Construção Ambiente Turismo
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JUL/AGO 2020 €10
Arquitectura de interiores Interior architecture
As formas do belo The shapes of beauty
1 Editorial
Beleza e subtileza Beauty and subtlety
Carla Celestino Directora Director
Portugal passou dos “oitenta para os oito”. Estava na moda, no radar e na mira de tudo e de todos. Não havia mãos a medir. De repente este ritmo parou abruptamente e todos (ou quase todos) sustaram a respiração. Mas o coração e o cérebro não pararam. Agora há uma máquina a começar a girar lentamente, a precisar de injecção, mas que em breve, espera-se, voltará à “normalidade”. No recente evento do GRI Portugal afirmou-se que o País está a “esteróides” e que não se consegue prever o que vai acontecer quando deixarem de atenuar a actual dor da economia portuguesa. Outros dizem que depois de um episódio traumático ficamos votados ao esquecimento. A memória torna-se curta. Esperemos que não. A História mostra que tudo pode cair em nosso redor, menos a beleza. Seja a excelência de um serviço de hotel, seja a perfeição de uma maqueta de arquitectura ou de uma cadeira com design arrojado, a beleza prolonga-se para lá da nossa reminiscência. Numa altura em que ainda vemos tudo muito cinzento, trazemos até ao leitor as cores da vida. A beleza das coisas mais singelas às maiores maravilhas do nosso País. Porque, com confinamento ou desconfinamento, o Verão chegou!
Portugal went from “100 mph to 10 mph.” It was a fashionable place and was on everyone’s radar. Portugal had its hands full. This came to a standstill suddenly and abruptly, and everyone (or almost everyone) has stopped breathing. But the country’s heart and brain are still hard at work. Now, things are slowly beginning to open back up, in need of help; it is hoped that things will return to “normal” soon. At GRI Portugal’s recent event,it became clear that the country was on “steroids” and that it was impossible to predict what will happen when the pain Portugal’s economy is currently experiencing subsides. Others say that, after such a traumatic episode, we are doomed to oblivion. Our memories are short. Let’s hope not. History shows us that, while everything else falls around us, beauty remains. Be it excellent service at a hotel, the perfection of an architectural model, or a chair with a bold design, beauty lives on long past our recollection. At a time when everything still seems very grey, we bring our readers the colours of life and the beauty of both the simplest and most wondrous things Portugal has to offer. Because, whether or not we’re confined to our homes, Summer is here!
Ficha técnica Datasheet
Propriedade Property
Índice
Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207
Summary
1000–141 Lisboa Telf. / Phone: (+351) 21 134 10 06 Telm. / Mobile: (+351) 91 061 61 62
28 A mais ínfima sombra
The tiniest shadow Rosário Rodrigues Ferreira de Almeida
29 Revelação Foto de capa Cover photo: DR Foto: Bim / istockphoto
4 Grande Tema
Lead Story Interiores: Criadores de emoções Interior Architecture: Creators of emotion
14 Atelier
Atelier Gonçalo Byrne Architect
20 Bom Gosto Good taste A irreverência da Empatias The irreverence of Empatias
Revelação Plano Humano Arquitectos Plano Humano Architects
34 Projectar
Diferente
Designing Differently Arquitectura Savills Portugal Architecture Savills Portugal
38 Metro Quadrado Square Meter Portugal GRI 2020
44 Opinião Opinion
Avenue
46 Opinião Opinion
Millennium bcp
48 Ventos do Norte North Winds Porto reinventa-se Porto reinvents itsel
geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com Directora Director Carla Celestino Coordenação comercial Commercial co-ordination Joaquim Pereira de Almeida
54 Lá fora Abroad
Opinião Opinion
Roberto Varandas
56 Sol e Lua
Tourism Grupo Vila Galé Vila Galé Group
64 Paparazzi
Joaquim Pereira de Almeida Começou mal este verão This summer has started poorly
Colaboradora Permanente Permanent Contributor Elisabete Soares Fotografia Photography Anabela Loureiro Tradução Translation Frank Miller Grafismo Graphics Rodrigues Silva Contabilidade Accounting Nasceconta Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível em: Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
A filosofia digital do Santander Sorria mais, faça mais e viva mais. Use a tecnologia para viver a vida ao máximo e ficar mais perto de quem está longe. Seguimos ao seu lado com as soluções digitais Santander.
Grande Tema 4 Grande Tema
Lead Story
Foto Photo: BertarandB/istockphoto
Lead Story
Interiores Interiors
Criadores de emoçþes Creators of emotion
Grande Tema Lead Story
Texto Text: Carla Celestino
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Os ateliês de arquitectura e de arquitectura de interiores, cá ou lá fora, viveram nos últimos anos um período de grande azáfama. A visibilidade do País cativou os olhares e a cobiça sobre os nossos talentos e valores. A pandemia de Covid-19 pôs um travão nesta tendência. Mas se há algo que é inato na sobrevivência é o espírito criativo. Dêem-lhes asas que saberão voar outra vez. Architecture and interior architecture studios – both in Portugal and around the world – have been whirlwinds of activity in recent years. Portugal’s rise to fame has shown off what we have to offer, and the onlookers have become envious of our talents and values. The COVID-19 pandemic has put a halt to this, but, if there’s anything innate about survival, it’s the spirit of creativity. Give them wings for they will learn how to fly again.
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Grande Tema
Lead Story
Temperatura Temperature
O mundo precisava de parar. Todos nós precisávamos de parar. Quando vemos a vida em slow motion percebemos o que estamos a perder: a gargalhada de um filho, o som da chuva a bater no telhado, a voz de uma fadista a ecoar pelas ruas da cidade, a contemplação de um quadro com séculos de existência, o sopro de um dente-de-leão que não sabemos onde vai parar… “Haverá tempo” diziam as campanhas publicitárias das nossas extraordinárias Regiões de Turismo. Mas foram precisamente elas que nos fizeram mais falta. Quando se tem tempo é para lá que vamos, que nos perdemos, que nos reencontramos. O que se faz, então, quando se tem tempo mas não se pode ir atrás do que se deseja? Se há lição que se pode tirar da actual crise sanitária, com o devido respeito pelas vidas humanas sacrificadas, é que podem confinar o corpo do ser humano a quatro paredes mas não a sua mente, a sua imaginação. Durante o confinamento multiplicaram-se as experiências à janela. Dos arco-íris às aulas de ginástica até aos DJ’s, os dormitórios ganharam vida e recuperou-se o sentido de comunidade. Dentro de portas, foi o computador que serviu de evasão para outras realidades, regiões e países enquanto não se podia viajar. Só para se dar um exemplo, fonte do museu francês Louvre revelou à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), que registaram 10,5 milhões de visitas virtuais no período entre 12 de Março e 22 de Maio (71 dias). Trata-se de um valor significativo uma vez que durante todo o ano 2019 o museu recebeu 14,1 milhões de visitas. Em todas estas partilhas e experiências à uma linha intemporal que os une como um fio fino de tecedeira: o cruzamento entre Pessoas e Arte. Seja a figura do Zé Povinho a celebrar 145 anos, seja o vestido que Marilyn usou quando cantou “Happy Birthday” ao presidente JFK leiloado por 4,28 milhões de euros, seja um quadro raro do pintor italiano Cimabue esquecido numa cozinha no Norte de França, seja a voz do tenor Plácido Domingo num tributo a Verdi, ninguém fica indiferente à sua existência. Os arquitectos, arquitectos de interiores, decoradores ou paisagistas, entre muitos outros profissionais, são os melhores criadores destas emoções. Mais do que as estruturas ou objectos que idealizam para satisfazer uma necessidade, criam edifícios, peças, objectos de arte ou espaços de lazer que fazem parte da vida privada ou colectiva das pes-
soas. Muitas delas que perduram para lá das épocas e das humanidades.
Tempo de viver as casas
É preciso dizer também que somos portugueses, não sabemos estar quietos! Durante o confinamento houve quem pintasse a sala de jantar ou colocasse papel de parede no quarto. As varandas, geralmente utilizadas tão-somente para secar roupa, encheram-se de vasos floridos, mesa e cadeiras. Quando passamos mais tempo em casa é quando nos tornamos mais meticulosos e reparamos em tudo: há que consertar aquela porta que chia, mudar o frigorífico ou a máquina de café, escolher os novos cortinados… É certo que os ateliês de arquitectura de interiores, lojas de decoração e materiais tiveram de fechar portas. Mas o teletrabalho, as novas tecnologias e as aquisições online abriram novas oportunidades à distância de um clique. Não faltaram sugestões, ideias, conselhos e, claro, compras, serviços e entregas ao domicílio. Ariel Quintana, Country Manager Habitissimo para Portugal, Brasil e Chile, plataforma de remodelações e serviços para o lar, em declarações à Magazine Imobiliário, afirmou que foi “no início do período pandémico não prevíamos qual ia ser a reacção do sector mas, com o passar das semanas, fomo-nos apercebendo de que as pessoas assumiram a necessidade de isolamento (para muitos, em regime de teletrabalho) como uma oportunidade para investirem nas suas casas, torná-las mais seguras, sustentáveis e aconchegantes”. Conforme sublinha, foi “interessante verificar que, por exemplo, em Abril e Maio, a construção e remodelação de piscinas cresceu 117%, que a instalação de toldos aumentou 109% e que o serviço de limpeza subiu 58% face ao início de 2020”. Acrescentando que “outras áreas, como a vidraria (+79%) e a remodelação de edifícios (+57%) foram também muito mais procuradas do que noutros momentos”. O confinamento fez também os portugueses ambicionar por cidades mais verdes. Ninguém ficou indiferente a uma Lisboa com níveis baixos recordes de poluição e de ruído ou de ver os animais a deambular livremente pelas ruas. Um estudo online promovido pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto demonstrou que 90% dos inquiridos gostaria que a cidade fosse “mais verde, mais pedonal e funcionasse com lógicas de proximida-
Decoração e mobiliário no top do consumo Décor and furniture see increased activity
As plataformas de decoração e de mobiliário para o lar tiveram um aumento de 7% ao nível do tráfego global, entre Janeiro e Março de 2020, devido à pandemia global de coronavírus que forçou milhões de pessoas a ficar em casa para impedir a propagação do vírus. Em termos gerais, os sites que vendem produtos de decoração e mobiliário online geraram 1,7 bilhões de visitas em Março de 2020, face a 1,56 bilhões de visitas globais em Janeiro de 2020. Marcas como IKEA, Home Depot e Pottery Barn estão entre as que viram o tráfego de compras/vendas online aumentar. Fonte: https://www.statista.com/ Online home furniture and décor platforms saw overall traffic increase 7% betwee January and March of 2020 due to the global coronavirus pandemic which has forced millions of people to stay at home to keep from spreading the sickness. In general terms, websites that sell décor and furniture received 1.7 billion visits in March 2020; those same sites received only 1.56 billion visits in January 2020. Companies such as IKEA, Home Depot, and Pottery Barn were among those which saw online purchases and sales increase. Source: https://www.statista.com/
Grande Tema Lead Story
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Os arquitectos, arquitectos de interiores, decoradores ou paisagistas, entre muitos outros profissionais, são os melhores criadores destas emoções. Building architects, interior architects, decorators, and landscape designers, among many other professionals, are some of the best at stirring up these emotions.
de”. Os arquitectos paisagistas poderão ter, num futuro próximo, mais trabalho do que nunca pois assim os consumidores o vão exigir. Nesta análise, ainda preliminar, quando questionados sobre a sua futura habitação, os inquiridos revelam de “forma expressiva” a orientação solar, o isolamento térmico e acústico, a existência de um espaço de trabalho autónomo da sala e grandes aberturas com espaços exteriores privados. Com efeito, o sector imobiliário não foi alheio a esta realidade. No recente webinar promovido pela consultora JLL, Maria Empis, Head of Strategic Solutions da JLL, destacou que “a forma como olhamos as casas vai ser diferente”. Aliás, a este propósito Patrícia Beirão, Head of Residential da JLL, salientou também que durante o estado de confinamento receberam “pedidos de intenções de casas para compra” em que “80% procuravam casas com espaços exteriores, terraços,
varandas e jardins”, além de casas “com mais uma sala para escritório”. Isto, na sua opinião, demonstra que agora é o “tempo para viver as casas”.
