3 minute read

Laerte Temple 59 e

Next Article
Malu Alencar 52 e

Malu Alencar 52 e

Foto: Crematório de SP Nicanor, assessor jurídico aposentado no Tribunal Regional Eleitoral, é hoje consultor e ferrenho adepto do modelo convencional. É contra as urnas modernas e torce o nariz sempre que alguém afirma que são seguras, confiáveis e invioláveis. Quando dizem que foram feitos muitos testes e até hoje ninguém violou, pelo que se sabe, Nicanor contra argumenta: mas e o que não se sabe?

Ele participou de diversos debates, mesas redondas, escreveu artigos etc. mas a cada dia fica mais isolado. Sugeriu inspecionar o processo de fabricação das urnas, obter laudos dos testes de confiabilidade, checar a constituição, mas o tempo se esgotou e uma decisão precisa ser tomada, “duela a quem duela”. Ele decidiu não entregar os pontos facilmente e argumentar até o instante derradeiro, mas sabia que se o processo se prolongasse, não haveria tempo suficiente para as providências. Por fim, contrariado, reconheceu a derrota. As pessoas comentaram:

Advertisement

cia. - Nicanor, não entendemos os motivos de sua resistên-

- A possibilidade de vazamento existe. Os órgãos oficiais dizem que não há casos registrados, mas quantos casos não registrados estão por aí? - Para com isso Nicanor. As urnas são seguras. Aceita que dói menos. - Se fosse verdade, o mundo inteiro estaria usando. - Isso depende da cultura, da vontade do povo e das leis de cada país. Nicanor forçou a barra e conseguiu uma saída honrosa. Decidiu que aceitaria a urna se fossem aumentadas as garantias, como por exemplo um nicho inviolável para o armazenamento. - Tá bom Nicanor. Você venceu. Aceitamos o nicho – disse a cunhada. - Assim é bem melhor. Muito mais seguro. - Agora deixa de frescura, pega a urna e vamos até o crematório buscar as cinzas da mamãe – disse a esposa. - Vocês vão. Eu vou ficar em casa e inspecionar o nicho inviolável. Enquanto as irmãs foram ao crematório buscar as cinzas da mãe, Nicanor conferiu minuciosamente o revestimento de chumbo do nicho inviolável de concreto que construiu no fundo do quintal, embaixo do canil dos Pit Bulls Nero e Calígula. - Não confio nessa droga de urna. Se a velha conseguir escapar, meus meninos estarão atentos. Eles nunca a foram com a cara da mocreia.

Lobishomem na praia

Tony de Sousa Cineasta

A cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, foi onde ocorreu o primeiro desembarque de colonizadores portugueses no Brasil. Isso em 1501. Existia até recentemente um Marco de Posse Colonial fixado na região litorânea, onde hoje se encontra os municípios de Praia Grande e São Miguel do Gostoso, pelo comandante da expedição colonial Gaspar de Lemos. Há uma tese de que, antes do descobrimento do Brasil em 1500, Pedro Alvares Cabral esteve na praia de Touros. Quando falamos de histórias de assombração há uma tendência de acharmos que elas só acontecem no sertão ou no agreste. Que em lugares aprazíveis como os das regiões litorâneas só acontece coisa boa. O causo que iremos contar mostra que assombração existe em todo lugar. Até mesmo na belíssima cidade praiana de Touros. Conta-se que ali, apareceu certa vez um bicho que assustava os moradores, “dando carreira nas pessoas” e procurando menino novo para beber o sangue. O trecho a seguir foi extraído do livro “Estórias de Lobishomem” de Raimundo Nonato: “O relato de tais ocorrências, confirma o informante, andava de boca em boca, e os moradores dos sítios viviam preocupados com o caso que se repetia, periodicamente, em noites certas, com as aparições e investidas do animal fabuloso, que todos afiançavam ser um lobishomem. E as conjecturas iam se formando no lugarejo, em torno de certas pessoas mais conhecidas. Dessas, uma das mais repetidas era a que li-

This article is from: