MACAÉ OFFSHORE 1
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ÍNDICE / CONTENTS
Matéria de capa | Report of Cover
Desafios e oportunidades na segurança 16 New Safety Challenges 20 Meio ambiente e de negócios 22 Environment and business 25 Arte: Editora Macaé Offshore
Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
SMS | SMS Passaporte para o sucesso Passport to success
27 30
Entrevista | Interview
10 Oswaldo Pedrosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Oswaldo Pedrosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Articulando | Articulating
Os desafios do licenciamento ambiental na indústria de óleo e gás. . . .32 The challenges of environmental licensing in the oil and gas industry. . . . 33
Cinco minutos | Five minutes
Tecnologia | Technology Guerra fria no ciberespaço Cold war in the cyberspace
Marcelo Mafra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
37 40
Marcelo Mafra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Nicholas Jones.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44 Nicholas Jones. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Gestão | Management
46 Giving suppliers more financial aid. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Mais fôlego para o fornecedor.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Óleo & Gás | Oil & Gas Gás: quanto mais oferta, maior competitividade . . . . . . . . . . . . . . . . . Gas, more supply, more competitiveness. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48 49
Empresas & Negócios | Companies & Business
Mais por menos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50
Colunas | Columns
Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso
Rede Petro-BC Rede Petro-BC Ive Talyuli
More with less. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Pasadena: escândalo abre crise na Petrobras Scandal in Pasadena refinery causes crisis in Petrobras Mercado de petróleo e gás sofre com inadimplência Oil and gas market suffers with large companies default
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Mais informações: www.macaeoffshore.com.br
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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER
Utopia ou realidade, a meta do acidente zero
A
meta é ambiciosa – 4,2 milhões de barris até 2020. E os desafios são muitos. Afinal, vencer a barreira dos 7 mil metros de profundidade não é para os fracos. O Brasil se orgulha de seu pioneirismo, conquistado em meio a altos investimentos em tecnologia, mas também, principalmente, devido ao material humano que emprega. E garantir a vida e a integridade dessas peças-chave no negócio do petróleo e gás requer muita capacitação, experiência e treinamento constante. Com o aumento das atividades offshore, a partir dos recentes investimentos no pré-sal, cresce também a preocupação com os acidentes, que, além de paralisar a produção e trazer prejuízos econômicos e ambientais, vitimam, muitas vezes de forma trágica, fatal ou irreversível, a força de trabalho. Em um
mercado onde o negócio é o risco, a eficiência operacional fala mais alto e nela se embute a segurança dos trabalhadores que cooperam para os resultados. Falar em meta zero neste segmento onde o risco é inerente à atividade pode parecer utópico, mas é o objetivo de empresas como a Shell, que vem apostando fortemente em estratégias de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS) para eliminar acidentes. A Petrobras, âncora de todos os investimentos aportados no setor no Brasil, também é exigente em relação e tenta minimizar os impactos. E tudo isso gera oportunidades para a cadeia produtiva de petróleo e gás, especialmente para as empresas que desenvolvem soluções voltadas à segurança operacional. Para você, leitor, recomendamos uma agradável leitura.
Utopia or reality, non-accident goal
T
he goal of achieving 4.2 million boed by 2020 is ambitious. In addition, the challenges are many. After all, achieving a dive depth of 7,000 meters is not an easy task at all. Brazil is proud to be a pioneer in deep-water drillings, achieved thanks to high investments in technology and the quality of its human resources. In order to ensure the life and integrity of those key oil and gas business it is important to improve the training process and expertise. With the increase of offshore activities, mainly after the latest investments in the pre-salt, concerns about accidents also grow. Besides having its production harmed by shutdowns and many economic and environmental losses, the workforce has been suffering
a lot with workplace accidents. In a market in which business means risk, the operational efficiency speaks louder and within it workplace safety helps to achieve nice results. It is not feasible to talk about nonaccident goal in a segment that the risk is always eminent. However, companies such as Shell have been investing in Health, Environment and Safety in order to eradicate accidents. Petrobras, which is the anchor-company for all investments in the sector in Brazil, also demands more safety and tries to lessen the impacts. This scenario creates opportunities for the oil and gas supply chain, mainly for companies that develop solutions towards operational safety.
CORREÇÃO Na edição 73, a Macaé Offshore informou, de forma
Have a nice reading.
equivocada, que o Senhor Marcio Mazon respondia pelo cargo de Gerente de Marketing e Vendas da Dräger, quando o cargo correto ocupado é o de Diretor de Marketing e Vendas – Segmento Segurança
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Informamos, ainda, que o ano de Fundação da Dräger é 1889 e não em 1896, conforme publicamos e as representações da Dräger alcançam todo o país, mas filiais da empresa estão localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Recife.
Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga, Rodrigo Leitão e Flávia Domingues redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Luiza Valente comercial.rio@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Brunno Braga Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 75ª Edição - Abril/Maio 75th Edition - April/May Tiragem: / Copies: 10.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties
MARÉ ALTA / HIGH TIDE
O Programa Rio Capital da Energia, uma das principais iniciativas para tornar o Estado do Rio de Janeiro uma referência nacional em eficiência energética, economia verde e inovação tecnológica, conta com novos parceiros: a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Financiadora Nacional de Estudos e Projetos (Finep) e a estatal recém fundada Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA).
O projeto começou em junho de 2012 e elevou o número de projetos de 34 para 65, com investimentos totais previstos de R$ 2,2 bilhões. Subordinado ao Comitê Estratégico, um comitê executivo, composto por técnicos de cada uma das empresas parceiras, acompanha os avanços do cronograma dos projetos incluídos no programa, além de discutir a definição de recursos para estruturá-los e o detalhamento para o pleno desenvolvimento.
Além disso, o programa passa a contar também com dois parceiros internacionais de expressão: a Brazil Holding State, que congrega sete companhias nacionais de transmissão de energia, e a alemã GIZ, incentivadora de programas sustentáveis na área de energia. Todos fazem parte do Comitê Estratégico do Programa, presidido pelo governador Luiz Fernando Pezão.
“Os novos parceiros trazem com eles novas ideias, fundamentação teórica, e equipe técnica altamente competente para somarem-se aos demais na promoção do Rio como um centro de excelência e referência mundial na área de energia”, avalia a coordenadora do programa e do comitê têcnico, Maria Paula Martins, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis).
Rio Capital da Energia has two new partners Rio Capital da Energia program, one of the main policy initiatives to turn the state of Rio de Janeiro into a reference on energy, green economy and technological innovation nationwide, has now new partners – Getúlio Vargas Foundation, Research and Projects Financing (Finep) and Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA). Moreover, the program also has two international partners – State Grid Brazil Holding, which gathers seven Brazilian energy trasmission companies, and the German GIZ, a company that works on sustainable projects for the energy industry All of them teamed the Strategic Committee of the program, which has governor Luiz Pezão as the president of the committee. The program was launched in June 2012 and increased the number of projects from 34 to 65, with
total investments worth 2.2 billion reais. An executive committee, which is subordinated to the Strategic Committee and made up of technicians from every partner companies, follows the advancements of the projects schedule that are included in the program as well as discusses how the resources will be used to structure them and their details for a better development.. “The new partners will bring new ideas, theory expertise and an efficient technical staff in order to work with other partners and promote Rio de Janeiro as an energy hub,” says Maria Paula Martins, coordinator of the Technical Committe of the program. Rio Capital da Energia is a program coordinated by the Secretary for Economic Development and Energy.
Biblioteca: Fluidos de Perfuração e Completação Voltado para estudantes de graduação e profissionais de engenharia, o livro ‘Fluidos de Perfuração e Completação’, da editora Elsevier, traz uma série de novos produtos e sistemas de fluidos, além de tecnologias que não estavam disponíveis na última edição. Trata-se de um guia que ajudará o leitor a aumentar a produção dos poços de petróleo a partir da escolha e da utilização adequada dos fluidos. Em sua sexta edição, a obra é considerada uma referência clássica no mercado. Disponível na versão e-book, o livro mostra que o abastecimento bem-sucedido de um poço de petróleo e seu custo dependem das propriedades do fluido de perfuração. Ao longo da obra, os autores Ryen Caenn e George R. Gray apresentam, de forma simples, os conhecimentos técnicos para que as informações fornecidas ao público da área sejam compreensíveis. De acordo com os autores, a obra foi atualizada de modo a incorporar novas informações acerca de questões tecnológicas, econômicas e políticas que têm impactado o uso de fluidos para perfurar e completar poços de petróleo e gás, bem como conteúdo adicional acerca de equipamentos e procedimentos para avaliar o desempenho dos fluidos de perfuração à luz do advento da tecnologia digital e de melhores técnicas de produção.
Reprodução
Rio Capital de Energia ganha novos parceiros
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MARÉ ALTA / HIGH TIDE
Book - Drilling Fluids and Completion Eyeing Engineering professionals and students, the book “Drilling Fluids and Completion”, published by Elsevier, brings a set of new products and fluid systems as well as technologies that were not available in the last edition. The book is guide that helps the reader to increase oil wells output from the choice and proper use of the fluids. In its sixth edition, the book is considered a reference in the market.
Also available in e-book version, the book shows that to achieve a successful supplying in oil wells and its costs depend on the drilling fluid characteristics. Throughout the pages of the book, the authors Ryen Caenn and George R Gray show, in a simple way, the technical knowledge in order to make the information presented in the book more understandable.
Aker fornecerá manifolds para a Petrobras
Graça Foster é eleita “personalidade do ano”
A Aker Solutions assinou contrato com a Petrobras para fornecimento de oito manifolds que injetarão, alternadamente, água e gás para aumentar a recuperação de óleo localizadas na região do pré-sal. Segundo a empresa norueguesa, o valor total do contrato ficou em US$ 300 milhões. Os manifolds, desenvolvidos para atuar a uma profundidade de 2500 metros serão utilizados pela Petrobras e seus parceiros para o desenvolvimento dos campos do pré-sal. Os equipamentos subsea terão vida útil de 30 anos e o primeiro manifold está previsto para ser entregue em 2016.
Aker Solutions to Supply Subsea Manifolds for Petrobras Aker Solutions won a contract worth more than USD 300 million from Petrobras to supply eight manifolds that alternately inject water and gas to increase oil recovery from Brazil’s deepwater offshore fields. The subsea manifolds, designed for water depths of 2,500 meters, will be installed by Petrobras and its partners in deepwater pre-salt field developments. The units have a design life of 30 years and the first is scheduled to be delivered in 2016.
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A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, foi homenageada, em São Paulo, com o Troféu Mulher Imprensa - “Personalidade do Ano”, Organizada pela revista e portal Imprensa. A homenagem especial foi criada este ano para premiar as mulheres que se destacam no mercado de trabalho, em comemoração à décima edição do troféu. O nome de Graça Foster foi unanimidade entre os jornalistas que a elegeram, informou o diretor e editor da revista e portal Imprensa, Sinval de Itacarambi Leão. A presidente da Petrobras contou que chegou a questionar
The authors said that the book was updated in order to add new information about technology, economics and policy issues that affect the use of fluids through the drilling and completion of oil wells. The book also has an extra content about equipment and procedures to evaluate the performance of the drilling fluids with the coming of digital technology and better output techniques.
“o motivo de receber um prêmio tão importante ao lado de jornalistas de tal gabarito”. E complementou: “Mas eu sei que temos, sim, algo em comum: o compromisso com a verdade. Ver, ouvir e ler vocês é fundamental para a minha vida profissional e pessoal” Sobre a função que exerce, dirigindo a maior empresa brasileira, e uma das maiores do mundo, Graça resumiu: “É uma grande empresa, com atribuições diversas, uma das maiores companhias de energia do mundo. E tudo aconteceu muito de repente, com muita velocidade” Agência Petrobras
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MARÉ ALTA / high tide
Graça Foster is elected personality of the year Petrobras CEO Maria das Graças Foster was awarded with Mulher Imprensa Trophy – Personality of the Year. The award ceremony was held in São Paulo by Imprensa magazine. The special homage was created this year in order to award women who had a distinguished position in the job market. The Award came to its 10th edition.
Graça Foster was unanimously elected by journalists, said the Imprensa Magazine director Sinval de Itacarambi Leão. At first, Petrobras CEO said she did not understand why she was awarded along with such an important team of journalists. Then, she added – “I know we have something in common – the commitment to the truth. To watch, listen and
read you is crucial for my professional and personal life.” As for her position of leading one of the most important companies in the world, Mrs Foster said. “Petrobras is a great company, one of the biggest energy company in the world with several duties. Everything happened very quickly and suddenly.”
Divulgação / Keppel Corporation
Aço Usiminas na primeira plataforma TLWP brasileira A Usiminas forneceu 14 mil t de aço naval com alta tenacidade e resistência a impacto para a plataforma P-61, a primeira do tipo TLWP (Tension Leg Wellhead Plataform) construída no Brasil e a operar em águas brasileiras. Entregue pelo Estaleiro Brasfels, no início de janeiro, o equipamento está localizado no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos (RJ). As plataformas TLWP são fixas e ancoradas no fundo do mar com tendões verticais. Elas recebem o petróleo e o gás natural do poço e fazem o processo de separação desses produtos. Toda produção da P-61 será transferida para a P-63, plataforma FPSO que fará o processamento, armazenamento e escoamento do petróleo extraído. Juntas, as plataformas têm capacidade de produzir 140 mil barris por dia.
Usiminas to supply steel for Petrobras Usiminas supplied 14 thousand tons of maritime steel with high tenacity and resistance for the TLWP P-61, the first of this kind to drill in Brazilian deepwaters. Delivered by Brasfels Shipyard last 8 MACAÉ OFFSHORE
January, the platform is located in PapaTerra fiel, in Campos Basin. TLWP are buoyant production facilities vertically moored to the seafloor by tendons
normally used for the offshore production of oil or gas, and is particularly suited for water depth. All of P-61 output will be transferred to the FPSO P-63. Together, those platforms will be able to drill 140 thousand boed.
MARÉ ALTA / HIGH TIDE
AGENDA
Sustentabilidade e inovação em pauta na Bacia de Campos “Sustentabilidade, o motor da Inovação” será o tema do Fórum da VII Feira de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos, que acontecerá nos dias 6 a 8 de maio, no Clube Cidade do Sol, em Macaé, RJ. Em sua sétima edição, o evento convida personalidades com reconhecida expertise no assunto para discutir essa e outras questões ligadas à responsabilidade socioambiental e sustentabilidade. A Feira de RSE Bacia de Campos define a cada ano um tema central gerador de debates e em torno desse tema são organizadas várias atividades, além de estandes de empresas, organizações não governamentais, empreendedores sociais, poder público e universidades. Das atividades paralelas, destacam-se Rodada de Negócios Sustentáveis, Cinema Socioambiental, oficinas de reciclagem e plantio de mudas, Cozinha Brasil do Sistema Firjan, fórum de palestras e debates e workshops empresariais. A entrada para a Feira e o Fórum é gratuita e visitas de grupos poderão ser agendadas com antecedência, pelo site feirarsebaciadecampos.com.br.
Sustainability and innovation gain momentum in Campos basin ‘Sustainability, the engine of innovation’ will be the theme of the forum in the Seventh Social and Environmental Responsibility Campos Basin Entrepre-neurial Fair, which will be held between May 6 and 8 in Macaé. In its 7th edition, the event will gather renowned experts in social and environmental issues. The SER Campos Basin Fair sets every year a central theme to spur debates over sustainability issues, with several activities as well as stands of companies, non-governmental organizations, social entrepreneurs, public institutions and universities. Also, the event will present several parallel activities such as the Sustainable Business Round, Social and Environmental Cinema, recycling workshops, lectures, debates and entrepreneurial workshops. For further information visit the website of the event – www.feirarsebaciadecampos.com.br
Subsea tem encontro marcado no Rio O Rio de Janeiro sedia, entre 26 e 28 de maio, no Hotel Windsor Barra, a segunda edição do Subsea Forum Rio – Fórum de Tecnologias Submarinas, evento bianual organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo. Gás e Biocombustíveis (IBP) e a Sociedade de Engenheiros de Petróleo (SPE – Seção Brasil). A primeira edição, em 2012, registrou a presença de mais de 400 profissionais da área subsea e foi considerada um sucesso pelos participantes. O seminário aborda os principais temas que envolvem o desenvolvimento de tecnologias ligadas à exploração e produção de petróleo e gás. O momento é estratégico para troca de experiências e
conhecimento no segmento, tendo em vista o momento promissor na área de E&P no Brasil, porém com grandes desafios, como campos com maiores profundidades e a distância da costa. O evento coloca em pauta as perspectivas de desenvolvimento da área no Brasil, os desafios e as principais diretrizes como desenvolvimento tecnológico no País e conteúdo local e temas ligados a processamento de petróleo offshore, tecnologias de dutos submarinos e operações de intervenção. As apresentações são focadas em recentes realizações, com abordagem as experiências bem sucedidas, assim lições aprendidas e áreas para melhoria.
Rio hosts Subsea Forum Rio de Janeiro will host the Second Subsea Forum Rio, between May 26 and 28, at Windsor Barra Hotel. This event occurs every two years and is organized by the Brazilian Institute of Petroleum, Gas and Biofuels. The event’s first edition was held in 2012 and gathered more than 400 professionals of the subsea segment. The seminar approaches the main themes that affect the development of Technologies for oil and gas drilling. It is a strategic moment to exchange experience and knowledge in the segment, taking into account the promising scenario
for E&P activities, even with the challenges in offshore oil drilling. The event will put in evidence expectations about the development of the subsea segment in Brazil, its challenges and the main policies toward the technological development in the country and local content, and issues related to offshore oil refining, pipeline technology and intervention operations. The presentations will focus in latest performances, highlighting well-succeeded experiences as well as lessons learned and areas that must be improved. MACAÉ OFFSHORE 9
ENTREVISTA
Oswaldo Pedrosa Presidente da PPSA garante que cumprirá índices de conteúdo local e não discutirá legislação
Por Brunno Braga
Instituída em agosto de 2013, a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) é uma recém-nascida com responsabilidade de gente grande. Afinal, caberá à empresa as funções de acompanhar, monitorar e gerir os contratos da exploração e produção de petróleo na camada do pré-sal sob o polêmico regime de contrato de partilha, objetivando fazer valer os interesses do governo brasileiro, que aposta bastante no potencial de riqueza localizada em águas ultraprofundas. Nomeado em novembro para o cargo de diretorpresidente da PPSA, Oswaldo Pedrosa está ciente dos grandes desafios que tem logo pela frente, sobretudo em relação ao projeto Libra. Localizado na Bacia de Santos, o campo possui reservas avaliadas em até 12 bilhões de barris de óleo recuperável e que e que terá investimentos de
Macaé Offshore - Quais são os grandes desafios a serem enfrentados pela frente? Oswaldo Pedrosa - O nosso grande desafio no momento é montar essa empresa. Ela foi constituída por decreto em agosto; os diretores, nomeados em novembro e aí a empresa começou a funcionar. 10 MACAÉ OFFSHORE
até US$ 500 milhões aprovados pelo consórcio vencedor (Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC). Pedrosa recebeu a equipe da Macaé Offshore em seu escritório recém- instalado no Centro do Rio de Janeiro, ao lado do prédio-sede da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Com vasta experiência no setor de óleo e gás, o diretor-presidente da PPSA já atua há 25 anos no segmento, tendo trabalhado, inclusive, ao lado da atual presidente da Petrobras, Graça Foster. Sua última função foi o cargo de diretor da petroleira brasileira HRT. Agora ele comandará uma empresa que terá 180 funcionários e conta com um capital social inicial de R$ 50 milhões. Acompanhe os principais trechos da entrevista:
Então, o primeiro grande desafio é construir a PPSA, adquirindo o corpo técnico gerencial e começando a organizar a empresa com todos os recursos disponíveis para fazê-la funcionar. M.O. - Como será estrutura organizacional da PPSA?
O.P. - No decreto que determinou a criação da PPSA ficou estabelecido que a empresa terá 150 funcionários contratados por concurso público e terá direito a 30 cargos comissionados de livre provimento. Então, estamos constituindo os quadros da empresa. A própria lei determinou que a composição da diretoria
entrevista
da PSSA fossa montada por um diretor-presidente, um diretor de Administração e Finanças, um diretor de Gestão de Contratos e um diretor técnico de Fiscalização. A partir daí, nós vamos trabalhar com uma estrutura matricial, para não desperdiçar recursos. Para conseguir isso, vamos criar uma Gerência-Executiva de Projetos e Contratos para trabalhar diretamente com todas as diretorias e superintendências da empresa. E em cada fase das atividades haverá uma equipe alocada em uma determinada diretoria. E é essa diretoria que vai fornecer pessoal especializado para trabalhar nos contratos e uma vez executado isso, combinando as unidades de diretoria com a gerência de projetos demandados em cada fase. M.O. - O senhor já sabe quando será realizado este concurso para que as 150 vagas sejam ocupadas? O.P. - Vamos dar encaminhamento do concurso ainda este ano, mas ele somente será executado no ano que vem, em função do calendário eleitoral. E assim que elaborarmos o edital iremos publicá-lo em nosso site e na grande imprensa. M.O. - Como a empresa dará o ritmo necessário para as atividades de Libra? O.P. - O projeto do Campo de Libra é um outro imenso desafio. Afinal, a exploração do pré-sal, sob o regime de partilha, começa com Libra, cujo campo foi leiloado no ano passado com grande sucesso. O projeto já está em pleno andamento e nós, como membros do consórcio vencedor e presidente do comitê operacional, encaramos Libra como um desafio à altura do seu potencial de reservas, que é estratosférico.
Então, nós da PPSA vamos trabalhar duro para fazer a gestão deste projeto sob o ponto de vista de defender os interesses da União e a nossa função é acompanhar, monitorar, auditar e gerir os contratos e os custos. Agora, estamos trabalhando no processo de individualizações da produção que estão se delineando no pré-sal. As descobertas em áreas de concessão que se estendem para áreas não contratadas pela Petrobras, no polígono do pré-sal e que se tornará a área de atuação da PPSA.
comitês existentes, tanto do lado do comitê operacional, como do lado dos comitês técnicos, além do relacionamento com as demais empresas. E essa relação está sendo ditada dentro de uma estratégia que a Petrobras apresentou e que os demais consorciados aprovaram e que
M.O. - O que o mercado pode esperar da PPSA? O.P. - A PPSA é essencial para que o regime de partilha possa acontecer. Neste tipo de contrato, está a necessidade de existência de uma entidade 100% estatal para defender os interesses do governo, já que ele terá, conforme estabelece o contrato de partilha, a sua parcela em óleo. Então, é necessário que isso seja acompanhado de forma técnica e precisa. Esse acompanhamento se dará através do assento de presidente do comitê operacional, que no caso serei eu, e que é o órgão maior de governança do consórcio, que inclusive tem o poder de veto e voto de qualidade. E o ritmo das atividades do contrato de partilha parte do próprio consórcio. A PPSA, como membro, vai participar de forma atuante neste processo, através dos MACAÉ OFFSHORE 11
ENTREVISTA
consiste no desenvolvimento acelerado do projeto Libra. M. O - Como está o relacionamento entre a PPSA e os demais membros do consórcio? O.P. - Nós temos tido muitas reuniões paralelas e conjuntas para discutir assuntos que já estão na hora do dia. Um deles, por exemplo, é a discussão dos trabalhos para execução do Programa Exploratório Mínimo (PEM), no qual teremos que fazer sísmicas em toda a área do bloco, perfurar dois poços e fazer o TLD (Teste de Longa Duração). M.O. - O PEM prevê a perfuração de pelo menos dois blocos no présal de Libra. É possível aumentar esse número de poços a serem perfurados logo no início dos trabalhos de exploração? O.P. - Sim. É claro que no plano de exploração outras atividades serão contempladas, mas o plano ainda não foi aprovado pelos membros do consórcio. Depois de aprovado, outras atividades vão acontecer e elas farão parte da programação do trabalho, sendo acompanhado por nós no dia a dia.
fica especificado que a União vai receber a sua parte em óleo. Então, sem uma empresa como a PPSA, que é 100% estatal e dedicada inteiramente a representar os interesses da União no consórcio, o contrato de partilha se tornaria inviável. Isso porque, numa outra situação, aconteceria um conflito de interesses e não haveria uma entidade que representasse e defendesse os direitos da União. A Petrobras, apesar de ser controlada pelo governo, não é 100% estatal e a ANP é
Encaramos Libra como um desafio à altura do seu potencial de reservas, que
M.O. - Como o senhor observa as controvérsias e críticas em relação à adoção do modelo de contrato de partilha?
é estratosférico
O.P. - Na época em que o governo resolveu adotar o regime de contrato de partilha, houve muita polêmica em torno do assunto. Mas é preciso que se tenha em mente que em áreas de baixo risco geológico e alto prêmio, que é basicamente a situação do pré-sal brasileiro, o modelo de partilha é o mais recomendado. Vale lembrar que no contrato
um órgão regulador e não tem esse perfil empresarial.
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M.O. - Recentemente, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que o conteúdo local não é prioridade em sua gestão, sobretudo em função dos problemas encontrados para fabricação de máquinas e equipamentos no
Brasil. Como o senhor observa esse debate em torno do tema conteúdo local, tendo em vista a exigência de se ter em Libra 37% de conteúdo local para a fase de exploração 37% e 55% durante o desenvolvimento da produção até 2021? O.P. - Nós vamos cumprir a lei e vamos respeitar os índices exigidos no conteúdo local. Não caberá a nós discutir a legislação. M.O. - Libra e outros campos do pré-sal irão suscitar debates em torno de segurança e também sobre riscos ao meio ambiente. Como a PPSA vai acompanhar esse debate? O.P. - A questão de segurança operacional e ambiental é muito importante. Há órgãos específicos que atuam nesta questão, como a ANP, o Ibama, as secretarias estaduais de Meio Ambiente e a Marinha do Brasil. Como não somos operadores, a nossa função é verificar se a operadora está seguindo as determinações para que garanta a segurança operacional e proteção ambiental e vamos atuar nessa área também. A gente não será omisso nesta questão. M.O. - Uma das novidades no consórcio é a presença das empresas chinesas, que até o leilão de Libra tinham participação tímida no mercado de óleo e gás no Brasil. Como está o relacionamento inicial entre a PPSA e os chineses do consórcio? O.P. - Os chineses estão muito entusiasmados. Nas reuniões que tive com eles, não só os chineses, como todas as empresas que estão no projeto, se mostram empenhadas em fazer o melhor possível.
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INTERVIEW
Oswaldo Pedrosa PPSA CEO ensures that he is committed to accomplish the local content policy and will respect the legislation By Brunno Braga
Established in August 2013 the Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) is a newborn with an adult’s responsibility. After all, the company will be responsible to follow, monitor and manage the E&P pre-salt contracts under production sharing model, aiming to defend the Brazilian government interests, which bets high on the potential wealth located in the ultra-deep waters. Appointed to the position of CEO of PPSA last November, Oswaldo Pedrosa is aware of the great challenges ahead, including the field of Libra. Located at Santos Basin, the field has oil reserves up to 12 billion recoverable oil barrels and will have investments worth 500 million
Macaé Offshore - What are the greatest challenges ahead?
dollars approved by the consortium made up by Petrobras, Shell, Total, CNPC and CNOOC. Pedrosa received Macaé Offshore staff in his brand-new office in Rio de J aneiro’s downtown near the National Agency of Petroleum, Gas and Biofuel headquarters. With extensive experience within the oil and gas industry, Mr. Pedrosa has been working for the industry for 25 years. Throughout this period, he has also worked with the current CEO of Petrobras, Graça Foster. Before PPSA, he held the office as director at HRT, a Brazilian oil company. Now, he will command a company with 180 employees and with an initial social capital of US$ 50 million.
M.O. - Como será estrutura organizacional da PPSA?
through public selection and 30 commissioned employees. Therefore, we are building the body of the company. The decree determines that a CEO, an Administration Director, a Contract Manager Director and a Surveillance technical-director, will compose the board. From there on, we are going to work under a matrix structure in order to avoid the waste of resources. To achieve that, we are going to create the Projects and Contracts Management that will work directly with all company’s sectors. There will be a team located in a certain sector for every activity phase in order to work in the contracts, which is going to be performed along with directors and managers.
O.P. - The decree that created PPSA determines that the company will have 150 employees to be hired
M.O. - Can you say when the public selection tender will be released?
Oswaldo Pedrosa - Right now, our greatest challenge is to build the company. PPSA was established last August and its board was appointed last November. So then, the company started to operate. Thus, building the company is the first of PPSA’s challenges, along with the hiring of technicians and managers as well as organizing the company with the available resources in order to make it work.
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O.P. - We are preparing it this year, but the test for the public selection will only be available next year because of the electoral calendar. We will announce it in our website and in the media as long as we have the tender ready.
M.O. - How is the company going to perform the activities in Libra field? O.P. - Libra field is another huge challenge. After all, the pre-salt activities under the production-sharing model will begin with Libra, whose field was auctioned with great success last year. This project is already under the way and we, as a member of the winner consortium and the president of the operational committee, see Libra as a
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challenge at the same level of its oil reserves potential, which is very huge. Therefore, we, from PPSA, are going to work hard to manage this project in order to defend the Union’s interests. Our mission is to observe, monitor, audit and manage the contracts and costs. Now, we are working on the individualized production that are being traced in the pre-salt. The discoveries were found in concession areas, which are extended to areas not contracted by Petrobras in the pre-salt, and they will be where PPSA will work.
M.O. - What can the Market expect from PPSA? O.P. - PPSA is crucial to make the production-sharing model happen. In this kind of contract, there is a necessity for the existence of a state company to defend government’s interests, once the government will have its share in oil, as the contract establishes. Therefore, it is important to follow this process in a precise and technical way. I, as the president of the operational committee, will follow this process. The operational committee is the highest position in the consortium, which has the power of veto. Moreover, the consortium itself who is going to perform the activities. PSSA, as a consortium member, is going to participate in this process through the established committees both in the operational committee and in other technical committees, besides the relationship with other oil companies. This relationship has been made under the strategy that Petrobras has designed for the advancement of the Libra field project that other companies approved.
M.O. - How is the relationship between PPSA and the other companies of the consortium? O.P. - We are having several meetings to discuss important issues. One of them is the discussion on the activities of the Minimum Exploratory Program, in which we will have to do the seismic in the whole bloc, drill two wells and do the Long Duration Test.
M.O. - The MEP determines that at least two pre-salt wells will have to be drilled in Libra. Is it possible to expand this number of wells to be drilled in the beginning of the exploratory activities? O.P. - Yes. Other activities are in our E&P plans, but the consortium members have not been approved the plan yet. After their approval, other activities will happen and they will be part of the work program, which will be follow by us daily.
We see Libra as a challenge at the same level of its oil reserves potential, which is very huge M.O. - How do you see the controversies and critics about the adoption of the production sharing model? O.P. - Controversies and criticism abounded when the government decided to adopt the production-sharing model. However, it is important to bear in mind that in area where present low geological risk and high prize, which is the example of the Brazilian pre-salt, the production-sharing model is highly recommended.
It is important to remember that the Union will receive its share in oil. Therefore, without a state company like PPSA, who is dedicated to defend the government’s interests in the consortium, the production-sharing model would be impracticable. Despite being controlled by the government, Petrobras is not a 100% state-owned company. Moreover, the ANP, as the regulator, does not have an entrepreneurial profile.
M.O. - Recently, the CEO of Petrobras, Graça Foster, said that the local content policy is not a priority in her administration, mainly because of problems found in the manufacturing process of equipment and machinery in Brazil. How do you see this debate about local content, taking into account that Libra will demand local of 37% in the exploration phase, and 55% in the production modules initiated until 2021? O.P. - We are going to respect the law and local content requirements. It is not up to us to argue the legislation.
M.O. - Libra and other pre-salt fields will create debates about safety and possible damages in the environment. How will PPSA follow this debate? O.P. - The operation safety and environmental issues are very important for us. There are specific institutions who are responsible to take care of the oil activities such as ANP, Ibama and the Navy. Since we are not going to work as an operator company, our mission is to observe if the operator is respecting the requirements in order to ensure operational safety and environmental protection. We will not be silent.
M.O. - The Chinese presence in the consortium is one of the novelties in the oil and gas industry in Brazil. How is the relationship between PPSA and the Chinese? O.P. - The Chinese are very enthusiastic. Not only the Chinese but also other consortium members are committed to work as much as possible to the advancement of the Libra field project. MACAÉ OFFSHORE 15
Arte: Editora Macaé Offshore
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Desafios e oportunidades na
segurança
Com novas operações offshore, acidentes aumentam e exigem novas soluções para controle Por Brunno Braga
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íder mundial em exploração de petróleo em águas profundas, o Brasil está em processo de chegar, até 2020, à produção de 4,2 milhões de barris de petróleo por dia, volume esse que é o dobro do que é atualmente produzido. Para alcançar este objetivo, a Petrobras, principal operadora do país e responsável por 94% de tudo que é produzido aqui, vem investindo pesado em pesquisa, aquisição de equipamentos, plataformas de produção, sondas, barcos de apoio e tudo mais que possibilite entregar o prometido para seus acionistas e, sobretudo, à população brasileira, cada vez mais consumidora de energia. No entanto, para tornar a ambiciosa meta factível, torna-se imprescindível não abrir mão de um importante fator existente nas atividades offshore – a segurança operacional. Dados divulgados recentemente pelo International Regulators Forum 16 MACAÉ OFFSHORE
(IRF), fórum internacional de órgãos reguladores de segurança de atividades offshore, que tem como representante brasileira a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), revelam que o total de horas de trabalho calculado em 2012, até então o mais recente ano pesquisado, seria equivalente ao trabalho direto de aproximadamente 41 mil pessoas. Número bastante expressivo, sem dúvida, principalmente quando se leva em conta que este era menos do que a metade calculada em 2009, resultado referente ao aumento das atividades das sondas que, nos últimos dois anos, superaram o nível da atividade de produção. É consenso na indústria offshore que os riscos operacionais estão longe de terem índices próximos a zero. No entanto, os últimos números divulgados pela ANP mostram-se preocupantes. Segundo a autarquia, em 2012 houve um aumento de 15% no número de acidentes
envolvendo atividades offshore em relação ao ano anterior, com as operações de perfuração encabeçando o processo, respondendo por 70% do total de acidentes envolvendo operários. Informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP) reforçam esses dados. De acordo com a entidade sindical, em 2013, apesar do grande número de subnotificações de acidentes, o Departamento de Saúde recebeu um registro de 1.563 Comunicados de Acidentes de Trabalho, uma média de quatro por dia. É o que afirma o médico do Sindipetro Norte Fluminense, Francisco Júnior. Desde 1995, segundo a FUP, ocorreram 330 mortes de petroleiros por acidentes de trabalho no Sistema Petrobras, sendo 266 de trabalhadores terceirizados e 61 de efetivos. Na Bacia de Campos houve 126 óbitos de 1998 até 2013, sendo que 88 foram de terceirizados e 38 de empregados da Petrobras.
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Empresas apostam em produtos e serviços Divulgação / Dräger
Diante deste cenário, o setor que trata de segurança nas atividades offshore é capaz de abrir um leque de oportunidades para várias empresas da cadeia produtiva de óleo e gás. Este é o caso da Dräger, empresa de origem alemã especializada em produtos de tecnologia voltados para segurança. Segundo Adriano Morelli, coordenador de Mercado para o Segmento Óleo e Gás da empresa, as oportunidades de negócios na área de segurança estão atreladas ao alto nível de consciência e responsabilidade da formação dos profissionais que atuam no segmento O&G, desde o mais simples ao mais complexo processo. “Todos estão engajados no trabalho que demanda e exige da própria empresa e entendem que o capital humano é essencial. Para isso, investe-se nos produtos, serviços e
Adriano Morelli, da Dräger, diz que material humano é essencial para a qualidade do trabalho Adriano Morelli (Dräger) says that human resources are essential for working quality
soluções em Segurança, Saúde e Meio Ambiente, pois os riscos iminentes e constantes e os custos
elevados de uma unidade parada são imensuráveis para as empresas e o país. Hoje ainda mais, com as regulamentações, tal como a norma regulamentadora NR 30, além de boas práticas nas experiências desenvolvidas em outras localidade, que são cada vez mais exigem a necessidade de investimentos”, afirma o executivo. Morelli conta que a empresa acompanha as necessidades e demanda existentes no segmento de óleo e gás, seguindo as exigências de produtos e soluções em conformidade com as regulamentações e boas práticas. “Dedicamos profissionais focados diretamente para o segmento O&G, engajados para atender junto ao mercado e estrutura de serviços e soluções com preço e prazo, na cidade de Macaé, principal polo petroleiro do país”, revela.
Treinamento de pessoal, uma solução Divulgação / Rolls-Royce
Não são as poucas as empresas que têm investido pesado em pesquisa, ferramentas, equipamentos e, principalmente, na capacitação de funcionários para aumentar a segurança de suas operações offshore, a partir da criação de suas próprias unidades de treinamento. A Rolls-Royce, por exemplo, empresa britânica fabricante de equipamentos voltados para vários setores da indústria, entre eles o segmento naval offshore, instalou, em março deste ano, em Niterói, um Centro de Treinamento para capacitar equipes no correto e eficiente uso dos principais equipamentos instalados em embarcações offshore. “O Centro de Treinamento possui recursos instalados para treinar equipes no uso de guinchos de grande porte, guindastes, sistemas de
Paulo Rolim, da Rolls-Royce: empresa investiu em Centro de Treinamento em Niterói Paulo Rolim (Rolls-Royce): company invested in Training Center in Niterói
posicionamento dinâmico e até nos procedimento da equipe de convés”, afirma Paulo Rolim, diretor geral da Divisão Marítima da Rolls-Royce Brasil.