O que interessa é sentir
Quando questionámos algumas pessoas sobre qual foi a primeira coisa que fizeram no desconfinamento, as respostas variaram entre abraçar os seus familiares e amigos, sentar numa esplanada a apreciar um café, dar um mergulho no mar, ir ao cinema, assistir a uma peça de teatro, visitar um museu… Houve também quem respondesse que teve de esperar para ir a um centro comercial na região de Lisboa e muitos afirmaram que já fizeram reservas em espaços turísticos rurais e em hotéis para as suas férias de Verão. Houve também quem respondesse que preferia ficar em casa, logo agora que a sua casa estava mais bonita com aquele cadeirão há muito “namorado” ou com aquela cozinha
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Grande Tema
Lead Story
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Foto Photo: Auris/istockphoto
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Mais do que as estruturas ou objectos que idealizam para satisfazer uma necessidade, criam edifícios, peças, objectos de arte ou espaços de lazer que fazem parte da vida privada ou colectiva das pessoas. Muitas delas que perduram para lá das épocas e das humanidades. More than simply designing structures or objects to satisfy a need, they create buildings, pieces, artwork, and leisure spaces that are part of people’s private and collective lives, and many of their creationsstandthe test of time and human activity.”
Grande Tema Lead Story
Fora da caixa
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Out of the box
Inovador e visionário Innovative and visionary
Foi apresentada a nova Casa dos Vinte e Quatro, instituição que foi criada em 1383 pelo então regente do reino e futuro rei D. João I, que tinha funções semelhantes às da actual, Assembleia Municipal de Lisboa. Patente neste espaço está uma exposição dedicada ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles que se divide em três núcleos temáticos: O enquadramento da Casa dos Vinte e Quatro, o mester da paisagem e a obra de requalificação da Igreja de São José dos Carpinteiros. O momento serviu para homenagear Gonçalo Ribeiro Teles que o Primeiro-Ministro António Costa considerou como “uma grande figura do País e não apenas da cidade”. The new Casa dos Vinte e Quatro (“House of the Twenty-four” in English) was recently unveiled. The institution was founded in 1383 by the then-regent of the kingdom and future king D. João I, and its functions were similar to today’s Municipal Assembly of Lisbon. In this space is an exhibition dedicated to landscape architect Gonçalo Ribeiro Teles that is divided into three themed areas: the formation of the Casa dos Vinte e Quatro, the landscape master, and the restoration of the Church of São José dos Carpinteiros. The moment served to honour Gonçalo Ribeiro Teles whom Prime Minister António Costa considers “a great figure for all of Portugal and not just the city.”
com que sempre sonhou. Eu tinha saudades de ir à Gulbenkian tocar com os meus próprios olhos um diadema de Lalique, uma tapeçaria dos Gobelins, um quadro de Almada Negreiros ou simplesmente sentar-me na relva do seu jardim. E os leitores, do que já mataram saudades? The world needed to stop. We all needed to. When we see what life is like in slow motion, we realise what we’re missing out on: our children’s giggles, the sound of the rain hitting our roofs, a fado singer’s voice echoing through the streets of the city, being able to contemplate a centuries-old painting, blowing on a dandelion and not knowing where its seeds will land… “There will be time,” said the advertising campaigns of our extraordinary Regional Tourism Agencies. But it was precisely them that we missed most. When one has time, we venture out, we lose ourselves, and we find ourselves again. What does one do, then, when one has time but is unable to go after one’s desires? If there’s one lesson we can learn from the present health crisis and with all due respect to the human lives that have been lost, it is that, although, they may be able to confine the human body among four walls, the human mind and human imagination have no such restrictions. During the lockdown, we saw window shows become extremely popular: from rainbows to gym classes to DJ sets, bedrooms sprang to life, rekindling a sense of community. Indoors, our computers helped us escape to other realities and other parts of the world while we couldn’t travel. Just as an example, a source from France’s Louvre Museum revealed to French news outlet France Presse (AFP) that the museum received 10.5 million virtual visits between 12 March 2020 and 22 May 2020 (71 days). This is a truly significant number, given the fact that the museum received 14.1 million visits throughout all of 2019. Throughout all this sharing and all these experiences, there is something timeless that unites them like finely weaved thread: the interaction between People and Art. Whether it’s the 145-year-old figure of Zé Povinho, the dress Marilyn wore when she sang “Happy Birthday” to President Kennedy (which sold at auction for €4.28 million EUR), a rare painting by Italy’s Cimabue that was forgotten in a kitchen in northern France, or the voice of
tenor Plácido Domingo singing a tribute to Verdi, no one can remain indifferent to the existence of art. Building architects, interior architects, decorators, and landscape designers, among many other professionals, are some of the best at stirring up these emotions. More than simply designing structures or objects to satisfy a need, they create buildings, pieces, artwork, and leisure spaces that are part of people’s private and collective lives, and many of their creationsstandthe test of time and human activity.
Time to live at home
It must be said that we as Portuguese do not know how to sit still! During the lockdown, people painted their dining rooms or put up new wallpaper in their bedrooms. Balconies, which are typically only used to dry clothes, have been filled with flowering vases, tables, and chairs. When we spend more time at home, we become more meticulous and take note of everything: “I really should fix that creaky door, get a new refrigerator or coffeemaker, choose different curtains,” we may say… It’s true that interior architecture studios and shops that sell décor and materials had to close their door, but telecommuting, new technologies, and online shopping have opened up new opportunities with just a few clicks. Suggestions, ideas, advice, and, of course, purchases, services, and home deliveries have abounded. Ariel Quintana works for home remodelling and services platform Habitissimo as theirCountryManager for Portugal, Brazil, and Chile. Quintana explained to Magazine Imobiliário that, “at the beginning of the pandemic, we couldn’t predict what the industry’s reaction was going to be, but, as the weeks have passed, we began to realise that people (many of whom were telecommuting) saw the need to self-isolate as an opportunity to invest in their homes and make them cozier, safer, more secure, and more sustainable.” Quintana says it was “interesting to see that, in April and May, the construction and remodelling of swimming pools grew 117%, the installation of awnings increased 109%, and cleaning services received 58% more requests than during the beginning of 2020,” adding that “other areas, such as glasswork (+ 79%) and building remodellings (+ 57%) were also much more in demand than at other times.”
Foto Photo: Nikada/istockphoto
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É certo que os ateliês de arquitectura de interiores, lojas de decoração e materiais tiveram de fechar portas. Mas o teletrabalho, as novas tecnologias e as aquisições online abriram novas oportunidades à distância de um clique. It’s true that interior architecture studios and shops that sell décor and materials had to close their door, but telecommuting, new technologies, and online shopping have opened up new opportunities with just a few clicks.”
The lockdown also prompted the Portuguese to strive to make their cities greener. Everyone in Lisbon noticed its record-low pollution and noise levels whileanimals strolled freely through the streets of the city. An online study published by the University of Porto’s Faculty of Architecture demonstrated that 90% of those surveyed would like it if the city were “greener, more pedestrian-friendly, and used proximity logics.” Landscape architects may, in the near future, have more work than ever, as consumers will demand it. In this still preliminary analysis, the respondents revealed “resoundingly” that their future home’s exposure to the sun,thermal and acoustic insulation, a separate working space, and large openings with private outdoor spaces were most important to them. Of course, the real estate industry was aware
of this reality. During a recent webinar organised by consulting firm JLL, Maria Empis, Head of Strategic Solutions at JLL,highlighted the fact that “the way we look at our homes will be different.” In fact, to this end, Patrícia Beirão, Head of Residential at JLL, also stated that, during the lockdown period, they received “requests to purchase homes for sale,” and “80% [of these people] were looking for homes with outdoor spaces, yards, patios, balconies, and gardens,” in addition to houses “with an extra room for an office.” In her opinion, this means that now is “the time to live at home.”
What matters is to feel
When we asked a few people what the first they did after exiting lockdown was, their answers varied and often included hugging
their families and friends, sitting on a terrace enjoying a coffee, swimming in the ocean, going to the cinema, watching some theatre, visiting a museum… There were also those who said they had to wait in order to go to a shopping mall in Lisbon, and many had made reservations in rural touristic areas and at hotels for their summer holidays. There were even people who said they preferred to stay at home, now that it’s prettier with the armchair they’ve loved for so long or the kitchen they’ve always dreamed of. Personally, I missed going to the Gulbenkian and laying my own eyes upon tocar a piece of jewellery from Lalique, a Gobelin tapestry, or a painting from Almada Negreiros or simply sitting on the grass in the garden. So, what about you, dear readers? What have you been relishing the opportunity to do again?
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Atelier 14 Atelier
Atelier
Atelier
Vontades e memรณrias Wishes and memories
Um visionรกrio incontornรกvel An undeniable visionary
Atelier Atelier
O arquitecto Gonçalo Byrne dispensa apresentações. É um mestre e um dos nomes mais elevados da Arquitectura portuguesa. Um homem de mil histórias, tem uma visão muito sua da actual conjuntura que partilha agora com os leitores. Architect Gonçalo Byrne needs no introduction. He is a master in his field and one of the most illustrious names in Portuguese Architecture. A man of a thousand stories, Byrne has a vision of the present situation that is very much his own and which he now shares with our readers.
Texto Text: Carla Celestino
Estabelecendo uma comparação entre a crise económica gerada pelo subprime e a actual crise sanitária originada pela pandemia de Covid-19, Gonçalo Byrne considera que, “do ponto de vista da Arquitectura, o impacto da crise de 2008/2009 foi muito mais pesada do que a actual crise sanitária, embora a actual seja mais devastadora do ponto de vista humano e vá ter consequências mais duras”. Cumprir prazos é sempre uma tarefa hercúlea mas em tempos de pandemia era expectável a sua extensão. Houve obras que pararam, lojas que fecharam e contactos físicos que cessaram. A crise voltou a cair sobre a Arquitectura e Design de Interiores, áreas que dependem do factor humano. Sensível a esta questão, o arquitecto salienta que “esta crise, embora tenha um impacto brutal do ponto de vista da saúde, tem também um terrível impacto financeiro que está a
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afectar parcialmente a Arquitectura, sobretudo as camadas mais jovens que têm estruturas mais vulneráveis e frágeis”. Para se ter uma noção, como diz, “há ateliês que accionaram o lay-off e os benefícios de adiamento fiscal, entre outros”. Mau grado, apesar de toda esta conjuntura, o arquitecto mostra-se “moderadamente optimista”.
Crises trazem mudanças
O arquitecto sublinha que, neste momento, “há duas boas notícias”. A primeira prende-se com o sector da construção que foi das “poucas indústrias que não parou”, basta “passear por Lisboa para nos darmos conta que existem muitas obras em curso”. Mas, claro, “abrandou e é previsível que haja quebras”. A segunda é que a “transição para o descon-
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finamento vai ser gradual, vai ser um jogo político muito forte de gerir: por um lado, ouvir os virulogistas e epidemiologistas que dizem para ter cuidado e em que vai haver avanços e recuos e, por outro, a gestão da incerteza e a vontade de todo o mercado abrir, basta mencionar que o turismo estava desesperado para reabrir”. Para Gonçalo Byrne, nos últimos anos, assistiu-se a mudanças no mercado português graças às crises que atravessou. Portugal soube tirar lições e corrigir erros, “não todos, claro”. “A primeira crise trouxe algo que mudou no paradigma nacional: começou a falar-se em investimento público na habitação e, sobretudo, para casas de renda acessível”. Neste âmbito destaca o programa “extremamente ambicioso” da autarquia de Lisboa de colocar no mercado de arrendamento de sete mil casas a renda acessível, das quais três mil são de investimento público e fundos europeus e os restantes quatro mil de investimento privado. “Isto é algo peregrino em Portugal mas que no estrangeiro já é usual que é envolver o promotor imobiliário na habitação de renda a custos controlados. Esta é uma medida claramente antes do Covid-19”. Curiosamente, como recorda, “isto é algo que já havia no nosso País antes do 25 de Abril, com as Caixas de Previdência, em que a construção era feita obedecendo a certas regras que depois se colocavam no mercado com rendas que tinham sempre custos limitados e a verdade é que construíam e tinham algum lucro”.
Novo mindset em Portugal
Já a actual crise veio “quebrar tabus” em relação ao trabalho remoto, quer para os que já o utilizavam antes do confinamento, quer para os que forçosamente tiveram de recorrer a esta nova forma de trabalhar. “O teletrabalho mostrou que tem muito mais valências do que aquilo que estava a ser usado” defende. O Gonçalo Byrne Arquitectos é o espelho não só da esmagadora maioria dos ateliês do nosso País, como de uma grande fatia do mercado de trabalho em confinamento, onde o teletrabalho foi a solução encontrada para continuar em actividade. “Fomos todos para casa ainda antes de ser decretado o Estado de Emergência porque percebemos que a situação estava a ficar complicada”. Mas realça que “no dia seguinte já tínhamos arquitectos a trabalhar a partir de casa”. “Até eu passo agora o dia agarrado ao ecrã”, afirma entre risos o arquitecto. “Temos obras de projectos em curso, sobretudo em Itália e na Suíça, países também confinados, pelo que recorremos às novas tecnologias em grande escala”. Mas não deixa de mencionar que “há limitações onde a proximidade é precisa”. No caso deste ateliê recorrem ao trabalho de maquetas tácteis e, como se sabe, as pequenas oficinas pararam pelo que a opção passou por modelos tridimensionais mas “não é bem a mesma coisa”. A assistência às obras foi outra das limitações que os ateliês enfrentaram. “Embora a indústria da construção estivesse a funcionar, houve muita cautela e também muitas empresas
A primeira crise trouxe algo que mudou no paradigma nacional: começou a falarse em investimento público na habitação e, sobretudo, para casas de renda acessível. The first crisis saw something change in the national paradigm: we began to speak about public investment in housing, especially affordable housing.”
Atelier Atelier
de materiais, decoração e outras com a porta fechada”. Aqui, mais uma vez, as novas tecnologias vieram mostrar que há sempre outras soluções. “Quem estava na obra enviava fotografias para os nossos arquitectos mas fazia falta falar directamente, cara a cara, sobre comparações e alterações, pelo que passámos a utilizar a Zoom”.
A vontade da mudança
Num olhar sobre as cidades, em particular a capital portuguesa, o arquitecto recorda que o “turismo veio iniciar a reabilitação de uma cidade cujo centro estava a cair de podre e abandonada” mas não deixa de advertir que “a partir de certa altura não pode ser só para o turismo ou corremos o risco de termos uma Disneylândia”. Além disso, como diz, “a epidemia trouxe também a questão das alterações climáticas e com isso as cidades vão mudar, é inevitável” até porque “há programas nesse sentido e vontade política para isso”. Embora não deixe de referir: “Vamos lá ver se acontecem ou se Costa e Silva não vai tirar da cartola mudanças”. Gonçalo Byrne deixa ainda um alerta, é que “passada a epidemia há uma espécie de amnésia generalizada do dia seguinte”. Por isso, apela a que a “memória dos portugueses não seja curta”. Drawing a comparison between the subprime economic crisis and the current health
crisis caused by the COVID-19 pandemic, Gonçalo Byrne believes that, “from Architecture’s point of view, the 2008-2009 crisis had a much more severe impact than today’s health crisis has had, even though the current crisis has been much more devastating from a human point of view and will have tougher consequences.” Meeting deadlines is always a Herculean task, but, during a pandemic, one ought to expect that they would be extended. There were projects that stopped, stores that closed, and physical contacts that ceased. A crisis has befallen Architecture and Interior Design once again, areas that are heavily dependent on the human factor. Byrne, sensitive to this topic, points out that “this crisis, while it has had a brutal health impact, has also caused terrible financial devastation, and this is partially affecting Architecture, especially the younger areas of the industry whose structures are more vulnerable and more fragile.” For example, he explains, “there are studios that have resorted to lay-offs, tax postponement benefits, etc.” Despite all this, Byrne says he is “moderately optimistic.”
Crises bring changes
Byrne stresses that, at this moment, “there are two pieces of good news.” The first concerns the construction industry, which has been one of the “few industries that has not come to a standstill. Just take a
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walk through Lisbon, and you’ll realise that a lot of projects are still under way.” Of course, things have begun to “slow down, and disruptions are expected.” The second piece of good news is that the “reopening will be gradual. It will be a very challenging political game to manage. On the one hand, we have to listen to the virologists and epidemiologists who advise us to be cautious and that there will be advances and setbacks. On the other, we have to manage uncertainty and the entire market’s desire to open back up. Suffice it to say that tourism has been desperate to reopen.” In Byrne’s opinion, changes have been made to the Portuguese market over the last few years because of the crises that the country has gone through. Portugal has been able to learn lessons correct errors – but “not all of them, of course.” “The first crisis saw something change in the national paradigm: we began to speak about public investment in housing, especially affordable housing.” In this context, Byrne highlights the “extremely ambitious” programme of Lisbon’s local government which sought to place seven thousand affordable rent homes on the leasing market, three thousand of which were to be financed with public investment and European funds while the remaining four thousand were to be financed with private investment. “In Portugal, this was a pioneering endeavour, but, abroad, it is already common for real estate
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O teletrabalho mostrou que tem muito mais valências do que aquilo que estava a ser usado. Telework has proven to have many more advantages and uses than was previously realised.”
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developers to be involved in affordable housing. This is clearly a pre-COVID-19 measure.” Curiously, Byrne recalls that “this is something we had in Portugal before 25 April with the Welfare Funds. At the time, these homes were constructed obeying certain rules and were later put on the market with rents that were always controlled. And the truth is that they would build these homes and would actually make some profit.”
A new mind-set in Portugal
The current crisis has “broken taboos” related to working remotely both for those who had already been doing so before the pandemic and for those who were, in essence, forced to resort to this new way of doing business. “Telework has proven to have many more advantages and uses than was previously realised,” Byrne argues. Gonçalo Byrne Architects mirrors not only the overwhelming majority of architecture studios in Portugal but a large portion of the labour market which, because of the self-isolation and social distancing measures in place, has
used telecommutingas a solution to continue doing business. “We all went home even before the State of Emergency was declared because we understood that the situation was getting dicey. […] The following day, we already had architects working from home. Even I now spend my days staring at my screen,” the architect says between laughs. “We have projects under way in Italy and Switzerland, countries that have also been on lockdown, so we began to use new technologies on a large scale.” But he does not fail to mention that “there are limitations and situations in which you really do need to be physically present.” This studio uses tactile models ,but, because the small offices stopped operating, they opted to begin using three-dimensional models. “It’s not quite the same thing,” though, Byrne laments. Staying abreast with construction work has been another limitation that architecture studios have encountered. “Although the construction companies have continued to operate, there has been a great deal of caution, and many companies that supply materials, décor pieces, and other things are
closed.”Here, once again, new technologies have demonstrated that there are always other solutions. “Whoever is at the construction site sends photos to our architects, but we really needed to talk to each other directly, face-toface, about comparisons and changes. So we began using Zoom.”
The desire to change
While talking about Portugal’s cities and especially its capital, Byrne reminds us that “tourism sparked the restoration of a city whose very centre was abandoned and had fallen into disrepair.” At the same time, he also warns us that, “at some point, it cannot all be for tourism. Otherwise, we run the risk of turning into a Disneyland of sorts.” He also says, “The epidemic has raised questions regarding climate change as well, which will prompt cities to change. It’s inevitable [, most prominently because] there are programmes for this and the political will to do it.”However, Byrne explains, “We shall see if they actually do happen or if Costa e Silva has some changes up his sleeve.” Byrne leaves us with a final warning: “after the epidemic, there will be a kind of generalised amnesia running around the following day.” Because of this, he calls for the “memory of the Portuguese to not be too short.”
MY
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Bom gosto 20 Bom Gosto
Good Taste
Good taste
A arte de decorar The art of decorating
A irreverĂŞncia da Empatias The irreverence of Empatias
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Nunca tanto se falou de empatia; um sentimento que se resume friamente a uma identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, ou uma ideia. There has never been so much talk of empathy; a feeling that comes down coldly to an individual’s intellectual or affective identification with a person, or an idea. Quando falamos de Design ou decoração de interiores, a associação com empatia parece um pouco acessória. A história da ‘’Empatias Decoração de Interiores’’ é uma prova da importância deste sentimento tão humano nos negócios e principalmente quando ajudamos os outros a tornar os seus sonhos e os seus projectos, realidade. Há 28 anos em 1993, Isabel Santos, uma mulher forte e determinada, decidiu seguir o seu sonho. Foi então na Rua Calouste Gulbenkian que a primeira loja nasceu. Isabel juntamente com Albertina, davam os primeiros passos. O sonho que era grande, mas começava de forma tímida, com a venda de alguns produtos de mobiliário, contudo, rapidamente passou a listas de casamentos e venda de produtos de mesa. Começava assim o percurso do sucesso, e aqui o sentimento que sempre definiu a marca nunca foi tão crucial. Isabel desde cedo mostrou uma capacidade de se colocar no lugar do cliente, de compreender os medos na compra de peças tão importantes no início da história de uma família. Todos os que chegavam à loja, eram recebidos por Isabel como se de uma amiga de longa data se tratasse. Aliado a esta capacidade social, a Empatias abriu as portas à decoração mais irreveren-
te e ao design. Aqueles que chegavam pela primeira vez à loja encontravam peças originais feitas com mestria de artesãos, história e inspiração. A carteira de clientes tornou-se nesse momento o tesouro da casa, a procura tornava-se mais abrangente e nessa altura foi incluída a venda de mobiliário como sofás e iluminação. Em apenas três anos a pequena loja onde tudo começou, não era suficiente para os novos clientes que chegavam diariamente. Por essa razão em 1997 a sua segunda loja focada em decoração nasceu e com ela os projectos de casas completas e mobiliário personalizado que posteriormente se tornaria o ponto forte da marca. Mais uma vez a Empatias, marcava pela diferença, pelo serviço de excelência, aprimoramento e bom gosto tão característico de Isabel Santos. Com um forte contra-senso entre o medo de viajar de avião e a paixão por conhecer o mundo, Isabel agarrava em todos os sítios que visitava o ar que respirava, as cores que mudavam a cada minuto, as pessoas com quem se encontrava, as culturas e os estilos presentes em cada pormenor desde as ruas às casas mais opulentas que se erguiam nas paisagens. Este olho apaixonado pela inspiração do mundo, deu a Isabel a capacidade de confiar em marcas que poucos ou quase
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nenhuns conheciam em Portugal na altura, marcas de luxo como Living Divani, Baccarat, Saint Louis, entre outras foram um risco que marcou a diferença no futuro das lojas e de todos os clientes que já faziam parte da família Empatias. Simultaneamente com o progresso das vendas de mobiliário da Empatias, os projectos e a equipa começaram também a crescer. Um dos primeiros projetos contract importantes foi o grupo Dolce Vita e Studio Residence Arrábida. O crescimento no mercado mais profissional e as duas lojas continuavam a não ser capazes de atender a todos os clientes que procuravam a Empatias e mais uma vez, às duas lojas já existentes, juntou-se uma terceira também no Porto. Com este novo espaço o lado criativo foi ainda mais explorado e foram criados três espaços que se complementavam, a loja mesa, uma com um estilo mais clássico, outra, estilo contemporâneo, foi desta forma que os projectos Empatias começaram a ser pensa-
dos cada vez mais no sentido da sua intemporalidade e personalidade. O dia-a-dia da Empatias rápido passou a ser um turbilhão de pessoas, e mesmo com as três lojas, e o atelier de arquitectura, a procura continuava a aumentar assim como a equipa que dela fazia parte. Esta equipa contava cada vez mais com profissionais especializados nas várias áreas. Mas, acima de tudo com um grupo de pessoas que trabalhava com paixão para todos os dias fosse possível fazer clientes felizes. Ainda em expansão a Empatias encontra-se em 2020 com dois showrooms no Porto, um em Lisboa e mais recentemente deu os seus primeiros passos na loja online. A lista de projectos do seu atelier tornou-se agora, grande o suficiente para não ser possível citar todos. Em 28 anos Empatias cresceu e evolui com esforço, dedicação e com prazer em criar e acompanhar tendências, teve desde 93 a missão de oferecer elevação no design, excelência na qualidade dos produtos e consegui hoje, ser considerada uma das grandes
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empresas no sector. Em todas os trabalhos Empatias, encontra um deleite para os sentidos, desde cores, cheiros e uma experiência satisfatória. O legado de Isabel Santos, acompanhou o evoluir do tempo, e conseguindo um equilíbrio dinâmico e difícil de encontrar entre tradição e modernidade, o valor da memória e do património e a actualização dos tempos, dos modos e costumes. Hoje temos um dos maiores prazeres que é receber os filhos dos nossos clientes e certamente algum dia os seus netos. When we talk about Design or interior decoration, the association with empathy seems a little accessory. The story of “Empatias Interior Decoration’’ is proof of the importance of this rare human skill in business, and particularly when we help others to make their dreams and projects come true. 28 years ago in 1993, Isabel Santos, a strongminded woman, decided to follow her dream. It was then on Rua Calouste Gulbenkian that the first store was born. Isabel and with Albertina, took the first steps together. The dream was big, but started timidly, with the sale of just some furniture products, however, quickly moved on to wedding lists and tableware sales. At this point, the path of success began, and here the feeling that always defined the brand has crucial. Isabel showed the ability to put herself in the customer’s shoes, to understand her fears when they were buying such important pieces at the beginning of their family’s history. Everyone who arrived at the store was welcomed by Isabel as if she were a longtime friend. Combined with this social capacity, Empatias opened the door to the most irreverent decoration and design. Those who arrived at the store for the first time found original pieces made with the mastery of artisans, history, and inspiration. At that time, the client portfolio became the treasure of the house, the demand became more widespread and at that time the sale of furniture such as sofas and lighting was included. In just three years, the small store where it all started was not enough for the new customers who arrived daily. For this reason, in 1997 its second store that focused on decoration was born and with it the designs of complete houses and personalized furniture that would later become the brand’s strong point. Once again Empatias, distinguished by the difference, by the excellence in their service, refinement, and good taste that was so characteristic of Isabel Santos.
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With a strong contradiction between the fear of traveling by plane and the passion to know the world, Isabel seized everywhere she visited the air she breathed, the colors that changed every minute, the people she met, the cultures and the styles present in every detail from the streets to the most opulent houses that stood in the landscapes. This passionate eye for the inspiration in the world gave Isabel the ability to trust brands that few or almost no one knew in Portugal at the time, luxury brands like Living Divani, Baccarat, Saint Louis, among others were a risk that marked the difference in future of the stores and of all customers who were already part of the Empatias family. Simultaneously with the progress of Empatias furniture sales, the projects and the team also grow. One of the first important contract projects was the group Dolce Vita and Studio Residence Arrรกbida. The growth in the more professional market
and the two stores continued to be unable to serve all the customers who were looking for Empatias and again, to the two existing stores, a third was also added in Porto. With this new space, the creative side was further explored and three spaces were created that complemented each other, the table shop, one with a more classic style, the other contemporary style, it was in this way that Empatias projects began to be thought more and more in the sense of timelessness and personality. The day-to-day of Empatias Rรกpido became a whirlwind of people, and even with the three stores, and the architecture studio, the demand continued to increase as did the team that was part of it. This team increasingly relied on professionals specialized in various areas. But, above all with a group of people who worked with passion for every day it was possible to make customers happy.
A 28mais ínfima sombra The tiniest shadow ????????????
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Rosário Rodrigues Ferreira de Almeida
Quando a mais ínfima sombra debela o vírus An unexpected front line against the virus
A 5 de Março, a Ferreira de Almeida Arquitectos Lda. recebeu o Prémio Nacional do Imobiliário 2020 na categoria de Equipamentos Colectivos com o projecto do SuperBock Arena / Pavilhão Rosa Mota. Foi uma enorme satisfação ver reconhecido este trabalho não só pela enorme dedicação que lhe atribuímos mas também pela importância e simbologia que este edifício tem na cidade do Porto. A sua reabilitação tem um impacto Regional não se limitando só à cidade, e veio colmatar uma lacuna na oferta de espaços semelhantes quer na capacidade de lotação quer nos meios técnicos equiparáveis. Foi possível de facto devolver este Edifício à Cidade como um equipamento moderno e versátil, dando ao Porto mais um dos seus argumentos de modernidade, notoriedade e cosmopolitismo que esta cidade atravessa e que se deseja reforçar. Poucos dias depois, a 18 de Março deparamo-nos com a declaração do primeiro estado de emergência no País. Esta cidade efervescente parou. Os turistas de um dia para o outro desapareceram. E nós, arquitectos, ficamos com a sensação de que as obras não tinham destinatários, que os projectos não tinham pessoas que lhes servissem de base à sua concepção e pior ainda não tínhamos a menor noção de qual seria o período de tempo em que iríamos
ter de viver com o mundo de pernas para o ar. No desenvolvimento do projecto um dos aspectos mais relevantes foi sem dúvida a versatilidade do espaço. A classificação internacional da qualidade deste tipo de equipamentos está muito relacionada com a adaptabilidade do espaço aos mais variados programas. Assim, foram considerados eventos desportivos, musicais, de entretenimento, congressos, políticos e exposições, mas nem na mais ínfima sombra da nossa imaginação algum dia pudemos pensar que poderia vir a ser um hospital de campanha. Precisaram que assim fosse e funcionou. A sombra, ínfima, escondeu os malefícios da doença. Quem sabe que outros desafios o Pavilhão terá ainda de superar? On 5 March, Ferreira de Almeida Architects, Ltd., received a National Real Estate Award in the Public Amenities category with the SuperBock Arena / Rosa Mota Pavilion project. It was enormously satisfying to see this project recognised not only because of how deeply dedicated we were to it but also because of the importance and symbolism this building holds for the city of Porto. Renovating it has had an impact throughout the region, extending beyond the city. It has filled a gap in the availability of spaces with both similar capacities and technical capabil-
ities. We managed to truly return this building back to the city as a modern, versatile piece of equipment, delivering to Porto yet another claim to modernity, notoriety, and cosmopolitanism, which it has been wanting to strengthen. A few days later, 18 March 2020 saw the first state of emergency declared in Portugal. This effervescent city came to a halt. The tourists disappeared overnight, and we architects got the feeling that our projects had no recipients, no people to serve as the basis for our designs. Even worse, we had no idea how long we would have to live with the world turned upside down. When developing this project, one of the most important concerns was undoubtedly how versatile the space would be. The international classification of the quality of this type of space is closely related to how adaptable it is to a wide range of programmes. Thus, sports, music, entertainment, and political events, conventions, and exhibitions were all considered when designing this project, but not even in our wildest imaginations did we ever think it would become a field hospital. They needed to use it for that purpose, and it worked. The tiny shadow hid the harm from the disease. Who knows what other challenges the Pavilion has yet to overcome?
Revelação
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Revelação 30 Revelação
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Habitar os espaços Inhabiting a space
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Pedro Ferreira Arquitecto Architect Plano Humano Architects
No desenvolvimento dos nossos projectos, a concepção dos espaços interiores da habitação, tem sempre como premissa principal a forte relação que devem ter com o exterior, com as vistas e com a orientação solar. Todas estas são condições que levam ao bem-estar de quem vem a habitar estes espaços. Nos dias que correm, em que todos nós estamos a viver as nossas casas mais intensamente, estas preocupações no desenvolvimento da arquitectura interior das habitações ganha uma importância mais reforçada. Mesmo em contexto urbano, de Cidade, quando não temos a possibilidade de ter um espaço exterior que rodeie a habitação, a implementação de varandas ou o aproveitamento dos terraços e coberturas, atribui uma qualidade suplementar à casa e contribui para o bem-estar das famílias. Identificamos nas nossas cidades terraços e coberturas planas completamente desaproveitados e ao abandono, que, com pequenas intervenções, podem perfeitamente tornar-se em pequenos jardins particulares ou dos condomínios, podendo assim contribuir fortemente para a qualidade de vida dos habitantes, ao mesmo tempo que iriam contribuir para a melhoria da qualidade do ar das cidades. São soluções que devem ser implementadas nos novos projectos, e que devem também ser promovidas, apoiadas e incentivadas pelas políticas urbanas para a melhoria da sustentabilidade das cidades, à semelhança do que aconteceu em Pequim, por altura dos Jogos Olímpicos, já em 2008. Nos nossos projectos temos também essa preocupação, oferecer terraços ajardinados
qualificados, que podem ser vividos pelas pessoas, fazendo assim uso das vistas que estes últimos pisos proporcionam. Procuramos sempre atribuir espaço exterior que complementa e estende a habitação, muitas vezes tirando o máximo partido destes espaços comuns, que habitualmente ficam no esquecimento. Também a “simplicidade” na concepção da organização dos espaços interiores e a sua relação com a orientação solar, são factores essenciais que garantem uma utilização e vivência mais saudáveis destes espaços. São preocupações que todos os arquitectos colocam na concepção da arquitectura. Acredito que também o pensar a organização funcional da casa, sairá mais reforçado desta pandemia… Os átrios de entrada deverão ter condições para permitir uma entrada em casa despreocupada, higienizada e funcional, ao mesmo tempo que as relações das zonas sociais da casa com as zonas privadas, da família, se tornam ainda mais relevantes. A separação destas áreas parece agora indispensável, mas deve ser conseguido o equilíbrio entre segmentação e comunicação de espaços, sob pena de ficar comprometida a vivência do habitar. Estar em casa neste momento reforça a sensação/requisito de conforto e protecção que uma casa pressupõe, mas também evidência a necessidade de poder reportar essas mesmas noções de bem-estar e segurança para um espaço exterior, privado, que alarga os limites da habitação, conferindo-lhe também esta valência de vivência exterior.
Our residential projects’ interior spaces always rely on the strong relationship they will have with the outside, views, and the sun as the main premise for their design. These are all factors that contribute to the well-being of those who come to live in these spaces. In today’s world, we are all living in our homes more intensely, and these concerns regarding how a home’s interior architecture is designed gain even more importance. Even in an urban context, in the city, where it’s not always possible to have an outdoor space that surrounds a particular house, making good use of balconies, terraces, and roofs gives a house an extra quality and contributes to families’ well-being. We know of terraces and flat roofs in our cities that are completely unused and abandoned. With just a little bit of work, these spaces could become perfect small gardens for individual families or an entire building, thus increasing the inhabitants’ quality of life greatly while also improving the air quality of our cities. These are solutions that must be implemented in new projects and must also be promoted, supported, and encouraged by city planning policies that seek to improve the sustainability of our cities, similar to what happened in Beijing in 2008 during the Olympic Games. In our projects, we are also concerned with offering quality garden terraces that people can experience, thus making use of the views that these last storeys provide. We always try tomake room for an exterior space that complements and extends the dwelling, often making the most of these common spaceswhich are typically forgotten
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Revelação
Revelation
“Simplicity” in how interior spaces are designed and organised and how they interact with the sun are also essential factors that guarantee a healthier use of such spaces. These are concerns that all architects take into account when designing a home’s architecture. I believe that also thinking about how a home is organised functionally will be a lesson that people look at more closely thanks to this pandemic… Entryways should be able to allow for a carefree, hygienic, and functional entry into the home, and how social areas of a house and its more private areas dedicated
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to the family relate to each other will become even more important. Separating these areas seems indispensable right now, but a balance must be struck between segmenting these spaces and ensuring they communicate with each other; otherwise, the living experience will be compromised. Being at home right now reinforces the sensation/need for comfort and protection that a house presupposes. However, it also makes manifest the need to relate those same notions of well-being and security to a private exterior space that expands a home’s limits and gives it an added amenity of outdoor living.
Projectar diferente 34 Projectar diferente
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Designing Differently
Desenhar o futuro do trabalho Designing the future of work
Projectar diferente ???????????????
