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Marisa da Camara 19 e

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Cida Castilho 71 e

Cida Castilho 71 e

Foto: M.Conti - Título: rir ou chorar Concluindo que nossa sabedoria pode não dar conta dessa nossa sensibilidade exacerbada, saí a buscar definições e a interpretá-las.

A SABEDORIA trata de erudição, experiências acumuladas, conhecimentos, mas também sensatez e reflexão. A SENSIBILIDADE está ligada à suscetibilidade, à empatia, ternura e piedade; à faculdade de sentir compaixão, simpatia pela humanidade; predisposição à solidariedade, entre outros.

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Nessas buscas, encontrei também algo que achei interessante: a palavra ‘sabedoria’, deriva do latim “sapere” e significa, além de ‘saber’, ‘sentir’. Em Portugal, a palavra saber também é utilizada para exprimir o sabor das coisas. Ora, se ‘sabedoria’ também trata-se do sentir, do saborear, sua evolução dependerá de sabermos dosar o sentimento e o sabor que colocamos sobre as ocorrências de nossas vidas, quer sejam elas boas ou más, alegres ou tristes. Para completar o raciocínio, observa-se que as definições de ‘sensibilidade’ são todas relacionadas a uma predisposição; a algo facultativo, ou seja, que pode ser mudado. Isto reforça minha percepção de que a chave para ampliarmos nosso nível de sabedoria está em fortalecer nossa sensibilidade, ou seja, diminuir nossa suscetibilidade às ocorrências da vida. Ainda nessa linha de raciocínio, interpreto a sensibilidade exacerbada, essa coisa à flor da pele, não mais como algo assustador ou ameaçador, como relatei, mas sim como o caminho, uma oportunidade de rever os conceitos do sentir e, assim, elevar o nível de sabedoria, que não só ampliará a paz interior, mas permitirá o compartilhamento desta conquista, como um legado.

Comportamento dos cães

Saúde Única, sonhos coletivos

FMVZ - USP

Os cães são considerados os melhores amigos do homem e fazem parte do nosso dia a dia e das nossas famílias há cerca de 500 mil anos. Mas sabemos, realmente, como se comunicam? Para o ser humano, os sentidos mais importantes para a comunicação são a visão e a audição, e por isso nos comunicamos majoritariamente por uma linguagem falada e escrita. Os estímulos visuais são mais fortes do que os olfativos, que muitas vezes percebemos apenas quando nos remetem uma sensação positiva ou negativa e que passamos a ignorar após algum período, concentrando nossa atenção principalmente nas informações visuais. Já para os cães, o olfato é o sentido mais importante e é muito aguçado. E, de fato, alguns indivíduos são capazes de detectar uma colher de açúcar diluída no equivalente a 2 piscinas olímpicas inteiras. Por isso, a primeira reação de um cão, ao se aproximar de qualquer coisa, é cheirar. Os odores trazem tantas informações para eles quanto as que coletamos através da visão, razão pela qual se diz que o cão “enxerga” o mundo através do seu nariz. Diferentemente dos humanos, eles não se acostumam com os cheiros, pois a sua anatomia nasal e a forma como inalam e exalam o ar pelas narinas faz com que o ar seja renovado constantemente. Isso evidencia que alguns hábitos humanos, quando impostos aos animais, não os beneficiam como imaginamos. O banho frequente, por exemplo, especialmente quando são usados produtos perfumados, pode prejudicar a comunicação de sua identidade odorífera e causar desconforto nasal (observado na forma como exalam o ar com força, quando são expostos a perfume). Outra forma importante de comunicação

arquivo dos cães ocorre através da linguagem corporal. A posição da cabeça, das orelhas, do corpo, do rabo e a fisionomia do animal dão informações importantes sobre o que ele está sentindo no momento, se está feliz, relaxado, amedrontado, ansioso, stressado ou bravo. De modo geral, quando o animal está contente a fisionomia, orelhas, o corpo e o rabo estarão relaxados, embora o rabo possa ficar para o alto, abanando rapidamente; nessa condição o animal é bastante sociável. No entanto, quando amedrontado, ansioso ou estressado o animal pode reagir mal, se importunado; o melhor a fazer é dar-lhe espaço e tempo para se tranquilizar. Quando se sente incomodado ou amedrontado, ele fica com o corpo tenso, as orelhas atentas, o rabo baixo ou entre as pernas e pode levantar uma das patas dianteiras, pronto para sair do local. Se muito estressado, o corpo fica tenso, encolhido ou trêmulo, o rabo fica tenso e baixo ou esticado no prolongamento da coluna, pode arfar, rosnar e mostrar os dentes. Alguns comportamentos são comuns a diversas situações como bocejar, lamber, arfar e ladrar; para entender seu significado, é preciso observar o contexto em que se manifesta. O bocejo pode significar apenas que ele está cansado e sonolento, mas também pode ser sinal que está se esforçando para se controlar numa situação de estresse, medo ou ansiedade e, além disso, pode comunicar para outro animal que ele não quer briga. Lambidas em pessoas ou animais podem indicar afeto, mas podem decorrer de estresse, ansiedade, problemas cutâneos ou disfunção cognitiva quando lambem insistentemente alguma parte do próprio corpo ou alguma coisa. Os cães arfam quando estão com calor, mas esse comportamento pode ocorrer também quando estão agitados, tensos ou estressados. Os latidos denotam excitação, medo, delimitação de território, alerta de perigo ou alguma necessidade física como sede e fome. Reconhecer o comportamento do animal pode, portanto, melhorar nosso convívio diário e evitar situações potencialmente perigosas para todas as pessoas e animais envolvidos nas interações cotidianas. Além disso, compreender os sentimentos determinantes do comportamento animal nos permite atuar para modificar comportamentos indesejados através de nossa comunicação com eles. Isso se deve ao fato de que os cães aprenderam, ao longo dos milhares de anos de convivência, a ler a linguagem corporal e o tom de voz humanos. Ocorre que, sem querer e sem perceber, o comportamento humano pode deixá-los confusos, inseguros e ansiosos, resultando em conflito.

magazine 60+ #32 - Fevereiro/2022 - pág.22

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