MACAÉ OFFSHORE 1
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MACAÉ OFFSHORE 3
ÍNDICE / CONTENTS
Matéria de capa | Report of Cover
Pequenas em alta Small companies on the rise
32 39 Arte: Paulo Mosa Filho
Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Gestão | Management
Articulando | Articulating
Mulheres e petróleo: uma mistura cada vez mais poderosa
Pré-sal e shale gas redesenham a geopolítica de O&G. . . . . . . . . . . . . . . . .8
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Women and oil: a mixture ever more powerful
28
Non-conventional sources and the new O&G geopolitics.. . . . . . . . . . .
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Entrevista | Interview
14 Marcelo Mafra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Marcelo Mafra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Plataforma Espírito Santo | Espírito Santo Platform Inovação: o desafio que move as MPEs capixabas.. . . . . . . . . . . . . . . Innovation: the challenge that moves MSEs in Espírito Santo. . . . . .
44 46
Plataforma Santos | Santos Platform Muito além dos royalties.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mais do que capital, um farol em energia More than capital, an energy beacon
20 22
Far beyond oil royalties. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Tecnologia | Technology
52 The Meca of energy technology. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 A meca da tecnologia em energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Colunistas | Columnists
Gestão de Negócios Business Management Alexandre Andrade
Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso
Como escolher um software de gerenciamento de projetos How to choose a project management software As mesmas velhas notícias The same old news
10 11 12 13
Mais informações: www.macaeoffshore.com.br
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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER
Dos pequenos desafios às grandes conquistas
From small challenges to great achievements
O ano de 2012 foi marcado por um novo posicionamento da Editora Macaé Offshore. Demos passos importantes para atingir o objetivo estratégico de romper barreiras regionais e consolidar-se como veículo de cobertura nacional, com ênfase nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, onde se concentra a maior produção de óleo e gás do Brasil. A abertura da Redação no Centro do Rio de Janeiro trouxe o veículo para mais perto do principal centro de decisões do setor, ampliando e qualificando o conteúdo e o relacionamento, com uma equipe de profissionais especializados no mercado.
In 2012, Macaé Offshore Publishing Company marked a new position. We have worked to achieve our strategic goal of overcoming regional obstacles. Thus, we have consolidated ourselves as a national media, emphasizing Campos, Santos and Espírito Santo basins. Those basins concentrate the largest oil and gas production in Brazil. The opening of the new office in Rio de Janeiro city’s downtown with a specialized staff made the main decision centers of Oil & Gas industry closer and also made the coverage, content and relationship better and wider.
Atualizado em tempo real, o Portal Macaé Offshore foi reformulado e ganhou novas editorias. E como interatividade é tudo, o leitor passou a contar com a versão online da revista, além das edições impressa e digital. Agora, já pode enviar sua matéria preferida para os amigos por email, comentá-la e compartilhá-la nas redes sociais. O projeto integra cada vez mais a revista e o portal e garante uma experiência de leitura de fácil navegação. Mais madura, dinâmica e abrangente, a Macaé Offshore também fez sua estreia nas redes sociais, inaugurando um novo diálogo com seus públicos-alvo. Seus perfis no Facebook e Twitter se tornaram mais um canal de discussão e interação na Internet. E já ultrapassamos a barreira dos 2 mil fãs no Facebook. Em breve, a Macaé Offshore lança a sua newsletter, com as informações mais relevantes do segmento. Teremos ainda muitas perspectivas e novidades em 2013, quando completamos 12 anos como o seu canal de notícias no dia a dia, cada vez mais qualificado e segmentado, sobre tudo o que acontece no mundo dos negócios offshore. Aproveite e desfrute todas as suas possibilidades. Esta primeira edição de 2013 destaca a força de dois agentes aparentemente frágeis neste gigantesco mercado: as mulheres e as pequenas empresas. As primeiras ocupam cargos até pouco tempo inimagináveis no mundo do petróleo. Já as MPEs provam que tamanho não é documento e, com capacitação, inovação e uma boa dose de incentivo são capazes de contribuir com a indústria para atender às metas de conteúdo local. Os desafios não são poucos, mas a ousadia também não é pequena. Uma boa e agradável leitura.
Macaé Offshore updates its website in real-time, and now it has new sections and reformulated content. Ever since interactivity is everything, the reader can access the magazine’s web version as well as its printed and digital versions. Now, it is possible to send friends your favorite article through e-mail, make comments and share them in social networks. All this project was thought to integrate the magazine and its website, thus ensuring a good experience of reading through an easy browsing process. More mature, dynamic and complete, Macaé Offshore has debuted in social networks, making a new dialogue with its target audience. Its Facebook and Twitter accounts have become another discussion and interaction channel on the Internet. Recently, its Facebook account have achieved more than 2 thousand followers. Soon, Macaé Offshore will have its own newsletter with relevant industry’s information. We also have expectations and novelties for 2013, when the magazine celebrates its 12th anniversary. After all, we are much more than a bimonthly magazine. It is your daily news channel ever more qualified and specialized in all the issues related to the offshore business. Enjoy all these possibilities. The first issue of 2013 spotlights the strength of women and small enterprises, two seemingly fragile characters within this giant market. Women have been holding positions unthinkable in a recent past. As for small enterprises, they have already proved their capabilities to aid the industry accomplishing their local content goals as long as they have qualification, innovation and right incentive. The challenges are not few. However, their confidence are not small either.
Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga, Rodrigo Leitão e Flávia Domingues redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Brunno Braga Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 68ª Edição - Fevereiro/Março 68th Edition - February/March Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties
Have a good and pleasant read MACAÉ OFFSHORE 5
MARÉ ALTA / HIGH TIDE
Searching for oil start-ups
Busca-se startup de petróleo As startups brasileiras de petróleo estão na mira da Denham Capital Management LP, empresa de investimentos que administra US$ 7,3 bilhões na área de energia. Tudo isso atraído pelos planos do governo em vender licenças de exploração de petróleo e gás pela primeira vez em seis anos. O resultado é o disparo na busca por startups por parte de fundos private equity interessados em investir em pequenas empresas que possam competir com produtores globais, como Royal Dutch Shell Plc e BP Plc.
Um novo player de tecnologia desembarca no Brasil De olho na abertura do mercado brasileiro, a Enventure Global Technology, líder mundial na tecnologia de expansão sólida, com sede em Houston, abriu escritório no Centro do Rio de Janeiro e agora está organizando a base operacional em Macaé (RJ). Com atuação em revestimento e liners expansíveis para poços de petróleo onshore e offshore, a empresa já atua no Golfo do México, Mar do Norte e região
da Arábia Saudita há 14 anos, com mais de 1380 instalações. A companhia tem como carro chefe a nova tecnologia SET® Systems, que maximiza o diâmetro de poços de petróleo e gás por meio de um processo de expansão a frio. Segundo a empresa, isso permite maior êxito no acesso a reservatórios que não poderiam ser alcançados com outra tecnologia. Divulgação
Deham Capital Management LP searches for Brazilian oil start-ups. The company manages US$ 7.3 billion in the energy industry and is attracted by the Oil Bidding Rounds, announced by the Brazilian government. This is the first call-to-bid in six years. As a result, private equity firms want to invest in small oil companies that are prepared to compete with global players such as Dutch Shell Plcand BP Plc.
A new technology player arrives in Brazil Aiming the Brazilian market opening, Enventure Global Technology has opened an office in Rio de Janeiro city’s downtown and now is settling its operation center in Macaé. The Houston-based company is the world’s leading provider of solid expansion technology (SET® Systems). Enventure supplies expandable liners in onshore and offshore oil wells. The company has been working in the Gulf of Mexico, North Sea and Saudi Arabia for 14 years with more than 1380 facilities. SET® Systems maximizes oil and gas wells diameter through a cold expansion process. According to the company, it gives better results in reservoirs access, which has not been achieved by any other technology.
AGENDA / CALENDAR
Rio recebe a AIM Oil&Gas Conference Brasil Temas relacionados ao gerenciamento da integridade de ativos para os setores upstream, midstream e downstream da indústria brasileira estarão em pauta no AIM Oil&Gas Conference Brasil, que reunirá grandes players do setor 6 MACAÉ OFFSHORE
dias 11 e 13 de março, no Rio Othon Palace Hotel, no Rio de Janeiro. A expectativa é receber 150 executivos e tomadores de decisão de diferentes níveis de áreas como gerenciamento
de manutenção, engenharia de inspeção, gerenciamento de ativos, gerenciamento de risco, engenharia de segurança e processos, integridade de poço, integridade de dutos, gerenciamento de projetos, HSE/SMS, entre outros.
MARÉ ALTA / HIGH TIDE
AGENDA / CALENDAR
Rio hosts AIM Oil & Gas Conference Brazil AIM Oil&Gas Conference Brazil will discuss issues related to Assets Integrity Management for the Brazilian upstream, midstream and downstream oil and gas industry. The event will gather major Oil & Gas players between
March 11th - 13th at Rio Othon Palace Hotel, in Rio de Janeiro. The even will receive 150 executives and decision-makers from different areas such as maintenance
O futuro da Engenharia de O&G em Macaé A nova inteligência do setor de óleo e gás vai se reunir de 26 a 30 de agosto em Macaé, num dos maiores eventos acadêmicos do país. O XI Engep atrairá cientistas, estudantes e profissionais de engenharia de exploração e produção. A programação oferece minicursos em diversas áreas, como Engenharia de Reservatórios, Engenharia de Poço, Geofísica, Geologia do Petróleo, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, Gerenciamento de Projetos de Petróleo, Geoquímica de Reservatórios, Estimativas de Reservas, Fluidos de Perfuração e Refino. Serão promovidas também sessões diárias de Recursos Humanos, ministradas por reconhecidas empresas de exploração e produção de petróleo; visitas técnicas a empresas do setor e mesas-redondas para discutir temas atuais como a exploração do Pré-sal, mercado de trabalho e novas perspectivas. O evento acontecerá no Lenep (Laboratório de Engenharia e Produção de Petróleo).
management, inspection engineering, assets management, risk management, process and safety engineering, wells integrity, pipeline integrity, project management, Health, Safety and Environment (HSE) among others.
The future of the O&G Engineering in Macaé The new oil and gas intelligentsia will gather between August 26th and 30th in Macaé in one of the most important academic events in the country. The XI Engep will attract scientists, students and exploration and production engineering professionals. The event will host courses in several areas, such as Reservoir Engineering, Well engineering, Geophysics, Oil Geology, Workplace and Environment Safety, Oil Projects Management, Reservoir Geochemistry, Reservoir Estimation, Drilling Fluid and Refining. The event will also promote daily Human Resources workshops given by renowned E&P companies; technical visits to O&G companies and round tables to discuss current issues such as Pre-salt exploration, job market and new expectations. The event happens in Lenep (Laboratory of Petroleum Engineering and Exploration).
GENTE / PEOPLE
E para começar 2013... cortes na OGX O ano de 2013 mal começou e a OGX, braço de petróleo do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, anunciou a demissão de 30 funcionários. A companhia alegou que os cortes fazem parte de uma “pequena reestruturação”, que acabou resultando na redução de seu quadro de funcionários.
Novo secretário executivo no IBP O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) conta com novo secretário executivo. Milton Costa Filho assumiu o posto em janeiro, em substituição a Álvaro Teixeira, que esteve à frente do IBP por 19 anos. Teixeira teve um papel fundamental na condução do IBP em seu período de expansão e diversificação de atividades após a abertura do mercado. Ele continuará contribuindo com o IBP, na função de consultor sênior.
Starting 2013 with OGX’s layoffs The year 2013 has barely started, and OGX, the oil branch of the EBX group, a holding controlled by Eike Batista, announced that they have decided to lay off 30 employees. The company alleged that the layoffs were part of a restructuring plan, resulting in job cuts of its staff.
New IBP’s executive secretary The Brazilian Institute of Petroleum, Gas and Biofuels (IBP) has a new executive secretary. Milton Costa Filho took over the position in January. He substitutes Álvaro Teixeira, who worked for IBP for 19 years. Teixeira had a crucial role on leading IBP to its expansion and diversification activities after the market opening. He stays in IBP as a senior consultant.
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ARTICULANDO
Pré-sal e shale gas redesenham a
geopolítica de O&G Por Marcelo Simas*
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ois recursos não convencionais serão os drivers do mercado global de Óleo e Gás nos próximos anos: o pré-sal no Brasil e o shale gas nos Estados Unidos. Desde 2006 o Brasil vem consolidando sua posição como exportador de óleo e terá posição relevante como grande player nos próximos anos. A previsão é de que até 2020 cerca de 50% do óleo produzido venha do pré-sal. Mas que papel o Brasil terá? As descobertas do shale gas e shale oil nos EUA têm provocado uma verdadeira revolução na geopolítica? Este novo cenário ainda não está claro, mas nos permite vislumbrar alguns desdobramentos.
e 26% da matriz energética americana. As projeções para 2040 indicam que estas fontes responderão por 32% e 28% do total (figura 7). No entanto, sua dependência em relação às importações será diminuída. O óleo, após chegar a 60% de importações líquidas em 2005, seis anos depois despencou para 45% e para 2035 as projeções são de 37% (figura 11). Já o gás teve produção doméstica em 2011 responsável por 95% do total consumido, o que além de reduzir as crescentes importações de GNL, permitiu reverter a posição e prever que os EUA serão exportadores líquidos em 2016.
Os reservatórios do pré-sal são do tipo carbonático com óleo leve. Seus custos são ainda elevados, mas a taxa de sucesso dos novos poços é superior à média mundial. Há promissoras reservas que podem dobrar o atual volume do país até 2020. O shale gas é o gás em rochas de folhelho. A recuperação destes reservatórios é de 20% a 30% do total, contra 80% do gás convencional, mas as estimativas de seus volumes nos EUA são maiores que as do convencional.
Nos EUA a política energética é indissociável da de defesa. Assim, uma questão relevante é a redução destes gastos, conforme previsto no programa do segundo mandato de Barack Obama. Os EUA são responsáveis por metade dos gastos militares de todo o planeta. A previsão de saída das tropas do Afeganistão e a redução das mesmas no Iraque aliviará o déficit fiscal, que junto com o de conta corrente, pode ser considerado um dos déficits crônicos da economia. Segundo T. Boone Pickens, um investidor que elaborou um plano para reduzir a dependência energética, o barril custa aos EUA mais do que o dobro, se considerados os gastos militares por todo o planeta, para permitir o comércio de O&G em zonas de conflito.
No início deste século, a tecnologia de perfuração horizontal, combinada à de fraturamento hidráulico, permitiu o acesso a volumes significativos, que até então eram inviáveis. Isto explica seu notável crescimento: o shale gas respondeu por 35% da produção em 2012, contra 1% em 2000, segundo a EIA. Como não existe “almoço grátis”, há sérias questões ambientais e regulatórias que podem pôr em risco estas descobertas. De acordo com o EIA, o O&G representavam em 2011 respectivamente 36%
.A tendência do Brasil é de, até 2020, estar entre os cinco maiores produtores mundiais de óleo, exportando cerca de 1,5 a 2 MM bpd, consolidando definitivamente seu papel de grande player mundial. Já os EUA mudarão o paradigma do mercado: o maior
consumidor mundial, cuja produção estava em declínio desde a década de 80 e aumentando sua dependência energética (figura 11) reverterá esta tendência e passará a um nível confortável de segurança energética até 2035, incluindo todas as fontes (figura 9). Segundo estudo da IEA, em meados de 2020 os EUA serão o maior produtor de petróleo do mundo, devendo ultrapassar a Arábia. Com diversificação de fornecedores e aumento da produção, em 10 anos deixarão de importar óleo do Oriente Médio. Em 2011, os EUA importaram 11,3 MM bpd de óleo e derivados, gastando US$ 450 bilhões, equivalente ao déficit em conta corrente, que é de US$ 466 bilhões (WEO/FMI). O aumento da produção de óleo e as exportações de gás permitirão ao país fazer ajustes em seus déficits fiscal e em conta corrente, reduzindo sua dependência energética e gastos militares, podendo assim retomar sua hegemonia, abalada com a crise econômica de 2007. Além disso, o aumento da oferta levou à queda dos preços do gás no mercado interno em mais de 50% desde 2005. No mercado internacional, o preço do gás russo fornecido para UE deverá cair no futuro, bem como muitos projetos de GNL devem se inviabilizar. Voltaremos assim a uma ordem mundial unipolar como no período pós-queda do Muro de Berlim? Só o futuro dirá!
Marcelo Simas é formado em Economia pela UFRJ e professor de Geopolítica de O&G no curso de MBA desta universidade. Desde 1998 na Petrobras, atua na Gerência de Relacionamento com a Comunidade de Ciência & Tecnologia no Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
L e i a a r t i g o n a í n t e g r a e m w w w. m a c a e o f f s h o r e . c o m . b r 8 MACAÉ OFFSHORE
ARTICULATING
Non-conventional sources and the new O&G
geopolitics
By Marcelo Simas*
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wo of non-conventional sources will drive the O&G global market for the next years: the Pre-Salt in Brazil and the shale gas in the United States of America. Since 2006, Brazil has been consolidated itself as an oil exporter. Soon, the country will have an important position as a great player for the next years. Roughly 50% of oil production will come from the Pre-salt by 2020, according to some projections. What will be the role of Brazil? Are the discoveries of the shale gas and oil in US promoting a truly revolution in geopolitics? This new scenario is not clear yet. However, it makes us think about some of their implications. The Pre-salt reservoirs are carbonatic-type of light oil. They are still expensive, but their new oil wells success rating are superior than world average. These new reservoirs may double the current oil production in the country by 2020. Shale gas is the gas found in laminated rocks. The recovery of these reservoirs ranges from 20% up to 30%, whereas in the conventional gas, the rate is 80%. Nevertheless, estimates of its volume in US are greater than of the conventional gas. In the beginning of this century, horizontal drilling technology, combined with hydraulic fracturing, enabled the access in significant volume, which were impractical by then. This explains its notable growth. Shale gas responded to 35% of production in 2012, facing to 1% in 2000, according to the IEA. There is no such thing as a free lunch. Thus, environmental and regulatory issues might jeopardize these discoveries.
According to the IEA, O&G industry represented in 2011 36% and 26% of the US energetic matrix respectively. Projections for 2040 point that these resources will respond to 32% and 28% of the total - Figure 7. Nevertheless, the American dependency on foreign oil and gas will decrease. After reaching 60% of net import in 2005, six years later the imports of oil fall 45%. For 2035, projections show 37% Figure 11. As for the gas imports, the domestic production was responsible for 95% of the total consumption in 2011, which allowed not only reducing the growing NGL imports, but also reverting US position as well as predicting the country as a net exporter in 2016. Energetic and defense policies are inseparable in the USA. Therefore, cutting this expenditure is an important issue, related to Obama’s second-term plan. The United States accounts for half of all world’s military expenditures. The plan of US troops withdrawal from Afghanistan and Iraq’s spending reduction will ease budget deficit, a chronicle American economy’s deficit along with trade deficit. To T. Boone Pickens, an investor who drew up a plan to cut the USA’s energetic dependency, the O&G trade in conflict zones makes oil barrel costs more than the double compared to military spending throughout the world. Brazil will be one of the world’s top five oil producers by 2020 exporting roughly 1.5 million to 2 million boed. Thus, the country may consolidate itself as a great world player. The USA will change the market paradigm. The biggest world consumer will achieve a comfortable energetic safety level by 2035, with all energy sources included, after its production has been
decreased since 1980s and the increase of energetic dependence (Figure 11), (Figure 9) According to the IEA, the USA will be the biggest oil producer in the world, overtaking Saudi Arabia by 2020. With suppliers diversification and the increase of production, the USA will cease the imports of Mid-Eastern oil within 10 years. In 2011, the USA imported 11,3 million boed and their derivatives, spending US$ 450 billion, which is equivalent to US$ 466 billion of trade deficit (WEO/FMI). The increase of oil production and exports of gas will enable the country adjust its budget and trade deficits, cutting its energetic dependency and military spending. Therefore, America may resume its hegemony, harmed by the financial crisis of 2007. Moreover, the rise in oil supplies makes the gas prices fall more than 50% in its domestic market since 2005. In the international market, Russian gas price supplied to the EU may fall in the future as well as many NGL projects may become unavailable. So, will we come back to a unipolar world order as it used to be right after the fall of Berlin Wall? Only time will tell!
Marcelo Simas is the MBA Professor of O&G Geopolitics at the University of Rio de Janeiro (UFRJ). With degree in Economics from the UFRJ (1987), he works for Petrobras since 1998 . He works also as a professor of the University of Petrobras, Simas currently works at the Centre for Research & Development (CENPES) in Management of Community Relations of Science & Technology.
R e a d t h e f u l l a r t i c l e a t w w w. m a c a e o f f s h o r e . c o m . b r
Fontes: AEO 2013 Early Release Overview da EIA/DoE e BP Statistical Review of World Energy 2012 Sources: AEO 2013 Early Release Overview of IEA/DoE and BP Statistical Review of World Energy 2012
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Gestão de negócios
Como escolher um software de gerenciamento de projetos Por Alexandre Andrade, PMP* Como auxiliar a gestão de projetos nas organizações, cumprindo prazos, otimizando recursos, oferecendo produtos e serviços de qualidade e atendendo às necessidades dos clientes? A escolha certa de uma ferramenta de gerenciamento de projetos pode ajudar a responder. A adoção de ferramentas corporativas de gerenciamento de projetos pelas organizações cresceu consideravelmente nos últimos anos, bem como a oferta de produtos e o surgimento de novas soluções. Essa prática efetivamente gera resultados positivos, pois propicia a padronização de métodos e processos e a disponibilização de informações em tempo real ao alcance de toda a equipe do projeto, aumentando a qualidade do gerenciamento e as chances de alcançar os objetivos e melhorar os resultados. Devido à importância dessa escolha, o processo de seleção da ferramenta, ou do conjunto de ferramentas, torna-se uma atividade complexa e criteriosa. É necessário avaliar alguns pontos antes da escolha. Uma avaliação corporativa é a primeira etapa nesse processo de escolha, visando a identificar as reais necessidades da organização na aplicação das práticas de gerenciamento dos projetos. Na avaliação corporativa, os pontos a serem observados são: capital disponível para investimento; importância dos projetos dentro da organização; complexidade
dos projetos e exigências do cliente (interno / externo). Deve-se levar em consideração também que existe o fator humano e a resistência à mudanças. Para romper essa barreira natural, é necessário que todos os líderes de projetos participem do processo de escolha e implementação das ferramentas que serão utilizadas. As lições aprendidas ao longo da carreira dos profissionais envolvidos podem auxiliar na identificação das melhores ferramentas. A segunda etapa é a avaliação do software. O ponto mais importante e inicial é fazer uma pesquisa sobre casos de sucesso na utilização da ferramenta no mercado e, ao identificar uma ou mais opções, marcar uma reunião com uma ou mais organizações que utilizem ou que já tenha utilizado o software. É importante procurar saber o ponto de vista de quem já utilizou, tentando obter informações sobre pontos fortes e fracos, dificuldades encontradas durante a utilização e principais qualidades. Nesse momento, definir aproximadamente a quantidade de usuários que deverão ter acesso ao sistema é também muito importante. Esse número é necessário na fase de negociação de valores com o fornecedor. É importante conhecer as diferenças entre soluções para usuários únicos - onde a ferramenta fica
instalada nas máquinas dos usuários e sem a possibilidade de compartilhamento - e para múltiplos usuários - onde a ferramenta fica instalada em servidores ou baseada na web e possibilita o uso compartilhado da ferramenta com possibilidade de acessos simultâneos. Outros fatores são importantes, dentre os quais, a capacidade do fornecedor / desenvolvedor do software de dar suporte e treinamento e de criar soluções adicionais para adequação às necessidades da organização. Também deve ser avaliada a capacidade do software de gerar as informações necessárias para a formatação dos relatórios exigidos pelo cliente e de migrar e compartilhar dados com outros sistemas; Após a escolha da ferramenta, criase uma expectativa muito grande quanto aos resultados esperados. No entanto, é muito importante deixar claro para os líderes de projetos e para as equipes de projetos que uma ferramenta não será capaz de realizar o trabalho da equipe. Planejamento, estimativas, tomadas de decisão, identificação de problemas de escopo e capacidade de negociação são tarefas dos líderes de projetos. Os softwares são apenas ferramentas de apoio. Um gerenciamento de projetos eficaz exige a adoção de metodologias de gerenciamento de projetos que se somem a elas.
* Alexandre Andrade é graduado em Administração pelo Isecensa Campos/RJ, certificado pelo PMI (PMI® - Project Management Institute) desde 2008 e possui MBA em Engenharia de Petróleo pela Funcefet Macaé. Trabalha na área de Óleo e Gás há 11 anos e há sete atua como gerente de Projetos nos segmentos de Tecnologia da Informação e Óleo e Gás na Petrobras em Macaé. Dúvidas e sugestões para esta coluna: alexandre.andrade.pmp@gmail.com
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business management
How to choose a project management software By Alexandre Andrade, PMP*
How to assist project management in organizations, in order to accomplish schedules, optimize resources, supplying goods and services with quality and respond to the necessities of clients? The right choice of a project management software may help to answer this question. The use of corporate project management software by organizations has considerably increased in the last years as well as the offer of products and new solutions that are coming up. Certainly, that practice creates positive results, once provides standardization of methods and process and information access in real-time to all the staff of the project, enhancing the quality of the management and the chances of achieving goals and improving results. Due to the importance of this choice, the selection process of the software, or a set of software, becomes a complex and criteria activity. It is necessary to evaluate some points before the choice. A corporate evaluation is the first step in this choice process, aiming to identify the real necessities of the organization in the implementation of projects management practices. In the corporate evaluation, the points that must be observed are: capital for investments;
the importance of projects within the organization; the complexity of projects and the clients’ requirements (inside/outside). The human factor and his resistance for changes must also be considered. In order to break this natural barrier, it is necessary that all leaders of projects take part in the process of choice and implementation of software that will be used. The lessons learned throughout the professional careers involved may help in the identification of better application programs. The next step is the evaluation of the software. Firstly, the most important point is to look for successful cases in the use of the software in the market and, once is found one or more options, arrange a meeting with one or more organizations that use or have used the software. It is important to know the point of view of those who have used the software, trying to obtain information on strong and weak points, difficulties that were found during its utilization and its main qualities. At that moment, to define the number of users who might have the access to the software is also important. This number is necessary in the process of dealing prices with the software supplier. It is
important to know the differences between solutions for unique users – when the software is set up in the users computers without the possibility of sharing - and for multiple users - when the software is set up in serves or based on the web and enables the sharing with simultaneous access. Other factors are important such as the supplier capacity for developing software to support and training and to create adding solutions to fit the necessities of the organization. The software capacity of creating necessary information to build reports demanded by the client and migrating and sharing data with other systems must also be evaluated. After choosing the software, a great expectation is created toward the awaited results. Yet, it is very important for leaders of projects and their crew to be aware that a software is not able to do their work alone. Planning, estimates, decision-making process, problems identification and dealing capacity are tasks of the project leaders. Software are not only a support tool. An efficient project management requires the adoption of projects management methodologies to work with software.
*Alexandre Andrade holds a Bachelor’s Degree in Business Administration from Isecensa Campos/RJ, a PMI® certificate as a PMP® (Project Management Professional) since 2008, and holds a MBA in Petroleum Engineering from Funcefet Macaé; He has been in the Oil Gas segment in Macaé for 11 years, and has been working for Petrobras as a Project Manager for seven years in the sectors of Information Technology and Oil and Gas. Questions and suggestion for this column: alexandre.andrade.pmp@gmail.com
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Por dentro do mercado
As mesmas velhas notícias Por Celso Vianna Cardoso* O ano está apenas começando e ainda é cedo para fazer previsões para o mercado de óleo e gás no Brasil Pela teoria do mercado eficiente, todos os investidores deveriam ter acesso às mesmas informações simultaneamente, de forma a evitar qualquer vantagem que poderia vir do poder econômico do investidor. O mundo real, por sua vez, nos mostra que a dura realidade dos investidores não poderia estar mais distante. Essa é a explicação para que movimentos repentinos no mercado não encontrem, por vezes, algum fato relevante que o explique. Um exemplo recente pode ser observado nas ações da CCX (CCXC3), que emplacaram uma alta de 45% no pregão do dia 21 de janeiro, um dia antes de Eike Batista anunciar a pretensão de fechar o capital da empresa O plano, caso a oferta se realize, será utilizar como pagamento suas ações da MMX, LLX e OGX. O preço oferecido na permuta seria de R$ 4,31, o que pode provocar fortes oscilações no preço das ações de suas empresas listadas na bolsa. Apesar do bom início nas primeiras semanas quando chegou a cravar uma alta superior a 15%, a trajetória da OGXP3 se inverteu e já amarga queda superior a 7% no ano. Quase ao mesmo tempo, 30 funcionários foram demitidos naquilo que se chamou de “pequena reestruturação da companhia”, sem mais detalhes. O fato é que a OGX busca o seu caminho desde meados de 2012, quando o executivo Paulo Mendonça, foi afastado da presidência da companhia, na tentativa de interromper uma queda de 65%
em quatro meses. Esse início do ano tem sido bom para a OGX, que já acumula uma alta superior a 15% entre o fechamento de 31 de dezembro e 23 de janeiro de 2013. A Petrobras vem sofrendo com a falta de credibilidade do mercado. Como essa coluna já vem martelando há algum tempo, o aumento da gasolina teria um impacto positivo no preço das ações da companhia. Apesar do aumento anunciado de 6,6% na gasolina e 5,4% no diesel e de um pronunciamento público onde a presidente Graça Foster demonstrou preocupação em agradar os investidores, o balanço de 2012 veio como uma ducha fria para o mercado, apresentando um lucro 36% abaixo do obtido no ano anterior. No pronunciamento pós-balanço, Graça Foster afirmou que não há perspectivas de melhora no curto prazo. A dívida da empresa já alcança 30% do patrimônio líquido e se chegar a 35% a Petrobras perde o investment grade e piora o perfil da dívida. Para deteriorar um pouco mais a percepção do investidor, a diretoria optou por reduzir o pagamento de dividendos para os acionistas
ordinários, numa tentativa de manter os investimentos. Nesse contexto, não se poderia esperar nada além de uma queda forte no preço das ações, na faixa de 8% para as ações ON. No cenário internacional as maiores empresas de petróleo seguem com suas ações em alta, em linha com o preço do barril de petróleo. No mesmo período o petróleo tipo WTI subiu 5,35% enquanto que o Brent teve alta de 4,87%. O ano está apenas começando e é cedo para fazer previsões para esse mercado. A OGX está promovendo esforços para produzir caixa, mas divulgou em janeiro o menor nível de produção boe, 4,9 mil barris/dia, desde o início da série o que desanimou o mercado. A Petrobras continua sua saga de desvalorização desde maio de 2008 quando atingiu o seu preço máximo histórico e ainda busca o seu caminho para voltar a ser a maior empresa do país em valor de mercado, posto ocupado atualmente pela Ambev. Certamente ainda voltaremos a esse assunto e, esperamos, com novidades mais positivas. 20%
15%
10%
5%
Petrobras 0%
Exxon
Shell
Chevron
BP
OGX
WTI
-5%
Desempenho das ações das principais petrolíferas do mundo juntamente com o barril de petróleo. The performance of the stock prices of world’s major oil companies along with the oil barrel price.
*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ , com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É coautor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.
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Brent
inside the market
The same old news * By Celso Vianna Cardoso
T he year has just begun and it is still early to make predictions on the oil and gas market in Brazil. According to efficient market theory, all investors should have same access to information thus avoiding any advantage an investor with economic power might have. Investor’s tough reality, for his turn, is far from this theory. This explains why sudden movements in the market do not find any relevant theory fact. The case of CCX’s stocks (CCXC3) that rose 45% on January 21st, one day before Eike Batista announced his intention to take the company private, is a recent example. The plan is to use as payment MMX’s, LLX’s and OGX’S shares, in case of this offerings turn reallity. The price offered in the exchange would be R$ 4.31, which might provoke strong oscillations in the stock prices of Eike’s companies listed in the Stock Market. Almost at the same time, OGX laid off 30 employees in an episode called “slight company restructuring” without further details. The fact is that OGX seeks its way since 2012, when the executive Paulo Mendonça was removed from the position of CEO of the company, in an attempt to halt a fall of 65% in four
months. Although a good beginning in the first weeks when the company’s stock price rose 15%, OGXP3 changed its trajectory and now suffers a fall of 7% in the year. The lack of market credibility harms Petrobras. As this column has been saying for a long time, the increase of gasoline prices would have a positive impact in the company’s stock prices. However, although the announcement that gasoline prices will rise by 6.6%, while diesel prices will go up 5.4%, and CEO Graça Foster publicly showing she wanted to please the investors, the 2012 company’s balance sheet poured a cold water in the market, showing a profit 36% below 2011. In a post-balance sheet statement, Graça Foster said that the company will face difficulties in short term. Petrobras’ debt reached 30% of its net equity and if it reaches 35% Petrobras loses its “investment grade”, worsening its debt profile. Making the investor’s perception even worse, Petrobras’ board has decided to cut its dividend paid to common stock holders to maintain investments. In this context, nothing but a strong fall of Petrobras’ stock
prices was seen, making its common shares lose 8%. In the international realm, the major oil companies keep their stocks on the rise, aligned with the oil barrel price. In the same period, the price of oil listed by WTI rose 5.35%, while the benchmark price of a barrel of Brent oil went up 4.87%. The year has just begun. Thus, it is early to make predictions on this market. OGX is making efforts to raise money, but in January it announced its lesser level of boed production (4.9 thousand boed) since the series has started and then discouraged the market. Petrobras keeps its devaluation journey since may 2008, when the company’s stock price reached its historical high. The oil-owned state company is still trying to return to the position of the most valuable company in Brazil. Currently, AMBEV holds this position. Certainly, we will return to discuss this subject again in the next issue, and we hope with more positive news.
* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.
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ENTREVISTA
Marcelo Mafra Coordenador de Conteúdo Local da ANP fala sobre as expectativas para as novas fases de fiscalização em exploração e produção Por Brunno Braga
Conteúdo local é um dos mais polêmicos temas no setor de petróleo e gás brasileiro. A sua aplicação e os efeitos dessa política causam debates acalorados entre representantes da indústria e operadoras, sempre com intermediação governamental. Com o fim da fiscalização da fase de exploração dos blocos adquiridos na quinta e sexta rodadas, terão início este ano a averiguação de conteúdo local das operadoras que arremataram blocos da sétima, nona e décima rodadas e a fiscalização da fase de desenvolvimento da produção da primeira à quarta rodada.
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Marcelo Mafra, coordenador de Conteúdo Local da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), recebeu a equipe da Macaé Offshore para falar sobre os processos de fiscalização e o andamento dessa política no país. “O Brasil está num outro momento, bem diferente de quando foi feita a última rodada. Há o Parque Tecnológico da UFRJ (veja matéria nesta edição), grandes estaleiros, produzindo plataformas e sondas e cada vez mais capacitados. Então, o cenário atual está bem mais favorável”. Ele também discorreu sobre a recente revisão da resolução nº 36, que regulamenta a lei de conteúdo local. Confira, a seguir, os trechos da entrevista.
Macaé Offshore - A ANP encerrou todo processo de fiscalização das rodadas 5 e 6. Qual foi a avaliação obtida?
M.O. - Então o próximo passo é iniciar a fiscalização das rodadas seguintes? Quando isso será iniciado?
Marcelo Mafra - O trabalho de fiscalização dos blocos arrematados na quinta e sexta rodadas começou em 2006 e durante os anos de 2011 e 2012 a ANP focou na fiscalização. O resultado dessa sequência de fiscalização foi o grande número de multas que foram pagas, o que fez com que o mercado entendesse que a política de conteúdo local era para valer. Em 2012, foram resolvidos quase todos os contenciosos existentes, sobrando apenas alguns. Mas esses poucos blocos não vão ter influência no conjunto como um todo.
M.F. - Bem, estamos envidando todos os esforços para começarmos a fiscalização da fase de exploração da sétima rodada em diante e no final do primeiro semestre já teremos algumas empresas notificadas para enviar documentos para fiscalização. Este ano, o foco será mais na sétima rodada, uma vez que o prazo de exploração dos blocos já foi alcançado, mas talvez peguemos algumas coisas da nona rodada. Como o leilão da 10ª Rodada foi feito recentemente, não haverá fiscalização agendada para este ano. Outro compromisso que temos para este ano é começar a fiscalização de conteúdo local da
entrevista
fase de desenvolvimento da produção de contratos da primeira à quarta rodada. M.O. - Essas rodadas foram arrematadas entre os anos de 1999 e 2002. Por que somente dez anos depois começar essa etapa de fiscalização? M.F. - Assim como eu só posso fiscalizar a exploração quando termina, o mesmo acontece com a fase de desenvolvimento de produção de blocos que têm entre cinco e dez anos, nos quais, após o fim da etapa de exploração, serão construídas as plataformas, desenvolvidos poços produtores, poços injetores e demais etapas do processo. As primeiras rodadas tiveram uma fase de exploração mais curta e o final do processo de desenvolvimento da produção está próximo do encerramento. M.O. - O senhor acredita que haverá muitas empresas penalizadas nessa fase de fiscalização? M.F. - Da primeira à quarta rodada as regras sobre conteúdo local eram diferentes. Havia apenas uma única meta global, tanto para a fase de exploração como para a fase de desenvolvimento da produção. Os índices eram muito reduzidos e os compromissos eram baixos, numa média de 30%. Por isso acredito que não haverá grandes índices de descumprimento do conteúdo local na fase de desenvolvimento da produção. M.O. - E para a fiscalização da fase de exploração da 7ª Rodada, o sentimento é o mesmo? M.F. - Não. Como as regras na quinta e sexta rodadas mudaram as empresas, para garantirem as concessões dos blocos, se comprometeram a assumir as exigências e, como vimos,
muitas delas foram multadas. Para a sétima rodada em diante a expectativa é de que haja taxas ainda mais elevadas de multa. M.O. - Quais foram os grandes problemas encontrados durante a última fiscalização e quais serão os das próximas rodadas? M.F. - Na 5ª e 6ª rodadas, os maiores problemas foram com as sondas de perfuração e outras atividades do poço. Para as próximas rodadas, as sondas
Sempre haverá conflito de interesses, mas o importante é ter uma estratégia de política industrial definida e buscar atendê-la continuarão a ser alvo de problemas, assim como projetos de engenharia. M.O. - E nas fiscalizações da etapa de desenvolvimento da produção, o trabalho será mais pesado? M.F. - Com certeza. Na fase de desenvolvimento da produção o trabalho de fiscalização vai aumentar, já que
os investimentos são muito maiores. Enquanto na fase de exploração os investimentos ficam na casa das centenas de milhões de reais, na etapa de desenvolvimento da produção os recursos são da ordem de bilhões. M.O. - Como é feita a seleção da ordem das empresas a serem notificadas a encaminhar para a ANP documentos sobre os equipamentos usados? M.F. - Através de uma série de variáveis na qual leva-se em conta o tamanho do investimento, as metas de conteúdo local assumidas, a data de encerramento da fase, a quantidade de poços explorados e o tipo de bloco – onshore ou offshore. Então, cada uma dessas variáveis gera uma pontuação; ou seja, quanto maior investimento, maior índice de conteúdo local envolvido, quanto mais poços explorados, mais pontos a empresa vai ter e, assim, consegue ser notificada logo quando se inicia o processo de fiscalização. M.O. - Há muita reclamação quanto aos índices exigidos por parte de operadoras estrangeiras. Como o senhor observa essas críticas? M.F. - É verdade que parte da indústria está reclamando. Mas o fato é que muitas empresas, quando arremataram blocos em leilões passados, poderiam optar pelo índice mínimo e pagar mais pelo bônus de assinatura. Porém, muitas delas preferiram assumir o risco e não ter que desembolsar mais no momento da concorrência. É preciso que fique claro para as empresas que o conteúdo local é fruto de uma política industrial desenvolvida pelo Ministério de Minas e Energia, e que visa reverter parte dos vultosos investimentos em O&G para desenvolver o parque MACAÉ OFFSHORE 15
ENTREVISTA
tecnológico nacional gerarando emprego e renda no Brasil. Isso se deu a partir de reuniões entre o ministério e representantes da indústria local de fornecedores. Daí verificou-se que esse setor precisava de um incentivo. Com a criação do sistema de certificação de conteúdo local, essa política ficou mais bem controlada e deu maior segurança às operadoras. É claro que sempre haverá um conflito de interesses, mas o importante é levar sempre em conta a estratégia de política industrial definida e buscar atendê-la. M.O. - E quanto a atrasos e outros problemas que são atribuídos às exigências de conteúdo local? M.F. - O conteúdo local é uma busca. A indústria tem que investir. As operadoras têm que olhar para o mercado interno e buscar desenvolver fornecedor. Isso faz com que as empresas saiam da ‘zona de conforto’, uma vez que elas têm contatos em vários países, como China e Cingapura, que fornecem conteúdo para essas empresas atuarem em qualquer lugar do mundo. Então, nós queremos que as empresas brasileiras sejam fornecedoras globais dessas operadoras. M.O. - Em janeiro, a ANP anunciou consulta pública para revisão de alguns pontos da resolução 36. Como será feito esse processo de revisão? M.F. - A ANP irá promover, em março, debates e receber sugestões sobre mudanças na resolução 36 e ainda no primeiro semestre todas as novas normas serão editadas e publicadas no Diário Oficial da União. M.O. - Essa revisão é fruto de pressão das empresas por mudanças na resolução? 16 MACAÉ OFFSHORE
M.F. - Não, de forma alguma. Os índices de conteúdo local permanecem. Essa revisão é fruto de quatro anos de monitoramento da política de conteúdo local. Foram verificadas dúvidas, algumas distorções e, com base nisso, decidimos fazer uma atualização da resolução. M.O. - Quais são os pontos que merecem destaque nessa nova resolução? M.F. - Um dos pontos que considero positivo é a revisão da possibilidade de Certificação de Conteúdo Local em bens sob o regime do Repetro (Regime Especial de Tributação para Importação de Equipamentos), desde que os mesmos tenham sido fabricados no Brasil. Faz sentido, pois foi verificado que muitas empresas, para fugir da tributação, passaram a importar equipamentos para construir no Brasil. Assim, quando uma petroleira começava a operar esse equipamento – que no papel tem componentes importados, mas, na realidade, foi fabricado no Brasil – acabava por prejudicar a meta de conteúdo local da operadora. Isso, então, gerava distorções. Por isso, com a correção, dando a Certificação de Conteúdo Local para esses equipamentos, plataformas e sondas que foram construídos no Brasil recebem a Certificação de Conteúdo Local. M.O. - E com relação às sondas, o que muda? M.F. - Outra mudança importante prevista na revisão da resolução 36 é a questão da manutenção das sondas. Por exemplo, sondas construídas no exterior e que estão em operação no Brasil. De cinco em cinco anos, essas sondas têm que parar para fazer manutenção que, na maioria das vezes, é feita lá fora. Então,
para estimular as companhias a fazerem manutenção em estaleiros aqui no Brasil, as sondas passarão a contar com índices de conteúdo local. O objetivo é dar demanda de longo prazo para os estaleiros que, atualmente, estão abarrotados de encomendas, mas, em 10 anos, estarão com a demanda reduzida. Por isso, essa iniciativa tem como objetivo manter o nível de atividades nos estaleiros em longo prazo. M.O. - E quanto aos índices de conteúdo local para o novo modelo de partilha a ser realizado na rodada do pré-sal, em novembro? Haverá alguma novidade? M.F. - A regra de conteúdo local para o regime de partilha ainda não está definida, mas a tendência é que o modelo a ser adotado será o vigente, com algumas pequenas mudanças. M.O. - O senhor está otimista com relação aos frutos que a política de conteúdo local pode gerar na indústria de O&G brasileira? M.F. - Estou otimista, pois em termos de produção de conteúdo local, o Brasil está num outro momento, bem diferente de quando foi feita a última rodada. Há o Parque Tecnológico da UFRJ, há grandes estaleiros produzindo plataformas e sondas e cada vez mais capacitados. Então, o cenário atual está bem mais favorável. O conteúdo local é um caminho que abre caminhos. O investidor tem que entender que se ele quer atuar aqui ele tem que desenvolver um centro de tecnologia aqui no País, treinar a mão de obra brasileira e construir aqui. Essa é uma relação de ‘ganha-ganha’, ou seja, a gente quer que as empresas venham explorar e produzir óleo no Brasil.