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Raquel de Lemos Arnaut Associate Director do Departamento de Arquitetura da Savills Portugal
Vários foram os acontecimentos globais, cujo impacto no futuro conseguimos facilmente reconhecer. A Revolução Industrial modificou a forma de trabalhar, assim como a Revolução Digital o fez e está a fazer, através da automatização, robótica e Inteligência Artificial. Mesmo numa profissão com elevada componente criativa, como a arquitectura, estima-se que cerca de 20% das tarefas já podem ser automatizadas. Perceber o passado e tentar desenhar o futuro, é o trabalho do arquitecto de hoje, definindo cada estágio desta evolução e em que tendências se deve suportar o design dos espaços de trabalho. Muito embora, as tendências já estivessem a apontar o caminho, os mais recentes acontecimentos relacionados com a pandemia mundial anteciparam o que hoje reconhecemos como o espaço de trabalho do futuro. Neste sentido, os espaços terão que ser re-
pensados e reconfigurados, permitindo flexibilidade na sua utilização, tendo também em conta o acréscimo do trabalho remoto. As métricas de design mudaram o seu foco, deixando de ser centradas nas pessoas e passando a ser centradas na interacção entre pessoas e, desta forma, começamos a compreender os escritórios como Social Hubs, em vez de espaços de produção de trabalho. Esta última definição também assenta no facto de que, as tarefas individuais e que requerem mais concentração poderão ser feitas remotamente, enquanto as actividades de interacção em grupo, como reuniões, sessões de brainstroming, desenvolvimento de projectos, devem ser promovidas nos escritórios. Os escritórios devem continuar a aprender e a evoluir com base em outros conceitos de trabalho remoto - veja-se o exemplo da intitulada gigeconomy, que engloba profissionais independentes, temporários ou em regimes de
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afectação por projectos de curto prazo, que trabalham remotamente desde qualquer parte do mundo - da mesma forma que as pessoas precisam do escritório para aprender a trabalhar e a interagir e, as empresas precisam dos seus espaços para manter a cultura corporativa viva. O espaço de trabalho do futuro será com certeza evolutivo, sustentado em políticas compreensivas baseadas na localização, função e produtividade e em que o bem-estar dos colaboradores é um foco cada vez mais importante. É verdade que passamos por momentos complicados, mas é agora que é fundamental estarmos focados no futuro e, o desafio do arquitecto é exactamente perceber a oportunidade de mudança, de forma a que a retenção de talento seja um facto e não uma aspiração,
apenas alcançável pelas organizações mais avançadas. Se entretanto se distraiu a ler estas palavras, ainda tenho mais uma coisa para lhe dizer: o futuro é agora. There have been a number of global events whose impacts on the future we can recognise easily. The Industrial Revolution changed the way we work, just as the Digital Revolution has done and is still doing today with automation, robotics, and artificial intelligence. Even in professions that require a great deal of creativity such as architecture, it is estimated that about 20% of tasks can now be automated. Understanding the past and attempting to design the future is the work of today’s architect, defining each stage of this evolution
Projectar diferente ???????????????
and deciding how new workspaces should be designed. Although trends had already begun to signal the way forward, the recent global pandemic has hastened the advent of what we recognise today as the workspace of the future. In this sense, our spaces will have to be rethought and reconfigured to allow them to be used flexibly while also keeping the growth of working remotely in mind. The metrics of design have changed their focus, no longer focused exclusively on people but concentrating more how people interact. This will lead us to see offices as Social Hubs instead of simply spaces to produce work. Individual tasks that require more concentration will be able to be done remotely, while activities that require group interaction (e.g., meetings, brainstroming sessions, project development) will be done in offices. Offices must continue to learn and evolve based on other concepts of remote work, such as the gig economy which encompasses independent/freelance professionals, tem-
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porary workers, or those affiliated with shortterm projects – all of whom could be working remotely from any corner of the world. In the same way that people need an office to learn, work, and interact, companies need spaces to keep their corporate culture alive. The workspace of the future will undoubtedly be the product of an evolutionary product, supported by comprehensive policies based on location, function, and productivity; the well-being of employees will also be an increasingly important focus. It’s true the world is complicated right now, but, now, it is more important than ever for us to be focused. The challenge architects are tasked with is precisely to find the opportunities that changes present so that retaining talent is a fact and not just a lofty aspiration only achievable by the most advanced organisations. If, while reading these words, you’ve gotten distracted, I still have one more thing to say: the future is now.
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Portugal GRI 2020
Acima de qualquer surto Above any outbreak
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Os investidores, proprietários, credores e promotores imobiliários europeus do nível C do Clube GRI reuniram-se online no início de Junho para discutir os impactos, perspectivas e visões futuras do mercado imobiliário Ibérico após o Covid-19. European investors, property owners, creditors, and real estate developers from Level C of the GRI Club met online at the beginning of June to discuss the effects of the current pandemic on the Iberian real estate market as well as its future prospects after COVID-19.
As reuniões on-line levantaram pontos importantes sobre perspectivas macro-económicas, resposta do Governo e estímulo fiscal, carteiras de imóveis, preços e procura de activos, estratégia de investimento, capital estrangeiro e fluxo de negócios, mitigação de riscos, conjunto de parcerias estratégicas e os próximos desafios e oportunidades no mercado imobiliário. Mais de 150 profissionais seniores estiveram presentes em três dias de discussões on-line.
Recuperação, crescimento e investimento
Os membros do restrito Clube GRI Portugal e Espanha discutiram os impactos da pandemia no mercado imobiliário e de capitais da Península Ibérica. Um fio condutor que ligou os diversos intervenientes foi o de que, com as incertezas a persistir em torno de possíveis cenários de recuperação, espera-se que as taxas de juros permaneçam baixas no futuro próximo e as taxas de inflação permaneçam estagnadas, já que as pessoas e as empresas dependem dos subsídios do governo. Os credores parecem concentrar-se em oferecer capital para fazer correcções de mercado mas, por outro lado, vêem um comportamento lento nas transacções que, ainda assim, pode aumentar nos próximos meses. Um ponto importante para todas as classes de activos é a necessidade de surgirem novos projectos de qualidade para atrair ocupantes e inquilinos, além de estabelecer parcerias públicas e privadas para combater a crise com mais eficiência.
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Fundamentos positivos com o apoio do Governo
No segundo dia do Iberia GRI online os membros voltaram a reunir-se para debater o ambiente de transacções e investimentos pós-Covid no mercado imobiliário e de capitais português. A maioria do grupo concordou que os ajustes futuros em termos de estratégias de investimento e alocações de classe de activos terão um importante papel. Do lado financiamento, os credores adoptaram uma posição conservadora, com menos financiamento disponível a curto e médio prazo. Mas de uma forma geral, os fundamentos positivos pré-crise parecem apoiar os possíveis cenários de recuperação de Portugal com um mercado menos alavancado e um apetite de investimento internacional. No entanto, todos os especialistas são unânimes, é necessário mais apoio monetário e fiscal por parte do Governo português.
O “novo normal”
Embora os investidores estivessem conscientes do estágio final do ciclo anterior à pandemia, que fez com que muitos se concentrassem em activos e estratégias defensivos, a crise actual sanitária comprovou a resiliência e as tendências anti-cíclicas de alguns activos, como sejam as residências alternativas. O foco principal foi transformar portfolios e estratégias de investimento para atender à nova procura, adoptando soluções flexíveis e entendendo as tendências de regeneração urbana e suburbana. Diversificar activos e
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portfolios, bem como repensar o uso do espaço, foi visto como algo crucial. Mau grado, os membros vêem surgir, a médio prazo, possibilidades de oportunidades angustiantes. Na opinião de Thiago Alves, Head of Real Estate - Iberia & Italy do GRI Club, “apesar da pandemia e da incerteza, o sector imobiliário está a colocar Portugal numa posição resiliente”. Acrescentando que, “com o estímulo fiscal definido para ajudar os mercados, os consumidores precisarão adoptar mudanças” e os “mercados imobiliário e de capitais voltarão ao fluxo de negócios”. Mas adverte: “O novo ambiente de negócios será completamente diferente nos próximos meses, uma vez que o ciclo de recuperação será afectado pela procura e pelo adiamento dos investimentos em diferentes projectos”. “Embora os players sejam cautelosos, estão à procura de novas oportunidades que vão chegar aos países no próximo ano, altura em que é esperada a recuperação. E eles vão precisar de estar preparados para definir ajustes no desenvolvimento de activos numa estratégia de longo prazo, para o futuro, já que as mudanças transitórias estão a acontecer em
todos os activos imobiliários, a maioria das quais impulsionada durante a pandemia. O resiliente prevalecerá”, conclui Thiago Alves. These on-line meetings raised a number of important points regarding macroeconomic prospects, the Government’s response and fiscal stimulus, real estate portfolios, prices of and demand for assets, investment strategies, foreign capital and business flow, how to mitigate risks, strategic partnerships, and the next challenges and opportunities in the real estate market. More than 150 senior professionals were present for these three days of on-line discussions.
Recovery, growth, and investment
Members of the select GRI Club of Portugal and Spain discussed the effects the current pandemic has had on the Iberian Peninsula’s real estate and capital market. One topic that really got the discussion going was interest rates. Given the lingering uncertainties surrounding what recovery could possibly look like and the fact that people and businesses depend on subsidies from the
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A maioria do grupo concordou que os ajustes futuros em termos de estratégias de investimento e alocações de classe de activos terão um importante papel. Most of the group agreed that future adjustments to investment strategies and asset class allocations will play an important role.”
government, it is hoped that interest rates remain low in the near future and that inflation remains stagnant. Creditors seem to be concentrating on offering capital to make market corrections, butthey are also seeing slow behaviour in transactions, which could, nevertheless, increase in the coming months. An important point for all asset classes is the need for new, highquality projects to attract occupants and tenants, in addition to the need to establish public and private partnerships to combat the crisis more efficiently.
Positive fundamentals supported by the Government
On the second day of Iberia GRI online, members gathered again to debate what the environment will be like for transactions and investments in the post-COVID real estate and capital marketin Portugal. Most of the group agreed that future adjustments to investment strategies and asset class allocations will play an important role. On the financial side, creditors have adopted a conservative approach, with less financing available in the short and medium term. Generally speaking, the positive pre-crisis funda-
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mentals seem to seem to support possible recovery scenarios in Portugal wherein the market is less leveraged and has an appetite for international investment. However, the experts are unanimous: more monetary and fiscal support from the Portuguese Government is needed.
The“new normal”
Although investors were aware of the final stage of the cycle before the pandemic which led a lot of people to focus on defensive assets and strategies, the current health crisis hasproven the resilience and anti-cyclical tendencies of some assets, such as alternative homes. The main focus was to modify investment strategies and portfolios to satisfy the demand, adopting flexible solutions and seeking to understand urban and suburban regeneration trends. Diversifying assets and portfolios and rethinking how spaces could be used were seen as essential. Despite this, the members see distressing possibilities on the horizon in the medium term. Thiago Alves, Head of Real Estate – Iberia & Italy for the GRI Club, says, “Despite the pan-
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Os fundamentos positivos pré-crise parecem apoiar os possíveis cenários de recuperação de Portugal com um mercado menos alavancado e um apetite de investimento internacional. The positive pre-crisis fundamentals seem to seem to support possible recovery scenarios in Portugal wherein the market is less leveraged and has an appetite for international investment.”
demic and all this uncertainty, real estate is putting Portugal in a resilient position. […] With the fiscal stimulus set to help the markets, consumers will need to adopt changes[, and] the real estate and capital markets will return to an acceptable rhythmof business. ”He warns, however, that “the new business environment will be completely different in the next few months, as the recovery cycle will be affected by demand and the postponement of investments in different projects.”
Alves concludes, “Although the players in this market are cautious, they are searching for new opportunities that will reach countries next year when things are expected to recover. And they will need to be prepared to make adjustments to the development of their assets in accordance with a long-term strategy for the future, since transitional changes are taking place with all real estate assets. Of course, most such changes have been caused by this pandemic. The resilient will prevail.”
Opinião 44 Opinion
Aniceto Viegas
Os desafios do teletrabalho The challenges of telework
Aniceto Viegas Director-geral da AVENUE General Manager, AVENUE
O teletrabalho não é um conceito novo, utilizado ainda por poucas empresas, tinha uma conotação menos positiva no mercado de trabalho. O confinamento levou a que o teletrabalho fosse implementado em tempo recorde pela quase generalidade das empresas e surpreendentemente todo o processo foi desenvolvido de forma natural. Vale a pena realçar a capacidade de adaptação do ser humano. Num curto espaço de tempo, o sector privado e o sector público foram obrigados a acelerar a migração tecnológica dos postos de trabalho, para que pudéssemos trabalhar a partir de qualquer local. E subitamente, esta “nova forma” de trabalho passou a ter uma conotação positiva. Um inquérito recente da consultora JLL indica que, até ao confinamento, 66% dos colaboradores não trabalhavam remotamente e que 95% pretendiam agora trabalhar, pelo menos, um dia por semana a partir de casa. 52% consideram que o facto de não terem de se deslocar, aumentou a sua produtividade. Existem, no entanto, novos desafios no teletrabalho. O conceito de um escritório comum, onde os colaboradores se juntam para trabalhar, tem uma razão de ser. O escritório é mais que um local, é um vector de comunicação que proporciona um contacto mais fluído, directo e eficiente. O escritório é também um espaço que cria uma dinâmica de grupo, de comunicação dos valores e da cultura da empresa. As chefias intermédias tiram menos proveito do teletrabalho, já que a distância dos seus colaboradores torna a comunicação menos eficiente. Por outro lado, não podemos esquecer que os utilizadores dos escritórios são ainda um agente económico importante que dinamiza o comércio em geral e não apenas a restauração. A reflexão sobre o teletrabalho apenas começou agora, foi testada num momento de emergência com bons resultados, mas necessita de ser aprofundada e calibrada no médio e longo prazo.
