Magazine 60+ #29

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60+

magazine

#29

Variedades - Cultura - Informações Ano III

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Formato A4 | internet livre

Novembro/2021 - #29

- Brasil - Portugal

Foto montagem: Governo Federal

Argentina

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Proteção de dados nos condomínios Páginas 28 a 30 A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


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Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial

seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista

Virginia Woolf (1882-1941) romancista inglesa e uma das principais escritoras do Movimento Modernista do século XX, disse uma vez: “Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial”. Essa semana passada li que o Prêmio Camões foi para Paulina Chiziane (66), primeira africana entre os vencedores. Mais tarde, vi uma entrevista de Paulina e ela dizia que foi uma enorme surpresa quando recebeu a correspondência sobre o prêmio que acabava de ganhar. Disse ainda que nunca escreveu para ser famosa ou para ganhar prêmio algum, sempre escreveu na tentativa de distrair pessoas e quem sabe, teria seus textos publicados mesmo após sua morte. Acho que todos nós e mais milhares de pessoas mundo afora, inclusive nós que fazemos juntos o Magazine 60+, não pensamos em grandes reconhecimentos. Dia desses, vendo alguma postagem do whatsapp de um dos grupos que participo deixei uma pergunta: para que servirá nossa revista daqui alguns anos? Um bom amigo, o Ary prontamente respondeu: “servirá para fazer páginas de livros, para conhecerem um pouco da história de nosso tempo, quais são nossos interesses nesses anos que vivemos, teorias e trabalhos de pós graduação”. Respostas como essas nos dão um enorme empurrão para seguir em frente. O intuito inicial foi sempre o de levar distração, cultura e informação para quem quer leia essas páginas. Todos amigos sabem que me trato de um câncer de mama e com isso escrevi desde o início do tratamento uma história/diário sobre tudo desde o começo da descoberta e isso se tornou um livro aberto na internet, também pensando em ajudar quem descobrisse essa doença rara em homens. Só esse mês dei 3 entrevistas e estava observando no relatório do ISSUU (aplicativo onde coloquei o livro) e descobri que já foi visto mais de 39 mil vezes. A meu ver é bastante gente e além disso ainda tem os que copiam e distribuem cópias. Muito legal ver que o Magazine também tem uma ótima visualização. Temos a certeza de que somos alguém nesse mundo. O Jornal New York Times trouxe uma matéria sobre o futuro e no final dela o colunista escreveu: ““Você precisa confiar que os pontos, de alguma maneira, se conectarão no seu futuro.” Boa leitura a todos!

Reprodução/Folha

A escritora Moçambicana, Paulina Chiziane

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60+

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Nosso time de Colunistas

Herodoto Barbeiro 4e5 Silvia Triboni 7 a 10 Sérgio Frug 11 e 12 Thais B. Lima 13 e 14 Sandra Schevinsky 15 a 17 Osvaldo B. de Moraes 19 a 20 Veterinária USP 21 e 22 Marisa da Camara 23 e 24 Maria Eugênia 26 e 27 Lawrence G. Nogueira (CAPA) 28 a 30 Norberto Worobeizyk 31 e 32 Laites Temple Vidal 33 e 34 Cidália Aguiar 35 e 36 Rosa Maria 37 a 40 Jane Barreto 41 e 42 Marcelo Conti 43 e 44 Marly de Souza 45 e 46 Luiz A. Moncau 47 e 48 Malu Navarro Gomes 49 a 51 Malu Alencar 52 e 53 Katia Brito 54 e 55 Fabio F. Sá 57 e 58 Laerte Temple 59 e 60 Tony de Sousa 61 e 62 Lenildo Solano 63 e 64 Adenair Vazz 68 e 69 Márcia Lupia 70 a 72 Cida Castilho 75 e 76 Ebe Fabra 79 e 80 Noticias que rolaram no whatsapp 81 a 86

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


Crônicas do Brasil

Toma cá, dá lá Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Uma das armas para se conquistar a mídia é o direito de concessão dos canais de radiodifusão. Os detentores do poder logo aprendem que eles são um elemento importante na política do toma cá, dá lá. As mídias eletrônicas se tornam instrumentos eficazes para a consolidação das elites políticas regionais, uma vez que grande parte da população se informa através dela. A circulação de mídia impressa é maior nas grandes cidades, ainda assim, a diversidade de postura, pensamento e linha editorial é mínima. Sem dúvida é a televisão que constrói a agenda pública brasileira. Construir uma rede que alcance todo o Brasil, com a tecnologia atual, exige grandes investimentos e nem todos os empresários estão dispostos a bancar. Há um risco enorme de capital. Mas há uma imensa oportunidade no dial para rádios nas tecnologias AM e principalmente FM, que exigem muito menos investimentos, tem som melhor, cobertura mais eficaz na região e equipamentos mais baratos. Enfim a barganha das concessões sempre existiu, mas nunca atingiu os patamares do governo atual. A rigidez das regras para a renovação das concessões funciona como uma espada de Dâmocles sobre os proprietários que não tem acesso aos políticos e ao governo central. É outro instrumento poderoso de barganha no Congresso Nacional e pode mesmo ser vital para a aprovação dos projetos de interesse do presidente. Em uma única canetada é possível fechar um canal de tevê ou de rádio e imediatamente abrir uma concorrência para que um aliado político assuma o lugar. Isso quer dizer uma programação mais soft em relação ao governo, pouquíssimas ou nenhuma crítica ao governo central e abrir amplos espaços na programação para a propaganda oficial. É verdade que esta pode se tornar o sustentáculo econômico da empresa de radiodifusão. O início da expansão do rádio, na década de 1930, se dá sob o marco regulatório em que o estado concede à iniciativa privada a prestação deste serviço público. Daí para frente tudo é política e tentativa de domínio de parte da opinião pública. Cadeias nacionais de rádio e tevê tiveram papel importante nos momentos críticos da democracia brasileira. Também vem do período da ditadura de Vargas a pungente Voz do Brasil. A comunicação oficial da presidência da república busca inspiração para montar uma rede nacional de rádio, onde o chefe do executivo possa falar durante 5 minutos com a população que acorda para trabalhar. O modelo remonta ao período do presidente americano, pós crise de 1929, um programa noturno : Conversa ao Pé da Lareira. O democrata reúne a família para repetir à exaustão que a crise é passageira e que é preciso levantar a cabeça e prosseguir. Nasce no Brasil o Con-

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Foto: Sálvio Arantes

versa ao Pé do Rádio. O presidente José Sarney, toda as sextas-feiras, às 6 horas da manhã anuncia : “bom dia brasileiros e brasileiras.” A técnica é uma conversa ao pé do ouvido, com linguagem popular, irradiada desde o local onde estava o presidente, mesmo fora de Brasília. A comunicação é direta, sem intermediação dos jornalistas e com notícias propositadamente inéditas. Com isso todos são obrigados a ouvir e muitas vezes o que ele diz na sexta é manchete no jornal de sábado. Com uma ferramenta tão importante, Sarney quer ficar 5 anos no poder e não 4 como manda a lei. Precisa de votos do Congresso. Para consegui-los busca apoio dos políticos que têm rádios e um dia vão ter que renovar a concessão e muitos outros que querem também um canal no dial. Graças a esse toma cá, dá lá Sarney ficou 5 anos no poder e foi substituído por Collor.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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teremos uma página no facebook enquanto isso, peça seu exemplar em pdf pelo email: contihq@hotmail.com

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Mudança de Hábito

11 dicas para encontrar um emprego nos seus 50+ Fotos enviadas pela colunista Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Podem parecer desnecessárias para alguns, entretanto, para muitos de nós maturis, toda a colaboração, orientação e informações úteis que nos ajudem na procura, e conquista de um emprego há de ser muito bem recebida. Concorda? Por isso, espero que estas “11 dicas para encontrar um emprego nos seus 50+” possam agregar algum conhecimento, ou estimulá-la(o) a aprimorar as suas atuais técnicas. Encontrei estas dicas no site Restless.com.eu, uma plataforma bem interessante e útil para os interesses do público sênior, pois abrange de saúde, emprego a relacionamentos. Vale a pena consultá-la. A parte mais difícil é começar. Encontrar um trabalho hoje em dia não tem sido nada fácil, principalmente para as pessoas com mais idade, a significar que a busca pelo novo emprego é um desafio que nos exige preparo e dedicação para que seja bem sucedida. Tenha a certeza que concentrar-se nas coisas certas e abordar as tarefas sugerias de maneira positiva, e organizada, pode fazer uma enorme diferença em seu progresso e perspectiva. Vamos lá! 1. Decida o que você deseja de sua nova função Antes de decidir a se candidatar a um novo emprego, certifique-se de pensar muito sobre o que você espera ganhar com uma nova oportunidade. “Pode parecer óbvio, mas às vezes escrever o que você deseja em um pedaço de papel pode ser uma maneira muito útil de esclarecer seu

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pensamento.” 2. Lembre-se de sua rede de conhecidos Quando você está pensando em um novo emprego, vale a pena usar todas as suas conexões por dois motivos: O primeiro é que, pensando em todas as pessoas que você conhece, você será capaz de pensar sobre o que eles fazem. Você já olhou para a carreira de um amigo e se imaginou no emprego dele? Nesse caso, talvez seja a hora de ligar para ele e pedir conselhos sobre como começar. A outra razão para aproveitar ao máximo suas conexões é que você pode ter amigos ou parentes que conhecem pessoas relevantes no setor em que você deseja entrar e podem apresentar você a elas. Podem, inclusive, apresentar uma recomendação sobre você que poderá agilizar o processo de inscrição, ou, até mesmo, a marcação de uma entrevista. Algumas pessoas pensam que networking é algo difícil, algo que não as deixam confortáveis, mas realmente não há nada a temer. Em seu nível mais básico, o networking é simplesmente conectar-se com outras pessoas. E uma ótima maneira de começar é com pessoas que você já conhece. 3. Inscreva-se em sites de empregos Depois de ter uma ideia clara sobre o que deseja de um cargo, vale a pena navegar em sites de empregos. Ajuda a você ver o quão longe você está disposto a ir, pois poderá ver oportunidades sobre as quais nem pensava antes. Se houver muitos empregos atraentes, mas nenhum em sua área no momento, é válido se inscrever no site para receber alertas de emprego. Comece navegando no site da Maturi para ver quais vagas estão disponíveis para o seu perfil. 4. Renove o seu currículo

Foto: divulgação

“A primeira coisa que você deve fazer depois de considerar que tipo de trabalho deseja é desenterrar o seu antigo currículo. Ou, se você não tem mais um (ou nunca teve um), agora é a hora de escrever um. Tendo mais de 50 anos, você provavelmente terá anos de habilidades e experiência que poderia incluir em seu currículo. Mas, em vez de tentar incluir tudo e sobrecarregar os empregadores em potencial, seja seletivo e use um resumo pessoal conciso para realmente destacar seus pontos fortes. Pense no emprego para o qual você está se candidatando e quais habilidades ou experiências você tem que podem ser úteis nesta nova função.” “Você deve sempre destacar suas habilidades e realizações tanto quanto possível, porque isso permitirá que os futuros empregadores saibam o que você tem potencial para fazer pela empresa deles.” 5. Crie um perfil no LinkedIn Se já faz um tempo que você não está no mercado à procura de um emprego, então você pode ainda não estar ciente da importância de um perfil no LinkedIn ao procurar um emprego.

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O LinkedIn é a ferramenta de mídia social definitiva para profissionais de todas as idades que desejam se manter conectados às últimas oportunidades de emprego e informações. É uma prática comum os empregadores pesquisarem seu perfil no LinkedIn após receberem seu currículo ou formulário de emprego, para tentar descobrir mais sobre você. “Eles podem querer ver se você está atualizado com a tecnologia, e ver se você pode usar confortavelmente as mídias sociais. Ou eles também podem querer ver o quão bem você está conectado em sua área, examinando sua lista de conexões. Qualquer que seja o motivo dos empregadores para procurá-lo no LinkedIn, a primeira etapa é certificar-se de que você realmente configurou um perfil de aparência profissional e a segunda é maximizá-lo tanto quanto possível para mostrar suas habilidades e experiência.” Dicas da Rest Less sobre como usar o LinkedIn 6. Escreva uma carta de apresentação Não anexar uma carta de apresentação em sua candidatura é uma grande oportunidade perdida de se destacar e demonstrar que você é um candidato sério. “Uma carta de apresentação é sua oportunidade de deixar sua personalidade brilhar e explicar tudo o que seu currículo não explica. Por exemplo, se você tem lacunas no emprego, sua carta de apresentação é o lugar para explicar por que e o que você estava fazendo neste período. Não importa quais sejam seus motivos para as lacunas de emprego, sempre tente destacar os pontos positivos, por exemplo, se você foi forçado a fazer uma pausa devido a uma lesão ou doença, pode falar sobre a resiliência que desenvolveu como resultado.” 7. Acompanhe as suas inscrições Depois de começar a se candidatar a empregos, acompanhe todas as suas candidaturas, por exemplo, a data em que você se inscreveu, o cargo e os detalhes de contato do recrutador ou da empresa. Manter-se organizado ajudará você a manter a cabeça fria, e, também mostrará o progresso que você está fazendo em sua busca. Cada vez que você obtiver uma resposta ou entrevista, anote; dessa forma, será mais fácil acompanhar sua comunicação com cada empregador e garantir que nada escape. “Se você não receber uma resposta de um empregador depois de uma semana ou mais, é sempre melhor ligar ou enviar um e-mail para saber o status de sua inscrição. Mesmo que sua aplicação não tenha sido bem-sucedida, sempre peça feedback para saber o que pode melhorar na próxima vez.” 8. Prepare-se bem para a entrevista Se você receber um telefonema ou e-mail de um empregador convidando-o para uma entrevista, certamente você se sentirá empolgado e nervoso quanto ao resultado do encontro. A melhor maneira de você se sair bem na entrevista é se preparar o máximo possível para ela. Pesquise tudo o que puder sobre a empresa e cargo pleiteado, e procure demonstrar este conhecimento.

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“É uma prática recomendada aprender o máximo possível sobre a empresa e a função, enquanto pensa no que você pode oferecer a eles e onde gostaria de estar em cinco anos.” 9. Conheça seus direitos Ao longo de sua busca de emprego, é importante certificar-se de que você conhece os seus direitos trabalhistas, lembrando que nenhuma empresa está legalmente autorizada a afastá-lo de uma função de trabalho com base na sua idade. Conhecimento é poder, então certifique-se de obter o máximo de informações possível. 10. Seja o seu maior torcedor Sua procura de emprego pode durar algum tempo, mas o mais importante a lembrar é que o emprego certo chegará se você permanecer positivo e continuar se lembrando do quanto você tem a oferecer. Será apenas uma questão de tempo até que um empregador também veja isso. “Os empregadores são atraídos por pessoas que parecem autoconfiantes, portanto, se você quiser que os outros acreditem em você, é melhor começar acreditando em si mesmo.” 11. Considere as alternativas A procura por um emprego é um momento perfeito para pensar sobre o que você realmente quer da vida. “Se sua busca por emprego está demorando mais do que você Foto: Pixabay gostaria, é importante não ficar desanimado. Concentrar seu tempo e energia em outras paixões e interesses durante a sua pesquisa pode ser uma maneira poderosa de se manter motivado. Este pode ser um ótimo momento para reacender a paixão por um antigo hobby, experimentar algum voluntariado ou simplesmente se dedicar mais aos amigos e família.” Estas 11 dicas para encontrar um emprego nos seus 50+ são só alguns toques que poderão ajudar você na procura de emprego. O importante é a dedicação e a sua positividade em acreditar que você será bem sucedida(o). E, se tiver alguma outra dica que gostaria de compartilhar, escreva para mim para que eu possa incluí-la nesta lista. Muito obrigada!

