Concluindo que nossa sabedoria pode não dar conta dessa nossa sensibilidade exacerbada, saí a buscar definições e a interpretá-las. A SABEDORIA trata de erudição, experiências acumuladas, conhecimentos, mas também sensatez e reflexão. A SENSIBILIDADE está ligada à suscetibilidade, à empatia, ternura e piedade; à faculdade de sentir compaixão, simpatia pela humanidade; predisposição à solidariedade, entre outros. Nessas buscas, encontrei também algo que achei interessante: a palavra ‘sabedoria’, deriva do latim “sapere” e significa, além de ‘saber’, ‘sentir’. Em Portugal, a palavra saber também é utilizada para exprimir o sabor das coisas. Ora, se ‘sabedoria’ também trata-se do sentir, do saborear, sua evolução dependerá de sabermos dosar o sentimento e o sabor que colocamos sobre as ocorrências de nossas vidas, quer sejam elas boas ou más, alegres ou tristes. Para completar o raciocínio, observa-se que as definições de ‘sensibilidade’ são todas relacionadas a uma predisposição; a algo facultativo, ou seja, que pode ser mudado. Isto reforça minha percepção de que a chave para ampliarmos nosso nível de sabedoria está em fortalecer nossa sensibilidade, ou seja, diminuir nossa suscetibilidade às ocorrências da vida. Ainda nessa linha de raciocínio, interpreto a sensibilidade exacerbada, essa coisa à flor da pele, não mais como algo assustador ou ameaçador, como relatei, mas sim como o caminho, uma oportunidade de rever os conceitos do sentir e, assim, elevar o nível de sabedoria, que não só ampliará a paz interior, mas permitirá o compartilhamento desta conquista, como um legado. Foto: M.Conti - Título: rir ou chorar
magazine 60+ #32 - Fevereiro/2022 - pág.20