O executivo revela que a empresa está trabalhando no desenvolvimento de novas tecnologias, visando aproveitar as oportunidades na prevenção de acidentes na área marítima. “Estamos desenvolvendo sistemas de monitoramento contínuo (CMS), maior precisão e facilidade de uso de sistemas de posicionamento dinâmico, além de produtos mais limpos, como os motores movidos a GNL (gás natural liquefeito) e o sistema de propulsão movido a eletroímãs”, conta o executivo. Segundo ele, a Rolls-Royce projeta sistemas de proteção que advertem ou previnem condições perigosas de trabalho. “São empregados sistemas que alertam, corrigem ou mesmo assumem o controle, caso seja percebida uma condição de risco de trabalho”. MACAÉ OFFSHORE 17
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Oportunidades também para técnicos E não só as empresas que podem faturar com as atuais demandas por segurança. Com o crescimento do número de sondas e de outras embarcações, o profissional especialista em Segurança do Trabalho tem sido bastante disputado no mercado, segundo o coordenador do Curso de Segurança do Trabalho do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), Mauro Godinho Gonçalves. Ele conta que, por lei, as empresas offshore precisam ter, em seus quadros, profissionais que já possuam em seu currículo os cursos de salvatagem que ensina técnicas para exercer suas
atividades com segurança nas plataformas e os prepara para saber como reagir diante de emergências - e huet, que ensina o profissional a escapar de um helicóptero (principal meio de transporte para as plataformas), caso ele caia no mar.
nosso curso de técnico de Segurança do Trabalho. Atualmente, temos 400 alunos presenciais e 300 alunos à distância em 14 pólos distribuídos pelo país e muitos desses alunos, quando se formam, são chamados para trabalhar na indústria offshore”, revela o professor.
Por isso, muitas empresas offshore aumentaram a demanda pelo profissional técnico de Segurança, pois, além de atuar nas empresas, ele também acaba por ser responsável pelo treinamento do pessoal embarcado, seguindo, assim, as normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. “Nos últimos anos, vem crescendo bastante a procura pelo
Ele acrescenta que, em função do aumento da procura, o governo federal já autorizou a abertura de mais 812 vagas já para o segundo semestre de 2014. “Os cursos são de nível técnico, mas há também especialização em nível de pós-graduação”, conta. Os salários podem chegar a R$ 6 mil, dependendo da qualificação do profissional.
Fiscalização cada vez maior Reprodução / Arquivo Pessoal
Marcelo Mafra, superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP, diz que a legislação da autarquia, que é uma das responsáveis pela fiscalização operacional das operadoras, é reconhecida como uma das mais modernas e completas da indústria de petróleo e gás no mundo. “A agência exige das operadoras que atuam no Brasil o estado da arte em matéria de segurança. Isso nos dá tranquilidade para afirmar que a operação de quem explora ou produz petróleo e gás offshore no Brasil o faz com segurança”, disse o representante da agência (leia mais em entrevista exclusiva à Macaé Offshore na página 34). Em 2012, ano em que realizou o último levantamento, a área de segurança operacional da ANP realizou 59 atividades de fiscalização a bordo das plataformas, na qual os servidores da agência avaliaram a segurança dos sistemas de perfuração e da planta de produção das unidades marítimas. Além disso, foram realizadas 1.038 vistorias técnicas nos sistemas navais (estrutura, lastro, comunicação, ancoragem etc), com base 18 MACAÉ OFFSHORE
e cenários onde atua”. Entre 2010 e 2011, a ANP interditou 11 plataformas de exploração e produção da Petrobras, por descumprimento das regras de segurança operacional. Também foram aplicadas multas por não conformidade, no valor de R$ 51 milhões.
Para Edmar Almeida, da UFRJ, acidente com BP no Golfo do México aumentou multas For Edmar Almeida (UFRJ), the BP oil spill in the Gulf of Mexico has increased the penalties
na cooperação mútua entre a ANP e a Marinha do Brasil. Em nota, a Petrobras relata que executa “política de elevado rigor técnico nos aspectos relacionados a equipamentos e à capacitação de pessoal. Isso faz parte de sua cultura e foi construída ao longo de sua história. Esta política se aplica a todos os segmentos
Na área de segurança operacional e meio ambiente, metade das 14 multas aplicadas pela ANP até março de 2013 foi questionada pela empresa e ainda não havia sido paga. Ao justificar as multas, a ANP informava que o “operador da instalação (plataforma) não garante a integridade mecânica dos seus sistemas críticos de segurança operacional”, sem dar mais detalhes sobre as infrações, ocorridas em . plataformas nas bacias de Ceará, Potiguar, Campos e Santos, e também em refinarias. Para Edmar Almeida, do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, “o elevado número de multas relativas à segurança operacional se deve, em parte, ao aperto da fiscalização pela ANP desde o acidente com a BP no Golfo do
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México, em 2010. Mas também mostra que há espaço para que a empresa melhore seus serviços”. Já para o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, José Maria Rangel, a maior parte dos acidentes é tragédia anunciada, pois acontece depois de alertas dos funcionários
que operam no chão de fábrica. Segundo ele, os trabalhadores reclamam de efeitos danosos das metas do Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) que a Petrobras lançou em 2012. Dizem que a pressão pela redução provocou represamento nas manutenções. Até o terceiro trimestre de 2013, o programa economizou R$ 4,8 bilhões.
A Petrobras diz que o Procop não reduz investimentos, especialmente em manutenção, sendo um programa de otimização de custos, não de cortes. “Iniciativas como o Procop e o aumento na eficiência operacional respeitam estritamente os princípios de segurança, meio ambiente e saúde que norteiam as ações da companhia”, disse a estatal em nota.
Ano já começa com acidente Divulgação Petrobras
O ano mal começou e a Petrobras se viu mais uma vez em problemas relacionados à segurança do trabalho. Um deles ocorreu em março, quando houve o adernamento da plataforma SS-53, de propriedade da estatal e que opera no Campo de Marlim, na Bacia de Campos, em função de um alagamento em um dos tanques da unidade, causado por uma falha na válvula do sistema de estabilização. O incidente gerou preocupações a respeito das possíveis consequências que pudesse acarretar, tanto para os profissionais que trabalham na plataforma, como para o meio ambiente local. No saldo final, ninguém ficou ferido e a plataforma, cuja responsabilidade operacional está a cargo da empresa Noble Brasil, não afundou. Outro episódio envolveu auditores do Ministério do Trabalho e Emprego. Após inspeção, a plataforma P-62, inaugurada em dezembro de 2013, foi interditada. Segundo os auditores do MTE, foram identificadas 11 pendências de segurança que precisam ser atendidas antes do início das operações. Representantes do SindipetroNF que visitaram a P-62 informaram
Entre 2010 e 2011, a Petrobras interditou 11 plataformas de produção por descumprir normas de segurança Between 2010 and 2011, Petrobras interdicted 11 drilling platforms that disrecpected safety rules
que o sistema náutico saiu do estaleiro sem um cabo de ré, sem uma das amarras do sistema de ancoragem de bombordo (lado esquerdo) e sem o sistema elétrico pronto, entre outros itens. A instalação de um gerador de energia chegou a provocar um incêndio. Muitos dos problemas poderiam ser evitados com alguns dias mais de trabalho no estaleiro, segundo o sindicato. “Por pressão política, para melhorar o saldo da balança comercial e para dar satisfação ao mercado, as plataformas são inauguradas inacabadas e depois finalizadas em mar”, afirma um membro do sindicato.
A estatal informou que todas as unidades marítimas de perfuração que trabalham para a Petrobras são equipadas com sistemas de detecção, que podem prover o fechamento imediato e automático do poço, prevenindo seu descontrole. “Há detectores de gás em diversos locais na plataforma, alarmes de aumento de pressão ou volumes no interior do poço e sistemas de preparação e injeção de fluidos para seu interior. Cumpre destacar que estes fluidos, sempre presentes na construção dos poços, são outras barreiras de segurança, além de equipamentos como o BOP”, disse, em nota.
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New
Safety Challenges
New offshore activites require new safety solutions as accidents grow By Brunno Braga
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orld’s leading deepwater drilling country, Brazil is working to achieve 4,2 million barrels a day by 2020, which is going to double its current output. To achieve this goal, Petrobras, the main oil company in Brazil who is responsible for 94% of all Brazil’s output, has been investing greatly in research, equipment acquisitions, FPSOs, drilling rigs, offshore support vessels and everything else that enables the company to deliver what it promised to its investors and, above all,the Brazilian people, who are increasing their fossil fuel consumption ever more. However, in order to make this ambitious goal feasible, it is indispensable not neglect an important issue presented in offshore activities, which is the operational safety.
Data recently released by the International Regulators Forum, an international group formed by offshore regulators, which has the Brazilian National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels (ANP) as a member, revealed that the total working hours in 2012, which is the latest available data, is equivalent to the work of 41 thousand people. Very impressive figures indeed, mainly because it represents more than the double registered in 2009, which means the increase of offshore activities over the last two years. It is a consensus in the offshore industry that operational activities are far from being risk-free. Yet over the last years the ANP’s figures are concerning.
Companies invest in products and services Before this scenario, the offshore safety segment is able to offer oil and gas companies opportunities. This is the case of Dräger, a German company specialized in technology products for safety. For Dräger Oil and Gas coordinator Adriano Morelli, business opportunities in the safety segment are linked to the high level of counsciness and professional training for the O&G industry. “Everybody is committed to work under the company’s requirements and we understand that human resources are crucial. Therefore, the company invests in products, services and Safety Health and Environment solution because the risks are eminent and the costs of shutdowns 20 MACAÉ OFFSHORE
are huge for companies and for the country. Today safety procedures are even more important and with regulations such as rule NR30 as well as other practices in developed experiences in other locations, they demand ever more investments,” the executive says. Morelli says that the Dräger is aware of the necessities and demands in the oil and gas segment. The company respects the requirements of products and solutions in accordance with regulations and good practices ‘We have professionals directly focused in the O&G segment. We are committed to meet the market and structure services and solutins with price and schedule in the city of Macaé,” he coments
To the agency, offshore accidents rose 15% in 2012 comparing to the previous year. The drilling acitivities lead the process, with 70% of the total number of accidents. The Oil Union Federation attests these data To the union, although the great number of accident sub-notifications, the Health Department of FUP received 1,563 Work Accidents notifications. To North Fluminense SindiPetro doctor Franciso Junior, 330 oil workers died during offshore activities for Petrobras, with 266 outsourced workers and 61 effective workers By 2013 In Campos Basin had126 deaths notifications, with 88 outsourced workers deaths and 38 deaths of workers of Petrobras.
Personal training is a solution Many companies are investing in research, equipment and professional training in order to improve safety in their offshore activities, creating their own training centers. Last March, the British Rolls-Royce established its Training Center in Niterói (RJ) to train professionals to use the company’s equipment for offshore activities. “The Training Center has several resources to train teams about the use of hoists, cranes, dynamic positioning systems and even train the crew behave on the deck.” says Rolls Royce Brasil Maritime Division director Paulo Rolim. The executive says that the company is working to develop new technologies, aiming to take advantage of the opportunities in the prevention of accidents in the maritime area. “We are developing continuous monitoring system, with more precision and better access to the use of the dynamic positioning systems as well as the development of cleaner products such as LNG engines and the electro-magnet propulsion system,” the executive tells. To him, Rolls-Royce designs protection systems that warn or prevent dangerous working conditions. “The systems warn, fix or even take over control in case of risk of working accident.”
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Opportunities for technicians Not only companies can take advantage of the demands for safety. The market ever more wants specialized professionals in Working Safety as the number of drilling rigs and other offshore vessels grow, according to CEFET Workplace Safety Course Coordinator Mauro Godinho Gonçalves. He says that the government obliges offshore companies to have professionals with certificates of salvatage and huet. Therefore, many offshore companies are ever more wanting professionals with Safety certificates because they will be responsible to train the crew in order to respect the regulations of the Brazilian Ministry of Work.
“Over the last years, the search for Workplace Safety courses has grown. Currently, we have 400 students in our campus and 300 distance learning students spread in 14 centers throughout the country,” Mr Godinho says. Because of the increase of the number of people who want to study to obtain Workplace Safety certificates in Cefet, Mr Godinho adds that the Brazilian government agreed to open new 812 slots for students scheduled for the second semester 2014. “The courses are for technical degree but there are others with post-graduation degree also,” he says. The salaries can reach six thousand reais a month according to the professional qualifications.
Inspections increase Superintendent of Safety Operations and Environment for ANP, Marcelo Mafra, says that the agency’s regulation is one of the most complete and modern in the oil and gas industry in the world. “ The agency obliges the oil companies that work in Brazil to have the state-of-the-art procedures in terms of safety. This give us some tranquility to say that companies who have oil activities in Brazil work with safety procedures,” says Mr Mafra (read the whole interview on page 36) In 2012, the agency’s operational safety department performed 59 inspections in oil platforms. The inspectors evaluated the safety conditions of the drilling systems and the production plant of the platforms. Also, the inspectors performed 1,038 technical visits in the maritime systems (infrastructure, communication, anchoring etc), based on mutual cooperation between the ANP and Brazilian Navy. In a statement, Petrobras says that the company carries out a high strict technical policy related to equipment and professional training. This policy is part of the company’s culture and it was built throughout its history. This policy is applied to every sector of the company”. Between 2010 and 2011, ANP interdicted 11 Petrobras’ FPSOs because the company did not respect operational safety regulations. The Agency fined Petrobras in 51 million reais. In the safety operational and environment sectors, Petrobras refused to pay half of the 14 fines levied by the ANP until March 2013. The company’s refuse was justified in
a state that says that it is not the company’s responsibility to ensure the mechanical intergrity of the safety operational critical systems of platforms.”. Petrobras did not give further information about problems happened in platforms that operate in Ceará, Potiguar, Campos and Santos basins as well as in refineries. For the professor of Energy Economy at the Federal University of Rio de Janeiro, Edmar Almeida, the high number of fines related to operational safety is due to the increase of inspections carried out by the ANP after the BP oil spill in the Gulf of Mexico in 2010. This also shows that there is a room for the company to have its activities improved”. As for Petrobras’ workers spokesman in Administration board, José Maria Rangel, most part of the accidents is an announced tragedy because they happens after may warnings made by professionals who work for the state-owned oil company. To him, workers complain about the side effects of the Operating Costs Optimization Program (Procop) launched by Petrobras in 2012. He said that pressures on costs cut spurred the halt in maintenance.Until the third quarter of 2013, Procop has saved 4.8 billion reais. Petrobras said that Procop does not cut investments, mainly in maintenance, once it is a costs cut program. “Programs such as Procop and Proef respect the safety, environment and health principles,” the stateowned oil company says in a statement.
The year has started with accidents The year has just started and Petrobras was already involved in Workplace safety problems. One of them happened with an offshore drilling platform operated for Brazilian state-run oil company Petrobras SS53 in Marlim field, Campos Basin, that tilted after problems with a valve of the stabilization system. The incident rose concerns about its consequences for both workers and environment. In the end, nobody got hurt and the drilling platform, which is operated by Noble Brazil, did not sink Another episode involved inspectors of the Ministry of Work. The drilling platform P-62, which was lauched in December, 2013, was shut down after being inspected. Inspectors found 11 types of safety failures in the platform, which must be solved before the beginning of its activities A Labor Union spokesman who visited the P-62 said that its marine system left the ship yard without a cable, an anchoring system and an electric system among other items. The installation of a power generator caused a fire. Most of the problems could have been avoided with some days of working in the shipyard, according to the labor union. “Because of political pressures that aim to improve the trade balance in order to satisfy the Market, the platforms are launched unfinished. They are just finished offshore,” a union spokesman said. The state-run oil company said that the drilling platforms have detection systems, which can automatically close the well, preventing its problem. There are several local detectors within drilling platforms, alarms for pressure increase of the well, preparation system and fluid injections. It is important to highlight that those fluids, which are always found in the well construction, are other safety hurdles as well as BOP equipment,” the company said in statement. MACAÉ OFFSHORE 21
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Rogério Santana / Governo do Rio / Divulgação
Em 2011, o derramamento de 3,7 mil barris de petróleo no Campo de Frade, operado pela Chevron, chamou atenção para o problema In 2011, Chevron spilled 3.7 thousand oil barrels in Frade field and the episode called the attention for the problem
Meio ambiente e de
negócios
Chevron retoma atividades em Frade e Brasil reforça aposta em mecanismos para evitar acidentes ambientais em novas áreas exploratórias Por Brunno Braga
E
m novembro de 2011, um incidente envolvendo operações offshore ganhou os holofotes da mídia nacional e interna-
cional. O anúncio de que a americana Chevron, após uma falha operacional no Campo de Frade, localizado na Bacia de Campos, derramara cerca de 3,7 mil barris de petróleo, causou rebuliço e ressuscitou o debate acerca dos grandes 22 MACAÉ OFFSHORE
riscos ambientais que a atividade offshore oferece. Quase dois anos e meio depois, após recente decisão tomada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a Chevron foi autorizada a retomar as atividades no campo, que tem capacidade de produzir até 100 barris de petróleo por dia.
produção offshore no Brasil, após o final
Com a retomada dos trabalhos e a extensão das áreas para exploração e
tensa atividade pesqueira. E essas des-
do processo de licitação da 11ª rodada, que concedeu blocos localizados na chamada Margem Equatorial, preocupações relacionadas aos riscos ambientais ressurgem com força, sobretudo em locais que possuem grandes ativos ambientais e turísticos como manguezais, fauna e inconfianças não são sem fundamento.
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Segundo o último relatório sobre o cenário energético mundial, da Agência Internacional de Energia, o Brasil se tornará o sexto maior produtor mundial de petróleo até 2035. Com isso, a agência aponta que há justificáveis temores de que a corrida pelo petróleo possa causar sérios danos ambientais no caminho. Diante deste prognóstico, os recursos destinados à segurança operacional contra acidentes ambientais vêm aumentando ao longo dos anos, gerando novas oportunidades de negócios na cadeia produtiva de
óleo e gás, especialmente no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Empresas como a Brastech, especializada na revitalização e manutenção de baleeiras, balsas e embarcações salva-vidas, de serviço e militares e na inspeção e reparo de risers de perfuração, juntas telescóspicas e flutuadore, assinou, no ano passado, acordo para fabricação e fornecimento de oito embarcações de resgate, destinadas a trabalhar nas novas plataformas da Petrobras, responsáveis pela exploração no pré-sal. As
embarcações serão destinadas a atender aos FPSOs em construção P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73 que serão operados pela Petrobras. Para o diretor de Operações da Brastech, Roberto Chedid Filho, as preocupações das empresas de petróleo em relação a práticas de sustentabilidade vão representar muitos outros bons negócios. “A Brastech busca continuamente a excelência na qualidade de seus serviços, aplicando os melhores e seguros processos tecnológicos existentes”, comenta o executivo.