Fundadora do projeto Across Seven Seas, Repórter 60+ e Deputy Ambassador na Ageing2.0 Lisbon www.acrosssevenseas.com Linkedin: Silvia Triboni Instagram - @across_seven_seas

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Cultura Geral

Mãe Terra Pai Céu Sergio Frug

Seduzidos pela serpente, Adão e Eva experimentam a primeira queda. Em meio à fúria, o primeiro filho inaugura o homicídio, matando o próprio irmão. Convocado pela voz divina e instado a matar o filho, Abrahão é salvo pela fé. Ou teria sido pela loucura? Ainda assim o trauma de Isaac se perpetua. Apoiado pela mãe, Jacó ilude seu pai, o mesmo Isaac já traumatizado. E mais uma vez passa para trás o próprio irmão. Em meio a atos de grande violência os filhos de Jacó cumprem o destino de procriar e disseminar a semente abrahmita. Um deles, José, vendido (outra vez) pelos próprios irmãos, alcança o Egito, onde se dedica a desenvolver o povo que um dia seria reconduzido por Moisés às terras de onde viera. O mesmo Moisés, já assassino por conta da ira, recebe novamente a convocação divina e cumpre o seu papel, não sem antes quebrar as Tábuas da Lei em novo ataque de ira. David se torna um rei poderoso e admirado, cuja descendência, porém, não deixa de ter uma origem adúltera. Até aqui quem se preocupou realmente com a Humanidade? Que Lei será esta que é infringida pelos próprios patriarcas? Que caminho se oferece para desenvolvermos a conduta adequa-

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Foto: Superinteressante

da? Os filhos da terra aprendem gemendo, se é que um dia aprenderemos. Da linhagem de David nasce Jesus já perseguido. E ao tornar-se Cristo pelo menos dá o exemplo. Oferece a “outra” face e abre as portas para o Espírito da Verdade. De Jesus, aparentemente, não se pode dizer nada, mas os que o representam atualmente são aqueles que conhecemos... Da semente de Abrahão também Ismael desenvolve a sua linhagem, passando por Maomé e chegando aos dias de hoje de forma bastante belicosa, mas destes não sei o suficiente. A Estrela de David tem seis pontas: três para a Terra e três para o Céu. Pai Filho Espírito Santo. Eu Tu Ele. Nós Vós Eles. Do outro lado do mundo Brahma, Vishnu e Shiva constituem a Trindade Oriental. Enquanto os joelhos de Buda formam uma nova tríade com seu chacra frontal. Urano, Netuno e Plutão ao serem descobertas apresentam suas verdades. O primeiro se opõe ao Sol e exacerba o individualismo do Ego, ao mesmo tempo em que abre as portas da Comum-Idade. Netuno se propõe a dissolver o próprio Ego, porém não sem experiências extremamente dolorosas, enquanto por outro lado dissemina a Consciência Cósmica e o Amor Universal. Finalmente Plutão, o “não-planeta”, completa o triângulo e é implacável em sua imposição da Verdade. Também não reluta em oferecer poder a quem de fato se alinha a seu lado, não se furtando ao caminho pré-traçado. Que origem será essa desta nossa Humanidade? Que extremas violências cósmicas terão que se transformar em força evolutiva e produtiva até que o nosso mundo finalmente possa se apascentar? Aos trancos e barrancos segue o planeta. E nós viajamos nele!

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Benefícios

Combate ao idadismo nas empresas Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

IDADISMO, você conhece essa palavra? Talvez muitas pessoas não saibam o significado desse conceito, mas possivelmente já presenciaram, praticaram ou sofreram situações nas quais esse termo estava presente, sem ao menos dar-se conta de que determinadas atitudes expressavam um tipo de preconceito. A palavra idadismo é uma adaptação para o português da expressão em inglês ageism, e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), refere-se a pensamentos, sentimentos, ações e comportamentos, exepressados através de estereótipos, preconceitos e discriminação relacionados a idade. Uma das razões que contribui com o fortalecimento de práticas idadistas é o fato de que a sociedade tende a destacar os efeitos vistos como negativos, resultados do envelhecimento de parte dos idosos, e minimizar os ganhos desse processo. Para algumas pessoas, ao refletir sobre o envelhecimento e a velhice, pensam automaticamente em doenças, mau humor e problemas de memória. Como se essas características fizessem parte da vida de todas as pessoas que envelhecem, o que não é verdade. Embora muitos idosos apresentem essas condições de vida e saúde, existem aqueles que são saudáveis, tendo inclusive uma saúde melhor do que a de muitos jovens. Anteriormente nós dissemos que a sociedade costuma minimizar os ganhos do processo de envelhecimento, mas afinal, quais seriam esses ganhos? É claro que alguns aspectos são relativos e dependem do ponto de vista de cada indivíduo. Mas aqui destacamos um ganho em específico: a experiência de vida relacionada à atuação profissional. Algumas empresas, ao buscarem novos colaboradores para contribuírem com a instituição, procuram por profissionais que tenham experiência na área, que sejam criativos, flexíveis e dinâmicos, associando essas características a uma pessoa jovem. Essa atitude idadista dificulta o acesso de pessoas maduras ao mercado de trabalho, quando muitas vezes elas podem ser a chave para as demandas existentes na empresa. Pesquisadores da Universidade Salgado de Oliveira em par-

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Foto


o: metodosupera.com.br

ceria com pesquisadores da Universidade de Brasília, investigaram a presença de ageismo (idadismo), no contexto empresarial de diferentes setores. Os resultados demonstraram que pessoas mais jovens apresentam mais atitudes negativas relacionadas ao envelhecimento, quando comparadas com os mais velhos. Em contrapartida, as pessoas idosas demonstraram mais atitudes positivas em comparação com as mais jovens. Nesse estudo, as atitudes negativas dizem respeito a julgamentos sobre questões de saúde física e cognitiva, como “O envelhecimento afeta a produtividade dos trabalhadores”. As atitudes positivas, por sua vez, referem-se a aspectos afetivos, como “Trabalhadores mais velhos são mais capazes de lidar com pressões do trabalho”. Esses resultados ilustram o quão presente é o idadismo no contexto empresarial. Uma pessoa que trilhou um longo percurso, possivelmente conhece os melhores atalhos, os caminhos mais perigosos, o tempo e o lugar mais adequados para descansar ou para acelerar a caminhada e o que deve ou não ser transportado na bagagem. Para obter esses conhecimentos, essa pessoa precisou se arriscar, errar para aprender e recomeçar algumas vezes, fortalecendo a capacidade de resiliência, a flexibilidade e a criatividade para enfrentar os desafios. Desta forma, por que não dar a oportunidade para que pessoas com 40, 50, 60, 70 anos ou mais sigam atuando profissionalmente e colaborando com pessoas de outras faixas etárias, que possuem outras habilidades e competências, que somadas com as experiências dos mais velhos, podem suprir as necessidades empresariais? Convidamos você a refletir sobre sobre quais ações seriam necessárias para o combate ao idadismo na sociedade e deixamos aqui algumas sugestões que podem favorecer o combate ao idadismo nas empresas: - Realizar campanhas de conscientização da discriminação etária; - Contratar profissionais maduros para compor o quadro de colaboradores; - Incentivar a realização de atividades por grupos compostos por pessoas de diferentes faixas etárias, estimulando a relação entre diferentes gerações. E você, o que mais gostaria de incluir nessa lista? Bibliografias consultadas França, L. H. F. P. Ageismo no contexto organizacional: a percepção de trabalhadores brasileiros. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2017, v. 20, n. 6, p. 765-777. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/198122562017020.170052>. Acesso em 19 out. 2021. Fundação Instituto de Administração. Idadismo: o que é, principais estereótipos e como combater, 10 de maio de 2021. Disponível em:<https://fia.com.br/blog/ idadismo/>. Acesso em 18 out. 2021. World Health Organization. Global report on ageism, 2021. Disponível em:https:// www.who.int/publications/m/item/summary-slides-global-report-on-ageism>. Acesso em 18 out. 2021.

Texto escrito por: Gabriela dos Santos Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

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Divã

Afetos que colorem as experiências Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Peço licença poética ao querido leitor, para relatar as experiências que tive nas minhas férias. Aliás, tal relato foi sugestão da querida amiga Marli Watanabe, assídua leitora da Magazine 60 +. Tenho a sensação que o Covid 19 trouxe sentimentos que não imaginávamos que teríamos, como ainda, situações de grande sofrimento. A família Schewinsky foi assolada pela morte do querido Leonel (meu tio) e além de sua perda ficou um buraco negro nas almas daqueles que não puderam dele se despedir e abraçar seus familiares. Observei desde março a dor silenciosa de meu pai pela perda de seu único irmão e pelo fato de lhe ser roubado o direito da despedida, coloquei-me como objetivo levá-lo para fechar esse ciclo e ainda realizar seus desejos de conhecer alguns lugares. Obviamente como tudo que nos gera ansiedade, começam os percalços, minha mãe adoece, ele fica com gripe e assim sucessivos entraves para meu desespero, mas como diz o ditado “Deus é mais” e a viagem saiu. Saímos de São Paulo dia 11/09/2021, meu pai dirigiu todo o tempo, o que comprovou minha tese da importância desta viagem para ele. Chegar em Jaraguá do Sul sem ter o Leonel nos esperando no portão, como era seu costume, foi muito doloroso. Meus pais viveram todas as emoções que não foram possíveis antes e eu pude reviver novamente o privilégio que estar junto dos entes amados nos piores momentos. Estar junto de minha tia (Judete), primos (Alexandre, Gustavo e Jucélia), e da querida caçula da família a Vitória não foi só um abraço físico, mas sim um acalento para o coração. No dia seguinte fomos ao cemitério para darmos prosseguimento ao ritual indispensável. Meu pai falou que depois de rezar e chorar no tumulo do irmão, finalmente dormiu uma noite em paz. Deleto leitor, veja como é fundamental para a saúde psíquica das pessoas a possibilidade de vivenciar o luto, acalmar a alma e encontrar aqueles que são queridos.

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Foto


os: enviadas pela colunista

Tivemos a alegria de receber a visita dos queridos primos Cynthia e Amauri, onde falamos sobre tudo, o que passamos e como estávamos, mas um encontro caloroso não pode ficar sem momentos descontraídos para nos reabastecer! Dia 13 de setembro pegamos a estrada, a Judete nos presenteou indo junto nas viagens, primeiro no Café Colonial Fluss Haus, em que podemos relembrar sabores da infância, principalmente com a sopa de galinha, que era marca registrada da gastronomia do Vó Hilda! Rumamos para Termas do Gravatal, brinco que colocar os velhos de molho ajuda a aguentar o tranco! Em Termas minha tia demostrou sua força e garra, pois sofreu uma queda e mesmo com dores nos braços não se entregou e não deixou o fato ofuscar sua contemplação dos lugares visitados. Caro leitor você sabia que temos uma Cidade chamada Nova Veneza com gondola, casas de pedras e gastronomia italiana deliciosa? Como ainda o Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio em que os fiéis propagam suas benções recebidas pela Santa. Rezei muito também, pois chovia torrencialmente o que inviabilizaria subir a famosa Serra do Rio Rastro, cheia de encantos em sua sinuosidade, mas dia 18 de setembro amanheceu de sol radiante e realizado o sonho de meu pai filmar a tão bela estrada e seus mirantes audaciosos. Chegamos na cidade de Bom Jardim da Serra e ficamos na Pousada Expedicionário Encantos da Serra, em que a proprietária Beth, em verdade, abre sua casa e coração para receber seus hospedes e entrar para a família, a sensação é que viajamos no tempo e nos deparamos com porcelanas e cristais de valor inestimável. Pesquisei muito os pontos turísticos, mas a beleza do Cânion do Funil, supera qualquer imaginação: Isso aqui é Brasil! Temos ainda o Cânion da Ronda, das Laranjeiras e estradas maravilhosas. Querido leitor, conheça Bom Jardim da Serra. Urubici não é menos incrível, com cachoeiras (Avencal, Véu de Noiva, Papuã e outras), mirantes (Morro da igreja, Pedra Furada, Morro do Parente, Morro Campestre e Altos do Corvo Branco), Cânion Espraiado e a Serra do Corvo Branco. Tudo sempre regado com muito vinho, Baco ficaria com inveja de nós! Retornamos para Jaraguá do Sul repletos de encantamentos, foi ótimo ficar mais um tempo com a família e ter a inocência querida da Vivi tão pertinho! Nossa maratona finda em São Bento do Sul, em que fomos recebidos com todo o afeto pela Cleide, Admir e Gabi, ainda visitados pela Mirna, Salete, Alisson e namorada! Indescritível a amabilidade e esforço para que tudo seja perfeito, por parte de meus amados primos, sem palavras para agradecer tamanho desvelo! Cuidei durante toda a viagem de meus pais para que não houvesse nenhum problema, mas minha mãe, em um momento em que não estava por perto, em sua saçaricação, caiu e quebrou a mão direita (eita véia teimosa!!!!). Querido leitor, preciso registrar que essa foi uma viagem emblemática, sendo que o bônus superou sobremaneira o ônus das quedas tanto da Judete como de minha mãe. Passamos por

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paisagens estonteantes, fechamos ciclos e nos recarregamos com o maior combustível da vida: AFETO!!! Queria concluir dizendo que viajar com idosos é correr riscos, se não estivermos dispostos a enfrentar desafios, eles ficarão sempre isolados e sem as beneficies das trocas afetivas que dão o colorido para nossa existência! Agradeço a acolhida amorosa que tivemos em todos os lugares, bem como, pela torcida daqueles que não viajaram junto. Com muito amor! Sandra Schewinsky

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Antropologia

Cultura Celta Osvaldo B. de Moraes Historiador

Os primeiros povos civilizados que se tem notícia na Europa foram os celtas, por volta de 4000 a.C. A civilização celta possuía uma cultura homogênea, embora espalhada em vários povos, multiplicados em um conjunto de tribos fixados por toda a Europa Central (Alemanha, Holanda, Dinamarca, Bélgica, França, Inglaterra) e atingindo mesmo a atual Turquia. As tribos eram formadas por agregação familiares que possuíam em comum aspectos culturais, religiosos e idiomas. Isto nos permite intuir uma considerável diversidade entre as tribos. A estratificação social era hierarquizada em quatro grandes grupos: os druidas, os nobres, os guerreiros, que se assemelhavam aos homens livres e finalmente os escravos. As atividades governamentais pertenciam ao rei, que era escolhidos entre os nobres e os guerreiros. Contudo o grupo mais importante e influente na sociedade celta eram os druidas que possuíam diferentes procedimentos, sendo os principais o acúmulo de conhecimento da tribo, a elaboração e aplicação das leis, incluindo, se preciso, contra o próprio rei e principalmente a condução dos rituais religiosos. Toda a cultura céltica era oral por não possuírem escrita. Assim o conhecimento dos druidas no âmbito religioso, jurídico e filosófico era repassado para as novas gerações por oralidade. Os homens livres se ocupavam do trabalho braçal, principalmente na agricultura e na pecuária. A última categoria na base da sociedade pertencia aos escravos, obtidos como prisioneiros de guerra e auxiliavam no trabalho dos agricultores.

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Ilustração repres

Fonte: imgur


sentando Druida Celta

r.com - divulgação

O comércio para os celtas tinha como base o escambo, principalmente como produtos os metais, como bronze, ferro e estanho, além de cerâmica e escravos. As moedas só surgiram só por volta do século III a.C. na Gália. As famílias nobres compravam produtos considerados de luxo, como vinho, tecidos, joias, ouro, prata e cerâmica. A antiga religião celta era de caráter politeísta, dualista (masculino e feminino), naturalista (respeitando a natureza e suas mudanças) e com forte respeito a magia. Seus rituais incluíam até sacrifícios humanos para que o sangue derramado fortificasse a terra e como tinham forte apego a natureza eram realizados ao ar livre. Como acreditavam na reencarnação, deixavam nos túmulos dos falecidos vários itens de uso pessoal, principalmente símbolos religiosos. Embora possuíssem vários deuses em comum, cada tribo possuía seus próprios deuses. Os celtas deixaram legados para as gerações futuras, como o manuseio do ferro e da metalurgia além do idioma, onde ainda hoje pessoas usam essa língua. Alguns aspectos da mitologia e da religião celta ainda se encontram retratados em algumas religiões neopagãs como a Wicca e o Neodruidismo. Considerados por muitos como magos e bruxos, a filosofia dos druidas era fundamentada nos princípios do amor e da sabedoria. Eles adoravam a natureza e estavam sempre em busca do equilíbrio com ela. O druidismo passou a ser considerado como uma filosofia de vida. O treinamento para se tornar um senhor de barba branca, vestido de túnica e sandálias de couro poderia levar até quatro anos. Eram encarregados de aconselhamento e ensino e de orientações jurídicas e filosóficas além de responsáveis pelos ritos religiosos. Segundo termos galeses e bretões, druida significa “aquele que tem a sabedoria do carvalho”. Os druidas deixaram como legado um poço considerado como água sagrada que corre até hoje subterraneamente na cripta da Catedral de Chartres. Assim, não é difícil imaginar certa identificação com os cristãos que decidiram erigir uma catedral portentosa acima desse local e a sacralidade desse poço no mesmo local

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Papo Animal

O perigo das “saidinhas” dos gatos Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Como sabemos, os gatos são animais de hábitos crepusculares e dotados de grande inteligência e curiosidade, características que influenciam nossa percepção sobre suas necessidades. Associamos as “saidinhas” de casa a um bom grau de bem-estar para a espécie mas pouco refletimos sobre o custo dessa liberdade, em termos de expectativa de vida, especialmente, de vida saudável. Os passeios sem supervisão deixam o animal exposto aos perigos existentes nas ruas, que não são poucos, certo? Para começar, existe o risco de ele se machucar em briga com outros animais ou em acidentes, como o atropelamento, que são os principais motivos de atendimento veterinário de emergência a gatos. Quando não são fatais, podem deixar sequelas importantes que podem comprometer sua qualidade de vida, especialmente se ele não conseguir retornar ao seu tutor. Além disso, o animal pode se perder ou ser vítima da crueldade, da indiferença ou da inação dos seres humanos. Envenenamento, paulada, tiro de chumbinho, água fervente e outras agressões são exemplos do que pode ocorrer com os animais num passeio não monitorado; essas agressões são ainda mais comuns com gatos pretos e, principalmente, quando eles têm a infelicidade de serem avistados na combinação da sexta-feira com o dia 13, devido à superstição popular de que eles trazem azar, quando só o que trazem é amor, carinho e, às vezes, alguns presentinhos! A experiência de se perder ou de se ver em perigo, mesmo que não resulte em dano físico aparente, pode comprometer a qualidade de vida futura do animal, gerando traumas que podem causar estresse quando tiver que sair, por exemplo, para uma consulta ao veterinário. Os passeios aumentam o risco de exposição a doenças transmissíveis e essa é mais uma razão para que sempre ocorram sob supervisão. São muitas as doenças transmissíveis mas vamos citar a leucemia viral

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Foto: Petz

felina (FelV), a imunodeficiência felina (Fiv) e a peritonite infecciosa felina (PIF), doenças virais que podem ser transmitidas pela mordida e não têm cura, cujo tratamento é para a vida toda, e a esporotricose, uma micose zoonótica transmitida através de arranhões e mordidas, cujo tratamento é caro e prolongado, embora eficaz. A escolha por citar essas doenças é para relacionar a inocente saidinha, encarada como uma promoção ao bem-estar animal, à sua antítese, o abandono. O alto custo do tratamento e os cuidados prolongados exigidos por essas doenças têm sido relacionados ao abandono de gatos. Já falamos sobre os perigos das “saidinhas”, mas como manter os gatinhos em casa? Fica mais fácil se o animal for castrado (para mais informações, leia a coluna publicada na edição passada) e se as portas, janelas e portões estiverem com telas apropriadas. Mas enriquecer o ambiente considerando o comportamento natural dos gatos é importante para mantê-lo ativo, seguro, tranquilo e saudável. Disponibilizar nichos e prateleiras nas paredes dá ao animal a oportunidade de manter uma visão ampla do ambiente, o que lhe traz segurança e tranquilidade; arranhadores com alturas médias promovem o exercício, reduzem o estresse, divertem e ajudam no desgaste das unhas; túneis e tocas servem de esconderijos e estimulam o instinto de exploração; disponibilizar o alimento em comedouros com textura/ labirintos e esconder petiscos em artefatos estimulam a atenção e o esforço para a obtenção do alimento, atendendo o instinto de caça; brinquedos simulam a caça e estimulam o exercício físico, desestressam e provocam bem-estar. Além disso, passeios monitorados para explorar cheiros e texturas podem ser bem estimulantes para a curiosidade dos bichanos, sempre usando guias com ajuste no peito, nunca no pescoço; lembre-se, não deixe seu gatinho sair de casa sem supervisão, muita coisa ruim pode acontecer a ele. Texto escrito por Vitor Hoffman Macedo com a colaboração de Rachel Befi Goulart, Gabriela Cristina de Oliveira Santos, Larissa Silva Santos, Natayane do Vale Torquato, Loren D’ Aprile e Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário. Para sugestões ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@gmail.com. Nos siga nas redes sociais: Instagram: @projetosantuariousp e Facebook: Projeto Santuário - FMVZ USP. Ficaremos muito felizes em ter vocês conosco!

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A vida como ela é

Libertação de sofrimentos Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista

Que máquina incrível é o corpo humano! Recentemente, descobriram que o intestino é nosso segundo cérebro e muito, ainda, está sendo descoberto sobre o coração humano. Tudo isso é fascinante! A impressão que eu tenho é que a intercomunicação de nossos órgãos é maior do que se imagina. Enquanto a ciência pesquisa esse fantástico universo, fantasio que cada órgão do corpo tem seu cérebro e seu coração e que, assim sendo, cada sentimento nosso é capaz de impactar a energia de um órgão específico. Nossos pensamentos nos levam a uma vida leve ou pesada (independente dos problemas reais que tenhamos). Quem de nós não conhece pessoas com uma vida problemática, porém com pensamentos positivos e de admirável fé e esperança? O inverso também é verdadeiro. O pensamento nos transporta para lugares que queremos ou conseguimos estar. Se agitado e situado no futuro pode nos acarretar ansiedade. Se situado no passado, podemos ficar tristes, incompletos e depressivos. Quanto mais despertos e inteiros no momento presente, mais felizes estamos. Estar ‘inteiro’ em cada atividade do dia, no aqui e agora, com total consciência, nos

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O homem vitruviano - Leonard Museu do Louvr


faz viver a vida com mais intensidade, ainda que o momento seja de dor da alma. Penso que muito do mecanismo de bem-estar e saúde deve transitar entre o medo e a coragem. (Medo de nossos diversos monstros e coragem para desvendá-los e/ou enfrentá-los). Sinto que o mais difícil é o processo de reconhecer os ‘monstros’ que nos assombram e nos fazem criar padrões de atuação, que são verdadeiros anestésicos para dor ou medo, que porém sabotam nossa felicidade plena. Podemos passar uma vida toda fugindo de monstros desconhecidos, assustadores, nos pautando em padrões anestésicos de ações, sem conquistar a libertação de nossos sofrimentos. A receita mágica? - Não há uma receita que seja mágica, fácil ou única, globalizada. O processo de busca é individual, intenso, com métodos que se adequem a cada pessoa. Da terapia psicanalítica, terapia artística e outras linhas, tratamentos naturais com homeopatia, florais, óleos essenciais, radiônica, equilíbrio dos chakras, assim como também a yoga, meditação, leituras diversas e fé divina, cada qual tem seu valor para o auto-conhecimento, ainda que tudo junto e misturado. O importante é buscar encontrar o ‘monstro’, compreender o padrão anestésico utilizado e mudá-lo, antes que ele se solidifique em nosso corpo. A tarefa é árdua e intensa. Só uma boa alimentação e exercícios físicos não nos garantem saúde e felicidade plenas. Vamos munir-nos de muita coragem, arregaçar as mangas e caminhar em busca da libertação de nossos sofrimentos. Avante!

do da Vinci - 1498 - Bico de pena re - Paris - França

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ANUNCIE COM A GENTE PREÇO BAIXO E UM GRANDE ALCANCE

Seja um doador mantenedor da nossa revista; entre em contato com Manoel Carlos por telefone ou whatsapp (11) 9.8890.6403 seu nome terá um agradecimento (ou não caso prefira) e um destaque na próxima edição

60+

magazine

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orgulho60+

A velhice interior Maria Eugenia de Souza Meireles

Foto: enviada pela colunista

É comum ouvirmos frases como “resgatar sua criança interior” ou “entrar em contato com a sua criança interior”, mas nunca se fala sobre entrar em contato com “sua velha ou o seu velho interior”, não é mesmo? É muito positivo mantermos, após a maturidade, sentimentos e características que são associadas à infância como a curiosidade, a imaginação criativa, a capacidade de brincar e ver a felicidade em coisas simples. Mas é igualmente importante mantermos o contato com “nossa(o) velha(o) interior”; afinal, ao envelhecer, temos acumuladas em nós todas as fases da vida, um patrimônio interno grandioso que muitas vezes não é valorizado, nem pela sociedade e nem por nós mesmos. Entrarmos contato com a nossa experiência de vida, com os conhecimentos acumulados e capacidades adquiridas, com os obstáculos superados, e até mesmo com os sonhos almejados e expectativas de futuro, pode ajudar na autoestima e autoconfiança, e até mesmo a enxergar o envelhecimento como uma conquista, um privilégio, um motivo de orgulho. Este é um dos propósitos do projeto “VELHAS BONITONAS” de Maria Seruya, uma portuguesa de 41 anos, com quem tive um bate-papo em meu canal do Youtube.

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Maria se define como uma artista motivacional, tem graduação em Design Visual, Pós-Graduação em PsicoGerontologia e, desde 2016, dedica-se ao tema do envelhecimento feminino. Ela procura inspirar mulheres de 30 a 130 anos de idade (como ela diz), a superarem o medo de envelhecer e a pensarem no envelhecimento de uma forma positiva e poderosa. E faz isto através de sua arte, criando desenhos de mulheres velhas anônimas, imaginárias e cativantes, que impressionam não só pela beleza, mas também pela força e autenticidade, que inspiram para o empoderamento feminino. Faz parte de seu projeto o “RETRATO DE ALMA”, onde são criadas pinturas de “Velhas Bonitonas”, feitas de forma individualizada especialmente para cada mulher, envolvendo-as no processo criativo e, desta maneira, motivando-as a entrarem em contato com a sua “velha interior”, a sua alma, modificando assim a forma como elas veem o seu próprio envelhecimento, fazendo com que sintam-se bem consigo mesmas. Em nossa conversa Maria falou sobre seu trabalho e sobre os produtos com significado que surgiram neste seu projeto, como um vinho reserva com a marca “AS VELHAS” e as máscaras protetivas “VELHAS BONITONAS” . Vale a pena assistir nosso bate-papo e conhecer Maria Seruya, que nos inspira a se ter orgulho em envelhecer. Em nosso canal YouTube.com/Orgulho60mais. Mídias da Maria Seruya : Instagram e Facebook @velhasbonitonas E-mail: orgulho60mais@gmail.com | Site: www.orgulho60mais.com.br Facebook e Instagram: @orgulho60mais | Canal:Youtube.com/orgulho60mais

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção.

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Condominio

Proteção de dados nos condomínios Lawrence Gomes Nogueira Advogado sócio da Advocacia Aurichio Sindico morador e Sindico Profissional

Como os síndicos e administradoras devem implementar políticas de proteção e privacidade de dados nos condomínios. A Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) mais conhecida como LGPD, foi sancionada pelo Presidente Michel Temer em 14/08/2018 com início das sanções em agosto/2020 e dispõe sobre o tratamento de dados pessoais nos meios físicos e digitais, por pessoa natural ou pessoa jurídica e visa proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. A nossa Legislação se espelhou na regulamentação denominada General Data Protection Regulation ou “GDPR” (regulamento 2016/679) que regula o tratamento e proteção de dados pessoais na Europa. Desde o final da Segunda guerra mundial, os países europeus têm implantado leis que visam a proteção do indivíduo e de seus dados pessoais, evoluindo até o ano de 1995 quando foi publicada a diretiva 95/46 da EU com a proteção de dados pessoais, que posteriormente foi convertida em regulamento a GDPR. Na América do Sul, países como Argentina, Uruguai, Colômbia e Chile possuem legislação mais antiga do que a nossa, iniciando a política de proteção de dados desde 1999. Portanto, a cultura de proteção de dados é muito mais consolidada na Europa e entre os países da América do Sul no que no Brasil, que somente agora com a LGPD tem sua primeira legislação especifica para essa proteção de dados pessoais. De acordo com o artigo 3º da Lei 13.709/18, a lei deverá ser aplicada a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, incluindo os condomínios. Os Condomínios, tanto residencial quanto comercial, coletam e tratam inúmeros dados pessoais dos condôminos, dos visitantes, fornecedores e colaboradores. Dentre os dados tratados temos: nome, número do CPF, impressão digital, impressão facial, gravações de áudio e vídeo, cópias dos documentos e veículos, entre outros. Desta forma, não há dúvidas que o Condomínio, tem a responsabilidade de implantar medidas que evitem os vazamentos de dados de seus condôminos e funcionários, inclusive de seus prestadores de serviços (administradora, Limpeza, Portaria, segurança, CFTV, etc...). DADOS PESSOAIS E DADOS SENSÍVEIS

E o que são dados pessoais afinal?

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De acordo com o artigo 5º, I da Lei, DADOS são quaisquer informações que permitam identificar uma pessoa ou torna-la identificável, isto é, toda e qualquer informação que sozinha ou conjuntamente pode identificar uma pessoa, como por exemplo: Nome; Endereço; Telefone; e-mail RG; CPF; CNH; Placa de veículo, enfim, qualquer informação que possa identificar o titular de dados. Com a placa do seu veículo, por exemplo, pode-se chegar ao proprietário, seu CPF, seu endereço, tornando assim a pessoa identificável. A lei ainda identificou os denominados DADOS SENSÍVEIS que nada mais são que os dados pessoais que podem revelar sua origem racial ou étnica, opiniões políticas; convicções religiosas ou filosóficas; filiação sindical; orientação sexual, dados genéticos, dados biométricos e facial além dos dados de menores de idade, tais como: Biometria; Foto / vídeo / voz; Exames médicos; Partido Politico; Opção Religiosa. Assim, os dados sensíveis por expor ainda mais o titular de dados, devem ser ainda mais protegidos de acordo com a legislação vigente. AGENTES DA LGPD Quem são os agentes responsáveis pela aplicação da LGPD. De acordo com o artigo 5º da LGPD temos a definição de cada agente da cadeia de proteção de dados, dando exemplos para o caso de condomínio. TITULAR DE DADOS: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento (todos os moradores pessoas físicas) CONTROLADOR: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais (Condomínio) OPERADOR: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador (administradora) ENCARREGADO: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) (pode ser o síndico ou qualquer outra pessoa a ser contratada para este fim); ANPD: Órgão Federal que realiza a fiscalização e cumprimento da LGPD em todas as empresas DADOS COMPARTILHADOS NO CONDOMÍNIO Quais são os dados compartilhados no condomínio que podem expor os dados pessoais e dados sensíveis, são eles: Cadastro dos moradores que são repassados a administradora/banco para emissão de

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lawrencegnogueira@a


adv.oabsp.org.br

Foto: Pixabay

boletos de cobrança e acesso ao portal da administradora; Cadastro de biometria e foto para o sistema de segurança; Imagens de CFTV; Controle de correspondência; Cadastro de moradores; Livro de ocorrências; Controle de visitantes; Pastas de prestações de contas; contratos de funcionários e fornecedores. Assim, não há dúvidas que a falta de políticas internas de segurança e privacidade da informação do condomínio podem gerar vazamentos de dados que podem comprometer todo o condomínio com sanções e ações indenizatórias. Imagine a seguinte situação: é vazado que determinado morador é filiado a um partido político ou de uma determinada religião e este passa a ser perseguido pelos demais moradores por conta deste vazamento? Imagine o constrangimento e humilhação sofrida por este morador que teve seus dados vazados? Quais as responsabilidades civis e criminais do condomínio e as sanções que este pode sofrer por esta falta de proteção dos dados pessoais. Quem nunca recebeu um telefonema de uma empresa de telemarketing oferecendo produtos e serviços sem nunca ter tido qualquer contato com essa empresa??? Como ela conseguiu seus dados? Como devemos proceder? Estas e outras questões são protegidas pela LGPD, mostrando a importância da proteção de dados dentro e fora dos condomínios, criando assim uma cultura de proteção e privacidade de dados dos titulares. Toda semana há notícias nos telejornais e internet sobre vazamento de dados de grandes empresas pelo mundo, ficando claro que cada vez mais há a necessidade de investimentos neste sentido. Portanto, não há dúvidas que o condomínio por coletar e tratar dados deve estar preparando para o cumprimento da legislação vigente, para evitar sanções junto a Agência Nacional de Proteção de Dados “ANPD”, órgão federal responsável pela fiscalização além de possíveis indenizações para os titulares de dados que tiveram seus dados vazados. O síndico, como representante legal de um condomínio, é o responsável pela implementação e manutenção do programa de privacidade e proteção de dados pessoais, devendo adotar as medidas necessárias para a adequação do condomínio à LGPD, sendo que tais medidas além de evitar vazamentos e as sanções já mencionadas, demonstra a boa gestão e profissionalismo da administração. Você como morador de um condomínio, já verificou com o Síndico ou Administradora quais são as medidas de proteção de dados praticadas ou implantadas em seu condomínio, não deixe de exercer seu direito de titular de dados e exija a adequação a Legislação. Tem gostado da nossa coluna, alguma sugestão de tema? Não deixe de dar sua opinião.

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Caminhos da Argentina

Notre-Dame, dos años después del incendio, su futuro ya está tomando forma Norberto Worobeizyk

Dos años han pasado ya desde el incendio que asoló la catedral de Notre-Dame de París y dejó en vilo a toda Francia en la noche del 15 al 16 de abril de 2019. Aquella noche, los corazones de los franceses latieron al unísono Una imagen que el mundo no ha olvidado. El lunes 15 de abril de 2019, poco antes de las 19h, empezaron a circular las primeras imágenes de Notre-Dame de París en llamas. El mundo entero, en estado de shock, creía asistir a la desaparición del santuario más célebre de Francia. Por fortuna, el heroísmo de los bomberos, apoyados por la ferviente oración de los fieles, logró poner fin a las llamas. Al amanecer, Notre-Dame estaba gravemente dañada, pero a salvo. Dos años han pasado ya desde este dramático incendio, dos años marcados por momentos intensos de alegría e incertidumbre, pero también la esperanza se ha hecho un hueco en el corazón de los franceses. Da fe de ello el orgulloso aspecto de Notre-Dame de París que, día tras días, sana sus heridas con una rapidez increíble, a pesar de la doble limitación ligada al plomo y a la crisis sanitaria. Este resultado lo debemos a la entrega de todos los equipos sobre el terreno que, desde el día siguiente al incendio, se han puesto manos a la obra para reforzar la catedral de Notre-Dame. Se lo debemos también a todos los generosos donantes de Francia y del mundo entero que han contribuido, cada uno a la altura de sus medios, en la reconstrucción de la

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catedral. Dos años desde el incendio, esta generosidad no se ha atenuado, como atestigua Christophe Rousselot, delegado general de la Fundación Notre-Dame: “Desde enero de 2021, hemos recibido 750 donaciones. Algunas son de donantes recurrentes”. Cabe destacar que muchos de ellos, casi más de la mitad, hacen donaciones a un fondo específico, el “Fondo de la catedral de París”, destinado exclusivamente a la renovación interior de la catedral, que sigue siendo ante todo un santuario.

Dois anos se passaram desde o incêndio que devastou a catedral de Notre-Dame de Paris e deixou toda a França em suspense na noite de 15 a 16 de abril de 2019. Naquela noite, o coração dos franceses bateu em uníssono Uma imagem que o mundo não esqueceu. Na segunda-feira, 15 de abril de 2019, pouco antes das 19h, começaram a circular as primeiras imagens de Notre-Dame de Paris em chamas. O mundo inteiro, em estado de choque, acreditou estar testemunhando o desaparecimento do santuário mais famoso da França. Felizmente, o heroísmo dos bombeiros, apoiado nas fervorosas orações dos fiéis, conseguiu acabar com as chamas. Ao amanhecer, Notre-Dame estava gravemente danificada, mas segura. Já se passaram dois anos desde este incêndio dramático, dois anos marcados por intensos momentos de alegria e incerteza, mas a esperança também abriu um buraco no coração dos franceses. É o que prova o orgulhoso aparecimento de Notre-Dame de Paris, que dia após dia cura as suas feridas com incrível rapidez, apesar da dupla limitação ligada ao chumbo e à crise de saúde. Devemos este resultado à entrega de todas as equipas no terreno que, desde o dia seguinte ao incêndio, se puseram a trabalhar no reforço da Catedral de Notre-Dame. Devemo-lo também a todos os doadores generosos em França e em todo o mundo que contribuíram, cada um ao nível dos seus meios, para a reconstrução da catedral. Dois anos depois do incêndio, essa generosidade não dimiFoto: Blog do colunista nuiu, como atesta Christophe Rousselot, delegado geral da Fundação Notre-Dame: “Desde janeiro de 2021, recebemos 750 doações. Alguns são de doadores recorrentes ”. Refira-se que muitos deles, quase mais da metade, fazem donativos a um fundo específico, o “Fundo da Catedral de Paris”, destinado exclusivamente à renovação do interior da catedral, que permanece essencialmente um santuário. Leia mais em

reddebuenasnoticias.com

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Variações in VIVO

Sala de estar Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta

Foram alguns dias de visitas. Muita gente boa, todos boa gente. Gente que cresceu, gente que trouxe gente nova no pedaço, que ficou doente, que operou, que sarou, que nasceu, que ganhou, que perdeu, que se perdeu, que se encontrou, que se formou na escola, que casou, que não quer casar, gente que está aprendendo a dançar, a costurar, que não mais usa fraldas, que não sabe se muda de profissão, que quer adotar uma criança, que emagreceu muito, que veio de longe, que dorme pouco, que estuda muito, que faz esportes radicais, gente alegre, gente com dúvidas, que não gosta de dirigir, mais falantes e menos falantes, carecas e cabeludos, que mudou de casa, que vai mudar de cidade, gente que ajuda gente, uns que comem de tudo, outros com restrições alimentares, gente que fala vários idiomas, que faz piada, que se emociona, que vem com presentes e memórias, que leva lembranças e mais memórias. Era uma gente tão naturalmente real que a gente quase estava esquecendo que existe gente assim. Aos primeiros dias, quão logo um prenúncio sinalizou que uma possível trégua se anunciaria frente a pandemia, com todos finalmente vacinados por aqui e alguns já na terceira dose, precisou um bebê de cinco meses de vida atravessar o oceano, de norte a sul, para atrair gente amiga. Dos amigos da vizinhança aos amigos da escola distante, amigos pessoais, amigos íntimos, amigos da família inteira, pai, mãe, avós, tios, primos, sobrinhos e agregados. Na prosa toda, não teve política, nem religião, nem futebol, zero reclamação, só exclamação! E, pasme, também não teve fundo musical. Mesmo esse convescote tendo acontecido numa casa de músicos, a única sonoridade melódica ocorrente comtemplava uma enorme playlist de lullabies, cujas canções eram entoadas à capela, em pianíssimo, praticadas por alguns poucos apaixonados cantores amadores que se revezavam, ora e outra, balançando o ilustre

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foto: visite bebemamae.com

anfitrião no colo, tentando fazer naninha, no cantinho. Por mais que seja bacana de se fazer tocar uma vitrola em uma reunião dessas, ninguém sentiu a ausência de som ambiente eletronicamente amplificado. Tamanha estava a importância da conversação, nem se cogitou um ritmo ou estilo, muito menos este ou aquele gênero preferido. Esse conjunto de gente tinha como propósito só um naipe, o das vozes, apenas vozes, ecoavam vozes, uma a uma, em maioria no sotaque paulistano, aquele cantado como na Moóca, ou arrastado como os do interior paulista, tipo Piracicaba, ou em coro de alegres risadas, uníssonas, solos, duetos, diálogos sem fim. Todos desejavam falar, contar, ouvir, observar, apreciar, narrar, c o n v e r s a r. Em uma certa minissérie que versa sobre o início da vida humana, desde a espera do nascimento aos primeiros meses e anos sagrados da infância, numa dada plataforma de streaming, uma fala brada: “para cuidar de uma criança é preciso uma vila inteira”. Verdadeiramente, constatei isso com a chegada de meu primeiro neto. Nascido nos EUA em abril passado, morando atualmente no Canadá, veio passear no Brasil e conhecer alguns ilustres Brasileiros – essa gente aí do parágrafo no topo, gente top! E aqui, em terras da grande São Paulo, numa pequena vila conhecida como a casa da vovó, todos irrompemos na ousadia de sermos muito felizes por pouco mais de duas semanas, cronológicas na duração, eternas no coração; após tantos meses de carência não prevista num contrato, que aliás não fora assinado, leonino, que se nos apresentou a todos, e de modo implícito impõe cuidados radicais para quem quer ficar de bem com a Vida. Nessa toada, recheada de momentos mágicos as máscaras de medo, saudade, distanciamento, solidão às vezes, tristeza e insegurança, entre outras, caíram. No teatro da espontaneidade, sem mais suspense, o drama deu lugar à comédia de costumes, pois as pessoas gostam de conversar ao vivo, em pequenos grupos, se olhando com alguma proximidade afetuosa. Relembramos como é gostoso encontrar pessoas sem defesas armadas. Reunidos a partir de uma criança todos reviveram o poder do lúdico, preenchidos de ingenuidade autêntica que entra e sai da alma, provocando e conquistando belas relações interpessoais, resultando na possível, agradável e divertida paz pra todos. Na cozinha, no jardim, na varanda, no quintal, na sala. Em qualquer Sala de Estar Junto, é lá que prefiro estar.

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Caminhos de Portugal

Mais do que um pôr do sol Entre ocasos magníficos sobre a praia, celebridades cavalgando pelo areal, arrozais e histórias para contar, eis a Comporta. Cidália de Aguiar Bióloga, professora, repórter 60+

Foi na praia da Comporta que, no final do Verão, aguardamos ansiosamente pelo mítico pôr do sol que caracteriza este famoso areal. Rodeados pela calma e luminosidade única que alicia qualquer fotógrafo ou contemplativo, esperamos o desaparecimento do sol no horizonte e as expetativas foram superadas. Mar, sol, areia branca e biodiversidade As condições excecionais atraem atualmente muitos banhistas à Comporta, uma das praias que se estendem por muitos quilómetros, viradas para o Atlântico. Situa-se no litoral Alentejano, mais propriamente em Alcácer do Sal, concelho de Portugal. A norte encontra-se o estuário do rio Sado, rico em fauna e flora muito diversificada, contando mais de 200 espécies de aves. Inserida na Herdade da Comporta, temos, além da praia da Comporta, a do Carvalhal e a do Pego. Desde a temperatura e limpidez da água, à bandeira azul, às dunas selvagens e à extensão do areal branco e calmo, até às infraestruturas que a rodeiam, a Comporta, dantes privilégio de elites de poder económico, já se democratizou e internacionalizou. É por isto que se tornou um local de investimento imobiliário onde grandes projetos estão em andamento. Algumas celebridades já se apaixonaram por estas praias a perder de vista e adquiriram um “pedaço de paz” neste local paradisíaco. Foram conhecidas, entre outras, Madonna passeando a cavalo por estes lados, algo que é fácil concretizar, integrando um pas-

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Fotos: Cidália de Aguiar


seio através da empresa Cavalos na Areia, em percursos que percorrem os arrozais até à praia. Bares e restaurantes diversos e “charmosos” proporcionam experiências gastronómicas da culinária portuguesa a não perder. Como a Comporta possui muitas plantações de arroz em volta, uma das especialidades são pratos que o têm como base, além de marisco ou bacalhau. A alusão ao arroz e à sua história na região pode ser uma boa opção de visita – o Museu com o mesmo nome. Uma herdade com uma história A Herdade da Comporta conta uma história de oito séculos. Em 1172, pertenceu à Ordem Militar de Santiago e Espada, passando pelas mãos da coroa portuguesa e diversas empresas. Até aos anos 20 do século passado, não era local convidativo a férias e muito menos um paraíso, “constituída sobretudo por areais estéreis, terrenos pantanosos e muitos mosquitos” que causavam doenças e a morte de trabalhadores. Em 1925 a empresa britânica The Atlantic Company Limited desenvolveu a cultura do arroz. Em 1836 foi comprada pela Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado e mais tarde, em 1955, o banco Espírito Santo promoveu, além da cultura do arroz, vinhas, produtos hortícolas e a exploração do pinhão. Em 1975 foi nacionalizada, sendo devolvida à The Atlantic Company, Ltd. entre 1989 e 1991. Desde 2004, a designação social passa a Herdade da Comporta - Atividades Agro Silvícolas e Turísticas, S.A., “tendo por missão promover o desenvolvimento de um destino turístico de alta qualidade, sustentável, integrado numa propriedade agrícola que preserva o património ambiental e cultural, constituindo-se um modelo de referência na Europa”1.

A Comporta, inserida nos limites da Reserva Natural do Estuário do Sado, apenas a uma hora e meia da capital, Lisboa, com praias exibindo a Bandeira Azul da Europa, é dona de uma enorme beleza, dunas, areal, restaurantes e bares. Proporciona grandes aventuras, experiências gratificantes e é plena de história

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Falando em escrever

Raimundo Gadelha Rosa Maria Rodrigues Castello Consultora em Direitos Autorais

Para esta edição escolhi apresentar para vocês o meu amigo, editor, poeta e sensível ser humano Raimundo Gadelha. Raimundo é poeta, fotógrafo. Editor. Formado em Publicidade e em jornalismo pela Universidade Federal do Pará. Tem especialização na Universidade de Sophia, em Tóquio, onde residiu por três anos. Estudou também em Nova York, Escreve poesia, romance, conto. Tem quinze livros publicados. Foi o primeiro poeta brasileiro a escrever em tanka, a forma poética mais tradicional do Japão. Aqui um tanka especial: Por muito tempo dentro da garrafa guardou segredos Foi com letras garrafais a notícia do seu fim. RAIMUNDO GADELHA, trechos do livro ‘Pastores de Virgílio’, Álvaro Alves de Faria A ensaísta e crítica literária Nelly Novaes Coelho escreveu: “Poeta neo-humanista (de raízes existencialistas), Raimundo Gadelha prossegue neste A vida útil do tempo, em busca do ‘novo rosto’ do Homem. Rosro ainda desconhecido porque já ‘não encravado na pedra’, como algo ‘eterno’ (como o Homem se descobrira no início, pela Palavra de Deus), mas sim efêmero, desde que a Ciência o despojou de sua antiga transcendência e o reduziu a simples matéria: tal qual a ‘pedra’. Entretanto, há algo a mais nessa ‘matéria’. Há o enigma humano a ser desvendado”. A mestre Nelly tem razão. Esta poesia remete a tudo que represente o início. Sempre o despertar. Sempre o sair. Sempre a redescobert do recomeçar. Recomeçar pelo ausente. Pelo fim. Pelo reinício. Pelo concluído. Pelos ponteiros de um tempo vivo e inexorável. Se eu pudesse ficar parado

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Raimun


ndo Gadelha

E a terra continuasse a girar, O reencontro seria, então, Apenas questão de tempo. Alvaro- Quando e como começou sua ligação e interesse pela poesia? Gadelha - Sempre senti uma enorme atração pelo novo, pelo desconhecido, característica nada especial para a maioria dos nordestinos e, mais ainda, para aqueles do interior, do sertão. Meu pai trabalhava no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, o que fazia com que a família mudasse de cidade, não raro, mais de uma vez por ano. Isso acontecia sempre que um novo açude ou barragem tivesse de ser construído, ou ainda que houvesse a necessidade de se instalar uma “frente de trabalho” para atenuar a miséria de flagelados. Desta forma, as cidades iam sendo desbravadas com a mesma sensação de quem assiste a um filme ou lê um livro de aventura: Patos, Souza, Pombal, Itabaiana, São Gonçalo, Cajazeiras, Orós, Salgueiro, Serra Talhada, Iguatu, Fortaleza... Todas impregnadas de cores, sons, cheiros, pessoas e sonhos de todos os tipos... vida absolutamente prenhe de poesia. (...) Alvaro - Sei da sua ligação com a poesia japonesa. Qual o motivo? Gadelha – Hoje meu nome está fortemente associado à poesia japonesa com certeza pelo fato de eu ter publicado o livro ‘Um estreito chamado horizonte’. (foto ao lado) Alvaro – Mas seria apenas isso? Gadelha – Não. Não poderíamos reduzir essa questão de forma tão simples. Sinceramente, penso que não. Ter ido ao Japão, em 1985, e lá ter morado por quase três anos, foi a continuação das andanças do menino do interior do Nordeste, sempre atraído pelo novo, sempre correndo atrás de desafios. Durante muito tempo, fui um metódico e bem-sucedido publicitário também sempre acometido da necessidade de escrever um poema, um conto...qualquer coisa que não um texto para vender um determinado produto. (...) Alvaro – Vamos voltar ao tanka... Gadelha – Sim. Encantei-me tanto com o poder de síntese e, ao mesmo tempo, leveza e plasticidade do gênero – apenas 31 sílabas, subdivididas em versos de 5-7-5-7-7 – que, teimoso e obstinado que sou, decidi eu próprio escrever um livro de tankas associados à fotografia. Foi publicado em