Telecommuting is not a new concept, but it is still used by few companies and has (or at least used to have) a less-than-positive connotation associated with it in the labour market. Self-isolation has led almost all companies to implement telework in record time, and, surprisingly, the whole process has taken place rather naturally. We would be remiss if we did not underscore humans’ ability to adapt.In a very short period of time, both the private and public sectors were forced to transition their traditional, in-person jobs to online ones so that we could work from anywhere.And, thus, this “new way” of working suddenly began to carry a positive connotation. A report recently released by consultancy JLL shows that, before self-isolation and social distancing, 66% of workers did not work remotely at all; today, 95% of workers intend to work from home at least one day a week. 52% believe the lack of a commute has helped them increase their productivity. There are, however, new challenges that have arisen with telework. There is a reason why the idea of having a common office space where employees come together to workexists. The office is more than just a place; it facilitates fluid communication and puts employees in direct and efficient contact with each other. Offices also relay a company’s values and culture and even promote group cohesion and dynamics. Middle management gets less out of telework, since being distanced from their employees makes communication less efficient. We must not forget that office users are still an important driver for the economy, stimulating trade in general and not just restoration. We have only just begun our relationship with telework. It was tested during a worldwide emergency and yielded good results, but it needs to be worked on and calibrated for the medium- and long-term.
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Principal Marketplace Imobiliário em Portugal Líder de mercado há mais de 20 anos! casa.sapo.pt
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Opinião 46
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Opinion
José Araújo
Novos ventos, renovação e mudança Winds of renewal, winds of change
José Araújo Director da Direcção de Crédito Especializado e Imobiliário Millennium bcp Director, Real Estate and Specialised Credit Division Millennium bcp
Já escrevia Érico Veríssimo, escritor do século passado, que “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”. Pois bem, com a crise sanitária a passar quem vamos querer ser? Aqueles que levantam barreiras e obstruem o caminho, choram todos os dias o seu destino ou os que constroem moinhos de vento e renovam formas de agir, criando novas oportunidades? Agora é preciso, sem dúvida partir para uma dinâmica forte da nossa economia, não esquecendo nunca o social que ainda está a sofrer e em uníssono conseguir uma mudança positiva, na continuidade do período pré-crise, para todos. No domínio do imobiliário, recentes tendências do mercado vão crescer. Projectos como o co-working e co-living vão sair reforçados pela experiência do teletrabalho e por ajudarem, a menores custos, as empresas com grandes escritórios no centro das cidades. As novas tecnologias, mais eficientes e sustentáveis vão dominar neste novo futuro, suportando alguns dos formatos de habitação, e o arrendamento adequado às necessidades dos portugueses será sector também a ter em conta nos novos projectos de investimento de promotores. Neste contexto, podemos enumerar terrenos, com localizações distintas das que até então foram mais procuradas, fora dos centros urbanos, como pano de fundo a projectos mistos, no imediato. Não há tempo a perder! O sistema de teletrabalho, que ganhou forma substancial, poderá manter-se, não na forma total actual, mas adaptado à estratégia de cada instituição, e daí aumentar a preferência por habitação em locais menos centrais, face às cidades e às sedes das empresas. Se trabalho em casa e só vou ao escritório uma
ou duas vezes por semana, os respectivos arredores serão oportunidades para a construção de habitação necessária, mais acessível em preço quer para o construtor, quer para o utilizador. No segmento dos espaços comerciais, as lojas de rua virão como segmentos a explorar, uma vez que terá de existir oferta para quem opta por evitar as grandes cidades ou as grandes superfícies comerciais, numa valorização e procura pelo comércio local. Na perspectiva de produto, as oportunidades existirão e as mesmas só poderão ser viáveis existindo estratégias cautelosas e focadas nas reais necessidades do mercado, quer nacional, quer estrangeiro. Como sabemos, uma boa parte do mercado imobiliário português foi construído nestes últimos anos também com compradores e investidores estrangeiros, em grande medida suportados por programas de incentivos fiscais. Apesar dos negócios, antes de uma fase de recuperação económica se retraírem mundialmente, com impacto ao nível do investimento, Portugal, felizmente não perderá as suas características e atributos mais naturais que o têm diferenciado, quer para benefício do turismo, quer para benefício do imobiliário. Como tal, acreditar que o investimento continuará a ser feito, mas com uma finalidade mais apurada, terá que ser o espírito de todos os que operam no mercado e querem prosperar como um todo. Há que trabalhar em conjunto, para tal com ânimo e ambiente positivo. Diz-nos a história que em momentos de crise e pós-crise há sempre oportunidades e há sempre quem as procura, e o investimento imobiliário sempre foi, em Portugal e no mundo, uma opção válida e com retorno. Temos de acreditar e trabalhar para tal.
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Vamos, pois, virar a última página deste momento desafiante e começar rapidamente uma nova etapa, mais robustos e focados no essencial de cada negócio, viável a todas as partes. E num mercado mais tranquilo voltaremos a estar lá em cima da montanha, do desce e sobe do nosso sector. Érico Veríssimo, a writer from the 20ᵗʰ century, wrote that, “when the winds of change blow, some people put barriers while others build windmills.” Indeed, with the current health crisis going on, who do we want to be? Do we want to be people who put up fences, block the path forward, and cry every day about their fate? Or do we want to be people who build windmills, adapt how we live our lives, and create new opportunities? Today, we must move to strengthen our economy, never forgetting that the world is suffering, and fight in unison for positive change for all in continuation of the pre-crisis period. In the realm of real estate, recent market trends will continue. Telework and telecommuting will reinforce the importance of such projects as co-working and co-living because they help support companies with large offices in city centres at lower costs. New, more efficient, sustainable technologies are going to dominate this new future, especially in the housing sector; housing leases adapted to the needs of the Portuguese will also be an area of interest for developers during future investment projects. In this context, we ought to be surveying plots of land, especially those with locations that are different from those that used to be the most sought after, in the immediate surroundings of urban centres, as a backdrop to mixed projects. There’s no time to lose! The telework system that has garnered such popularity recently could be here to stay, not necessarily to the extent it’s currently in but certainly adapted to each institution’s strategy. This could lead to more people preferring homes that are not necessarily as central – relative to both cities themselves and head offices – as they once were. If I work from home and only go to the office once or twice a week, the respective surrounding areas will become attractive, presenting opportunities for housing developments to be built at prices that are more affordable to
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both the construction company and the user. For commercial spaces, street-side stores will be an interesting segment to explore, as the market moves to satisfy the demand originating from those who will move outside Portugal’s larger cities or prefer to avoid larger shopping. This will cause the value of and demand for local commerce to go up. From a product-focused perspective, opportunities will crop up, but they may only be viable if cautious strategies focused on the real needs of the market, whether domestic or foreign, are in place. As we know, a good portion of Portugal’s real estate market has also been built in recent years with reliance on foreign buyers and investors who have largely been supported by tax incentive programmes. Despite the fact that business is contracting worldwide with impacts at the investment level before a phase of economic recovery, Portugal, fortunately, will not lose its natural characteristics and attributes that have made it stand out from the crowd in the worlds of both tourism and real estate. As such, believing that investments will continue to be made – but with objectives that are more refined –will have to be the guiding principle for all those who operate in the market and want to prosper as a whole. We will have to work together with a positive attitude and environment. History tells us that there are always opportunities in moments of crisis and post-crisis and that there are also always those who seek them out. In Portugal and throughout the world, investment in real estate has always been a valid option that yields returns. We have to believe this and work to this end. Let us, then, turn the last page in this challenging chapter and rapidly begin a new one, ensuring we are stronger and more focused than ever on the essentials of each deal and the viability for all parties. And, in a quieter market, we will be on top of the mountain once again, riding out the ups and downs in our industry.
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North Winds
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Porto
Saber reinventar-se! Learning how to reinvent oneself!
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A notoriedade que a cidade alcançou internacionalmente vai permitir que aos poucos a sua actividade regresse ao que foi nos últimos anos. The notoriety this city has achieved around the globe will allow it to be abuzz with activity once again little by little over the next few years.
Texto Text: Elisabete Soares
A última década e, especialmente, os últimos dois anos foram de grande crescimento no imobiliário no Porto, que se alastrou aos concelhos vizinhos. A começar pela hotelaria e alojamento local, sobretudo no centro da cidade, pelo aumento significativo de edifícios novos destinados a escritórios, e também, aos mais de uma dúzia de empreendimentos, mas de grande dimensão, destinados a residências universitárias. Também os projectos de habitação começaram a aparecer em grande força, alguns deles a pensar já num segmento médio de clientes. A notoriedade que o Porto conseguiu nos mercados internacionais permitiu que parte significativa dos investimentos feitos, ou em execução, seja assegurado por capitais estrangeiros, franceses, espanhóis, israelitas, brasileiros, destacando apenas alguns dos maiores grupos ou fundos. Por isso, - e várias outras razões! -, as pessoas acreditam que o Porto vai regressar, aos poucos, ao que foi nos últimos anos, embora reconheçam que é necessário que entidades públicas e privados também dêem o seu contributo para contrariar a quebra na actividade imobiliária, provocada pelo período de pandemia. “Estamos na altura de alguma reinvenção, mantendo sempre a matriz que trouxe ao Porto o sucesso, com vários prémios de Melhor Destino”, destaca Daniel Oliveira, gestor de Projectos Imobiliários, do Grupo Nelson Quintas. “Acredito que os pontos atractivos
da região não foram significativamente alterados e como tal o interesse e apetite do típico perfil de investidor será retomado a curto prazo”, frisa o gestor. José Carvalho, CEO do grupo Omega - que actua na área de projectos de engenharia, fiscalização e gestão de empreendimentos -, está optimista. “O sector residencial continua a ser uma aposta segura, desde que o financiamento esteja assegurado”, diz. Quanto “ao sector dos serviços, poderá sofrer adaptações de conceito, face ao previsível aumento do teletrabalho e o sector do turismo regressará, mas calmamente”, destaca.
Empresários não baixam os braços
Luís Castro Fernandes, arquitecto, destaca o facto de durante os meses de pandemia “as solicitações em relação aos projectos” não terem parado. Sobretudo, no caso dos projectos de remodelação e construção de moradias, mas também nos projectos destinados ao alojamento local. Mesmo, no caso de remodelação de unidades industriais - segmento onde a retoma a actividade se perspectiva mais demorada -, há empresários que se recusam a parar, afirma Castro Fernandes. Daniel Oliveira - que lidera o conjunto de investimentos do grupo Nelson Quintas, na área residencial, hoteleira e de escritórios em fase de desenvolvimento na cidade do Porto e concelhos vizinhos -, acrescenta, que “os
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novos residentes que procuram habitação já começam a ter alternativas, pois vários empreendimentos estão em fase de conclusão, já que a maior parte das obras não parou durante o período do Estado de Emergência”. José Carvalho confirma que a actividade do grupo em matéria de serviços, manteve-se a bom nível, quase sempre em teletrabalho. Contudo, “as frentes de trabalho em obra não abrandaram, tendo-se registado uma natural quebra na área comercial”.