Petrobras investe em defesa ambiental Responsável pelo maior derramamento de óleo no país, no qual cerca de 1,3 milhão de litros de óleo foram despejados na Baía de Guanabara em 2000, a Petrobras vem reforçando o discurso do compromisso com a responsabilidade ambiental. A estatal tem hoje 10 Centros de Defesa Ambiental que são aptos a apresentar resposta a emergências que representam altos riscos de danos ao meio ambiente. “Os centros são equipados com lanchas, embarcações, equipamentos recolhedores de óleo e equipamentos de comunicação”, afirma a empresa, em comunicado. Uma das mais recentes contribuições para o desenvolvimento de uma politica ambiental mais sólida se deu por meio de uma parceria entre a Petrobras e o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), com a inauguração de um laboratório para biorremediação de áreas contaminadas por hidrocarbonetos ou metais. O espaço, que ficará localizado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), será dedicado à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) na área de tratamento biológico (Processos de Biorremediação) de áreas contaminadas
Divulgação / CETEM
A Petrobras abriu recentemente um laboratório para estudar a recuperação de áreas contaminadas Petrobras recently opened a lab to research the recovery of contaminated areas
por hidrocarbonetos e/ou metais, incluindo as matrizes solo, sedimento e água. A Petrobras investiu R$ 800 mil na execução do laboratório.
capacidade de combate aos produtos que contaminam. “Eles degradam e diminuem a concentração dos contaminantes no solo”, explicou.
Durante a solenidade de inauguração do laboratório, a pesquisadora do Cetem, Andréa Rizzo, disse que o centro servirá para dar o suporte necessário para atuar em áreas com contaminação de solos decorrentes de derrames acidentais de petróleo ou de derivados. A biorremediação é uma tecnologia que aproveita os micro-organismos presentes no solo e que demonstram
Além do trabalho de reaproveitamento, a biorremediação é uma tecnologia ambientalmente adequada porque o consumo energético é reduzido e é possível recuperar as qualidades do solo. Andréa esclareceu que em outras tecnologias, o solo é queimado, incinerado. Segundo ela, a biorremediação “tem um viés sustentável bem forte, além de custo reduzido”. MACAÉ OFFSHORE 23
CAPA
Shell se orgulha de meta zero A anglo-holandesa Shell é outra petroleira que busca vencer os desafios existentes na área. Segundo Fábio Castro, gerente de Resposta a Emergência da Shell Brasil, a empresa adota diversos procedimentos e tecnologias com o intuito de garantir a segurança das operações e reduzir o impacto das mesmas sobre o meio ambiente e as comunidades vizinhas. “Muitos desses procedimentos obedecem a padrões globais da companhia, que frequentemente ultrapassam os padrões regulatórios locais em diversos países”, afirma o executivo.
Ele conta que, com base em uma política de Meta Zero, a Shell tem operado há mais de 10 anos no segmento de E&P no Brasil sem impactos significativos ao meio ambiente. “Somos participantes do consórcio Oil Spill Response Limited (OSRL), que abriu recentemente uma base operacional em Angra dos Reis (litoral sul fluminense) para disponibilizar equipamentos e técnicos de resposta em caso de algum incidente”, explica. Mas se de fato o aumento do risco se torna inerente dentro do atual cenário brasileiro da indústria de óleo e gás, verifica-se
Políticas públicas vão agilizar licenciamento Mas não é somente a Petrobras e outras grandes empresas que vêm dando ênfase a políticas de sustentabilidade ambiental. Governo e entidades de classe no setor de óleo e gás se mobilizam para garantir mais segurança ao ambiente e também agilizar o ritmo dos licenciamentos, que ainda é bastante complexo e burocrático. Tudo para garantir os investimentos previstos pelas empresas na corrida do pré-sal, nos prazos estabelecidos. Um dos exemplos de como o setor está se movimentando em direção a esse sentido foi o lançamento, em abril deste ano, do Projeto de Proteção e Limpeza da Costa Brasileira, lançado em conjunto pelo Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e o Ministério de Meio Ambiente. O projeto reúne um banco de dados com informações de 2.101 localidades em 19 estados e tem como principal objetivo aprimorar o processo de avaliação de impactos que podem ser decorrentes das atividades de exploração e produção offshore. “Por muito tempo, ambientalistas e a indústria do petróleo se relacionavam 24 MACAÉ OFFSHORE
um importante aumento do interesse das empresas de se comprometerem a apresentar projetos de sustentabilidade operacional. São várias técnicas envolvidas que vão desde a criação de adesivos anticorrosivos, passando por frequentes processos de inspeção e manutenção de equipamentos, pesquisas laboratoriais, até a adoção de complexos sistemas de automação, que fazem com que empresas tenham maior controle operacional das suas atividades com recursos de tecnologia à distância, monitorados por computadores de última geração.
Wilson Dias / Abr
com muita desconfiança e não havia uma relação de qualidade para o nosso desenvolvimento. Mas, com esse projeto, pretendemos priorizar a cooperação entre o Ibama e o IBP, afim de monitorar e ajustar os procedimentos de segurança. Até hoje, os acidentes que ocorrem no Brasil causam mais desinformação do que informação e isso precisa mudar”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A ministra afirmou, ainda, que a indústria do petróleo precisa sempre trabalhar na informação qualificada e atualizada, sobretudo para enfrentar situações que exijam planos de emergência. Izabella acrescentou que, com o aprofundamento dos estudos, o processo de licenciamento ambiental para as atividades offshore se dará de forma mais célere.
de áreas sensíveis em caso de acidentes com derramamento de óleo no mar”, afirmou De Luca.
Para o presidente do IBP, João Carlos de Luca(foto), o projeto é o reflexo do aumento da preocupação ambiental da indústria do petróleo. “O mercado brasileiro de exploração e produção de petróleo e gás precisava de um ferramenta técnica e de gestão essencial para o planejamento de emergências e proteção
O trabalho foi realizado por uma equipe formado por geógrafos, oceanógrafos, biólogos e engenheiros, que utilizaram imagens de satélite, mapas rodoviários e informações de emergência. A iniciativa é parte do Acordo de Cooperação Técnica assinado entre o Ibama e o IBP no ano passado.
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Environment and
business
Chevron restarted its activities in Frade field and Brazil seeks new procedures to avoid environmental damages in new exploratory areas
By Brunno Braga
I
n November 2011, an incident involved offshore activities was spotlighted in the national and international media. The report that Chevron spilled 3.7 thousand boed in Frade field, located in Campos Basin, after na operational failure caused turmoil and brought to the fore the concerns about environmental risks that offshore activities offer. Two and a half years later, the National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels authorized Chevron to restart oil production from Frade field, which has an output of 100,000 boed. With the resuming of offshore activities after the 11th Bidding Round that auctioned blocs located at the Equatorial Margin, worries about the environmental risks gained momentum, mainly in locals where are
found great environment assets such as mangrove swamps, fauna and fishing activities. These worries are very realistic. According to latest International Energy Agency’s analysis on world energy scenario, Brazil will become the 6th largest oil producing country by 2035. With that, the agency points out that fears about environmental damages along the way are very plausible. Before this prognostic, resource towards the operational safety against environmental accidents have been increasing over the past years, creating business opportunities for the oil and gas supply chain, mainly for those who work in the development of new products and services.
Companies like Brastech, which is specialized in inspection services and the repair of drilling risers, buoyance modules and telescopic joints, signed an agreement to build and supply eight rescue vessels for Petrobras’ drilling platforms that will perform in the presalt. The vessels will work for Petrobras’ FPSOs P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 and P-73. For Brastech Operations Director Roberto Chedid Filho, oil and gas companies concernings about safety will represent good business for the suppliers. “Brastech is committed to provide high quality products and services.” Mr Chedid Filho says.
Petrobras invests in environmental protection In 2000, Petrobras was responsible to spill 1,3 million liters of oil in Guanabara bay, the biggest oil spill in Brazil’s history, Today, the state-run oil company has been shown its commitment with environmental responsibility. Today, the company has 10 Environmental Defense Centers. able to respond to any problem related to environmental damages. “ The centers are equipped with vessels, boats, crude oil gatherers and communication devices,” says the company.
One of the latest contributions for the improvement of environmental policy was the creation of a lab for bioremediation of contaminated areas by hydrocarbons and other metals. The lab was created under the partnership between Petrobras and the Mineral Technology Center. Petrobras has invested 800,000 reais in the project. Cetem researcher Andrea Rizzo said that the center will support contaminated areas with the utilization of bioremediation.
“Bioremediation is a technology that takes micro-organisms from the soil that are able to fight the contaminated products. Besides this aspect, bioremediation is a technology adjusted for the environment because it enables the economy of energy consumption and allows the recovery of the soil. Andrea informed that other technologies the soil is burnt. To her, bioremediation has a strong sustainable appeal and low cost. MACAÉ OFFSHORE 25
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Shell is proud of its Zero Goal policy The Anglo-Dutch Shell also seeks to overcome the challenges of environmental safety. For Shell Brasil Emergency Response Fabio Castro, the company adopts several procedures and technologies in order to ensure the safety of the company’s operations and lessen the oil activities impacts on environment and local communities. “Many of these procedures respect the global standards of the company, which are superior to other regulatory standards found in several countries,” the executive explains. He says that Shell has a Zero Goal policy and the company has not caused any significant environmental damage over the past ten years. “We are member of the Oil Spill Response Limited consortium, which recently opened an operational base in Angra dos Reis in order to enable equipment and technicians to respond any emergency involving environmental damages”. However, if environmental accidents is inherent to E&P activities, on the other hand companies are increasing their investments in operational sustainability. There are many products developed to meet the environmental safety, ranging from anti-corrosive badges, inspection and maintenance of equipment and innovation to the adoption of automation procedures that give more operational control to activities that are performed offshore.
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Government policies will grant licensing more quickly Petrobras is not the only company who are giving emphasis to environmental policies. Brazilian government and oil and gas entities are working to ensure more environmental safety and reduce time to grant environmental licenses, which is currently very bureaucratic and complex. This policy intends to ensure pre-salt investments to meet the schedule. The Brazilian Coast Cleaning and Protection Project is an example of this process. Launched last April by the Ministry of Environment and IBP, the project gathers data with information of 2,101 locations throughout 19 Brazilian states and aims to improve the process of evaluation of environmental damages caused by offshore activities. “Environmentalists and the oil and gas industry have always been in conflict and this has harmed the quality of our relationship. However, now we are intending to emphasize the cooperation between Ibama and IBP with this project in order to adjust and monitor the safety procedures. Environmental accidents have
always caused more misinformation than accurate information and it must change,” said the Minister of Environment, Izabella Teixeira. The Minister also said that oil industry has to gather updated information in order to face situations that demand emergency plans. Mrs Teixeira added that with the development of the projects, the licensing process for offshore activities will be granted more quickly. For the IBP presidente João Carlos de Luca, the project reflects the importance that oil industry is giving to environmental issues. “The Brazilian oil and gas industry needed this technical and management study in order to plan the emergencies and protection procedures to prevent offshore oil spills,” Mr. De Luca said. A team of geographers, oceanographers, biologists and engineers, who used satellite images, road maps and emergency information, carried out the study. The initiative is part of the Technical Cooperation Agreement signed by Ibama and IBP last year.
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Passaporte para o
sucesso
Certificações são cada vez mais exigidas de profissionais do setor de óleo e gás Por Flávia Domingues
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ara aqueles que buscam seu lugar ao sol no tão concorrido mercado de trabalho do setor de petróleo e gás, a regra é clara: o profissional precisa ser qualificado e ter certificações específicas para atuar em atividades consideradas de risco. Isso porque empresas de todos os portes cada vez priorizam a segurança em suas operações por condu ta empresarial e também para mostrar aos investidores a capacidade de gerir e minimizar riscos de acidentes com grandes repercussões. Para isso procuram seguir à risca normais e padrões internacionais de diretrizes de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde). Segundo Natália Silva, analista de Recursos Humanos da Wood Group, em uma contratação offshore, por exemplo, um profissional que já possua cursos de Salvatagem (CBSP), HUET e as NRs 33 (espaço confinado) e 35 (trabalho em altura) são bem vistos pelos recrutadores.
Contudo, a exigência na segurança hoje também permite que esse profissional, caso não possua essas qualificações ao ingressar, seja treinado na empresa antes de qualquer atividade operacional.
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“Há um grande investimento por parte das empresas em qualificar seus ativos em prol da segurança e qualidade”, destaca Natália, com a experiência de atuar na multinacional Wood Group, hoje presente em 50 países com mais de 43 mil colaboradores. Se por um lado a preocupação é com segurança, a questão jurídica também pesa na balança. “As empresas que atuam nesse setor têm por obrigação minimizar as possibilidades de acidentes para que seus diretores não venham a responder civil e criminalmente por sua ação ou omissão”, esclarece o advogado José Ricardo Ramalho, do escritório Ramalho & Areal Advogados, que presta assessoria para empresas de petróleo e gás.
Para Ramalho, empresas devem evitar acidentes, para reduzir ações judiciais For Mr Ramalho, for not being sued, companies must avoid accidents
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Qualificações variam Especificamente para profissionais que vão atuar com SMS, como médicos, engenheiros e técnicos de segurança, as qualificações costumam variar de acordo com o grau de responsabilidade do profissional. “É possível que se encontre, em uma mesma equipe, profissionais técnicos, tecnólogos e engenheiros atuando em tarefas complementares ou similares, porém, com grau de complexidade
distinto”, afirma Rodrigo Sion Adissi, sócio da MSA Recursos Humanos. O especialista ainda complementa que dentro do escopo da formação desses profissionais existem conhecimentos e certificações que são fundamentais, como ISO9001, Legislação Ambiental e Licenciamento Ambiental, ISO14001 e OHSAS 18001.
Uma batalha recompensada Diego Franco, 23 anos, enfrentou uma batalha. O jovem que sempre sonhou entrar no mercado offshore acreditou que o caminho mais fácil seria pela capacitação profissional. Após concluir o Ensino Médio, ele apostou num curso de solda do Senai.
oportunidades de emprego em outras áreas quando surgiu uma vaga de ajudante de solda em uma empresa de engenharia. “Trabalho duro e pouco valorizado. Dediquei-me ao máximo nesta oportunidade porque o mercado é muito competitivo”, conta.
Em sua busca por oportunidade, Diego investiu tempo e recursos financeiros em certificações que o habilitaram para o trabalho em altura, salvatagem, espaço confinado e curso técnico em mecânica. “Foi bem duro ingressar. Enviava currículos e pedia ajuda para os amigos. Sempre as respostas eram negativas”, relembra.
Hoje Diego trabalha embarcado na área técnica de mecânica na Baker Hughes do Brasil, uma multinacional de grande porte. O profissional destaca a importância das certificações para o trabalho offshore e de colocar os conhecimentos adquiridos em prática no ambiente de trabalho. “É importante priorizar a sua segurança e a de quem trabalha com você. Qualquer descuido, por menor que seja, pode estragar um sonho”, recomenda.
Diego conta que já estava a ponto de desistir da carreira e buscar
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Diego Franco, de 23 anos, apostou na capacitação para ingressar no mercado Diego Franco, 23, invested in training to enter the job market
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Oportunidades não têm idade Armando Achodiam, de 52 anos, começou a atuar no mercado offshore há dois, após trabalhar a vida toda no comércio. Apesar de ter êxito profissional, sempre quis trabalhar embarcado. Somente aos 50 anos foi possível ir em busca do sonho. “Meu filho mais velho é oficial da Marinha Mercante e trabalha na área há mais tempo que eu. Estou seguindo os passos dele”, destaca. Armando investiu em diversos cursos e certificações para ingressar no mercado de trabalho offshore. Dentre as especializações, estão as de rádio operador e de CBSP, ou salvatagem, como é popularmente conhecido. Ele conta que teve a oportunidade de trabalhar embarcado três meses, após ter concluído os cursos. “Iniciei como temporário em PSV no apoio marítimo, depois, em um projeto de dragagem no Rio Grande do Norte, passando para plataformas de perfuração no Rio e em Vitória, no Espírito Santo”, conta. Hoje, Armando trabalha na SBM Offshore, na FPSO Cidade de Paraty, que opera na exploração do pré-sal na Bacia de Campos desde março de 2013, na função de rádio operador. O profissional dá algumas dicas para aqueles que buscam ingressar no mercado offshore. “Certificação e inglês são fundamentais, pesquisar sobre a área que pretende atuar, elaborar um bom currículo. E buscar uma colocação temporária que é uma excelente forma de início para aqueles que não tem a experiência”, recomenda.
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O outro lado da moeda Nem todos, porém, obtêm logo uma colocação, mesmo estando qualificados. Ruth de Carvalho, de 40 anos, é técnica em Mecânica com curso de salvatagem e de inspeção de equipamentos, além de outros específicos da área. Mesmo tendo frequentado boas instituições e investido para ingressar
na carreira offshore, ela busca há três anos uma oportunidade no mercado de trabalho. “Escolhi esta área porque gosto de inspeções e manutenções, testes, etc., e também porque sei que vai ser uma área que vai crescer muito e terá muitas
oportunidades. Infelizmente estou nesta luta buscando meu lugar ao sol”, conta. Contabilizando os custos de cursos e despesas de deslocamento e alimentação para sua formação, Ruth investiu cerca de R$ 20 mil e até o momento do fechamento desta matéria buscava emprego. Agência Petrobras
Inglês e disponibilidade de tempo Segundo Natália, da Wood Group, os profissionais precisam ficar muito atentos no momento da escolha da reputação da instituição que oferece o curso de certificação. “Muitos fazem investimentos altos e quando chegam no mercado de trabalho descobrem que fizeram um mau negócio. É preciso buscar cursos de qualidade e bem qualificados”. Dominar outro idioma, principalmente o inglês, é uma demanda constante do setor. Outra exigência é a disponibilidade de horários, principalmente para uma posição offshore, que geralmente é de 14 dias embarcados com 14 dias de folga, assim como para
realização de treinamentos importantes de segurança e demais procedimentos internos. A disponibilidade de mobilidade geográfica também é um requisito importante neste contexto. Dessa forma, o profissional deve se habituar a constantes mudanças. “Outra característica, desta vez comportamental, é a disponibilidade para trabalhar com diferentes culturas. Neste sentido, o respeito a diferenças e flexibilidade são duas competências importantes a serem desenvolvidas ou potencializadas”, destaca Sion, da MSA Recursos Humanos.
Profissões em alta Segundo Sion, o mercado de trabalho de petróleo e gás apresenta algumas áreas críticas que demandam profissionais qualificados: plataformas de petróleo, refinarias, áreas de logística e dutos e centros de pesquisas. Além da Engenharia de Petróleo, outras Engenharias são requisitadas, como
Mecânica, Elétrica e Automação. Profissionais especializados em gestão de projetos, regulação, meio ambiente e apoio offshore também estão em alta. As formações técnicas em destaque são mecânica, soldagem, eletrotécnica, automação/instrumentação, montagem industrial, segurança e meio ambiente.
Em ambiente hostil e cercado por rigorosas normas de segurança, a qualificação profissional é uma necessidade vital para os trabalhadores In a hostile environment and surrounded by strict safety rules, professional training is crucial for workers
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Passport to
success
Certificates are ever more in demand in the oil and gas industry By Flávia Domingues
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he number one rule for those professionals who want a chance in a competitive oil and gas job market is to be trained and have specific certificates to work in risky activities. This happens because ever more every major companies give importance to safety in their activities to meet their entrepreneurial behavior as well as to show their investors their capacity of managing and minimizing risks of accidents that have great repercussions. For that, they try to respect the
rules and international Safety, Health and Environment –SHE - standards. To Wood Group Human Resources Analyst Natália Silva, companies want professionals who have certificates of CBSP, HUET, NR 33 and 35. Yet the demand for safety also allows companies train professionals who do not have those certificates. “Companies are really investing to train their employees in order to achieve safety and quality,” Mrs Silva
The expert also said that within the scope of professional training
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If worries about safety exist, the judicial issue also matters. “Companies that work in this sector ought to minimize possible accidents to avoid prosecution against their executives,” enlightens the lawyer José Ricardo Ramalho from Ramalho & Areal Advogados, a law firm specialized in the oil and gas industry.
A worthy struggle
Different training process For professionals who are going to work with SHE, such as doctors, engineers and safety technicians, the training process may vary according to the responsibility of the professional. “It is possible to find, in a same team, technicians and engineers working in complementary or similar tasks, but with different levels of complexity,” says MSA Human Resources founding partner Rodrigo Sion Adissi.
highlights. The Wood Group is presented in 50 countries and has 43,000 stakeholders.
many certificates are crucial, such as ISO9001, Environmental Licensing and Environmental Legislation, ISO14001 and OHSAS 18001. To Mrs Silva, professionals must pay attention to what training courses offer. “Many professionals invest much money in courses and when they start to work they found out that some courses represented bad business. Professionals must look for excellent courses.”
Diego Franco, 23, worked really hard to enter the oil job market. He has always dreamed about working for this segment and the easiest way to enter the job market was through the professional training. After graduating from High School, he decided to study in the welding course in Senai Trying to find an opportunity, Diego invested time and financial resources to obtain certificates that will enable him to work in salvage, confined spaces and mechanics.” It was really hard. I sent resumés and asked some friends to help
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me. I have always had negative answers,” he recalls. Diego said that he was about to give up when an opportunity to work as a welding assistant for an Engineering company came. ‘It is a hard work and
not well valued. However, I did my best because this market is very competitive,” he says. Currently, Diego works as a mechanical technician for Baker Hughes in a drilling platform. He highlights the
importance of having certificates to work in the offshore segment and putting the knowledge into practice. “It is important to emphasize your safety and the safety of those who work with you. A dream can be destroyed if a professional does not work with a proper attention”, he recommends.
The other side of the coin Opportunities for all ages Armando Achodiam invested in several courses in order to enter the oil job Market. He has certificates of radio operator and salvage. He says that he had the opportunity to work in a drilling platform for three months after his graduation. “I started as a temporary worker in a PSV. Then, I worked in a dredging project in the state of Rio Grande do Norte and, after that, I worked in a drilling rig in Tio and Vitória, cities located at the state of Espírito Santo,” he says. Currently, Armando works for SBM Offshore, in the FPSO Cidade de Paraty, which is performing drilling activities in the pre-salt of Campos Basin since March 2013, as a radio operator. He gave some advices for those who want to enter the offshore job market: “Certificate and some English knowledge are crucial. Also, it is important to know about the segment the professional wants to work and prepare a nice resumé. Searching for a temporary work is also an excellent way to get started for those who do not have experience,” he recommends.
Ruth Carvalho, 40, is Mechanic technician. She has certificates of equipment inspection and salvage among others. Despite she studied in very good courses and invested to enter the offshore job market, she has been searching an opportunity over three years. “I have chosen this segment because I like inspections and maintenance, tests etc. Also, I have chosen the offshore segment because it will increase and will bring many opportunities. Unfortunately, I am still looking forward a chance in this segment,” she says. Ruth said that she spent roughly 20 thousand reais in courses, transportation and food. She has not found a job so far.
English and time available Mastering another idiom, mainly English, is highly required. Being able to work 14 days within an oil platform is another requirement as well as being able to attend training process and other procedures. The geographic mobility is also an important requirement in this context. Thus, the professional must adapt
himself to constant changes of locations. “Being able to work with people from different cultural backgrounds is another behavior characteristic that a professional must have In this sense, the respect of differences and being tolerant are two very important competences to be improved by professionals,” Mr Sion highlights
Jobs on the rise To Mr Sion, the oil and gas job market shows some important areas that demand skilled professionals – oil platforms, refineries, logistics, pipelines and research centers. Besides Oil Engineering, other sorts of engineering are being required, such as Mechanic Engineering, Electric Engineering and Automation. Specialized professionals in project management, regulation, environment and offshore support are also on the rise. In technical areas such as mechanic, welding, electronics, automation, industrial assembling, safety and environment also show opportunities in the segment.
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ARTICULANDO
licenciamento
Os desafios do ambiental na indústria de óleo e gás Por Alexandre Sion*
A
Constituição Federal traz o fundamento da exigência do licenciamento ambiental para atividades econômicas potencialmente causadoras de degradação ambiental, submetendo-se, entre outros, os empreendimentos de exploração de petróleo e gás a tal procedimento. Não há, ontologicamente, diferença entre as licenças concedidas no âmbito da indústria de petróleo e gás e as licenças ambientais concedidas genericamente. A Licença Prévia, concedida em fase preliminar do planejamento do empreendimento, atesta a viabilidade ambiental, bem como o local e toda a concepção do empreendimento; a Licença de Instalação autoriza a instalação do empreendimento, conforme as especificações dos planos e programas aprovados, e a Licença de Operação autoriza a operação do empreendimento, em conformidade com a aprovação obtida, com as medidas de controle ambiental previstas e condicionantes impostas. No que toca ao licenciamento das atividades da indústria de petróleo e gás, o órgão ambiental licenciador pode admitir um único processo de licenciamento ambiental para empreendimentos similares em uma mesma região, em escala temporal compatível, desde que definida a responsabilidade pelo conjunto de empreendimentos. Seria este o caso de vários campos de exploração petrolífera concedidos a uma mesma pessoa jurídica, na mesma bacia. Todavia, ainda que haja o estabelecimento de condições, limites e salvaguardas em benefício do meio ambiente, é inviável o desenvolvimento de grande parte 32 MACAÉ OFFSHORE
das atividades econômicas sem impactos ambientais, positivos e negativos. Não obstante a previsibilidade de tais impactos, é preciso reconhecer que eles são ponderados pelo nosso ordenamento jurídico – ao autorizá-los, desde que observados e atendidos certos requisitos –, estabelecendo-se, em contrapartida, o dever de atuação para sua mitigação e compensação, nas medidas estabelecidas em lei. A despeito de existir no Brasil uma estrutura legislativa hábil à proteção do meio ambiente, comumente o Poder Judiciário é usado como esfera de licenciamento, especialmente para grandes empreendimentos, promovendo-se a judicialização dos procedimentos licenciatórios, ao arrepio da regra constitucional, segundo a qual cabe ao poder executivo, por meio dos diversos entes federativos, promover o licenciamento. A cultura de judicialização dos procedimentos de licenciamento ambiental afasta investidores, impacta o mercado e traz prejuízos aos empreendedores. Mais adequado e produtivo seria o estabelecimento e manutenção de canais de diálogo efetivos, para assegurar a interlocução entre os vários envolvidos. Tais instâncias assegurariam a implantação dos empreendimentos, garantindo o pleno e sustentável desenvolvimento econômico do País. Superada a etapa de licenciamento, há que se ter em mente que a responsabilidade ambiental dos empreendedores passa por três searas: cível, administrativa e penal. No âmbito cível, há a possibilidade de condenação do empreendedor ao pagamento de indenizações e ao cumprimento
de obrigações de fazer, no sentido de recuperar os danos ambientais eventualmente causados. No âmbito administrativo, a responsabilização virá na forma de multas ou outras penalidades impostas ao empreendimento. A responsabilidade penal atinge não somente a pessoa jurídica, mas igualmente as pessoas físicas que participem do crime, incluindo aqueles que possuam poder de mando na estrutura organizacional, conheciam a conduta criminosa, poderiam evitála e nada fizeram. No que respeita à responsabilidade criminal ambiental, merece destaque a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 548.181/PR. A decisão reconheceu que pessoas jurídicas podem ser condenadas por crimes praticados por seus administradores, ainda que esses administradores sejam absolvidos. Há inúmeras ressalvas em relação a esse entendimento, mas não podemos desconsiderar os seus efetivos impactos. Portanto, tanto o correto licenciamento ambiental, quanto a regularidade das atividades no âmbito da indústria de petróleo e gás constituem pontos fulcrais dos empreendimentos, sendo fundamental lançar mão de um olhar cuidadoso sobre tais atividades, de modo a mitigar os riscos envolvidos, decorrentes da criação de custos extras que eventual responsabilização trará para a atividade e seus agentes.
Alexandre Sion é advogado e administrador de empresas, especialista em Direito Constitucional, pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (FGV) e mestre em Direito Internacional Comercial (L.LM) pela Universidade da Califórnia (EUA). Sócio-fundador da Sion Advogados.
ARTICULATING
The challenges of environmental
licensing in the oil and gas industry By Alexandre Sion*
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he Constitution presents the cornerstone of the environmental licensing requirements for economic activities that likely cause environmental damage, which submits the oil and gas industry under this procedure. Ontologically, licenses granted to the oil and gas industry do not differ from those licenses granted in general. The previous license, granted in the previous phase of the project, attests the environmental viability as well as the place and all the project conception. The Installation License authorizes the establishment of the project regarded to the specifications of approved plans and programs, and the Operation License authorizes the operation of the project that respects the approval project with environmental control measures and other imposed procedures. As for the license for oil and gas activities, the regulator may grant only one environmental licensing process to similar projects in a same region, within a compatible time scale, since the responsibility for the set of projects is defined. This is the case of several oil fields granted to the same company in a specific basin.
However, even though the establishment of conditions, limits and safeguards in behalf of the environment, the development of the economic activities without environmental impacts is impracticable. Despite the predictability of the impacts, it is necessary to recognize that they are balanced by the judicial system who authorizes the licenses since some requirements are respected. On the other hand, the judicial system has the duty to mitigate and compensate its actions under the law. Although in Brazil the legislation is able to protect the environment, the Justice branch is often required to take care of the licensing procedure, mainly for great projects, which causes the ‘judicialization’ of licensing process. This harms the Constitution that gives the Executive branch the responsibility, through its federal states, to grant licenses. The culture of judicialization of environmental license procedures backs off investors, affects the markets and causes losses to entrepreneurs. The establishment and maintenance of effective dialogue channels would be more productive
in order to assure the interaction among several parts involved. Such procedures would assure the implementation of projects, ensuring plain and sustainable economic development of the country. Once the licensing phase is concluded, it is important to bear in mind that the environmental responsibility of the entrepreneurs passes through three pillars – civil, administrative and penal. At the civil level, the entrepreneur can be obliged to compensate and solve eventual damages caused. At the administrative level, the entrepreneur will be obliged to pay fines or other penalties imposed. The penal responsibility not only reaches the company, but also the people who have partaken in the crime, including those who have high positions in the company, people who were aware of the criminal behavior, could avoid it and did nothing. As for the environmental criminal responsibility, the Supreme Court’s decision, the Extraordinary Resource 548.181 –PR, deserves special attention. The decision recognized that companies can be found guilty for crimes committed by their CEOs, though those CEO may be absolved. Many critics were made toward this understanding, but its effective impacts cannot be disregarded. Therefore, both the environmental license and the regularity of the oil and gas activities are crucial aspects of the projects. It is important to pay attention to such activities in order to mitigate the risks that can cause extra costs to activities and their agents.
Alexandre Sion is lawyer business administrator, Constitutionalist, post-graduated in Civil Law and Civil Procedure (FGV) and holds a Master of International Commercial from University of California and founding partner at Sion Advogados. MACAÉ OFFSHORE 33
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Marcelo
Mafra
Superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP
‘A ANP exige o estado da arte em segurança’ Por Brunno Braga
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ão é de hoje que o tema Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde (QSMS) tem elevado grau de importância no segmento offshore. No entanto, com o aumento das operações em alto-mar nos últimos anos, ele vem aumentando ainda mais a sua relevância. A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) também aumenta a sua sensibilidade em relação ao tema e busca aprimorar as suas ações de fiscalização junto às operadoras. É o que garante Marcelo Mafra, superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP. Ele comenta, em entrevista à Macaé Offshore, como a agência vem desempenhando essa função, que é uma das mais importantes de suas atribuições. Confira:
1 - Como a ANP avalia o grau de segurança das operadoras e empresas que atuam nas atividades offshore no Brasil atualmente? A legislação da ANP é reconhecida como uma das mais modernas e completas da indústria de petróleo e gás no mundo. A agência 34 MACAÉ OFFSHORE
exige das operadoras que atuam no Brasil o “estado da arte” em matéria de segurança. Isso nos dá tranquilidade para afirmar que a operação de quem explora ou produz petróleo e gás offshore no Brasil o faz com segurança. 2 - Apesar do aumento das atividades offshore, é
Estefânia Uchôa/CMADS
possível dizer se houve evolução nos últimos anos? Até 2009 a ANP realizava inspeções e auditorias específicas de integridade estrutural. No fim de 2009, quando terminou o prazo dado às empresas para que se adequassem às exigências previstas no Regulamento Técnico de
CINCO MINUTOS
Segurança Operacional, a agência passou a realizar as auditorias previstas no SGSO (Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional). Assim, a integridade estrutural, antes único alvo das inspeções, é hoje apenas uma entre outras 17 práticas de gestão abordadas. Essa abordagem procedimental, em que o foco central é a verificação do cumprimento das práticas de gestão da segurança, é um avanço em relação ao regime prescritivo, no qual o detalhamento das exigências para instalações e equipamentos em plataformas limita o desenvolvimento tecnológico do setor, que está em constante evolução. 3 - O que especificamente melhorou e o que pode ser aperfeiçoado nessa área na sua avaliação? Além dos pontos destacados anteriormente, outro avanço foi a intensificação da fiscalização a bordo por parte da ANP nos últimos anos. Isso provocou aumento na comunicação de incidentes por parte das empresas, que passaram a informar inclusive incidentes operacionais que não acarretaram danos à saúde humana e ao meio ambiente. Com relação aos pontos a serem aperfeiçoados, espera-se que a produção de petróleo no Brasil dobre nos próximos anos, principalmente em consequência da produção offshore advinda do pré-sal. Isso significa que haverá uma quantidade enorme de novas estruturas marítimas (sondas de perfuração, plataformas de produção
e embarcações de apoio) operando principalmente na Bacia de Santos, além das atividades já existentes na Bacia de Campos. Haverá também um incremento substancial das atividades exploratórias na Margem Equatorial, região ainda pouco abastecida de fornecedores com expertise e infraestrutura (bases de apoio para operações offshore) em comparação com a Bacia de Campos. Neste cenário, o desafio será garantir a segurança operacional em todas as instalações que estiverem atuando no país e isso demandará o desenvolvimento de estratégias para realização de auditoria e o aprimoramento das análises de risco. Será necessário também avançarmos em termos regulatórios, revisando e/ou criando novas resoluções que darão, de um lado, mais robustez às operações de campo, e do outro, mais agilidade na autorização das operações por parte da ANP, uma vez que o mercado irá dobrar de tamanho. 4 - Muitos analistas ouvidos pela Macaé Offshore dizem que a prevenção é a melhor forma de se evitar acidentes. Como a ANP acompanha e fiscaliza os procedimentos de SMS que as empresas dispõem para prevenção de acidentes? O conjunto das regras estabelecidas pela ANP é fundamentado na identificação dos perigos e na avaliação dos riscos associados aos processos e às operações de cada instalação. Em conformidade com as práticas de segurança previstas na Resolução ANP nº 43/2007, os
concessionários devem comprovar que mantêm controlados os riscos advindos de toda e qualquer operação executada nas instalações de perfuração e de produção offshore. Nas atividades em plataformas offshore, é obrigatório o cumprimento do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional das Instalações Marítimas de Perfuração e de Produção de Petróleo e Gás Natural (SGSO) da ANP. Vistorias das instalações, testes de funcionamento em equipamentos críticos de segurança, entrevistas com funcionários e análises de documentação estão entre os procedimentos realizados durante as auditorias da ANP nas instalações marítimas. 5 - Em relação ao pré-sal, que tem atividades em ambientes considerados ainda mais hostis, há alguma política específica voltada para fiscalização por parte da ANP? A ANP não faz política. Essa é uma atribuição do MME e do Governo Federal. As instalações localizadas no polígono do pré-sal já vêm sendo intensamente auditadas e observadas pela ANP durante as atuais rotinas de trabalho da Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente. Teremos uma atenção especial para os projetos de poços que envolvem HPHT (High Pressure & High Temperature) e que exijam técnicas de MPO (Management of Pressure Driling) e MCD (Mud Cap Drilling), que serão frequentes nas bacias de Campos e Santos. MACAÉ OFFSHORE 35
FIVE MINUTES
Marcelo
Mafra
Superintendent of Operational Safety and Environment of the National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels
‘The ANP demands the state-of-the-art in safety’ By Brunno Braga
I
t is not new that the issue Quality, Safety, Environment and Health has reached a high level of importance within the offshore segment. Yet with the increase of the offshore activities over the past few years, this issue has been seeing its importance increase even more. The National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels has also been sensitive to the issue and has sought to improve its surveillance along with the oil companies. This is what the Superintendent of Operational Safety and Environment of the National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels, Marcelo Mafra, says. In interview to Macaé Offshore, he talks about how the agency has been accomplishing this mission.
1 - How does the ANP evaluate the level of safety of oil companies who perform offshore activities in Brazil? The ANP has one of the world’s best legislation on the oil and gas industry. The agency requires of oil companies who perform in Brazil the state of art in terms of safety. It gives us some tranquility to say that the E&P activities are safe in Brazil.
2 - Despite the increase of the offshore activities in Brazil, is it possible to say that the safety procedures has evolved over the past few years? The ANP used to inspect and perform specific auditions of structure integrity until 2009. After that, when the time for companies to adjust themselves to Safety Operational Rule requirements was over, the agency started to perform inspections described in the Operational Safety Management System. Thus, the structure integrity, which was the only inspection target, is now one of the 17 management practices inspected by the Agency. This procedure, which emphasizes the accomplishment of the safety management practices, is an advancement of the rules in which the detailing of the requirements for facilities and equipment in oil platforms limit the technological development of the sector, which is constantly evolving.
3 - What has improved and what can be refined in this area? 36 MACAÉ OFFSHORE
Besides the points mentioned, the ANP’s intensification of inspection on board is another advancement. This created an increase of incident communications by companies who started to inform operational accidents that has not caused damages to human health and the environment. Regarding to the points that can be improved, it is expected that the oil production in Brazil double over the next years, mainly because of the offshore production in the pre-salt. This means that a great amount of new maritime structures (drilling rigs, FPSOs and PLSVs) will work mainly in the Santos Basin, along with the already existing activities in the Campos Basin. In addition, oil activities in the Equatorial Margin will increase and suppliers will not have neither experience nor infrastructure (offshore support base) in that region comparing to what is seen in the Campos Basin. In this scenario, ensuring the operational safety in all facilities who will be working in the country will be a challenge. This will demand the development of strategies in order to perform inspections as well as the improvement of risk analysis. The improvement of the regulatory procedures will also be necessary. Reviewing and creating new rules that will allow more stability to the field operations and more fastness to obtain operation authorization from ANP, once the market will double.
4 - Many experts heard by Macaé Offshore said that prevention is a
much better way to avoid accidents. How does the ANP follow and inspect the SHE procedures that companies have to prevent accidents? The set of rules determined by the ANP is based on the identification of the dangers and risk analysis regarded to the procedures and operations of each facility. In order to respect the ANP Resolution 4 -2007, the companies must prove that they can cope offshore operational risks. In offshore activities, the Operational Safety Management System for drilling and production oil and gas maritime installation. SGSO is required. Facilities inspections, equipment tests, interviews with the employees and document analysis are among the procedures performed during the ANP auditions in the maritime facilities.
5 - As for the pre-salt, which presents great risks to the environment, the ANP considers any specific policy towards operational safety issue? The ANP does not create policies. This is the duty of the Ministry of Mining and Energy. The facilities located in the presalt area are inspected by ANP during the Safety Operations and Environmental Department operations. Our special attention is directed to wells that present high pressure and high temperature and other wells that require management of pressure drilling and mud cap drilling techniques, which are highly found in the Santos e Campos basins.
Tecnologia
Guerra fria no
ciberespaço
Espionagem eletrônica americana demonstra a fragilidade nas redes da Petrobras e coloca empresas de O&G em alerta Por Rodrigo Leitão e Rosayne Macedo
A
recente notícia sobre a invasão norte-americana à rede de computadores da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff abalou as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos e deixou no ar uma interrogação. Afinal, a maior empresa do país, que detém informações estratégicas para a soberania nacional na produção de petróleo e gás em águas ultraprofundas, está preparada para ataques cibernéticos? E as empresas do setor de petróleo e gás que atuam no país, estão seguras? Alvo de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, como revelou a imprensa em setembro do ano passado, a Petrobras garante que possui um sistema seguro e que não reportou nenhum episodio de violação de seus dados. Entre 9 de agosto e 9 de setembro de 2013, a estatal recebeu 195,9 milhões de e-mails. Desses, 179,4 milhões foram bloqueados após detecção de spam, malware, vírus ou bloqueio de conteúdo. Mesmo assim, logo após o escândalo, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, anunciou que até 2017 a empresa investirá R$ 21,2 bilhões em segurança da informação, sendo R$ 4 bilhões somente em 2013. Segundo ela, o volume de investimentos nesta área mostra a importância absoluta de investimentos nesta área. Em entrevista à Macaé Offshore, o gerente comercial da Radix (empresa especializada em soluções de engenharia e softwares), Márcio José Moraes de Andrade,
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Sistema restrito, mas não infalível A Petrobras possui um Centro Integrado de Processamento de Dados (CPD), ao qual o acesso é restrito, ou seja, as informações estratégicas da empresa não transitam pela Internet. “No CPD está o conhecimento de nossa companhia. As informações críticas estão armazenadas em sistema fechado, com criptografia. O acesso ao centro é controlado com biometria, pesagem e monitoramento com câmeras”, afirmou Graça, na ocasião.
Andrade, da Radix: Petrobras investe alto para proteger suas redes Andrade (Radix) said that Petrobras invests to protect its network
avaliou que o valor é bastante expressivo e provavelmente deve ser aplicado não apenas em mecanismo de proteção das redes e dos sistemas já existentes. De acordo com ele, neste valor é possível que esteja sendo considerada a criação de novas infraestruturas de comunicação e de TI. E já que a questão da segurança da informação ganhou nova relevância diante dos fatos ocorridos, ela deverá ser considerada desde a fase de projetos desses novos elementos. “É preciso também destacar que, em se tratando de segurança da informação, são necessários investimentos constantes e não apenas a aplicação de grandes montantes quando identificada certa vulnerabilidade”, diz Andrade.
Ela disse ainda que, apesar de trabalhar com empresas parceiras e fornecedores, apenas a Petrobras detém o conjunto das informações, permitindo somente a ela interpretá-las. Além disso, a companhia possui contratos que preveem confidencialidade. Para o gerente comercial da Radix, no entanto, o CPD é um meio de proteção em nível físico. Sem uma conexão física onde um sinal eletromagnético possa propagar, logicamente, não há como transmitir dados e, desta forma, não haveria a possibilidade de ataques cibernéticos por máquinas que não estejam conectadas a estes centros. “Porém, mesmo assim, esta restrição de acesso físico pode ser superada ou por meio da utilização de máquinas da própria rede ou por meio da inserção não autorizada de máquinas externas à rede. Assim, outros mecanismos de proteção precisam ser implementados para procurar evitar esses ataques internos”, apontou o gerente. MACAÉ OFFSHORE 37
Tecnologia
Tema na agenda dos executivos As denúncias vieram à tona às vésperas da maior licitação já realizada na história do petróleo no mundo: o leilão do pré-sal, em outubro de 2013. Mas qual seria o interesse americano em roubar informações da Petrobras, já que a própria Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fornece os dados a todas as empresas concorrentes? Para o professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, Paulo Sergio Wrobel, o governo americano não se beneficiou com a possível invasão nos emails da estatal. “O vencedor do consórcio de Libra (pré-sal) não tem nenhuma empresa norte-americana, e sim companhias europeias. Sequer criaram um consórcio para participar. Mas é claro que (os ataques) sempre incomodam qualquer empresa ou a soberania nacional”, afirma Wrobel. Desde as denúncias de espionagem eletrônica, no entanto, o tema segurança da informação passou a fazer parte da agenda dos executivos não apenas da Petrobras, mas de grandes empresas do setor. Elas querem ter garantias de que um projeto sigiloso, discutido internamente com sua área de negócios, não
se tornará público, antes do tempo. Para isso, reforçam seus sistemas para evitar possíveis ataques com objetivo de roubar dados comerciais relevantes e estratégicos para o negócio de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. O mercado brasileiro de segurança da informação atingiu a marca significativa de investimento de U$ 1 bilhão. Estudo da EY (antiga Ernst Young), publicado este ano, revela que as empresas brasileiras estão aplicando mais em segurança da informação. Para 54,2%, os riscos de ataques cibernéticos aumentaram em 2013. Entre as entrevistada, 62,2% declararam que irão ampliar seus investimentos nessa área para proteger dispositivos móveis, aplicações em nuvem e dados de negócios. Procuradas, empresas do setor de petróleo e gás não quiseram falar sobre o assunto, mas executivos e técnicos de departamentos de tecnologia da informação admitem que o episódio deixou todos em alerta e que a área passou a ser ainda mais valorizada. Novos recursos vêm sendo aplicados em várias companhias para garantir o sigilo de suas operações.
Aumentar a fidelidade é uma das metas Segundo Graça Foster, é comum o sistema reportar incidentes: “Ataques cibernéticos costumam ocorrer na internet com vários objetivos, que vão desde a diversão até ações criminosas, por motivações financeiras, ideológicas, políticas, concorrenciais ou comerciais”. Entre as estratégias da empresa para evitar que informações sigilosas sejam acessadas está o “estímulo à fidelidade à empresa” pelos funcionários. “Mas fidelidade, assim como a tecnologia, não é 100%. [Até porque] não podemos garantir que seguraremos todos [os funcionários] na Petrobras. Além do mais, estamos falando de ser humano”, disse Foster.
Não estamos preparados, dizem especialistas E o Brasil, está preparado para interceptar estes ataques? Para Andrade, a resposta é não. Segundo o gerente da Radix, bancos privados e organizações privadas possuem mecanismos sofisticados, mas, de forma geral, o país está muito aquém do que poderia considerar um nível satisfatório. Segundo ele, o fato é que, em se tratando de dispositivos computacionais e de telecomunicações, o Brasil desempenha basicamente somente o papel de usuário de hardwares e softwares produzidos no exterior. “E isto 38 MACAÉ OFFSHORE
nos coloca em posição de desvantagem, pois, como meros usuários, acabamos por ficar sem conhecimento de detalhes suficientes para identificarmos ou impedirmos ataques mais sofisticados”. Para o Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), é evidente que o Brasil precisa desenvolver um sistema de defesa cibernética à altura de sua importância econômica e política. Mas, a depender do atual governo, a infraestrutura de rede no Brasil continuará a estar, conforme diagnóstico do Ipea, entre “as mais vulneráveis e desprotegidas do mundo”.
O estudo do Ipea adverte ainda que até hoje o Brasil não tem um documento que “estabeleça as diretrizes próprias de uma estratégia nacional para a defesa cibernética”. Mestre em Ciências da Computação e há sete anos atuando no Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada (IBTA), Rodrigo Suzuki acredita que as ações do governo brasileiro são de proteção de seus dados, semelhantes às praticadas por organizações privadas. Na visão de Suzuki, as instituições governamentais procuram utilizar mecanismos de proteção tais como firewalls, antivírus
Tecnologia
e sistemas de autenticação da mesma forma como qualquer empresa privada. De acordo com Suzuki(foto), é necessário fomentar a indústria de tecnologia no país, pois, segundo ele, somente por meio da produção de hardwares e softwares nacionais o Brasil vai desenvolver e difundir os conhecimentos necessários a níveis de detalhes suficientes para produção de sistemas mais avançados de proteção. “Enquanto permanecermos como usuários de produtos estrangeiros, permaneceremos tecnologicamente depen-
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dentes e continuaremos em posição de desvantagem nessa disputa cibernética”, afirma. Segundo Paulo Sergio Wrobel, a prática de espionagem é normal desde a antiguidade, mas ressalta que, no caso entre Brasil e Estados Unidos, foi um escândalo político devido à parceria comercial entre os dois países. De acordo com o professor, com a entrada de vários meio de telecomunicações e a internet é claro que as práticas de espionagens ficaram mais volúveis.
Para entender o caso Em setembro de 2013, documentos ultrassecretos repassados por Edward Snowden, ex-analista da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, atualmente asilado na Rússia, para o jornalista norte-americano Glenn Greenwlad, revelaram que o governo americano espionou os emails da presidente Dilma Rousseff e também a rede privada de computadores da maior companhia do país: a Petrobras. Segundo Greenwald, “o Brasil é o grande alvo”, da espionagem norte americana. Logo após a denúncia exibida pelo “Fantástico”, na Rede Globo, a presidente Dilma Rousseff usou a bancada da 68º Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para criticar os Estados Unidos sobre a violação dos direitos humanos e as liberdades civis ao espionar governo e cidadão pelo mundo. Em resposta, Obama disse na mesma Assembleia que os EUA estariam revisando a maneira como coletam informações. “Assim como revemos a forma como utilizamos nossas capacidades
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militares extraordinárias para que estejam à altura dos nossos ideais, começamos a rever a maneira como coletamos inteligência, para equilibrar de forma apropriada as preocupações legítimas de segurança de nossos cidadãos e aliados com as preocupações de privacidade que todos compartilhamos”, ressaltou o presidente norte-americano.
Em nota ao Fantástico na ocasião, a NSA informou que não usa a sua capacidade de espionagem internacional para roubar segredos comerciais de companhias estrangeiras para dar vantagens competitivas a empresas americanas.”. Em outra nota, o diretor nacional de Inteligência dos Estados Unidos, James Clapper, afirma que a NSA coleta informações econômicas para prevenir crises financeiras que possam afetar os mercados internacionais. Na audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem e das comissões técnicas de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), em 2013, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que não havia qualquer registro ou evidência de que informações da empresa foram acessadas pela espionagem norteamericana. No entanto, admitiu que a possibilidade de informações sigilosas da estatal terem sido acessadas causa “no mínimo desconforto, porque não sabemos se vazou e o que vazou”.
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Technology
Cold war in the
cyberspace
American electronic spying shows the fragility of Petrobras network and put O&G companies on alert By Rodrigo Leitão and Rosayne Macedo
T
he latest News about the American invasion on the Petrobras network and presidente Dilma Rousseff’s e-mails shook the diplomatic relations between Brazil and the United States and posed a question. Is Brazil’s greatest company, which have strategic information on national sovereignty of deepwater drilling, ready to face cyberattacks? Are the other oil and gas companies in Brazil safe? Petrobras, which was the target of the National Safety Agency last September, assures that the company has a safe system and its data were not violated. The company received 195.9 million emails between August 9 and September 9, 2013. From this total, 179.4 million emails were blocked after spam, malware and virus detections. Still, CEO of Petrobras, Maria das Graças Foster, announce investments of 21,2 billion reais by 2017. Roughly four billion reais will be invested in safety in 2013. To her, the amount of investments in safety reveals the importance of this segment for the company. For Radix Trade Manager Marcio José Moraes de Andrade, the amount of investment is very impressive and it will be probably spent in protection mechanism of the network and other existing systems. For the manager, it is very possible that the company is taking into account the creation of new communications and IT infrastructures and once the safety issue gained momentum, it must be considered since the phase of the projects of these new elements. ”It is also important to say that in terms of information safety frequent investments are needed unlike investments only in projects that have been harmed,” Mr Andrade said. 40 MACAÉ OFFSHORE
Restricted access, but not 100% safe Petrobras has a data center, which has a restricted access, in other words, the company’s strategic information is not on the internet. “The information of the company is in our Data Center . The critical information is protected in a cryptographic system. The data access is controlled with biometry, weighting and cameras, “ says Mrs Foster. She also said that Petrobras has a set of information that allows the company to interpret it, although it works with several suppliers. Also, the company has contracts that demand confidentiality.
For Radix Commercial Manager, the Data Center is a means of protection at a physical level. Without a physical connection that allows the electromagnetic signal to propagate would not be possible to transmit data and thus it would be impossible to have cyber-attacks. “However, this restricted access may be overcomer either by the utilization of machines of the company itself or by computers outside the company. Thus, it is important to have other protection procedures implemented in order to avoid domestic attacks,” the manager points out.
Issue presented on executives’ agenda Reports came to the fore on the eve of the pre-salt auction, the world’s greatest oil auction, held in October 2013. Why did the US government want to steal information on Petrobras, once the National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels (ANP) supply all information about the competitors? PUC-Rio International Relations professor Sergio Wrobel said that the spying on Petrobras with the e-mail invasion did not benefit the US government “There isn’t any American company within the winner consortium. In fact, there are European companies. American companies did not even create a consortium to participate in the bid. However, spying always bothers companies or States,” Mr Wrobel said. Since when the reports of electronic spying went to the fore, the issue of information safety began to be part of the industry’s agenda as a whole. It wants to be sure that a secret project, discussed within the companies’ business
division, will not become public before they officially release it. For that, companies are making their defense systems stronger in order to avoid cyber-attacks that steal commercial and strategic data on exploration and production of oil and gas in Brazil. The Market for safety information in Brazil reached a remarkable investment of US$ 1 billion. Study carried out by EY (former Ernst Young), published earlier this year, shows that Brazilian companies are investing more in safety information. For 54.2% of the companies interviewed, the risk of cyber-attacks increased in 2013 and 62.2% said that will expand their investments in safety in order to protect their business data. Oil companies declined to answer those questions, but IT technicians agreed that the episode left companies concerned about this issue and the IT sector gained more importance. New resources are being implemented by several oil companies in order to ensure the secret of their operations.
Technology
Fostering loyalty is one of the goals For Mrs Graça Foster, it is common to see Petrobras’ defense system detecting incidents. “Cyber-attacks have several targets that range from entertainment up to criminal activities, such as for financial, ideological, political and commercial reasons”. Spurring loyalty is one of Petrobras’ strategies to avoid the leaking of confidential information. “Loyalty as well as technology are not 100% guaranteed. We cannot assure that we can keep all employees’ loyalty to Petrobras. Besides, we are talking about human beings.”, said Foster. Spurring the loyalty of the employes to the company is among Petrobras’ strategies to avoid the access to secret information. “However, loyalty, like technology, is not 100% guaranteed.”
We are not prepared, experts say Is Brazil prepared to intercept cyber-attacks? In interview to Macaé Offshore, Radix Trade Commercial Manager Marcio Moraes Andrade said it is not. To him, private banks and institutions have sophisticated mechanisms, but in general, the country is far from showing a satisfactory level of safety. To the manager, the fact is that, in terms of telecommunications and computer devices, Brazil only acts as a user of hardware and software made abroad “This ranks Brazil in disadvantage position, once users don’t know enough details to identify or avoid more sophisticated attacks.” For the Institute for Applied Economic Research, it is clear that Brazil needs to create a defense system against cyber-attacks related to its economics and politics importance. Yet the Brazilian government seems it is not worried to change its infrastructure making its defense system one of the most vulnerable in the world. The research carried out by the Ipea warns that Brazil does not have a single document that draws its own directives for a national strategy against cyber-attacks.” Master’s degree in Computer Science, Rodrigo Suzuki, who has been working
for the Brazilian Advanced Technology Institute for seven years, says that the Brazilian government’s defense actions are similar to those which are adopted by private organizations. In Mr Suzuli’s view, government institutions adopt defense mechanisms such as firewalls, anti-virus, cryptography. Many private companies have these software. For Mr Suzuki, it is necessary to foster the technology industry in the country. He explained that only through the production of national hardware and software will make Brazil develop and spread knowledge in order to develop more advanced defense systems. “If we keep ourselves as users of foreing product, we will keep technologically dependent and be in a disadvantage position within the cybernetic dispute,” he says. Professor Sergio Wrobel said that spying practices have been performed since the Antiquity. Yet he emphasized that this case, which involved Brazil and the USA, represented a political scandal because of the commercial relations involved between those two countries.
Understanding the case In September, 2013, former NSA employee Edward Snowden, who is currently living in Russia, gave the American journalist Glenn Grenwald top secret documents, which revealed that the US government spied Brazilian President Dilma Roussef’s e-mails as well as the computer system of Brazil’s biggest company, Petrobras. Mr Greenwald said that the American spying agency considered Brazil as a great target. After the report showed by Fanstático, a television show broadcasted by Globo network, president Dilma Rousseff said, during the 68TH United Nations General Assembly, that on spying governments and citizens around the world the United
States violated human rights and civil liberties. President Obama answered that US Congress is reviewing its way of gathering information. “And just as we reviewed how we deploy our extraordinary military capabilities in a way that lives up to our ideals, we have begun to review the way that we gather intelligence, so as to properly balance the legitimate security concerns of our citizens and allies, with the privacy concerns that all people share.”, President Obama emphasized. In a statement, the NSA said that the agency does not use its international spying ability to steal commercial secrets of foreign companies in
order to give American companies competitive advantages. In another statement, CIA director said that the NSA gather economic information in order to prevent financial crisis that can harm international markets. During Public Hearing of the Parliamentary Committee of Inquiry on Spying and of the Committees of Economic Issues, Foreign Affairs and National Defense in 2013, Petrobras CEO Graça Foster said that there was no evidence that confidential information of the company were accessed by the American spying. Yet she said that the possibility of spying of confidential information causes, “at least, a discomfort, because we do not know if it was leaked or what was leaked.”
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Por dentro do mercado
Pasadena: escândalo abre crise na Petrobras Por Celso Vianna Cardoso*
A
crise que se instalou na Petrobras em meados de março dominou os noticiários e, tardiamente, se analisaram as cláusulas contratuais que levaram o preço pela compra da refinaria em Pasadena a estratosféricos 1,2 bilhão de dólares, em especial as Marlim e “put option”, que foram consideradas culpadas. Mas o que são essas cláusulas e como elas se aplicam ao contrato? No mercado financeiro, uma “put option” é um instrumento derivativo utilizado pelo investidor quando faz sua aposta na queda do preço de uma determinada ação. Ao contrário da maioria dos investidores que operam direcionalmente na alta, aquele que compra uma “put option” somente irá auferir lucros caso o preço das ações caia. Operar uma “put option” não é muito comum no Brasil, devido à falta de liquidez desse tipo de operação, que é relativamente simples. A forma mais fácil de entendê-la é como se estivesse comprando um seguro. Quando um investidor compra uma “put option”, que no Brasil é conhecida como opção de venda, ele paga dinheiro pelo direito de vender uma ação em um determinado prazo, a um preço acordado entre as partes. No caso da opção de venda, quanto mais caro o preço de venda da ação negociada, mais caro fica o prêmio pago pelo investidor para adquiri-la. Este instrumento foi utilizado no contrato de compra pela Petrobras de 50% da
refinaria de Pasadena, adquirida anos antes pela belga Astra Oil. Não pretendemos aqui analisar os fatos ou conjuntura econômica que levaram a petrolífera brasileira a realizar essa operação, mas o significado para o mercado das referidas cláusulas. Em 2013, Eike Batista, controlador da OGX, foi chamado a exercer a cláusula “put” prevista em contrato, o que o obrigava a injetar quase 1 bilhão de dólares na OGX, já considerada pelo mercado como uma empresa quebrada. No caso da OGX, a tentativa de exercer a “put” foi motivada pela eminente falência da empresa, motivo esse alinhado com o objetivo principal dessa cláusula. Já no caso da Petrobras o motivo foi um desentendimento entre as partes sobre necessidades de investimento na refinaria, o que poderia ser resolvido por um tribunal de arbitragem. Então, por que a cláusula foi chamada a exercício? Falta de habilidade dos negociadores, erro de estratégia ou negligência? Na prática, uma cláusula “put option”, quando inserida no contrato, visa proteger a parte de um fracasso no negócio, garantindo, assim, o reembolso do valor ajustado. Então, por que esse valor foi tão superior ao preço da refinaria? Se o governo afirma que a refinaria estava dando lucro e a empresa prosperando, então por que o preço das “puts” ficaram tão mais caros, quando na verdade deveriam ficar mais baratos? De que a
Astra Oil queria se proteger ao inserir essa cláusula no contrato? Essas são perguntas que o mercado está fazendo para tentar entender o negócio. Parece que, por enquanto, as preocupações não desanimaram os investidores que foram às compras, fazendo com que o preço de PETR4 subisse quase 9% na semana entre 17 e 21 de março de 2014. Já a cláusula Marlim, que obrigava a Petrobras a pagar um lucro anual de 6,9% à Astra Oil, pode ser entendida como uma obrigação de pagamento de dividendos a uma taxa pré-fixada. Se considerarmos que o dividendo anual pago pela Petrobras em 2013 ficou em 5,5%, pode-se ver que a taxa excede em 25% o que foi pago aos demais investidores. Só para termos um cenário de comparação, a oferta de compra feita por Warren Buffet ao Lehman Brother, já à beira da falência em junho de 2008, previa a compra de ações preferenciais com deságio e incluía um pagamento de dividendos de 9% ao ano. Essas condições foram consideradas ofensivas por Richard Fuld, CEO do banco naquela época e que as recusou. Certamente o mercado irá acompanhar de perto esse escândalo desencadeado em pleno ano eleitoral, e essa coluna fica na torcida para que explicações claras e convincentes sejam dadas aos investidores.
*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É co-autor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.
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inside the market
Scandal in Pasadena refinery causes crisis in Petrobras * By Celso Vianna Cardoso
T
he crisis that took place in Petrobras in the midst of March was highly reported by the media. After being analyzed later on, the contract clauses, mainly the Marlim and ‘put option’, that made the company purchase the Pasadena refinery at a stratospheric cost of US$ 1.2 billion, were deemed guilty. Yet what are those clauses and how are they applied in the contract? In the financial Market, the put option clause is a derivative instrument used by investors when they want to see a company’s shares fall. Unlike the majority of investors who wants the rise of the shares, those who buy the ‘put option’ contract will only gain if the company’s shares fall. In Brazil the ‘put option’ is not very common because of the lack of liquidity of this kind of operation, which is relatively simple. Comparing the ‘put option’ to a purchase of an insurance is the easiest way to understand how it works. When an investor buys a put option, which in Brazil is known as ‘opção de venda’, he buys it with the right of selling a share in a limited time at a price agreed between the two partners of the business. In case of put option, the more expensive the price of the share dealt, the more expensive will be the prize paid by the investor to acquire it This instrument was used in the purchasing contract of 50% of the
Pasadena refinery, acquired before by the Belgian Astra Oil. We are not intending to analyze the facts or the economic conjecture that made the Brazilian oil company carry out this operation. I am going to explain how the market sees those clauses.. In 2013, Mr Eike Batista, former OGX controller, was called to exercise the ‘put option’ clause inserted in the contract, which obliged him to inject US$ 1 billion in OGX, a company that the market has already considered bankrupted. In the case of OGX, the attempt of exercising the ‘put option’ clause was due to the company’s eminent bankruptcy, which was aligned with the main goal of this clause. As in the case of Petrobras, the reason was the disagreement between the business partners about the necessity of investments in the refinery, which could be solved in an arbitral tribunal. So, why was the clause called to be exercised? It was due to the negotiator’s lack of ability, strategic mistake or negligence? As a matter of fact, the put option clause, as long it is inserted in the contract, aims to protect a partner against a business failure, thus ensuring the refunding of the value updated. So, why was this value much higher than the refinery price? Why was the put option price so expensive when it should be cheaper
once the government said that the refinery was profiting and the company was prospering? What was the reason that Astra Oil wanted to be protected when the company itself decided to insert the put option clause in the contract? The Market is asking those questions in order to understand this business process. It seems that the concerns did not upset investors who bought PETR4’s shares and made them rise to almost 9% between March 17 and 21, 2014. As for Marlim clause, which obliged Petrobras to pay Astra Oil a profit of 6.8% a year, it may be understood as an obligation of paying the dividend at a pre-fixed interest rate. If we reckon that the annual dividend paid by Petrobras in 2013 was 5%, it can be seen that the interest rate was exceeded 25% what was paid to other investors. On comparing scenarios, the offer made by Warren Buffet to buy Lehman Brothers, which was on the verge of collapse in 2008, established the buying of preferred shares with discount and a payment of dividends of 9% a year. The former Lehman Brothers’ CEO, Richard Fuld, considered those conditions offensive and refused the offer. Surely the Market will watch very closely this scandal that was born in an electoral year. This column will be waiting for clear and con explanations.
* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.
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CINCO MINUTOS
Nicholas
Jones
Conselheiro de planejamento estratégico de Energia da ExxonMobil Por Brunno Braga
O
Divulgação
consumo de energia em âmbito global para as próximas décadas dependerá, em larga medida, da oferta de petróleo e gás. Um estudo elaborado e divulgado pela petroleira americana ExxonMobil, atesta que o uso destes combustíveis fósseis representará 60% da demanda total até 2040. Em visita ao Brasil e divulgando pela primeira vez, o estudo (batizado de Panorama Energético: Perspectivas para 2040), Nick Jones, conselheiro de planejamento estratégico de Energia da ExxonMobil, foi o responsável pela apresentação feita no prédio-sede do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis; e falou sobre como o Brasil se encaixa neste cenário:
1 - O que o estudo aponta para o futuro da energia no mundo? Segundo o estudo, a economia global crescerá, anualmente, a uma taxa de 3%, sendo que essa média determinará um aumento de 35% no consumo de energia em âmbito global. Metade deste crescimento virá da China e da Índia. Mas o estudo também cita que algumas nações-chave - Brasil, Indonésia, Arábia Saudita, Irã, África do Sul, Nigéria, Tailândia, Egito, México e Turquia terão uma demanda por energia próxima a da China. 2 - E como petróleo e gás irão ser representados neste cenário de demanda mundial? Petróleo e gás permanecerão como principal fontes de energia no mundo. O estudo indica que em 2040, cerca de 60% da demanda será atendida por esses combustíveis fósseis. E, pelas nossas projeções, o gás natural deverá ultrapassar, em 2025, o carvão como a segunda maior fonte 44 MACAÉ OFFSHORE
de energia, atrás do petróleo, contando com o reforço do uso do gás não convencional explorado na América do Norte. 3 - Como o senhor situa o Brasil neste quadro? Não trabalhamos projeções específicas para o Brasil, pois ele entra no contexto regional da América Latina E em relação a isso, vemos que a região está tendo um importante papel, onde o surgimento de uma nova classe média gera, consequentemente, um aumento na demanda por energia. Porém, tal aumento não será tão grande como no sul da Ásia, região onde, segundo o estudo, ocorrerá o maior crescimento na demanda por energia nas próximas décadas. Mas a América Latina terá certo peso: no lado da oferta, por exemplo, vemos a grande participação da exploração e produção de petróleo e gás em águas profundas brasileiras, assim como da produção argentina de gás e da produção venezuelana de oil
sands, para suprir a demanda local e em algumas regiões do mundo. 4 - E como a região vai tratar essa relação oferta e demanda? Bem, para que a América Latina consiga atender às demandas com mais eficiência, é preciso que se crie um ambiente mais favorável para a participação do setor privado. Vemos que isso ainda é um obstáculo em muitos países da região. 5 - Com o aumento da demanda, o senhor não teme que possa haver problemas para atendê-la em âmbito global? Eu estou otimista. Muitas empresas estão investindo na busca pela eficiência para enfrentar os desafios energéticos mundiais e ajudar bilhões de pessoas a melhorar seus padrões de vida. Mas para satisfazer essa demanda, nenhuma das alternativas energéticas deve ser excluída. Além disso, mais oportunidades de comércio livre devem ser incentivadas e não restringidas.
FIVE MINUTES
Nicholas
Jones
ExxonMobil Energy Advisor, Corporate Strategic Planning By Brunno Braga
G
lobal energy consumption will greatly depend on the supply of oil and gas over the next decades. A research published by ExxonMobil attests that the use of those fossil fuels will represent 60% of the total demand by 2040. The research named The Outlook for Energy: A View to 2040, was presented by the company’s spokesman Nick Jones, ExxonMobil Energy Advisor, Corporate Strategic Planning, at the Brazilian Institute of Oil, Gas and Biofuels headquarters in Rio de Janeiro, and talked about how Brazil is inserted in this scenario:
1 - What does the study say about the future of energy in the world? According to the study, the global economy will increase 3% a year in average. Even with significant efficiency gains, global energy demand is projected to rise by about 35%. China and India lead the growth in energy demand. Bui the study also says that some key growth countries like Brazil, Indonesia, Saudi Arabia, Iran, South Africa, Nigeria, Thailand, Egypt, Mexico and Turkey will have a energy demand close to China’s.
2 - How will oil and gas be inserted in this global demand scenario? Oil and gas will maitain the position of the world’s main energy source. The study points out that in 2040 60% of the demand will be supplied by those fossil fuels. And it is projected that the natural gas will
surpass coal as the second greatest energy source in the world in 2025. The drilling of non conventional gas in North America will be responsible to support this supply.
3 - How do you see Brazil in this scenario? We do not have specific projects about Brazil, once the country is inserted in Latin America regional context. Thus, we see that the region has an important role, with its growing middle-class populations that will consume more energy. This increase of middle-class wil be seen more in the southern of Asia, which, according to our studies, will lead the increase for energy demand over the next decades. But Latin America has its importance. On the supply side, we see the participation of Brazil’s pre-salt drilling as well as the gas output in Argentina. Venezuela will also supply local and world demand with oil sands.
4 - How will Latin America face the supply-demand relation? In order to meet the energy demand more efficiently, Latin America will have to create a more attractive environment for the private sector. We see that this is still an obstacle in the region.
5 - Do you fear that problems might happen as the demand for energy increases worldwide? I am optimistic. Many oil companies are investing in technology in order to face global energy challenges, helping billions of people to have their life standard improved. But in order to meet this demand, none energy alternative should be left behind. Moreover, free trade must be spurred and not restricted.
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gestão
Mais
fôlego para o fornecedor
Bancos garantem linhas de financiamentos no Progredir. Somente a Caixa já investiu mais de R$ 1,7 bi Por Rodrigo Leitão
P
erto de completar três anos, o Programa Progredir Financiamento de Contratos ajuda a ampliar o acesso a crédito e facilitar a implantação e o crescimento sustentável da cadeia de fornecedores da Petrobras. A iniciativa permite que as empresas integrantes da cadeia obtenham empréstimos junto aos bancos parceiros, tendo como garantia os contratos de fornecimento de bens e serviços assinados com a estatal. Em junho de 2013, quando completou dois anos, o Progredir atingiu a marca de R$ 6 bilhões em financiamentos. Foram contabilizadas 1.200 operações de financiamentos de contratos, junto a 510 empresas. Já na modalidade antecipação de faturas, o volume atingido pelo Progredir foi de R$ 400 milhões em 1.070 operações, para 140 fornecedores.
Como funciona O programa funciona como um ambiente para disponibilização e troca de informações entre os participantes (Petrobras, bancos e empresas), com o apoio do Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo (Prominp). Por meio do Progredir, as empresas integrantes da cadeia de suprimentos podem obter empréstimos junto aos bancos parceiros (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, HSBC, Santander, BicBanco, Banrisul, Citibank e Safra). O gerente do Departamento de Óleo e Gás e Bens de Capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luis Marcelo Martins Almeida, explica que uma empresa interessada em financiamento deve incluir na solicitação questões como prazos, análises e o acompanhamento do processo. O gerente destacou que o banco verifica aspectos como a capacidade de pagamento, o cadastro comercial sem dívidas e as garantias do solicitante antes de autorizar o aporte.
Caixa já possui 170 empresas no portfólio Consolidada com um dos principais bancos de apoio aos fornecedores Petrobras no Portal Progredir, com mais de 170 empresas em seu portfólio de financiamento, a Caixa já investiu mais de R$ 1,7 bilhão no programa. Em entrevista à Macaé Offshore, o superintendente regional da Caixa da área de Petróleo, Gás e Indústria Naval Antonio Gil Silveira, informou que, o desenvolvimento da Exploração e Produção (E&P), nas operações do pré-sal e a abertura de novas fronteiras de exploração em blocos continentais vão exigir muito da cadeia de 46 MACAÉ OFFSHORE
fornecedores, sobretudo no aspecto de atendimento aos índices de conteúdo local exigido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) aos operadores. “Temos expectativa que os investimentos aumentem nos próximos anos. Vemos o Progredir como uma iniciativa importante de uma grande tomadora de produtos e serviços no fomento à sua cadeia de fornecedores. Um exemplo a ser seguido”, disse Silveira. Segundo a Caixa, a Região Sudeste, sobretudo o Estado do Rio de Janeiro, concentra boa parte da indústria. Conse-
quentemente, em volume de recursos concedidos, o eixo Rio-São Paulo possui grande representatividade na carteira de financiamentos. “Por outro lado, se analisarmos a quantidade de empréstimos concedidos, observamos uma participação relevante da Região Nordeste”, explica. Ao analisar uma operação de crédito para uma empresa no âmbito do programa, o banco considera aspectos relevantes sobre a saúde financeira da companhia e as informações disponibilizadas pela Petrobras quanto ao histórico de desempenho do fornecedor.
management
Giving suppliers more financial
aid
Banks grant lines of credit under Progredir program. Caixa alone has already invested more than 1,7 billion reais
By Rodrigo Leitão
P
etrobras’ Progredir financing program is about to celebrate three years of activities. The Program was designed to facilitate the supply of credit at volumes and under conditions that are appropriate for all companies in the Petrobras’ supply chain. Supply contracts with the state-run oil company serve as guarantee for the credit lines. In June 2013, when the program celebrated two years of existence, Progredir reached 6 billion reais in finance lines. Roughly 1,200 credit lines contracts were signed by 510 companies. As for future receivables, the amount of value achieved by Progredir was 40 million reais in 1,070 operations that involved 140 supply companies.
How the program works Created in partnership with the six largest retail banks in Brazil (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, HSBC, and Santander) and with the National Oil and Natural Gas Industry Mobilization Program (Prominp), the initiative focuses on sustainable supply chain growth and is supported both by the industry and by its professional associations. Brazilian National Bank Oil and Gas Department Manager Luis Martins Almeida explains that a company that wants the funding must include in the applying paper its schedules, analysis and the process procedures. The manager highlighted that the bank checks some points such as payment capability, comercial register and the company’s guarantees before the approval of the credit line.
Caixa has already 170 companies in its portfolio The state-run bank Caixa Economica Federal is one the main financial institutes of the Progredir program. The bank has more than 170 companies in its portfolio and has invested more than 1.7 billion reais in the program. In interview to Macaé Offshore, Caixa Oil, Gas and Maritime Industry Regional Superintendent Antonio Gil Silveira said that the improvement of the oil and gas activities and the openness of new oil and gas frontiers will demand much effort from the supply chain, mainly to meet the local content requirements. “We believe that the investiments will grow over the next years. We undertand Progredir as an important initiative to improve the oil and gas supply chain. It is a good example to be followed.” Mr Silveira says. The Southeast region, mainly Rio de Janeiro, concentrates the majority of oil and gas companies in the country, according to Caixa. Thus, the axis Rio-São Paulo is highly represented in the credit lines of the bank. “On the other hand, the Northeast region has a relevant share in lines of credit granted.” In order to grant the lines of credit, the program includes assurance mechanisms designed specifically for Progredir. Furthermore, a Progredir will store information on supply contracts, financing and individual performance data on each supplier, allowing the banks access to supplier track record data.
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ÓLEO & GÁS
Gás: quanto mais oferta, maior
competitividade
Especialistas defendem mais leilões de concessão no setor, para gerar novas oportunidades à cadeia de suprimentos
A
s estimativas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam um cenário positivo para a produção nacional de gás natural nos próximos 10 anos. A oferta pode alcançar 105 milhões de m³ por dia até 2018, o que representaria um aumento de 75% em relação ao ano de 2013. Já em 2021, a oferta nacional pode alcançar 130 milhões de m³ por dia. Um crescimento aproximado de 115% em relação ao ano passado. Mas as previsões fazem parte de um plano de expansão em longo prazo. Especialistas da indústria do gás são unânimes ao defender o aumento da oferta de gás para atender à demanda do país. Esta é uma das prioridades para que a cadeia produtiva possa contribuir com o desenvolvimento do setor, que tem novas perspectivas de investimentos. Atualmente, o Brasil explora somente 6% das suas bacias sedimentares, enquanto ainda se planeja a exploração dos 94% restantes. Segundo representantes do setor, para aumentar a exploração e a produção seria preciso que o governo federal realizasse mais leilões de concessão. O especialista em Gás Natural da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Rodolfo Danilow, acredita que o potencial das reservas do país pode trazer impactos positivos à economia nacional, como aumento 48 MACAÉ OFFSHORE
de investimentos e geração de empregos, caso exista oferta de mercado em condições mais competitivas. “Os agentes de mercado vêm debatendo alternativas para melhor aproveitar nosso potencial de crescimento. Esse debate precisa ser intensificado e evoluir para gerar uma política pública para o setor”. Para Danilow, esta seria uma alternativa para reduzir os preços e aumentar a liquidez. O subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de janeiro, Marcelo Vertis, partilha da mesma opinião. Ele explica que esta projeção de produção de gás para a autossuficiência do Brasil pode levar muito mais tempo, já que muitas etapas precisam ser cumpridas antes que o gás seja liberado para consumo. “Por isso, no momento não existe quantidade suficiente para atender à demanda”, explica Vertis, que ainda diz que é preciso haver mais rodadas licitatórias para aumentar a oferta o quanto antes. Marcelo Vertis também destaca o fornecimento de suprimentos para que a cadeia possa produzir e explorar. “As empresas operadoras do setor precisam investir; mas para isso elas precisam comprar equipamentos para o desenvolvimento da produção”, aponta o subsecretário. Para impulsionar este mercado, o Governo do Estado do Rio propôs um programa de atração de investimentos do setor de óleo e gás, com o objetivo de estimular a cadeia de subfornecimento.
A intenção é atrair empresas de equipamentos para o estado carioca. “Vivemos um cenário de aumento de produção muito grande e o nosso trabalho é para ampliar o conteúdo local atraindo investimentos da cadeia de subfornecedores”, pontua o subsecretário. Ainda de acordo com ele, o Rio de Janeiro é líder mundial em subfornecimento, com a maior concentração de equipamentos submarinos instalados. Em 2012, o estado já concentrava 37% dos equipamentos de todo o mundo. A estimativa é aumentar em 44% este cenário até 2020. Também voltada ao aumento de competitividade do segmento, a Abrace atua no auxílio à regulamentação do setor de transporte de gás e na criação de mecanismos de compra do gás natural junto às distribuidoras. “Procuramos desenvolver trabalhos direcionados para a ampliação do diálogo com os agentes do setor e com o Governo, pensando sempre no crescimento do mercado”, conclui o especialista Rodolfo Danilow. Estratégias para atrair investimentos e incentivos para o fortalecimento de toda a cadeia do gás são prioritárias para o avanço do segmento e serão discutidas durante a 11ª edição do Gas Summit Latin America. O evento acontece entre os dias 13 e 15 de maio, no Hotel Windsor Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, reunindo palestrantes de reconhecida expertise mercadológica e técnica, autoridades públicas e empresários de alto poder de decisão.
OIL & GAS
Gas, more supply, more
competitiveness Experts defend the launching of new auctions in order to create new opportunities for the supply chain
T
he National Agency of Petroleum, Gas and Biofuels estimates a positive scenario for natural gas production over the next ten years. The natural gas supply may reach 105 million cubic meters per day by 2018, an increase of 75% comparing to 2013. In 2021, the natural gas supply may reach 130 million cubic meters per day. An increase of 115% comparing to last year’s total supply. Yet these estimates are part of a long-term expansion plan. Oil and Gas experts defend the increase of gas supply in order to meet the country’s demand. This is one of the priorities to make the productive chain ready to work for the improvement of the industry, which has new investments expectations. Currently, Brazil only drills 6% of its sedimentary basins whereas the country plans to drill other 94%. According to some industry members, Brazilian government should launch new auctions in order to increase E&P. Brazilian Association of Large Energy Users and Free Market Energy Consumers (Abrace) Natural Gas Expert Rodolfo Danilow says that the potential of gas reserves in the country may have positive economic impacts in Brazil with the increase of investments
and job creation if a more competitive market exists. “Market agents have been discussed alternatives to take advantage of our growth potential. This debate must be intensified and evolved in order to create a public policy for the sector.” For Mr Danilow, this would be an alternative to lower prices and increase the supply. Under Secretary for Economic Development and Energy of Rio de Janeiro, Marcelo Vertis has the same opinion. He explained that this projection of Brazil’s natural gas self-sufficiency may take longer because many steps must be taken before putting gas in the consumption market. “Therefore, it is not possible to meet the demand because of this limited gas supply,” Mr Vertis explains. He adds that the government must launch more rounds as soon as possible. Marcelo Vertis highlights the importance of the equipment supply in order to enable the chain to perform in the segment. “Oil companies must invest. Therefore, they need to buy equipment to improve their production,” the secretary points out. The government of Rio de Janeiro state has proposed a program to attract oil and gas investments in order to spur the sub-supply chain.
The program intends to attract manufacturing companies to the state of Rio de Janeiro. “We are living in a scenario of production expansion and our task is to attract investments to expand the local content,” the secretary underlines. He also said that Rio de Janeiro concentrates the largest number of sub-supply equipment in the world. “In 2012, the state of Rio concentrated 37% of all subsea equipment in the world. We expect to have 44% by 2020.” Besides working for the advancement of the competiveness of the industry, Abrace also works to support the law on gas transportation and the creation of mechanisms of gas purchase from distributors. “We are trying to develop tasks in order to improve the dialogue between members of the industry and the government, aiming the market growth,” Mr Danilow concluded. Strategies to attract investments and incentives the improvement of the gas chain as a whole are very important for the advancement of the industry. These issues will be discussed during the 11th Gas Summit Latin America. The event will be held in Windsor Atlântica Hotel, in Rio de Janeiro, and will gather renowned lectures, public authorities and key-executives of the industry. MACAÉ OFFSHORE 49
Fotos: Agência Petrobras
EMPRESAS & NEGÓCIOS
O Plano de Negócios da Petrobras para o período 2014-2018 caiu para US$ 220,6 bilhões. Mesmo assim, empresa mantém meta de 4,2 milhões de barris em 2020 Petrobras Business Plan 2014-2018 dropped to US$ 220,6 billion. Still, the company keeps its goal to achieve 4,2 million boed by 2020
Mais por menos Petrobras enxuga investimentos em 7% até 2018 e pode aumentar produção em 7,5% em 2014, com menos paradas e mais unidades Por Brunno Braga
C
om dívidas em ritmo crescente, grandes desafios a serem encarados e cercada por grande desconfiança do mercado acionista, a Petrobras lançou em fevereiro o seu Plano de Negócios para o período 2014-2018 e também o Plano Estratégico para 2030. Dois anos após assumir o cargo mais alto da companhia, Maria das Graças Foster ainda mantém o
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discurso em que se mostra comprometida com a eficiência operacional, apesar dos inúmeros problemas com que a companhia vem se deparando ao longo dos últimos anos.
no valor total do investimento em relação ao PNG divulgado no ano passado, e mantém o compromisso de atingir a meta de 4,2 milhões de barris de petróleo até 2020.
Para fazer valer o discurso, a companhia anunciou investimentos totais de US$ 220,6 bilhões para o período, o que representou uma redução de 7%
Segundo o diretor de Óleo & Gás da Green Coast Engenharia, Amilton Machado, a redução no valor de investimento foi feita para passar a imagem ao
EMPRESAS & NEGÓCIOS
mercado de que a empresa pode fazer mais por menos. “O mercado já sinalizava que a Petrobras fosse sofrer rebaixamento do rating pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s. Então, a Petrobras resolveu se antecipar e decidiu passar essa ideia. Mas esse recado não surtiu efeito, pois o mercado ainda desconfia da empresa a curto prazo, em função do tamanho da dívida da empresa e as dificuldades que ela encontra, como a questão dos preços dos combustíveis”, disse. Outro fator importante discutido durante a apresentação foi o estabelecimento da meta de aumentar em 7,5% a produção de barris de petróleo, passando de 1.931 boed para 2.076 boed, depois de uma queda de 2,5% em 2013, referente ao ano anterior. Segundo informou a companhia, as razões foram desde problemas com atraso na entrega de duas Unidades Estacionárias de Produção – a P-55, que vai operar no campo de Roncador Módulo III, e a P-58, no Parque das Baleias, ambos na Bacia de Campos - , passando por problemas de atraso na entrega de equipamentos e limitação de embarcações de apoio para acelerar o ritmo de integração de poços. Contudo, a estatal garante que a meta será atingida, alegando que em 2013, com a conclusão de nove plataformas, foram adicionados mais um milhão de barris por dia de capacidade de produção. As unidades P-63 e P-55 iniciaram operação no final de 2013 e as plataformas P-58 e P-62 iniciarão a produção no primeiro semestre de 2014, bem como as P-61 e TAD (unidade de apoio do tipo Tender Assisted Drilling). O crescimento da produção de 2014 será sustentado por mais duas unidades de produção: Cidade de Ilhabela e Cidade de Mangaratiba, em fase de conclusão. Na avaliação de Machado, essa meta é factível. “Uma queda de 2,5% é
atingir os 4,2 milhões de bpd confirmados para 2020. Para ele, esse resultado terá grande participação do pré-sal: “A produção do pré-sal vem batendo recordes. São campos novos e com grandes reservas e, com certeza, responderá por mais de 50% da produção brasileira em 2020”.
Graça Foster mantém discurso da eficiência operacional Graça Foster keeps talking about operational efficiency
aceitável. E com menos paradas e mais unidades de produção disponíveis, eu acredito que a Petrobras consiga cumprir a meta de crescer 7,5% em 2014”, analisa. A longo prazo, Machado também acredita que a Petrobras consiga
O montante da dívida da Petrobras também foi alvo de comentários durante a apresentação do PNG 2014-2018. A petroleira registrou aumento do endividamento de 39% em 2013 em relação a 2012, passando de US$ 72,3 bilhões para US$ 94,6 bilhões. Nas palavras de Graça Foster, o crescimento da dívida deu-se por conta de novas captações e da desvalorização cambial. Segundo ela, para diminuir a taxa de endividamento em 2014, além de buscar aumentar a produção em 2014, a empresa trabalhará para crescer a produção de derivados em 7%, passando de 850 mpbd para 908 mpbd, e diminuir investimentos em E&P no Brasil em 9%, reduzindo de R$ 104,4 bilhões em 2013 para R$ 94,6 bilhões.
A empresa busca a meta de aumentar em 7,5% a produção, após a queda de 2,5% em 2013 causada por fatores como o atraso na entrega as plataformas P-58 e P-55 The company aims to increase its output by 7.5%, after dropping 2.5% because of problems caused by delivery delays of the drilling platforms P-58 and P-55 in 2013
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COMPANIES & BUSINESS
More with less Petrobras reduces by 7% its investments by 2018 and may rise its output to 7.5% in 2014, with less shutdowns and more units
By Brunno Braga
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ith high debts, great challenges and seen with distrust by the financial market, Petrobras announced its Business and Management Plan 2014-2018 as well as the company’s Strategic Plan for 2030. Two years after taking office as Petrobras CEO, Maria das Graças Foster maintains the speech that reinforces the company’s commitment to operational efficiency, though many problems that Petrobras has been facing over the past years. In order to turn this speech into reality, the company announced total investments worth 220.6 billion dollars for the period, which is equivalent to a reduction of 7% comparing to the company’s Business Plan launched last year. However, the goal of reaching 4.2 million boed by 2020 remains. For Green Coast Engineering Oil and Gas director Amilton Machado, the investment reduction was intended to show the market that the company can do more with less money. “The market knew that Petrobras would have its rate downgraded by Standard & Poor’s. That is why Petrobras decided to reduce its investment value. However, this decision had no effect 52 MACAÉ OFFSHORE
and the market still distrusts the company in a short term because of the amount of Petrobras’ debt and the government’s interference on fuel prices,” he says. Graça Foster also said that Petobras expects crude oil output to rise 7.5% in 2014, up from 1.93 million b/d last year after a decrease of 2.5% in 2013 compared to the previous year. The decrease of oil output was due to delivery delays of P-55, which will perform in Roncador field, and P-58, which will perform in Parque das Baleias field as well as the delivery delays of equipment and limited number of Offshore Support Vessels. However, the state-run oil company assures that the goal will be reached, arguing that with the conclusion of nine platforms, more than one million boed will be added and they will increase the output capacity. Moreover, P-63 and P-55 started to perform last year and P-58 and P-62 will start to perform in the first semester 2014 as well as P-61 and the Tender Assisted Drilling. The increase of oil production will also be supported by other two FPSOs – Cidade de Ilhabela and Cidade de Mangaratiba, both are about to be concluded.
In Machado’s view, this goal is very feasible. “A decrease of 2.5% is acceptable. And with less shutdowns and more FPSOs available I think that Petrobras will be able to increase its output to 7.5% in 2014,” he analyzes. At long time, Machado also said that the company will achieve the goal of the production of 4.2 million boed by 2020. For him, the pre-salt will have a special role in this result. “ The presalt output has been breaking records. They are new oil fields and with great reserves. Surely, the pre-salt will respond for more than 50% of the Brazilian output by 2020.” The amount of Petrobras’ debt was also commented during the Business Plan announcement. The state-run oil company reckoned that its debt increased by 39% in 2013 comparing to 2012, from 72.3 billion dollars to 94.6 billion dollars. In Mrs Foster’s words, the debt increase was due to new loans and the currency devaluation. For her, in order to have its debt lower the company will rise to 7% the production of oil derivatives, from 850 mpbd to 908 mpbd and decrease to 9% E&P investments, from 104.4 billion reais in 2013 to 94.6 billion reais this year.
rede petro-BC
Mercado de petróleo e gás sofre com inadimplência Por Ive Talyuli Pequenas empresas correm risco de falência com impacto de demissões e atrasos nos pagamentos por terceirizadas As empresas que compõem a cadeia produtiva de petróleo, gás e energia vêm sofrendo, desde o ano passado, com o aumento da inadimplência no mercado local. Preocupada com a situação, que afeta grande parte de suas associadas, a Rede Petro – Bacia de Campos redigirá uma carta solicitando que a Petrobras se posicione sobre a questão, que se mostra cada vez mais crescente. Desde 2013, empresas consideradas de grande porte começaram a efetuar demissões em massa e a atrasar os pagamentos. A mudança vem afetando diretamente as empresas do mercado local, que não recebem pelos produtos e serviços fornecidos às terceirizadas. “Para nós, da Rede Petro-BC, é muito importante que esta situação tenha uma resolução. A inadimplência vem aumentando cada vez mais desde o final do ano passado, e tem sido pauta constante de nossas reuniões, já que muitas empresas associadas estão sendo impactadas”, declarou Mário Jorge, um dos coordenadores da Rede Petro-BC.
geral da Unidade de Operação e Produção da Petrobras na Bacia de Campos (UO-BC), Joelson Mendes. “A missão da Rede PetroBC é criar oportunidades de negócios para as empresas locais e, neste sentido, quando verificamos que o mercado está sendo prejudicado de alguma forma, também precisamos nos posicionar e cobrar para que os compromissos sejam cumpridos, pois esta é uma questão que nos preocupa e afeta a todos, inclusive os que não atuam diretamente na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia”, ressaltou Mário. Outra preocupação da Rede Petro-BC está relacionada à possível falência de pequenas e médias empresas, que também estão com seus pagamentos atrasados. “Estas têm sido as empresas mais
afetadas, pois muitas delas dependem dos pagamentos das terceirizadas. A maior parte das dívidas é da ordem de mais de R$ 1 milhão, o que para uma pequena empresa representa a sua falência”, observou. A Rede Petro-BC é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover, articular e fomentar a geração de negócios entre os atores da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia da Bacia de Campos. Seu desafio principal é atender as demandas da principal área de exploração e produção brasileira, investindo constantemente em estudos para a viabilização de projetos que promovam a geração de negócios com competitividade, gerando oportunidades às empresas e instituições envolvidas. Divulgação
Com o objetivo de buscar uma solução para o problema, a instituição entregará um documento diretamente ao gerente
A Rede Petro-BC é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover, articular e fomentar a geração de negócios entre os atores da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia da Bacia de Campos. Seu desafio principal é atender as demandas da principal área de exploração e produção brasileira, investindo constantemente em estudos para a viabilização de projetos em que a promoção de negócios se dê através da competitividade, gerando oportunidades de negócios às empresas e instituições envolvidas.
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rede petro-BC
Oil and gas market suffers with large companies default By Ive Talyuli Small companies are at
affecting companies in the local
for local companies, and, in this
risk of bankruptcy with
marketplace, which are not paid
sense, when we see that the ma-
for the products and services pro-
rket is being harmed in any way,
vided to third parties. ‘It is very
we also need to take a stance and
important for us with Rede Petro-
demand that commitments be ho-
BC that this situation comes to a
nored, because this is a matter
solution. Default has been ever
that concerns and affects everyo-
Since last year the companies
increasing since the end of last
ne, including those who do not
that make up the oil, gas and ener-
year, and has been a constant
operate directly in the oil, gas and
gy productive chain have been su-
agenda in our meetings, as many
energy productive chain’, highli-
ffering with the increased default
member companies are being im-
ghted Mario.
in the local marketplace. Con-
pacted’, stated Mário Jorge, one
cerned with the situation, which
of the Rede Petro-BC coordina-
affects most of its members, Rede
tors.
the impact of layoffs and payment delays by outsourcing companies
Petro - Bacia de Campos (Campos
Another concern of Rede Petro-BC is related to the possible bankruptcy of small and medium-
Basin) will prepare a letter reques-
For the purpose of searching
sized companies, whose pay-
ting Petrobras to take a stance on
for a solution to the problem the
ments are also delinquent. ‘The-
the matter, which proves to be in-
institution will present a docu-
se have been the most affected
creasing.
ment directly to the general ma-
companies, since many of them
nager of the Petrobras Campos
depend on the payment from third-
Starting in 2013 companies
Basin Operation and Production
party contractors. Most of the de-
that are considered to be major
Unit (UO-BC), Joelson Mendes.
bts amounts to over one million,
engaged in massive dismissals.
‘The mission of Rede Petro-BC is
which for a small company repre-
The change has been directly
to create business opportunities
sents its bankruptcy’, he noted.
Rede Petro-BC is a non-profit organization whose purpose is to promote, articulate and foment business generation among the Campos Basin oil, gas and energy productive chain players. Its main challenge is to meet the demands of the primary Brazilian exploration and production area by constantly investing in feasibility studies for projects in which business promotion is achieved through competitiveness, thus generating business opportunities to the companies and institutions involved.
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