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1989 e chegou à terceira edição. Depois continuei escrevendo poemas curtos que publico na série Brasil retratos poéticos – livros e agendas. Não são tankas, nem tampouco haicais, mas a maioria pense que é uma coisa ou outra. O que existe mesmo – e não poderia ser diferente – são traços, sutis influências da minha voluntária e importante vivência no Oriente. (...) Alvaro – Faça se puder, seu retrato com palavras. Quem é Raimundo Gadelha? Gadelha – Considero-me, realmente, um privilegiado por hoje ser editor e escritor. Todas as outras experiências, em diferentes modalidades, sempre me proporcionaram uma satisfação limitada. Dividida até. Isto porque eu estava sempre querendo muito mais, como se uma só coisa não bastasse. E isso não acontecia apenas com as artes. Profissionalmente, a inconstância e a busca eram igualmente intensas – publicitário, tradutor, correspondente bilíngue, professor, empresário...Isso sugeria que estava dominando não só por um temperamento irrequieto mas, acima de tudo, pela determinação de continuar buscando sempre, até ter certeza de ter encontrado algo eu realmente me deixasse feliz. Para muitos, eu não passava de um inconstante, de um irresponsável, um rebelde que não se encontrava nos modelos sociais. Nunca concordei com isso. Podia até não saber exatamente o que queria, mas sabia muito bem o que não queria: submeter-me a regras dos quais eu discordava; ter um emprego chato, mas garantido, e ficar torcendo para que a aposentadoria logo chegasse e, principalmente, ter a sensação de ver a vida passar sem estar pelo mens tentando valer algo grandioso. Alvaro – Valeu a pena? Gadelha – Sim. Hoje está claro que valeu a pena. A poesia, o teatro, a musica, a fotografia, antes praticados de forma ansiosa e indisciplinada, serviram de base ao editor que hoje sou. Mais do que isso, como editor pude reunir algo que sempre me pareceu impossível: fazer da arte prazer e profissão. Crédito de direitos autorais ao autor e poeta, Alvaro Alves de Farias, livro ‘Pastores de Virgílio - literatura na voz de seus poetas e escritores’. A entrevista na íntegra encontra-se na obra e lá você poderá conhecer histórias de diversos autores, poetas, contistas como Affonso Romano de Sant’Anna, Alberto Beuttenmüller, Alexei Bueno, Antonio Carlos Secchin, Astrid Cabral, Carlos Felipe Moisés, Carlos Herculano Lopes, Carlos Nejar, Carpinejar, Celso de Alencar, Cyro de Mattos, Dalila Teles Veras, Deonísio da Silva, Edla van Steen, Ferreira Gullar, Flora Fi-

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Fotos: enviado


gueiredo, Glauco Matoso, Helena Armond, João de Jesus Paes Loureiro, José Nêumanne, José Paulo Paes, Lília A. Pereira da Silva, Luiz Roberto Guedes, Marco Lucchesi, Mariana Ianelli, Marina Colasanti, Miguel Jorge, Miguel Sanches Neto, Moacir Amâncio, Neide Archanjo, Péricles Prade, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Roberto Piva, Ronaldo Cagiano, Roniwalter Jatobá, Soares Feitosa, Ulisses Tavares, e os poetas portugueses Vasco Graça Moura e Ana Marques Gastão.

os pela colunista

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CriativA Idade

Somos o que plantamos cultivamos e colhemos ... Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

As crianças e as plantas, tem muitas coisas em comum Precisam de ar puro, de cuidado e de carinho para crescer. Flores terão sempre importância, pois dão cores à infância enfeitando a vida inteira. De sementes e de sonhos, somos feitos cada um E é o amor que recebemos, que nos mostra como agente deve ser Faça do verde a esperança E do sorriso da criança A razão mais verdadeira Plante as sementes do futuro Colheras os nobres frutos Preservando a existência... Por Bene Moreno e Jane Barreto Em 1986 meu amigo e saudoso artista Bene Moreno compôs essa canção após uma conversa. Na época tínhamos tantos sonhos, tantas visões de um mundo real que nos encantasse pela sensibilidade nas ações humanas presentes nas crianças e em todas as gerações, até os mais velhos...nessa reflexão tínhamos muito mais perguntas do que respostas e confiávamos no nosso idealismo, acreditando que no século XXI alcançaríamos um patamar de sapiência em todas as idades, que impediria a destruição do planeta e das espécies, e só construiria ... Na infância o ser humano recebe... na velhice o homem devolve o que recebeu ...

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Imagens: envia


Devolve o que conquistou, o que recebeu a vida toda! Devolve cuidado, devolve paciência, devolve serenidade, devolve sabedoria, devolve companhia, devolve afeto, devolve escuta, devolve o amor à natureza que o mantem. Plantamos as sementes, somos sementes... Temos em nossa história colheitas de longos tempos em que cultivamos saberes, sentimentos, relacionamentos, ações. A melhor hora para fazer é agora, hora de plantar! Estamos perdendo a oportunidade que temos de semear e regar o que nos é entregue e naturalmente precisamos devolver. Somos terra, somos grãos, somos adubo, somos brotos, que se transformam em mudas que florescem e dão frutos mas que estão rodeados de ervas daninhas e precisam ser podadas. Somos água que mata a sede e somos sol que ilumina e aquece. Somos ar que respira e respiramos o ar toxico que expiram com a ganância e a indiferença. A cada dia o homem se parece mais com a natureza, mas não se reconhece nela e se destrói quando pensa estar construindo aquilo que o engrandece, não reconhecer que a maior riqueza não está na riqueza dos ricos e cheios de si mas na pobreza dos que padecem e se esvaziam de si mesmo, esperam ser bem aventurados no espírito e serão consolados ...mas e até lá? Quando faremos diferente, quando faremos a diferença, amor ao invés de ódio, perdão ao invés de vingança, temperança ao invés do desespero? Somos grãos, somos sementes, somos sonhos, fecundamos a terra e estamos vivos! Mas até quando viveremos assim? Até quando esperar, até quando viver como se o normal fosse natural, até quando ficar na inércia dos que já revelaram suas verdades na hipocrisia? Desejo esperançar por dias melhores para sempre, onde tudo o que foi verdade permaneça sendo verdade, e o que for plantado com mentira não prevaleça. Quero doar o que recebi, quero envelhecer sendo, como diz minha sábia amiga, envelhece sendo o que podemos realmente SER: sonho, semente, ato, mente e voz...

adas pela colunista

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Viva Cultura

Depois do tempo Marcelo Conti

Buscar cultura não exige grandes pesquisas. A cultura está em todo lugar, o artista também. A criatividade manda o recado, e a vocação de alguém transforma a mensagem – seja qual for - em momentos que se eternizam, muitas vezes em raras oportunidades de plena felicidade. Era o início da década de 70, eu morava com minha família no bairro Jardins em São Paulo onde, em uma das esquinas havia um Restaurante – “Jardim do Chopp”. O Jardim do Chopp fez história nos anos 70 / 80, primeiro porque era diariamente freqüentado por, entre outros clientes, advogados advindos da Faculdade do Largo de São Francisco, e depois porque viveu momentos de glória (e de lotação) durante a disputa e conquista da Copa do Mundo de 70 pelo Brasil. Pela proximidade, nem que fosse só prá dar uma espiadela, bater um papo com os garçons, ou mesmo para beber alguma coisa, eu me acostumei a ir também. Havia, no entanto, algo mais ali além da boa comida. Um garçom de nome Ludimar de Miranda, ou Miranda, compunha poesias, e ao servir o que pedíamos nos brindava com declamações emocionadas de versos “feitos de palavras ditadas pelo coração”, segundo definição do próprio. Nasceu mineiro e poeta. Era incrível a facilidade com a qual aquele homem simples nos trazia os temas, derramando palavras misturadas com lágrimas enquanto viajávamos no infinito, imaginando como esses privilegiados têm a capacidade de falar por nós tudo aquilo que gostaríamos, mas não conseguimos... O tempo passou, eu me mudei e o Jardim do

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Chopp deu lugar a um edifício de alto padrão. Na década de 2000 deparei com a foto de Ludimar de Miranda estampada no jornal da Vila Mariana, onde era gerente de uma tradicional e bem conceituada casa de galetos na brasa. Fui até ele, claro, e a emoção foi algo indescritível quando nos revimos. Sentamos por uns instantes, mal tentamos matar a saudade e Miranda já largou seus versos inéditos sobre a toalha da mesa. Publicou livros, participou de eventos, cresceu. Mas, continou o Miranda das palavras singelas e bem colocadas. Por esses tempos, e até hoje, guardei na memória uma de suas poesias. Volta e meia me pegava recitando seus versos para os filhos ou para os amigos. Relata a volta de alguém à casa em que morou, e ali reencontra sentimentos, recordações, pessoas, e a poesia do tempo que foi vivido.

DEPOIS DO TEMPO Ludimar de Miranda Roseiras formosas, sem folhas, sem rosas. A casa sumida na moita crescida... Uma porta encostada, sem trinco, sem nada, uma tampa de mala, um papel de bala, um par de chinelos, um livro amarelo. Cascas de nozes, o coro das vozes! Minha velha mesa de estudo: Meu escudo de guerreiro valente. E na varanda em frente os pássaros chegaram, e com medo voaram; com medo da gente. Na água corrente, agora parada, não vejo mais nada. Apenas no fundo, fugindo do mundo, um sapo perdido, todo encolhido. Parecendo comigo: Voltando também, não encontrando ninguém...

Ilustração: arquivo

Marcelo Conti Escritor, Gestor Cultural Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br

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Falando em leitura

Realismo/Naturalismo Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras

A literatura é dividida em vários movimentos literários, também chamados de escolas literárias. No Brasil, contamos com as escolas a partir do Quinhentismo. Hoje vamos conversar um pouco sobre o Realismo e o Naturalismo. Resgatando os movimentos literários até os dias de hoje, observando que nenhuma escola termina para outra começar. As escolas convivem paralelamente. Cabe aos escritores e poetas escolherem aquela ou aquelas com que mais se identificam. São elas: · Trovadorismo (1189 – 1418); · Humanismo (1418-1527); · Quinhentismo (1500 – 1601); · Classicismo (1527 – 1580); · Barroco (1601 – 1768); · Arcadismo (1768 – 1836); · Romantismo (1836 – 1881) · Realismo/Naturalismo (1881 – 1893); · Simbolismo (1893 – 1922); · Modernismo (1922 – 1945) · Tendências contemporâneas. O Realismo e o Naturalismo surgiram por volta do século XIX, na Europa. O Realismo se deu com a publicação de Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, enquanto que o Naturalismo teve o seu marco com a publicação do romance Thérèse Raquin, de Émile

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Imag


gem- Capa do Livro - divulgação

Zola. Estas escolas são contrárias ao Romantismo. Não concordam com a fuga da realidade. Resgatam a objetividade com descrições detalhadas, retratando a realidade tal como ela é, em vez da subjetividade sentimental ou pontos de vista dos escritores e poetas românticos. Os realistas e naturalistas fazem críticas severas às hipocrisias sociais “desmascarando” a elite burguesa, propondo mudanças dos seres humanos e instituições. Substituem os heróis românticos, por pessoas limitadas e comuns, focando em suas descrições psicológicas, a exemplo de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Apesar da semelhanças entre os dois movimentos concorrentes em estudo, vale destacar algumas diferenças entre ambas: A linguagem no Realismo é direta com uso de adjetivos realistas. No Naturalismo, a linguagem é simples com uso de regionalismos, representando as camadas sociais mais pobres, a exemplos de “O Mulato” e “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo. Machado de Assis foi um escritor que sofreu fortes influências do realismo brasileiro, passando a ser seu principal autor. Suas principais obras foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); Papéis Avulsos (1882); Quincas Borba (1891); Várias Histórias (1896); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Relíquias da Casa Velha (1906); Memorial de Aires (1908). Raul Pompeia foi outro destaque do Realismo, com sua obra “O Ateneu”. Os principais temas no Realismo são: vida cotidiana; críticas sociais. No Naturalismo temos o sensualismo; engajamento social. Até breve!

Fontes: Google imagens Curso de Literatura Cearense https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/estilos-epoca.htm https://www.todamateria.com.br/realismo-e-naturalismo/ (Professora Daniela Diana) https:// brasilescola.uol.com.br/literatura/realismo-no-brasil.htm

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Mensagens

Despertar da sociedade para a discriminação inconsciente de idosos e crianças Luiz Arnaldo Moncau

DESPERTAR A SOCIEDADE PARA A DISCRIMINAÇÃO INCONSCIENTE DE IDOSOS E CRIANÇAS Duas frases no início do “Global Report on Ageism” da OMS chamaram minha atenção: “Ageísmo se refere aos estereótipos (como pensamos), preconceito (como sentimos) e discriminação (como agimos) dirigidos às pessoas com base em sua idade”. “O preconceito de idade começa na infância e é reforçado com o tempo. Desde cedo, as crianças captam comentários das pessoas ao seu redor sobre os estereótipos e preconceitos de sua cultura, que logo são internalizados. As pessoas então usam esses estereótipos para fazer inferências e orientar seus sentimentos e comportamento em relação a pessoas de diferentes idades e a si mesmas.” Essas afirmações mostram que existem dois tipos de Ageísmo: • Há um Ageísmo que precisa ser combatido de forma rígida, que são os vários tipos de agressões e maus tratos impostos fisicamente aos idosos, aí incluído o abandono. Caracterizam crimes, e assim devem ser tratados e punidos os que o praticam. Existe culpa, e o remédio é a punição, como uma forma última de educar. • Outro tipo de Ageísmo é aquele decorrente da segunda frase acima: desde crianças nos “ensinaram” a desvalorizar o idoso. Acontece também com discriminações por raça, sexo, cor etc. É parecido com o bullying. Também deve ser combatido. Mas a maioria das pessoas aprendeu desde a infância uma prática que hoje já não aceitamos. Não é culpa delas agirem dessa forma. Está errado, deve ser combatido. Mas não existe culpa, e o remédio é a educação. Somente após um longo e

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foto: Public


cado por Elane Souza Advocacia & Consultoria Jurídica JusBrasil

difícil processo de reeducação da sociedade é que medidas punitivas seriam aplicáveis. As pessoas muitas vezes praticam ações incorretas por hábito e/ou desconhecimento. Elas podem entender que precisam mudar (serem “educadas”), mas não se sentem culpadas. Qualquer pessoa (principalmente crianças) que é acusada de algo pelo qual não sente culpa fica revoltada e tende a reagir. Nesses casos, a atribuição de culpa tem efeito contrário ao desejado. Daí a importância da educação ao invés da punição. Diz o Global Report da OMS: “As intervenções educacionais para reduzir o preconceito de idade devem ser incluídas em todos os níveis e tipos de educação, da escola primária à universidade e em contextos educacionais formais e não formais. As atividades educacionais ajudam a aumentar a empatia, dissipar conceitos errôneos sobre grupos de diferentes idades e reduzir o preconceito e a discriminação, fornecendo informações precisas e exemplos contra estereótipos.” Destaco também a pouca atenção e consciência de um Ageísmo contra as crianças. Há uma tendência de tratarmos as crianças como um ser que ainda não é uma pessoa, como alguém que, quando crescer, será uma pessoa, terá direitos e responsabilidade. Está errado! A criança não pode ser proibida ou castigada por determinados comportamentos. Isso é discriminação! Antes temos que explicar para ela desde a mais tenra idade, por que algo é importante, por que ela deve agir de forma diferente. E, principalmente, temos que ouvir seus argumentos e posições. Ela merece respeito, tem direitos, é uma pessoa. Janusz Korczak foi um dos pioneiros de uma nova visão da educação na primeira metade do século XX. “Korczak pregava o respeito aos menores e criticava o que chamava de “tirania dos adultos”. “As crianças não vão tornar-se pessoas no futuro porque já são pessoas” (https://www.conib. org.br/glossario/janusz-korczak/). Enfatizo a importância de despertarmos a sociedade para os aspectos culturais e sociológicos que envolvem o Ageísmo em relação a crianças e idosos. A lei será útil e importante contra as situações consideradas criminosas. Mas nas discriminações praticadas de forma inconsciente, resultado de heranças culturais, é preciso um enorme trabalho de educação e conscientização. O desafio é enorme, tantas são as diferenças culturais em nosso país, em nossas cidades. Nesse sentido, aumenta a importância do esforço de todos e de cada um de nós. O Estado e as leis não vão dar conta dessa mudança. Luiz Arnaldo C. Moncau PS.: Não encontrei em português o “Global Report on Ageism” da OMS. A versão em inglês pode ser encontrada no link a seguir: https://www.un.org/development/desa/dspd/2021/03/global-report-on-ageism/

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Aprendizagem na 3ª idade

Transformar sonhos em realidades Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

O que nos faz feliz? Esta é uma das perguntas mais complexas de se fazer e, ao mesmo tempo, uma das mais difíceis de responder, porque tudo pode nos fazer feliz ou, ao inverso e também verdadeiro, nada nos faz suficientemente felizes. Um otimista pode garantir que todos os momentos trazem em si, ocultas, gotas de felicidade bastando que se procure onde se encontra a fonte... Resposta simplista, que não deixa de apontar algo da realidade. Outros também se posicionam de forma pessimista e dizem que a felicidade é uma utopia, algo inalcançável e que passamos a vida nos iludindo ao pretender atingi-la. Independente da resposta que cada pessoa possa formular, o certo é que nós, seres humanos, buscamos ser felizes e traduzimos a felicidade de modos diferentes, de acordo com nossas vivências, anseios, nossa maturidade, a confiança que preservamos em nossos relacionamentos, com o que sabemos a nosso respeito – nosso autoconhecimento – nossa criatividade que nos mobiliza a sermos e nos sentirmos úteis, o sentimento de pertencer a um grupo, nossa sensibilidade e a inspiração que busca-

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O que te f


faz feliz? Pinterest

mos naquilo que é belo, a paz interior que se complementa com a harmonia exterior – e aí a felicidade é reconhecida como um tesouro, mesmo que chegue até nós por meio de pequenas e inúmeras parcelas. Digamos que a felicidade seja um estado de espírito regado por experiências diversas em que a satisfação de fazer algo que beneficie os outros e a nós mesmos utilizando nossos conhecimentos, dons, inteligência, empatia, sensibilidade e demais atributos que construímos se manifestam e contribuem para o engrandecimento do ser humano e da natureza. A vida nos surpreende a todo instante. Basta estarmos abertos para vivenciarmos as experiências com as quais nos deparamos ao longo de nossa existência sabendo que, por mais sofridas que possam ser, certamente resultarão em muitas aprendizagens a serem revertidas também para outras pessoas. Entre os anos 2000 e 2015 dediquei grande parte de meu tempo cuidando de quatro idosos, meus parentes próximos que, pela idade e comprometimento de sua saúde, necessitavam de ajuda constante. A apreensão que sentia em relação aos encaminhamentos a serem dados a cada um não conseguiu encobrir a satisfação de dedicar-lhes cuidados específicos e ver os resultados observando seus progressos. Essa experiência causou em mim um impacto muito grande não somente pelo fato da existência da ligação familiar que foi se tornando cada vez mais estreita e afetiva, mas principalmente pelo que pude vislumbrar como possibilidade de oferecer um trabalho psicopedagógico às pessoas com mais de sessenta anos, consideradas idosas. A partir daí comecei a fazer leituras, pesquisas e cursos que pudessem alicerçar um projeto de trabalho. Em maio de 2019 nasceu o blog da Feliz Idade, um espaço na internet onde me é possível falar sobre o processo de envelhecer, do cuidar e do ser cuidado, sobre as perdas, doenças, amizades, as

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alegrias de viver experiências significativas, assim como sobre as dificuldades que se fazem presentes na realidade do idoso como, por exemplo, questões relativas à memória e a outras condições cognitivas, físicas e emocionais. Em março de 2020, dei início a um grupo de trabalho presencial com idosos. A pandemia, porém não permitiu que levássemos adiante esse propósito, uma vez que os integrantes do grupo optaram por não fazer reuniões virtuais. Hoje, um ano e oito meses após o início da pandemia e com mais de 50% da população brasileira totalmente vacinada contra a Covid, a vida começa a retomar ao seu normal. Está na hora de reaver meu propósito junto aos idosos: a Feliz Idade oferece três níveis de atuação: · Pílulas da Feliz Idade: palestras motivacionais e lúdicas para incentivar atitudes positivas e visão otimista à realidade do idoso e ao seu envelhecer. · Dia da Feliz Idade: encontro de três horas de duração dedicado aos idosos com oficinas temáticas, atividades lúdicas, planejadas caso a caso conforme necessidades e objetivos específicos a cada situação. · Academia da Feliz Idade: encontros periódicos com o objetivo de exercitar a atenção, concentração, memória, planejamento e outras funções cognitivas através de atividades lúdicas, eventos sociais, jogos e práticas psicopedagógicas para o enriquecimento dos objetivos de vida dos idosos, melhoria dos seus relacionamentos pessoais, gerando autonomia e qualidade de vida. Trabalho desenvolvido em grupos ou individualmente. Em 2022, esse sonho se transformará em realidade.

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com

O BLOG DA FELIZ IDADE FOI CRIADO PARA AJUDAR, PRINCIPALMENTE OS 60+. COM ISSO, VEM RECEBENDO EMAILS E PEDIDOS DE CONSELHO OS QUAIS A EDIÇÃO DO MAGAZINE 60+ ACHA IMPORTANTE QUE TODOS LEIAM. PODE SER QUE UM DESSES CASOS ESTEJA ACONTECENDO COM VOCÊ!

Excepcionalmente, este mês, não teremos a coluna de perguntas e respostas. magazine 60+ #29 - Novembro/2021 - pág.51


Contos I

Novembro chega anunciando o fim do ano Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

foto: arquivo

O ano passou como um vento derrubando sonhos, ceifando vidas, secando rios, alimentando incêndios e eu mal sai de casa sem vontade de fazer nada, mas não posso transparecer minha decepção desse viver recluso, meus netinhos de 8, 5 e 1 ano e meio florescem e sonham com um mundo que não consigo ver. Meus filhos têm uma estrada longa para trilhar, o mundo mudou e a experiência que adquiri ao longo de minha vida não servirá para eles, como as que recebi de meus pais... Mas a vida continua e o calendário marcando dias, meses e trocando os anos e duas décadas do século ficaram no passado. O mês de novembro chegou anunciando que logo mais viramos a folhinha para um novo ano, e com ele momentos de reflexão de lembranças e de projetos para o futuro. Mas que futuro nos espera? O homem faz experiências de viagens espaciais para turismo. Qual o sentido de tudo isso quando a fome, exatamente, a fome é ainda um dos impasses do planeta Terra? E neste ano de 2021 tivemos alguns experimentos com viagens espaciais, milhões e bilhões gastos para uma viagem que somente uma porcentagem minima de pessoas terão acesso.... A ficção científica se tornou realidade, o homem viaja pelo universo por simples lazer e prazer, para ver o Planeta Terra de muito longe. Enquanto isso o planeta que vivemos está sofrendo mudanças que se não pararmos agora, não sabemos o que deixaremos para as futuras gerações. A água está minguando, a chuva ora escasseia e derrepente se torna em

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tempestade e inunda, arrasta e destrói plantações, casas, prédios... A terra seca e árida vira tufão de areia arrastando tudo o que encontra no meio do caminho, não tem mais o frescor da semente que brota e cresce provendo alimentos ao povo faminto... As florestas são devastadas e queimadas para que pastos sejam plantados, a principal consequência do desmatamento está atrelada ao desequilíbrio ambiental provocado pela perda da vegetação nativa. A remoção da vegetação provoca uma grande perda da biodiversidade assim como a perda do habitat de animais e plantas, e, ainda, impacta diretamente na elevação do número de espécies em extinção: passaros, animais...* A comunicação está nas mãos de máquinas que não conhecemos e nem temos controle, é a Tecnologia da Informação, um conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação que visam a produção, o armazenamento, a transmissão, o acesso, a segurança e o uso das informações.”* Mas uma hora a energia acaba e você fica sem poder usar o celular porque a bateria acabou, pagar uma compra com seu cartão porque a internet parou.... Como mandar ou receber noticias se o Whatsapp não funciona, e-mails também não? Que mundo estamos preparando para as futuras gerações? Como não tenho a resposta, termino esta crônica comemorando as datas festivas do mês de novembro no Brasil: . 01: Dia de Todos os Santos . 02: Finados (feriado nacional) . 15: Proclamação da República (feriado nacional) .19: Dia da Bandeira . 20: Dia Nacional da Consciência Negra (feriado em alguns estados e municipios) *: Google/Wikipedia

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Em todas as telas

A mídia avança no novo olhar sobre o envelhecer, mas o idadismo persiste Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

No mundo digital cada vez mais mulheres famosas ou não têm assumido os cabelos brancos, mostrando que a idade não as define, mas que também não há vergonha nenhuma em se assumir a idade que tem. O desafio é se aceitar como se é, e se os cabelos brancos não agradam, um pouco de cor não faz mal a ninguém. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, já dizia Caetano Velose, na música Dom de Iludir. Destaque para a série “O Tempo que a Gente Tem”, programa do canal pago GNT, comandada pela jornalista Leilane Neubarth, de 62 anos, orgulhosa da própria velhice vivida ao lado da namorada Gaia Maria. Com certeza, uma mulher linda e inspiradora, que também apresenta o jornal diário Conexão GloboNews, no canal jornalístico pago.

Leilane Neubarth entrevista Elisa Lucinda para a série da GNT (crédito: GNT/Divulgação)

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A série, exibida em outubro em referência ao Mês da Pessoa Idosa, tem quatro episódios com entrevistas com mulheres de idades e realidades diferentes para mostrar as muitas velhices, e a vida que segue sem padrões ou estereótipos. Entre as convidadas estão a atriz Elisa Lucinda e a jornalista Flávia Oliveira. A ideia é derrubar tabus da longevidade, falando de amor, trabalho, sexo, memória e as descobertas da maturidade. Vale a pena assistir! Está disponível no Globoplay. Preconceito Porém, como sempre parece que há cada passo para frente, recuamos um ou dois, infelizmente. Mesmo com avanços na forma de ver o envelhecer e a longevidade, o idadismo, o preconceito pela idade, persiste, e há quem pense que velho é apenas o outro, ou que para manter-se ativo e produtivo é preciso negar o envelhecimento. Não há como negar, ou escapar desta fase da vida, a opção ao envelhecer é morrer cedo, e isso ninguém quer. Recentemente Ney Messias, especialista em gerontologia e ativista do envelhecimento ativo, que mantém o perfil @seuneyzinho no Instagram, fez um post sobre o vídeo da influenciadora Mayra Cardi. A nutricionista, que fez fama, se tornou empresária propondo mudanças comportamentais aos seguidores, falava da bênção de ir perdendo a visão ao envelhecer para não notar o surgimento das rugas, o rosto caído, entre bobagens sobre a velhice. Ninguém deve se referir assim ao envelhecimento, muito menos quem tem como proposta de trabalho a mudança comportamental das pessoas. Qual a mudança que virá reforçando preconceitos, não aceitando o próprio envelhecer? O mundo digital vem mudando, influenciadores abordando o envelhecimento ativo e o prazer da longevidade, mas ainda há casos como este nos fazendo refletir sobre o tamanho do nosso desafio para que o envelhecer seja visto como uma fase da vida, como um período que pode ser desafiador, mas também de novas oportunidades.

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O Natal está chegando

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Amigo do Idoso

Os efeitos da Pandemia e a Previdência Fábio Faria de Sá Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária

OS EFEITOS DA PANDEMIA E A PREVIDÊNCIA Mais uma vez venho aqui deixar uma pequena informação em especial na área Previdenciária, eu sou Faria de Sá, diretor do Instituto de Orientação Previdenciária (IOPREV), mas antes vou explicar um pouco sobre as ações que realizamos em nosso instituto. O Instituto IOPREV nasceu há mais de 35 anos e com o tempo foi se adaptando conforme as atualizações das legislações e também com o avanço da tecnologia. As mudanças das legislações são necessárias principalmente para erradicar ou minimizar as fraudes que acontecem no sistema Previdenciário, uma das fraudes mais conhecidas é o recebimento indevido do beneficio utilizando os dados de pessoas já falecidas, isso acaba prejudicando pessoas que estão devidamente aptas para gozar de seu direito/benefício. Existe uma grande complexibilidade quando se faz a atualização de qualquer Lei em especial, Lei Federal na qual temos um país com uma grande extensão e que infelizmente as informações não chegam de forma igualitária e também o público que tem o direito ao benefício previdenciário é o público que merece melhor atenção. Como dito anteriormente o Instituto esteve e ainda está se atualizando para cada vez ser mais ágil para ajudar e apoiar aqueles que o procura, mas o público da melhor idade não tem acesso a esses canais de comunicações com tanta facilidade assim como é imposto pela legislação “Faça pelo APP” “Entre no site” “Encontre as respostas no site...”, a imposição de que sites e aplicativos resolvem todos os problemas e dúvidas é enganosa, tendo em vista a alta

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Previ


idência

recusa realizada pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) na análise de laudos básicos e conclusivos que o beneficiário deve receber aquilo que é seu direito e por erro de uma “máquina”, pessoas são lesadas. Tudo o que eu falei acima foi para resumir que o atendimento do IOPREV é realizado de forma humanizada onde as pessoas tem poder de voz e podem de fato falar o que já passou e precisa, não dependem de um instrumento para transmitir sua fala, minimizando dúvidas que quando uma “máquina” que não avalia contexto, apenas números e letras faz com que pessoas passem por situações complexas das mais diversas, por isso atendimento do IOPREV tem ótima conclusão e como todo serviço humanizado tem excelentes resultados e traz segurança para o usuário. O período pandêmico trouxe ótimos conhecimentos a todos, principalmente o quão benéfico à tecnologia pode ser, inclusive a facilidade que é poder pedir diversos tipos de alimentação com poucos cliques, pedir um carro para levar até o endereço de sua escolha isso tudo de forma rápida em muitas vezes até de forma barata, mas eu posso dizer que a aposentaria o direito do contribuinte não pode ser tratado de forma diferente a resposta deve ser rápida, ficar dependente apenas de agendamento que diversas vezes demora meses e até anos não é justo, da mesma forma que o beneficiário fez durante anos a sua contribuição sem poder atrasar ou deixar de contribuir pois se ele deixar de contribuir não terá direito ao benefício é necessário tratar com respeito e agilidade no momento de conceder o benefício àquele que tem direito. O meu desejo é que tenhamos atendimentos rápidos e com maior equidade para enfim, viver e envelhecermos bem, afinal todos merecemos o melhor da vida. Mais uma vez me apresento, sou Faria de Sá diretor do Instituto de Orientação Previdenciária (IOPREV), se houver qualquer dúvida venha até o atendimento que acontece às Quintas (14h às 17h) e aos Sábados (09h às 12h) na Av. Engenheiro George Corbisier, 1127 – Jabaquara – São Paulo - SP ou ligue +55 11 5015-0500 e estamos à disposição para qualquer dúvida. E homens, Novembro é o mês de lembrança para os cuidados médicos, não deixe de fazer exames periódicos! Um abraço e até a próxima edição.

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Humor

A segurança das urnas Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

ltemple@uol.com.br Se tem uma coisa que incomoda muita gente é a dúvida, embora haja quem prefira a dúvida à certeza indesejada, pois afinal sempre resta a falsa esperança que a ilusão propicia. Já os pragmáticos preferem uma resposta definitiva, qualquer que seja. Nada de dúvida, “duela a quem duela”. Para desespero de ambos, iludidos e pragmáticos, as mudanças constantes dos tempos atuais impossibilitam qualquer certeza definitiva. Tudo é sempre dúvida. A única certeza é a mudança. A certeza absoluta de hoje logo será questionada e se transformará em nova dúvida, até que surja nova certeza, e assim por diante. Existem milhares de exemplos de que certas tecnologias modernas não são nem melhores nem mais confiáveis que as antigas. Os apreciadores da boa música preferem a qualidade do som do vinil aos CDs e MP3. Músico raiz prefere instrumento acústico ao eletrônico. Os cinéfilos até curtem um ou outro filme na TV, mas não abrem mão da tela grande do cinema. Um apreciador de respeito não toma café de cápsulas, mas só o tradicional, de coador de pano. Os “pés de valsa” não gostam de bailes com DJ’s. Preferem dançar ao som de música ao vivo. Ou seja, há inúmeras controvérsias sobre as novas tecnologias versus as antigas e a polêmica parece não terminar nunca. Recentemente houve muita discussão a respeito da segurança das urnas. Durante meses, não se falou em outra coisa e o assunto dividiu opiniões. Houve muito bate-boca no Congresso, na mídia, nas redes sociais e até gente que desfez namoro e amizade antiga por causa de opinião divergente. Os céticos preferem o sistema antigo, obsoleto, mas seguro. Os descolados, para quem é preciso inovar constantemente, preferem a tecnologia moderna e criticam o atraso. A discussão foi ferrenha em todas os ambientes: acadêmico, político, militar, técnico, jurídico, jornalístico, sexual e até mesa de bar. O curioso é que os principais interessados não foram ouvidos. Até parece que o assunto não lhes diz respeito.

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Nicanor, assessor jurídico aposentado no Tribunal Regional Eleitoral, é hoje consultor e ferrenho adepto do modelo convencional. É contra as urnas modernas e torce o nariz sempre que alguém afirma que são seguras, confiáveis e invioláveis. Quando dizem que foram feitos muitos testes e até hoje ninguém violou, pelo que se sabe, Nicanor contra argumenta: mas e o que não se sabe? Ele participou de diversos debates, mesas redondas, escreveu artigos etc. mas a cada dia fica mais isolado. Sugeriu inspecionar o processo de fabricação das urnas, obter laudos dos testes de confiabilidade, checar a constituição, mas o tempo se esgotou e uma decisão precisa ser tomada, “duela a quem duela”. Ele decidiu não entregar os pontos facilmente e argumentar até o instante derradeiro, mas sabia que se o processo se prolongasse, não haveria tempo suficiente para as providências. Por fim, contrariado, reconheceu a derrota. As pessoas comentaram: - Nicanor, não entendemos os motivos de sua resistência. - A possibilidade de vazamento existe. Os órgãos oficiais dizem que não há casos registrados, mas quantos casos não registrados estão por aí? - Para com isso Nicanor. As urnas são seguras. Aceita que dói menos. - Se fosse verdade, o mundo inteiro estaria usando. - Isso depende da cultura, da vontade do povo e das leis de cada país. Nicanor forçou a barra e conseguiu uma saída honrosa. Decidiu que aceitaria a urna se fossem aumentadas as garantias, como por exemplo um nicho inviolável para o armazenamento. - Tá bom Nicanor. Você venceu. Aceitamos o nicho – disse a cunhada. - Assim é bem melhor. Muito mais seguro. - Agora deixa de frescura, pega a urna e vamos até o crematório buscar as cinzas da mamãe – disse a esposa. - Vocês vão. Eu vou ficar em casa e inspecionar o nicho inviolável. Enquanto as irmãs foram ao crematório buscar as cinzas Foto: Crematório de SP da mãe, Nicanor conferiu minuciosamente o revestimento de chumbo do nicho inviolável de concreto que construiu no fundo do quintal, embaixo do canil dos Pit Bulls Nero e Calígula. - Não confio nessa droga de urna. Se a velha conseguir escapar, meus meninos estarão atentos. Eles nunca a foram com a cara da mocreia.

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‘Causos’ do Nordeste

Lobishomem na praia Tony de Sousa Cineasta

A cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, foi onde ocorreu o primeiro desembarque de colonizadores portugueses no Brasil. Isso em 1501. Existia até recentemente um Marco de Posse Colonial fixado na região litorânea, onde hoje se encontra os municípios de Praia Grande e São Miguel do Gostoso, pelo comandante da expedição colonial Gaspar de Lemos. Há uma tese de que, antes do descobrimento do Brasil em 1500, Pedro Alvares Cabral esteve na praia de Touros. Quando falamos de histórias de assombração há uma tendência de acharmos que elas só acontecem no sertão ou no agreste. Que em lugares aprazíveis como os das regiões litorâneas só acontece coisa boa. O causo que iremos contar mostra que assombração existe em todo lugar. Até mesmo na belíssima cidade praiana de Touros. Conta-se que ali, apareceu certa vez um bicho que assustava os moradores, “dando carreira nas pessoas” e procurando menino novo para beber o sangue. O trecho a seguir foi extraído do livro “Estórias de Lobishomem” de Raimundo Nonato: “O relato de tais ocorrências, confirma o informante, andava de boca em boca, e os moradores dos sítios viviam preocupados com o caso que se repetia, periodicamente, em noites certas, com as aparições e investidas do animal fabuloso, que todos afiançavam ser um lobishomem. E as conjecturas iam se formando no lugarejo, em torno de certas pessoas mais conhecidas. Dessas, uma das mais repetidas era a que li-

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gava a dita aparição à pessoa do velho Manoel Linhaça, que vivia arredio de outros, desfrutando de uma fortuna que todos discutiam a origem. ” Raimundo Nonato faz uma pequena digressão para apresentar o segundo personagem desse causo, a qual procurarei resumir aqui. Esse personagem chamado Miguel Maria, é descrito como um caboclo muito alegre, morador de um lugar chamado Beira da Lagoa, que gostava de tomar uns pileques. Era tido como pessoa muito corajosa principalmente quando bebia suas cachaças. Uma noite após tomar umas, ele estava voltando para sua casa sozinho pela beira da praia, com alguns sacos e pacotes de mercadorias comprados na feira, ouvindo apenas o barulho das ondas, quando percebeu um rebuliço bem próximo de onde ele passava. Deixo agora que Raimundo Nonato prossiga seu relato.

Ilustração: M.C.Conti

“Intrigado com aqueles movimentos, parou de sopetão e rápido, recuou alguns passos para alcançar o caminho claro, que deixara há pouco. E sem que sobrasse tempo para se refazer do primeiro susto, o que descobriu na sua frente foi a forma de um grande animal preto, acocorado nas patas trazeiras, em atitude de ataque, que não se fez esperar. Miguel Maria, que nem teve tempo de pensar, jogando fora os sacos de mercadoria e os pacotes que trazia da feira, tratou de defender-se, de qualquer modo, aparando as investidas do monstro, sem levar qualquer vantagem, pois apesar dos seus punhos endurecidos e de sua resistência muscular, o animal agressor demonstrava grande agilidade, e o seus golpes pareciam desfechados com mão de ferro, que tentavam alcançar o pescoço de seu antagonista. O pescador cuja resistência diminuía com o prosseguimento da luta, ia rolando aos tombos, saltando de um lado para outro no descampado, até que foi atirado por cima de uma ruma de canoas velhas e de uns paus de jangada, que estavam espalhados em derredor. Nessa altura, o morador da Beira da Lagoa, providencialmente, conseguiu agarrar um pedaço de catemba de côco, e com ele desfechou poderosas bordoadas na cabeça do bicho, que ante a reação, foi esmorecendo na luta e fugindo, num chouto alto para a banda da praia. O pescador, já então reanimado, não lhe deu trégua, e correu no seu encalço, moendo de pancadas, até que este, ao alcançar o mar, soltou um rugido, aterrador e atirou-se na água, onde desapareceu, sem deixar sinal.”

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Mensagens para leitura e meditação

Sonho do minhocão do Pari Lenildo Solano Professor

Como é gostoso relembrar o nosso tempo de guri ao ler o livro Ikuiapá na boca do Pari Identificamos muito com o menino branco do conto vibramos com as árvores frutíferas todas da região e de saboroso gosto Navegamos em parte contente do nascer ao desagua do nosso judiado, desprezado e lendário rio Cuiabá Descemos da Serra Azul passando por quatorze cidades entre elas Nobres, Diamantino, Rosário mas na boca do Pari ficamos admirado

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Conhecemos no velho Ikuiapá a serpente que conversa como gente e com ela descemos o rio Cuiabá conversando sobre as lendas e antigas enchentes Mas o que nos deixou tristes insatisfeitos com o povo e com as autoridades é o desleixo com a poluição do rio e afluentes que abastecem as cidades e dão vida a várias espécies Continuamos nosso curioso percurso passando por Santo Antônio, Barão de Melgaço Porto Cercado até Porto Jofre onde o nosso rio desagua no Paraguai Lugar imenso e de energia potencial podendo o homem, a natureza e o ser encantado viverem como um só, lado a lado Apavoramos com a secura e sujeira das lagoas e baias que embelezavam e dão sustento ao divino Pantanal pedimos que sejam despoluídos rapidamente senão perderemos este patrimônio da nossa gente Somemos esforços firmes e sérios ao lado da serpente inteligente, o ilustre minhocão que sonha em ver a sua morada e toda bacia do rio Cuiabá livres da maldita e insana poluição. - Inspirado na leitura do livro Ikuiapá na boca do Pari. Autores: Anna Maria Ribeiro Costa e Rosemar Eurico Coenga Ilustração: João Batista Conrado

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apoio cultural: Magazine 60+

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Cotidiano

Novos dias, novos ares! Adenair Vazz

O ano era 2020! Vinha aí uma nova década! Lá se vão 20 anos do tão esperado ano 2000, a surpreendente virada do milênio. A gente nem viu passar! Tudo tão rápido!! Surpresas mesmo, quem trouxe foi esse 2020. Se declarou o Mundo em Pandemia! Em todos os cantos, da Terra, todos continentes, afetaria a todos e em todos os países. Afinal, o quê é mesmo uma Pandemia? Estávamos todos atordoados, querendo entender rapidamente o quê era isso, como nos afetaria? A cada nova informação que chegava, uma certeza: teríamos que mudar, balançar as antigas estruturas , sair da tal posição de conforto, nos reinventar!! E eu, uma jovem senhora 65 e mais alguns, ficava me perguntando como fazer tantas mudanças, como não se abater com tantas notícias, como se reinventar? A ordem era “fique em casa”! Como assim? Eu faço parte daquela legião dos 65+ que tem “rodinha no pé”, como se costuma dizer. Adoro sair de casa, caminhar, observar o dia-a-dia do bairro, caminhar pela cidade, de avenidas largas, tão diversa, tanta gente diferente! Gosto de ir aos parques também, quanta energia renovadora. Nada melhor que caminhar com você mesma, se escutar, rever posições, reavaliar seus projetos e feitos, se permitir novas ideias. Às vezes, conversando com a gente mesma, outras vezes conhecendo novas pessoas, fazendo novos amigos. Uma ida ao cinema, ver uma nova exposição. Encontrar os velhos e novos amigos para um café, uma taça de vinho. Fazer Tim-tim!

Foto: Pixabay

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Me pego de olho no espelho, pensando como será deixar de fazer todas essas coisas, como cumprir a quarentena, e o quanto teremos que aprender com essa situação? Respiro fundo, sou pura nostalgia, efeito dessa tal Pandemia! E nossas viagens? Quando será que poderemos pegar um avião novamente e sair pelo mundo? Respiro fundo, sou pura indignação, mais um efeito dessa tal Pandemia e seu vírus, fiel companheiro!! Tomo meu último gole de Martini, coloco a bendita máscara, passo álcool nas mãos e fecho a porta. Vou num pé... e volto noutro... Respiro fundo, sou pura determinação, estou pronta e saio pro mundo! Estou me sentindo Livre, Linda, Leve e Solta... Toca Raul! Eu prefiro ser uma Metamorfose Ambulante! E continuo caminhando... Tudo está tão diferente nesse Novo Tempo, e eu prefiro ser uma Metamorfose Ambulante! Nada de muitas voltinhas e começo a fazer o caminho de volta para casa. Ir para casa, ficar em casa, a ordem é essa! Só me resta obedecer. E aí me vem a cabeça “Lulu Santos”, e começo a cantarolar, estou voltando prá casa outra vez... É sempre bom voltar para casa, nosso refúgio, aquela mistura de passado, presente e futuro. Aonde os três tempos se misturam, nossas memórias, nossos projetos, nossos sonhos. Aprender com o passado, viver o presente intensamente, mirrar no futuro sempre. Que tempo é esse o Futuro?? Nesse tempo de futuro incerto, com esse vírus a ditar o tempo , uma coisa é certa: existe um outro mundo, o mundo virtual, repleto de aprendizados e muitas emoções. A Internet, ora o computador, ora o celular foram companheiros de todas as horas. Duas palavrinhas “on-line” e “live” passaram a fazer parte do meu novo repertório. E fui pouco a pouco conhecendo novas plataformas, foram tantas e tantas reuniões e cursos, assisti muitos shows, concertos, criatividade a mil, fui me redescobrindo, um olhar para aquilo que realmente importa. E, quantos grupos temos agora na rede social? Conhecemos tantas pessoas, fizemos novos amigos, novos parceiros, estreitamos novos laços, enfim, me sinto parte do grupo de vencedores. E, somos muitos! Como diz a velha canção é preciso cantar e alegrar a cidade! Canta, canta uma Esperança. Canta, a canção da Vida, canta mais... Respiro fundo!! Sou pura alegria com as histórias de minha vida. E o tempo foi passando, 2021 vai terminando, É Novembro, tudo tão rápido! Que emoções , quais surpresas, quantas alegrias nos reserva o novo ano? Saúde e faremos Tim-tim! Novos Dias, novos Ares!

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A escrita como parte de mim Márcia Lupia Escritor A.C.L

Poucas são as lembranças de minha primeira infância que resistiram ao tempo. A grande maioria jaz na alcova mais escura da memória. Por vezes, pego-me “torcendo” os pensamentos para montar o quebra-cabeças memorial de passagens importantes de minha trajetória; no entanto, algumas peças foram perdidas; outras, por alguma razão, esquecidas. Sem mencionar aqueles trechos os quais selecionamos e encaixamos erroneamente no filme das lembranças. Por sorte, algumas passagens são tão importantes em nossas constituições enquanto sujeitos, que, mesmo que quiséssemos nos esquecer delas, elas (res)surgem vívidas, rabiscando traços profundos em nossas identidades. A ideia aqui é resgatar algumas delas para apresentar ao leitor, mostrando o caminho pelo qual percorri até tornar-me escritora. Os livros, o professor e um caderno Enfileirados, coloridos e enumerados. Eram coleções de livros, alguns deles ainda envoltos em uma embalagem de proteção plástica, que dançavam diante de meus olhos. À época, eu era uma criança iniciando sua fase escolar, tentando compreender o porquê de algumas letras ficarem juntas e outras nem tão juntas assim. O meu tamanho não me ajudava a retirar nenhum daqueles livros da estante de madeira escura do meu avô paterno, Odílio. A curiosidade, no entanto, movia meus instintos a pedi-los, para que, mesmo sem saber ler uma palavra deles, pudesse folheá-los. Essa vontade de estar perto dos livros foi crescendo junto comigo. À medida que o tempo passava, conseguia juntar as letras e seus significados; além disso, chegou um momento em que eu podia alcançar os livros que queria na estante,

arquivo

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sem ter de pedir auxílio a nenhum adulto. Lia desde os clássicos da literatura nacional e internacional até outros livros sobre animais, curiosidades e carros. O leque foi se abrindo para a leitura em outros suportes como gibis e revistas. Durante a época escolar, o meu gosto pelos estudos relacionados a línguas e literatura só crescia. Tive bons professores, que sempre me incentivaram a ser curiosa e me aprofundar nas pesquisas de alguns temas. Acredito que daí surgiu uma das minhas brincadeiras favoritas: brincar de escolinha. Eu era a professora; minhas amiguinhas ou minhas bonecas eram minhas alunas. A passagem para a adolescência continuou acompanhada de muita leitura, mas algo aconteceu. Meu maior incentivador, professor Vanderley, docente da literatura e da língua portuguesa, acabou sendo o responsável por me mostrar um caminho além da leitura: o caminho da escrita. Ele me indicava autores da prosa e da poesia; esta última, no entanto, não me era tão familiar. O contato com Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, entre outros, despertou-me uma vontade imensa de (trans) formar meus sentimentos em poemas. E foi assim que eu comecei a escrever meu caderno de poesia. Nele, registrava poemas dos meus autores favoritos, bem como os meus próprios. É claro que o único leitor dos meus versos, na época, foi o professor Vanderley. O resgate, a escritora, os concursos Quando passamos para a fase adulta, as responsabilidades aumentam: graduação, trabalho, pós-graduação. Foram anos dedicados a tornar-me uma professora melhor a cada aula e uma servidora pública cada dia mais comprometida com a sociedade. Essa dedicação teve um custo: o caderno de poemas guardado, a literatura adormecida. Em 2017, concluí meu Mestrado em Linguística. Minhas pesquisas envolviam temas como Memória, Identidade e Análise de Discurso. O grupo estudado tinha forte ligação com a minha história: italianos e seus descendentes. As histórias de vida de cada um deles convergiam com a minha própria história. As palavras não ficcionais já estavam registradas na dissertação; bastava, então, eternizar as ficcionais que em mim brotaram. Foi assim que em 2018 publiquei meu primeiro conto no livro “Vamos falar da Itália?”. O tema da antologia encorajou-me. Escrevi dentro de minha zona de conforto. Todavia, buscar desafios é o que nos faz melhores. Foi assim que me inscrevi, no ano seguinte, em um concurso cuja temática era contos históricos. Fiquei classificada em 2º lugar. A partir daí, o resgate da literatura e o nascimento da escritora aconteceram.

