4 minute read

Luiz A. Moncau 47 e

Next Article
Jane Barreto 41 e

Jane Barreto 41 e

foto: Publicado por Elane Souza Advocacia & Consultoria Jurídica JusBrasil difícil processo de reeducação da sociedade é que medidas punitivas seriam aplicáveis. As pessoas muitas vezes praticam ações incorretas por hábito e/ou desconhecimento. Elas podem entender que precisam mudar (serem “educadas”), mas não se sentem culpadas. Qualquer pessoa (principalmente crianças) que é acusada de algo pelo qual não sente culpa fica revoltada e tende a reagir. Nesses casos, a atribuição de culpa tem efeito contrário ao desejado. Daí a importância da educação ao invés da punição. Diz o Global Report da OMS: “As intervenções educacionais para reduzir o preconceito de idade devem ser incluídas em todos os níveis e tipos de educação, da escola primária à universidade e em contextos educacionais formais e não formais. As atividades educacionais ajudam a aumentar a empatia, dissipar conceitos errôneos sobre grupos de diferentes idades e reduzir o preconceito e a discriminação, fornecendo informações precisas e exemplos contra estereótipos.” Destaco também a pouca atenção e consciência de um Ageísmo contra as crianças. Há uma tendência de tratarmos as crianças como um ser que ainda não é uma pessoa, como alguém que, quando crescer, será uma pessoa, terá direitos e responsabilidade. Está errado! A criança não pode ser proibida ou castigada por determinados comportamentos. Isso é discriminação! Antes temos que explicar para ela desde a mais tenra idade, por que algo é importante, por que ela deve agir de forma diferente. E, principalmente, temos que ouvir seus argumentos e posições. Ela merece respeito, tem direitos, é uma pessoa. Janusz Korczak foi um dos pioneiros de uma nova visão da educação na primeira metade do século XX.

“Korczak pregava o respeito aos menores e criticava o que chamava de “tirania dos adultos”. “As crianças não vão tornar-se pessoas no futuro porque já são pessoas” (https://www.conib. org.br/glossario/janusz-korczak/).

Advertisement

Enfatizo a importância de despertarmos a sociedade para os aspectos culturais e sociológicos que envolvem o Ageísmo em relação a crianças e idosos. A lei será útil e importante contra as situações consideradas criminosas. Mas nas discriminações praticadas de forma inconsciente, resultado de heranças culturais, é preciso um enorme trabalho de educação e conscientização. O desafio é enorme, tantas são as diferenças culturais em nosso país, em nossas cidades. Nesse sentido, aumenta a importância do esforço de todos e de cada um de nós. O Estado e as leis não vão dar conta dessa mudança. Luiz Arnaldo C. Moncau

PS.: Não encontrei em português o “Global Report on Ageism” da OMS. A versão em inglês pode ser encontrada no link a seguir: https://www.un.org/development/desa/dspd/2021/03/global-report-on-ageism/

Aprendizagem na 3ª idade Transformar sonhos em realidades

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

O que nos faz feliz? Esta é uma das perguntas mais complexas de se fazer e, ao mesmo tempo, uma das mais difíceis de responder, porque tudo pode nos fazer feliz ou, ao inverso e também verdadeiro, nada nos faz suficientemente felizes. Um otimista pode garantir que todos os momentos trazem em si, ocultas, gotas de felicidade bastando que se procure onde se encontra a fonte... Resposta simplista, que não deixa de apontar algo da realidade. Outros também se posicionam de forma pessimista e dizem que a felicidade é uma utopia, algo inalcançável e que passamos a vida nos iludindo ao pretender atingi-la. Independente da resposta que cada pessoa possa formular, o certo é que nós, seres humanos, buscamos ser felizes e traduzimos a felicidade de modos diferentes, de acordo com nossas vivências, anseios, nossa maturidade, a confiança que preservamos em nossos relacionamentos, com o que sabemos a nosso respeito – nosso autoconhecimento – nossa criatividade que nos mobiliza a sermos e nos sentirmos úteis, o sentimento de pertencer a um grupo, nossa sensibilidade e a inspiração que busca-

magazine 60+ #29 - Novembro/2021 - pág.49

O que te faz feliz?

O que te faz feliz?

Pinterest mos naquilo que é belo, a paz interior que se complementa com a harmonia exterior – e aí a felicidade é reconhecida como um tesouro, mesmo que chegue até nós por meio de pequenas e inúmeras parcelas. Digamos que a felicidade seja um estado de espírito regado por experiências diversas em que a satisfação de fazer algo que beneficie os outros e a nós mesmos utilizando nossos conhecimentos, dons, inteligência, empatia, sensibilidade e demais atributos que construímos se manifestam e contribuem para o engrandecimento do ser humano e da natureza. A vida nos surpreende a todo instante. Basta estarmos abertos para vivenciarmos as experiências com as quais nos deparamos ao longo de nossa existência sabendo que, por mais sofridas que possam ser, certamente resultarão em muitas aprendizagens a serem revertidas também para outras pessoas. Entre os anos 2000 e 2015 dediquei grande parte de meu tempo cuidando de quatro idosos, meus parentes próximos que, pela idade e comprometimento de sua saúde, necessitavam de ajuda constante. A apreensão que sentia em relação aos encaminhamentos a serem dados a cada um não conseguiu encobrir a satisfação de dedicar-lhes cuidados específicos e ver os resultados observando seus progressos. Essa experiência causou em mim um impacto muito grande não somente pelo fato da existência da ligação familiar que foi se tornando cada vez mais estreita e afetiva, mas principalmente pelo que pude vislumbrar como possibilidade de oferecer um trabalho psicopedagógico às pessoas com mais de sessenta anos, consideradas idosas. A partir daí comecei a fazer leituras, pesquisas e cursos que pudessem alicerçar um projeto de trabalho. Em maio de 2019 nasceu o blog da Feliz Idade, um espaço na internet onde me é possível falar sobre o processo de envelhecer, do cuidar e do ser cuidado, sobre as perdas, doenças, amizades, as

This article is from: