new NR also represents an important movement for the growth of the labor market for professionals such safety technicians, nursing technicians, nurses, doctors, among others.

make the outsourced companies comply with contracts safety clauses. “The number of suppliers is too huge to control administrative questions. We have to know if the company is providing training as it should and we charge for review of training of its employees so it doesn’t happen again. If the cause is a contractual fault, it receives a penalty by the accident”, he added.

Attention at work: all care isn’t enough Fabrício Costa Fonseca, 42 years old, lost the phalanx of his right middle finger, crushed by a tube in an accident on Brasdrill’s vessel NS-21. “It is necessary to be very careful, since the moment you leave home for boarding, which is already stressful, to return home. All the time, 24 hours a day. No job is so important that it can be done without safety. We never believe that something will happen to us, but we have to be prepared for everything”, says Fabrício, who is at home license and wants to continue working in the offshore market.  The testimonials of this article were accident reports provided by SindiPetro-NF.

Confira no portal www.macaeoffshore.com.br

The actions of Unions and regulatory agencies to reduce accidents and initiatives and Petrobras’ iniciatives to reduce operational risks.

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Arte: Paulo Mosa Filho / Fotos: Agência Petrobras e Divulgação

E&P e meio ambiente: uma complexa

equação

Caso Chevron reacende debate sobre segurança operacional e pode se tornar um marco para as mudanças nas políticas ambientais voltadas para a exploração de óleo e gás no Brasil Por Brunno Braga

O

ano 2000 foi o mais trágico da história petrolífera no Brasil. Dois grandes vazamentos de óleo envolven-

do operações da Petrobras geraram comoção na opinião pública nacional. O primeiro, ocorrido em janeiro daquele ano, foi responsável pelo derramamen36 MACAÉ OFFSHORE

to de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, em virtude de um problema originado em uma das tubulações da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). O acidente causou estragos socioambientais de grandes proporções, afetando a vida de milhares de pessoas que moravam e trabalhavam

no entorno e trazendo ainda mais danos à já problemática situação da baía. Seis meses depois, mais precisamente na madrugada do dia 16 de julho, cerca de 4 milhões de litros vazaram da Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, no Paraná, levando estragos ao ecossistema


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local e prejudicando a atividade pesqueira nos rios da região. Nestes dois incidentes, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) multou a Petrobras em R$ 220 milhões, enquadrando a petrolífera em alguns artigos da Lei 9605/98, referente a crimes ambientais. Uma década e 22 acidentes depois – número contabilizado até a data de fechamento desta matéria – o fato é que foram verificadas algumas discussões e debates sobre o tema, mas pouco se avançou em políticas de prevenção. Foi preciso, então, a ocorrência do caso Chevron – empresa que em quatro meses protagonizou dois acidentes

‘Rio não quer ser banheira de óleo derramado’, adverte Minc Postura semelhante teve o secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc. Segundo ele, a Chevron acendeu um alerta vermelho. “Um só poço teve problemas, mas o pré-sal terá mil deles. Temos que aprender a lição”. No final de maio, a Secretaria de Estado de Ambiente (SEA) embargou o projeto de duplicação do Terminal da Baía da Ilha Grande (Tebig), solicitada pela Transpetro, braço logístico da Petrobras, sob a alegação de que o novo terminal traria riscos perenes à região. O projeto estava orçado em R$ 2 bilhões. “Para se avaliar os riscos de um acidente, é preciso ver três coisas: o tamanho do material lançado, o dano deste material no ambiente e seus reflexos nas atividades socioeconômicas. O Rio vai receber centenas de projetos em relação ao pré-sal e não queremos transformar nosso entorno uma banheira de óleo derramado”, considerou o secretário Minc, em entrevista exclusiva à Macaé Offshore (confira a íntegra na página 40).

com vazamento de óleo no campo de Frade, na Bacia de Campos, totalizando 2,4 mil barris de petróleo lançados ao mar – para que várias frentes para o debate em torno da questão da segurança operacional fossem encaradas. O fato é que temas como fiscalização, penalidades e, até mesmo, acusações de tratamento diferenciado para empresas estrangeiras que operam no Brasil foram ganhando destaque nos últimos meses. E, para representantes do Governo brasileiro, os incidentes de novembro de 2011 e de março deste ano servirão para que o futuro das atividades de exploração e produção seja norteado por movimentos cada vez

mais rígidos no que diz respeito às falhas operacionais. No começo de junho, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, encaminhou ao Ministério de Minas e Energia proposta com elevação das penalidades, que podem chegar a R$ 150 milhões. A ideia é aumentar as multas de cerca de R$ 2 milhões para até R$ 30 milhões, com a possibilidade de a penalidade ser multiplicada cinco vezes, o que elevaria o valor até o teto de R$ 150 milhões. Magda também criou um departamento específico para a preservação do meio ambiente (veja na entrevista exclusiva na página 14.)

Demora no aviso das operadoras e falta de programas de monitoramento Até que ponto tais declarações se traduzirão em ações concretas que previnam ou minimizem os efeitos de um grave acidente ainda soa como uma incógnita. Afinal, multas pesadas podem fazer com que haja mais políticas de ações ambientais mais responsáveis por parte das empresas, mas somente elas não são suficientes. É o que afirma o oceanógrafo David Zee (foto ao lado), um dos mais respeitados especialistas do País, que atua como professor de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e de Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA). “Apesar de aplaudir a postura da ANP, eu vejo que deve ser dada atenção maior à prevenção. Eu verifico que há deficiências na fiscalização e no monitoramento. A pressão da produção está cada vez maior no Brasil e vejo que as políticas de prevenção não estão acompanhando isso”, comenta. Para David Zee, as atuais mudanças climáticas tornam o ambiente marinho muito mais perigoso. Além disso, segundo o oceanógrafo, a falta de transparência representa grande obstáculo para que se possa avançar na questão ambiental nas

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atividades petrolíferas. “Hoje, para saber a respeito do vazamento, dependemos da operadora, que pode demorar na resposta. Em apenas 48 horas, cerca de 40% do óleo derramado é diluído no mar. Faltam programas de monitoramento paralelos“, alerta o professor. Contudo, David Zee admite que somente o Governo não será capaz de dar toda a cobertura necessária para que haja políticas de prevenção eficientes. “As empresas precisam também investir em centros de pesquisas de prevenção. Da mesma forma, as universidades precisam desenvolver centros do tipo”, recomenda. MACAÉ OFFSHORE 37


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Petrobras: investimento em modernas práticas de segurança O que as operadoras têm a dizer sobre a situação corrente na qual a segurança ambiental ganha grande relevância? Maior operadora petrolífera em águas profundas no mundo, a Petrobras garante que a sua política de prevenção está perfeitamente adequada à legislação ambiental exigida. Após a grande repercussão do caso Chevron e do vazamento de 160 barris de petróleo no campo Carioca Nordeste, na área do pré-sal na Bacia de Santos, em janeiro deste ano, a presidente da companhia, Graça Foster, criou um grupo de trabalho para identificar as melhores práticas de segurança, visando a alcançar a meta de vazamento zero - um exemplo dos avanços na Petrobras. Em nota à Macaé Offshore, a empresa informa que “trabalha preventivamente para que não ocorram acidentes e executa robusta política de segurança operacional e de elevado rigor técnico nos aspectos relacionados à segurança ambiental”. Em relação à exploração no pré-sal, a empresa promete incorporar a experiência acumulada na perfuração de poços ao longo dos anos. “Os equipamentos utilizados pela Petrobras no pré-sal e nos outros campos da costa

Agência Petrobras

Graça Foster criou um grupo de trabalho para identificar as melhores práticas de segurança, visando a alcançar a meta de vazamento zero Grace Foster created a working group to identify security best prac-tices aimed at achieving the goal of zero leakage

brasileira estão totalmente de acordo com as mais modernas práticas de segurança da indústria”, assegura. A direção da petrolífera brasileira conta, ainda, por intermédio da sua assessoria, que a gerência executiva de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde elabora as políticas, diretrizes e padrões de gestão relacionados à forma como essas atividades devem ser desenvolvidas pela

companhia. “Nas unidades de operação da Petrobras, as gerências locais implementam os programas e ações nessas atividades, como os Planos de Ação em Emergências e Planos de Contingência; promovem o monitoramento das operações da unidade quanto às exigências dos órgãos governamentais para assuntos de SMS e obtêm o licenciamento ambiental para os empreendimentos da unidade”, detalha a Petrobras.

Shell estabelece Meta Zero para evitar danos A Shell, segunda operadora com mais ativos no Brasil, atesta que também possui políticas claras e processos padronizados em vários aspectos de sustentabilidade, desde a saúde e segurança do quadro funcional da companhia até o cuidado com o meio ambiente, passando por aspectos de performance social. Por nota, a Shell informa que todas as empresas e joint ventures controladas por ela têm que gerir segurança e impacto ambiental segundo sua Política e Compromisso de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSSE) e Performance Social (PS). 38 MACAÉ OFFSHORE

“Com base em sua política de ‘Meta Zero’, que visa a evitar qualquer dano às pessoas ou ao meio ambiente, o compromisso da Shell para ter alto desempenho em HSSE é uma das prioridades para suas atividades no Brasil. A Shell tem operado na exploração e produção de petróleo e gás no país há mais de dez anos sem impacto significativo para o meio ambiente”, frisa a diretoria da empresa, em nota à Macaé Offshore. A empresa acrescenta que busca ter um relacionamento transparente

com a ANP. “Entendemos que a legislação brasileira está alinhada com os padrões mundiais, considerando a participação ativa da ANP no IRF – International Regulation Forum. A Shell tem como obrigação e política manifestar sua posição sobre qualquer tema que afete suas atividades e a nossa Diretoria de Relações com Governo sempre manteve um diálogo produtivo com a ANP e os outros órgãos responsáveis pelas definições de regras nas questões ambientais e de segurança operacional”.


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‘Benchmark de bom comportamento ambiental’, diz Magda Não se discutem a importância do aumento das penalizações e o discurso em torno de mais fiscalização. No entanto, os desdobramentos do caso Chevron, que chegou a ser tratado na esfera criminal, estão fazendo com que analistas domésticos e internacionais considerem que está sendo criado no

Brasil um ambiente hostil às empresas estrangeiras. A declaração do secretário Carlos Minc dá subsídios a esse pensamento:

tecnologias cada vez mais preventivas. A

“A lei permite que empresas estrangeiras explorem petróleo, mas não somos uma ‘república de bananas’, somos a sétima economia do mundo e queremos

nas últimas entrevistas concedidas pela

Chevron não operou nas condições de confiança que lhe foram outorgadas”. A mesma assunção pode ser observada diretora-geral da ANP: “Queremos que o caso Chevron seja um benchmark de bom comportamento ambiental”.

Mídia internacional reage em favor da Chevron A revista semanal Bloomberg Business Review publicou, na sua edição de 14 de maio, matéria de capa sobre a postura política observada no Brasil contra a empresa americana quanto à possibilidade de aplicar pesada multa. Alegando que o acidente é proporcional ao risco que envolve o processo de E&P em alto-mar e que a Chevron e a Transocean – prestadora de serviço contratada pela companhia americana para operar a sonda Sedco 706, que perfurava na área – agiram de forma correta para a mitigação dos prejuízos causados pelos acidentes. A matéria coloca, ainda, a ideia de uma possível estratégia política de garantir à Petrobras a primazia para explorar o pré-sal. “Frade levantou questões sobre se o Brasil iria afastar petrolíferas estrangeiras das atividades de exploração do fundo do mar. Esta noção de prosperidade fácil, vista no Brasil, impulsionou a elaboração de legislação nacionalista que exige que a Petrobras, única operadora do pré-sal, tenha todos os reservatórios estratégicos e, pelo menos, 30% dos projetos”, afirma a revista, ao longo das seis páginas da matéria.

Divulgação/ANP

A Chevron divulgou nota afirmando que nenhum óleo atingiu a costa do Brasil Chevron issued a statement saying that any oil has reached the coast of Brazil

Ainda em sua defesa, a Chevron divulgou nota na qual afirma que “a fonte do vazamento foi contida em quatro dias. O monitoramento contínuo da área do incidente não mostra nenhum impacto perceptível ambiental para a vida marinha ou para a saúde humana. Nenhum óleo atingiu a costa do Brasil”. Procurada pela Macaé Offshore, a Chevron não quis se manifestar. Além da Bloomberg, algumas fontes ouvidas pela Macaé Offshore disseram que esses

movimentos podem gerar problemas para a produção de petróleo no pré-sal, uma vez que, sozinha, a estatal brasileira não conseguirá extrair todo o potencial existente. “O Brasil ainda precisa amadurecer. O episódio envolvendo uma empresa estrangeira é ideal para que possamos elaborar estratégias maduras que conjuguem preservação ambiental e desenvolvimento, sem ser preciso demonizar as companhias que tenham matrizes em outros países”, afirma uma alta fonte governamental do setor.

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Sem ‘moleza’ para brasileiros e estrangeiros

Marcello Casal Jr/ABr

A crítica quanto à postura excessiva contra a petrolífera americana é rebatida pelos tecnocratas brasileiros. Segundo Minc, a cobrança por mais responsabilidade ambiental não mira somente as empresas estrangeiras. “Não estamos sendo rigorosos só com a Chevron. Dissemos não ao empreendimento da Transpetro, de duplicação do Terminal da Baía de Angra. Impusemos à Reduc um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de R$ 1,8 bilhão, o maior valor de compromisso ambiental já firmado. Então, aqui não tem ‘moleza’ nem para estrangeiros, nem para brasileiros”. Já Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, afirma que não terá qualquer constrangimento em obrigar a paralisação de produção da Petrobras e aplicação de multas pesadas à estatal brasileira, caso ela seja responsável por acidentes ao longo da costa ou em outras localidades no Brasil. “Já paramos plataformas da Petrobras”, ressalta.

Carlos Minc, secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro Carlos Minc, the state department of environment of Rio de Janeiro

CINCO MINUTOS com Carlos Minc Secretário estadual do Ambiente diz que, apesar de dizer ‘não’ a inúmeros empreendimentos, Rio supera São Paulo como principal destino de investimentos

‘Queremos desenvolver sem degradar’ Por Brunno Braga

C

arlos Minc é um dos rostos mais conhecidos da área ambiental no Brasil. Ex-ministro do Meio Ambiente no Governo Lula e

atual titular da pasta no Rio de Janeiro, Minc nega que a Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) seja um freio para o desenvolvimento do setor de óleo e gás. De fato, ele tem pela frente o desafio de

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coordenar políticas de preservação ambiental no estado onde o pré-sal e outros investimentos de peso começam a pulular, revelando o interessante momento da economia fluminense.

os interesses econômicos não sejam

Para isso, Minc afirma que tem buscado alinhamento com as pastas voltadas para o desenvolvimento e, dessa forma, conseguir alcançar níveis nos quais

6 mil. Em uma rápida entrevista concedi-

prejudicados. Para ele, uma das provas de que esse processo está funcionando bem é o grande número de licenças ambientais concedidas em 2011 – cerca de da à Macaé Offshore, na sede da SEA, no Centro do Rio, Minc falou sobre esse e outros assuntos.


1 - Como a SEA está recebendo os inúmeros pedidos de licenciamento ambiental para as empresas que querem se instalar no Rio de Janeiro? Estamos recebendo muito bem. Em 2011, o Inea (Instituto Estadual de Meio Ambiente, órgão subordinado à SEA), concedeu três mil licenças. Além disso, descentralizamos o licenciamento ambiental para empreendimentos de pequeno e médio porte para 44 prefeituras, e conseguiu-se, por meio disso, mais três mil licenciamentos. Então, concedemos, no ano passado, cerca de 6 mil licenciamentos ambientais. 2 – A demora na aprovação dos projetos sempre foi uma reclamação dos investidores. Esta etapa tem demorado muito? Um importante ponto a ser ressaltado é a celeridade no processo. Antes, para o licenciamento de empreendimentos de grande porte, levavam-se três anos. Hoje, esse tempo de espera caiu para um ano e meio. Então, a questão ambiental que antes era um fator de desgaste e afastamento de grandes empresas e negócios passou a se tornar um ponto de atratividade. 3 - Recentemente, a SEA determinou que o setor de óleo e gás sofrerá um rigoroso processo de acompanhamento e até embargo de atividades. O senhor não acha que isso pode prejudicar muitos empreendimentos e afetar o combate à pobreza e a geração de renda?

Os riscos existentes dentro da Exploração e Produção se dão em função da frequência. Mais movimentação, maior probabilidade. Contudo, temos que enfrentar a pobreza e gerar emprego e esse setor é multiplicador de renda. Quando fui ministro do Meio Ambiente, solicitei a 14 universidades federais a confecção de atlas que avaliavam a sensibilidade do litoral brasileiro face ao óleo. Foram dois anos para que esse projeto ficasse pronto. Então, pergunto: qual o sentido de se investir em planejamentos deste tipo e, depois, não levar em conta esses estudos feitos para fazer valer interesses econômicos e políticos? É preciso que fique claro que quem manda nas áreas costeiras é o planejamento público e não as empresas. Apesar de dizer não a inúmeros empreendimentos, estamos conseguindo gerar empregos e passamos São Paulo como principal estado do Brasil a atrair investimentos. 4 - Então, a preocupação ambiental não conflita com o desenvolvimento econômico? De forma alguma. Mas queremos desenvolver sem degradar o meio ambiente. Pegue o exemplo do projeto de duplicação do Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), solicitado pela Transpetro. Ele era um empreendimento que, segundo uma comissão formada por três secretarias estaduais, representava grandes riscos ambientais à região. O Rio de Janeiro possui três baías e duas delas – Guanabara e Sepetiba – estão altamente degradadas. Estamos gastando uma fortuna para recuperar

essas baías e não queremos que a mais preservada sofra com possíveis acidentes de óleo. Queremos que esse empreendimento fique no Rio e há inúmeras regiões onde ele pode se instalar, respeitando as condições ambientais existentes. Mas o Tebig não foi um caso isolado. Não concedemos, também, licença ambiental para outros projetos da área de óleo e gás, como a criação de um porto offshore em Arraial do Cabo. 5 – E quanto às licenças concedidas ao setor de óleo e gás no Estado? Concedemos licença para empreendimentos considerados polêmicos do ponto de vista ambiental, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e o Porto do Açu. No caso do Comperj, muitos ambientalistas nos criticaram, alegando que o complexo está localizado muito próximo à Baía de Guanabara. Mas, para concedermos a licença, estabelecemos condições bastante rigorosas. Já em relação ao licenciamento ambiental para as obras do Porto do Açu, localizado numa região degradada economicamente e para o qual também exigimos, como contrapartida, programas de preservação bastante rigorosos, as reclamações surgiram das duas partes – do empresariado e dos ambientalistas. Mas entendo que esse é um processo natural. Quando estamos analisando a concessão de licenças, estamos mexendo com interesses dos dois lados. É legítimo que pessoas queiram projetos de desenvolvimento econômico nas suas regiões. Por isso, repito, queremos que a economia se desenvolva, mas sem degradar a biodiversidade e o ecossistema do nosso estado. MACAÉ OFFSHORE 41


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E&P and the environment: a complex

equation

The Chevron case reignites the debate on the operational safety and may become a framework for changes in the environmental policies aimed for oil and gas exploitation in Brazil

By Brunno Braga

T

he year 2000 was the most tragic of the oil history in Brazil. Two major oil spills involving Petrobras’ operations generated some uproar in the national public opinion. The first one took place in January that year, being responsible for spilling 1,3 million liters of oil into the Guanabara Bay, due to a problem originated in one pipeline in the Duque de Caxias Refinery (Reduc). The accident caused huge socio environmental damages affecting the lives of thousands of people who lived and worked in the surrounding areas and brining even more damages to the troubles situation of the Bay. Six months later, more precisely early in the morning on July 16, approximately 4 million of liters leaked from the Getúlio Vargas Refinery, in Araucária, Paraná, leading to damages to the local ecosystem and harming the fishing

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activity in the rivers of the region. In both accidents, Ibama (Brazilian Environment Institute and Renewable Resources) fined Petrobras in R$ 220 million, framing the oil company in some Clauses of the Law 9605/98 (about Environmental Crimes). One decade and 22 accidents later – this number is accounted until the closing date of this issue –, the fact is that some discussions and debates on the matter have occurred, but there has been so little progress in terms of prevention policies. The Chevron Case, a company which starred in two accidents in four months with oil leakage at Campo do Frade, with 2,4 thousand barrels of oil thrown to the ocean, was necessary so the debates about operational safety could be faced. The fact is that issues such as enforcement, penalties, and even accusations of different treatment for foreign

companies that operate in Brazil, have been outlined in the last months. For representatives of the Brazilian government, the incidents occurred on November of 2011 and on March of 2012 will be important so that the future of exploitation and production activities is guided by more strict movements regarding operational failures. In the beginning of June, ANP’s General Director, Magda Chambriard, submitted to the Ministry of Mines and Energy a proposition with increase of penalties, which can reach R$ 150 million. The idea is to increase penalties from about R$ 2 million up to R$ 30 million, with the possibility of “aggravating” the penalty five times, which would elevate the amount to the limit of R$ 150 million. Magda has also created a specific department for the preservation of the environment. (See interview on page 18.)


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‘Rio does not want to be a bathtub filled with spilled oil’, Minc warns Carlos Minc, the state department of environment of Rio de Janeiro, holds the same attitude. According to him, Chevron lit a red alarm. “Only one well had problems, but the pre-salt will have a thousand of them. We must learn our lesson”. By the end of May, the State Department of Environment (SEA) embargoed the Project of duplication of the Ilha Grande Bay Terminal, requested by Transpetro (logistics branch of Petrobras), under the allegation according to what the new terminal would bring permanent risks to the region. The project was budgeted at R$ 2 billion. “In order to assess the risks of accidents three things must be considered: the size of the launched material, the damage that it can cause to the environment e its reflections over socio economical activities. Rio will receive hundreds of projects related to pre-salt and we don’t want to transform our entourage into a bathtub filled with spilled oil”, the secretary considered, in an exclusive interview to Macaé Offshore on page 45.

Delay in the notice of operators and lack of monitoring programs To what extent such statements shall be translated into concrete actions to prevent or minimize the effects of a serious accident still sounds as unknown. After all, heavy fines may have more to do with more responsible environmental action policies, but they alone are not enough. That’s what the oceanographer David Zee, one of the most respected experts in the country, says. He is a professor of oceanography at the State University of Rio de Janeiro (UERJ) and a professor of environment at the University Veiga de Almeida (UVA).

To David Zee, currently climate changes make the marine environment much more dangerous. Besides, according to the oceanographer, the lack of transparency represents a major obstacle for us to progress on the environmental matter related to oil activities. “Today, to know about any leakage, we depend on the operator, which can take a long time for an answer. In just 48 hours, about 40% of the spilled oil is diluted in the sea. There is a lack of parallel monitoring programs“, the professor alerts.

“Despite applauding the ANP’s position, I understand that a greater attention should be given to prevention. I see that there are deficiencies in the surveillance and monitoring. The pressure for production is increasing in Brazil and I see that prevention policies are not following it”, he comments to Macaé Offshore.

However, he admits that only the Government won’t be able to provide the necessary coverage for the existence of efficient prevention policies. “Companies also need to invest in centers of research and prevention. Similarly, universities need to develop this kind of centers”, he recommends.

Petrobras: investment in modern safety practices What do operators have to say about the current situation in which the environmental safety gains major relevance? The largest oil operator in deep water in the world, Petrobras ensures that its policy of prevention is perfectly suited to the required environmental legislation. After the great impact of the case and the Chevron spill of 160 barrels of oil in the Nordeste Carioca, in the pre-salt Santos Basin, in January, the company president, Grace Foster, created a working group to identify security best practices aimed at achieving the goal of zero leakage. This is one example of progress in Petrobras.

In a note to Macaé Offshore, the company informs that “it works preventively in order to avoid accidents and it also runs a robust and highly technical operational safety policy concerning aspects related to environmental safety”. In relation to the exploitation of pre-salt, the company promises to incorporate the accumulated experience in drilling along the years. “The equipment used by Petrobras in the pre-salt layer and in the other fields of the Brazilian coast fully complies with the most modern safety practices in the industry. The board of the oil company also tells that the executive management of

Safety, Environment, Energy Efficiency and Health elaborates the policies, guidelines and safety standards related to the way how these activities shall be developed by the company. “In the operation unities of the company, the local managements implement the programs and actions for these activities, such as the Action Plans for Emergencies and Contingency Plans, promote monitoring of operations of the unit as to requirements from government agencies for HSE business and obtain environmental licensing for the unit enterprises”, Petrobras details.

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Shell establishes Target Zero to avoid damages Shell, the second operator with the most assets in Brazil, certifies that it also has clear policies and standardized processes in various aspects of sustainability, ranging from health and safety of the staff of the company to care for the environment, going through aspects of social performance. By means of a note, the company states that all firms and joint ventures controlled by Shell have to manage safety and environmental impact according to its Policy and Commitment for Health, Safety

and Environment (HSSE) Social Performance (SP).

and

“Based on its ‘Target Zero’ policy which aims at avoiding any damages to people or to the environment, Shell’s commitment to have a high HSSE performance is one of the priorities for its activities in Brazil. Shell has been operating in oil and gas exploitation and production for over 10 years without any significant environmental impact”, the company’s board outlines through a note to Macaé Offshore.

The company adds that it seeks to have a transparent relationship with ANP. “We understand that the Brazilian legislation will be aligned with the global standards, considering the active participation of ANP in the IRF – International Regulation Forum. Shell has both as an obligation and as a policy to manifest its position on any issue affecting its activities, and our Government Relations Department has always maintained a productive dialogue with the ANP and other bodies responsible for setting rules on environmental and operational safety”.

‘Benchmark of good environmental behavior’, says Magda There is no question on the importance of increased penalties and the discourse around more supervision. However, the ramifications of the Chevron case, which came to be treated within criminal sphere, lead to considerations according to which a hostile environment in Brazil towards foreign

companies is being created. The statement by Secretary Carlos Minc gives subsidies to this thought: “Law allows foreign companies to exploit oil, but we are not a ‘Banana Republic’. We are the seventh largest economy in the world and we want

International Media reacts in favor of Chevron Within this perspective, the weekly magazine Bloomberg Business Review published in its issue of May 14 a cover article about the political strategy observed in Brazil against the American company concerning the possibility of a heavy fine, alleging that the accident is proportional to the risk involved on the offshore E&P processes and that Chevron and Transocean, service provider hired by the American company to operate the rig Sedco 706, which drilled in the area, acted correctly to mitigate damages caused by the accidents. The article also conveys the idea of a possible political strategy to ensure to Petrobras the primacy of the pre-salt exploitation. “Frade raised questions whether Brazil would rule out foreign oil companies from deep water exploitation activities. This notion of easy prosperity (seen in Brazil) stimulated the development of nationalist legislation that required that Petrobras, the only operator of pre-salt, to have at least 30 per cent of the projects. 44 MACAÉ OFFSHORE

Also in self-defense, Chevron issued a statement saying that “the source of the leak was contained in four days. Continuous monitoring of the area of the incident shows no discernible environmental impact to marine life or human health. Any oil has reached the coast of Brazil.” Asked by Macaé Offshore, Chevron declined to comment. In addition to Bloomberg, some sources consulted by Macaé Offshore said that these movements may create problems for oil production in the presalt, since the Brazilian state company can’t exploit all the existing potential by itself. “Brazil is yet to mature. The episode involving a foreign company is ideal for us to elaborate mature strategies that can gather environmental preservation and development, without the need for demonizing the companies that have headquarters in other countries”, a government authority specialized in this segment affirms.

more preventive technology Chevron did not operate under the conditions of trust that have been granted. “The same assumption can be seen in the last interviews given by the general director general of ANP: “We want the Chevron case to become a benchmark of good environmental behavior”.

No ‘sluggishness’ either for Brazilians and foreigners The criticism regarding the strict position against the American oil company is refuted by Brazilians technocrats. According to Minc, the charge for more environmental responsibility does not target only foreign companies. “We are not only being strict with Chevron. We said no to the Transpetro’s enterprise of duplicating the Angra Bay Terminal. We imposed at a Reduc a Term of Conduct Adjustment (TAC) worth $1,8 billion, the highest amount related to an environmental agreement already signed. So, here there is no ‘sluggishness’ for Brazilians or foreigners. On the other hand, Magda Chambriard, general director of ANP, affirms that she won’t have any constraints to force Petrobras to have a production stoppage and to apply heavy fines to the Brazilian company if it is responsible for accidents along the coast or in other places in Brazil. “He have already stopped Petrobras’ platforms before”, she outlines.


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FIVE MINUTES with Carlos Minc State Secretary of the environment says that, despite saying no the numerous ventures, Rio overcomes São Paulo as the main state in Brazil to attract investments

‘We want to grow without degrade’

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he State Secretary of the Environment in Rio de Janeiro, Carlos Minc, is one of the best-known faces of the environmental area in Brazil. Former Minister of Environment in Lula’ government, Minc denies that the State Department of Environment (SEA) is a brake for the development of the oil and gas sector in the State. In fact, he has the

challenge of coordinating environmental preservation policies in the state in which the pre-salt layer and other heavy investments begin to abound, revealing the interesting economy of Rio de Janeiro.

1 – How is SEA receiving numerous requests of environmental licensing for companies who want to settle in Rio de Janeiro?

The existing risks within the exploitation and production originate from frequency. The more we move, the greater the likelihood of something. However, we have to fight poverty and generate employment and this sector is a multiplier of income. When I was the Minister for the Environment, I requested 14 federal universities to produce an atlas that evaluated the sensitivity of the Brazilian coast to oil. It took two years for this project to be ready. So, I ask: what’s the point of investing in such plans and, later, not take these studies into account so to enforce economic and political interests? It must be made clear that the boss in coastal areas is the public planning sector, not companies. Despite saying no to numerous ventures, we are being able to generate jobs and we overcame São Paulo as the main State of Brazil to attract investments.

We are receiving them very well. In 2011, the Inea (National Institute for the Environment), an organ that is subordinate to the SEA) granted 3,000 licenses. In addition, we decentralized environmental licensing for small and medium-sized ventures for 44 municipalities, therefore three thousand more licenses were granted. So, last year we got about 6 thousand environmental licenses.

2 – The delay in the approval of projects has always been a complaint of investors. Has this step been taking long? An important point to be emphasized is the speed in the process. Before, it used to take three years for large enterprises to get licensing. Today, this time is a year and a half. Then, the environmental issue that was a factor of wear and removal of large corporations and business went on to become a point of attraction.

3 – Recently, it has been observed that the oil and gas sector will undergo a rigorous monitoring and even ban activities. Don’t you think that this can harm many ventures and affect the war against poverty and income generation?

In order to do this, Minc says he has been seeking alignment with development-oriented folders and, thus, to achieve

4 – So, doesn’t the environmental concern conflict with economic growth?

Somehow it does. But we want to develop without degrading the environment. Take the example of the project of duplicating the Bahia de Ilha Grande Terminal (Tebig) requested by Transpetro. It was a venture that, according to a Committee formed by the three secretariats, represented major environmental risks to the region. Rio de Janeiro has three bays and two of them Guanabara and Sepetiba – are highly degraded. We are spending a fortune to retrieve these bays and we do not want the

levels at which the economic interests are not adversely affected. For him, one of the proofs that this process is working well is the large number of environmental licenses granted in 2011 – about 6 thousand. In a quick interview to Macaé Offshore, at the headquarters of the Secretariat, downtown Rio, Minc spoke about that and other issues. preserved ones to suffer with possible oil accidents. We want this project to remain in Rio, and there are many regions where it can be installed, respecting the existing environmental conditions. But the Tebig was not an isolated case. We didn’t grant environmental license for other projects in the area of oil and gas, such as the creation of an offshore port, in Arraial do Cabo either.

5 – What about the permits granted to the oil and gas sector in the state? We granted license to projects considered controversial from an environmental point of view, as the Comperj (Rio de Janeiro petrochemical complex) and the port of Açu. In the case of Comperj, many environmentalists have criticized us, claiming that the complex is located very close to the Bay of Guanabara. But, for granting the license, we have quite strict conditions. As for the environmental license granted to the construction works of the port of Açu, located in a region economically degraded and that we also required, as a counterpart, fairly strict preservation programs, complaints emerged from two sides – the business community and environmentalists. But I understand that this is a natural process. When we are analyzing the granting of licenses, we mess with interests from both sides. It is legitimate that people want economic development projects in their regions. So, I repeat, we want the economy to flourish, but without degrading the biodiversity and the ecosystem of our state. 

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GESTÃO

Arte: Paulo Mosa Filho

Para Julianna Antunes, da Agência de Sustentabilidade, os avanços estão ocorrendo no setor de petróleo e gás, mas eles devem ser permanentes To Julianna Antunes, from the Sustainability Agency, progress is taken place in the oil and gas business, but they should be permanent

Ser ou não ser eis a questão!

sustentável,

O que as empresas do setor de petróleo e gás estão fazendo para se tornarem mais sustentáveis? Por Flávia Domingues e Rosayne Macedo

O

petróleo, uma das principais fontes de energia no mundo, continua a apresentar números crescentes. Os combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural ainda representam grande parte da matriz energética mundial, mas o

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que já se sabe é que, no futuro, a dependência maior será de fontes alternativas. Como um setor considerado um dos grandes vilões do aquecimento global do planeta, gerador de impactos socioambientais, lida com a questão da sustentabilidade? Como separar o que é ma-

rketing verde do que são, de fato, ações sustentáveis, considerando-se a acepção da palavra, com base nos pilares econômico, ambiental e social deste conceito que se tornou a ‘menina dos olhos’ não só nos discursos corporativos, mas em seus planejamentos estratégicos?


GESTÃO

Para Julianna Antunes, da Agência de Sustentabilidade, consultoria especializada no planejamento e implementação de soluções voltadas para a sustentabilidade de empresas e cidades, os avanços estão ocorrendo no setor de petróleo e gás, mas eles devem ser permanentes. Segundo ela, independentemente da Rio+20 – a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que movimentou o Rio de Janeiro nas últimas semanas – o desafio da indústria do petróleo e gás é enorme e permanente.

“Os impactos ambientais são altíssimos, bem como o risco de acidentes”, afirma Julianna. Para ela, as empresas precisam investir muito em sustentabilidade não só apenas do ponto de vista da mitigação, que é obrigação por lei, mas também inserir boas práticas no dia a dia do negócio. “Está aí o grande desafio de empresas desse segmento: fazer de fato o que apenas falam. Se são empresas de energia, que haja investimento em energia sustentável, renovável e menos impactante”, complementa.

Sustentabilidade como estratégia de negócio A Petrobras dá o exemplo e integra pelo terceiro ano consecutivo o Global 100, ranking anual das 100 empresas mais sustentáveis do mundo. A companhia subiu sete posições em relação ao ano passado e alcançou a 81ª posição do ranking. O Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) também é parte das estratégias para os caminhos da sustentabilidade. Há seis anos consecutivos, a Petrobras integra o que é considerado o mais importante termômetro para medir as práticas sustentáveis corporativas. O índice avalia o desempenho econômico, social e ambiental de mais de 300 empresas.

No setor de petróleo e gás, a Petrobras apresentou significativa melhora no indicador de refino/combustíveis limpos, alcançando uma avaliação bem acima da média do setor como resultado dos investimentos no refino efetuados pela companhia para melhoria da qualidade dos combustíveis produzidos. Também deve ser destacada a avaliação de outros quesitos como política ambiental, impactos sociais nas comunidades, biodiversidade, estratégia climática e informações fornecidas sobre as iniciativas sustentáveis da companhia e sua relação com a geração de valor para os acionistas.

Um ‘olhar para dentro’ Para Julianna Antunes, o princípio básico para a empresa se tornar mais sustentável seria ‘olhar para dentro’ da própria organização, antes de investir em campanhas de marketing e comunicação para divulgar suas ações para a sociedade em geral. “As empresas devem olhar os processos, principalmente

os produtivos. Esqueça a comunicação, esqueça a propaganda. Veja como a empresa trata os funcionários, como se relaciona com fornecedores, com a sociedade, como ela faz a gestão dos recursos naturais, como ela busca a eficiência operacional, como ela lida com os resíduos”, afirma.

Viés social dá visibilidade às ações O relacionamento com a comunidade é um dos pilares mais valorizados quando o assunto é sustentabilidade nas empresas de óleo e gás e não se restringe apenas a ações antes vistas como filantrópicas. Em toda a cadeia produtiva do setor, incluindo a indústria naval offshore, diversas experiências positivas vêm sendo disseminadas, especialmente na região da Bacia de Campos. Um exemplo é a OSX, braço do grupo EBX, responsável pela construção do maior estaleiro das Américas, no Complexo Industrial do Superporto do Açu. Além dos programas de qualificação profissional previstos para a Região Norte Fluminense, em parceria com o Senai Rio, como apresentado na edição anterior de Macaé Offshore, a empresa prioriza o desenvolvimento da região onde está sendo instalada sua Unidade de Construção Naval. A companhia patrocina iniciativas como campanhas de educação no trânsito, programa de fornecimento de pequenos agricultores locais e campanhas de educação socioambiental em escolas públicas locais, já em execução na região. “Essas ações mostram o comprometimento da OSX com a comunidade local em criar oportunidades de inserção no mercado de trabalho, possibilitar o crescimento profissional e melhorar a qualidade de vida na Região Norte Fluminense. Estes pilares são fundamentais para que o trabalhador se sinta motivado a permanecer na região”, esclarece o novo diretor de Construção Naval da OSX, Danilo Baptista. 

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MANAGEMENT

To be or not to be

sustainable, that’s the question! What the oil and gas companies are doing to become more sustainable By Flávia Domingues and Rosayne Macedo

O

ne of the main sources of energy in the world, oil still presents increasing figures. The fossil fuels (coal, oil and natural gas) still represent a major part of the world’s energy matrix. But what is already known is that, in the future, there will be a more significant dependence on alternative energy sources. How does an industry, which is considered one of the major villain of the global warming in the planet and generator of considerable socio and environmental impacts, cope with the issue of sustainability? How to separate which is green market and which are really sustainable actions, considering the sense of this word, based on the economic, environmental and social pillars of the concept which has become the ‘apple of the eyes’ not only of corporate speeches but also in their strategic planning? To Julianna Antunes, from the Sustainability Agency, a consultancy company specialized on planning and implementing solutions for the sustainability of companies and cities, progress is taken place in the oil and gas business, but they should be permanent. According to her, regardless of

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Rio+20 (the United Nations Conference on Sustainable Development, which has moved Rio de Janeiro in the last weeks), the challenge for the oil and gas industry is huge and lasting. “The environmental impacts are very high, as well as the risks of accidents”, Juliana affirms. To her, companies need to invest a lot in sustainability

not only in terms of mitigation, which is required by law, but also to insert good practices in the day-to-day of business. “That is the great challenge of the companies on this business: actually do what they talk about. Weather they are energy companies, then let’s have investment in sustainable, renewable and less harmful energy”, she complements.

Sustainability as a business strategy Petrobras, for example, integrates the Global 10 - the annual ranking of the 100 most sustainable companies in the world - for the third year in a row. The company has ascended seven positions compared to last year and has reached the 81st position of the ranking. The Sustainability Dow Jones Index (DJSI) is also part of the strategies for the sustainability paths. For six consecutive years, Petrobras integrates what is considerate the most important thermometer to measure the corporate sustainable practices. The index assesses the economic, social and environmental performance of more than 300 companies.

As for the oil and gas business, Petrobras presented a significant improvement concerning the indicator of clean refining/fuel, reaching a higher average evaluation of the sector as the result of investments on refining made by the company aiming to improve the quality of the produced fuels. It must also be highlighted the assessment of other topics: environmental policy, social impacts on communities, biodiversity, climate change strategy and information provided about the company’s sustainable initiatives concerning the generation of value for stockholders.


MANAGEMENT

Clean technology represents more profits Social and environmental responsibility is still considered important, although it is not the primary motivator for the adoption of cleaner practices in companies. A recent research produced by the International Business Report (IBR), by Grant Thornton, in 2012, signalizes that the growing of the Clean Technology industry is motivated not only by the “green Market” wave, but mostly by reduction of taxes, increase of profits, and by the possibility of receiving some kind of benefit from the government. The research has been produced in Japan, Philippines, Germany, Armenia, China, India and Brazil. Over a half (52%) the world’s businessmen have adopted clean technology to reduce costs, and 45% to increase productivity. “We aren’t talking only about environmental concerns. We are talking about how alternative solutions could increase the financial performance of companies. We are looking at the potential of these technologies in terms of competing with the traditional energy forms, and it is expected that, in a while, they can compete on an equal foot”, affirms Javier Martinez, responsible person from Grant Thornton by the Latin America IBR.

Growth also in Brazil Investment in clean technologies has animated Brazilian investors; According to the International Business Report 2012 (IBR), 79% of the businessmen expect to increase their revenues in the next 12 months and 48% expect a profit increase for the same period. Other 63% affirm that they shall invest in machines and equipment, and in Research and Development (47%). Most of them say they don’t believe that they’ll have support from financial entities (65%). Besides, 41% of the consulted executives hope to hire. Last year, hirings increased 35%. Still according to IBR, the major constraint for the growth of the companies of this sector is bureaucracy (46%) and the lack of skilled labor (41%). The greatest producer in the country, and a mirror for other companies in the sector, Petrobras has been advancing

in investments in cleaner energy sources that produce less pollution. In 2008, the company has created a subsidiary fully devoted to biofuels – Petrobras BioCombustíveis. The use of this kind of energy source reduces emissions of carbon dioxide (CO2) and generates less particulate pollution in the atmosphere. The company develops the second generation ethanol technology, which seizes the sugarcane bagasse as raw material and allows the growth of ethanol production in 40%, without using additional resources from nature. There have been produced 80 thousand liters of second-generation ethanol at a demonstration plant in the United States. ”Producing ethanol from waste is quite an achievement. It means more energy with the same cultivated area. This is one technology that preserves natural resources”, the president of Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto, affirms.

A ‘look inside’ To Julianna Antunes, the basic principle for a company to become more sustainable would be to look into the organization in itself, before investing in marketing and communication campaigns to publicize its actions to society in general. “Companies must look the processes,

especially the productive ones. Forget about communication, forget propaganda. Look how the company treats the employees, how it relates with suppliers, with society, how it manages natural resources, how it seeks for operational efficiency, how it deals with waste”, she affirms.

Social bias provides visibility to actions The relationship with community is one of the most valued pillars when the subject is sustainability in oil and gas companies, and it is not limited to actions once considered philanthropic. Throughout the productive chain, including the offshore shipbuilding industry, several positive experiences have been disseminated, especially in the Campos Basin region. One example is OSX, a branch of the EBX group which is responsible by the construction of the Açu SuperPort Complex.

Besides the professional qualification programs previewed for the north region of Rio de Janeiro, in partnership with Senai Rio, as presented in the last issue of Macaé Offshore, the company prioritizes the development as a whole for the region where the Shipbuilding Unit is being installed. The company sponsors initiatives such as campaigns of education for the traffic, programs for providing for small local farmers and campaigns for socio environmental education in

public schools, which are already running in the region. “These actions demonstrate the commitment of OSX with the local community through the creation of opportunities for integration into the labor marker, making possible the professional development and improvement of life quality in the North of Rio de Janeiro. These pillars are fundamental so the workers can feel motivated to remain in the region», the director of OSX Shipbuilding,” Danilo Baptista, clarifies. 

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PlatAformA Espírito santo

Avanços nos controles e mais riscos

ambientais

A dicotomia do crescimento da cadeia de petróleo no Espírito Santo Por DaniKlein*

A vila de Povoação é um distrito do município de Linhares, com cerca de 1,5 mil habitantes, e economia baseada em cacau, pecuária e artesanato. Pacata e fortemente ligada às questões ambientais, abriga desde 1987 uma das bases do Projeto Tamar e registra por ano cerca de 500 desovas e 50 mil filhotes de duas espécies de tartarugas marinhas, a Cabeçuda e a de Couro. E é por este histórico que os moradores estão assustados com os rumos do desenvolvimento que a cadeia de petróleo e gás toma na região.

Linhares, uma termelétrica de gás natural com capacidade de geração de 204 MW, energia suficiente para atender a uma cidade com 600 mil habitantes.

No meio da década passada, a Petrobras iniciou as obras da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), que se encontra atualmente em sua terceira ampliação, e, entre 2009 e 2010, a empresa Linhares Energia construiu em Povoação as obras da UTE

Os impactos sobre a vila mais debatidos pela comunidade local não são as vagas de emprego ou como as 763 mil toneladas de ureia, para a produção de fertilizantes, e um milhão de toneladas de metanol, usado na composição de insumos para indústria de

Em 2011, foi a vez de a Petrobras colocar em prática as etapas iniciais da construção de um dos maiores projetos de Polo Gás Químico do Brasil, a 15 quilômetros do vilarejo, com previsão de entrar em operação em 2017. Assim que obtiver a Licença de Instalação (LI), serão abertas estradas e ferrovias e cerca de oito mil homens devem trabalhar no canteiro de obras.

tintas e colas e do biodiesel, vão ajudar a economia nacional. Lá, a preocupação são os riscos às Áreas de Preservação Permanente (APP), o crescimento desordenado, a migração em grande escala, a formação de bolsões de pobreza e a violência. De acordo com o oceanógrafo Joca Thomé, coordenador regional do Tamar, quem trata da questão ambiental não está tranquilo e ainda tenta entender as dimensões deste crescimento da cadeia de petróleo e gás no Espírito Santo. “O desenvolvimento foi muito rápido e a ameaça potencial, em especial pela possibilidade de acidentes. Mas temos que reconhecer que o diálogo já melhorou bastante. Atualmente, há profissionais de meio ambiente nas empresas, a legislação amadureceu e endureceu, a tecnologia é outra”, pontua.

Impactos x tecnologia e mitigação Membro da equipe do primeiro Estudo de Impacto Ambiental (EIA), feito em 1996 para o segmento de petróleo no Espírito Santo, o geólogo Luciano Alvarenga afirma que os riscos aumentaram, mas que a prevenção e o investimento em estrutura para o manejo correto de resíduos também avançaram 50 MACAÉ OFFSHORE

nos últimos anos. “O EIA contemplou uma área desde Conceição da Barra até o norte de Aracruz e visava à obtenção da Licença de Operação (LO) para os dutos terrestres já existentes (óleo e gás), levantamentos sísmicos, atividade de produção das Estações Coletoras e perfurações de poços de

petróleo. Antes deste Estudo, os licenciamentos eram ‘semiformais’ e o controle era praticamente incipiente. Este é um marco de mudança na história”. Saímos de épocas não distantes em que os picos chegavam a 25 mil barris/dia de petróleo exclusivamente


PlatAformA Espírito santo

de exploração onshore (em terra) para atuais recordes na casa de 320 mil barris/dia em terra e no mar. O desenvolvimento paralelo de controles e mitigação de impactos abrandou o cenário de poluição, tendo sido abolidos os diques de lama que acumulavam cascalhos contaminados, o licenciamento é poço a poço e existe cobrança para zerar passivos ambientais. A capixaba Multi Ambiental, por exemplo, é uma das fornecedoras da Petrobras para revegetar. Possui um contrato para recompor 26,5 hectares com mata nativa em Linhares e 13,5 hectares em Anchieta para compensar a supressão feita, respectivamente, na instalação de gasodutos e da Unidade de Tratamento de Gás Sul (UTG-Sul). “Ações como essa se tornam cada vez mais frequentes e são decorrentes da cobrança da sociedade e dos órgãos ambientais e da conscientização da indústria”, ressalta Alvarenga. Ultimamente, três empresas estão aptas a receber e dar o destino correto aos resíduos no Espírito Santo. A primeira criada para este fim foi a Vitória Ambiental, que recebeu a LO no ano 2000. O diretor Fábio Chiabai explica que, além de aterros industriais apropriados para receber o material, a reciclagem é um dos caminhos e que o Espírito Santo tem tecnologia para dar soluções ambientalmente adequadas. “A tecnologia atual permite que resíduos sólidos sejam encaminhados para reaproveitamento em cimenteiras, que o óleo lubrificante usado seja refinado e reutilizado e a separação de óleo e água feita na Estação de Tratamento de Efluentes Industriais deixe a água em condições de lançamento no corpo hídrico”, enumera Chiabai.