O papel dos municípios e entidades públicas
A opinião que prevalece é que as iniciativas levadas a cabo pela autarquia portuense vão no bom sentido e são já vários os exem-
plos que mostram essa situação. A começar pela “reconversão de alojamento local para arrendamento de média duração (situação perfeitamente reversível em um a dois anos), o que irá também ajudar no imediato a resolver o problema da disponibilidade de habitação”, lembra Daniel Oliveira, sobre uma iniciativa em que o Porto avançou de imediato quando foi visível a quebra na procura turística. Luís Castro Fernandes, recorda que esta reconversão não teria tão bons resultados não fosse o facto de nos últimos anos o executivo camarário, liderado por Rui Moreira, não tivesse obrigado que a aprovação do alojamento local estivesse condicionada “às medidas legais de habitação”. Facto que per-
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mite adaptar, para habitação, os estabelecimentos já existentes e os projectos em fase de aprovação. “A acção dos municípios é, nesta fase, preponderante, destaca Daniel Oliveira. Acrescentando, também, “a desburocratização de processos e a captação institucional de investidores, quer com campanhas quer com incentivos concretos”. Seria essencial, no entanto, “ir mais longe, integrando também legislação nacional para redução de encargos a quem quer efectivamente investir, no que à carga fiscal e outros impactos directos dizem respeito”, acrescenta o gestor do grupo Nelson Quintas. Para o responsável do grupo Omega, “a alteração profunda dos procedimentos admi-
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nistrativos de licenciamento e afins, o IVA reduzido para 6% e reactivação dos incentivos fiscais para atrair investimento estrangeiro e nacional”, são medidas que considera essenciais nesta fase da retoma. Over the last decade and the last two years in particular, Porto has seen enormous growth in its real estate market, even extending to neighbouring municipalities. Everything began with the hospitality industry and local lodging (especially in the centre of the city) and later expanded into a significant increase in the number of newly constructed office buildings. More than a dozen other large-scale projects designed to house university students followed, and housing projects – some of which were designed
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Em que ficamos? Where we are now
with the middle class in mind – also started to appear in force. The notoriety that Porto has achieved in international markets has translated into a great deal of foreign capital from such countries as France, Spain, Israel, and Brazil (just to name a few of the places that some of the largest groups and funds are from!) being invested in the city. This and a number of other reasons are why people believe Porto will gradually return to what it was in recent years, although they do recognise that private and public entities will need to make their respective contributions in order to counteract the drop in real estate activity caused by the pandemic. “We’re at a point where we’re seeing things be reinvented while keeping true to the overall mould that brought Porto such success and its various “Best Destination” awards,” says Daniel Oliveira, Manager of Real Estate Projects for the Nelson Quintas Group.“ I believe that the reasons why this region was so attractive have not changed in any significant fashion, so the interest and appetite of your typical investor will come back in the short term,” Oliveira explains. José Carvalho, CEO of the Omega Group which works on engineering and inspection projects and also provides project management services, is optimistic. “The residential sector continues to be a safe bet, since the financing is secured,” he says. With regard to the “service industry, it may undergo some conceptual adaptations given the predictable rise in telework. The tourism sector will also bounce back, but this will happen slowly,” Carvalho explains.
Business as usual?
Architect Luís Castro Fernandes highlights the fact that, over the months that the pandemic has been running its course, “project-related requests” have not stopped, especially for home remodelling and home construction projects as well as for local lodging projects. Fernandes also says that there are even businesspeople interested in remodelling industrial facilities who refuse to stop – despite the fact that this is a sector whose activity is expected to take longer to resume. Oliveira, who leads the Nelson Quintas Group’s residential, hospitality, and office investments in Porto and the surrounding areas, adds that “new residents who are looking for housing are already beginning to have alternatives, as a number of projects
are reaching their respective conclusions thanks to the fact that most construction work continued on during the State of Emergency.” Carvalho confirms that the Omega Group has remained relatively busy with its services-related activities, which are now almost exclusively conducted via telecommuting. “Work at the construction sites has not slowed down, although there has been a natural slump in the commercial segment.”
The role of local governments and public agencies
The prevailing opinion is that the initiatives that Porto’s local government has being working on are headed in the right direction, and there are now a good number of examples of this. One such example is the “reconversion of local lodging into places that can be rented out in the medium term, which can then be easily reversed in one to two years. This will also help remedy the housing availability issue almost immediately,” Oliveira explains when talking about an initiative Porto took up immediately when it was clear that there was going to be a slump in demand from tourists. Fernandes says that these reconversion projects would not be as successful as they have been if, in the last few years, the city council’s executive leadership, led by Rui Moreira, had not made the approval of local lodging contingent upon their following of “legal housing measures.”This requirement allows existing establishments and projects in the process of being approved to be converted into housing. “The local governments’ actions in this regard have been absolutely pivotal here,” Oliveira says. He also adds that “de-bureaucratising procedures and institutional interest in attracting investors whether that be through advertising campaigns or concrete incentives” have also been important. Nelson Quintas Group’s Oliveira also argues, however, that it will be essential “to go even further, crafting national legislation that reduces tax-related and other burdens imposed on those who want to invest effectively.” For Omega’s Carvalho, “profound changes to permit-related and other administrative procedures, reducing the VAT to 6%, and reactivating fiscal incentives that will attract domestic and international investment” are measures he believes are essential at this stage of the recovery.
Bola p’ra a frente
Moving the ball forward A Associação da Hotelaria de Portugal mostrou-se muito satisfeita com o anúncio, pela UEFA, da realização da “Final 8” da Liga dos Campeões na capital portuguesa. Será bom para o turismo. Também a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou: “Não há motivos” para que a realização da fase final da prova “possa sofrer alterações” devido ao surto de Covid-19 na Área Metropolitana de Lisboa (AML). O que é certo é que na AML, Julho vai ser passado em confinamento e Agosto logo se verá. Aliás, já há países, como o Reino Unido, que estão a ponderar excluir Portugal da lista dos destinos seguros. Uma questão impõe-se: Será prudente? The Hospitality Association of Portugal expressed its deep satisfaction with the Union of European Football Associations (UEFA)’s announcment that the “Final 8” of the Champions League will be held in the Portuguese capital. It will be good for tourism. Health Minister Marta Temido states that “there are no reasons” why the final phase of the competition should have to “undergo [any] changes” due to the COVID-19 outbreak in the Metropolitan Area of Lisbon (AML). What is certain is that, in the AML, July will be spent in lockdown, while what happens in August remains to be seen. In fact, some countries such as the United Kingdom are thinking about excluding Portugal from their lists of safe destinations. One question, though: will it be prudent?
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Lá fora Reino Unido Abroad United Kingdom
Roberto Varandas
A influência do design The influence of design
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
O tema da presente edição é focado no design de interiores. Tenho que admitir que quando a nossa encantadora directora me informou do tema, pensei para mim – “O que é que eu percebo de design e decoração de interiores?”. Muito embora me tenha oferecido a liberdade de escolher outro tema, decidi aceitar o desafio e estudar um pouco deste cada vez mais importante aspecto do imobiliário. A minha preferência pessoal está na função de design. Vale a pena, em primeiro lugar, distinguir os conceitos de design de interiores com a decoração de interiores. Muitos associam o design de interiores com aquelas personagens extravagantes dos filmes com gostos muito particulares sobre tecidos, papel de parede e almofadas. Os decoradores obviamente lidam com a decoração propriamente dita – mobiliário, cores, pinturas, bric-a-brac – e tentam coordenar as cores, os padrões e as tonalidades, de uma forma mais ou menos consistente, de modo a tornar um espaço atractivo para os seus clientes e, a maior partes das vezes, atractivo para os seus convidados. Os decoradores de interiores mais terra-a-terra trabalham a decoração de escritórios e espaços de retalho. O design de interiores está uma fase a montante da decoração de interiores, muitas vezes condicionando a própria arquitectura. O design de interiores trabalha os materiais, os layouts, a luz, a ventilação e está condicionada com a estrutura, a ergonomia e regulamentos. O design de interiores tem influência no modo como trabalhamos, como compramos e como vivemos, e representa hoje, uma indústria de USD 120 mil milhões. O que mudou no mundo do design de interiores é a vasta quantidade de materiais e técnicas de construção disponíveis aos designers em todo o mundo. Muita desta escolha se deve à procura de soluções mais económicas, mas preocupações ambientais e a simples troca de ideias e métodos – em suma a globalização, permitiu aos designers de interiores inspirarem-
-se numa fonte comum de ideias, tanto as tradicionais como inovadoras. A presente situação coloca uma interessante alteração para os designers de interiores na medida que o distanciamento social é tido em conta no design de escritórios e lojas e o trabalho a partir de casa se torna trivial. Já podemos observar nas lojas a obrigação dos clientes circular em determinada direcção e esperar com a devida distância nas caixas mas será que vamos ver semelhantes medidas para separar grupos nos edifícios de escritórios e até residenciais? Daqui a 50 anos prevejo os arquitectos do futuro a questiona o porquê de certos espaços terem sido criados ou configurado de modo a permitir o distanciamento social em 2020. Talvez termos como “o canto do Covid”, “o corredor do coronavírus” ou “a sala do Zoom” sejam marcos do design no presente período. Ou talvez não. Há, no entanto, duas tendências em dois diferentes sectores que penso que irão se manter e até acelerar a sua tendência, devido às questões de saúde pública que enfrentamos: • Os escritórios tornar-se-ão mais fluidos; os escritórios em casa serão cada mais uma necessidade, especialmente em zonas com predominantemente trabalhadores do conhecimento, e os espaços de co-working serão ainda mais flexíveis de modo a acomodar a maior mobilidade dos seus utilizadores. • O retalho, incluindo a restauração, e a logística de proximidade, levados pela preferência dos consumidores pelo comércio electrónico e as entregas em casa, levarão a uma amálgama destes vários tipos de imóveis à medida que a procura e o preço relativo destes espaços se cruzam. Já vemos o fenómeno das “cozinhas escuras” – dark kitchens e a utilização de espaço, mal-amado diga-se, de retalho, utilizado para a logística, como pude referir em artigos anteriores nesta mesma publicação. Os designers terão que ter em contas estas novas realidades do trabalho e da utilização do es-
Lá Fora
Abroad
paço, no entanto lembro as palavras do grande Sir Roger Scruton: “Se considerarmos apenas a utilidade, as coisas que construímos brevemente tornar-se-ão inúteis... ninguém as quererá utilizar”. The current issue is focused on interior design. I have to say that when our charming director informed me of the topic, I thought to myself – “What do I know about interior design and decoration?”. And while she kindly offered me an opt-out, I decided to rise to the challenge and familiarise myself with some of the finer details of this ever more important undertaking in the real estate world. My personal preference lies with the design function. I think first it is important to distinguish between interior design and interior decoration. Most people associate interior design with the flamboyant characters in the movies that have very particular tastes when it comes fabrics, wallpaper and throw pillows. Interior decorators obviously deal with the decoration – the choice of furniture, wall colours, paintings, bric-a-brac, and try to match patterns, textures and tones in a more or less cohesive fashion that will be appealing to their clients and, most times, more importantly, their guests. Obviously, more down-to-earth interior designers deal with office and retail fit-outs.
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Interior design is one stage before interior decoration, many times even influencing or conditioning the architecture of a building. Interior design deals with materials, layouts, light, airflow, and are conditioned by structure, ergonomics and building codes. Interior design influences how we work, live and shop and has grown to be a USD 120 bln. business globally. What has truly changed in the world of interior design is the sheer quantity of materials and construction techniques available to designers everywhere. Cost driven innovation is one of the vectors of this ample choice but environmental constraints and the exchange of ideas, methods - globalisation in sum, has allowed designers to draw on a pool of global ideas, both traditional and new. The present situation poses an interesting paradigm shift for designers everywhere as requirements for social distancing are incorporated in the design of offices, retail and home offices become the norm. We can already see how shops are forced to direct the circulation of their customers and allow for distancing when waiting at the tills but will we see similar measures taken to separate groups in offices or even in residential buildings? In 50 years, we might very well see architects questioning why certain spaces were created or configured to accommodate social distancing back in 2020. Maybe terms like the “Covid corner”, “Zoom room” or the “coronavirus corridor” will mark design of our present period. Or probably not. There are however a couple of trends in two different sectors that will continue and even accelerate due to the public health issues we are facing with the Covid crisis: • Office spaces will become more fluid – home offices will become the norm in white collar neighbourhoods and co-working will grow ever more flexible to accommodate the more mobile workers. • Retail, including hospitality, and last-mile logistics, driven by consumers’ preference for ecommerce, will morph into multi-function properties, as desirability and pricing for either type of property cross paths. We already see the dark kitchen phenomenon and retail space being taken over for use for logistics use, as mentioned in previous articles. Designers will need to incorporate these new work realities and uses of physical spaces but I would recall the words of Sir Roger Scruton: “If you consider only utility, the things you build will soon be useless... nobody wants to be in it.”
Sol e Lua Tourism
Grupo Vila Galé
Vila Galé Group
Nada como a natureza alentejana There’s nothing like the nature in the Alentejo
Sol e Lua Tourism
Se gosta de cavalos, do Alentejo profundo, da tranquilidade, do conforto e de ter um serviço hoteleiro de excelência encontrou o local ideal para as férias cá dentro. Reserve antes que esgote. If you like horses, the deep Alentejo, tranquility, comfort, and staying at a hotel with excellent service, this may be the perfect place to spend your holiday within Portugal’s borders. Book a reservation now before it fills up.
Texto Text: Carla Celestino
Espaço muito Lusitano
A Coudelaria de Alter Real insere-se num espaço fechado com cerca de 800 hectares. É a mais antiga e notável coudelaria portuguesa e, no mundo, a que mais tempo leva de funcionamento ininterruptamente no assento originário. Criada em 1748 pelo Rei D. João V. Dominando a política coudélica, estava a profunda convicção de que a identidade nacional e a caracterização plástica e artística da Picaria Real teriam de assentar na produção nacional de cavalos de sela, de Alta Escola. É ao Rei D. José I que, quase inteiramente, cabe o mérito da instalação e estruturação da Coudelaria de Alter. As edificações que integram a coudelaria possuem características arquitectónicas muito distintas. Por exemplo, uma antiga igreja, transformada em espaço de exposições/recepção (Casas Altas) onde se acede por escada exterior. A Casa D. João V, de finais do século XIX. As restantes, construídas durante o Estado Novo, correspondem ao Edifício Al Andaluz (antigo edifício administrativo), ao lindíssimo Picadeiro, à Enoteca, ao Lagar, à Casa dos Trens, à Galeria de Exposições e ao Solar Lusitano (antigo conjunto das Pocilgas), tendo
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sido alvo de recuperação desde 1998. Em 2013, a Coudelaria de Alter passa a ser gerida pela Companhia das Lezírias, tendo-lhe sido atribuída a preservação do património genético animal da raça lusitana e a preparação de cavalos para integrarem a Escola Portuguesa de Arte Equestre, A Coudelaria dispõe de uma eguada composta por 60 éguas de ventre, que são a base da produção equina. Aqui existem todas as valências ligadas ao cavalo puro-sangue Lusitano, desde o nascimento até à competição, com especial ênfase para: Unidade de neonatologia e reprodução; unidade clínica (clínica geral e ortopedia); laboratório de genética molecular; recria; e unidade desbaste, selecção e testagem Para além da componente desportiva, dispõe de um programa de visitação, que aborda a componente histórica, desde a sua criação até aos dias de hoje, com uma forte interacção com o dia-a-dia de uma coudelaria. Neste espaço é possível a prática de turismo equestre, nomeadamente, passeios de charrete, a cavalo, aulas e baptismos a cavalo.
Um “Collection” único para os turistas
Vencedor da concessão da Coudelaria de Al-
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ter do Chão no âmbito do programa Revive, a Vila Galé recuperou e reconverteu algumas partes do empreendimento – a casa de campo, as antigas cavalariças, o edifício administrativo e as antigas pocilgas -, transformando-as num hotel de quatro estrelas dedicado à temática equestre. Hotel com 77 quartos enquadrado no segmento “Collection”, que equivale a um hotel “4 Estrelas Superior”, dedicado à temática equestre, tem um restaurante – o Inevitável - com gastronomia regional, serviço buffet e carta, o Bar Dressage e um bar de piscina – o Bar Solar Lusitano e duas salas de reuniões. O hotel tem ainda um SPA com salas de massagem, ginásio, jacuzzi, sauna e banho turco e piscina interior, duas piscinas exteriores e uma piscina de crianças. A todas estas mais-valias acresce ainda uma Enoteca, um Lagar e um Museu de Falcoaria com cerca de 21 espécies de aves. O Vila Galé Collection Alter Real reúne, nas
palavras do presidente do grupo, Jorge Rebelo de Almeida, o melhor de dois mundos: “A aposta no interior do País e a recuperação de património histórico”.
A very Portuguese space
The Coudelaria de Alter Real (“Alter Real Stud Farm”) is located in a closed space of 800 hectares. It is the oldest and most notable stud farm in Portugal and the world and has operated the most time uninterruptedly from its original site. Created in 1748 by King D. João V, dominating stud farming politics at the time was the deeply held conviction that Portugal’s national identity and the artistic and plastic characterisation of Picaria Real would have to be based on the domestic production of saddle horses from Alta Escola. It is King D. José I who almost entirely deserves the credit for the founding of the Alter Stud Farm. The farm’s buildings have very unique archi-
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Nevão
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Snow
O sol da Caparica mesmo aqui à mão Ready for Caparica’s sun
A 6 de Junho, dia em que abriu a época balnear na sequência do plano de desconfinamento, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável anunciou que Portugal tem, em 2020, 68 praias com “zero poluição”, todas costeiras. Faltou na lista as águas balneares do interior. Mas numa altura em que existe quase um dossier com tantas regras para ir a banhos, semáforos e apps a consultar, será expectável pensar duas vezes antes de ir molhar o pezinho. Não é, pois, de estranhar que a procura pelo turismo em espaço rural ou hotéis de interior tenham esgotado estes alojamentos para o Verão. Mais vale prevenir… When Portugal’s beaches began to welcome back sunbathers on 6 June as part of the phased reopening plan, ZERO – a Sustainable Land System Association announcedthat, in 2029, 68 of Portugal’s beaches had “zero pollution,” all of which were coastal. The list did not include swimming areas in interior Portugal. But, at a time when there are so many rules to follow just to go to the beach, it’s understandable that people will think twice before going to get their feet wet. It’s not surprising, then, that the demand for tourism in rural areas and inland hotels has caused such establishments to completely sell out for the summer.Better safe than sorry…
tectural features. For example, there is an old church that was converted into a exhibition/ reception space (Casas Altas and is accessed via an outdoor staircase. The D. João V House was built at the end of the 19th century, and the other buildings were constructed during the Estado Novo regime. Such buildings include the Al Andaluz Building (a former administrative building), the beautiful Riding Arena, the Wine Cellar, the Olive Press, the Train House, the Exhibition Gallery, and the Lusitano Manor (a former set of pigsties) and have been the target of recovery work since 1998.
In 2013, Coudelaria de Alter entered under the management of the Lezírias Company, which was tasked with preserving the genetic heritage of the Lusitanian breed and preparing the horses to join the Portuguese School of Equestrian Arts. This horse farm has a herd composed of 60 breeding mares, which are the basis of the farm’s equine production. Here, we find everything is dedicated to preserving the heritage of the Lusitano thoroughbred horse, from birth to competition. The facilities feature a neonatology and reproduction unit; a clinical unit (general practice and orthopedics); a molecular ge-
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netics laboratory; and a thinning, selection, and testing unit. In addition to the sports component, it has a visitation programme, which explains the facility’s history from its creation to the present day, with a strong interaction with the day-to-day life of a stud farm. Here, visitors can practice equestrian tourism by going for horse-drawn carriage rides anx participating in horse-related lessons and horse baptisms.
A unique “Collection” for tourists
Winner of the Alter do Chão Stud Farm conces-
sion under the Revive program, Vila Galé restored and converted some parts of the farm such as the field house, the old stables, the administrative building, and the old pigsties, transforming them into a superior four-star hotel dedicated to the theme of equestrianism. This 77-room, equestrian-themed hotel is part of Vila Galé’s “Collection” designation and features a restaurant called the Inevitable (which serves regional cuisine and has buffet and menu service), its Dressage Bar, a pool bar called the Lusitano Manor Bar, and two meeting rooms.
The hotel also has a spa with massage rooms, a gym, jacuzzi, sauna, Turkish bath, and indoor pool, as well as two outdoor pools and a pool for children. In addition to all these amenities are the farm’s wine cellar, an olive press, and a Falconry Museum with about 21 species of birds. In the words of the hotel group’s president Jorge Rebelo de Almeida, the Vila Galé Collection Alter Real Hotel brings together the best of two worlds: “Dedication to inland Portugal and the recovery of a part of our historic heritage.”
Portugal
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O mais novo hotel Vila Galé The newest hotel Vila Galé
Acordar no vale glaciar adormecer com histórias e lendas Wake up in a glacier valley fall asleep with stories and legends
ra da Estrela é o local ideal para se estar em contacto com a Natureza, recuperar energias e desfrutar de um destino de excelência no Centro de Portugal.
O grupo Vila Galé anunciou a abertura do seu primeiro hotel de montanha, o Vila Galé Serra da Estrela, situado em Manteigas. Com um investimento de dez milhões de euros, gerou 40 postos de trabalho directos. Esta unidade de quatro estrelas inspirou-se nas tradições locais e, como o Grupo salienta, é dedicada aos “mitos, lendas, costumes e tradições da região serrana”. Instalado em pleno Vale Glaciar do Zêzere, está rodeado de verde e tem a localização ideal para desfrutar da natureza e fazer actividades ao ar livre. É também um bom ponto de partida para trechos de trekking ou hiking, para simples caminhadas ou para explorar a região Centro.
Com 91 quartos, 82 standard e nove familiares, este hotel de montanha possui o restaurante Inevitável e lobby bar, duas piscinas exteriores, uma para adultos e uma para crianças com escorregas, piscina de hidromassagem exterior, Satsanga Spa com piscina interior aquecida, sauna, banho turco, duche Vichy, ginásio e salas para tratamentos estéticos e massagens. Está ainda dotado de três salas para eventos, com capacidade para até 220 pessoas. A estes acresce o serviço de lavandaria, acessos para pessoas com mobilidade reduzida, acesso gratuito à internet via wi-fi e garagem. Localizado junto ao viveiro das trutas, na tranquilidade da montanha, o Vila Galé Ser-
The Vila Galé has announced the opening of its first mountain hotel: Vila Galé Serra da Estrela. Located in Manteigas, €10 million EUR were invested into the project, bringing 40 directly-related jobs to the area. This four-star hotel draws its inspiration from local traditions and, as the Group points out, is dedicated to the “myths, legends, customs, and traditions of the mountain region.” Set in the heart of the Zêzere Glacier Valley, the hotel is surrounded by greenery and is ideally located for enjoying nature and outdoor activities. It is also a good starting point for treks, hikes, or simple walks to explore the Centre region. With 91 rooms (82 of which are standard, while nine are for families), this mountain hotel features a restaurant dubbed Inevitable; a lobby bar; two outdoor swimming pools, one for adults and one with slides for children); an outdoor hot tub; and its Satsanga Spa, which itself boasts a heated indoor pool, sauna, Turkish bath, Vichy shower, gym, and rooms for a esthetic treatments and massages. It also has three event rooms that can host up to 220 people; a laundry service; accessible facilities for people with disabilities; free WiFi; and a garage. Situated next to the trout pond in the tranquility of the mountains, Vila Galé Serra da Estrela is the ideal place to be in contact with nature, recharge one’s batteries, and enjoy a magnificent destination in the Centre of Portugal.
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Começou mal este Verão This summer has started poorly O agravamento de Covid-19 em 19 freguesias da Grande Lisboa, por um lado, e o afastamento do ministro Mário Centeno, por outro, fazem adivinhar tempos muito cinzentos. A pandemia tarda em desaparecer nas zonas mais pobres da grande metrópole lisboeta. E a nível do Governo, está a caminho da prateleira do Banco de Portugal o mais competente ministro das finanças da democracia. Por que será?
Ilustração Illustration: José Laranjeira
Foto Photo: Anabela Loureiro
The surge of COVID-19 cases in 19 civil parishes in Greater Lisbon on one hand and the resignation of former Finance Minister Mário Centeno on the other are enough to make one forecast dark times ahead. The pandemic is taking longer to disappear in the poorer areas of the greater metropolis of Lisbon. As for the Government, the most competent finance minister this democracy has seen is on his way to head the Bank of Portugal. Why could that be?
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