INTERVIEW
Marcelo Mafra Coordinator of Local Content for the ANP talks about the expectations for the new inspections in the exploration and production By Brunno Braga
Local content is one of the most controversial issues in the Brazilian oil and gas sector. Its implementation and its policy effects cause heated debates between local industry representants and major oil companies, with governmental intervention. After ending the local content inspections process of the fifth and sixth oil rounds blocks, the next step is to inspect the seventh, ninth and tenth rounds blocks. The development inspection process between the first and the fourth round is also about to begin
Macaé Offshore - The ANP has finished the inspection process of the rounds 5 and 6. What was the evaluation? Marcelo Mafra - The inspection work on the blocks acquired in the fifth and sixth bidding rounds started in 2006 and between 2011 and 2012 the ANP focused in local content inspection. The inspection sequence outcome generated a great number of fines. This makes the market understand that local content policy is for real. In 2012, existed contentious were solved, with some exceptions. Nevertheless, these few contentious blocks are not going influence the inspection process at all.
M.O. - So, the next step is to inspect the following rounds. When will it begin? M.F. - Well, we are working to begin the inspection process of the 7th Round by the the first semester. By then, we may have some companies sending
Marcelo Mafra, coordinator of Local Content for the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP), received Macaé Offshore staff to talk about the inspection process, and its performance in the country. “Brazil experiences a new and very different moment compared to the last Bidding Round. There is the UFRJ Technology Park (read more in the article ), big shipyards, oil platforms and drilling rigs. So, the current scenario is much more favorable”. He also talked about the recent proposal of updating the resolution nº 36, which regulates the local content act. Read more in the interview above.
documents for the inspection. This year, we are going to focus on the 7th Round because its exploration phase has already expired. However, we might inspect some blocks acquired in the 9th Round. As the 10th Round Bid was carried out recently, its inspection is not scheduled for this year. Along with that, we are going to begin the local content inspection process of the development phase from the first to the fourth Round.
M.O. - These Bidding Rounds occurred between 1999 and 2002. Why does the inspection process only begin ten years after? M.F. - I cannot begin the exploration inspection process before it is finished. The same thing happens to the development process which lasts between 5 and 10 years. So, after the end of the exploration phase, companies begin to contract oil platforms, oil wells producers, well injector and other parts of the development process. The first rounds had a faster exploration process, and
their production development ending are near.
M.O. - Do you believe that many companies will be penalized in this inspection process? M.F. - From the first to the fourth Bidding Rounds the rules on local content were different. There was only one goal to achieve, both in the exploration as in the development process. The index rates were very low, around 30%. So do the commitments for local content. Therefore, I don’t believe there will be heavy fines for the companies due to non-accomplished local content requirements in the development process.
M.O. Do you have the same opinion for the inspection of the exploration phase of the 7th Round? M.F. - No. When the oil companies faced the changes of local content rules in the fifth and sixth rounds, to ensure MACAÉ OFFSHORE 17
INTERVIEW
the blocks concessions many of them committed themselves to respect the requirements. Then, as we can see, a number of the companies were fined. For the 7th round onward, I estimate fines even higher.
M.O. - What are the greatest problems found during the last inspections and what do you expect for the next? M.F. - Drilling rigs and other wells activities were the greatest found in the 5th and 6th Round. For the next rounds, drilling rigs will continue to be the center of the problems as well as engineering projects.
M.O. - Many foreign companies are complaining about the local content index rates. How do you see these critics? M.F. - Part of the industry is complaining, indeed. However, many companies, on acquiring the blocks, could have chosen the minimum index and paying more for the signing bonus. Instead, many companies decided to take the risk accepting high local content index rates and paying less for the signing bonus. It is important to make clear that local content is a result of a industrial policy carried out by the Ministery of Energy, aiming to induct part of O&G investmens to the national technology park and generating job and income. Thus, the industy needs an incentive. On creating the local content certification, this policy turned better controlled and gives the oil companies more safety. A conflict of interests will always exist, for sure. However, it is important to take into account the industrial policy defined and try to respond it.
M.O. - Is the local content responsible for delays and other problems as many companies say? M.F. - Local content is a journey. The industry must invest and look at the domestic market to enhance its supply chain. This takes companies off the comfort zone. They have contracts in many countries, such as China and Singapore, that supply content around the world. So, we want that Brazilian 18 MACAÉ OFFSHORE
companies become suppliers for the oil industry.
M.O. - In January, the ANP announced public consultation to review some points of the resolution 36. How will be this process? M.F. - In March, the ANP will organize a round of debates and receive suggestions about the changes in the resolution 36. In the first semester, the new rules will be published in the Offical Gazette.
A conflict of interests will always exist, however, it is important to have a industrial policy defined and try to respond it
M.O. - Are these changes due to the oil companies pressure? M.F. - Not at all. The index rates remain the same. This revision is the result of four years of monitoring process of the local content policy. With doubts and some distortions identified,we decided to update the resolution.
M.O. - Will be the inspection of the development process tougher?
M.F. - Certainly. In the development process the inspection work will be tougher because the investments are much higher. While in the exploration process, the investments worth hundreds of million reais, in the development process the resources costs billion of reais.
M.O. - How do you select the companies to be notified to send ANP documents to be inspected?
M.F. - The selection is made through a set of variables such as the amount of the investment, local content goals, the finish date of the process, the number of oil wells drilled and the sort of the block – onshore and offshore. Then, each one of that results in a rating, in other word, the more is the investments, the higher is the local content index rate. The more oil wells explored, the higher is the rating of the company. Thus, the company is notified as soon as the inspection process starts.
M.O. - Many foreign companies are complaining about the local content index rates. How do you see these critics?
M.F. - Part of the industry is complaining, indeed. However, many companies, on acquiring the blocks, have chosen the minimum index and paying more for the signing bonus. On the other hand, many companies decided to take the risk accepting high local content index rates and paying less for the signing bonus. It is important to make clear that local content is a result of an industrial policy carried out by the Ministry of Energy, aiming to induct part of O&G investmens to the national technology park and generating job and income. Thus, the industry needs an incentive. On creating the local content certification, this policy turned better controlled and gives the oil companies more safety. A conflict of interests will always exist, for sure. However, it is important to take into account the industrial policy defined and try to respond it.
M.O. - Is local content responsible for delays and other problems as many companies say?
INTERVIEW
M.F. - Local content is a journey. The industry must invest and look at domestic market to enhance its supply chain. This takes companies off the comfort zone. They have contracts in many countries, such as China and Singapore, that supply content around the world. So, we want that Brazilian companies become suppliers for the oil industry.
M.O. - In January, the ANP announced public consultation to revise some points of the resolution n. 36. How will be this revision process?
M.F. - In March, ANP will organize a round of debates and receive suggestions about the changes in the resolution 36. In the first semester, the new rules will be published in the Official Gazette.
M.O. Are the changes a response for the oil companies pressure?
M.F. - Not at all. The index rates remain the same. This revision is the result of four years of monitoring process of the local content policy. With doubts and some distortions identified,we decided to update the resolution.
M.O. What is the most important points of this new resolution?
M.F. - One of the points I consider positive is the revision of local content certification for goods that are under Repetro (a special tax regime for importing and exporting goods for the exploration and drilling of oil and gas, aims at bringing foreign assets to Brazil), when these goods are made in Brazil. It makes sense. It was noticed that many companies decided to import content to construct in Brazil. Thus, when an oil company put to work this equipment that has foreign content but was built in Brazil, it harms the oil company’s local content goal, creating distortions. Therefore, on giving these equipments, platforms and drilling rigs built in Brazil local content certification, we will correct this distortion.
M.O. - As for the drilling rigs what will change?
M.F. - Other important change described in the resolution review is the drilling rig maintenance. For example, drilling rigs constructed abroad and are working in Brazil. Every five years, these rigs have to stop for maintenance, which are made mostly abroad. Hence, to stimulate the companies to do their maintenance in shipyards in Brazil, this process will be taken as a local content procedure. The goal is to give Brazilian shipyard industry for along term. Although Brazilian shipyards
industry is operating at 100% of their installed capacity,within 10 years their order will reduce. Therefore, this initiative has the goal of maintaining the level of shipyard activities in a long-term.
M.O. - As for the local content index rate for the new sharing model to the Pre-salt round in November? Is there anything new?
M.F. - The local content rule for the sharing model is not defined yet. However, it tend to be similar to the current rule, with small changes.
M.O. - Are you optimistic about the local content outcomes can generate for the Brazilian O&G industry?
M.F. - I am optimistic because Brazil is living a new moment very different from the last bidding round. There is the UFRJ Technology Park (read the article on this issue), big qualified shipyards producing oil platforms and drilling rigs. So, the current scenario is much more favorable.Local content is a road that leads to other roads. The investor has to understand that if he wants to work here he must settle a technology center in the country, train labor force and construct equipment in Brazil. This is a win-win relationship, in other words, we want that companies come to Brazil to explore and produce oil.
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rio capital da energia
Divulgação
Mais do que capital, um farol em
energia
Programa do Governo do Estado quer consolidar Rio como centro de inteligência para discutir temas de relevância nacional na área de energias renováveis Por Rodrigo Leitão
O
energia elétrica e de energia nuclear, mas também torná-lo um centro de inteligência neste setor.
Rio de Janeiro quer se tornar referência internacional na área de energia, com ênfase no tripé inovação tecnológica, eficiência energética e economia verde. Criado no calor da Rio+20 pelo Governo do Rio para valorizar a liderança nacional do estado no setor de energia, o Programa Rio Capital da Energia está investindo não somente em projetos inovadores e estratégicos para alavancar as energias limpas, mas também na discussão de temas relevantes para a formulação de políticas públicas para o setor em âmbito nacional.
Coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis), o programa tem como base o fato de o estado concentrar cerca de 80% da produção de petróleo nacional e 42% de gás natural, ter as únicas usinas nucleares do Brasil, a maior concentração de usinas térmicas a gás do país e ainda uma série de novos projetos para geração e inovação tecnológica na área de energia.
“O Rio quer ser um farol na área de energia no Brasil e tem obrigação de sê-lo”, afirma o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno. Segundo ele, este programa é de mobilização da sociedade e tem como objetivo não só reforçar o papel do Rio de Janeiro, o maior produtor de óleo e gás, com grande capacidade de
“O Rio Capital da Energia é um compromisso que o Governo do Estado tem com o futuro. E o futuro é a eficiência energética, a energia renovável, a inovação tecnológica no setor de energia. Temos uma coleção de projetos que vão desde ônibus a gás e diesel até fazer de Búzios uma cidade inteligente”, destaca Bueno.
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Polo de debates e novos conhecimentos Além dos projetos postos em prática no dia a dia por empresas e instituições acadêmicas e de fomento, o programa promove eventos técnicos importantes, reunindo especialistas de peso em workshops e seminários. O etanol, a energia eólica, a energia solar e o gás natural já foram temas de eventos promovidos pela Secretaria e resultaram em medidas práticas de incentivos a cada um dos setores. A Carta dos Ventos e a Carta do Sol foram encaminhadas ao Governo Federal com contribuições feitas a partir do debate promovido em torno do tema. Em agosto, durante o Seminário de Etanol, o secretário Júlio Bueno anunciou a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o setor sucroalcooleiro, de 24% para 2%.
rio capital da energia
Nova política para o setor de gás natural renovável O último evento do programa Rio Capital da Energia em 2012 foi o Seminário Gás Natural, que discutiu as políticas e os desafios deste mercado no Brasil. Durante o evento, realizado em novembro, no auditório da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), o Governo do Rio lançou a Política Estadual de Gás Natural Renovável.
Inédito na América Latina, o programa prevê incentivos à geração do combustível a partir de resíduos orgânicos, contribuindo para a redução da produção dos gases de efeito estufa no estado.
e interiorização da economia”, desta-
“A ideia é promover o aumento da participação do biogás na matriz energética do Estado do Rio de Janeiro, além de favorecer a descentralização
e Ceg Rio. O projeto de lei foi entre-
Carteira de projetos deve ser ampliada Divulgação Sedeis
Para 2013, eventos como workshops de cogeração de energia e de eficiência energética estão na pauta do Rio Capital da Energia. “O objetivo é trazer as discussões de âmbito nacional para serem debatidas aqui no Rio de Janeiro, mas vale ressaltar que todos os estados ganham com essas perspectivas”, enfatiza a coordenadora do programa, Maria Paula Martins. O Rio Capital da Energia também prevê ampliar sua carteira de projetos em 2013. Atualmente, há 40 projetos em andamento, com ênfase no desenvolvimento de novas fontes de energia limpa, em total sintonia com outras matrizes energéticas abundantes no estado. “Nós estamos avaliando projetos que estejam programados até 2015 porque se passar muito tempo fica difícil acompanhá-los”, ressalta a economista Maria Paula Martins, coordenadora do Rio Capital da Energia, em entrevista à Macaé Offshore. Neste ano, Maria Paula adianta que o RCE vai abranger projetos de eficiência energética em prédios públicos de pequeno porte, como delegacias e escolas estaduais. Ela explica que o programa serve como um grande “guarda-chuva”
cou Bueno. Um dos objetivos prioritários da nova política é fomentar a utilização do biogás gerado em aterros sanitários e a distribuição como gás canalizado pelas concessionárias de Ceg gue pelo secretário Julio Bueno ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Mello.
Financiamentos estão disponíveis O programa Rio Capital da Energia conta com o apoio dos principais órgãos de fomento em níveis federal e estadual. De acordo com Maria Paula, em 2012 nenhuma empresa chegou a pedir ajuda de financiamento para viabilizar seus projetos. “Chegamos a fazer uma rodada de reuniões com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj) e a Investe Rio (agência de fomento do governo estadual), mas sem sucesso”, ressalta. Segundo ela, mesmo que essas propostas cheguem ao comitê, é preciso que elas estejam de acordo com a linha do agente financiador.
Maria Paula Martins avalia projetos até 2015 Maria Paula Martins analyzes projects until 2015
para todos os empreendimentos que envolvam energia no Estado do Rio. Os projetos apresentados pelas empresas ou universidades que estão com pesquisas em andamento ou pretendem elaborar têm que contemplar três vertentes essenciais: inovação tecnológica, emissão de baixo carbono e eficiência energética.
No caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma empresa entrou em contato e o programa está ajudando a desenvolver o projeto. Maria Paula explica que quando um projeto vem de alguma universidade, ele não entra na linha de financiamento. “Estamos estimulando as empresas a se interessarem por algum projeto de algumas universidades. Sempre quando recebemos um projeto novo, buscamos inúmeras parcerias”, destaca. MACAÉ OFFSHORE 21
Rio Energy CAPITAL
More than capital, an
energy beacon
The Government of the State Program wants to consolidate Rio as an intelligence center to discuss national relevant themesin the renewable energy area
By Rodrigo Leitão
R
io de Janeiro wants to become an international reference in the energy realm, emphasizing the tripod technological innovation, energetic efficiency and green economy. Created during the Rio+20 Conference by the Government of Rio de Janeiro in order to value the national leadership of the state in the energy sector, Rio Capital da Energia Program is investing not only in innovative and strategic projects to enhance clean energy, but also in the discussion of relevant themes for the creation of public policies for the sector at national level. “Rio wants to be the beacon in the energetic area in Brazil and it must be”,
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says Julio Bueno, secretary of Economic Development, Energy, Industry and Services of the State of Rio de Janeiro. To him, this program mobilizes civil society and aims not only to strengthen the status of Rio de Janeiro, the largest oil and gas producer, with great capacity of electric energy and nuclear energy, but also to turn it into an intelligence center of this sector. Coordinated by the secretary of Economic Development, Energy, Industry and Services of the State of Rio de Janeiro, the program refers to the fact that the state concentrates the production of 80% of national oil and 42%
of national natural gas, hosts all the nuclear power plants in Brazil, the largest concentration of thermoelectric plants in the country and also a set of new projects of technological innovation and generation in the energy area. “Rio Capital da Energia is a commitment that the Government of the State has with the future, and the future is the energetic efficiency, renewable energy and technological innovation in the energy sector. We have a set of projects ranging from natural gas powered bus to the task of making Búzios an intelligent city”, highlights Bueno.
RIO ENERGY CAPITAL
Center of discussions and new knowledge Besides projects that were put into practice by companies and educational and development institutes in the daily routine, the program promotes important technical events, gathering renowned specialists in workshops and seminars. Ethanol, wind energy, solar
energy and natural gas were topics of the events promoted by the Secretary, which resulted in concrete measures of incentives for each sector. The Wind Letter and the Sun Letter were delivered to the Federal
Government with contribution made through the debate promoted around the theme. In August, during the Seminar on Ethanol, the secretary Julio Bueno announced the state tax reduction for the alcohol sector. The tax fell from 24% to 2%.
New policy for the renewable natural gas sector The last event promoted by the Rio Capital da Energia Program in 2012 was the Seminar on Natural Gas, which discussed policies and challenges of this segment in Brazil. In the event, held in the Commerce Federation of the State of Rio de Janeiro, in November, the Government of Rio de Janeiro launched the State Policy for Renewable Natural
Gas. For the first time in Latin America, the program provides incentives to the generation of fuel from organic waste, contributing for the reduction of the emission of greenhouse gases. “The idea is to promote the increase of bio-gas insertion in the energetic matrix of the state of Rio de Janeiro and to
foster the decentralization and internalization of the economy”, highlights Bueno. One of the main goals of the new policy is to foster the use of landfill bio-gas and the distribution of piped gas by the concessionaires Ceg and Ceg Rio. The bill draft was delivered to the president of Rio de Janeiro House of Representatives, rep. Paulo Mello, by the secretary Julio Bueno.
Financing are available Portfolio might be widened For 2013, events such as workshops for co-generation of energy and energetic efficiency are in the Rio Capital da Energia’s plan. “The goal is to take the national discussions to Rio de Janeiro, but it is important to emphasize that all the states will gain with these perspectives”, says Maria Paula Martins, the Coordinator of the program, in an interview to the Macaé Offshore. Rio Capital da Energia Progam also foresees to widen its portfolio in 2013. Currently, there are 40 ongoing projects, with emphasis in the development of new sources of clean energy in total syncrony with other energetic matrix abundant in the state. “We are evaluating projects that are scheduled until 2015 because anything further makes the project difficult to follow”, emphasizes the economist Maria Paula Martins, coordinator of Rio Capital Energia. This year, Maria Paula revealed that RCE is going to manage energetic efficiency projects in small public buildings such as police stations and public schools. She explains that the program works as a big “umbrella” for all the projects that involve energy in the state of Rio de Janeiro. The projects presented by the companies and universities that have ongoing researches or intend to elaborate the projects must ensure three vital strands: technological innovation, low carbon emission and energetic efficiency.
The Rio Capital da Energia Program counts on the support of the main development institutions at the federal and state level. Maria Paula said that no company asked for financial help to make the project viable in 2012. “We organized meeting rounds with Research Support Foundation of the State of Rio de Janeiro (Faperj) and Invest Rio (the development agency of the state government), but without success”, says Maria Paula. She said that even if the proposals arrive in the committee, it is necessary that they must be aligned with the credit facility of the financial agent There was a case in which a company contacted the National Development Bank (BNDES), and the program is helping develop its project. Maria Paula explains that projects elaborated by a university do not gain credit facility. “We are stimulating companies to give support to the projects designed by some universities. Whenever we received a new project, we seek many partnerships”, highlights Maria Paula.
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GESTÃO
Mulheres e petróleo: uma mistura cada vez mais
poderosa
Estimulada pela presença de mulheres em postos de alto comando, é cada vez maior a participação feminina em um mercado até então exclusivamente masculino Por Brunno Braga e Flávia Domingues
E
las cuidam da casa, dos filhos, da beleza, da carreira e também de uma das maiores riquezas deste país. É cada vez maior o número de mulheres no mercado de petróleo e gás no mundo e, no Brasil, onde o mais alto posto executivo é ocupado por uma representante do sexo feminino, não poderia ser diferente. O mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março) leva a reflexões acerca do avanço desse gênero no mercado de trabalho como um todo. Alguns números atestam que há um balanço positivo da participação feminina em praticamente todas as áreas, conforme aponta estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dados comparativos entre os anos de 2001 e 2003, o IBGE constatou a diminuição das disparidades entre os sexos, sobretudo no setor privado. De acordo com a pesquisa, em 2003, a proporção de homens com carteira assinada no setor privado era de 62,3%, enquanto a das mulheres era de 37,7%, uma diferença de 24,7 pontos percentuais. Em 2011, 24 MACAÉ OFFSHORE
essas proporções foram de 59,6% e de 40,4%, fazendo com que essa diferença diminuísse para 19,1 pontos percentuais, certifica o IBGE. E se num plano geral, a presença feminina vem aumentando, esse movimento, obviamente, está se refletindo no segmento de petróleo e gás. A Petrobras informa que o crescimento da participação feminina tem sido constante desde 2003. De acordo com o departamento de recursos humanos da companhia, naquele ano, ela contava em seu quadro com 4.406 mulheres, ou 12% do efetivo total de empregados. Em dezembro de 2011, este número subiu para 9.041 mulheres, ou 15,3% do efetivo total. “Em oito anos (2003-2011), a taxa de crescimento relativo da força de trabalho feminina foi de 105%, enquanto a taxa de crescimento relativo da força de trabalho masculina, de 56,1%, sendo que, de um total de 6.056 gerentes, as mulheres participam hoje com 986 cargos, cerca de 16%”, afirma a empresa, em informe encaminhado à redação da Macaé Offshore.
Cresce a participação feminina nos postos de liderança Segundo Pesquisa Asap - consultoria especializada no recrutamento e seleção de executivos de média gerência de todas as posições trabalhadas na cadeia de O&G pela companhia, 22% foram preenchidas por mulheres. Porém, ainda existem algumas barreiras para a entrada do sexo feminino em determinados segmentos como perfuração e outras áreas, predominantemente de campo. “Já em áreas como engenharia, planejamento, recursos humanos, área financeira, por exemplo, a presença de mulheres é cada vez mais comum”, informa Rafael Meneses. Rafael Meneses, diretor regional da Asap no Rio, conta que 22% das vagas preenchidas por profissionais do sexo feminino, 83% das oportunidades surgiram no Rio de Janeiro e 17% em São Paulo. “O Rio concentra as maiores áreas de exploração e produção de petróleo e por isso abre mais postos de trabalho em relação à outras regiões do país. No setor de engenharia somos um celeiro de talentos, exportando para os países do Mercosul”, revela Meneses.
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E tudo começou com Dilma Rousseff Para 2013, a estimativa é que a presença feminina em cargos de liderança cresça ainda mais. De fato, são em postos de comando e decisão que o Brasil pode se colocar na vanguarda quando se fala em inserção feminina no setor. Quando em 2002, logo após vencer a sua primeira eleição para presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou como chefe da pasta de Minas e Energia a até então nacionalmente desconhecida Dilma Rousseff, ele fazia história ao empossar a primeira mulher à frente desse ministério, que tem, entre muitas atribuições, desenvolver as políticas de petróleo e gás no Brasil. Dez anos depois, por iniciativa da própria Dilma, desta vez no cargo de presidente da República, toma posse como presidente da Petrobras a funcionária de carreira Maria das Graças Foster. A nomeação foi de grande repercussão internacional, sobretudo pelo fato de ela ser a primeira mulher a ocupar o cargo de CEO de uma major do setor em âmbito global. Um mês depois da posse de Foster, Magda Chambriard foi conduzida ao cargo de diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
estratégico PROEF (Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos) é uma mulher: Solange Guedes, outra funcionária de carreira da empresa e que tem a difícil missão de recuperar uma das unidades mais importantes do portfólio da estatal petrolífera brasileira.
setor, Ana Zambelli foi a que mais recebeu os holofotes quando assumiu, em 2010, o cargo de presidente da Schlumberger Brasil, ficando nesta posição até 2011. Atualmente, a engenheira mecânica, formada pela UFRJ, responde pelo diretoria-geral da Transocean para a América do Sul.
Em janeiro, outra liderança feminina da Petrobras assumiu um posto importante no setor. A gerente executiva da área corporativa da Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais da companhia, Renata Baruzzi Lopes foi empossada presidente do Centro de Excelência em EPC (CE– EPC). Eleita em Assembleia Geral realizada em dezembro, no Rio de Janeiro, ela comandará a organização para o exercício de 2013 e 2014.
Saindo dos postos de liderança, notase o crescimento da ocupação feminina em outras vagas, tanto na Petrobras quanto em outras empresas do setor. Para Ana Beatriz Tartuce Jorge, diretora executiva de Recursos Humanos do Grupo Bravante, empresa especializada em apoio marítimo offshore, se antes havia um clima de surpresa quanto à presença feminina, hoje, na companhia, isso começa a ser encarado com certa naturalidade. “Quando entrei na empresa, há uns cinco anos, quase não havia mulheres. Hoje, as mulheres não são encontradas apenas na função administrativa. Há taifeiras, soldadoras, pintoras e outras funções existentes em nossos estaleiros”, conta a executiva.
A nova presidente tem entre seus principais desafios auxiliar as empresas que contratam e fornecem bens e serviços para a cadeia EPC (Engineering, Procurement and Construction) na busca contínua da excelência e da produtividade para atuar no mercado nacional e internacional.
Na Petrobras, não é apenas Graça Foster quem se destaca. Quem conduz o
Mas não é somente em órgãos estatais que a profissional brasileira de óleo e gás vem ganhando terreno. Em 2010, entre algumas profissionais de destaque no
Atualmente, dos 2.700 empregados da Bravante, 700 são mulheres. Segundo Ana Beatriz, esse número tende a aumentar em curto prazo. “Sabendo do aquecimento que o mercado de trabalho de óleo e gás passa, muitos
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Agência Petrobras
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Precursora: Dilma, ex-ministra de Minas e Energia Pioneer: Dilma, former minister of Energy
Graça Foster alçou o mais alto posto na Petrobras Graça Foster reached the highest position in Petrobras
Magda Chambriard conquistou a direção da ANPs Magda Chambriard took over direction of ANP
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GESTÃO
funcionários estão incentivando os seus filhos e também filhas a se qualificarem”, afirma. Ela conta que a Bravante tem um programa de Responsabilidade Social,
promovendo cursos de qualificação de mão-de-obra em São Gonçalo, cidade localizada na Região Metropolitana do Rio. “Há, sem dúvida, um estímulo tanto
pelo lado da família quanto pelas oportunidades que o setor está oferecendo. E as mulheres estão mostrando cada vez mais interesse”.
Soldagem: quebrando tabus Divulgação
Jaqueline Santos da Silva é uma delas. Trabalhando como soldadora para o Grupo Bravante desde outubro de 2010, ela conta que o setor de O&G a fez perceber que poderia lhe proporcionar um plano de carreira com ênfase no crescimento profissional. Por isso, resolveu se matricular em um curso de soldadora promovido pelo SenaiRJ. Ela revela que, de início, encontrou um ambiente bastante masculinizado e que teve receio quanto à receptividade dos colegas. “Havia poucas mulheres na área naval e acho que havia o receio de que nós, mulheres, não déssemos conta de um trabalho tão braçal, contudo fui muito persistente. Quando consegui o emprego me dediquei muito para provar que eu era capaz. Hoje, eu adoro o que faço, me sinto uma artista, quando estou soldando esqueço de tudo. Concentro-me no detalhe e em fazer o mais perfeito possível”, conta a soldadora.
Colega de empresa, mas com muito mais anos de estrada, Adriana dos Santos atua como chefe de seção, está no grupo Bravante há um ano, sendo que já atua no setor offshore há duas décadas. Com graduação em técnica de Estruturas Navais, Adriana revela que entrou no mercado de maneira não planejada.
Jaqueline: concentração para fazer mais perfeito Jaqueline: concentration to do her best
“Antes, trabalhei em profissões que não me davam uma remuneração boa e chances de eu me desenvolver. Depois que vim para a área naval consegui construir minha casa e estou fazendo faculdade. O que mais posso querer?”.
“Foi por acaso, pois meu foco no início era entrar na Marinha. Fui fazer o curso técnico em Estruturas Navais e acabei indo fazer estágio em um estaleiro, onde fui efetivada e fiquei trabalhando por 21 anos. Acabei gostando e crescendo profissionalmente nesta área”. Adriana diz ainda que o campo está bastante favorável para as mulheres: “Acho que quem optar pela área, deve persistir e não desistir, que vai dar certo! Toda profissão é complicada para ingressar, se você entrar como estagiário é importante, pois ganha experiência e se fortalece para ser um bom profissional”, ressalta.
Nível técnico: mais mulheres buscam se capacitar A capacitação é sempre o primeiro passo. Na área técnica encontram-se grandes oportunidades, uma vez que ainda se verifica o maior déficit de profissionais qualificados. Segundo dados divulgados pela Petrobras, vão surgir 50 mil vagas por ano até 2015 para técnicos na indústria de petróleo e gás. Os principais perfis demandados são os de soldagem, manutenção de máquinas, equipamentos pneumáticos e hidráulicos. As mulheres também estão de olho nessas oportunidades e se capacitando cada vez mais. Ana Cristina de Souza, instrutora do Senai-RJ, revela que a cada dia mulheres buscam cursos de soldador e disputam vagas que antes eram 26 MACAÉ OFFSHORE
preenchidas apenas pelo sexo masculino. “Hoje em dia as mulheres querem estar no mesmo patamar que os homens, porque também passaram a ser provedoras de suas famílias”, explica. Segundo ela, com o mercado de trabalho aquecido - abertura de novos estaleiros, reabertura de antigos fechados na década de 80 por falta de demanda, bom salário, jornada de trabalho menor e autonomia em decidir seu próprio destino - o interesse feminino passou a abranger todas as profissões que possibilitem independência financeira. E essa procura vem repercutindo em outras escolas técnicas voltadas para a
formação de mão de obra para a cadeia de petróleo e gás, como a Petrocenter, onde as mulheres vem procurando mais cursos de formação técnica. “Hoje estamos com um índice de quase 30% dos alunos inscritos do sexo feminino. Elas têm tido muita demanda para áreas como soldagem, que exige muita concentração, cuidado e é preciso ser bem detalhista”, destaca Samuel Pinheiro, diretor da Petrocenter. Ele explica que há oportunidades em toda a cadeia de suprimentos de logística, fornecedores de bens e serviços de plataforma como navios, tubulações industriais, além de empresas que atuam com maquinário específico na área offshore.
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Frota feminina: a oficial Hildelene Lobato é a comandante do navio de produtos Rômulo Almeida, da Transpetro, que entrou em operação em janeiro deste ano Female fleet: Official Hildelene Lobato is the commander of the vessel Romulo Almeida, Transpetro, which came into operation in January
Mulheres no comando do leme Atualmente o Brasil é o país com o maior número de oficiais mulheres no mundo, com dez vezes a média mundial, (1%). Elas representam 10% do quadro de oficiais da Marinha Mercante que trabalham na Transpetro. Em janeiro, a Transpetro colocou em operação o navio de produtos Rômulo Almeida, quarta embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). É o primeiro navio da Marinha Mercante brasileira comandado por mulheres. Uma delas é a comandante Hildelene Lobato. Natural do Pará, a oficial começou sua trajetória profissional em 1997, quando, formada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Pará (UFPA), prestou concurso, quase que por acaso, para a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM). Hidelene fez a prova somente para acompanhar o
irmão e, para sua surpresa, passou em 24º lugar e o irmão foi reprovado. Em 2003, prestou concurso para a Transpetro e se tornou uma das primeiras mulheres a trabalhar na frota da companhia. Os desafios foram muitos. Na primeira vez que embarcou, Hildelene era a única mulher a bordo do navio Lorena. Além da estranheza dos tripulantes, Hildelene teve de driblar os receios dos pais, que acreditavam ser uma mudança muito forte na vida da filha. No navio Lorena, Hildelene passou por sete importantes anos que marcaram o seu pioneirismo na carreira marítima. Lá, tornou-se segundo e primeiro piloto, a primeira mulher no Brasil a chegar a imediato – segundo cargo na hierarquia de um navio – e a primeira capitã de cabotagem. Em 2009, Hildelene assumiu o comando do navio Carangola, tornando-se
a primeira mulher a ocupar o posto mais alto da hierarquia da Marinha Mercante. Em 2012, foi nomeada capitã de longo curso, sendo a única mulher no Brasil apta a navegar pelos mares do mundo inteiro. “O mercado de trabalho para os marítimos no Brasil está aquecido e a carreira na Marinha Mercante nunca foi tão promissora. Nesta profissão, é possível ter estabilidade financeira e perspectiva de crescimento acelerado. No meu caso, por exemplo, cheguei ao posto de comandante em apenas 10 anos”, destaca. Hildelene é casada há três anos com o marítimo Paulo Roberto e, juntos, eles tentam conciliar as agendas de longas viagens.
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management
Women and oil: a mixture ever more
powerful
Stimulated by woman presence in high positions, ever more the female participation is seen in a segment exclusively masculine so far
By Brunno Braga and Flávia Domingues
T
hey take care of their home, children, beauty, career and also of one of the wealthiest sector in this country. Ever more the number of women in the oil and gas in the world is seen and, in Brazil, where the highest position is occupied by a representant of the female gender, it is not different. In the month when is celebrated the International Woman’s Day (March 08th) reflections on the advancement of this gender in the job market as a whole are made. Some numbers attest that there is a positive result related to the female participation in every segment, according to the recent study carried out by the Brazilian Institute of Geography and Statistics. In comparative data between 2003 and 2011, the IBGE has perceived the decreasing of sex inequality, mainly in the private sector. According to the survey, in 2003, the share of registered men in the private sector was 62.3%, whereas the 28 MACAÉ OFFSHORE
women rate was 37.7%, a difference of 24.7 percentage points. In 2011, this share was 59.6% (men) and 40.4% (women), which made the difference fall to 19.1 percentage points, according to the IBGE. And whether in general level the female presence has been increasing this movement is reflecting in the oil and gas sector for sure. Petrobras says that the increase of woman participation has been steadly since 2003. According to Petrobras’ Human Resources departament, in 2003 the company had 4,406 women or 12% of the total number. In december 2011, the number climbed to 9,041 women or 15.3% of the total. “In eight years (2003-2011), the rate of woman labor force increased 105% whereas the rate of man labor force grew 56,1%. Currently, from 6.056 managers, women occupy 986 positions or 16%”, Petrobras says in a statement sent to Macaé Offshore.
Woman participation increases in leadership positions According to Asap - a consultancy agency specialized in recruiting and selection of medium level executives - from all positions for the oil and gas sector, 22% was fulfilled by women. Yet, there are some barriers for the woman’s entrance in areas such as drilling and other field areas . “As for sectors such as engineering, management, human resources and finances the woman’s presence is ever more comum”, says Rafael Meneses, regional director of Asap in Rio. Rafael Meneses says that from 22% of all positions fulfilled by women, 83% of these opportunities came from Rio de Janeiro and 17% from São Paulo. “Rio concentrates the greatest E&P areas thus the state offers more jobscompared with other regions in the country. We are the main field of exporting talented professionals in the engineering sector to other countries in Mercosur”, Meneses reveals.
management
Dilma Rousseff has started this trend For 2013, the woman’s presence in leadership positions is expected to increase ever more. In fact, Brazil has become vanguard for the insertion of women in the sector. In 2002, when President Luiz Inácio Lula da Silva, right after he won his first election for Presidency of Republic, Dilma Rousseff, a totally unknown political figure, was appointed as the head of the Ministry of Energy. For that, Lula made history when he positioned her as the first woman to lead this ministry which has, among many functions, to coordinate the oil and gas policies in Brazil. Ten years after, by Dilma Rousseff’s own initiative,this time as the president of Republic, Maria das Graças Foster took office as CEO of Petrobras. Her nomination caused international repercution,mainly because she was the first woman to reach the CEO position of a major oil company in the world. A month after that, Magda Chambriard was conducted to lead the National Oil, Gas and Biofuel Agency as generaldirector. In Petrobras, Graça Foster is not the only woman at the spolight. Who lead the strategic Operation Efficiency Increase of the Campos Basin Program (Proef) is another woman: Solange Guedes, a Petrobras carrrer professional, has a tough mission to recover one of the most important operational units of
the Brazilian state-owned oil company’s portfolio. In January, another woman has got leadership of Petrobras, taking over an important position in the sector. The executive manager for the Engineering, Technology and Materials Board of Directors, Renata Baruzzi, was conducted to the presidency of the Excellency Center in EPC (CE-EPC). Elected in General Assembly held in Rio de Janeiro, she will head the organization between 2013 and 2014. The new EPC CEO has, among its main challenges, the mission of supporting companies which secure contracts and supply goods and services for the EPC (Engineering, Procurement and Constructon) chain in its ongoing search for excellence and productivity to act in the national and international markets. Yet, it is not only in institutions or state organs that the Brazilian female professionals in the oil and gas sector have been gaining ground. Ana Zambelli gained international fame when she was announced, in 2010, as the CEO of Schlumberger Brasil, staying in office until 2011. Currently, the mechanical engineer, graduated by the Federal University of Rio de Janeiro, is the Managing Director South America at Transocean.
Aside from leadership, it is seen the increase of female occupation in other segments, either in Petrobras as in other companies of the sector. To Ana Beatriz Tartuce Jorge, executive-director of Human Resources of Grupo Bravante, which operates in the maritime transport, offshore logistics, says that whether before there was a climate of strangeness related to female presence in the company, now it has been becoming as a natural thing. “When I started to work in the company, five years ago, there were hardly a women. Today, women are not only found in the management area”. She revealed that female participation in the sector must be expanded. “There are women in crew members, welders, ship painters and other existed positions in our shipyards”, the executive says. Currently, from 2,700 Bravante’s employees, 700 are women, with a tendency of growing in short time”, she says. “With the market heating, many employees are encouraging their sons and daughters to get professional qualification”, Beatriz also says that Bravante has a Social Responsibility Program that promotes qualification courses in São Gonçalo, a city located in the Rio de Janeiro metropolitan area. “Both for the family side as for the opportunities that are coming up, women are showing ever more interest to get into the sector”, she says.
Welding: breaking taboos Jaqueline Santos Silva is one of them, Working as a welder for the Bravante Group since October 2010, she tells that the O&G sector makes her realize that she could have a better carrer plan with emphazis in professional growth. Thus, she decided to attend the welding course in Senai-RJ. She says that in the beginning she found a very masculine environment and she was affraid about the reception in the course.
“There were not many women in the shipyard industry. I was also afraid that we , women, could not perform manual labor. However, I was very persistent. When I got this job I dedicated myself very much to prove that I was capable. Now, I love what I do for living and I feel like an artist. While I am welding I forget about everything else. I focus in every detail in order to do my best”, the welder says. “Before my current job, I used to
work in jobs that did not pay that much and did not give opportunities to develop my skills. Yet, after I entered the shipyard industry I build my house and I am studying at university. What else can I ask for ?” A company’s colleague, but with more years in the field, Adriana dos Santos works as chief of section and she has been in the Bravante Group MACAÉ OFFSHORE 29
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since last year,whereas she has been working in the offshore sector for two decades. Graduated as technician in Maritime Structure, Adriana Santos says that she did not plan to enter in this segment.
Technical degree: more women search for qualify themselves Qualification is always the first step. Great opportunities are found in the technical areas, once it is still seen a great déficit of qualified professionals. According to Petrobras, roughly 50 thousand positions for technicians in the oil and gas industry will appear until 2015. The main professionals demanded are in the segment of welding, machinery and hydraulic and pneumatic equipment. Women are also aiming at these opportunities and they are qualifying themselves ever more. Ana Cristina Souza, instructor of Senai-RJ, says that women seek for welding courses every day and ever more and they apply for positions which were occupied only by men. “Nowadays women want to be as in the same level as men are,mainly because most of women are head of their families”the instructor explains. To Ana Cristina Souza, with the market on the rise - new shipyards, good salaries, shorter working hours and more autonomy to draw their own destiny - the female interest is toward to positions that ensure financial independence. And this search has been affecting other technical schools which train labor force for the oil and gas chain such as Petrocenter, which is receiving a great number of women. “Today, roughly 30% of our students are women. They have been very requested for areas such as welding that requires concentration, care and detailing”, Samuel Pinheiro, director of Petrocenter, highlights. He explains that there are opportunities in all the logistics supply chain as well as goods and services suppliers for platforms, pipe industry and companies that perform in the offshore machinery segment. 30 MACAÉ OFFSHORE
“It was by chance, once I was focusing to enter in the Brazilian Navy. I did the course for technician in Maritime Structure and I liked it. I was an intern in a shipyard so I was hired and worked there for 21 years. I really liked it and my career has
enhanced in this area”, she says. Adriana also comments that the field is really promising. “It is important to get on this sector as an intern because it allows gaining experience to become a good professional”, she emphasizes.
Women commanding the rudder Currently, Brazil is the country with the largest number of female merchant marine officers in the world representing ten times more and the world average, which is 1%. In Transpetro, the rate of woman who works for the company as Merchant Marine officers is 10%. In January, Transpetro started to operate the tanker vessel Rômulo Almeida. This is the fourth vessel of the Fleet Modernization and Expansion Program (Promef). For the first time, a Merchant Marine vessel lead by two women – Hidelene Lobato and Vanessa Cunha. Born in the state of Pará, Hidelene started her career in 1997 when, after graduated in Accounting Sciences in the Federal University of Pará, she passed the Merchant Marine Officer Training School’s exam, almost by accident. Hidelen only decided to do the exam because she wanted to accompany her brother and, to her surprise, she succeded to stand at 24th position whereas her brother did not pass the exam. In 2003, she decided to do another exam to Transpetro and then she became one of the few women to work for the company. The challenges were many. When she embarked for the first time, she was the only woman on board in the vessel Lorena. Besides the strangeness of other crew members, she had to face her parents’ fears, who had believed that her choice would represent a strong change in her life. In the vessel Lorena, Hidelene passed through seven important
years that marked her pionnerism in her maritime career. Over there, she became the second and the first pilot, then, she was the first woman to achieve the position of chief mate the second position in a vessel hierarchy – and she was the first captain in a cabotage vessel. The vessel was known as the woman’s chief mate vessel. Hidelene tells that she had an unusual episode in her first trip to Baherein, in the Persian Gulf, as chief mate already. When she take the vessel to maintainance, she realized that the muslims were surprised by the fact that the vessel was led by a woman. “Yet, they calmed down when they realized that I was quaified to coordinate that operation”, she recalls. In 2009, Hidelene took over the vessel Carangola, becoming the first woman to occupy the highest hierarchy position in the Merchant Marine. In 2012, she was appointed to the position of long haul captain, becoming the unique woman in Brazil able to sail through seas all over the world. “The job market for maritimes in Brazil is heated and the career in the Merchant Marine has never been so promising as it is now. In this profession, it is possible to achieve financial stability and a fast growth expectations. In my case, for example, I achieved the position of leardership in 10 years’, she highlights. Hidelene is married for three yeats with the maritime Paulo Roberto and, together, they try to conciliate their schedule of long distance trips.