Mais de 50 denúncias de vazamentos em cinco anos Divulgação

Os impactos são maiores do que a supressão de vegetação e os riscos vão além do entorno do poço. Nos últimos cinco anos, só o Instituto Estadual de Meio Ambiente do Espírito Santo (Iema) foi acionado mais de 50 vezes para fiscalização de acidentes envolvendo derramamento de óleo. O mais grave aconteceu em julho de 2011 em uma operação com monoboias a serviço da Transpetro, quando vazaram no litoral de Linhares mais de 1,5 mil litros de óleo. Novidade? Não. Acidentes da mesma natureza já haviam ocorrido em 2010 e 2009. Para a bióloga Maria da Glória Brito Abaurre, presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) em 2010/2011 e secretária estadual de Meio Ambiente de 2004 a 2011, o território capixaba necessita de um Centro de Defesa Ambiental (CDA). “O mais próximo fica em Macaé (RJ). A cada dia aumentam os riscos de impactos ambientais porque a exploração e a produção estão crescendo. Em um acidente grave, as perdas podem ser irreversíveis”. Ainda de acordo com Maria da Glória, o Espírito Santo foi um dos pioneiros a trabalhar junto com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) na identificação das restrições ambientais nas áreas previstas para serem ofertadas nas rodadas de licitações. Um passo que, segundo ela, é importante para ambos os lados: o ambiental, que se posiciona no processo, e o lado dos investidores, que vão saber antecipadamente os limites que devem ser respeitados em cada bloco ofertado. “Por outro lado, a possibilidade de ocorrer acidentes é sempre real. Quanto maiores a prevenção, as condições dos órgãos ambientais de fiscalizar e a estrutura e preparo das empresas para agilidade

Maria da Glória: “perdas podem ser irreversíveis” Maria da Glória: “the losses would be ir-reversible”

na resposta, menos pior. E quando a sociedade e a própria indústria do petróleo veem o resultado dos esforços conjuntos, percebem que proteger o meio ambiente traz benefícios para todos, garantindo, inclusive, a sustentabilidade do investimento, ficando nítida a mudança de comportamento e a aceitação das restrições”, finaliza Maria da Glória. Já a Petrobras, em nota, afirma que “há planos para gerenciar a resposta a incidentes e a vazamentos de óleo em todas as suas áreas de operação, além de planos de emergência corporativos, específicos para cada unidade de perfuração e produção em operação”. Também diz que mantém embarcações de grande porte para resposta a emergências ambientais e que instalou no país dez CDAs, o que permite uma proteção adequada para as pessoas e o meio ambiente. Por fim, a companhia pontua que todos estes procedimentos atendem integralmente às exigências dos órgãos reguladores de suas operações (Marinha, ANP, Ibama, entre outros).

* Jornalista da Knowledge Media – KM e colaboradora da Macaé Offshore. MACAÉ OFFSHORE 51


Espírito santo Platform

Advances in control and more

environmental risks

The dichotomy of growth of the oil chain in Espírito Santo By DaniKlein

P

ovoação village is a district of Linhares, with about 1500 inhabitants and economy based on cocoa farming and handicrafts. Quiet and strongly linked to environmental issues, it houses since 1987 one of the bases of the Tamar Project and records each year about 500 nests and 50.000 babies of two species of sea turtles, the Loggerhead and Leather. And it is why the residents are frightened by the path of development that the oil and gas chain brings to the region. In the middle of the last decade, Petrobras began the works of the Gas Treatment Unit Cacimbas (UTGC), which is currently in its third expansion, and, between 2009 and 2010, Linhares Energy company provided the construction work of UTE Linhares in Povoação Village, a natural gas power plant with

capacity of generating 204 MW, enough power to supply a city with 600 thousand inhabitants. In 2011, it was time for Petrobras to put into practice the initial stages of building one of the largest Chemical Gas Pole projects in Brazil, 15 kilometers away from the village, scheduled to begin operation in 2017. Once the company gets the Installation License (LI), roads and railways will be opened and about eight thousand men will work at the construction site. The impacts which are the most debated by the local community are not about the jobs or how the 763,000 tons of urea, for fertilizer production, and 1 million tons of methanol, used in the composition of inputs for industry, paints and glues and biodiesel, will

help the national economy. There, the concerns are the risks to the Permanent Preservation Areas (PPA), the uncontrolled growth, the large-scale migration, the formation of pockets of poverty and violence. According to oceanographer Joca Thomé, coordinator of Tamar, whoever handles the environmental issue is not peaceful and still tries to understand the dimensions of this growing of the oil and gas chain in Espírito Santo. “The development was very fast and the potential threat, especially by the possibility of accidents. But we must recognize that the dialogue has improved considerably. Currently, there are professional from environmental areas in the companies, the legislation has matured and hardened, technology is different”, he signalizes.

Impacts x technology and mitigation Team member of the first Environmental Impact Assessment (EIA), made in 1996 for the oil sector in Espírito Santo, Holy Spirit, the geologist Luciano Alvarenga says that the risks have increased, but prevention and investment on the structure for the proper handling of waste also advanced in recent years. “EIA included an area from Conceição da Barra to the north of Aracruz, and aimed at obtain an Operating License (OL) to the existing onshore pipelines (oil and gas), seismic surveys, production activity of the Collectors Stations and drillings of oil wells. Before this study, the licenses were “semi-formal ‘and the control was practically in its infancy. This is a milestone in the history”.

52 MACAÉ OFFSHORE

We left not distant times where peaks amounted to 25,000 barrels of oil / day operating exclusively onshore (land) for current records of about 320,000 barrels / day on land and at sea. The parallel development of controls and mitigating the impacts of pollution slowed the scene, the mud dikes having been abolished, which accumulated contaminated ballast, the licensing is well to well and there is a pressure to achieve zero environmental losses. Multi Ambiental, a company from Espírito Santo, for example, is one of the suppliers of Petrobras for recovering. It has a contract to restore 26,5 hectares with native forest in Linhares,

and 13,5 hectares in Anchieta, to compensate for the suppression made during the installation of pipelines and the Treatment Unit of South Gas (UTGSouth). “Actions like these are becoming more frequent and result from the pressure by society and environmental agencies, and industry awareness,” Alvarenga outlines. Lately, three companies are able to receive and give the correct destination to waste in Espírito Santo. The first one that was created for this purpose was Vitória Ambiental, which received the OL in 2000. The director Fabio Chiabai explains that in addition to appropriate landfills to receive the material, recycling


Espírito santo Platform

is a good path and that Espírito Santo has technology to provide environmentally adequate solutions. “Current technology allows solid waste to be sent for reuse in cement,

used lubricating oil to be refined and reused and the separation of oil and water, made at ​​ the Industrial Effluent Treatment Station, leaves the water in conditions of releasing in the hydric body”, enumerates Chiabai.

More than 50 complaints of oil leaks in five years The impacts are greater than the removal of vegetation and risks go beyond the surroundings of the well. Over the past five years, only the State Institute of the Environment of Espírito Santo (IEMA) has moved over 50 times for inspection of accidents involving oil spills. The most serious one occurred in July 2011 in an operation with a single point mooring serving Transpetro, when more than 1500 liters of oil spilled in the coast of Linhares. Anything new? No. Accidents of this nature and the company had been unleashed in 2010 and 2009. To the biologist Maria da Glória Brito Abaurre, president of the Brazilian Association of State Environmental Entities (Abema) in 2010/2011 and state secretary of the Environment from 2004 to 2011, Espírito Santo requires an Environmental Defense Center (EDC). “The nearest is in Macaé (RJ). Each day the risks of environmental impacts increase because the exploitation and production are growing. In a serious accident, the losses would be irreversible”. Also according to Maria da Gloria, Espírito Santo was one of the pioneers to work with the National Petroleum Agency (ANP) in the identification of environmental constraints in the areas planned to be offered in the bidding rounds. A step which is important for both sides: the

environmental one, which is positioned in the process, and the side of investors, who will know in advance the limits to be respected in each block. “Moreover, the possibility of accidents is always real. The larger the prevention, the conditions of environmental agencies to monitor the structure and preparation of business to speed up the response, there will be fewer losses. And when the society and the oil industry see the result of joint efforts, they realize that protecting the environment can benefit everyone – ensuring also the sustainability of the investment, being the behavioral and acceptance of limitation very clear”, Maria da Glória concludes. On the other hand, Petrobras stated that “there are plans to manage the responsiveness to incidents and oil spills in all its areas of operation, in addition to corporate emergency plans, specific to each drilling and production unit in operation”. It also states that it maintains large vessels to respond to environmental emergencies and the company installed ten CDAs in the country, which allows adequate protection for people and the environment. Finally, the company points out that all of these procedures fully meet the requirements from the regulators of its operations (Navy, ANO, Ibama, among others). 

*Journalist at Knowledge Media – KM and collaborator with Macaé Offshore.

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Gestão de negócios

Gestão por competências: o modelo IPMA Por Alexandre Andrade, PMP* Cada vez mais os profissionais são demandados para criar valor por intermédio da gestão de seus projetos, programas e portfólios. Um dos fatores básicos para que os desafios sejam superados são as competências de seus gestores e profissionais. Mais e mais as competências de uma organização constituem o diferencial das próprias organizações, de seus líderes e de suas equipes. A palavra competência tem sua origem latina em competentia, que significa estar autorizado para julgar ou ter o direito de falar. A competência inclui o conhecimento, os comportamentos, habilidades e experiências pessoais necessárias para ter sucesso em determinado papel, conforme mostra a Figura 1. BEHAVIORS

SKILLS

COMPETENCY

EXPERIENCE

KNOWLEDGE

Fig.1 Composição da Competência Picture 1. The composition of Competency

Desta forma, a competência deve refletir o conhecer, o ser e o fazer, e sua estruturação permite estabelecer o elo entre a performance individual e os resultados desejados para uma organização, envolvendo as cinco funções básicas da gestão de pessoas: seleção e recrutamento; treinamento e desenvolvimento; planejamento de carreiras; gerência de bônus e incentivos e avaliação de performance.

Um tema novo no Brasil, mas já bem desenvolvido lá fora, é a abordagem IPMA, estruturada com base na Gestão por Competências. A International Project Management Association (IPMA®) é uma organização sem fins lucrativos, reconhecida pelo seu trabalho em desenvolver, internacionalmente, a gestão por projetos, programas e portfólios e em disseminar melhores práticas aplicadas em organizações públicas e privadas. A IPMA é formada por associações nacionais de gestão de projetos, congregando mais de 200 mil associados. São 55 associações-membro com o propósito específico de desenvolver a gestão de projetos respeitando a cultura e as características de cada país, mas unidas por meio de uma rede que estabelece as diretrizes de gestão e técnicas para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento. O IPMA Competence Baseline (ICB) é o referencial de competências em gestão de projetos utilizado por todas as suas organizações integrantes. As diferenças de cada país são consideradas no National Competence Baseline (NCB), o referencial estabelecido por cada organização membro a partir do ICB e validado pela IPMA, conforme condições preestabelecidas. O olho de competências, conforme a Figura 2, representa visão e clareza na integração dos três domínios de competência vistos pelos olhos dos gerentes de projetos: 20 elementos de competências técnicas, relacionadas com as técnicas utilizadas pelos profissionais de projetos; 15 elementos de competências comportamentais, relacionadas com os relacionamentos entre indivíduos e grupos

atuando na gestão de projetos, programas e portfólios e 11 elementos de competências contextuais, relacionados com a interação do projeto com o contexto da organização permanente e do ambiente onde está inserido. Contextual competences

Behavioural competences

Technical competences

Fig.2 Olho da Competência Picture 2 : The Competency Eye

A IPMA foi criada em 1965 com o nome de INTERnational NETwork – Internet, a partir de um grupo de gestores de projetos que possuíam como objetivo, nos primórdios da gestão de projetos, discutir os benefícios do Método do Caminho Crítico na gestão de projetos internacionais, com influências e dependências complexas de diferentes disciplinas técnicas. A associação cresceu e se desenvolveu como um fórum internacional de troca de experiências entre gestores de projetos. Seu primeiro congresso mundial foi realizado em Viena, Áustria, em 1967. A 26ª edição será realizada em outubro, na Grécia e, em 2014, a 28ª será no Brasil, promovida pela IPMA Brasil, criada para desenvolver a disciplina de gestão de projetos no país. Mais informações sobre as certificações oferecidas pelo IPMA no Brasil para profissionais, consultores e organizações acesse http:// www.ipmabrasil.org.

* Alexandre Andrade é graduado em Administração pelo Isecensa Campos/RJ, certificado pelo PMI (PMI® - Project Management Institute) desde 2008 e possui MBA em Engenharia de Petróleo pela Funcefet Macaé. Trabalha na área de Óleo e Gás há 11 anos e há sete atua como gerente de Projetos nos segmentos de Tecnologia da Informação e Óleo e Gás na Petrobras em Macaé. Dúvidas e sugestões para esta coluna: alexandre.andrade.pmp@gmail.com

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business management

Competence-based Management: the IPMA baseline By Alexandre Andrade, PMP*

Professionals are becoming more and more required to create value throughout the management of their own projects, programs and portfolios. One of the basic features for overcoming challenges is the set of managers and professionals’ competencies. The competencies of one organization are increasingly the differentials of the organizations, their leaders and teams. The word competence originates from the Latin word “competentia”, which means to be able to judge or having the right to speak. Competency includes knowledge, behaviors, abilities and personal experiences which are necessary for the success in a certain role, according to Picture 1. Thus, competency must reflect knowledge, “being” and “doing” and its structuration allows the establishment of a link between the individual performance and the desired results of an organization, involving five basic functions of the management of personnel: selection and recruiting; training and development; career planning; bonus and incentives management and performance assessment. A new subject in Brazil, although well develop abroad, is the structure IPMA approach based in Competencies Management. The

International Project Management Association (IPMA®) is a nonprofit organization recognized by its work developing Project Management, programs and portfolios at an international level, as well as by its dissemination of the best practices applied for public and private organizations. IPMA is composed by national associations of Project, bringing together over 200 thousand associates. There are 55 member-associations aiming specifically to develop project management respecting the culture and characteristics of each country, although they are united by means of a neat that establishes the guidelines of management and techniques for its development and improvement. IPMA Competence Baseline (ICB) is the benchmark of competencies in Project management used by all organizations members. The differences of each country are considered in the National Competence Baseline (NCB), the framework established by each organization member from ICB and validated by IPMA, according to preconditions. The competency eye, according to Picture 2, represents the view and clarity in the integration of the three domains of competency viewed by the project managers: 20 elements of technical competency

and related to the techniques used by project professional; 15 elements of behavioral competencies, related to the relationship between individuals and groups that act in the project, programs and portfolios management and 11 elements of contextual competencies related to the interaction of the project with the context of the permanent organization and the environment where it is inserted. IPMA was created in 1965 under the name of INTERnational NETwork – Internet, from a group of project managers, discussing benefits of the Critic Path Method for management of international projects, with complex influences from different technical disciplines. The association has grown and developed as an international forum for exchanging experiences between project managers. Its first world congress took place in Vienna, Austria, in 1967. The 26th edition will be held in October, in Greece, and in 2014 the 28th edition will ocurr in Brazil, sponsored by IPMA Brazil which was created to develop the discipline of project management in the country. More information about the IPMA certifications offered in Brazil for professionals, consultants and organizations, access http://www. ipmabrasil.org 

*Alexandre Andrade holds a Bachelor’s Degree in Business Administration from Isecensa Campos/RJ, a PMI® certificate as a PMP® (Project Management Professional) since 2008, and holds a MBA in Petroleum Engineering from Funcefet Macaé; He has been in the Oil Gas segment in Macaé for 11 years, and has been working for Petrobras as a Project Manager for seven years in the sectors of Information Technology and Oil and Gas. Questions and suggestion for this column: alexandre.andrade.pmp@gmail.com

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Por dentro do mercado

O desempenho das prestadoras de serviço: NOV dá as cartas Por Celso Vianna Cardoso* Para complementar a análise tratada na última edição sobre o desempenho das empresas produtoras do setor de Óleo & Gás, vamos passar pelos números das principais prestadoras de serviço nos últimos 24 meses. Devido ao alto grau de correlação com as produtoras, o mercado foi às compras provocando uma alta generalizada no preço das ações das empresas prestadoras, conforme mostra a Gráfico 1. Destaque especial para a National Oilwell Varco (NOV) que, nos últimos 24 meses, viu o preço de suas ações subir em quase 92%. O lucro de US$ 606 milhões apresentado pela NOV no balanço do 1º trimestre de 2012 justifica esse movimento: alta de 50% em relação a março de 2011 e de 5,6% em relação a dezembro /2011, que já havia sido o melhor trimestre de 2011. Estes números são ainda mais relevantes se levarmos em consideração que as 10 maiores empresas do setor, exceto a Baker Huges (BHI), com aumento de 21%, apresentaram queda nos lucros em relação ao último trimestre de 2011. Em comparação a março de 2011, a NOV só perde para a Enterprise Products Partners (EPD), que apresentou uma alta de 55% nos lucros.

Os analistas continuam de olho nos papéis da NOV e a recomendação atual nos Estados Unidos é de compra forte, sem dúvida impulsionada pelos ótimos resultados apresentados nos últimos trimestres, destacando-a da concorrência. Com P/L em 10,8 anos, segundo melhor do setor, perdendo somente para a Halliburton, com 8,44, contra uma média de 14,81 do setor, a empresa ainda se apresenta bastante atrativa para os investidores. O otimismo tomou conta dos analistas americanos que recomendaram a compra dos papéis da NOV, pontuando-a em 9,29 de uma escala que vai de zero a dez.

poupança, que agora pode render abaixo de

Valendo algo em torno de US$ 27,3 bilhões, a NOV mantém o sexto lugar em valor de mercado entre as empresas prestadoras de serviços, praticamente empatada com a Halliburton (US$ 27,2 bi), atrás de Schlumberger (US$ 83 bi), Kinder Morgan (US$ 44,3 bi), EPD (US$ 41 bi), Enbridge (US$ 30,8 bi) e Transcanada (US$ 29,6 bi).

ções que oferecem melhores taxas prova-

6% ao ano. A queda da Selic, de uma forma geral, é boa para a economia real. O motivo é simples: quando o investidor quer investir seu dinheiro, ele pode optar por investimentos de baixo risco, que remuneram a taxas igualmente baixas, como, por exemplo, LFTs, cuja remuneração é a Selic. Como o rendimento está atrelado à Selic, a remuneração obtida no investimento também caiará e, se o investidor quiser maiores taxas, terá que necessariamente recorrer a outros tipos de aplicação. As aplicavelmente carregarão consigo maior risco e o investidor informado deverá exigir no mínimo a taxa livre de risco para optar por esse investimento. Analisando sob o regime de capitalização em Bolsa, isso significa que as empresas poderão captar dinheiro no mercado, oferecen-

A queda da Selic

do taxas cada vez menores na medida em

O Governo derrubou a Selic para 8,5% ao ano, a menor taxa da série histórica iniciada em 1986. Esta queda provocou mudanças no sistema de remuneração da

que a Selic caia. Isso torna as empresas mais competitivas e provoca uma saída do dinheiro do mercado financeiro diretamente para o fomento da economia real. 100% 80% 60% 40% 20%

Transocean

0%

Schlumberger

Enterprise Products Partners

Enbridge

Transcanada

Haliburton

NOV

Baker Hughes

Gráfico 1 - Preço das ações das empresas prestadoras de serviço Chart 1 - Stocks prices of companies that provide services

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ , com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É coautor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

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Diamond -20%


inside the market

The performance of services providers: NOV calls the shots * By Celso Vianna Cardoso

In order to complement the analysis about the most recent performance of the production companies in the Oil & Gas business, addressed in the last issue, we’ll go by the figures from the main service providers companies related to the last 24 months. Due to the high level of correlation with small producer companies, the Market has gone shopping resulting in a general increasing in prices of stock of services providers companies, as it is showed in Picture 1. Special highlight to National Oilwell Varco (NOV), whose price increase almost 92% in the last 24 months The US$ 606 million profit presented by NOV in the balance sheet of the first quarter of 2012 justifies this move: 50% increase in comparison to March of 2011 and 5,6% in relation to December /2011 which had already been the best quarter in 2011. These figures are even more significant if we take into consideration that the 10 largest companies – except for Baker Huges (BHI) –, with a 21% increase -, have presented a decline in profits over the last quarter of 2011. Compared to March of 2011, NOV is second only to Enterprise

Products Partners (EPD) which presented an increase of 55% in profits. Analysts still have on eye on NOV’s stocks and the current recommendation in the United States is of a strong movement of buying, driven undoubtedly by the great results of the last quarters, which drives the company apart from its competition. Having P/E in 10.8 years, second best in the business, second only to Halliburton, with 8.44, against an average of 14.81 in the sector, the company is still attractive for investors. The optimism took hold of American Analysts who recommended a strong purchasing of NOV’s stocks, scoring it in 9.29 in a zero-to-ten range. Worth somewhere around US$ 27,3 billion, NOV is also sixth place in market capitalization among services providers companies, virtually tied with Haliburton (US$27,2) and behind Schlumberger (US$83 bi), Kinder Morgan (US$44,3 bi), EPD (US$41 bi), Enbridge (US$ 30,8 bi) and Transcanada (US$29,6 bi).

Selic rates fall The Brazilian government has decreased the Selic to 8.5% per year,

the smallest rate of the history that began in 1986. This fall provoked changes in the remuneration of saving accounts, which now can pay below 6% a year. The fall of the Selic, speaking generally, is good for the real economy. The reason is simple: when investors what to invest their money, they can make the option for low risks investment that pay similarly low rates, as it is the case of LFTs , for example, which has Selic as remuneration. As the performance is tied to the Selic, the income will also decrease and, if the investors want higher rates, they will necessarily have to turn to other kinds of application. The applications that offer better rates probably will carry with them higher risks and informed investors must require at least the risk-free rate in order to make that option. Looking under the system of stock Market capitalization, it means that companies will be able to raise money in the Market, offering lower rates as Selic falls. This makes companies more competitive and provokes exit of Money from the Market to the real economy. 

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

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diário de bordo

Vida de

Embarcada

A Macaé Offshore lança nesta edição a nova seção Diário de Bordo. O espaço é destinado a retratar a rotina dos profissionais que atuam no mercado offshore, em diferentes áreas, na narrativa de quem está na linha de frente, a bordo das principais plataformas de exploração de petróleo e gás natural do país, e também daqueles que estão nas principais empresas desse segmento.

Embarque conosco e conheça a rotina de Bruna Oliveira, 33 anos. Há cinco anos, ela é técnica de operações da Petrobras e hoje exerce a função de auxiliar de fiscalização FPSO-Brasil, navio-plataforma que produz e estoca petróleo. A unidade em que Bruna trabalha é da empresa SBM Offshore (Single Buoy Mooring), afretada da Petrobras. Vamos a bordo?

‘Segurança, um tema sempre em pauta na vida offshore’ Por Bruna Oliveira*

A estabilidade e os benefícios que a Petrobras me oferece foram alguns dos motivos para a escolha desse tipo de trabalho. Quis trabalhar embarcada porque, quando comecei a fazer o curso de formação da Petrobras, achei que seria uma experiência muito interessante e diferente do que já tinha vivido. Sem falar do fato de não ter que trabalhar todos os dias da semana, já que tenho folga de 28 dias após um período de 14 dias embarcada. Trabalho 12 horas por dia sem folgas, inclusive nos feriados e finais de semana. Meu expediente começa às sete horas da manhã e termina às sete da noite, podendo se estender. O regime de trabalho é de sobreaviso, ou seja, tenho que estar disponível para trabalhar até depois do expediente normal, ou até mesmo durante a noite. O trabalho que exerço é bem administrativo, cuidando das documentações, arquivamentos, envio de informações para a Agência Nacional de Petróleo (ANP), conferência de valores medidos, emissão de documentos de transporte, entre outras coisas. Além dessa parte mais administrativa, tenho que conhecer as operações diárias da plataforma, pois, se houver algum desvio, tenho que reportar. Afinal, esse é o papel de um fiscal. Nas plataformas, temos que ter sempre a percepção dos riscos, já que estamos em 58 MACAÉ OFFSHORE

um ambiente perigoso, cheio de máquinas, produtos químicos, estruturas metálicas em vários níveis, gases e líquidos inflamáveis e longe da terra. Por causa disso, existem regras rigorosas de segurança. Uma delas é o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), que consiste basicamente em roupa resistente a fogo, capacete, luvas, óculos de proteção, protetores auriculares e botas com bico de aço. Existem outros tipos de EPI, dependendo do trabalho que se realiza, como, por exemplo, cinto de segurança, roupa, luvas e máscaras de proteção para manipular produtos químicos. A segurança é um tema que sempre está em pauta em toda a vida offshore. Campanhas a bordo são frequentes nas plataformas. Como passamos 14 dias confinados, temos que ter um pouco de lazer também. E para isso, a bordo da minha plataforma temos academia de musculação, alguns instrumentos musicais, sala de recreação com mesa de totó e de pingue-pongue e também podemos ver DVDs pegos com a (o) comissária (o) ou até mesmo aqueles que trazemos de casa. O horário de lanche, que é servido três vezes no dia, é o momento para a gente confraternizar e fazer amizades. Afinal, temos que fazer amizades, pois os colegas de trabalho são sua família durante o confinamento.

O trabalho embarcado requer alguns sacrifícios, pois posso ter que estar embarcada em datas especiais como Natal, Ano Novo, Carnaval, aniversários, casamentos e outros eventos familiares. Esse posso dizer que é o lado ruim desse regime de trabalho. Mas também existem algumas vantagens. Uma delas é estar morando no local do seu trabalho com um serviço de hotelaria que oferece arrumação e limpeza dos cômodos, comida de boa qualidade e lavagem das roupas. No meu caso, que trabalho numa unidade onde várias nacionalidades se encontram, também existe a troca cultural. Conviver e aprender sobre outras culturas, religiões e até mesmo línguas, é muito interessante. Mas, com toda a certeza, o melhor, no meu caso, é a folga de 28 dias. Para quem se interessa em entrar na vida offshore, aconselho que tenha força de vontade de aprender coisas novas e disposição para experiências totalmente diferentes. Além disso, que tenha alguma noção da língua inglesa, pois, no mundo, principalmente no do petróleo, o inglês é muito importante. Este é um pouco do meu dia a dia de trabalho.  •Técnica de operações da Petrobras, atua como auxiliar de fiscalização na FPSO-Brasil.


logbook

Offshore live Macae Offshore releases a new section in this issue, the Logbook. The space is intended to portray the routine of professionals working in the offshore market in different areas, through narration of people who are at the forefront of the main oil and natural gas platforms in the country, and also those who are leading companies in this segment. Let’s embark with us and know 33 year-old Bruna Oliveira’s routine, an operations technician at Petrobras, currently serving as supervision assistant of FPSO-Brazil, a floating platform that produces and stores oil. The unit in which Bruna works belongs to SBM Offshore (Single Buoy Mooring), which is chartered to Petrobras. Let’s come on board?

‘Safety, always a topic on the agenda on offshore life’ By Bruna Oliveira*

The stability and benefits offered by Petrobras were some of the reasons for choosing this kind of work. I wanted to work offshore because when I started doing the training course, which Petrobras offers, I thought it would be a very interesting experience and different from what had already lived. Not to mention the fact of not having to work every day of the week, since I have 28 days off after a period of 14 days onboard. I work 12 hours a day without days off, including holidays and weekends. My workday begins at seven o’clock in the morning and finishes at seven at night, with possibility of extension. The scheme of work is on call, which means that I have to be available to work until after normal business hours, or even at night. The work that I perform is quite administrative, as I handle documentation, archiving, sending information to the National Petroleum Agency (ANP), conference of measured values, issuance of transport documents, among other things. In addition to this administrative part, I have to know the daily operations of the platform, as if there is any deviation, I have to report. After all, this is the role of a supervisor. On the platforms we always must to have the perception of risk, since we are in a dangerous environment, full of machinery, chemicals, steel structures at various levels, and flammable liquids and gases away from the land. Because of this there are strict safety rules. One is the use of PPE (Personal Protective Equipment) consisting primarily of fire resistant clothing, helmet, gloves, goggles, earplugs and steel-toed boots. There are other types of PPE, depending on the work being done, for example, seat belts, clothing, gloves and protective masks for handling chemicals. Security is an issue that is

Acervo pessoal

always at stake in all of offshore life. Campaigns are frequent aboard the platforms. As we spend 14 days confined, we have a little leisure as well. And for that, on board of my platform, we have bodybuilding gym, some musical instruments, recreation room with football table and ping pong and you can also watch DVD borrowed from the commissioner or dvds we bring from home. The snack time, which is served three times a day, it’s a time for us to socialize and make friends. After all, one has to make friends, because coworkers are our family during the confinement. Offshore work requires some sacrifices because I may have to embark on special occasions like Christmas, New Year, Carnival, birthdays, weddings and other family events. That’s the downside of the scheme of work, I can tell you. But there are also some advantages of this scheme. One is to be at a workplace with a hotel service that provides storage and cleaning of rooms, quality food and washing clothes. In my case, I work at a plant where various nationalities meet; there is also a cultural exchange. Living and learning about other cultures, religions and even languages, is very interesting. But, surely, the best, in my case, the gap is 28 days off. For those who are interested in entering into offshore life, I advise you to have will power to learn new things and willingness to gain totally different experiences, and to have some notion of the English language, because in the world, and especially the oil world, English is very important. This is a bit of my day to daily work. *Operations Technician at Petrobras, she Works as supervision assistant of FPSO-Brazil. MACAÉ OFFSHORE 59


tecnologia

Divulgação Coppe//UFRJ

A usina de aproveitamento do esgoto viabiliza um destino mais nobre para a gordura e o lodo, que têm grande impacto ambiental The design of the plant for the sewer utilization enables a nobler destiny to fat and sludge, that have great environmental impact

Tecnologias a favor do

planeta

Como iniciativas podem relacionar o setor de petróleo e gás com a construção da economia verde. Uma das soluções que mais chamam atenção é a que transforma lixo e esgoto em energia Por Flávia Domingues

A

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, representou uma verdadeira vitrine

para exposição de soluções tecnológicas que contribuam para que as operações das empresas se tornem mais sustentáveis. Iniciativas como a da Coordenação dos Cursos de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) – único centro de ensino

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presente durante o evento – mostram que existem inovações viáveis como alternativas às atuais fontes de energia que podem contribuir para que o setor do petróleo e gás esteja cada vez mais relacionado com a agenda de construção de uma economia verde e sustentável. Vários países no mundo vêm buscando boas soluções para destinar de forma mais racional o lixo e o esgoto produzidos por empresas e pela população. O

Brasil saiu na frente e já tem tecnologia de ponta para transformar dejetos em fonte de energia. Com o apoio de tecnologias desenvolvidas na Coppe, aplicadas na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, no bairro do Caju, no Rio de Janeiro, está em funcionamento desde 2007 a usina-piloto de aproveitamento energético do esgoto, em parceria com a Companhia Estadual de Abastecimento de Água e Esgoto (Cedae).


tecnologia

Esgoto que vira combustível A ótima notícia é que o projeto conseguiu mostrar que é viável tratar o biogás resultante da decomposição do esgoto e fazê-lo atingir o nível de qualidade aceitável para uso veicular a um custo competitivo com o do gás natural de origem fóssil. “O Brasil hoje está num patamar internacional no desenvolvimento desse tipo de tecnologia. Só existe o registro de mais duas usinas no mundo desenvolvendo tecnologia dessa natureza”, conta Luciano Bastos, pesquisador da Coppe/UFRJ e um dos coordenadores do projeto. A usina de aproveitamento do esgoto viabiliza um destino mais nobre para a gordura e o lodo, tipos de resíduos oriundos do tratamento de esgoto que têm grande impacto ambiental. Bastos explica que o processamento da gordura gera biodiesel e o do lodo pode resultar em gás como CH4, H2 e CO, bio-óleo e biocarvão.

Megawatts gerados a lixo Outra iniciativa que dá conta literalmente de acabar com o lixo urbano não reciclado para a geração de energia elétrica, em vez de mandá-lo para o aterro, é a Usina Verde. Desenvolvida pela Coppe/UFRJ, a tecnologia representa um avanço no uso dos resíduos urbanos como fonte de energia. Instalada como projeto-piloto na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, Rio, a usina produz energia elétrica a partir da incineração do lixo que sobra depois da seleção dos materiais recicláveis. Atualmente, a tecnologia empregada pela Coppe na usina

já é considerada madura para passar a um estágio comercial. A planta-piloto já produz 30 toneladas de lixo por dia, com uma geração de energia que daria para atender cerca de 20 mil pessoas. Ainda pouco explorada no Brasil, já que o mais comum é a extração de energia do biogás gerado em aterros sanitários, a tecnologia é uma alternativa já adotada em outros países. “No mundo, existem cerca de 2.000 usinas termelétricas movidas a lixo. A tecnologia está num estágio de comercialização, pronta para dar grandes contribuições para a sustentabilidade no Brasil”, afirma Bastos.

Etanol 2G, sem competir com alimentos Produzir o álcool do bagaço e da palha da cana-de-açúcar em laboratório já é uma realidade no Brasil. Estima-se que em cinco anos terá início a produção demonstrativa do etanol de segunda geração, também chamado de 2G e bioetanol, em escala industrial. A perspectiva é que, em aproximadamente dez anos, o combustível renovável esteja nas bombas dos postos de abastecimento, misturado ao atual álcool de primeira geração produzido pelo caldo da cana-de-açúcar. A previsão é da bióloga Elba Bon, professora do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O mais interessante aspecto do projeto é que ele não compete com os alimentos. “É possível dobrar a produção brasileira

de etanol sem aumentar a atual área plantada, portanto, sem competir com a produção de alimentos e sem desmatar florestas para abrir novas fronteiras agrícolas”, afirma a professora. Para se ter uma ideia, o Brasil produz cerca de 30 bilhões de litros de etanol por ano e vive a desconfortável situação de ser, ao mesmo tempo, o maior produtor do mundo, mas incapaz de atender ao seu próprio mercado. Produzido com tecnologia convencional, que aproveita apenas um terço da energia contida na planta, o chamado álcool de primeira geração é insuficiente para dar conta da crescente demanda interna e externa. Um dos caminhos para reverter esta situação virá do álcool 2G,

produzido pela biomassa dos resíduos da agroindústria. Na própria produção de cana-de-açúcar está a melhor perspectiva: a energia não convertida em etanol pelo processo tradicional está no bagaço (resíduo da extração do caldo de cana) e na palha (que costuma ser queimada na colheita manual da cana). A forma mais eficiente de aproveitá-los é utilizar enzimas para fazer a hidrólise, ou seja, para “quebrar” as moléculas de celulose e extrair a glicose que, depois de fermentada, se converte em álcool. “O potencial econômico dessa tecnologia é muito grande, pois o Brasil produz anualmente mais de 400 milhões de toneladas de resíduos de cana-de-açúcar”, lembra Elba. MACAÉ OFFSHORE 61


tecnologia

Primórdios do bioetanol Divulgação USP/São Carlos

Os primeiros passos para a produção do bioetanol foram dados em 2007, quando o grupo comandado pela professora Elba Bom, no Laboratório de Tecnologia Enzimática (Enzitec), do Instituto de Química da UFRJ, conseguiu produzir uma mistura enzimática tão eficiente para fazer a hidrólise quanto as enzimas comercializadas pelo único fabricante mundial, uma empresa dinamarquesa. O alto custo das enzimas importadas é o gargalo para deslanchar a produção industrial de etanol 2G. No Laboratório Bioetanol, que será instalado no campus da UFRJ, a produção das enzimas e as demais etapas de produção do álcool de segunda geração serão desenvolvidas e testadas, visando a uma tecnologia robusta e sustentável. Uma preocupação é manter a sintonia com a atual tecnologia do etanol 1G. Outro ponto-chave da sustentabilidade do processo é a produção das enzimas in loco. Ou seja, elas serão produzidas nas próprias usinas de álcool, local de disponibilidade do bagaço e da palha. Assim, será evitado o transporte por longas distâncias. “Ao desenvolver a tecnologia para a produção de etanol 2G, o Brasil acrescenta uma nova e grande vantagem comparativa às que já tem: clima, solo,

Produzir o álcool do bagaço e da palha da cana-de-açúcar em laboratório já é uma realidade no Brasil Producing ethanol made from sugarcane bagasse and straw of cane sugar in the laboratory is already a reality in Brazil

quatro séculos de conhecimento do cultivo da cana-de-açúcar e quatro décadas de experiência de produção e uso do álcool como combustível automotivo”, conclui Elba. O Laboratório Bioetanol, moderna instalação de processamento de biomassa a

ser inaugurada no campus da UFRJ, é fruto da parceria entre a Coppe e o Instituto de Química, com a participação de instituições brasileiras e japonesas, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), respectivamente, que financiam projetos de pesquisa.

Petrobras avança com pesquisas em biocombustíveis Não são apenas laboratórios acadêmicos ou pequenas empresas inovadoras, de base tecnológica, que apostam em alternativas de energia sustentável. Maior produtora do País, espelho para outras empresas do setor, a Petrobras vem avançando nos investimento em fontes de energias mais limpas e menos poluentes. Em 2008, a companhia criou uma subsidiária totalmente voltada 62 MACAÉ OFFSHORE

para bicombustíveis – a Petrobras BioCombustíveis. A companhia desenvolve a tecnologia do etanol de segunda geração, que aproveita o bagaço da cana como matéria-prima e permite ampliar a produção de etanol em 40%, sem utilizar recursos adicionais da natureza. Já foram produzidos 80 mil litros de etanol de segunda geração em uma planta de demonstração nos Estados Unidos.

