cado por Elane Souza Advocacia & Consultoria Jurídica JusBrasil
difícil processo de reeducação da sociedade é que medidas punitivas seriam aplicáveis. As pessoas muitas vezes praticam ações incorretas por hábito e/ou desconhecimento. Elas podem entender que precisam mudar (serem “educadas”), mas não se sentem culpadas. Qualquer pessoa (principalmente crianças) que é acusada de algo pelo qual não sente culpa fica revoltada e tende a reagir. Nesses casos, a atribuição de culpa tem efeito contrário ao desejado. Daí a importância da educação ao invés da punição. Diz o Global Report da OMS: “As intervenções educacionais para reduzir o preconceito de idade devem ser incluídas em todos os níveis e tipos de educação, da escola primária à universidade e em contextos educacionais formais e não formais. As atividades educacionais ajudam a aumentar a empatia, dissipar conceitos errôneos sobre grupos de diferentes idades e reduzir o preconceito e a discriminação, fornecendo informações precisas e exemplos contra estereótipos.” Destaco também a pouca atenção e consciência de um Ageísmo contra as crianças. Há uma tendência de tratarmos as crianças como um ser que ainda não é uma pessoa, como alguém que, quando crescer, será uma pessoa, terá direitos e responsabilidade. Está errado! A criança não pode ser proibida ou castigada por determinados comportamentos. Isso é discriminação! Antes temos que explicar para ela desde a mais tenra idade, por que algo é importante, por que ela deve agir de forma diferente. E, principalmente, temos que ouvir seus argumentos e posições. Ela merece respeito, tem direitos, é uma pessoa. Janusz Korczak foi um dos pioneiros de uma nova visão da educação na primeira metade do século XX. “Korczak pregava o respeito aos menores e criticava o que chamava de “tirania dos adultos”. “As crianças não vão tornar-se pessoas no futuro porque já são pessoas” (https://www.conib. org.br/glossario/janusz-korczak/). Enfatizo a importância de despertarmos a sociedade para os aspectos culturais e sociológicos que envolvem o Ageísmo em relação a crianças e idosos. A lei será útil e importante contra as situações consideradas criminosas. Mas nas discriminações praticadas de forma inconsciente, resultado de heranças culturais, é preciso um enorme trabalho de educação e conscientização. O desafio é enorme, tantas são as diferenças culturais em nosso país, em nossas cidades. Nesse sentido, aumenta a importância do esforço de todos e de cada um de nós. O Estado e as leis não vão dar conta dessa mudança. Luiz Arnaldo C. Moncau PS.: Não encontrei em português o “Global Report on Ageism” da OMS. A versão em inglês pode ser encontrada no link a seguir: https://www.un.org/development/desa/dspd/2021/03/global-report-on-ageism/
magazine 60+ #29 - Novembro/2021 - pág.48