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em
Arte: Paulo Mosa Filho
Pequenas
alta
Como as empresas de médio e pequeno porte se preparam para enfrentar os desafios de competir num mercado dominado por gigantes
Por Rodrigo Leitão
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m janeiro de 2011, o município de Nova Friburgo, na Região Serrana no Estado do Rio de Janeiro, conhecido como um dos maiores polos de moda íntima na América Latina, foi atingido pela tempestade que matou aproximadamente 500 pessoas e deixou centenas de famílias desabrigadas. Com a tragédia na cidade, a confecção Winner da Serra perdeu todas as suas máquinas, estoque de matéria-prima e de pronta entrega, ficando oito meses com as portas fechadas. Foram as encomendas para a indústria de óleo e gás que ajudaram a salvar a empresa, que desde 2008 fabrica uniformes para o setor. A Winner da Serra é uma das milhares de médias, pequenas e microempresas (MPEs) que vêm navegando no mar de oportunidades que a indústria de óleo 32 MACAÉ OFFSHORE
e gás tem gerado no país, sobretudo com a onda do pré-sal. Contudo, para disputar um mercado dominado por gigantes, é preciso estar preparado. E vencer muitos obstáculos. Altos custos de produção, problemas de acesso às linhas de financiamento à produção e capital de giro e desconhecimento sobre incentivos à pesquisa e desenvolvimento de produtos fazem com que essas empresas encontrem grandes dificuldades para se tornarem fornecedoras de bens e serviços das grandes petrolíferas do país. Integrar o cadastro de fornecedores da Petrobras é uma das metas de milhares de MPEs do Brasil. No entanto, o grande desafio para isso é atender às rigorosas exigências para aproveitar as oportunidades geradas pelos arrojados investimentos, nacionais e internacionais previstos para o setor de petróleo, gás e
energia nos próximos anos. “Não há nenhuma dificuldade se você é competente e profissional. Nós, pequenas empresas, temos de pensar grande; afinal tudo mundo já começou uma vez pequeno”, garante o empresário Peter Graban, da Winner da Serra. Para o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Bruno Musso, é preciso ter claro que na maioria dos casos o cliente não é a empresa de petróleo diretamente. “Os programas de investimentos das petrolíferas chegam ao mercado por meio das grandes empresas de construção e montagem, estaleiros e grandes empresas prestadoras de serviço. São cadeias longas de suprimento e o pequeno empresário deve ter muita clareza sobre quem são seus potenciais clientes”, ressalta.
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Apoio oficial ajuda na inserção competitiva no mercado Para ajudar as MPEs a enfrentar esses desafios e se tornarem competitivas em um mercado que é dominado por gigantes, a Petrobras promove ações que abrangem qualificação profissional, incentivo ao aumento da capacidade fabril e de engenharia da indústria nacional e estruturação de mecanismos de financiamento. Um convênio de cooperação entre a estatal e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 16 estados brasileiros contribui para que essas empresas possam se inserir competitivamente na cadeia produtiva de petróleo e gás. O programa preparando as MPES com capacitações e qualificações para que possam fornecer para a cadeia de
suprimentos e também às operadoras vencedoras das rodadas de licitação. Firmado em 2004, no âmbito do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), do Ministério de Minas e Energia, o convênio Petrobras-Sebrae tem como objetivo maximizar a participação da indústria nacional de bens e serviços na implantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior. Desde o início, várias empresas participantes se destacaram e ganharam prêmios, como o MPE Brasil. “São empresas que conquistaram excelência
em gestão, um dos principais requisitos demandados pelos grandes compradores”, destaca o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, em entrevista à Macaé Offshore (veja na página 35). A parceria prevê a destinação de R$ 78 milhões em investimentos no adensamento e qualificação da cadeia produtiva de óleo e gás. O acordo se estende até 2014, indicando um cenário promissor para o setor. Somente no Estado do Rio de Janeiro, o programa capacitou em 2012 aproximadamente 300 micro e pequenas empresas em quesitos como tecnologia, qualidade, segurança e meio ambiente.
Recursos financeiros existem, mas burocracia atrapalha Divulgação
Dentre as ações de fortalecimento dos fornecedores, destaca-se também o Programa Progredir, voltado para fornecedores e subfornecedores da Petrobras, que atingiu a marca de R$ 4 bilhões em financiamentos. Carlos Vivas, consultor e sócio da Delloite, lembra que o BNDES possui uma linha de crédito específica para a indústria de óleo e gás que não é 100% utilizada. Além do BNDES, vários bancos de investimento privados possuem linhas específicas que são subutilizadas. Apesar da abundância de recursos disponíveis, as MPEs querem menos burocracia na liberação de financiamentos para o setor. O presidente da Rede Petro do Rio de Janeiro, Pedro Pino Véliz, afirma que o grau de eficiência dos financiadores do setor, entre os quais a Caixa, Finep e BNDES, escapa da maioria dos pequenos e médios fornecedores. Segundo ele, para que o crédito disponibilizado chegue de forma eficaz a essas companhias é preciso que haja uma
flexibilização das exigências para a captação de recursos. “Essa é uma grande dificuldade das empresas”, destaca. De acordo com Véliz, essa flexibilização pode ser feita por meio da simplificação do processo, que qualifica de “extremamente burocrático e demorado”. Outro fator essencial para o incremento da cadeia brasileira de fornecedores de petróleo e gás, na sua avaliação, é a criação de canais de compras diretos com a Petrobras, sem necessidade de subcontratação de intermediários pela estatal. O diretor-superintendente do Sebrae/ RJ, Cézar Vasquez, aponta outros entraves. “O volume da produção de petróleo e gás no Brasil cresce a cada ano, gerando um aumento do volume de compras (materiais e serviços) da cadeia de suprimentos. No entanto, a burocracia e os marcos regulatórios reduzem a velocidade dos investimentos no setor. Além disso, os altos custos para homologação e certificação de produtos e as exigências de garantias para
Vasques: pequenas enfrentam burocracia Vasques: small companies face bureaucratic hurdles
os financiamentos destinados à ampliação das empresas e compra de equipamentos também dificultam as pequenas empresas”, adverte o executivo. MACAÉ OFFSHORE 33
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Oportunidades no mercado onshore Expectativa com novas licitações de blocos A indefinição sobre as novas rodadas de licitação e a modificação do marco regulatório também criaram muita insegurança para o empreendedor investir no setor. Mas as novas rodadas de licitações dos blocos de petróleo, anunciadas para novembro pelo Governo, animam as MPEs. Para Vasques, a nova rodada trará oportunidades ainda maiores para as micro e pequenas empresas, em função das necessidades específicas de produtos e serviços que surgirão no processo de exploração e produção destes novos blocos de petróleo, principalmente no que diz respeito aos desafios tecnológicos do pré-sal. “Aumentarão significativamente as demandas para a cadeia produtiva nacional, que deverá se preparar para atender competitivamente às novas exigências de quantidade, qualidade e tecnologia, para garantir o fornecimento nacional e, consequentemente, gerar emprego e renda no Brasil”, ressalta. Porém, para a Onip, as rodadas não trarão reflexo em 2013 porque levará ainda certo tempo até que se tenha sucesso na exploração dos campos e que haja demanda por equipamentos e serviços para estas novas áreas. “Mas é isso que garante a sustentabilidade dos negócios ao longo do tempo. Sem as rodadas, não há como realimentar o processo de exploração e produção de petróleo, e no futuro não haveria mais demanda para os fornecedores”, diz Bruno Musso, da Onip.
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Para Carlos Vivas, sócio-líder da Deloitte para o atendimento ao segmento de petróleo e gás, o maior gargalo para pequenas e médias empresas na indústria offshore é o volume de investimento necessário para entrar no setor e as grandes empresas que concorrem pela fatia neste mercado. “As oportunidades para as bacias onshore são muitas, no entanto, parece existir uma demanda mais efetiva hoje em dia muito mais voltada para os investimentos offshore, uma vez que são esses os investimentos que usualmente produzem um maior retorno”, ressalta.
Carlos Vivas: maior gargalo é investimento Carlos Vivas: investment is the biggest bottleneck
Ele acredita que na 11ª rodada sejam oferecidos cerca de 80 blocos onshore localizados no Nordeste brasileiro. De acordo com o diretor, estas oportunidades podem estar nas áreas de apoio logístico, oilfield services, sísmica ou até mesmo nos serviços de apoio à gestão. Considerando as indústrias onshore, as micro e pequenas
empresas estão concentradas no Nordeste brasileiro, sendo Natal, Mossoró, Catu, Salvador e Aracaju cidades importantes deste cenário. Na indústria offshore, as regiões que mais concentram MPEs da cadeia de óleo e gás são Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo – mais especificamente a cidade de Santos.
Expansão e terceirização viabilizam novos fornecedores O chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás do BNDES, Ricardo Cunha, observa que os investimentos em exploração e produção (E&P) de petróleo e gás (P&G) têm crescido de forma expressiva. “Nos últimos cinco anos, houve um crescimento de cinco a seis vezes. Isso reflete na cadeia de fornecedores, pois as operadoras assinam contratos de E&P com cláusulas de conteúdo local, em percentuais não inferiores aos contratos do passado”, destaca. De acordo com Cunha, por sua vez, as operadoras replicam as mesmas cláusulas contratuais com fornecedores. Para o executivo, os grandes fornecedores têm feito movimento em duas direções, seja a expansão de suas unidades, seja a terceirização da produção. Na visão de Cunha, muitos fornecedores de outros segmentos, como fornecedores do setor automotivo ou fornecedores de bens de
capital para indústria pesada, estão procurando se qualificar para fornecer para o setor de P&G. Outros estão investindo em inovação para atender o setor de P&G em atividades mais lucrativas e deixando espaço para ser preenchido por novos entrantes da cadeia produtiva de P&G. “É claro que esse movimento só se sustenta se as empresas entrantes ou as que estão procurando nichos mais lucrativos forem competitivas. Hoje, a fronteira de expansão da produção está aqui no Brasil, mas no futuro poderá estar na África ou no Golfo do México. O desafio para os fornecedores locais é conseguir dominar tecnologias promissoras, seja adquirindo tecnologia no exterior ou desenvolvendo tecnologia própria, de forma a poder fornecer não somente para o mercado nacional, mas também, em futuro próximo, para o mercado global”, destaca Ricardo Cunha.
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Conteúdo local: pequenos devem se preparar para competir As exigências de conteúdo local não assustam as MPEs do setor. Para o sócio da Deloitte, as cláusulas de conteúdo local não devem ser vistas como obstáculos para as pequenas empresas brasileiras e sim como oportunidade para essas investirem em pessoas e em tecnologia nacional para desenvolver soluções para a indústria. O superintendente do Sebrae/RJ lembra que as nações mais desenvolvidas do mundo lançam mão do “poder de compra” como instrumento de desenvolvimento das suas cadeias produtivas nacionais, o que é uma forma de política industrial e um importante instrumento de indução de negócios nacionais e de competitividade empresarial. E não falta estímulo para essas empresas. “Os programas lançados pelo governo têm este foco e são muito importantes. No entanto, independentemente disso, temos a convicção de que os empreendedores brasileiros devem se preparar tecnologicamente e também no âmbito de gestão e logística, para que possam competir de igual para igual com empresas de todo o mundo. Este posicionamento competitivo
é que garantirá a sustentabilidade no longo prazo”, reconhece Vasquez. Um exemplo de boa prática no sentido de aumentar o conteúdo local é o Platec, projeto da Onip destinado ao setor naval, no qual são identificadas embarcações que vão ser construídas no país. O objetivo é mapear os insumos e necessidades tecnológicas envolvidos na construção dessas embarcações para identificar empresas nacionais que possam se tornar fornecedoras na construção, seja na área de propulsão, navegação, eletrônicos, móveis, instrumentação, hidráulica, entre outras. “O Platec traduz a embarcação em forma de produtos e serviços que podem ser atendidos pelas pequenas empresas”, explica Vasquez. Segundo ele, o Sebrae/RJ planeja, inclusive, disponibilizar o Sebratec – programa de incentivo à inovação tecnológica – para as empresas que estiverem aptas a participar do Platec com interesse de desenvolver novos produtos e processos. “Nossa ideia é ampliar também esse tipo de atuação na cadeia produtiva de óleo e gás”, adianta.
Competro: gigantes são parceiros, não concorrentes Em São Paulo, iniciativa semelhante, com foco em inovação, já vem sendo adotada pelo NAGI - Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação na Cadeia de Petróleo e Gás – uma parceria entre USP, Fiesp e Ciesp. “O NAGI vai capacitar 400 pequenas e médias indústrias paulistas da cadeia de petróleo e gás a implementar a cultura da inovação e a elaborar projetos de inovação a serem apresentados a instituições de fomento para obtenção de apoio na execução”, ressalta o diretor de Energia, Petróleo e Gás do Ciesp e do Competro Fiesp/Ciesp, Kalenin Pock Branco.
Segundo ele, o “caminho das pedras” para quem quer competir neste setor não é diferente de qualquer outro negócio. “Primeiro você tem que entender o que é este mercado, ou seja, quando você entender algumas expressões como onshore, offshore, FPSO, entre outras. Você tem que entender quais são as exigências de fornecimento e quais produtos e serviços este mercado necessita; preparar-se para atender esta demanda, fazer plano de desenvolvimento e marketing, colocar seus vendedores no mercado e você certamente estará dentro desta cadeia”, aconselha. MACAÉ OFFSHORE 35
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Para se tornar uma pequena ou média empresa competitiva neste mercado, Kalenin explica que o primeiro passo é estar perto dos clientes. “A logística é fundamental”, comenta. Outros fatores importantes, como a demonstração da qualidade por meio de procedimentos e certificados internacionalmente reconhecidos e a produtividade são fundamentais para operar nessa cadeia. “Os gigantes dependem fundamentalmente das empresas com este perfil. Eles não são concorrentes, são parceiros.
Recentemente visitei o Reino Unido e percebi que empresas pequenas, com os requisitos acima são as que geram negócios atraentes dentro da cadeia de P&G”, pontua. Kaleninse diz otimista quanto às expectativas das pequenas e médias empresas tornarem-se fornecedoras da Petrobras ou de suas subsidiárias. Segundo ele, várias empresas serão e estão sendo contratadas para dar suporte nos empreendimentos
nas mais diversas áreas da indústria e do comércio e no desenvolvimento tecnológico. Para ele, São Paulo é o estado que reúne as condições ideais para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores de óleo e gás. “O Estado de São Paulo não terá nenhum trauma ou desequilíbrio, pois, sem sombra de dúvidas, é o estado que tem as melhores condições industriais, comerciais e de logística, desenvolvidas ao longo de muitos anos de investimentos da sociedade, governo e empresários”, destaca.
Finep e BNDES garantem recursos para inovação Inovação é palavra-chave num segmento onde tecnologia anda junto com sucesso nos negócios. No Rio de Janeiro, para melhorar o acesso a novas tecnologias para o setor, o Sebrae desenvolve um novo projeto com o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que disponibilizará suas patentes e projetos tecnológicos para as MPEs desenvolverem novos produtos e serviços de alta tecnologia, contribuindo, consequentemente, para reduzir os gargalos tecnológicos da cadeia produtiva brasileira. “Esta é uma importante e inovadora forma de difundir o conhecimento científico e tecnológico na cadeia produtiva de petróleo e gás brasileira”, ressalta o diretor-superintendente do Sebrae/RJ, César Vasquez. Recursos também não têm faltado para estimular a inovação no setor. Lançado no ano passado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da
Ciência e Tecnologia, o programa Inova Petro visa a fomentar projetos inovadores na cadeia de fornecedores de bens e serviços do setor de petróleo e gás. O programa tem apoio técnico da Petrobras e orçamento de R$ 3 bilhões, com vigência prevista até 2017. O chefe do Departamento de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Finep, Maurício Syrio, adianta que o segundo edital será lançado ainda neste ano. Ele lembra que após o encerramento da primeira etapa do edital do Inova Petro, em novembro de 2011, as três organizadoras receberam uma demanda de R$ 2,8 bilhões por meio de 38 Cartas de Manifestação de Interesse e 62 proposições. O primeiro edital de chamada pública do Programa Inova Petro recebeu 62 projetos de 38 empresas, correspondendo a pedidos de financiamento no valor de R$ 2,8 bilhões. Desse total, foram aprovados para a próxima etapa do programa
31 projetos de 20 empresas. Segundo Syrio, grande parte desses projetos é ligada à tecnologia submarina, equipamentos submarinos e operacionais. Grandes empresas como Chemtech, FMC Technologies, UTC Engenharia e Odebretch foram aprovadas na primeira etapa do Inova Petro. Entre as pequenas e médias destacaram-se a Orteng Equipamentos e Sistema, Evonik Degussa Brasil, Mectron e a Delp Engenharia e Mecânica. Os recursos demandados neste primeiro edital representam 93,3% do valor disponibilizado para os cinco anos do programa. Além do Inova Petro, programas como Tecnova – para criar condições financeiras favoráveis e apoiar a inovação –, Inova Brasil – para dar o apoio aos Planos de Investimentos Estratégicos em Inovação das Empresas Brasileiras –, e o Inova Card – que prevê até R$ 2 milhões em parceria – estão à disposição das pequenas e médias empresas.
Em 2012, Caixa intermediou R$ 1,7 bilhão para MPEs Para alavancar os investimentos das empresas fornecedoras da cadeia produtiva de óleo e gás, a Caixa Econômica Federal intermediou em 2012 cerca de R$ 1,3 bilhão entre operações de antecipação de recebíveis. A superintendente 36 MACAÉ OFFSHORE
de Petróleo, Gás e Indústria Naval do Banco, Eugênia Regina de Melo, afirma que, no âmbito do Portal Progredir, da Petrobras, a Caixa se mantém líder tanto em quantidade, quanto em volume de operações. “Em 2012, 125 fornecedores
do setor contrataram operações por intermédio do Portal Progredir junto ao banco”, detalha. Em relação a operações de investimento, a Caixa intermediou R$ 2,3 bilhões junto
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a empresas atuantes no setor naval, sendo R$ 1,7 bilhão desse total contratado com grandes grupos e o restante com empresas de pequeno e médio porte. Para obter financiamento do banco, a superintendente ressaltou que o órgão avalia principalmente a empresa e o contrato de fornecimento. De acordo com Regina, são analisados também documentos que demonstram a performance da
empresa em relação aos contratos firmados, tais como CRCC, Boletim de Avaliação de Desempenho, Relatório de Medição, além das informações obtidas pelo Portal Progredir. “É importante ressaltar que a Caixa possui atuação não somente para os fornecedores diretos e indiretos da Petrobras e suas subsidiárias, como também para toda a cadeia do setor de petróleo e gás e indústria
naval. Destacamos também o atendimento aos Epecistas e toda sua cadeia de fornecimento”, destaca a diretora. Segundo dados da Caixa, no Estado do Rio de Janeiro 50 empresas fornecedoras da cadeia de óleo e gás contrataram operações de antecipação de contratos, representando 35,5% da quantidade total e 33,25% do valor total de operações de antecipação contratadas junto a este nicho de empresas no país.
5 MINUTOS com Carlos Alberto dos Santos Bernardo Rebello
Diretor técnico do Sebrae Nacional
Informação é um grande desafio para as MPEs Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae Nacional, em entrevista exclusiva à Macaé Offshore, fala sobre os avanços e desafios das pequenas empresas que querem competir no mercado de óleo e gás
e sobre as ações do programa de capacitação de pequenos fornecedores, desenvolvido em parceria com a Petrobras e a Onip e grandes empresas-âncora do setor. Confira os principais trechos da entrevista:
1 - Quais as principais dificuldades apresentadas pelas empresas e como suprir esse gargalo na indústria?
empresários a superarem obstáculos como esses.
Um desafio a ser superado pelos pequenos negócios é o da informação. Geralmente, o empresário não sabe se o produto ou serviço oferecido faz parte da lista de compras das grandes empresas da cadeia. Depois, é preciso buscar informações sobre como se cadastrar e se adequar às exigências dos compradores. Com base nas experiências das parcerias firmadas desde 2005 para desenvolver a cadeia de fornecedores da Petrobras, os projetos foram reestruturados e reúnem um conjunto de ações, visando ajudar os
Uma das ações dos projetos levanta periodicamente as necessidades de bens e serviços das grandes empresas, mapeia as micro e pequenas que fornecem esses itens e promove a sensibilização sobre a importância de se desenvolver para alcançar esse grande mercado. Há também ações especificamente voltadas a orientar as empresas sobre os processos de cadastramento da Petrobras e da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). Os itens que constam nos cadastros indicam o que será comprado pelas empresas nos próximos anos. Os cadastros sinalizam também
Carlos Alberto: foco na gestão da informação Carlos Alberto: focusing in information management
quais são os requisitos exigidos pela empresa fornecedora, que dependem do bem ou serviço fornecido, e o local em que é utilizado ou prestado. Em geral, os requisitos dizem respeito a aspectos de gestão da qualidade, da segurança, meio ambiente e saúde ocupacional. 2 – Qual a contribuição das Redes Petro nesse processo? Quantas redes fazem parte do convênio? O apoio à criação e consolidação das Redes Petro faz parte das ações realizadas nos projetos de desenvolvimento das cadeias de fornecedores. Atualmente, há 18 redes, em 15 estados. Elas estão em processo crescente MACAÉ OFFSHORE 37
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de interação por meio do movimento Redepetro Brasil, cuja página eletrônica é www.redepetrobrasil.org.br. Essas redes são decisivas para o sucesso das pequenas empresas na cadeia, porque, unidas, elas aumentam a capacidade de terem seus pleitos ouvidos dentro da cadeia produtiva do petróleo. As Redes Petro são uma estratégia para integrar as pequenas empresas à governança da cadeia produtiva local. 3 – Como o senhor avalia a porcentagem e políticas de conteúdo local no Brasil? As pequenas e médias empresas estão preparadas para atender às demandas? A decisão da Petrobras de implantar uma política abrangente de exigência de certificação de conteúdo local é de extrema importância para impulsionar esse requisito, que ainda não foi assimilado como prioridade pela maioria das pequenas empresas. Acreditamos que o cenário possa mudar em breve, pois já é possível constatar iniciativas de empresários em busca de informações quanto à certificação. Nos projetos do convênio há uma ação de capacitação de fornecedores, feita a partir de um diagnóstico aplicado nas
empresas, para apoiar empreendimentos que precisam se certificar. Sobre a realização da 11ª rodada de leilão de áreas de concessão de petróleo e gás, muito esperada pelo mercado, imaginamos que também contribua com a disseminação da importância da certificação de conteúdo local.
5 – A Noruega se tornou um expoente da indústria petrolífera pelos seus investimentos em tecnologia e inovação. O Brasil vem investindo pesado em Exploração e Produção, mas carece ainda de investimentos em inovação e tecnologia. Qual a sua opinião para buscar esse equilíbrio e formar uma indústria mais competitiva?
4 – Para 2013, estão previstas feiras como Brasil Offshore, Naval Offshore e OTC Brasil. Qual a importância dessas feiras para a cadeia produtiva? As Rodadas de Negócios têm sido satisfatórias?
Tecnologia é a mola mestra do desenvolvimento e inovação é primordial para a manutenção da empresa no mercado do setor de petróleo. Inserir pequenas empresas no processo de inovação da cadeia passou a ser tema prioritário para o convênio desde 2008. Uma das ações do projeto, denominada Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, mapeia demandas tecnológicas das unidades operacionais da Petrobras com potencial para contar com a participação de pequenas empresas. As empresas identificadas são convidadas a conhecer as tecnologias e passam a ser apoiadas, caso tenham interesse. O objetivo da iniciativa é contribuir para o aumento do conteúdo local e com programas de otimização de custos nas grandes empresas do setor, beneficiando pequenas empresas com potencial para atuar com inovação.
Os projetos do convênio SebraePetrobras apoiam a participação de empresas em feiras do setor, seja como expositoras ou integrantes de missões técnicas. A organização de encontros e rodadas de negócios entre compradores e fornecedores, independentemente do porte para promover a realização de negócios e o convite a grandes empresas compradoras para falar sobre as políticas de compras também fazem parte das ações do projeto. Pode-se dizer que as pequenas empresas se inserem de forma competitiva e sustentável na cadeia quando passam a fazer negócios crescentes e de forma contínua.
Empresa dá exemplo de superação Mais do que garantir seu espaço em um mercado onde a competitividade é acirrada, a Winner da Serra é o exemplo de quem perdeu tudo, deu a volta por cima e hoje se orgulha em fazer parte do cadastro de fornecedores da Petrobras. Depois da enchente na Região Serrana que danificou toda a fábrica, em 2011, a Winner não teve outra alternativa a não ser recorrer a órgãos como Sebrae e Firjan e também à RedePetro Rio para começar o seu processo de reestruturação. Em entrevista à Macaé Offshore, o manager da Winner da Serra, Peter Graban, agradece o apoio que essas
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organizações lhe deram depois de ver a fábrica fechada durante oito meses. “Eu vejo a Firjan e o Sebrae hoje com um grande facilitador de negócios porque com muitas empresas pequenas no mesmo barco, você se sente mais seguro e os seus clientes também, pois têm mais credibilidade e confiança para fechar negócios com pequenas empresas”, ressalta. Segundo Graban, foi em uma reunião com a RedePetro Rio sobre conteúdo local que ele percebeu que, se a sua empresa está em dia com seus compromissos fiscais, impostos e meio
ambiente, não é tão complicado de se cadastrar como fornecedor da Petrobras. Em outubro de 2012, a Winner da Serra recebeu a aprovação do conteúdo local da Petrobras e Onip e está participando de todas as licitações que englobam o portfólio de seus produtos. Em setembro de 2012, a Winner da Serra foi convidada a participar da segunda maior feira do setor do mundo, a Rio Oil & Gas. “Foi um sucesso absoluto ter a oportunidade de conquistar novos clientes e conhecimentos de novos parceiros e até hoje ainda recolhemos frutos desta feira”, pontua o manager.
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Small companies on the
rise
How medium and small sized companies are preparing themselves to face the challenges to compete in a market ruled by majors By Rodrigo Leitão
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n January, 2011, the city of Nova Friburgo, in the mountain region of the state of Rio de Janeiro, known as one of the most important underwear center in Latin America suffered a storm that killed 500 people and left hundreds homeless. With this tragedy in the city, Winner da Serra textile lost its machinery, raw material and kept t its doors closed for eight months. The oil and gas sector orders helped to save the textile company that make uniforms for the sector since 2008. Winner textile is one of the thousands of medium, small and micro companies (SMEs) that are taking advantage of the opportunities that have been created in the country, mainly because of the pre-salt. Yet, to dispute a market
ruled by majors, it is important to be prepared and overcome the obstacles. High production costs, problems in assessing finance facilities for production and working capital and lack of knowledge about incentives for research and development of products cause great difficulties for these companies that want to become suppliers of goods and services for major oil companies in the country. To become part of Petrobras suppliers registration is one of the goals of thousands of SMEs in Brazil. Yet, the great challenge is to respond to the stricter requirements to take advantage of opportunities created by huge national and international investments predicted for the oil, gas and energy sector
for the next years. “There is no difficulty if you are competent and professional. Small companies must think big. After all, every company has started as a small one”, Peter Graban, from the Winner da Serra, says. For the director of the National Organization for the Petroleum Industry (Onip), Bruno Musso, it is important to make clear that in many situations the client is not only an oil company. “ Investment programs of oil companies arrive in the market through big construction and montage companies, shipyards and major companies on service supply. They are huge supplier and small entrepreneurials must be aware of those who are their potential clients”,he emphasizes.
Official support helps in the competitive insertion in the market To help SMEs facing these challenges and turning them into competitive companies in a market ruled by giants, Petrobras provides actions promoting professional qualification, fostering the growth of engineering industrial capacity and structuring mechanisms of finance. A partnership between the state-owned oil company and the Brazilian Service for Micro and Small Enterprises Support (Sebrae) in 16 Brazilian states these enterprises in the oil and gas productive chain are inserted in a competitive way. The program qualifies SMEs to make them able to work on the supply chain and to the oil
companies that won the bidding rounds. Created in 2004, the partnership Petrobras-Sebrae, which was influenced by the Mobilization Program for the National Oil and Gas Industry (Prominp), aims to maximize the participation of the national industry of goods and services for implementating of oil and gas projects in Brazil and abroad. Since the beginning, many enterprises gained attention and won many awards, such as the SME Brazil. “ They are companies that gained management excellence,
one of the main requirements demanded by major buyers,” the technical-director of National Sebrae, Carlo Alberto dos Santos, highlights in an interview to Macaé Offshore (read on page 40). The partnership provides investments worth R$ 78 million to qualify and give density to the oil and gas productive chain. The agreement is valid until 2014, which points a promising scenario for the sector. Only in the state of Rio de Janeiro, the program qualified in 2012 roughly 300 micro and small enterprises in segments such as technology, quality, safety and management.
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Financial resources exist, but red tape does not help Among actions of suppliers strengthening, the Progredir program aid Petrobras’ suppliers and sub-suppliers, which achieved R$ 4 billion in financing. Carlos Viva, consultant in Delloite, says that BNDES has a specific finance facility for the oil and gas industry, but it is not 100% used. Besides BNDES, several private investment banks have specific finance facilities that are sub-utilized. Although resources abundance, SMEs want less red tape in the access for the finance in the sector. President of Rede Petro Rio de Janeiro, Pedro Pino Véliz, says that the level of efficiency of the financers of the sector such as Caixa, Finep and BNDES, do not want to work with the majority of small and medium suppliers. To him, to make the financing facility going to these companies it is necessary to have a flexibilization of the requirements for resources. “This is a great difficulty of the companies”, he highlights. According to Véliz, this flexibilization can
be made through a simple process way. He says that the current process is extremely slow”. In his evaluation, another essential reason for the growth of the Brazilian oil and gas supply chain is the creation of direct purchase channels to Petrobras, without the necessity of sub-securization of intermediaries by the state-owned oil company. The superintendent-director of Sebrae/RJ, Cézar Vasquez, points other obstacles. “The volume of the oil and gas production in Brazil grows every year, increasing the rate of purchase (goods and services) in the supply chain. Besides, red tape and regulatory framework reduce the flow of investimens in the sector”. Besides, the high costs for homologation and certification of products and the demands for finance guarantee for the expansion of companies and the purchase of equipment also jeopardize small enterprises”,the executive alerts.
Expectations for new bids The lack of definition of new bidding rounds and the change of regulatory framework also create insecurity for the entrepeneurial who wants to invest in the sector. Yet, with new bidding rounds announced by the government pleased the SMEs. For Vasques, the new round will bring even greater opportunities for micro and small enterprises, due to the specific necessities of goods and services that come up in the E&P process of these new oil blocks, mainly because of the challenges of the pre-salt. “The demands for the national productive chain will grow significantly, thus the companies must be prepared to
respond to the new demands for quantity, quality and technology to ensure national supply and, as a result, create job and wealth in Brazil, he emphasizes. Yet, for the Onip, the bidding rounds will not produce effects in 2013 because it will take some time to have some results in the fields exploration process as well as demands for equipment and services for these new areas. “Nevertheless, this is what ensures the sustainability of the business in long-term. Without the bidding rounds, the process of feeding the E&P would not be able and in the future the demand for new suppliers would not exist” Bruno Musso says.
Opportunities in the onshore market To Carlos Vivas, the worst bottleneck for small and medium enterprises in the offshore industry is the volume of investment necessary to enter in the sector and the major companies that compete for share in this market. “There are many opportunities for the onshore basins. Yet, it seems that there is a more effective demand for the offshore investments nowadays,once these kind of investments offer a better return”, he emphasizes. He believes that for the 11th Bidding Rounds roughly 80 onshore blocks in the Brazilian Northeast. To the director, these opportunities might be in areas of logistical support, oilfield services, seismic and even in the management support services. Considering the onshore industries, the micro and small enterprises are concentrated in the Brazilian northeast, with Natal, Mossoró, Catu, Salvador and Aracaju important cities of this scenario. In the offshore industry, the regions where the SMEs of the oil and gas chain are concentrated in Rio de Janeiro, Espírito Santo and São Paulo, specifically in the city of Santos.
Expansion and outsourcing enable new suppliers The chief of the Departament for the Oil and Gas Productive Chain of the BNDES, Ricardo Cunha, says that investments in E&P have been increasing. “In the past five years, investments increased five to six times, affecting the supply chain, once the oil companies sign contracts of E&P with local content clause in percentages no inferior than which have been secured in old contracts”, he highlights. To Cunha, oil companies, for their turn, 40 MACAÉ OFFSHORE
use the same contractual clauses with their suppliers. To the executive, major suppliers have been made movement in two directions, both to the expansion of their unities as for outsourcing production. In Cunha’s view, many suppliers of other segments, such as for the automotive industry and for the capital goods heavy industry, are keen to qualify themselves to supply the O&G industry.
“Certainly, this movement is only sustainable if newcomer companies or others who search for more profitable sectors were competitive. Today, the expansion of the production possibility frontier is in Brazil. However, in the future, it may be in Africa or in the Gulf of Mexico. The challenge for local suppliers is to master the promising technologies, both abroad as well as their own technology development for the global market”,Ricardo Cunha highlights.
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Local content: small companies must be prepared to compete The demands of local content are not a threat for the SMEs of this industry. For the Deloitte’s business partner, the local content clauses should not been seen as obstacles for Brazilian small companies. In fact, they should be seen as opportunities of investing in people and national technology in order to develop solutions for the industry. The superintendent of SebraeRJ says that developed nations choose power purchase as a method for their national productive chains, which is a sort of industrial policy and an important method for entrepreneurship competitiveness induction. The programs launched by the government have this focus and they are very important. Besides that, we are sure that Brazilian entrepreneurial must be ready in the realm of technology, logistics and management to compete equally with companies worldwide”, Vasquez says. An example of good practice to stimulate local content is the Platec, a project driven by the Onip to the shipyard industry. This project identifies vessels constructed in the country. The goal is to map the inputs and technological necessities involved in the built of these vessels to find national companies that might become suppliers, in areas such as propulsion, navigation, electronics, furniture, instrumentation, hydraulics, among others. “Platec turns the vessel into a set of goods and services that companies might aid”, Vasquez explains . To him, Sebrae/RJ plans to launch Sebratec, an incentive program for technological innovation, for companies that are able to take part in Platec aiming to develop new products and process. “Our idea is also widen this kind of approach in the oil and gas productive chain”, he adds.
Competro: majors are partners, not rivals In São Paulo, a similar initiative, focusing innovation, has already been adopting by NAGI – The Management Innovation for the Oil and Gas Chain Support Sector – a partnership formed by USO, Fiesp and Ciesp. “NAGI will qualify 400 small and medium oil and gas companies in the state of São Paulo to carry out innovation culture and to elaborate innovation projects to development institutions to get support in the implementation”, the director of Energy, Oil and Gas of Ciesp and of Competro Fiesp/Ciesp, Kalenin Pock Branco, says.
Kaleninse explains that the first step is to be close to the clients. “Logistics is crucial” he comments. The quality showed through procedures as well as internationally renowned certificates and productivity are crucial to work on this chain. “The majors depend on companies with this profile. They do not compete. They are partners. Recently, I have visited the United Kingdom, and I realized that small enterprises that fit all these requirements are those who do nice business within the O&G industry,” he outlines.
To him, the obstacles for those who want to compete in this sector is not different from any other business. “First, you must understand the market, in other words, when you understand some expressions such as onshore, offshore, FPSO among others. You must understand what are these supply requirements and what are the good and services that this market needs; to get ready to respond to this demand, to draw a development plan and marketing, to put yours salesmen into the market, and you will be inside this chain,” he advises.
Kaleninse says he is optimistic about the expectations of small and medium enterprises to become suppliers of Petrobras or of its subsidiaries. To him, many companies have been and will keep hired to support its enterprises in many industrial, commercial and technological development areas. To him, São Paulo is the state that gathers all conditions in the development in the oil and gas supply chain. “The state of São Paulo will not be unbalanced, once it is the state that presents the best industrial, commercial, and logistics developed over the years of investments of society, government and the private sector.”
To become a competitive small or medium company in this market,
Finep e BNDES ensure resources for innovation Innovation is the key-word in a segment which technology walks side by side with business success. In Rio de Janeiro, aiming to offer better access to new technologies for the sector, Sebare develops a new project with Petrobras Research Center (Cenpes), which is going to offer its patents and technological projects for the SMEs to develop new products and high-tech services. Consequently, the SME will aid to reduce technological bottlenecks of the Brazilian oil and gas chain. “This is an important and creative way of spreading scientific and technological knowledge in the Brazilian oil and gas productive chain,” the director of Sebrae/ RJ, César Vasquez, emphasizes.
the Ministry of Science and Technology, aims to develop creative projects in the oil and gas supply chain of goods and services. The program has technical support of Petrobras and its budget worth R$ 3 billion by 2017.
Resources have been abundant in stimulate the innovation in the sector. The Inova Petro Program, launched by the National Development Bank (BNDES) and Study and Project Finance Program (FINEP), an organ belonged to
The first call-to-bid of the Inova Petro Program received 62 projects from 38 enterprises, corresponding to the financing request worth R$ 2.8 billion. From this amount, 31 projects from 20 enterprises were approved. To
The director of the Oil Gas and Shipyard Industry Department of Finep, Maurício Syrio, reveals that the institution will launch the next call-to-bid this year. He says that after the finish of the first process of the Inova Petro call-tobid, in November, 2011, three organizations received a demand worth R$ 2.8 billion through 38 Letters of Manifestation of Interest and 62 proposals.
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Syrio, the majority of these projects is linked to sub-sea technology, sub-sea equipment and operational sytems. Major companies such as Chemtech, FMC Technologies, UTC Engenharia and Odebretch were approved in the first phase of the Inova Petro’s call-to-bid. Amongst small and medium enterprises, Orteng Equipamentos e Sistema, Evonik, Degussa Brasil, Mectron and Delp Engenharia e Mecância. The resources required in this first call-to-bid represent 93,3% of the amount provided for the five years of the program. Besides Inova Petro, programs such as Tenova, which aims to create favorable finance conditions and innovation support, Inova Brasil – created to support Strategic Investment Plans in Innovation for Brazilian Enterprises, and the Inova Card, which offer until R$ 2 million in partnership – are being offered to the small and medium enterprises.
In 2012, Caixa provided R$ 1,7 billion to MSEs To enhance investments for suppliers of the oil and gas chain, Caixa Econômica Federal Bank provided in 2012 roughly R$ 1.3 billion through service of advancing receivables. The director of Oil, Gas and Shipyard Industry of the bank, Eugênia Regina de Melo, says that, in the realm of Petrobras’ program Progredir, Caixa keeps leader both in quality as well as in the volume of operations. “In 2012, 125 suppliers of the industry secured operations through Progredir Portal along with the bank”, she details. As for investment operations, Caixa intermediates R$ 2.3 billion along with enterprises of the shipyard industry. From that amount, R$ 1.7 billion was sent to major groups. The rest of the amount was sent to the small and medium enterprises. To receive finance from the bank, th director emphasized that the institution
evaluates the company and the supply contract. To Regina, Caixa also analyzes documents that show the company’s performance related to other contracts such as CRCC, performance measurement bulletin,Measuring Report among others information found in Progredir website. “It is important to emphasize that Caixa not only has direct and indirect suppliers of Petrobras and its subsidiaries but also suppliers from all the oil, gas and shipyard industry. I also important to point the work of EPC companies and all their supply chain” According to the Caixa’s data, the state of Rio de Janeiro holds fifty enterprises of the oil and gas supply chain asked for anticipation of contractual flows, representing 35% of the companies and 33,25% of the total anticipation of contractual flows along with this set of companies in the country.
5 MINUTES with Carlos Alberto dos Santos Technical director of Sebrae
Information is the great challenge for MSEs The techincal director of National Sebrae, in an exclusive interview to Macaé Offshore, talks about the advancenments and challenges of the
small enterprises that want to compete in the oil and gas market. He also talks about the actions on the small suppliers capacitation program,
driven in partnership with Petrobras, Onip and major anchor companies of the sector. Read the main parts of the interview:
1 – One of the difficulties of small companies is to accomplish the high standards required in many sectors. What are the main difficulties seen by the companies and how to supply this bottleneck in the industry?
experience obtained through partnerships since 2005 to develop the supply chain of Petrobras, the projects have been restructured and gathered a set of actions aiming to support entrepreneurs to overcome such obstacles.
the registering process of Petrobras and of the National Organization of the Petroleum Industry. The items that are listed in the registers point out what will be purchased by the companies in the next years. The registers also signalize what the supply company requires - good or service - and the place where it will be used or provided. Overall, the requirements are related to aspects of quality management, safety, environment and occupational health.
Information is one challenge to be overcome by the small companies. Frequently, the entrepreneur does not know if the good or service offered is listed by major companies of the chain. Besides, it is necessary to find information on how to register and fit the requirements of the buyers. With the 42 MACAÉ OFFSHORE
One of the actions projects point the need for goods and services of major companies, maps micro and small companies that supply these items and discuss the importance of developing themselves in order to achieve this big market. There are also actions that specifically advise the companies about
2 – What is the contribution of Redes Petro in this process? How
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many Redes Petro belong to the agreement? The support and consolidation of Redes Petro are part of the actions found in the projects of the development of suppliers chains. Currently, there are 18 networks in 15 states. They are in a growing process of interaction throughout the movement Redepetro Brasil. Its website is www.redepetrobrasil.org. br. These networks are crucial for the success of the small companies of the chain because, united, they increase their capacity to have their claims heard in the oil productive chain. The Redes Petro are an strategy to integrate small companies inside the governance of the local productive chain.
3 – Minister Edison Lobão announced, during the Rio Oil & Gas, the 11th Bidding Rounds scheduled for May, 2013. How did you react to these announcement? The small and medium enterprises are already ready to respond to the local content requirements? How do you evaluate the percentage and the local content policy in Brazil? The decision of Petrobras for implementation a wide policy of local content registration is extremely important to boost this requirement, which has not been
yet assimilated as a priority by the majority of the small companies. We believe that the scenario might change soon because it is possible to perceive entrepreneurs initiatives in the search for information on registration. There is an action for suppliers qualification in the projects of the agreement made after a diagnosis made the companies to support business that need to be certified. As for the 11th Bidding Rounds, which was waited by the sector for a long time, we believe that they will contribute to disseminate the importance of the local content certification.
4 – For 2013, there are scheduled events such as Brasil Offshore, Naval Offshore, Santos Offshore and OTC, What is the importance of these events for the productive chain? Have Business Roundtables been satisfactory? The projects of the Sebrae-Petrobras agreement support the participation of the companies in the events of the sector, either as exhibitors or members of technical missions. The organization of the Business roundtables between buyers and suppliers and invitation to major buyer companies to talk about their purchasing policies are also part of the project actions. It is possible to say that small companies are inserted in a
competitive and sustainable way in the chain since when they start to do business in a growing and continuing way.
5 – Norway has become an icon of the oil industry because of its investments in technology and innovation. Brazil has been heavily investing in E&P. Yet, there are scarce investments in innovation and technology. What is your opinion on seeking this balance and create a more competitive industry? Technology is the ultimate item for the development and innovation is a priority for the maintenance of a company in the oil and gas market. Inserting small companies in the innovation process of the chain has become a priority topic for the agreement since 2008. One the project actions, named Innovation and Technological Development, maps the demand for technology of Petrobras operation unities that have potential to hire small companies. The identifiedcompanies are invited to know the technologies and in case of interest, they receive support. The goal of this initiative is to contribute to the increase of the local content and with programs that optimize costs of the companies of the sector, benefiting companies with innovation potential.
A company that is an example of overcoming More than ensuring a room inside the market where the competitiveness is tough, the Winner da Serra textile is an example from a company that lost everything and against all odds recovered itself and now belongs to Petrobras’ register of suppliers. After the storm in the mountain region that destroyed the textile factory, in 2011, Winner had no choice but run to organs such as Sebrae as well asFirjan and Rede Petro Rio to start its reconstruction process. In an interview to Macaé Offshore, Winner da Serra’s manager,
Peter Graham, thanks the support that these organizations gave after seeing his textile factory closed for eight months.“ “I see Firjan and Sebrae today as a great business enabler because with many small companies in the same situation, you feel more secure. So do their customers as they have more credibility and confidence to do business with small businesses,” he says. Graban says that after a meeting with Rede Petro Rio on local content that he realized that, if a company is current with its tax obligations,
taxes and the environment is not such complicated to register as a supplier for Petrobras. In October 2012, the Winner da Serra received the approval of the local content of Petrobras and Onip and is running for all the bids that include the portfolio of its products. In September 2012, Winner was invited to attend the second largest industry event in the world, the Rio Oil & Gas. “It was a huge success to have the opportunity to gain new customers and knowledge from new partners and so far I’m collecting fruits of this fair ,” the manager outlines.
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PlatAformA Espírito santo
Inovação: o desafio
que move as MPEs capixabas Diretor técnico do Sebrae/ES, Benildo Denadai fala sobre as ações para atender as exigências das grandes petroleiras que atuam na região Por Rodrigo Leitão
A
s micro e pequenas empresas que atuam na cadeia produtiva de óleo e gás na Bacia do Espírito Santo, a segunda maior produtora do país, têm pela frente um desafio gigantesco: vencer os gargalos da inovação tecnológica para competir. Em entrevista à Macaé Offshore, o diretor técnico do Sebrae/
Weverson Rocio
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ES, Benildo Denadai fala sobre as dificuldades, perspectivas das pequenas e microempresas do Espírito Santo em atender as exigências das grandes petroleiras, principalmente da Petrobras. “A grande saída para promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico dos pequenos negócios é
promover efetivamente a aproximação de micro e pequenas empresas com entidades de ensino, pesquisa e desenvolvimento”, destaca. Entre as ações previstas no programa em parceria com a Petrobras para este ano está a busca pelo desenvolvimento de bens que hoje são importados ou possuem apenas um fornecedor nacional.
Macaé Offshore – Quais as perspectivas do programa de desenvolvimento da cadeia de pequenos fornecedores para o ano de 2013 no Estado do Espírito Santo?
cadeia. Um destaque dentre as ações será a busca pelo desenvolvimento de bens que hoje são importados ou possuem apenas um fornecedor nacional.
Benildo Denadai - No período de 2009 a 2012 atendemos mais de 1.900 micro e pequenas empresas (MPEs) em diversas ações. Foram mais de 7.900 horas de consultoria em diversas áreas da gestão financeira, gestão da qualidade e gestão de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional. Conseguimos inserir competitivamente diversas MPEs nos cadastros da Onip, Petrobras e outras grandes empresas e realizamos 15 encontros e rodadas de negócios com um valor estimado em negócios em mais de R$ 506 milhões. Em 2013, iniciaremos uma nova fase do convênio com novos recursos aportados pelo Sebrae e Petrobras visando sua aplicação nas ações que ampliem a participação das micro e pequenas empresas como fornecedoras da
M.O. – Uma das dificuldades das empresas de pequeno porte é atender aos elevados padrões exigidos pelos fornecedores em várias áreas. Como o Sebrae/ES espera reduzir esse gargalo e quais ações junto a essas grandes empresas estão sendo desenvolvidas? B.D. – O Sebrae/ES desenvolveu junto com a Petrobras um programa que capacita as micro e pequenas empresas na gestão da qualidade e segurança, meio ambiente e saúde ocupacional (QSMS). Esse é um dos requisitos mais exigidos dentro da cadeia e as empresas devem manter padrões elevados que garantam o cumprimento das legislações e normas que regem esse requisito. Além disso, o Sebrae e a Petrobras participam
PlatAformA Espírito santo
do Prodfor – Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores e com os recursos do convênio, viabilizam juntos a implantação de sistemas de gestão da QSMS nas micro e pequenas empresas capixabas, aumentando assim os seus níveis de gestão, impactando positivamente na garantia da qualidade e entrega dos bens e serviços. M.O. – Qual a contribuição da RedePetro-ES nesse processo? Quais parcerias, programas o Sebrae vem desenvolvendo a médio e longo prazo com a RedePetro-ES? B.D. – A Rede Petro ES tem como sua missão articular ações integradas para o desenvolvimento das empresas associadas, visando à competitividade e à viabilização de negócios na Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energia. Essas ações são realizadas em parceria com o convênio Sebrae/Petrobras, que tem entre as suas metas desenvolver a Rede Petro para que essa se sustente enquanto entidade que represente os interesses das empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás. Entre as ações realizadas em conjunto estão uma série de encontros e rodadas de negócios, a participação em feiras do setor como expositores e missão empresarial e a capacitação das empresas para melhoria da gestão. M.O. – Como está o processo de internacionalização das empresas capixabas? B.D. – O programa da internacionalização do Sebrae (ProInter) ainda não tem ações desenvolvidas no ES. Estamos planejando para 2013/2014, inclusive em parceria com o Sebrae/RJ, ações que possam beneficiar pequenas empresas do nosso estado. M.O. – Como as pequenas e médias empresas capixabas estão se preparando para atender à questão do conteúdo
local, após o anúncio da 11ª Rodada de Licitações para este ano? B.D. – Nós temos micro e pequenas empresas já preparadas para atender a essa questão, porém, nosso grande desafio é ampliar a inserção mais competitiva dessas empresas, trabalhando com programas de inovação, gestão e mercado visando capacitá-las para que possam participar de forma mais efetiva dos negócios.
Nosso grande desafio é ampliar a inserção mais competitiva dessas empresas, com inovação, gestão e mercado M.O. – Como o Espírito Santo vem se movimentando para facilitar o acesso à inovação e tecnologia para as micro e pequenas empresas da cadeia produtiva de óleo e gás? B.D. – A grande saída para promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico dos pequenos negócios é promover efetivamente a aproximação de micro e pequenas empresas com entidades de ensino, pesquisa e desenvolvimento. Hoje no Brasil a academia tem algumas experiências com grandes empresas, porém, nos países onde essa
interação ocorre com pequenas empresas, os resultados demonstram que a inovação acaba fazendo parte das prioridades e do dia a dia da empresa e não apenas nos momentos em que são lançados editais com recursos para desenvolvimento de projetos. Por meio do Fórum Regional do Prominp já realizamos, no Espírito Santo, algumas ações nessa direção, porém, precisamos intensificar essa relação. As incubadoras de base tecnológica são um exemplo de apoio à promoção de experiências inovadoras, inclusive com alguns projetos em andamento nessa área de petróleo e gás. Essa interação das pequenas empresas com entidades de ensino e pesquisa permitirá a concepção de arranjos institucionais que tenham efetivas condições de agregar competência técnica, laboratórios e o interesse empresarial no desenvolvimento de programas inovadores. M.O. – Qual a importância de eventos como a Vitória Offshore Oil & Gas para a cadeia produtiva do estado? As Rodadas de Negócios têm sido satisfatórias para essas empresas? B.D. – A Feira Vitoria Oil&Gas é importante para afirmar o Estado do Espírito Santos como segundo maior produtor de petróleo e gás no país, discutir as ações para a cadeia e alavancar os negócios entre as grandes empresas e seus fornecedores. Na Vitoria Oil & Gas realizada em 2011 realizamos uma Rodada de Negócios com 10 grandes empresas e 120 pequenas empresas ofertantes. Foram realizadas um total de 410 reuniões, com uma expectativa de R$ 323 milhões em negócios. A avaliação das micro e pequenas empresas foi bastante positiva, pois durante a rodada tiveram contato com grandes operadoras e fornecedoras que seriam de difícil acesso se não fosse o evento. MACAÉ OFFSHORE 45
Espírito santo Platform
Innovation: the challenge that moves MSEs in Espírito Santo
Technical Director of Sebrae/ES, Benildo Denadaí, talks about the actions to respond to demands of major oil companies that operate in the region
By Rodrigo Leitão
T
he micro and small enterprises that operate in the oil and gas chain in the state of Espírito Santo, the second larger producer in Brazil, have a big challenge ahead: overcoming the technological bottlenecks to compete. In an interview to the Macaé Offshore, the Technical Director of
Sebrae/ES, Benildo Denadai, talks about the difficulties and perspectives of micro and small enterprises in Espírito Santo in order to respond to demands of the major oil companies, mainly Petrobras.
Macaé Offshore - What are the perspectives of the Development of the Small Suppliers Chain Program for 2013 in the state of Espírito Santo?
quality management and safety management, to environment and occupational health. We put several MSEs into reference files of Onip, Petrobras and other major companies and we have organized 16 business roundtables worth R$ 506 million. In 2013, we are going to start a new phase of the partnership with new resources from Sebrae and Petrobras which aim to implement actions that widen
Benildo Denadai – From 2009 to 2012, we received all sort of request from roughly 1,900 micro and small enterprises. There were more than 7,900 hours of consulting in several areas, from financial management,
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“The big challenge to improve technological innovation and develop the small
business is to foster close links between micro and small enterprises and educational as well as research and development institutes”, emphasizes. Seeking the development of goods that are imported or only presented one national supplier are among actions described in the project in partnership with Petrobras for this year.
the participation of micro and small enterprises as suppliers. Seeking the development of goods that are imported or only have one national supplier is the highlighted action.
M.O. - One of the difficulties of small companies is to achieve the high standard demands of suppliers from several sectors. How does Sebrae/ES expect
Espírito santo Platform
to diminish this bottleneck and what are the actions to be developed with these companies?
B.D. – Sebrae has developed along with Petrobras a program that qualifies the micro and small companies in quality and safety management, environment and occupational health (QSEH). This is one of the most demanded requirement in this chain and companies must maintain their high standard levels that ensure the accomplishment of the legislation that rules this requirement. Moreover, Sebrae and Petrobras participate in Prodfor – Integrated Program for Development and Qualification of Suppliers – and the resources of the partnership enable the implementation of the QSEH system in the micro and small enterprises in Espírito Santo, increasing their management level and positively impacting the guarantee of quality and the delivery of goods and services.
M.O. – What is the contribution of RedePetro-ES in this process? What are the partnerships, programs that Sebrae has been developing in the medium and long term with RedePetro-ES?
B.D. – Sebrae Internationalization Program (ProInter) has not developed actions in ES yet. For 2013/2014, we are planning actions which can support companies in our state with partnership with Sebare/RJ.
M.O. – How are the small and medium companies in ES preparing themselves to meet the local content demand after the announcement of the 11th Bidding Round for this year?
Our big challenge is to widen a more competitive insertion of these companies, working with innovation,
B.D. – The mission of RedePetro Es is to articulate integrated actions for the development of associated companies, which aims the competitiveness and makes viable the business in the Oil, Gas and Energy chain. These actions are carrying out in a partnership between Sebrae and Petrobras. Among many actions, this partnership aims to develop RedePetro in order to make it sustainable as an institution that represents the interests of the oil and gas supply chain. Several business roundtables, attendance in events of the sector as exhibitors and entrepreneurial mission and the qualification of companies to improve their management process are other actions carried out by this partnership.
B.D. – The micro and small companies are already prepared to meet this demand. Yet, our big challenge is to widen a more competitive insertion of these companies, working with innovation, management and marketing, which aim at their qualification in order to make them ready to compete more effectively in the realm of business.
M.O. – How is the internationalization process of the companies in Espírito Santo?
M.O. – How does the state of Espírito Santo work to enable oil and gas micro and small enter-
management and marketing
prises of the productive chain access innovation and technology?
B.D. – The big challenge to improve technological innovation and development of the small business is to foster close links between micro and small enterprises and educational, research and development institutes. Currently, in Brazil the universities have some experiences with major companies. However, in the countries where this interaction occurs with small companies the results show that innovation is part of priority and part of the routine in the company and not only for certain moments in which programs for resources to develop projects are launched. Through Prominp Regional Forum, we have carried out some actions in Espírito Santo. Yet, we need to intensify such relation. Technology incubators are a good example of support to promote innovative experiences with some ongoing projects in the oil and gas sector. This interaction between small companies and educational institutions will enable to conceive institutional arrangements and will add technical competence, laboratories and the entrepreneurial interest to the development of innovative programs.
M.O. – What is the importance of events such as Vitória Offshore Oil & Gas for the productive chain of the state?
B.D. – The Vitória Oil & Gas Fair is important to affirm the State of Espírito Santo as the second major oil and gas producer in the country and to discuss the actions for the chain and to enhance business among major companies and their suppliers. In 2011, we organized a Business Roundtable with 10 major companies and 120 small supply companies. There were 410 meetings, with a business estimates of R$ 323 million. The evaluation of the micro and small enterprises was really positive because they contacted major companies and suppliers which would be very difficult without the event.
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PlatAformA santoS
Muito além dos
royalties
Secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal fala sobre a importância da atividade petrolífera para o estado, que já recebe 42% dos investimentos no setor Por Rodrigo Leitão
N
o Estado de São Paulo, o setor de petróleo e derivados já responde por 35% da oferta interna de energia, sendo
que os derivados de petróleo perfazem 38,8% do consumo final de energéticos. Estes, por sua vez, correspondem a 26% do consumo final nacional, segundo dados de 2009. Hoje, de cada R$ 1 bilhão investidos no setor no Brasil,
42% vão para a economia do estado mais poderoso do país. É o que garante o secretário de Energia de São Paulo, o economista e deputado federal (PSDBSP) José Aníbal. Ele concedeu entrevista à Macaé Offshore e falou sobre as perspectivas para os próximos anos com as recentes descobertas e a entrada em operação do pré-sal, cada vez mais abundante na Bacia
Macaé Offshore – Qual a importância da atividade petrolífera para a economia de São Paulo? Quanto o estado arrecadou em 2012 com os recursos provenientes dos royalties do petróleo?
Jorge Rosenberg
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José Aníbal - A importância da atividade petrolífera vai muito além dos royalties. Estudos da Secretaria de Energia de São Paulo mostram que de cada R$ 1 bilhão investidos no Brasil em sistemas de produção, como plataformas e equipamentos submarinos, cerca de R$ 420 milhões se transformam em encomendas diretas e indiretas para empresas paulistas. Isso gera um valor adicionado de aproximadamente R$ 170 milhões e quase nove mil empregos no estado. No que tange aos royalties, em 2012 o Governo de São Paulo recebeu R$ 70 milhões, enquanto os municípios paulistas receberam R$ 400 milhões. Esses recursos são importantes visto que, embora a exploração da Bacia de Santos ainda
de Santos. Reeleito em 2010 para o quinto mandato na Câmara dos Deputados, Aníbal licenciou-se para assumir o comando da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo no início de 2011, quando a pasta foi recriada pelo governador Geraldo Alckmin. Na entrevista, ele aborda temas como a “guerra dos royalties” e pontua os principais gargalos logísticos na região. Confira a íntegra:
esteja no seu início, são necessários investimentos crescentes em infraestrutura viária, habitação e segurança, só para citar alguns. M.O. – Os governadores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo afirmaram que o Estado de São Paulo não estava “fazendo barulho” por conta dos royalties porque ainda não tinha se dado conta de quanto o estado vai perder no futuro. Como o senhor viu esta declaração e qual o melhor modelo para a distribuição dos royalties? J.A. – São Paulo acompanha atentamente o que acontece na área de petróleo e gás por meio do CEPG - Conselho Estadual de Petróleo e Gás, não apenas na discussão dos royalties, mas também nas diversas oportunidades que a atividade proporciona ao estado. A orientação do governador Geraldo Alckmin é de respeitar a competência do Poder Legislativo sobre a matéria, mas com um
PlatAformA santoS
posicionamento bastante claro e contrário às propostas que afetam os contratos em andamento das áreas já licitadas. M.O. – A Petrobras está reavaliando sua logística para a Bacia de Santos. Quais os principais gargalos logísticos que a região enfrenta nos dias atuais para escoar esta produção? J.A. – O desafio logístico da Bacia de Santos é criar infraestrutura marítima para produção e escoamento de campos localizados a quase 300 quilômetros de distância da costa. Essa infraestrutura é de responsabilidade das operadoras, mas seu funcionamento depende da existência de bases de apoio logístico, que, por sua vez, dependem de acesso fácil aos fornecedores. É por essa razão que o litoral paulista, com uma excelente rede viária e proximidade com o maior parque produtivo brasileiro, é uma opção estratégica para abrigar bases de apoio logístico, como a recente instalação de prestadores de serviços na região vem mostrando. Nós desejamos receber tais bases e mantemos um diálogo permanente com a direção da Petrobras e com outros interessados na questão. Além disso, o Governo de São Paulo vem investindo intensamente na infraestrutura do litoral paulista. M.O. – Quais são as perspectivas da indústria de petróleo e gás do estado no ano de 2013? J.A. – As estimativas de investimentos da indústria de petróleo e gás no ciclo 2012-2016, somente na área de E&P pela Petrobras, chegam a US$ 9,2 bilhões, o que é significativo. Também temos boas expectativas relativas ao crescimento da produção de petróleo e gás na porção paulista da Bacia de Santos e, particularmente, quanto à confirmação de aumento expressivo na oferta de gás natural ao mercado produtivo paulista a partir da planta de processamento de gás de Caraguatatuba.
M.O. – Quais programas, incentivos fiscais entre outras políticas públicas o Governo de São Paulo oferece à indústria de petróleo e gás? J.A. – Desde 2011 a Secretaria de Energia coordena o Conselho Estadual de Petróleo e Gás, composto por secretarias de estado, municípios e setores produtivos da economia paulista, que tem por objetivo articular e desenvolver ações integradas com vistas ao desenvolvimento das atividades de petróleo e gás no Estado de São Paulo. No tocan-
O desafio logístico da Bacia de Santos é criar infraestrutura martítima para produção e escoamento te aos incentivos, São Paulo possui um regime aduaneiro específico para a indústria de petróleo e gás desde 2010, o Repetro Paulista, que alinha os incentivos regionais aos federais vigentes, assim como possui regulamentação específica direcionada ao incentivo da geração e da cogeração a gás natural no estado.
M.O. – A Santos Offshore vem se consolidando a cada ano, com mais expositores e rodadas de negócios cada vez mais atraentes para as empresas. Qual a sua avaliação da feira para a cadeia petrolífera da Bacia de Santos e quais as perspectivas para este evento em 2013? J.A. – Nós observamos que as empresas paulistas estão cada vez mais envolvidas na cadeia, sejam micro, pequenas, médias ou grandes. Ao mesmo tempo, empresas multinacionais estão se instalando aqui. Isso se reflete nas feiras de negócios, cada vez maiores. M.O. – Investir em Tecnologia e Inovação é o grande trunfo das empresas que atuam no setor de óleo e gás. No Rio, a Petrobras construiu seu Centro Tecnológico e centenas de multinacionais estão fincando suas bases na Ilha do Fundão. Em São Paulo, já há conversas em andamento, áreas oferecidas para a construção de um Parque Tecnológico para atender à cadeia? J.A. – São Paulo já tem parques tecnológicos em diversas regiões. Deles, eu destaco o de São José dos Campos, com forte atuação de empresas de alto teor tecnológico, e o de Santos, atualmente em instalação, e que abrigará o Cenpeg-BS, o Centro de Pesquisas em Petróleo e Gás da Baixada Santista, iniciativa das universidades públicas paulistas e da Petrobras. Além dos parques tecnológicos, São Paulo proporciona diversas linhas de apoio à pesquisa e inovação às empresas, com destaque para a Fapesp e para a Desenvolve SP. Temos ainda expectativas de desenvolver um segundo centro de pesquisa no estado, em conjunto com a Petrobras, voltado às questões de interesse regional ligadas ao refino e distribuição de petróleo, derivados e gás natural. MACAÉ OFFSHORE 49
santoS Platform
Far beyond oil
royalties
Secretary of Energy of the State of São Paulo, José Aníbal talks about the importance of the oil activity for the state, which receives 42% of investments in the sector By Rodrigo Leitão
I
n the state of São Paulo, the oil sector and its derivatives responded for 35% of the domestic energy supply, once the oil derivatives counts for 38% of the final energetic consumption. For its turn, this is related to 26% of the national final consumption, according to 2009 data. Today, of every R$ 1 billion invested in the sector in Brazil, 42% go to the São Paulo economy.
This is what the secretary of Energy of the State of São Paulo, José Anibal, ensures. He gave an interview to the Macaé Offshore and talked about the perspectives for the next years due to the recent discoveries and the beggining of the presalt operation, ever more abundant in the Santos Basin. Reelected in 2010 for his fifth term in the House of Representatives,
Aníbal left his position as a representative to lead the Secretary of Energy in the beggining of 2011, when the Secretary was created by the Governor Geraldo Alckmin. In the interview, he talked about topics such as the battle for oil royalties and outlines the main logistical bottlenecks in the region. Check the interview out:
Macaé Offshore – What is the importance of the oil activity in the economy of São Paulo? How much the state of São Paulo collected in 2012 in revenues from the oil royalties resources?
M.O. – The governors of Rio de Janeiro and Espírito Santo said that the state of São Paulo was ignoring the royalties issue because the state was not aware of how much it will lose in the future. How do you evaluate this statement and what is the best royalties distribution model?
infrastructure for production and flowing of fields located 300 kilometers from the coast. The oil companies are responsible for this infrastructure, but their operation depend on the existence of platforms for logistical support, which, in their turn, depend on easy access to their suppliers. That is the reason that the coast of São Paulo, which has an excellent road network and it is close to the largest Brazilian industrial park, offers a strategic option to receive platforms for logistical support as the service suppliers recently established are showing. We want to receive these platforms and we keep on talking with Petrobras board and with other companies that are interested. Moreover, the government of São Paulo has been intensively investing in infrastructure of its coast.