“Produzir etanol de resíduos é uma conquista, significando mais energia com a mesma área plantada. Essa é uma tecnologia que preserva os recursos naturais”, afirma o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto, por meio de sua assessoria. A utilização deste tipo de fonte energética diminui as emissões de gás carbônico (CO2) e geram menos partículas poluentes na atmosfera.


tecnologia

Tecnologia limpa representa mais lucros O investimento em tecnologias limpas tem animado em muito o empresariado. Mais da metade (52%) dos empresários do mundo afirma ter adotado tecnologias limpas para reduzir os custos e 45%, para elevar a produtividade, segundo o International Business Report 2012 (IBR), da Grant Thornton. A pesquisa foi realizada este ano no Japão, Filipinas, Alemanha, Armênia, China, Índia e Brasil. Aqui, 79% dos executivos brasileiros consultados têm a expectativa de aumentar as receitas nos próximos 12 meses e 48% preveem aumento da lucratividade nesse mesmo período. Outros 63% afirmaram que devem investir em máquinas e equipamentos e Pesquisa e Desenvolvimento (47%). A maioria diz acreditar que terá suporte dos financiadores (65%). Além disso, 41% dos executivos consultados esperam contratar. No ano passado, as contratações do setor aumentaram 35%. Ainda de acordo com o IBR, a maior restrição para o crescimento das empresas do setor é a burocracia (46%) e a falta de mão de obra qualificada (41%). Responsabilidade social e ambiental ainda é considerada importante, porém, não é o principal motivador para a adoção de práticas mais limpas nas empresas. Recente pesquisa realizada pelo IBR aponta que o crescimento da indústria da Tecnologia Limpa é motivado não somente pela onda do “marketing verde”, mas, principalmente, pela redução de custos, aumento dos lucros e possibilidade de receber algum tipo de benefício do governo. “Não estamos mais falando só sobre preocupações ambientais. Estamos falando de como soluções alternativas podem melhorar o desempenho financeiro das empresas. O que estamos vendo é o potencial dessas tecnologias para competir com as tradicionais formas de energia e a expectativa de que, daqui a algum tempo, elas possam competir em pé de igualdade”, diz Javier Martinez, responsável da Grant Thornton, pelo IBR, na América Latina.

Eike Batista desenvolverá energia inédita no Brasil Embalado pela onda da sustentabilidade energética, o Grupo EBX, do empresário Eike Batista, vai agregar um novo negócio ao seu já diversificado portfólio de produtos. A MPX, empresa da holding voltada para a geração de energia elétrica, passará a produzir energia a partir de células combustíveis. A iniciativa terá parceria da empresa norte-americana Bloom Energy, que já atua no mercado nos Estados Unidos. Com essa tecnologia, inédita no Brasil, ao invés da combustão, utilizada na geração de energia por fontes fósseis, a energia é gerada por reação química, tendo o oxigênio e o hidrogênio como principais componentes. A vantagem é que estes produzem menos gás carbônico, um dos principais causadores do efeito estufa, mas podem ser usados também etanol, gás natural, biodiesel, biogás, entre outros. A tecnologia, além de se destacar pela baixa emissão de CO2, 40% inferior em relação aos

sistemas convencionais de pequeno porte, tem elevada eficiência energética, principalmente quando comparada a geradores diesel. A primeira planta piloto deverá ter três megawatts e capacidade para gerar continuamente 200 KW (kilowatts) médios de energia cada. O local da fábrica e os investimentos necessários para sua instalação e funcionamento não foram informados. Segundo especialistas, a energia gerada por células combustíveis ainda é considerada cara em relação a outras fontes energéticas, principalmente as que usam hidrogênio. “Fizemos uma cooperação para a fábrica no Brasil e a produção é viável sim”, anunciou Eike Batista, durante o Humanidades 2012, evento paralelo à Rio+20 que reuniu pesos-pesados da indústria no País. A Bloom Energy está sediada no Vale do Silício, na Califórnia, e tem como principal slogan a energia verde e confiável. As primeiras produções de células pela empresa foram comercializadas para o Google.  Divulgação

Ao invés da combustão, utilizada na geração de energia por fontes fósseis, a energia é gerada por reação química Instead of combustion, used in power generation by fossil fuels, energy is generated by chemical reaction

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technology

Technologies in favor of the

planet

How initiatives can relate the oil and gas business with the construction of the green economy. One solution that attracts the most attention turns garbage and sewage into energy

By Flávia Domingues

T

he United Nations Conference on Sustainable Development, Rio+20, represented a real showcase for the exhibition of technological solutions that contribute for companies operations to become more sustainable. Initiatives such as this one from the Coordination of Production Engineering courses at the Federal University of Rio de Janeiro (Coppe / UFRJ) - unique learning center during the event - show that there are viable innovations as alternatives to current energy sources that can contribute to the oil and gas industry increasingly related to the agenda of building a green economy and sustainable. Several countries in the world have been searching for good solutions to more rationally allocate waste and sewage produced by businesses and the public. Brazil went ahead and already has the latest technology to turn waste into energy source. With the support from technologies developed and applied in Coppe and used in Alegria Treatment Station (ETE), Cajú neighborhood, in Rio de Janeiro, the pilot plant of energy use of wastewater has been working since 2007, in partnership with the State Company for Water Supply and Sewerage (Cedae). 64 MACAÉ OFFSHORE

Sewage that turns into fuel The good news is that the project succeeded in demonstrating that it is feasible to treat the biogas resulting from the decomposition of sewage and make it reach the level of acceptable quality for vehicular use at a cost competitive with natural gas from fossil fuels. “Brazil is today at an international stage in the development of such technology. There is only the record of two more plants in the world developing such technology”, says Luciano Bastos, one of the

coordinators of the project and a researcher at the Coppe /UFRJ. The design of the plant for the sewer utilization enables a nobler destiny to fat and sludge, waste types from the sewage treatment that have great environmental impact. Luciano explains that the processing of the fat sludge generates biodiesel and may result in gas from the synthesis of CH4, H2 and CO, and bio oil and biochar.

Megawatts generated from waste Another initiative that manages to literally end up with non-recycled municipal waste to generate electricity, instead of sending it to landfill, is the Green Plant. Developed by Coppe / UFRJ, this technology represents an improvement in the use of waste as a source of energy. Installed as a pilot project in University City, on Fundão Island, Rio, the plant produces electricity from the incineration of the waste that remains after the selection of recyclable materials Currently, the technology employed by Coppe at the plant is already

considered mature for passing on a commercial scale. The pilot plant now produces 30 tons of waste per day, with a power generation that would supply about 20 thousand people. Little explored in Brazil, since the most common is the extraction of energy from biogas generated in landfills, the technology is an already adopted alternative adopted in other countries. “In the world there are about 2,000 power plants fueled by waste. Technology is at a marketing phase, ready to make great contributions to sustainability in Brazil, Bastos affirms.


technology

2G Ethanol without competing with food Producing ethanol made from sugarcane bagasse and straw of cane sugar in the laboratory is already a reality in Brazil. It is estimated that over five years the demonstrative production of ethanol, also known as 2G and bioethanol, will start and also in industrial scale. The prospect is that in about ten years, this renewable fuel will be at the pumps in service stations, mixed to the current first-generation ethanol, produced from the juice of sugar cane. The forecast is by the biologist Elba Bon, Professor at the Department of Biochemistry of Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). The most interesting aspect of the project is that it does not compete with food. “It’s possible to double the

Brazilian ethanol production without increasing the current acreage and therefore without competing with food production, without cutting down forests to clear new agricultural frontiers,” the Professor says. To get an idea, Brazil produces about 30 billion liters of ethanol per year and lives the uncomfortable position of being at the same time the world’s largest producer and unable to meet its own market. Produced with conventional technology, which takes only a third of the energy contained in the plant, the so-called firstgeneration ethanol is insufficient to meet growing domestic and foreign demand. One way to reverse the situation will come from 2G alcohol, produced from

biomass of waste from agribusiness. The best perspective is in the very production of sugar cane: the energy not converted to ethanol by the traditional process is in the bagasse (waste from the extraction of sugar cane juice) and straw (which is usually burned in the manual harvesting of sugar cane). The most efficient way to take advantage of them is to use the enzymes for the hydrolysis, i.e. to “break” the cellulose molecules and extract glucose which, after fermenting, is converted in alcohol. “The economic potential of this technology is great, because Brazil produces more than 400 million tons of waste from sugar cane,” says Elba.

Beginnings of bioethanol The first steps in the production of bioethanol were taken in 2007, when the group led by Professor Elba Bom at the Laboratory of Enzyme Technology (Enzitec), of the Institute of Chemistry of UFRJ, managed to produce an enzyme mixture as efficient to make the hydrolysis as enzymes marketed by the only manufacturer in the world, a Danish company. The high cost of imported enzymes is the bottleneck to usher the industrial production of 2G. At the Bioethanol Laboratory, which will be installed on the campus of the UFRJ, the production of enzymes and

other stages of second generation alcohol will be developed and tested, aiming at a sustainable and robust technology. One concern is keeping in tune with the current ethanol technology 1G. Another key point of the sustainability of the process is the production of in situ enzymes. That is, they are produced in their own ethanol plants, which are the available for bagasse and straw. This will avoid the long distance transportation. “By developing technology for 2G ethanol production, Brazil adds a great new comparative advantage to those that the country already has: climate,

soil, four centuries of knowledge about the cultivation of sugar cane and four decades of experience in production and use of alcohol as automotive fuel”, Elba concludes. Bioethanol Laboratory, a modern facility for biomass processing opened at the campus of the UFRJ, is the result of a partnership with Coppe and the Institute of Chemistry, with the participation of a network of institutions and Brazilian and Japanese research such as the Financier of Studies and Projects (Finep) and the International Cooperation Agency of Japan (Jica).

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technology

Clean technology represents more profits Social and environmental responsibility is still considered important, although it is not the primary motivator for the adoption of cleaner practices in companies. A recent research produced by the International Business Report (IBR), by Grant Thornton, in 2012, signalizes that the growing of the Clean Technology industry is motivated not only by the “green Market” wave, but mostly by reduction of

taxes, increase of profits, and by the possibility of receiving some kind of benefit from the government. The research has been produced in Japan, Philippines, Germany, Armenia, China, India and Brazil. Over a half (52%) the world’s businessmen have adopted clean technology to reduce costs, and 45% to increase productivity. “We aren’t talking only about

environmental concerns. We are talking about how alternative solutions could increase the financial performance of companies. We are looking at the potential of these technologies in terms of competing with the traditional energy forms, and it is expected that, in a while, they can compete on an equal foot”, affirms Javier Martinez, responsible person from Grant Thornton by the Latin America IBR.

Growth also in Brazil Investment in clean technologies has animated Brazilian investors; According to the International Business Report 2012 (IBR), 79% of the businessmen expect to increase their revenues in the next 12 months and 48% expect a profit increase for the same period. Other 63% affirm that they shall invest in machines and equipment, and in Research and Development (47%). Most of them say they don’t believe that they’ll have support from financial entities (65%). Besides, 41% of the consulted executives hope to hire. Last year, hirings increased 35%. Still according to

IBR, the major constraint for the growth of the companies of this sector is bureaucracy (46%) and the lack of skilled labor (41%). The greatest producer in the country, and a mirror for other companies in the sector, Petrobras has been advancing in investments in cleaner energy sources that produce less pollution. In 2008, the company has created a subsidiary fully devoted to biofuels – Petrobras BioCombustíveis. The use of this kind of energy source reduces emissions of carbon dioxide (CO2) and generates less particulate pollution in the atmosphere.

The company develops the second generation ethanol technology, which seizes the sugarcane bagasse as raw material and allows the growth of ethanol production in 40%, without using additional resources from nature. There have been produced 80 thousand liters of second-generation ethanol at a demonstration plant in the United States. ”Producing ethanol from waste is quite an achievement. It means more energy with the same cultivated area. This is one technology that preserves natural resources”, the president of Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto, affirms.

Eike Batista will develop unprecedented energy in Brazil Motivated by the wave of energy sustainability, the EBX Group, which belongs to the entrepreneur Eike Batista, will add a new business to its already diverse portfolio of products. MPX, the holding company aimed to the generation of electricity, will produce energy from fuel cells. The initiative will count on the partnership of the U.S. company Bloom Energy, which already operates in the U.S. With this technology, which is unprecedented in Brazil, instead of combustion, used in power generation by fossil fuels, energy is generated by chemical reaction with oxygen and hydrogen as the main chemical

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components. The advantage is that they produce less carbon dioxide, a major cause of global warming, but they can also be used for ethanol, natural gas, biodiesel, biogas, among others. This technology, in addition to spot the low CO2 emissions, 40% lower than conventional small systems, has high energy efficiency, especially when compared to diesel generators. The first pilot plant will have three megawatts and the ability to continually generate an average of 200 kW (kilowatts) of energy each. The location of the factory and the investment

required for its installation and operation were not informed. According to experts, the energy generated by fuel cells is still considered expensive in relation to other energy sources, especially those ones which use hydrogen. “We made cooperation for the factory in Brazil and the production is feasible, indeed,” said Batista, during Humanidades 2012, a parallel event to the Rio+20 that brought together industry heavyweights in the country. Bloom Energy is headquartered in Silicon Valley, in California, and has the reliable green energy as its main slogan. The first cell production was sold to Google. 


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