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Concomitantemente ao meu curso de Doutorado, passei a fazer literatura. Dediquei-me a escrever contos, minicontos e retomar a escrita de poemas. Além de prêmios em outros concursos de contos, conquistei o 1º lugar em um concurso nacional de minicontos promovido pela Academia de Letras e Artes de Paranavaí, bem como o 2º lugar em um concurso nacional de poesia. Tenho publicado contos, minicontos e poemas em antologias e revistas; passei a organizar e ministrar aulas em oficinas de escritas em eventos de universidades e escolas em SP; participei de entrevistas e mesas-redondas sobre arte e literatura; e claro, ainda estudo muita literatura. Com a Academia Contemporânea de Letras, da qual faço parte como membro titular, levamos a importância da Literatura e da Língua Portuguesa por meio de concursos, alguns dos quais fui jurada, eventos, oficinas e entrevistas. Projetos e versos A ideia é continuar estudando e fazendo literatura. Já tenho em mente o desenvolvimento de um romance e a organização de um livro de contos e minicontos. Penso, ainda, na continuidade das oficinas literárias, pois é uma maneira de estreitar ainda mais os estudos e a arte de escrever. Com a esperança de que a vida e a arte sempre estejam juntas, por onde quer que eu vá, despeço-me com alguns versos.

Ilustração: M.C.Conti

Viva! Deixe o vento bater no seu rosto, experimente a sensação de liberdade. Caso rolem as lágrimas, sinta o seu gosto! As decepções trazem a maturidade. Ande descalço por mais vezes, e brinque como uma criança. Relembre todos os momentos felizes, e deixe as tristezas escondidas na lembrança. Observe as nuvens dançando alegres e vivas, deixe-se levar por todas as belas melodias. Entregue-se aos poemas e às narrativas, e escreva a sua história baseada na ousadia. Contemple os raios de sol ao amanhecer, eles sempre trazem uma nova oportunidade. Reflita sobre seu dia durante o anoitecer... Tudo o que enfrentamos são efemeridades. Envolva-se no mistério do céu estrelado, desvende-se em toda sua complexidade. Encontre o sentido em tudo o que foi revelado. Esta é apenas uma passagem para a eternidade.

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“Gente quer comer, gente quer ser feliz Gente quer respirar ar pelo nariz Gente é pra brilhar... “Não pra morrer de fome” (*) GENTE – Caetano Veloso Desde dia 29/03/2021, propomos abraçar o desafio de executar ações concretas de apoio a pessoas idosas, em situação de vulnerabilidade, em São Paulo capital, pelo coletivo Trabalho60 +. Assim, formou-se o Esperança 60+, subgrupo do Trabalho60 +, responsável por organizar e efetivar estas ações sociais. Após levantamento e análise de três possibilidades, optou-se, naquele momento, em colaborar com alimentos, fraldas, dieta parental e produtos de higiene à Associação Beneficente Cantinho da Terceira Idade, localizada em Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo. Desde abril/2021 estamos contribuindo mensalmente com esta associação. https://www.cantinhodaterceiraidade.com. br/ Em razão da dificuldade logística para arrecadação direta destes produtos, foi acertado centralizar contribuições voluntárias, sem estabelecer um valor fixo, por meio de: PIX - fastigio@uol.com.br (email) Ou depósito bancário – Itaú – Agência: 5629 - Conta Corrente: 04098-0 CPF: 039.331.628-90, na pessoa de Carlos Vieira, participante do grupo Esperança60+ e do Trabalho60+. Ao colaborar, com qualquer quantia, requeremos que acrescente se possível, sessenta centavos, para identificar a sua doação com o coletivo Trabalho60 +. Com as arrecadações mensais recebidas, são efetuadas as compras de acordo com a necessidade da entidade e dentro das condições e possibilidades do grupo a entrega e efetuada pessoalmente por membros do grupo, devidamente registrada e disponibilizada na “Prestação de Contas Mensal” a todos os colaboradores desta ação. As doações têm caído muito com o passar dos meses, devido a grave crise econômica que estamos enfrentando atualmente. Seguimos precisando urgente de mais doações e se possível que divulguem em seus grupos, para que possamos continuar a ajudar estes idosos do Cantinho da Terceira idade. A Associação Beneficente Cantinho da Terceira Idade foi fundada em 06/10/2008, pelo casal Lilian Cristina e Rubens Barros. Ergueu-se com muita dificuldade, com diversos empréstimos e doações. A Associação tem por finalidade a promoção e assistência a idosos e o diferencial desta instituição e o atendimento aos idosos com alto grau de dependência. Para arcar com as necessidades de alojamento, alimentação, manutenção geral e funcionários os residentes contribuem com um valor mensal de acordo com o que podem. Este valor não é suficiente onde buscam a ajuda de doações de outras pessoas para manter a instituição. O Cantinho da Terceira Idade abriga atualmente 30 idosos de ambos os sexos. Muitos são acamados e com demência (Alzheimer). Usam sonda nasogástrica para se alimentar, onde nós levamos mensalmente um pouco da dieta enteral específica, assim como fraldas, alimentos perecíveis e não perecíveis e material de limpeza.

Contamos com a sua ajuda. Grupo Esperança 60+

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Apoio Cultural: Magazine 60+

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Nosso cafézinho

Método Koar Cida Castilho Barista

Continuando com Dicas sobre processos de confeccionar café, * Biah Sobral preparou o “método Koar”. O método Koar vocês irão observar as ranhuras que o filtro apresenta, estrategicamente pensado para uma melhor extração da bebida. Os apaixonados por café, continuam trabalhando para trazer novidades. Maneiras diferentes de sentir a sensação dos aromas inconfundíveis da segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo para água. Nome do método: Koar Quando lançou: 2017 Quem lançou: Fernando Sá, Filipe Santiago, Lidiane Santos História: Idealizado pelo publicitário Fernando Sá e pelo engenheiro mecatrônico Filipe Santiago, e desenvolvido pela Barista Lidiane Santos o método de extração Koar surge em 2017. Fernando buscava um método que lhe trouxesse doçura mais pronunciada e pouca acidez . A partir daí, iniciaram-se seus experimentos pelos métodos na tentativa de descobrir uma metodologia que pudesse trazer essas e entre outras característica na bebida final. O método foi estrategicamente pensado observando a importância no processo de extração, e também sobre o melhor material para trazer melhores resultados. Inspirou-se no filtro de papel, nas ranhuras dos métodos existentes e a partir dali foram feitos vários testes até chegar no formato ideal. Descrição: O método Koar é um porta filtro com 16 ondas (sulcos oblíquos) inclinados a 55° em forma cônica e saída com diâmetro de 17mm. O princípio do escoamento rápido da água é possível devido à inclinação e profundidade dos sulcos. O fluido em movimento dentro dos sulcos comprime-se e, ao encontrar uma zona de estreitamento, diminui sua pressão e com isso, aumenta sua velocidade. Estes mesmo sulcos mantém o filtro de papel afastado das paredes do porta filtro e influenciam no controle da velocidade da água, passando pelo pó e ocasionando a extração do café durante o tempo de filtragem. A estética de seu visual frisado faz do Koar um método em constante fluxo geométrico e tátil. A escolha de materiais para produção do Koar é pensada para apresentar polaridades

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Koar c

Koar

Koar de

Koar p


cerâmica

r inox

acrílico

que ressaltam atributos sensoriais dos cafés. A cerâmica ira realçar a doçura da bebida e o de aço inox trará uma melhor percepção da acidez do café. A sugestão de moagem é de média a fina, para que o resultado da extração propicie uma bebida encorpada, realçando sua doçura e agradável acidez Preparo: Coloque o filtro de papel desenvolvido especificamente para o método no porta filtro Koar e escalde-o para retiradas de impurezas. Na sequência escalde a jarra para manter a temperatura do café por mais tempo. Adicione o pó de café de preferência com moagem de média a fina e preferencialmente recém moído. Quanto mais fresco melhor o resultado. Use a proporção de 10 gramas de pó para cada 100 ml de água (1/10). Faça uma pré infusão de 30 a 40 segundos, para realçar a doçura. Na sequência continue o processo de infusão por duas vezes, em movimentos circulares e vagarosamente até completar o total da água utilizada. Sirva-se. Curiosidades: A escolha do nome ficou entre o método Koar e método K, já que COAR era a finalidade e a letra K estaria relacionada à Kaffe (Kaffe torrefação e treinamento) e a Kika uma das sócias.. Em casa: Usar sempre água filtrada e em temperatura de 95 graus, cafés recém moídos e de acordo com a moagem específica. Preparar sempre a quantidade de bebida que será consumida no momento. Estabelecimento: Em cafeterias, bares e restaurantes é imprescindível todos os materiais que se fazem necessários para a extração do método. É de fundamental importância que o Barista conheça o café que foi cuidadosamente selecionado, ter o domínio das técnicas do método a ser preparado, tornando aquele momento único e que estabeleça o retorno do cliente outras tantas vezes em seu estabelecimento *Biah Sobral – Barista, consultora, empresaria de eventos montando cafeteria em eventos corporativos com carta de café exclusiva, curso de Barista em Bares SP. Onde achar: https://www.koar.com.br/produtos/koar-ceramica/ Bibliografia: https://baristawave.com/historia-do-metodo-koar/ https://www.koar.com.br/

porcelana

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magazine 60+ #27 - #29 - Novembro - pág. 77


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Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Fotos e receitas da Colunista

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Novembro chegou! Este mês temos 3 feriados, então ótimo pra reunir a família e cozinhar juntos! Dias ensolarados, temperatura nas alturas. Vou dar umas receitas bem leves, excelente pra estes dias quentes.

Molho caseiro de tomate (especial)

Molho caseiro de tomate (especial) Para fazermos um bom molho de tomate, geralmente usamos 2kg de tomate bem maduros pra render mais ou menos 1kg de molho, fazendo economia. Ingredientes - 1 cenoura - 1/2 abobrinha - 4 tomates - 2 dentes de alho - 1 punhado de manjericão - sal e pimenta-do-reino a gosto Modo de preparo Ingredientes que vão Isto é tudo o que precisa pra fazer um molho bem neste molho especial gostoso e encorpado em menos de 10 minutos. É só colocar tudo no liquidificador com um “pouquinho” de água mineral pra ajudar a bater. Numa panela coloque 1 colher de sopa de azeite, esquente bem e ponha este molho até levantar fervura. Pode colocar frio em torradas, também em rodelas de pães, daí você acrescenta queijos curados: canastra, minas padrão ou parmesão. Se quiser bruschetas, corte os pães em fatias e leve ao forno quente 200ºC até o queijo derreter. Para fazer com massas........Faça assim: Coloque 2 colheres de sopa de azeite, com 1 folha de louro. estando quente este azeite, acrescente o molho e deixe ferver.

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Arro

Bolo d


oz negro com pesto de champignon

de ameixa com coco

Após a fervura, é só jogar por cima da massa. Este molho é ideal para almondegas, filé a parmegiana, enfim você pode colocar onde quiser. Leve ao forno quente, 200ºC até o queijo derreter. Com macarrão é só esquentar o molho. Arroz negro com pesto de champignon Ingredientes 200g de arroz negro - 1 cebola média picada 1 colher de chá de sal - 3 dentes de alho triturados 1 folha de louro - 1 colher de sopa de azeite Modo de preparo Pegar uma panela pequena, colocar o azeite, a folha de louro, o alho e deixar dourar, após coloque a cebola até murchar. Colocar 1 colher de chá de sal, refogue bem o arroz com 6 xícaras de água fervente. Às vezes é preciso mais água, pois o arroz negro é bem duro, demora bastante para cozinhar. Pesto de champignon Ingredientes 1 prato de sobremesa de cheiro-verde bem picadinho 2 alhos grandes triturados 200g de champinhons fatiados e coados - azeite (até que cubra) Modo de preparo Se tiver processador, pode colocar o cheiro verde e o alho pra serem processados. Misture todos os ingredientes num bowl e coloque um pouco de pimenta-do-reino. Quando o arroz estiver cozido, desligue e coloque este pesto misturando bem. Sobremesa Bolo de ameixa com coco Sem farinha, sem açúcar, sem lactos Ingredientes - 3 ovos - 270g de ameixa seca sem caroço - 1 xícara (100g) de coco ralado seco (sem açúcar) - 200ml de leite de coco - 2 colheres de sopa de manteiga ou óleo de coco - 1 colher de fermento em pó Modo de preparo No liquidificador: Bata as ameixas, os ovos, o leite de coco e a manteiga ou óleo de coco até ficar um creme. Adicione o coco e bata novamente. Por último adicione o fermento. Despeje a massa em uma forma untada ( se for de silicone não precisa untar) e leve para assar em forno preaquecido por 35 minutos a 180 C. Amores, aguardem uma ceia de Natal maravilhosa. Beijos

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N o t í c i a s

O QUE ESTÁ ROLANDO NO WHATSAPP O que fazer para evitar as dores nos pés Eles são o suporte do nosso corpo e responsáveis pela nossa locomoção: os pés. Entretanto, conforme a idade vai chegando, os pés vão dando também mais trabalho e vão se alterando. Dedos podem deformar, a artrose chega e os cuidados são essenciais. Com o envelhecimento há uma perda de massa muscular e laceamento dos ligamentos. Por isso, os pés ficam mais largos. E uma das dicas da fisioterapeuta do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas Ana Paula Monteiro é usar sapatos adequados para os pés. Os exercícios de fisioterapia podem ajudar os pés dos idosos. Eles soltam as articulações e fortalecem a musculatura dos pés, melhorando a dor, pois a inflamação diminui. Os exercícios também dão equilíbrio. A fisioterapeuta mostrou no primeiro vídeo alguns exercícios para fazer em casa.

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MEIA ENTRADA A Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) aprovou na noite desta quarta-feira (27), o Projeto de Lei 300/2020, do Deputado Arthur do Val (Patriotas), que extingue o direito à meia-entrada por estudantes, idosos e jovens de baixa renda em eventos culturais e esportivos no Estado de São Paulo. O projeto é uma ameaça gravíssima a uma das maiores política de incentivo à cultura no Brasil, fruto de uma luta histórica do movimento estudantil, e essencial para garantir que todes tenham acesso à formação para além da sala de aula. Além disso, o PL é inconstitucional, pois Leis Federais como o Estatuto da Juventude e o Estatuto do Idoso asseguram o direito à meia-entrada, além de outras normas que também garantem o benefício a estudantes e pessoas com deficiência. O Governador em exercício vetou o Projeto

glamourdy.wordpress.com

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Médicos criam grupo com 12 mil voluntários para ajudar idosos em todo país... O médico Crismédio Costa diz que o movimento surgiu da preocupação com os idosos na pandemia Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues Colaboração para Ecoa, em Recife 02/11/2021 06h00 Atento às necessidades de pessoas idosas, principalmente pelo cuidado maior durante a pandemia da covid-19, um grupo de médicos criou um projeto social que auxilia o pessoal da boa idade. O Vidas Idosas Importam monitora e mapeia demandas e as encaminha a parceiros que podem ajudar. Idoso precisa de consulta? É encaminhado a médicos parceiros. Precisa de prótese ou órtese? Empresas parceiras. Fraldas? O projeto consegue doações. A mais nova ação é buscar conscientizar as famílias para que não deixem os idosos sem vacinação contra a covid-19. O Vidas Idosas Importam já reuniu mais de 12 mil voluntários no país desde que começou a atuar e já ajudou aproximadamente oito mil idosos até agora. Vidas idosas afetadas pela covid-19 Segundo Crismédio Costa, gerontólogo, sanitarista e ativista alagoano, o movimento surgiu em meio à situação pandêmica. O idealizador do projeto ressalta que, entre tantas dores e perdas, as pessoas idosas foram as mais afetadas pela doença e também por várias outras situações, como a desigualdade e a extrema pobreza. “A falta de oxigênio e dignidade no cuidado às pessoas idosas em todas as suas diversidades é a demanda mais urgente. A dor doeu mais nas vidas frágeis, excluídas, desamparadas, entre tantas, as pessoas idosas”, explica. “Conseguimos dar visibilidade e valorização às pessoas idosas por meio de campanhas, redes de apoio e solidariedade nas comunidades e marcando presença nos espaços de controle social. O projeto também visa proteger o idoso da violência doméstica, que infelizmente ainda é uma realidade do Brasil”, continua Costa. A rede de parceiros que estão sempre em contato em todos os estados do país indica que o problema mais comum enfrentado pelo idoso é o preconceito com o envelhecimento. “É necessário ver e acolher a diversidade das múltiplas faces da velhice de forma positiva, com dignidade e respeito através de redes e grupos virtuais. São milhares de ativistas dos direitos humanos da pessoa idosa espalhados pelo Brasil inteiro”, diz o médico. Segundo ele, esses ativistas estão realizando ações extraordinárias em prol da dignidade das pessoas idosas. “Nós visitamos as comunidades, as instituições de longa permanência. Nós visitamos as realidades das favelas e buscamos ajuda com especialista e ativistas.” Veja mais em https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/11/02/medicos-criam-grupo-com-12-mil-voluntarios-para-ajudar-idosos-em-todo-pais.htm?cmpid=copiaecola

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Herodoto Barbeiro 4 e

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