M.O. – Petrobras is evaluating its logistics system for the Santos Basin. What are the main logistics bottlenecks that Santos Basin faces currently to drain its production?
M.O. – What are the expectations of the oil and gas industry in São Paulo for 2013?
José Aníbal – The importance of the oil activity goes far beyond royalties. Researches from the Secretary of Energy of São Paulo show that every R$ 1 billion invested in Brazil in production systems, such as oil platforms and submarine equipment, roughly R$ 420 million become direct and indirect orders for companies in São Paulo.
This adds roughly R$ 170 million and almost nine thousand jobs in the state of São Paulo. As for royalties, in 2012 the government of São Paulo received R$ 70 million while São Paulo’s municipalities received R$ 400 million. These resources are important. Although the exploration of the Santos Basin is only in the beginning, it will be necessary to increase investments in road infrastructure, housing and safety among others. 50 MACAÉ OFFSHORE
J.A. – São Paulo sees with attention what happens in the oil and gas sector through the State Council for Oil and Gas (CEPG), not only in the royalties issues, but also in several opportunities offered by the oil and gas activities. Governor Geraldo Alckmin respects the Legislative branch on this issue, but with a very clear position. He is against any proposal that jeopardizes ongoing contracts for areas already auctioned.
J.A. – The logistics challenge in the Santos Basin is to create maritime
J.A. – The investment estimates of the oil and gas between 2012 to 2016 are roughly US$ 9.2 billion only in Petrobras E&P area, which is very significant. We also have good expectations
santoS Platform
concerning to the growth of the oil and gas in the Santos Basin related to the region of São Paulo and also concerning to the expressive growth in the supply of natural gas to the Paulista productive market from the gas processing plant in Caraguatatuba.
M.O. – In Rio de Janeiro, there is a project called Rio- A Capital da Energia - an initiative of the State Government in partnership with the main energy companies located in Rio. In São Paulo, what are the projects, fiscal benefits among others that the Government of São Paulo offers to the oil and gas industry?
J.A. – Since 2011, the Secretary of Energy coordinates the State Council on Oil and Gas, composed by Secretaries of State, municipalities and productive sectors of São Paulo, which aims to articulate and develop integrated actions aiming to develop the activities of the oil and gas in São Paulo. As for the benefits, São Paulo has a specific customs procedure for the oil and gas industry since 2010 - the Repetro Paulista - which aligns with regional benefits with federal benefits as well as the state has a specific law enforcement that benefits of generation and co-generation of natural gas in São Paulo.
M.O. – Year after year Santos Offshore has been consolidating
itself, once more exhibitors and Business Roundtables are becoming ever more attractive for
The logistics challenge in the Santos Basin is to create maritime infrastructure for production and flowing the companies. How do you evaluate Santos Offshore for the oil chain of the Santos Basin and
what are the expectations for the fair in 2013?
J.A. – We see that Paulista companies are getting involved in the chain as a whole. At the same time, multinationals have been established here. This reflects in the business events that are becoming ever larger.
M.O. – Investments in Technology and Innovation are very crucial for the O&G companies. In Rio, Petrobras has built its Technological Center and hundreds of multinationals are settling in the Ilha do Fundão. Is there any project or area destined to build a Technological Park to respond to the chain demand? J.A. – São Paulo has already technological parks in many areas of the state. I highlight, among them, the São José dos Campos’, with a strong presence of companies with high technological content, and the Santos’, which is under construction which will host the Research Center on Oil and Gas of Baixada Santista, an initiative of state universities and Petrobras. Beyond Technological Parks, São Paulo provides many support facilities for the research and innovation for companies, such as Fapesp and Desenvolve SP. We also have the expectations to develop other research center in the state along with Petrobras towards regional issues linked to the downstream segment.
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TECNOLOGIA Divulgação
Instalações da Schlumberger no Parque Tecnológico da UFRJ Schlumberger base at UFRJ technological park
Rio, a meca da
tecnologia
em energia
Com o Cenpes como âncora e os novos desafios do pré-sal, Parque Tecnológico da UFRJ completa dez anos em 2013, atraindo grandes empresas do setor
Por Rodrigo Leitão
J
á considerado um dos principais centros de excelência em pesquisa na área de petróleo, gás e energia no mundo, o Parque Tecnológico
do Rio de Janeiro, localizado na Ilha do Fundão, tem impulsionado o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O empreendimento teve um crescimento exponencial nos últimos três anos. Empresas de ponta do setor estão com
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suas instalações na “Ilha do Petróleo”, como já é conhecida. Grandes players mundiais do setor de óleo e gás, como Halliburton, GE (General Electric), V&M do Brasil, FMC Technologies, Siemens e Schlumberger, estão se instalando no parque. A IBM, empresa voltada à tecnologia, também está presente no local, com suas atenções voltadas para o setor de óleo e gás.
Até 2014, quando as obras deverão estar concluídas, estarão instalados centros de pesquisa de pelo menos 12 grandes empresas, cinco laboratórios mantidos pela Coppe/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e uma dezena de pequenas e médias empresas.
TECNOLOGIA
Para Marcelo Haddad, o diretor executivo da Rio Negócios - Agência de Promoção de Investimentos do Rio de Janeiro –, vinculada à Prefeitura do Rio, o Parque Tecnológico é o centro de pesquisa em óleo e gás que mais cresce na América Latina, contribuindo para transformar o Rio no principal hub do setor. “Em dois anos, eles receberam USD 1,5 bilhão em investimento de empresas que lá se instalaram”. Destaca, em entrevista à Macaé Offshore. Segundo o executivo, hoje o Rio de Janeiro se consolida como a “meca” da
tecnologia do petróleo. De acordo com Haddad, é a cidade que mais forma engenheiros no país – mão de obra indispensável para o desenvolvimento do setor. Ele lembra que todas as reservas comprovadas de pré-sal no país estão concentradas num raio de 500 km da cidade. “Além disso, a cidade é o principal centro de decisão, já que concentra a sede das mais importantes companhias e agências reguladoras do setor”, ressalta. Mas para aproveitar melhor este boom, afirma, é preciso investir em três grandes áreas: centros de pesquisa, plantas industriais e projetos
Referência mundial e polo gerador de empregos Divulgação
Em entrevista à Macaé Offshore, o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Maurício Guedes(foto), falou sobre a importância da grande concentração de centros de pesquisa nesta região para a cadeia de petróleo. “O parque é uma referência mundial. Entidades de naturezas diferentes estão fincando suas bases aqui”, afirma o diretor, se referindo ao aumento de investimentos no setor, muito por conta das descobertas do pré-sal. Hoje, de acordo com Guedes, o parque gera mais de quatro mil empregos diretos, a maioria ocupada por brasileiros, mas a expectativa para os próximos dois anos é chegar a cinco mil profissionais, entre nível técnico, mestres e doutores, nos centros em construção, com investimentos públicos e privados da ordem de R$ 500 milhões. “O parque está gerando empregos, rendas e riquezas para Estado do Rio de Janeiro. É o capítulo de uma nova história”, ressalta o diretor ao fazer uma retrospectiva dos últimos 40 anos. No entorno do parque, encontra-se o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras
de engenharia. “Tudo isso reforça a vocação do Rio para hub de negócios no setor de energia”, observa. Na avaliação do executivo, este ano foi marcado pela materialização de projetos anunciados nos dois anos anteriores, entre eles, a pedra fundamental da fábrica da Rolls Royce em Santa Cruz, na zona oeste carioca, e o centro de pesquisas da Siemens, no parque tecnológico. Para 2013, o Rio buscará assistir as empresas que vierem a ser vencedoras no novo leilão de áreas da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Projetos futuros para pequenas empresas Além de centros de pesquisa de multinacionais, o Parque Tecnológico do Rio vai gerar oportunidades para empresas de base tecnológica de menor porte. Para que essas oportunidades se desenvolvam, o Conselho Diretor reservou a área restante para o desenvolvimento de projetos de incentivo às pequenas e médias empresas (PMEs). Um deles é a Torre da Inovação, que vai abrigar uma centena de PMEs de diversos setores. O objetivo do empreendimento é apoiar empresas nacionais na busca por novos mercados e empresas internacionais interessadas em aterrissar em solo brasileiro e em transferências de tecnologias.
(Cenpes), já considerado de excelência em projetos de prospecção em águas profundas. O executivo fez questão de ressaltar a importância da Petrobras como empresa âncora do Parque Tecnológico, com o seu centro de pesquisas criado na década de 60. “Contar com a Petrobras é uma honra. Isso fortalece a imagem da Cidade Universitária em nível internacional”, afirma.
O terreno de 240 mil metros quadrados na Ilha do Bom Jesus virá se somar à área original do parque, resolvendo temporariamente a demanda por novos terrenos. A expansão foi viabilizada graças a negociações entre o Governo do Estado, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Exército brasileiro. A ocupação seguirá um modelo ecologicamente sustentável, transformando o espaço no primeiro Polo Verde do país, criando um importante marco no avanço da economia verde. MACAÉ OFFSHORE 53
TECNOLOGIA
Divulgação
Vista aérea do Parque Tecnológico da UFRJ Aerial view of UFRJ technological park
Incubadora de negócios inovadores em óleo e gás Dentro do parque tecnológico está a Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, que acabou de ser eleita a melhor do país, na 16ª edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador. Criada em 1994 para incentivar o empreendedorismo e a transferência de conhecimentos gerados em pesquisas acadêmicas para novos serviços e produtos tecnológicos, a Incubadora da Coppe/UFRJ está focada principalmente nas áreas de Petróleo e Gás, Energia, Meio Ambiente e Tecnologia da Informação. A incubadora tem capacidade para receber até 21 empresas em uma moderna infraestrutura empresarial. Com a construção do seu terceiro prédio, iniciada em julho de 2012, a incubadora terá capacidade para abrigar até 30 empresas. 54 MACAÉ OFFSHORE
Um dos novos empreendimentos nascidos no local é a Ambipetro. Voltada para a coleta de dados ambientais em áreas offshore, monitoramento de correntes por radar de alta frequência, banco de dados ambientais com o objetivo de atender à demanda do mercado de petróleo e gás, seja para segurança operacional e ambiental, a empresa tem uma história de parceria de sucesso com a UFRJ. Projetando um futuro promissor na área, os diretores Carlos Leandro e Beatriz Mattos afirmam que a empresa ainda está costurando parcerias com os laboratórios da universidade para o desenvolvimento de soluções para o mercado de óleo e gás. A Ambipetro conta com 20 funcionários e todos
têm interface com as instalações do parque. “Acreditamos que para o ano 2013 nossa presença será mais efetiva no Parque Tecnológico, bem como as parcerias, mais sólidas”, apostam. A primeira a amadurecer no local antes de ganhar rapidamente o mercado foi a Oceansat, considerada um caso de sucesso da Incubadora de Empresas da Coppe, sempre aliando tecnologia e meio ambiente voltados para a indústria de petróleo e gás. O Laboratório de Tecnologia Oceânica – LabOceano, o Centro de Excelência em Gás Natural (CEGN), a Ambidados – com foco no monitoramento ambiental – e a Inovax, empresa de TI, estão também presentes na Incubadora da Coppe/UFRJ.
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TECNOLOGIA
Grandes empresas já garantiram seu espaço GE: A empresa multinacional de serviços e tecnologia vai instalar o seu quinto Centro de Pesquisa Global dentro da Cidade Universitária, na Ilha de Bom Jesus. O Rio de Janeiro foi escolhido para receber o centro depois de um longo processo de seleção. A empresa já se encontra instalada em espaços provisórios.
V&M do Brasil: A Vallourec & Mannesman, empresa siderúrgica que desenvolve soluções inovadoras em diversas áreas, terá seu centro de pesquisas no espaço com foco principal na realização de pesquisas sobre o pré-sal, além da criação de projetos voltados para o desenvolvimento do uso de tubos e produtos tubulares com fins estruturais, automobilísticos, de transportes e robótica. Também irá otimizar o modelo energético e tecnologia ambiental.
Baker Hughes: Empresa norte-americana fornecedora de equipamentos, serviços e softwares para a indústria de petróleo e gás, firmou acordo de cooperação tecnológica para implantação do Centro de Tecnologias do Rio (RTC), no Parque Tecnológico, que foi inaugurado em 7 de outubro de 2011. Schlumberger: Multinacional especializada na área de petróleo e gás e prospecção geofísica, assinou acordo com a Petrobras e UFRJ para construção do primeiro centro internacional de pesquisas para tecnologias do pré-sal, inaugurado no dia 16 de novembro de 2010.
BGE&P Brasil: A BG Brasil atua na área do petróleo, na exploração e produção de hidrocarbonetos na Bacia de Santos e, juntamente com a Petrobras, desenvolve tecnologias para a exploração e produção de óleo e gás em grandes profundidades. Em cooperação com a UFRJ, a BG Brasil irá desenvolver projetos de pesquisa envolvendo rochas carbonáticas, gerenciamento de CO2, segurança e integridade. Halliburton: Empresa norte-americana prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo, vai ocupar terreno de sete mil metros quadrados para construção do centro de pesquisa para desenvolvimento de caracterização e monitoramento de reservatórios, produtividade, construção e completação de poços de petróleo. A previsão é que em breve o centro de pesquisa esteja concluído. FMC Technologies: Líder mundial em soluções de exploração e produção submarinas para a indústria de óleo e gás, a FMC inaugurou seu Centro de Tecnologia no parque em 9 de janeiro de 2012. 56 MACAÉ OFFSHORE
Siemens: Uma das empresas mais inovadoras do planeta, com mais de 30 mil colaboradores envolvidos em pesquisas ao redor do mundo, escolheu o Parque Tecnológico do Rio para desenvolver suas pesquisas nas áreas de tecnologia offshore e submarina, tecnologias sustentáveis, energias renováveis e desenvolvimento de software. Haverá cooperação com diversos laboratórios da UFRJ. EMC Computer Systems Brasil: A EMC oferece equipamentos para armazenamento e análise de quantidades cada vez maiores de informações. O Centro de P&D da EMC no Brasil desenvolverá pesquisas voltadas para a área de Grandes Dados (Big Data), que tem aplicações importantes em áreas como Genética, Geologia e Entretenimento. Para isso, a EMC pretende cooperar com o Núcleo de Atendimento à Computação de Alto Desempenho (NACAD) e os departamentos de Engenharia Elétrica e de Geologia.
TECHNOLOGY
Rio, the Meca of
energy technology
With Cenpes as an anchor and new challenges of the Pre-salt, the UFRJ technological park celebrates 10 years and will attract big oil companies in 2013 By Rodrigo Leitão
C
onsidered one of the most important excellence centre for research in Oil, Gas and energy in the world, the Technology park of Rio de Janeiro, located at the Federal University of Rio de Janeiro campus, has been boosting the Research and Development (R&D) sector. The place has been showing an impressive exponential increase in the last three years. Important companies from the sector are settling in the “Oil Island” as it is already known. Global players of the Oil and Gas sector such as Halliburton, GE, V&M of Brazil, FMC Technology, Siemens and Schlumberger are already in the Technology park. IBM is also there aiming at the Oil and Gas sector. By 2014, when the construction of the technological park will be concluded, at least twelve R&D centres, five laboratories managed by COPPE-UFRJ and
dozens of small and medium enterprises will be settled in the place. To Marcelo Haddad, the executive director of Rio Negócios – the Agency for Promoting Investments of Rio de Janeiro -, linked to the municipality of Rio de Janeiro, the technological park is the center of oil and gas that increases more than any other O&G center in Latin America, contributing to turn Rio de Janeiro into the main hub of the sector. “In the past two years, the technological park received US$ 1.5 billion in investments for companies that are already there,” he highlights. Haddad said that Rio de Janeiro has established itself as the oil technology Mecca. To him, the city of Rio de Janeiro has the largest number of engineers in the country, a position which is essential for the development of the sector. He recalls that all the proven reserves of pre-salt in the country are concentrated within 500 km around the city. “In
addition, the city is the main decisionmaking center, as the city hosts headquarters of major companies and regulatory agencies,” Haddad highlights. Yet, to take advantage of this boom, he says that is necessary to invest in three great areas: centers of research, industrial plants and engineering projects. ‘All of that will reinforce Rio’ vocation as a business hub for the energy sector”, he observes. In executive evaluation, this year was marked by the materialization of announced projects in the past two years. The cornerstone of the Rolls Royce factory in Santa Cruz, a neighborhood located in Rio’s west side, and the center of research of Siemens, in the technological park are among them. For 2013, Rio will assist companies that win the next oil bidding rounds promoted by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuel (ANP).
World reference and a center of job creating In an interview to Macaé Offshore, the director of the technological park of UFRJ, Maurício Guedes, talked about the importance of the great concentration of research centers in the region for the oil chain. “The technology park is a world reference. Institutions of different kinds are settling here,” the director says, making reference to the increasing number of investments in the sector due to the pre-salt discoveries. Guedes says that the Technology Park has already created four thousand jobs so
far, most of them occupied by Brazilians. Yet, it is estimated that the park will create five thousand jobs in the next two years, among technicians and professionals with master and doctorate degree, who are going to work in Technology Centres. The park has attracted R$ 500 million in investments from the private and public sector. “The park is creating jobs, income and making Rio de Janeiro wealthier. It is the chapter of a new history,” the director said, making the 40 years retrospective.
The Petrobras Research Center (Cenpes), considered a center of excellence in the projects of prospecting in deep waters, surrounds the technology park. The director of the technology park emphasized the importance of Petrobras as an anchor company in the a which was created in the 1960s. “It is an honor to have Petrobras in the park. It makes the image of the University stronger abroad”, he says. MACAÉ OFFSHORE 57
TECHNOLOGY
Future projects for small companies Besides the technological centers of multinationals, the UFRJ technology park will create opportunities for small IT companies. In order to make those opportunities developing, the Board Councel has given a specific area for the development of projects of small and medium enterprises. One of them is the Innovation Tower, which will receive a hundred of SMEs from various sectors. The goal of the project is to support national companies that search for new markets and international companies interested in landing on Brazil as well as in technology transfers. The area of 240 square meters located at Bom Jesus island will be added to the original area of park, solving the demand for new areas. The expansion was made possible thanks to negotiations between the State Government, the city of Rio de Janeiro and the Brazilian army. The occupation will follow an environmentally sustainable way, turning the space into the first Green hub of the country, creating a major milestone for the advance of the green economy.
Incubators for innovative business in oil and gas Established in 1994 to encourage entrepreneurship and transfer of knowledge created in academic research for new technology products and services, the incubator of Coppe / UFRJ, which has just been elected as the best incubator in the country in the 16th National Award for Innovative Entrepreneurship is focused primarily in the areas of Oil and Gas, Energy, Environment and Information Technology. The incubator has a capacity to accommodate up to 21 companies in a modern business infrastructure. With the construction of its third building, begun in July 2012, the incubator will have the capacity to receive 30 companies. Ambipetro is one of the startups created in the site. The company works at collecting environmental data in offshore areas, monitoring current through high-frequency radar, environmental database to meet the market demand for oil and gas, whether for operational safety and environmental, the company
has a history successful partnership with UFRJ. Predicting a promising future in the area, Carlos Leandro and Beatriz Matos, both directors of Ambipetro, said that the company is still looking for partnerships with laboratories at the University for the development of solutions for the oil and gas market. Ambipetro has 20 employees and all of them have interface with the facilities of the park. “We believe that our presence will be more effective in the Technology Park in 2013, “ they said. Considered a case of success in the Business Incubator of Coppe, Oceanst was the first company to be formed in the park before going to the market. Oceansat combines technological and environmental issues with the oil and gas industry. Other companies are also present in the Incubator of Coppe/ UFRJ such as Laboratory of Ocean Technology (LabOceano), the Centre of Excellence in Natural Gas (CEGN), Ambidados, and Inovax.
Major companies have already secured their place Schlumberger: A multinational specialized in oil and gas prospecting and geophysics, signed an agreement with Petrobras and the UFRJ to build the first international research center for the pre-salt technologies, inaugurated on the 16th of November , 2010. Baker Hughes: U.S. Company supplier of equipment, services and software to the oil and gas industry, has signed a technological cooperation agreement to implement the Rio Technology Center (RTC), the Technology Park, which opened on the 7th of October of 2011. FMC Technologies: World leader in solutions for submarine exploration and production for oil and gas industry, FMC opened its Technology Centre in the Park on 9th of January , 2012. Halliburton: North American company provider of services for exploration and production of oil, will occupy an area of seven thousand square meters for construction of the research center for development of characterization and reservoir monitoring, 58 MACAÉ OFFSHORE
productivity, construction and completion of oil wells. The prediction is that soon the research center is complete. BGE & P Brazil: Brazil BG operates in the oil exploration sector and production of hydrocarbons in Santos Basin and along with Petrobras develops technologies for exploration and production of oil and gas at great depths. In cooperation with UFRJ, BG Brazil will develop research projects involving carbonate rocks, CO2 management, security and integrity. V & M do Brasil: Vallourec & Mannesmann, a steel company that develops innovative solutions in various areas, will have its research center in space with main focus on research on the pre-salt, and the creation of projects for the development of the use pipe and tubular products with structural purposes, automobile, transportation and robotics. It will also optimize the model energy and environmental technology. GE: A multinational specialized in technology and services will open its fifth Global
Research Center in University City on the island of Bom Jesus. Rio de Janeiro was chosen to host the center after a long selection process. The company is already installed in temporary spaces. Siemens: Siemens, the globally known German company, will manage a research center for the offshore area and sub-sea technology, sustainable technologies, renewable energy and development of software. There will be a cooperation with many laboratories of UFRJ. EMC Computer Systems Brasil: EMC offers equipment for storage and analysis of increasing amounts of information. The R & D Center in Brazil will develop research focused on the area of Big Data (Big Date), which has important applications in areas such as genetics, geology and entertainment. For this, EMC intends to cooperate with the Center for Assistance to High Performance Computing (NACAD) and the departments of Electrical Engineering and Geology.
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